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ENTRE AS MEMÓRIAS E AS NARRATIVAS NAS TROADES DE SÊNECA

2018, VII Semana da Licenciatura em História IFG

As tragédias de Sêneca são denominadas peças de leitura. O teatro é representado como um texto literário. Estas são escritas para a leitura e para a declamação do que uma representação propriamente dita, como supõe alguns especialistas. São inspiradas nos modelos gregos e em Eurípedes. Entretanto suas peças apresentam traços distintivos, pois para o autor a influência dos deuses deve ser moderada. Escrita por volta de 61 d.C em 1179 versos, os personagens são Hécuba, Taltíbio, Pirro, Agamêmnon, Calcante, Andrômaca, um ancião e o coro das troianas. Nosso objetivo é analisar o conceito de memórias e narrativas presentes nesta obra e como isto refletiu nos aspectos políticos da sociedade romana.

1 ENTRE AS MEMÓRIAS E AS NARRATIVAS NAS TROADES DE SÊNECA Douglas de Castro Carneiro, Doutorando em História UFG, [email protected]. As tragédias de Sêneca são denominadas peças de leituras. O teatro é representado como um texto literário. Estas são escritas para a leitura e declamação do que uma representação propriamente dita, como supõe alguns especialistas. Entretanto suas peças apresentavam traços distintivos, pois para o autor a influência dos deuses deve ser moderada. Escrita por volta de 61 d.C. em 1179 versos, os personagens são Hécuba, Taltíbio, Pirro, Agamêmnon, Calcante, Andrômaca, um ancião e o coro das troianas. Nosso objetivo é analisar o conceito de memórias e narrativas presentes nesta obra e como isto refletiu nos aspectos políticos da sociedade romana. Lucio Anneu Sêneca, ou simplesmente Sêneca, é um dos personagens mais controversos da história do Império Romano. Sêneca nasceu entre os anos 04 a.C01 a.C em Córdoba, capital da província da Bética. Esse local foi atestado pelo jovem Marcial, seu conterrâneo, e pelos escritos de seu pai Sêneca o velho (HABINEK, 2014, p.18). O pai de Sêneca era um eqüestre romano com uma riqueza substancial e posição social. Provavelmente sua principal riqueza fossem suas propriedades agrícolas localizadas as margens do rio Gualdaquivir. O local era coberto de oliveiras e vinhas e o patrimônio de seus filhos era administrado por sua mulher Hélvia (GRIFFIN, 1973, p.33). Sêneca era um autor profícuo escreveu sobre os mais diversos temas ao longo de toda sua vida. O primeiro dele foi o De Prouidentia, escrito após a morte de Tibério, o segundo é o De Constantia Sapiens escrito por volta de 47 d.C. a 62 d.C., depois temos o De Ira escrito no governo de Cláudio por volta de 52 d.C. Além desses tratados há mais cinco textos preservados em prosa. São o De Clementia escrito entre os anos de 55 a 56 d.C. O De Beneficiis, cuja datação é desconhecida, mas indícios apontam que foi escrita entre os anos de 57 d.C.-62 d.C., Questiones Naturales, escritas antes de 62 d.C. e as Epistolas Morales, escritas por volta da mesma época. 2 Atribuí-se a Sêneca a produção de uma sátira menipéia intitulada: Apocolocyntose, escrito após a morte de Cláudio em 57 d.C. (VIZENTIN, 2000, p.120). Foram preservadas oito tragédias que admitimos ser de Sêneca: Oedipus, Hercules Furens, Troades, Medea, Phoenissae Phaedra, Agamêmnon, Thyestes, Hercules Oetateus. Considera-se por hipótese que todas as tragédias senequianas foram escritas entre os anos de 40 d.C a 65 d.C. Assim, as peças do primeiro grupo teriam sido escritas entre 40 d.C e 54 d.C., as do segundo grupo por volta de 54 d.C. e as do terceiro grupo entre 54 d.C e 65 d.C (MARTINS SANCHES, 2012, p.30). Antes de nos aprofundarmos nessa temática, é necessário refletirmos sobre o significado da morte para os estudos historiográficos. A história da morte é a história da autorreflexão: Quem somos? Para onde vamos? Existe vida após a morte? E como devemos nos preparar para a morte? (DAVIES, 1999, p.32). Nesse sentido, as pesquisas atinentes às representações da Morte no Mediterrâneo Ocidental e Oriental vêm incorporadas aos vestígios escritos e incluem os vestígios fornecidos pela cultura material nos sítios arqueológicos, que não somente nos brindam com a abundância às formulas dos túmulos, mas também nos colocam em contato com as mais diferentes interpretações históricas sobre a morte (OMENA, FUNARI, 2014, p.25). Os escritores romanos de todos os gêneros escreveram sobre a morte. Infelizmente, para nós, estes autores raramente escreveram de maneira sistemática acerca das descrições dos rituais mortuários; porém redigiram de maneira indireta sobre como as pessoas morriam e como elas seriam lembradas. Esses rituais mortuários, assim como os epitáfios,necrópoles, monumentos literários de consolações foram exploradas extensivamente (HOPE, 2011, p.12). Nosso principal objetivo é tentar compreender a relação das memórias e narrativas nas Troades, uma peça que por sua complexidade nos dá infinitas possibilidades de intepretações. Nesse texto pertencente ao ciclo troiano, tem-se uma versão dos fatos, após a guerra finda, especificamente sobre as resoluções, por parte dos gregos, do destino das troianas. Em 1179 versos, os personagens se apresentam: Hécuba, Taltíbio, Pirro, Agamêmnon, Calcante, Andromaca, um ancião, Astíanax, Ulisses, Helena, Políxena, um mensageiro e o coro das troianas. Com a cidade de Tróia destruída, os gregos ansiavam por retornar a Grécia, mas a sombra de Aquiles, aparecendo exigindo a imolação de Políxena sobre seu túmulo. A partir da divergência 3 de Pirro e Agamêmnon sobre o sacrifício da troiana, consulta-se o adivinho Calcante, que confirma o pedido, ao qual se soma também a morte de Astíanax . A execução das mortes é o que motiva as ações, aciona os personagens e encerra a peça. A peça se inicia com o lamento de Hécuba, rainha troiana, sobre seu destino e o de Tróia. (versos 1-65). Um coro de troianas acompanha, lastimando a destruição da cidade e as mortes de Príamo e Heitor. (v.67-162). No primeiro episódio (v.164-408), Taltíbio relata o aparecimento da sombra de Aquiles e seu pedido: o sangue de Políxena, pela mão de Pirro, deve regar o seu túmulo. Agamêmnon foi contra o pedido, e o filho de Aquiles, Pirro, a defender a honra do pai, discute a necessidade e validade do assassinato da jovem troiana. Calcante, o adivinho, delibera a favor da morte não só de Políxena, mas também do sacrifício de Astíanax, filho de Heitor e Andrômaca, conforme as indicações que recebe dos fados. (DE CARLI, 2008, p.120). Dessa forma, apresenta-se Sêneca: Mas por que lamentas a cidade destruída, volte seus olhos para estas guerras recentes, pois Tróia é um mal antigo. Vi o execrável assassinato de um rei, e crimes maiores ainda sobre os altares, quando o éacida cruel no manejo de armas, voltando para trás, com a mão esquerda, a cabeça real agarrada, e foi ferido profundamente. (Sêneca, Troades,vv 40-50). Na passagem acima, podemos observar Sêneca remetendo a sua memória afetiva já que a Tróia descrita pelo dramaturgo é uma reconstituição literária e faz uma referência direta a Roma. As fundações das cidades na Antiguidade e na Idade Média, não aconteceriam em um espaço neutro, para isso foi necessário, as vantagens dos centros de referência e que incluía as relevâncias simbólicas do local (ASSMANN,2011,p.326). A estória da queda de Tróia, a cidade uma vez que era rica e poderosa e bem fortificada servia como paradigma através da literatura clássica e da arte, uma inconstância das atividades humanas. Sêneca seguiu os precursores que usaram o conto da cidade de Tróia e seus últimos dias para explorar nossas vulnerabilidades das mudanças acerca da sorte. Ele focou sua atenção particularmente em uma mudança: na transformação de status de “vivos” para “mortos” (SCHELTON, 1999, p.87). O imaginário da memória sociabiliza, dado que liga os indivíduos, grupos ou entidades que holisticamente se impõe, mas há uma vivência horizontal ao longo do tempo social(CATROGA,2012,p.136). 4 As Troianas de Sêneca tem como cenário as ruínas de Tróia derrotadas pelos gregos. A situação da cidade já esta bem definida. No prólogo, a rainha Hécuba nos apresenta o tema dramático: tratava-se de decidir o destino das mulheres que pertenciam à casa real troiana (TARDIN CARDOSO, 1999, p.230). Hécuba é a imagem da própria cidade, um amontoado de escombros do que resta. Este fumo será uma imagem obsidiante no arranque de uma peça entre o passado, o presente e o futuro (RODRIGUES BALULA, 2015, p.300). Nesse sentido, observamos a seguinte narrativa: Fieis companheiras de minha dor, soltem os cabelos nos ombros sujos das cinzas de Tróia. Que a multidão desnude os braços, após cair vossa roupa. Após ter afrouxado as roupas, amarrai as pregas que o vosso corpo se mostre até o ventre, que a mantilha prenda-a como um cinto as túnicas soltas. (Sêneca, Troades, vv85-90). Na cena acima, observamos uma descrição sobre o lamento que a rainha faz sobre a destruição da cidade e a postura das mulheres diante de tal fato. As mulheres acabam chorando não somente a morte de Heitor que cumpre o ritual fúnebre, soltando os cabelos, cobrindo o rosto com cinzas, lacerando os braços e peitos e gemendo em alta voz (ALMEIDA DE CARDOSO, 2005, p.197). Ao considerarmos os impactos figurativos dos elementos teatralizados dos funerais romanos, papel que permitem aos enlutados que borram a distinção entre os vivos e os mortos (ERASMO, 2008, p.220). A teatralidade nesse caso parece ter surgido do saber do espectador, desde que ele foi informado da intenção do teatro em sua direção. Este saber se modificou seu olhar, forçando-o a ver o espetacular, lá onde só havia até então o acontecimento. Ele transformou em ficção aquilo que parecia ressaltar o cotidiano, ele semiotizou o espaço, deslocou os signos que ele poderia ter visto de outra forma. A teatralidade aparece como estando de lado daquele que o representa e de sua intenção firmada de teatro, cujo segredo o espectador deve partilhar (ZUMTHOR, 2007, p.41). As Troades, provavelmente a tragédia mais bem sucedida e construída de Sêneca e uma de suas obras mais dramáticas, obras poéticas, já que constituem um 5 verdadeiro trabalho de mosaico por parte de seu criador que soube recolher-nos mais diversos autores elementos para construir um drama que desejou que encerrasse em si uma forte intenção moral. A grande inovação do poeta latino terá sido o fato de apresentar uma ação bipartida, pois condensaram numa só tragédia os temas de dois dramas que extraiu do ciclo troiano e que não surgem habitualmente interligados, por um lado o sorteio das cativas troianas e o sacrifício de Políxena, geralmente considerada a filha mais nova de Hécuba e de Príamo, por outro lado, a morte do filho de Andrômaca e Heitor, o pequeno Astíanax, natural herdeiro de Tróia (MATIAS MONTALVÃO, 2014, p.76). Nos versos a seguir, podemos ter uma melhor noção sobre a narrativa e o pedido da sombra de Aquiles e o sacrifício da jovem troiana: O destino concede o caminho dos gregos o preço habitual: sacrificando a virgem sobre o túmulo do chefe tessálio, mas segundo o ritual de unir em casamento às mulheres tessalias, as jônicas e de Micenas, Pirro entrega a seu pai a esposa e fará a oferenda conforme o rito, este não é o único motivo de nossos navios: deve-se a um sangue mais nobre que o seu Políxena; por exigência do destino cai de uma torre muito alta, o neto de Príamo, filho de Heitor encontra a morte. Então poderá chegar ao mar, milhares de navios troianos (Sêneca, Troades, vv360-370). Nota-se que no excerto acima, Sêneca não relata apenas o sacrifício e conseqüentemente a morte de Políxena para que a “sombra” de Aquiles tivesse o descanso necessário, entretanto uma segunda morte é visível a do jovem Astíanax, herdeiro do trono de Tróia. O holocausto que foi oferecido em honra a Aquiles comprova a supremacia do herói que acena para a sua divinização, estamos negando simultaneamente o caráter sacrifical da imolação de Políxena e pondo em dúvidas as palavras de Calcante (ALMEIDA DE CARDOSO, 2005, p.210). Esta cena narra o fantasma de Aquiles que materializa-se sobre sua tumba e demanda o sacrifício de Políxena, ele esta com raiva já que ele não recebe as honras devidas (COLAKIS, 1985, p.149). A morte de Políxena carrega um simbolismo que vai além de seus precedentes. Como uma jovem mulher ela é capaz de suportar uma nova geração de troianos, que poderia ser responsável por regenerar o poder de Tróia (BISHOP, 1974, p333). Nesse sentido, Sêneca faz importantes deferências na passagem abaixo: 6 Desde que o menino antecipou o sacrifício expiatório e foi arrebatado para um lugar melhor Calcante fazia os sacrifícios para que os barcos pudessem voltar em segurança, que se aprazem as ondas com as cinzas de Heitor e com o seu túmulo arrasado. Agora que o menino escapou da morte, devia ter o lugar necessário, as mãos devem ser colocadas no local sagrado (Sêneca, Troades,vv635-642). A tragédia de Sêneca não é e nem que tinha que ser inovadora em relação a tragédia que o antecede . Sêneca associa o fim dos dois, que segundo o mensageiro, enfrentaram a morte com uma nobre atitude e com a fortaleza de espírito (PINHEIRO, 2016, p56). Mas como e porque a morte esta presente nas tragédias de Sêneca? Sim Sêneca escolheu como contar os mitos e como as mortes são presentes em cada uma destas tragédias: infanticídio, suicídio ou morte do esposo, assim como é presente as forças irracionais (dolor, ira, furor, amor) e ações malevolentes (netas, scelum, malum). Em Troianas, Sêneca dramatiza a morte através de perspectivas psicológicas entre gregos e troianos, logo após a queda de Tróia, muito além da ênfase inerente aos enredos míticos (KER, 2009, p.149). O medo da morte era uma preocupação central de Sêneca. Esta paixão fundamental e poderosa pode dominar a vontade humana. Para ele, o medo da morte parece inevitável, ele sentiu as mortes freqüentes e prematuras ocorrendo onde quer que olhem servia para lembrar que a morte chegava de surpresa ou em qualquer momento (NOYES JR, 1973, p.231). Desta forma, pode-se observar a compreensão de Sêneca sobre esta temática: Este grande túmulo é dedicado ao meu querido esposo, a quem deve reverenciar o inimigo, construindo uma imensa e suntuosa casa, o pai de Heitor como rei, não era o mais avaro dos homens. O melhor será encomendar para o seu pai. Um suor frio percorre todo meu corpo. Estremeço-me diante de um lugar tão fúnebre(Sêneca, Troades,vv483-490). Na passagem supracitada que correspondem aos versos quatrocentos e oitenta e três até os versos quatrocentos e noventa, observamos Andrômaca fazendo referências ao seu marido que se encontrava morto. Para Marcelo Pirateli, “Sêneca dedica-se a máxima preocupação, ameaçadora e angustiante. Considerando-a como presença certa na vida do homem, Sêneca o convoca a caminhar na perspectiva dela, afim de que lhe aproveite bem o tempo que lhe é disponível esteja pronto para encarar essa suprema realidade humana”(PIRATELI,2006,p.9). A tragédia troiana apresenta elementos 7 formais que podem ser claramente discerníveis na estruturação típica das tragédias de Sêneca (LUTALO KIBUUKA, 2016, p.45). O teatro é uma arte pautada na idéia do encontro, personagens, atores públicos situados em tempos e espaços diferentes, cingidos pela ilusão cênica. O espaço teatral é constituído como lugar de atuação atores e pelo espaço dramático, entendido como espaço de ficção, do imaginado, que se dá pela apreensão do leitor(DE CARLI,2008,p.151). Nesse sentido, Sêneca traça um paralelo: Entre na tumba meu filho, porque você voltou e rejeitou o esconderijo lúgubre. Eu reconheço esse jeito de ser. Isso te dará vergonha e te faz sentir medo. Afastar esse espírito de grandeza e é a coragem do passado adotar a atitude que as circunstâncias lhe ofereceram. Venha, observe a tropa dos sobreviventes: um túmulo, uma criança, um cativo. Temos que nos render ao infortúnio. Lá você tem uma morada santa onde seu pai está tão enterrado que nos atrevemos a penetrar nela. Se o destino não é propício em nossa infelicidade, aí você tem a salvação, se o destino nos nega a vida, aí você tem a sepultura(Sêneca, Troades,vv507-510). Na passagem acima, nota-se que há uma chamada pelo infortúnio da morte e de suas conseqüências. Em suma, é possível compreender as relações que Sêneca propõe sobre o pensar a memória e a construção das narrativas sobre a morte. Pois como é conhecido pela historiografia contemporânea que a morte para Sêneca não é uma descrição homogênea ou simplesmente a morte física. Ao longo de todas as suas tragédias, encontramos inúmeras representações dessas descrições desde o sacrifício de pessoas inocentes em prol da comunidade, o exílio tido como uma morte social e a destruição de famílias. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao finalizarmos o presente texto, devemos ter em mente a importância que o estudo entre a relação às memórias e a construção das narrativas sobre a morte nas Troianas de Sêneca. Nesse texto pertencente ao ciclo troiano, tem-se uma versão dos fatos, após a guerra finda, especificamente sobre as resoluções, por parte dos gregos, do destino das troianas. Em 1179 versos, os personagens se apresentam: Hécuba, Taltíbio, Pirro, Agamêmnon, Calcante, Andromaca, um ancião, Astíanax, Ulisses, Helena, Políxena, um mensageiro e o coro das troianas. Com a cidade de Tróia destruída, os gregos ansiavam por retornar a Grécia, mas a sombra de Aquiles, aparecendo exigindo a imolação de Políxena sobre seu túmulo. A partir da divergência de Pirro e Agamêmnon sobre o sacrifício da troiana, consulta-se o adivinho Calcante, que confirma o pedido, ao qual se soma também a morte de Astíanax. A execução das mortes é o que motiva as ações, aciona os personagens e encerra a peça. A peça se inicia com o lamento de Hécuba, rainha troiana, sobre seu destino e o de Tróia. (versos 1-65). Um coro de troianas acompanha, lastimando a destruição da cidade e as mortes de Príamo e Heitor. (v.67-162). No primeiro episódio (v.164-408), Taltíbio relata o aparecimento da sombra de Aquiles e seu pedido: o sangue de Políxena, pela mão de Pirro, deve regar o seu túmulo. As Troianas provavelmente sejam a tragédia mais bem sucedida e construída de Sêneca e uma de suas obras mais dramáticas, obra poética, já que constituem um verdadeiro trabalho de mosaico por parte de seu criador que soube recolher-nos mais diversos autores elementos para construir um drama que desejou que encerrasse em si uma forte intenção moral. De todo o modo, Troianas é uma obra que nos faz refletir não somente sobre a questão da morte e como ela foi construída, mas também sobre o próprio tempo presente do filósofo e dramaturgo Sêneca. 9 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS SENECA. Tragedies: Hercules Furens, Troades, Medea,Hippolytus,Oedipus. Tr. Frank Justus Miller. Loeb Classical Library. Harvard University Press: Cambridge,1929. ASSMANN, Alleida. Espaços da recordação: formas e transformações da memória cultural. Tr. P. Soethe. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011. BALULA, João Paulo Rodrigues Contributos para a leitura das Troianas de Sêneca Ágora. Estudos Clássicos em Debate 17),Lisboa, V1,n2, p299‐322, 2015 BISHOP, J. David SENECA'S "TROADES": DISSOLUTION OF A WAY OF LIFE Rheinisches Museum für Philologie, Neue Folge, 115. Bd., H. 4, p. 329-337,1974. CARDOSO, Isabela Tardin ASPECTOS DA LIBERDADE EM AS TROIANAS DE SÊNECA. LETRAS CLÁSSICAS, Campinas, n. 3, p. 229-256, 1999. 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