CADERNO DE RESUMOS
Juciene Ricarte Apolinário
Rodrigo Ribeiro de Andrade
(Editores)
Campina Grande, JUNHO de 2018
2
II CONGRESSO INTERNACIONAL MUNDOS INDÍGENAS - DIÁLOGOS SOBRE HISTÓRIA, DIREITO
E EDUCAÇÃO NA AMÉRICA INDÍGENA. SÉCULO XVI AOS DIAS ATUAIS.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
27, a 30 de junho de 2018, Campina Grande, PB, Brasil
2018@Copyrigth UFCG
Impresso no Brasil
Todos os direitos reservados
FICHA CATALOGRÁFICA
II CONGRESSO INTERNACIONAL MUNDOS INDÍGENAS - (27, a 30 de junho de 2018:
Campina grande, PB - Brasil)
DIÁLOGOS SOBRE HISTÓRIA, DIREITO E EDUCAÇÃO NA AMÉRICA INDÍGENA. SÉCULO XVI AOS
DIAS ATUAIS: Caderno de Resumos do II CONGRESSO INTERNACIONAL MUNDOS INDÍGENAS
/Juciene Ricarte Apolinário e Ofélia Maria de Barros (Org.). – Campina Grande
2018.
ISSN:
1. História. 2. Etno História. 3. História Indígena. 4. História da Educação 5. História Ambiental.
6. História e Direito.
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Instituições executoras
Programa de Pós-Graduação em História – UFCG
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – UFCG
Núcleo de estudos e Assuntos Afro-Brasileiros e Indígenas - UEPB
Instituições Internacionais apoiadoras
Centro de Humanidades - CHAM, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal;
Universidade Pablo Olavide, Servilha, Espanha;
Instituições Nacionais apoiadoras
Programa de Pós- Graduação em Antropologia (UFPB)
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN)
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás, UFG,
Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade da Universidade Rural do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Amazonas
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Comissão Organizadora
Coordenação Geral
Profa. Dra. Juciene Ricarte Apolinário
(PPGH-UFCG, Brasil | CHAM-UNL,
Portugal)
Coordenadores Técnicos
Profa. Dra. Edjane Dias Esmerina da Silva
(UFCG)
Prof. Dr. José Gabriel Silveira Corrêa (UACSUFCG)
Prof. Dr. José Pereira de Souza Júnior (UEPB,
UFCG)
Profa. Dra. Mércia Rejane Batista (PPGCSUFCG)
Profa. Dra. Ofélia Maria de Barros (NEAB-IUEPB)
Profa. Dra. Rosilene Dias Montenegro
(UFCG)
Comissão Científica
Almir Carvalho Junior - UFAM
Almir Diniz de Carvalho Júnior - UFAM
Angela Domingues (UL)
Ângela Maria Vieira Domingues –
Universidade de Lisboa – CHAM-UNL,
Portural
Antonio Carlos Amador Gil – UFES
Antônio Pedro Ferreira da Silva –
Procurador Federal
Brigitte Thierion – Universidade
Sorbonne, Paris 3 - França
Carlos Paz - FCH-UNCPBA/ Argentina
Carmen Alveal -UFRN
Celso Gestermeier do Nascimento –
UFCG
Edson Silva – UFPE/ PPGH-UFCG
Estevão Martins Palitot (UFPB)
Fernanda Sposito – Pós-Doutoranda USP
Fernando Antonio de Carvalho Dantas –
UFG
Francisco Cancela (UNEB)
Giovani José da Silva (Unifap/ Brasil)
Hermilia Feitosa Junqueira Ayres –
UFCG
Izabel Missagia de Mattos (UFRRJ)
João Paulo Peixoto Costa-IFPI
Jorge Eremites de Oliveria-UFP
José Gabriel Silveira Corrêa (UFCG)
José Otávio Aguiar (Pós-Doutor –
UFCG)
Maria Regina Celestino de Almeida
(PPGH-UFF)
Mariana Albuquerque Dantas – UFRPE
Naybe Gutierrez Montoya - UPO,
Sevilha, Espanha
Ofélia Maria de Barros - UEPB/NEABÍ/CG
Patricia Melo Sampaio – (UFAM)
Sel Guanaes (UNILA)
Sônia Maria Missagia (UFES)
Sônia Mattos - UFES
Taciana de Carvalho Coutinho (UFAM)
Tonico Benites Ava Guarani Kaiowá –
(UFGD)
Vania Maria Losada Moreira - UFRRJ
Alunos (História- UFCG/UEPB)
Adauto Santos da Rocha
Adriana Monyke Nascimento de Alencar
Adriano Ferreira Dos Santos
Alcione Ferreira Da Silva (Professora)
Alex Alves Campelo
Alex Pereira da Silva
Aline Praxedes De Araújo (Professora)
Betânia Maria De Andrade Paiva
Carla Edylane Felix Arruda
Cézar Da Silva Ferreira
Cibelle Jovem Leal
Darciley Gomes de Oliveira
Dênis Barbosa Pequeno
Edvânia da S. Nascimento
Erik Carlos Monte de Carvalho
Erykles Natanael de Lima Vieira
Éverton Alves Aragão
Fernanda Borges de Brito
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Fernanda De Oliveira Thomaz Lemos
Franciny Raquel Torres
Jamilly Jéssica Martins Fernandes
Jessica Kaline Vieira Santos
Jesus Alves de Oliveira Quintans
Joanan Marques de Mendonça
João Eudes do Nascimento Alves
João Igor de Andrade Vital
José Acácio Pessoa de L. Neto
Karine Stefany da Silva Martins
Karolina Kelly G. Lins
Laís De Oliveira Neves
Leandro de Aquino Lima Ropinasse
Liélia Barbosa Oliveira
Luana Souto Cavalcanti
Lucas Gomes Medeiros
Lucas Santos Ribeiro Leite
Luísa Nunes Mendonça de Lima
Luiz Fernando Oliveira Sousa
Maria do Socorro Reis Melo
Maria José Elaine Costa S. Pereira
Maria Valéria Pereira
Matheus Henrique da Silva Alcântara
Michel Alves de Almeida Ricarte
Natiele Fernanda de Souza Barbosa
Naum Filipe Nicácio Alves
Nayara Silva Furtado
Rafaela Costa de Azevedo
Rayan Fernandes Pereira
Renally Rodrigues Leão
Robson da Silva Leandro
Rodrigo Ribeiro de Andrade
Rosa Michele Vieira de Oliveira
Taynara Alves Batista Pequeno
Victoria Cecília de Lima Ramos
Virgínia Genuíno Lira
Wendy Nicollas Diniz Cibalde
Whindson Senna Da Silva
Yona Kaluaná F. de Sousa
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II CONGRESSO INTERNACIONAL MUNDOS INDÍGENAS - DIÁLOGOS SOBRE HISTÓRIA,
DIREITO E EDUCAÇÃO NA AMÉRICA INDÍGENA. SÉCULO XVI AOS DIAS ATUAIS.
REALIZAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE E UNIVERSIDADE ESTADUAL
DA PARAÍBA
27, 28 e 29 de junho de 2018, Campina Grande, PB, Brasil
Local Abertura : Auditório de Extensão José Farias
Universidade Federal de Campina Grande
APRESENTAÇÃO:
O II Congresso Internacional Mundos Indígenas - diálogos sobre história, direito e educação
– abrangendo o período correspondente ao início do processo colonial (séculos XVI) e
incluindo os dias atuais, objetiva ampliar uma diversificada de rede colaborativa nos âmbitos
nacional e internacional desenvolvendo discussões interdisciplinares sobre história dos
povos indígenas da América. Para tanto, pretende-se ampliar diálogos entre investigadores
da temática em destaque para que se construam possibilidades de caminhos teóricometodológicos inovadores sobre a pesquisa acerca dos povos tradicionais ao longo do
processo colonial até o tempo presente. Nos últimos anos os estudos sobre a temática
indígena na América vêm obtendo contribuições oriundas das áreas de conhecimento, tais
como antropologia, arqueologia, história, educação e direito, proporcionando avanços
promissores no tocante a visibilidade do protagonismo ameríndio, através das suas variadas
formas de agenciamentos diante das pressões e violações dos seus direitos ao longo dos mais
de 500 anos. No Brasil, mais especificamente, a partir dos anos 1990, a história indígena vem
se legitimando enquanto uma dimensão fundamental na produção de conhecimento, sendo
escolhida como tema de dissertações e teses nos diversos programas de pós-graduação em
nosso país, tendência que também se verifica na América-Latina. O diálogo interdisciplinar
contínuo e o uso de múltiplas fontes históricas, assim como, de variadas temporalidades
permite-nos negar a tese do historiador oitocentista Francisco Adolfo Varnhagen de que para
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os índios não haveria história, mas apenas etnografia [o que implicaria em assumi-los
enquanto conjuntos humanos vivendo num estado inferior]. O mais importante é que uma
das preocupações da historiografia recente sobre os mundos indígenas é não construir mais
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i o ,àouàape asà ti aàdosàp i ei osà o tatosà o àosàeu opeus,à
dizi ados à eà assi ilados ,àouà seja,à e àp o essoà deà desapa e i e to.à áoà o t
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últimos anos, as pesquisas vêm destacando as ações indígenas que nos revelaram que cada
unidade indígena possui um caráter étnico, que lhes permite construir e acionar um
posicionamento frente ao não-indígenas nos diferentes espaços de fronteiras e em novas
territorializações pós-contato nas américas portuguesas, espanhola e inglesa. E, mesmo que
negados no plano discursivo, os povos indígenas continuavam e continuam existindo e se
mostram de forma organizada politicamente, afirmando as suas etnicidades e reivindicando
a legitimidade das suas memórias e histórias.
Profa. Dra Juciene Ricarte Apolinário –
PPGH-UFCG-, Brasil CHAM-UNL, Portugal
Coordenadora Geral do II COIMI/2018
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .....................................................................................................................7
PROGRAMAÇÃO.................................................................................................................12
GRUPOS DE TRABALHO
GT 1 ESCRAVIDÃO INDÍGENA E ESCRAVIDÃO NEGRA: AGÊNCIAS CONECTADAS NOS ESPAÇOS
COLONIAIS...........................................................................................................................13
GT2 - POLÍTICAS INDIGENISTAS E INDÍGENAS ENTRE OS SÉCULOS XVI AO XIX NO BRASIL E NA
AMÉRICA LATINA: SUAS ESPECIFICIDADES DIANTE DAS RELAÇÕES INTERÉTNICAS E PODERES
LOCAIS.................................................................................................................................16
GT 3 – RECONHECIMENTO DOS TERRITÓRIOS INDÍGENAS NA AMÉRICA: LUTAS, CONQUISTAS
E RETROCESSOS ENTRE OS SÉCULOS XX AOS DIAS ATUAIS.................................................23
GT 4 – MISSÕES RELIGIOSAS E POVOS INDÍGENAS NA AMÉRICA: SÉCULOS XVI AO XXI.....31
GT 5 – EXPERIÊNCIAS DO ENSINO E PESQUISAS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR INDÍGENA NA
AMÉRICA ENTRE OS SÉCULOS XX E XXI...............................................................................38
GT 6 –DIREITOS INDÍGENAS E DIREITOS HUMNAOS NA AMÉRICA ENTRE O SÉCULO XX AOS
DIAS ATUAIS........................................................................................................................47
GT 7 - HISTÓRIAS INDÍGENAS E PERSPECTIVISMOS AMERÍNDIOS......................................54
GT 8 – POVOS INDÍGENAS DA AMÉRICA ENTRE O SÉCULO XVI E O XXI: PROCESSOS DE
MESTIÇAGENS, QUESTÕES RELIGIOSAS, IDENTIDADES E RECONHECIMENTO.....................62
GT 9 - DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS E SUA DIVERSIDADE DE EXECUÇÃO NAS DIFERENTES
CAPITANIAS DO BRASIL E GRÃO PARÁ E MARANHÃO ENTRE OS SÉCULOS XVIII E XIX.........71
GT 10 – O ENSINO DA TEMÁTICA INDÍGENA E OS 10 ANOS DA LEI Nº 11. 645/20008:
EXPERIÊNCIAS, DISCUSSÕES E PROPOSTAS............................................................................77
GT 11 AUTONOMIAS, ETNICIDADE E NAÇÃO. OS NOVOS MOVIMENTOS INDÍGENAS NA
AMÉRICA LATINA A PARTIR DE 1980......................................................................................100
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GT 12 - PATRIMÔNIO CULTURAL E QUESTÕES INDÍGENAS: ARQUIVOS, MUSEUS E
BIBLIOTECAS NA TESSITURA DAS MEMÓRIAS.......................................................................104
GT 13 HISTÓRIA AMBIENTAL E ETNOHISTORIA
INDÍGENA...............................................................................................................................109
GT 14 PROTAGONISMO INDÍGENA E INQUISIÇÃO NA AMÉRICA...........................................129
GT 15 INDIGENAS E QUILOMBOLAS NO BRASIL: RESISTÊNCIA, IDENTIDADE, CULTURA E
TRADIÇÃO..............................................................................................................................131
GT 16 - HISTÓRIA INDÍGENA E ARQUEOLOGIA NAS AMÉRICAS.............................................135
CONFERÊNCIAS
DE ABERTURA : QUESTÃO INDÍGENA NO BRASIL: DESAFIOS DIANTE DAS VIOLAÇÕES DE
DIREITOS, LUTAS E CONQUISTAS...........................................................................................138
DE ENCERRAMENTO: EL DERECHO A LA EDUCACIÓN EN LA LARGA LUCHA DE LAS
SOCIEDADES ORIGINARIAS ANDINAS POR SU TIERRA, SU CULTURA Y SU IDENTIDAD..........138
MESAS –REDONDAS
DIA 28/06/2018
MESA 1 - ARQUEOLOGIA, MEMÓRIA E USOS DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA E PATRIMÔNIO
CULTURAL INDÍGENA NA AMÉRICA
LATINA..................................................................................................................................139
MESA 2 - A LEI DO DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS NA AMÉRICA PORTUGUESA.............................139
MESA NOITE PROTAGONISMOS E AGENCIAS INDÍGENAS REVELADAS NA ESCRITA DA
HISTÓRIA E DA LITERATURA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS..........................................................139
DIA 29/06/2018
MESA 1 - QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS, ENSINO DE HISTÓRIA E OS 10 ANOS A LEI 11. 645...140
MESA 2 - AGENCIAS E PROTAGONISMOS INDÍGENAS ENTRE OS SÉCULOS XVI AO XIX........141
MESA 3 - EDUCAÇÃO ESCOLAR E SUPERIRO INDÍGENAS NO BRASIL NAS ÚLTMAS
10
DÉCADAS................................................................................................................................142
MESA NOITE - DIREITOS HUMANOS, EDUCAÇÃO E QUESTÕES JURÍDICAS............................142
DIA 30/06/2018
MESA 1 - POPULAÇÕES INDÍGENAS, MEIO AMBIENTE, CONHECIMENTOS TRADICIONAIS E
SUSTENTABILIDADE...............................................................................................................142
MESA 2 - TERRITÓRIOS E TERRITORIALIDADES INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: LUTAS,
CONQUISTAS E RETROCESSOS..............................................................................................143
MESA 3 - MOVIMENTOS SOCIAIS INDÍGENAS NA AMÉRICA LATINA E PRÁTICAS POLÍTICAS
PARTIDÁRIAS SÉCULOS XX AO XXI.......................................................................................143
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Manhã 09:00–12:00
Tarde 14:00–17:00
Noite 18:30–19:30
19:30–21:30
21:30
Manhã 08:00–10:00
10:00–12:00
Tarde 14:00–17:30
Noite 19:00–21:00
Manhã 08:00–09:30
10:00–12:00
Tarde 14:00–17:00
Noite 19:00–21:00
Manhã 08:00–10:00
10:00–12:00
Tarde
14:00-16:00
16:00-17:30
17:30-18:00
PROGRAMAÇÃO
27/06/2018 – Quarta feira
Credenciamento (Centro de Extensão José Farias)
Solenidade de Abertura (mesa de honra e de abertura do
Evento)
Conferência de Abertura: Professor Dr. Édson Kayapó
Licenciatura Intercultural Indígena - IFBA
Atividade Cultural
28/06/2018 -Quinta-feira
Mini-Cursos
Mesas-redondas
Grupos de Trabalho
Mesa redonda: Protagonismo e agencias indígenas
reveladas na escrita da história e da literatura nas últimas
décadas.
29/06/2018- Sexta-feira
Mesas-redondas
Grupos de Trabalho
Direitos Humanos, educação e questões jurídicas.
30/06/2018- Sábado
Mini-cursos
Mesas-redondas
Lançamento de livros
Conferência de Encerramento: Professor Dr. Juan
Marchena Fernández – Universidade Pablo Olavide –
Sevilha, Espanha
Mediadora: Juciene Ricarte Apolinário - UFCG
Formação da Mesa de encerramento
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GRUPOS DE TRABALHO – II COIMI
Dias 28 e 29 das 14:00 às 17:00
GT 1 – ESCRAVIDÃO INDÍGENA E ESCRAVIDÃO NEGRA: AGÊNCIAS CONECTADAS NOS
ESPAÇOS COLONIAIS.
Apresentações dia 29/06/2018,
Sala 102, Prédio do Centro de Humanidades
Profa. Dra. Patricia Melo Sampaio (UFAM)
Comunicações Orais
1. Rafael Reis Ferreira (Universidade Federal de Roraima; Doutorando) - Comunicação
oral: ESCRAVIDÃO E DIREITO NO BRASIL: O PROBLEMA DO ANACRONISMO
A história social tem-se valido particularmente do estudo do direito para a
compreensão do fenômeno da escravidão indígena e africana no Brasil, nos mais variados
campos e linhas de pesquisa. Particularmente, em razão das fontes que foram produzidas
naquele período, como escrituras, testamentos, contratos e registros públicos. Apesar de
fundamentalmente importantes, tais pesquisas, de uma maneira geral, baseiam-se em uma
perspectiva anacrônica do direito brasileiro, com o deslocamento puro e simples de um
13
paradigma jurídico que seria observado no presente, para o passado. Os problemas
decorrentes daí, para a investigação da escravidão, nos parecem evidentes. Diante desse
quadro, temos realizado o esforço de compreensão do direito brasileiro, considerando-o em
formação desde a Independência, como marco formal do rompimento com o contexto
anterior da América portuguesa, com a preocupação com o método sincrônico. Assim,
podemos afirmar que tal paradigma de direito era muito complexo, reconhecível como
característico do Antigo Regime, num sistema plural de fontes jurídicas e dominado pelo usus
modernus pandectarum, direito costumeiro, dentre outras origens. Foi afirmado num projeto
de estatalização do direito, pelo caminho da positividade, somente realizado com o Código
Civil de 1916. Nesse sentido, temos feito o esforço para a compreensão daquela complexa
juridicidade para a pesquisa da escravidão no Brasil, tanto africana como indígena, que são
problemáticas quando baseadas em compreensões anacrônicas, da identificação daquele
direito com a lei. Mais ainda, para criticar o problema de a temática da escravidão não fazer
parte, em regra, das pesquisas jurídicas no Brasil, particularmente por basearem-se ainda
numa grande mitologia moderna, evolucionista e nacionalista. Nossa pesquisa vale-se dessa
investigação para a crítica da construção do legal-normativismo no Brasil para pensarmos em
uma proposta de superação da crise do direito. Assim, a proposta de trabalho é de
apresentação do nosso ponto atual de crítica e diálogo, quanto às pesquisas entre a história
social da escravidão e o direito justo no Brasil.
2. Marianna de Queiroz Araújo (Universidade Federal da Paraíba; Mestranda) –
Comunicação oral
3. Antonio Martins Ramos (PUC-SP; doutorando) – Comunicação oral: ALDEADOS DE
PIRATININGA - MORADORES INDÍGENAS E ADMINISTRADOS DE SÃO PAULO COLONIAL
(1694 - 1775)
O objetivo deste trabalho é o estudo do lugar social dos moradores indígenas de São
Paulo colonial, que através do espaço urbano dos aldeamentos e das condições jurídicas
determinantes de seus regimes de trabalho, constituía-se na prática, em efetivo estado de
escravidão. O período em foco é o século XVIII, quando da existência do regime legal
14
denominado \"Administração\", que regularizou práticas de tutela e trabalho compulsório
praticadas desde o século XVI, fazendo dos aldeamentos (dos jesuítas ou da Coroa) locais de
referência para a habitação e requisições de mão-de-obra dos índios. Dessa forma, além da
investigação histórica a respeito da sociedade paulista dentro da ordem colonial, destaca-se
também a própria história urbana de São Paulo, onde a relação entre o núcleo da cidade, os
aldeamentos periféricos e o contexto colonial geopolítico da Capitania relaciona-se ao
funcionamento do sistema colonial da América portuguesa como um todo. Embora
oficialmente proibida, a escravidão indígena encontrou formas de se manifestar que não
contrariassem diretamente a letra das leis, mas atendessem aos interesses, em geral
conflitantes, da Coroa, dos colonos e dos padres missionários, no caso de São Paulo, através
do denominado regime de Administração. Desenvolvimento: busca-se encontrar o ponto de
vista dos índios, que desprezado pela historiografia tradicional, não os colocava como sujeitos
agentes neste contexto. Nesta forma de abordagem metodológica, que busca uma
aproximação com os estudos culturais e a antropologia, define-se o conceito de \"resistência
adaptativa\", ao se considerar a integração social dos povos indígenas como resposta ativa à
realidade colonial, e não enquanto mera submissão. Resultados e conclusões: até o momento,
a pesquisa vem encontrando informações sobre as práticas cotidianas de apropriação da mão
de obra indígena e das relações cotidianas em São Paulo em um conjunto amplo e disperso
de fontes, principalmente nas \"Atas da Câmara Municipal de São Paulo\" e nos \"Inventários
e testamentos\" dos séculos XVII e XVIII. Eixo temático: Escravidão Indígena na América
Portuguesa (séculos XVI a XVIII).
15
GT 2 - POLÍTICAS INDIGENISTAS E INDÍGENAS ENTRE OS SÉCULOS XVI AO XIX NO BRASIL E
NA AMÉRICA LATINA: SUAS ESPECIFICIDADES DIANTE DAS RELAÇÕES INTERÉTNICAS E
PODERES LOCAIS
Profa. Dra. Mariana Albuquerque Dantas - UVA
Profa. Dra. Juciene Ricarte Apolinário - PPGH-UFCG, Brasil | CHAM-UNL, Portugal
Apresentações dia 28/06/2018,
Sala 101, Prédio do Centro de Humanidades
Comunicação Oral
1. Renata Ferreira de Oliveira (Universidade Federal da Bahia; Doutoranda) – Comunicação
oral: OS ÍNDIOS E O PROBLEMA DA MÃO DE OBRA NO BRASIL IMPERIAL NO RIO
JEQUITINHONHA (1845-1880)
O objetivo desta comunicação é analisar o arcabouço legislativo imperial brasileiro a
partir do Regulamento das Missões e Catequese dos índios, de 1845, seus desdobramentos e
consequências para os indígenas aldeados ao longo do Rio Jequitinhonha nas províncias da
Bahia e Minas Gerais. O Decreto Imperial n. 426 de 24 de julho de 1845, estabeleceu uma
estrutura geral para os aldeamentos do território brasileiro. O documento foi o resultado das
diferentes propostas sobre a integração dos índios à sociedade nacional. Foi ainda, o
norteador de toda a administração da política indigenista das províncias imperiais. É possível
pensar que houve uma relação direta entre a questão da mão de obra e de terras com a
política indigenista no século XIX, especialmente a partir do Regulamento de 1845 e da
promulgação da Lei de Terras de 1850. Esta Lei e o aparato legislativo dela derivado,
potencializou, no caso dos indígenas a utilização de suas terras e de seu trabalho como
possibilidade de resolver o problema da mão-de-obra desencadeado a partir do fim do tráfico
de africanos, por essa razão, vários aldeamentos transitórios foram erguidos. Ainda, deriva
desse mesmo momento, o pensamento de incorporar o índio aldeado na categoria de nacional
colonizado resultando no desmantelamento dos aldeamentos, e na fundação das colônias de
16
imigrantes estrangeiros como alternativa ao trabalho. Como resultado desse processo,
inúmeros aldeamentos na região estudada foram extintos e, em vários casos, seguindo a
recomendação da Lei de Terras, em seus lugares foram erguidas colônias de imigrantes
estrangeiros.
2. Victor André Costa da Silva (Universidade Federal do Rio Grande do Norte; mestrando) –
Comunicação oral: MECANISMOS PARA RESISTÊNCIA ADAPTATIVA ÍNDIGENA E SEUS
ENTRAVES: POSSIBILIDADES E DIFICULDADES NO SISTEMA COLONIAL PARA O ÍNDIO DA
CAPITANIA DO RIO GRANDE, NO SÉCULO XVIII
Com a chegada dos europeus à América Portuguesa, o choque cultural fica claro entre
os diferentes povos, e por muito tempo o índio foi considerado, pela própria historiografia,
como um ser aculturado, ou seja, desprovido de sua cultura por ser dito como passivo e ter se
introduzido, em alguns momentos, à lógica colonial. Portanto, o que propõe-se aqui é dar
certa luz à participação indígena na cena histórica da Capitania do Rio Grande, no século XVIII.
Tendo-se em vista que a resistência indígena não se restringe apenas de maneira armada,
pretende-se evidenciar os mecanismos que os índios dispunham dentro do próprio sistema
colonial para garantir melhores condições de vida na capitania, fato que remonta a noção de
resistência adaptativa, proposta por Steve Stern, porém discutiremos ainda as dificuldades
inerentes ao exercício desse tipo de resistência. Pois, cada uma das possibilidades de ascensão
no meio colonial, também vinha acompanhada de entraves impostos localmente. Ao passo
que poderiam se inserir no Terço dos Paulistas, eram também mal remunerados, se
comparados com os pagamentos que os brancos recebiam; poderiam ter cargos na Câmara,
como de vereadores ou juízes, por meio da Lei de Liberdade de 1755, mas encontram ideias
contrárias no contexto local; ou mesmo no ato de usar armas provenientes dos brancos, se
deparar com impedimentos. Sendo assim, identifica-se em documentos oriundos do Arquivo
Histórico Ultramarino (AHU) concernente ao Rio Grande do Norte, os meios que os indígenas
tinham de êxito pela resistência adaptativa e, em contrapartida, as barreiras que o sistema
impunha, valorizando as ações e tentativas dos grupos indígenas.
17
3. Gláucia de Souza Freire (Universidade Federal de Pernambuco; doutoranda) –
Comunicação oral: AGÊNCIAS INDÍGENAS EM ALDEAMENTOS MISSIONÁRIOS: FACES DOS
PODERES COLONIAIS NA CAPITANIA DE PERNAMBUCO E SUAS ANEXAS (SÉCULOS XVI-XVIII)
Por todo o período colonial, autoridades civis e missionários se debatiam entre
representações indígenas referidas em correspondências dirigidas ao Conselho Ultramarino,
buscando assegurar a legitimação de suas respectivas atuações. Em 1739, o tratamento
dispensado a indígenas na capitania de Pernambuco é fundamento para uma carta do
governador Henrique Luís Pereira Freire ao rei, D. João V, referindo queixas por parte de
aldeados em relação a maus tratos e do afastamento da conversão que os missionários
provocavam, em uma suposta desvirtuação de seu papel frente ao Padroado. Através da
legislação colonial e suas adaptações, de correspondências enviadas ao Conselho Ultramarino
de Portugal, de relatos de viagens e missões, os interstícios dessas relações interétnicas e de
poder nos aldeamentos são expostos e evidenciam a necessidade de estudar as agências
indígenas como m odo de discutir faces diversas das relações de poder (re)desenhadas na
América Portuguesa. Nessa esteira, a presente comunicação visa debater como indivíduos
aldeados elaboravam suas agências, tecendo alianças e embates com autoridades civis e
eclesiásticas, além de fazendeiros, na capitania de Pernambuco e suas anexas.
4. João Eudes do Nascimento Alves (UFCG; mestrando) – Comunicação oral: FAMÍLIA E
CASAMENTO INDÍGENA: UMA ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA
A chegada e o estabelecimento dos portugueses ao Novo Mundo foi o ponto de partida
para uma série de interferências culturais que influenciaram a dinâmica e o modo de vida de
diversos grupos indígenas. O não-índigena trouxe em seus baús, mas também em seu corpo,
novos códigos de conduta e moral, nova cosmogonia e nova língua. Cedo ou tarde, esse
universo cultural distinto serviu de base para o projeto de tentativa de catequização e
assi ilaç o à deà algu sà po osà i d ge asà empreendido pela Coroa portuguesa e pela Igreja
Católica durante a colonização. É sabido que a organização política, econômica e social das
aldeias fora alvo da administração colonial, mas também o fora a vida cultural, sobretudo a
concepção de família, tão cara ao império português. No século XVIII, o Diretório dos Índios,
18
alvará publicado pelo Marquês de Pombal, definiu uma política indigenista com claros
objetivos da Metrópole para as populações nativas que aqui viviam e posteriormente foram
aldeados e vilados. Teoria e prática, contudo, quase sempre são pontos antagônicos, e o que
se percebe a despeito dessa legislação, é a presença de estratégias e de dinâmicas próprias
quanto ao matrimônio indígena. Este trabalho pretende contribuir ao estudo da família e do
casamento no Brasil, especialmente na temática indígena, destacando alguns autores que já
escreveram sobre o tema, as fontes documentais utilizadas, a metodologia e os referenciais
teóricos. Por fim, lança-se mão de alguns desafios para a produção iniciativa do conhecimento
histórico sobre a história indígena, enfocando família e casamento enquanto projeto
colonizador para desconstruir os mundos indígenas em terras da América Portuguesa.
5. David Barbuda Guimarães de Meneses Ferreira (UFMG; doutorando) – Comunicação oral:
NAS MALHAS DO SERTÃO DO SÃO FRANCISCO: A FAMÍLIA INDÍGENA MATAROÃ E OS
ESPAÇOS DE PODER NA AMÉRICA PORTUGUESA
A presente comunicação visa analisar a trajetória dos principais indígenas da família
Mataroã que durante mais de 50 anos ocuparam cargos administrativos e militares nos
sertões do Império Português, especialmente na região do Rio São Francisco, nas Capitanias
da Bahia e Pernambuco. Esses índios receberam em retribuição aos seus serviços muitas
mercês e benesses da Coroa Portuguesas, tendo ocupado, inclusive, um cargo de governador
que dava a eles autoridade sobre os outros sujeitos indígenas na região. O título de
\"Governador dos índios do Cabelo Corredio do Rio São Francisco de Baixo e de Cima\" criado
na segunda metade do século XVII, esteve sob o domínio da família Mataroã e foi oficialmente
exercido por Francisco Dias Mataroã, Jorge Dias de Carvalho Mataroã entre os anos de 1680
e 1733. Tais índios ficaram conhecidos pelos seus feitos nas campanhas contra os \"tapuias\",
considerados inimigos dos portugueses no Piauí, durante as chamadas \"Guerras dos
Bárbaros\" e também pelo auxílio dado à coroa na expulsão dos holandeses na restauração
de Pernambuco. Eram índios da nação dos \"Porcaze\", naturais do \"certão de Rodelas\" e
segundo o Fr. Domingos do Loreto Couto, lutaram ao lado dos portugueses \"havendo deixado
celebre o seu nome em todo Brazil por triunfar sempre a sua espada contra os inimigos do
estado, e as suas heroicas ações merecerão ser remuneradas com duas tenças pela Augusta
19
Majestade do Fidelíssimo Rey D. João V\". O cargo de Governador dos Índios do São Francisco
parece ter sido exercido concomitantemente ao de Governador dos Índios de Pernambuco,
que esteve sob o domínio dos indígenas das famílias Camarão e Arcoverde. A jurisdição do
referido cargo provavelmente estava restrita ao rio São Francisco e os governadores Francisco
e Jorge Mataroã estavam submetidos à autoridade dos governadores dos índios de
Pernambuco. Contudo, sua atuação na região do São Francisco foi reconhecida a ponto de
eles terem sido deslocados para diversas outras regiões da colônia com o objetivo de efetivar
o domínio português. Pouco se escreveu sobre esses sujeitos e conclusões mais gerais sobre
eles ainda não são possíveis de se fazer, contudo, o que realmente nos interessa no âmbito
desse trabalho é analisar a trajetória desses índios e demonstrar o quanto eles adquiriram
conhecimento da estrutura política, jurídica e cultural portuguesa e como isso possibilitou
uma maior inserção desses sujeitos no mundo colonial.
6. Marcos Felipe Vicente (Universidade Federal Fluminense; doutorando) – Comunicação
oral: FORTIFICAÇÕES E ALDEAMENTOS NA RIBEIRA DO JAGUARIBE: POLÍTICAS
INDIGENISTAS E AÇÃO INDÍGENA NO FINAL DO SÉCULO XVII
A partir do ano de 1696, tem-se uma mudança na forma dos conflitos entre indígenas
e colonizadores nos sertões das capitanias do Rio Grande e Ceará. A partir daquele momento,
reduzira-se a resistência direta dos nativos à ocupação das terras pelos portugueses e
desenhavam-se outras formas de conflitos, permeadas por negociações e insurreições
localizadas. Para efetivar a conquista dos novos territórios, os colonizadores empreenderam
a instalação de aldeamentos religiosos e fortalezas militares, consolidando sua presença nos
sertões ocupados pelas diversas etnias nativas. A inserção desses novos mecanismos no
mundo indígena resultou em transformações nos modos de viver e de se organizar,
conduzindo a processos de desterritorialização e reterritorialização dos povos indígenas.
Através de cartas e documentos administrativos das autoridades coloniais, este trabalho
analisa as estratégias dos colonizadores para a efetivação da ocupação dos sertões da ribeira
do Jaguaribe e as negociações com os povos nativos, especialmente a etnia Paiaku, para a
concretização dessa empreitada. A partir de uma leitura crítica dos documentos, buscando
superar as visões eurocêntricas a partir das quais foram produzidos, tentou-se compreender
20
a ação indígena nesse processo. Dessa forma, percebeu-se que a ocupação da ribeira do
Jaguaribe resultou de diversas negociações, e se deu a partir da instalação das aldeias, das
fortalezas e dos currais de gado e na maior presença dos agentes europeus. A escolha dos
lugares para a instalação dos aldeamentos resultou de várias negociações entre nativos e
missionários, uma vez que a própria legislação recomendava a observação da vontade dos
índios para sua definição. Assim, o ambiente social oriundo da conquista dos sertões pelos
europeus assume aspectos complexos, resultando de inúmeros movimentos de colaboração
e resistência entre eles e os povos nativos. Eixo Temático: 2) Políticas indigenistas e indígenas
entre os séculos XVI ao XIX no Brasil e na América Latina: suas especificidades diante das
relações interétnicas e poderes locais.
Poster 15:00 às 16:00 (Exposição Roll das Placas dia 28/06/2018)
7. Luana Souto Cavalcanti (UFCG; graduanda) – Pôster: A REPRESENTAÇÃO DOS POVOS
INDÍGENAS DO BRASIL NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA. Orientador(a): Dra. Juciene
Ricarte Apolinário-UFCG
O livro didático é uma das ferramentas mais utilizadas para auxiliar no
desenvolvimento do conhecimento do educando, sendo principalmente utilizado pelas as
escolas públicas que em muitos casos acabam dispondo apenas desse recurso no dia a dia em
sala de aula, uma vez que, as realidades das escolas públicas brasileiras são precárias em
termos de disponibilidade de materiais escolares e recursos tecnológicos. Desta forma, o livro
didático desempenha um papel de extrema importância na formação educacional dos alunos,
porém, ele possibilita uma série de interpretações, e traz consigo uma quantidade de ideias,
valores, crenças e representações, enfim, concebe uma visão de mundo ou de um grupo.
Sendo que tais visões de mundo, podem ser transmitidas de forma deturpada e estereotipada
que acabem reforçando ideias preconceituosas, um bom exemplo, é a representação dos
povos indígenas nos livros didáticos de história que mesmo com a obrigatoriedade do ensino
da temática História e Cultura Afrobrasileira e Indígena na rede oficial de ensino em todos os
níveis, inclusa por meio das leis nº 10.639/03 e a Lei nº 11.645/08, ainda encontramos nos
livros didáticos abordagens sobre a temática indígena estereotipadas. Assuntos poucos
21
explorados que possibilitam uma interpretação equivocada, reforçando a ideia de que os
indígenas eram passivos diante do não-indígena colonizador. Mas também representados de
forma maniqueista ora bom, ora mal (Tupi e Tauia), ou seja, acaba reforçando estereótipos
contra os povos originários, e o que pior formando opiniões errôneas entre os educandos.
Tendo em vista, a demanda da utilização do livro didático ser bem expressiva e a dificuldade
na abordagem da temática Povos Indígenas, a presente pesquisa teve como objetivo analisar
a forma como os livros didáticos de história referente ao 7° ano do ensino fundamental II
abordam a temática dos Povos Indígenas no Brasil. Analisamos três livros utilizados em escolas
públicas, História Sociedade & Cidadania de Alfredo Boulos Junior, PNLD 2014, 2015 e 2016,
Coleção Integralis História de Pedro Santiago, Maria Aparecida Pontes e Célia Cerqueira, PNLD
2017 e Vontade de Saber de Marco Pellegrini, Adriana Dias e Keila Grinberg, PNLD de 2017,
2018 ,2019. E também foi analisado um livro didático de uma determinada escola particular,
Sucesso sistema de ensino de Fernando Menezes e Paula Carvalho edição de 2016. Desta
forma, foi possível verificar formas de abordagem bem distintas da temática Povos Indígenas
do Brasil, seja de forma superficial e que reforçam estereótipos e não permitem reflexões
sobre o processo das relações interetnicas construídas historicamente juntos aos povos
indígenas e estes com a sociedade não-indígenas desde o período colonial até os dias atuais.
22
GT 3 – RECONHECIMENTO DOS TERRITÓRIOS INDÍGENAS NA AMÉRICA: LUTAS, CONQUISTAS
E RETROCESSOS ENTRE OS SÉCULOS XX AOS DIAS ATUAIS
Apresentações dia 29/06/2018,
Sala 204, Prédio do Centro de Humanidades
Coordenadores
Prof. Dr. Estevão Martins Palitot (UFPB)
Profa. Dra. Kelly Oliveira (UFPB)
Profa. Dra. Rita Neves (UFRN)
1. Rodrigo Oliveira Braga Reis (UFAM e PPGAS-MN/UFRJ; Doutorando) + Ana Sávia Farias
Ramos (IFAM e PROFCIAMB/UFAM; Mestranda) – Comunicação oral: ALIANÇAS NA LUTA
POR DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS NO ALTO SOLIMÕES E NO VALE DO JAVARI –
AMAZONAS
A presente comunicação busca refletir sobre as alianças constituídas por lideranças
indígenas para a criação de Organizações Indígenas que resultaram na demarcação de Terras
Indígenas nas regiões do Alto Solimões e do Vale do Javari. Em especial, nos voltamos aos
registros e às memórias de lideranças acerca das alianças entre os Tikuna e indígenas do Vale
do Javari para a criação do Conselho Indígena do Vale do Javari (CIVAJA). O CIVAJA se
constituiu, na década de 1990 e início dos anos 2000, como a principal forma de organização
interétnica no momento de reivindicação pela demarcação contínua do Vale do Javari, sendo
a entidade responsável pela união de diferentes povos – inclusive, alguns que viviam em
conflitos abertos como os Marubo e os Matsés (Mayoruna) –, por estabelecer parcerias com
organizações brasileiras e estrangeiras que apoiavam as lutas indígenas e pela representação
junto às organizações do Estado brasileiro. Revisitar os processos de mobilização nos
permitem a compreensão de redes de articulação entre diferentes lideranças e organizações
indígenas que hoje, devido às novas configurações das políticas indígenas e indigenistas, não
23
são tão claras. Considerando principalmente os territórios situados nos três municípios
brasileiros que fazem fronteira com Colômbia e Peru - Atalaia do Norte, Benjamin Constant e
Tabatinga – é possível também identificar a articulação de atores comuns – como os
madeireiros e grupos políticos locais – contrários às demarcações de Terras Indígenas nesta
região.
2. Mauricio Alejandro Diaz Uribe (Universidade Federal de Espirito Santo; Doutorando) –
Comunicação oral: TERRA, TERRITÓRIO E TERRITORIALIDADE NO MOVIMENTO INDÍGENA
COLOMBIANO
A declaração de Colômbia como um Estado social de direito pluriétnico e pluricultural
na assembleia constituinte de 1990 possibilito o reconhecimento de uma série de
reivindicações e demandas históricas do movimento indígena colombiano enquanto sujeitos
coletivos de direitos. As ações e revoltas dos indígenas no passado foi em procura da defensa
e luta pela terra e autonomia. Baseados na afirmação da identidade étnica e a construção de
uma memória política, as diversas organizações indígenas surgidas na década de 1970 e
consolidadas no âmbito nacional na década de 1980, configuram essa luta desde a construção
de um território cultural próprio. Na década de 1990 as demandas e politização da propriedade
coletiva de um território e dos projetos de educação bilíngue e intercultural se converteram
em mecanismos para alcançá-lo. O objetivo deste trabalho é explicar o processo histórico pelo
qual a mobilização indígena passo de a luta pela terra a luta pelo território como fonte de
garantia para sua sobrevivência a reprodução de sua cultura em uma nação que sempre busco
sua integração mediante a assimilação cultural. Mais nessa dinâmica de territorialidade no
caso colombiano se manifesta em um contexto social de conflito permanente e violência
generalizada. Os territórios das comunidades indígenas, têm que conviver com a guerra entre
os atores armados, legais e ilegais, e a presença ameaçadora de empresas multinacionais,
interessadas nos bens ambientais e recursos minerais. O assassinato de líderes e porta-vozes
indígenas é uma constante na luta pelo seu território. Esse marco de direitos formais que a
Constituição Política de 1991 supôs dista muito de ser uma realidade para as comunidades no
presente. À persistência de graves problemas como a usurpação de seus territórios por parte
24
de colonos, proprietários de terra e narcotraficantes, se soma a implementação de projetos
de desenvolvimento ou empresas extratoras de recursos, que afetam e diminuem cada vez
mais a qualidade dos nichos ecológicos que permitem sua sobrevivência, convertendo seus
territórios em zonas de guerra e de conflito no marco de um Estado multicultural e neoliberal
no fins do século XX.
3. Lara Erendira Almeida de Andrade (Universidade Federal de Pernambuco; Doutoranda) –
Comunicação oral: MOBILIDADE E RESISTÊNCIA INDÍGENA NO VALE DO MACACO E DO
CATIMBA
4. Camila de Freitas Macedo (Universidad del País Vasco; Doutoranda) – Comunicação oral:
TEMPOS DA HISTÓRIA NO DIREITO E A ALTERIDADE INDÍGENA COMO BISAGRA
O objetivo desta pesquisa é traçar a linha que vem modelando a definição
o stitu io alàdeà o upaç oàt adi io alàdasàte asài d ge as .àTe doà o oà o eito-chave a
a i elà te po à aà o st uç oà ju di aà doà a te à t adi io alà daà o upaç oà dasà te asà
indígenas, neste estudo resumimos dois cenários de argumentação do Supremo Tribunal
Federal que são complementários: em primeiro lugar, a reivindicação pela União do terreno
de antigos aldeamentos em São Paulo; e em segundo, a reivindicação atual de demarcação
das terras pelos indígenas que nelas habitam.Para cada cenário, valemo-nos de uma decisão
judicial que serve como fio condutor do argumento. No primeiro caso, trata-se da sentença
ditada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo) que abriu o debate sobre o
tempo como elemento definidor do caráter tradicional das terras indígenas no marco da
Constituição de 1988, assim como as decisões posteriores do STF relativas ao tema, que
culminaram na súmula 650. Para o segundo caso, valemo-nos especialmente da sentença
sobre a demarcação da Reserva Raposa Serra do Sol em Roraima (2009). Observando a
sucessão jurisprudencial relativa às terras indígenas, vemos que a definição jurídica da
tradicionalidade indígena estaria marcada pelo tempo e pela forma. Atradicionalidade da
ocupação seria, por um lado, uma característica de forma, no sentido de possuir a terra
segundo usos, costumes e tradições indígenas, que, presume-se, são necessariamente
diferentes dos usos, costumes e tradições dos não-índios. Parafraseando o Ministro Menezes
25
Direito, é a preservação desse modo diferenciado de vida que justifica a extensão geográfica
das terras reconhecidas. Por outro lado, a tradicionalidade das terras também incorpora um
ele e toàte po al,àoàfa osoà
a o ,à ueài pli aàque desde a promulgação da Constituição
até o momento reivindicatório a comunidade indígena em questão deve ter estado
coletivamente situada no espaço fundiário reivindicado com caráter de perdurabilidade, no
sentido anímico e psíquico de continuidade etnográfica. Apesar da suposta mudança de
paradigma trazida com a Constituição de 1988, a construção jurisprudencial no sentido de
preservar um modo particular de vida pode ser perigosa, sempre que a ideia de preservação
entenda-se no sentido de imobilidade. Porque desta maneira as modificações culturais
próprias da adaptação humana ao meio poderiam implicar a perda dos direitos
constitucionalmente reconhecidos. Desde este ponto de vista, tanto as políticas de integração
vigentes até a metade do século XX como o multiculturalismo surgido no final do século
poderiam pressupor a desaparição do indígena. No primeiro caso, por reconhecer somente
uma forma ideal de sociabilidade, assimilando os demais grupos a esse ideal. No segundo caso,
por converter a tradicionalidade indígena em categoria essencial, com independência dos
fatores existenciais que podem modificar a relação com a terra e com as demais culturas
nacionais.
5. Roméria Santana da Silva Souza (Universidade Federal da Paraíba; Mestranda) + Alícia
Ferreira Gonçalves (UFPB; pós-doutoranda) – Comunicação oral: CULTURA &
DESENVOLVIMENTO. UMA ETNOGRAFIA DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS E CULTURAIS:
O CASO DOS TABAJARAS DO LITORAL SUL DA PARAÍBA
A produção de cimento no estado da Paraíba data do século XIX. Atualmente três
fábricas estão em funcionamento (uma em João Pessoa, uma em Caaporã e uma em
Alhandra). Este novo arranjo produtivo segundo notícias veiculadas elevará a Paraíba ao
segundo maior produtor de cimento do Brasil e o primeiro do Nordeste afetando povos
indígenas, inclusivos processos de desterritorialização. Nesta perspectiva, as indagações
centrais da presente pesquisa gravitam em torno dos projetos de desenvolvimento
desenhados de cima para baixo, ou seja, pelo Estado, geralmente, sem a consulta popular, ou
26
com estudos de impactos ambientais imprecisos. Questão problema subjacente ao estudo
remete se a implantação deste polo industrial potencializa na prática quais modelos de
desenvolvimento? Quais são os impactos da implantação do Polo no cotidiano das famílias
indígenas Tabajara? Há diálogos entre as comunidades ditas tradicionais e as empresas? Como
dialogam a tradição e o capitalismo? O presente estudo se justifica academicamente no
campo da Antropologia e da Política porque trabalha com conceito de cultura, território,
populações ditas tradicionais, poder e o próprio conceito de desenvolvimento, assim como no
campo social, pois visa subsidiar as políticas dos movimentos sociais (indígenas, quilombolas,
pescadores artesanais, agricultores familiares, ambientais) dando retorno à comunidade.
Neste sentido, buscar-se-á analisar, no sentido de construir uma descrição densa, a partir do
ponto de vista das famílias, os processos de mudança nos últimos seis anos, especialmente,
os impactos socioambientais e culturais decorrentes da implantação de empresas de grande
porte no município de Alhandra e seu entorno. Para alcance dos resultados pretende-se lançar
mão de um conjunto de técnicas como entrevistas, observação participante, grupo focal,
produção de vídeo e imagem, produção de biografias, recorte geracional e de gênero. A
problemática que se desenha neste projeto de mestrado está relacionada com as dissonâncias
e/ou correspondências entre projetos de desenvolvimento desenhados e executados e
anseios de povos e comunidades ditas tradicionais. Assim, entende-se a importância de
adentrar nesta discussão com o olhar antropológico, pois levará em consideração o aspecto
social, cultural e ambiental deste processo de mudança que se instaura no município, visto
que o Povo Tabajara passou por um processo de desterritorialização em detrimento do
desenvolvimento econômico.
6. Jéssika Mayara Silva Rufino (UFRN; mestranda) – Comunicação oral: MARCO TEMPORAL,
UMA REFLEXÃO INICIAL DE SUAS IMPLICAÇÕES ANTROPOLÓGICAS
O presente artigo pretende traçar uma discussão inicial em torno das implicações
antropológicas inauguradas pela tese jurídica Marco Temporal a partir do conceito
antropológico de territorialidade. Por partir da hipótese que o conceito é chave para a
compreensão da aplicabilidade do Marco Temporal que acreditamos retomar o conceito de
Imemorialidade ao estabelecer elementos temporais e de originalidade como precedentes
27
para o reconhecimento dos direitos dos povos indigenistas. O Marco Temporal trouxe como
pano de fundo uma série de debates que reavaliam os instrumentos metodológicos e os
saberes utilizados até então para efetivação dos direitos indígenas, gerando uma forte
repercussão antropológica que merece ser investigada. Compreendendo que o contexto
histórico e político altera a relação entre ciência e o Estado, traçando as possibilidades e
limites da produção antropológica nessa esfera. Se antes essa relação estava marcada pela
Constituição de 1988 que revela um reconhecimento de direitos sociais e políticos, hoje essa
relação acompanha fortes modificações que não torna a aplicação do Marco Temporal um
caso isolado, mas uma avalanche de mudanças fruto de um contexto histórico que também
se registra na instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a atuação da
FUNAI e do INCRA na demarcação de Terras Quilombolas e Indígenas. O artigo no primeiro
momento traz discussões suscitadas pelos Laudos Antropológicos demostrando os limites e
as similitudes da articulação entre a produção antropológica e o processo judicial, um cenário
de embates científicos, mas que encontra no campo conceitual uma mediação. Em um
segundo momento, algumas discussões em torno do conceito antropológico de
territorialidade a partir de Paul Little e Dominique Tilkin Gallois, que compreendem o conceito
antropológico de territorialidade como necessária para a demarcação das Terras Indígenas, e
pôr fim, e ao decorrer do artigo, alguns palpites iniciais, suscitando questão que marcam o
início da caminhada dessa pesquisa.
7. Fabio do Espírito Santo Martins (UNESP/FCLAr; doutorando) – A LUTA DO POVO
MBYÁ GUARANI PELO SEU TERRITÓRIO
Inserido no processo de autodemarcação da Terra Indígena Tekoá Mirim, este trabalho
pretende contribuir à visibilidade da luta Mbyá Guarani para permanecer no seu próprio
território. Já, que diferentes instâncias do Estado os consideram como invasores e que a sua
pe
a
iaà o t a iaà oà
o pusà legal à ueà legislaà aà espeitoà daà o upaç oà hu a aà e à
Unidades de Conservação ambiental. Isto porque, esta TI foi sobreposta pela UC do Parque
Estadual da serra do mar. O que, portanto, desconsidera completamente que tal permanência
remonta a uma posse secular, assegurada pela concretização sócioespacial de um modo de
vida peculiar, o Nhanderekó. Assim, o que se pretende também, é ampliar a visibilidade,
quanto às motivações cosmológicas e sociais que legitimam a dinâmica de mobilidade e
28
ocupação espacial dos Mbyá, tanto quanto, tornar explicito que a percepção ambiental que
eles manifestam na definição da sua Tekoá, necessariamente, é circunscrita e circunscreve
simultaneamente a elaboração epistêmica e ontológica que executam, seja sobre o território
em questão, como sobre si mesmos.
8 Allyne Dayse Macedo de Moura (UF‘N;à est a da à áQUIàTEMà“áNGUEàEà“UO‘àDEàÍNDIO :à
TERRITORIALIDADE, PERTENCIMENTO E IDENTIDADE DOS TAPUIAS DA LAGOAA DO TAPARÁ –
RN.
Buscamos perceber noções de territorialidade apontando possíveis relações entre a
identidade étnica e o sentimento de pertencimento ao território dos Tapuias da Lagoa do
Tapará, em seu atual contexto de luta por reconhecimento. Teoricamente, nos valemos das
contribuições de Barth (1978) e Oliveira (2006) sobre etnicidade, bem como de Haebaert
(1999, 2006), relacionando territorialidade e pertencimento. Partimos também da história
oral dos Tapuias da Lagoa do Tapará, localizados na zona rural entre Macaíba e São Gonçalo
do Amarante, a aproximadamente 30km de Natal, no RN. Essa população descende dos índios
que habitavam as matas antes da chegada dos fazendeiros e empreiteiros que cercaram
grandes extensões de terras na região. É comum entre os Tapuias relatos relacionados a sua
et i idade:à te hoàpa toà o à dio ;à
deà dio ;à e aà tudoà
i haà isa àe aà diaà a a ;à a uiàte àsuo àeàsa gueà
o adaà deà dio .à Du a teà
uitoà te po negou-se essa identidade
indígena por medo ou vergonha e, na última década, iniciou-se o engajamento comunitário
no sentido de ressignifica-la e fortalece-la. Os processos históricos de esbulho das terras
tradicionalmente ocupadas pelos indígenas, conduziram os Tapuias da Lagoa do Tapará a
grandes dificuldades econômicas, sobretudo em virtude da perda desse território tradicional,
dos trabalhos precarizados a que foram submetidos e pela falta de políticas públicas que
atendessem as suas necessidades. No entanto, embora vivenciem dificuldades econômicas,
que devem ser consideradas pela política indigenista, faz-se necessário ressaltar que a relação
com o território vai além dessa questão material. Reconhecer e demarcar o território indígena
dessa população passa também por reconhecer e respeitar a origem comum e a trajetória
étnica do grupo, seu sentimento de pertencimento com o espaço que tradicionalmente
ocupam e que dá sentido as suas vidas. É nesse sentido que vem se dando articulações entre
identidade e território na luta política dos Tapuias da Lagoa do Tapará, elementos
29
significativos para se pensar os processos de reconhecimento étnico e territorial dessa
população.
30
Pôster 15:00 às 16:00 (Exposição Roll das Placas dia 28/06/2018)
Naum Filipe Nicácio Alves (UFCG; graduando) – Pôster: OS POTIGUARAS E SUA LUTA
TERRITORIAL: A CONFIGURAÇÃO, DEMARCAÇÃO E REDEMARCAÇÃO DE SEU TERRITÓRIO.
Orientador(a): Dr. Juciene Ricarte Apolinário
A história dos potiguaras é paralela a luta pela demarcação de seu território, os
potiguaras que sempre tiveram um quantitativo de milhares de habitantes, se dividem em
três municípios paraibanos que são Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto, apesar de seus
conflitos já terem envolvidos alguns estados do Nordeste brasileiro em alguns momentos de
sua história as aldeias que então vem compor o espaço potiguar são Jacaré de São Domingos,
Potiguara e Potiguara de Monte-Mor. A alguns séculos e mais precisamente no século XVI os
potiguaras lutam para não perderem o seu território ou parte dele. Os potiguaras não só
lutaram pelo seu espaço mas também pela sua preservação dos recursos naturais que
constitui o seu espaço geográfico, o que pode ser bem representado pela cartografia social de
sua área, além de ser possível ter um esboço de toda a área potiguar que é interpretada como
seu território de apropriação, os índios potiguaras que estiveram unidos com os holandeses
para não permitir o avanço dos portugueses, tiveram um determinado tempo sem sofrer com
avanços para a redução do seu território, com o início do período militar muitas empresas
começaram a explorar sua extensão de terra. Os desdobramentos de sua demarcação
ocorreram na década de 1970 quando a FUNAI informou a demarcação da terra, todavia a
área vinha aos poucos sofrendo intervenção de intercessores e interessados em seu território
até que no início dos anos 1980 os potiguara começaram a autodemarcar as terras, o que
resultou em conflitos, para impedir a redução da terras que os mesmos deixaram demarcadas
as reivindicações prosseguiram até a atualidade apresentando os potiguaras como figura
principal desta luta territorial que se desdobra em diversas frentes e tem como consequência
lutas e conflitos judiciais que se arrastam por décadas e em um certo momento perdura até
alguns séculos onde o território ali demarcado resiste aos avanços de diversos intercessores
e interessados em sua posse total ou parcial que vem caracterizar essa luta por território na
região paraibana.
31
GT 4 – MISSÕES RELIGIOSAS E POVOS INDÍGENAS NA AMÉRICA: SÉCULOS XVI AO XXI
Prfa. Dra Fernanda Sposito – Pós-Doutoranda - USP
Apresentações dia 29/06/2018,
Sala 102, Prédio do Centro de Humanidades
Comunicação Oral
1. Solon Natalício Araújo dos Santos (Secretaria de Educação do Estado da Bahia; Mestrando)
– Comunicação oral: HISTÓRIA INDÍGENA E MISSIONÁRIA NAS JACOBINAS, SERTÃO DA
CAPITANIA DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS (1656-1707)
Este trabalho consiste em uma análise das relações de contato e processo de tradução
ou hibridização entre os grupos indígenas do sertão da Capitania da Bahia de todos os Santos
e os missionários da Companhia de Jesus e da Ordem dos Frades Menores nas Jacobinas
durante a segunda metade do século XVII e início do XVIII. Além da compreensão sobre como
se articulou a complexa operação de tradução e organização dos símbolos, resultante do
impacto e da socialização desses distintos agentes culturais, o objetivo desta pesquisa
também é abordar as atuações política e as relações conflituosas entre os índios aldeados nas
missões jesuíticas e franciscanas e os diversos agentes coloniais. Os grupos indígenas
integrados à Colônia portuguesa tornaram-se índios aldeados e passaram a desempenhar
diferentes papéis na sociedade colonial em formação. As questões da exploração do seu
trabalho nas minas de ouro, de salitre e condução das boiadas e a consequente diminuição
demográfica nos aldeamentos ocasionaram diversos confrontos entre índios, missionários,
colonos e autoridades. No interior dos aldeamentos, as diversas etnias indígenas misturadas
entre si, mas também com colonos e missionários, aprenderam novas práticas culturais e
políticas que lhes possibilitaram negociar pelos seus próprios interesses. A documentação
analisada revela o processo de tradução e mediação pelo qual os índios e missionários
projetaram as suas respectivas imagens e universos simbólicos e que, na condição de
aldeados, os índios passaram a constituir categoria social genérica, imposta pelos
32
colonizadores, mas apropriada por eles e construída no processo de sua interação e
experiência histórica com os diferentes agentes sociais da Colônia.
2. Joanan Marques de Mendonça, Juciene Ricarte Apolinário (Universidade Federal de
Campina Grande; Mestrando) – Comunicação oral: A ESTRATÉGIA TIRIYÓ NO CONTEXTO
DE MISSÕES NO ESTADO DO PARÁ
O presente trabalho destaca o protagonismo tiriyó no seu processo de socialização na
missão religiosa Paru de Oeste, nas décadas de 1960 a 1980. Localizados tradicionalmente na
região Oeste do Estado do Pará, no atual Parque Indígena do Tumucumaque, esses indígenas
receberam a presença dos missionários franciscanos, católicos, com o projeto de reuni-los
próximo da fronteira com o Suriname, onde a Força Aérea Brasileira montaria um posto
avançado na fronteira. Os religiosos teriam o escopo de intermediar o diálogo entre os tiriyó
e o Estado brasileiro, através da formação religiosa, escolar e profissional, preparando-os
para um futuro contato com outros brasileiros nas cidades. Com o ordenamento da missão
tiriyó, foi montado uma estrutura capaz de sustentar um grande número de pessoas naquelas
terras, por meio de uma agricultura mecanizada que atendesse as necessidade sem que
houvesse uma dependência direta dos produtos da cidade. É nesse contexto de transformação
da vida tradicional que os tiriyó protagonizaram a sua história, ressignificando os seus
costumes e crenças em meio às propostas religiosas católica, lutando pela conservação de
suas crenças e principalmente, na busca por direito no reconhecimento e demarcação de suas
terras, recorrendo aos órgãos responsáveis em Brasília. Para apressurar os seus interesses,
inúmeras vezes se utilizaram da impressa escrita para denunciar o serviço prestado pelos
missionários, objetivando assim melhor assistência e também acusando as invasões de suas
terras por exploradores de minerais, buscando defendê-la a qualquer custo, inclusive por meio
de armas de fogo, como apontava um jornal da época. Contudo, o protagonismo tiriyó
acontece devido a sua tomada de consciência e domínio dos códigos culturais dos agentes,
possibilitando uma maior interação nessa nova sociedade, exigindo em muitos casos, o
cumprimento legal do direito conquistado.
33
3. Maria Valéria Pereira (Universidade Federal de Campina Grande; Mestranda) –
Comunicação oral: POLITICAS DE OCUPAÇÃO DE TERRAS NO INTERIOR DA CAPITANIA
CEARENSE
A história da ocupação do território brasileiro no período colonial foi marcada por
interesses e conflitos entre colonizadores e povos indígenas. As primeiras tentativas de
ocupação das terras cearenses ocorreram no início do século XVI, e até meados do século XVIII
houve uma intensificação desses conflitos. Pois, segundo o olhar dos colonizadores os nativos
representavam um obstáculo para a consolidação do projeto colonizador. O governo
metropolitano juntamente com o apoio da Igreja Católica utilizou os aldeamentos para
controlar e reduzir drasticamente o território indígena. Foi através dos aldeamentos que os
jesuítas buscavam impor a religião católica aos índios e destruir a cultura indígena para
conseguir seus objetivos. Com a redução dos territórios indígenas as terras eram doadas
através de datas de sesmarias. As sesmarias serviam como uma estratégia de poder para
legitimar a propriedade e à medida que a ocupação ia aumentando os conflitos e resistências
dos nativos também se intensificava. A guerra contra os povos nativos passou a ser utilizada
como uma justificativa para solicitar mais sesmarias ou mercês e privilégios. Na leitura das
fontes fica evidente que ocorreram inúmeras ilegalidades e irregularidades principalmente ao
solicitar datas de sesmarias. Uma única família chegava a receber várias e, mesmo sem tornar
as terras produtivas no prazo estimado pela lei régia, os sesmeiros continuavam sendo donos
das propriedades. A presente pesquisa enquadra-se no eixo temático Missões Religiosas e
Povos Indígenas na América: Séculos XVI ao XXI pois, permite discutir e construir reflexões
sobre a presença de missões religiosas cristãs entre os povos indígenas.
4. Lana Camila Gomes de Araújo, Juciene Ricarte Apolinário (Universidade Federal de
Campina Grande; mestranda) – Comunicação oral: JUNTA DAS MISSÕES NA CAPITANIA
REAL DA PARAÍBA: UM DESDOBRAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO COLONIAL
As primeiras Juntas das Missões que se estabeleceram na América Portuguesa foram
na Capitania do Rio de Janeiro e de Pernambuco, em 1681. Um desdobramento tipológico da
estrutura interna da administração central na época, responsável por tratar os assuntos
34
relacionados as missões religiosas. Nem todas as capitanias tiveram uma Junta das Missões. A
Capitania da Paraíba, por exemplo, subordinava-se a Junta das Missões de Pernambuco, pois
aquela era anexa desta. Porém, inconformado com a subordinação, no ano de 1740 o CapitãoMor da Paraíba Pedro Monteiro de Macedo, solicitava ao reino português a criação de uma
Junta das Missões na mesma capitania. Assim, nos propusemos na presente pesquisa analisar
a dinâmica da Junta das Missões a partir da Capitania Real da Paraíba, verificando-a enquanto
uma legislação indigenista associada a um projeto religioso. Para tanto, foram analisados os
documentos contidos nos Catálogos da Capitania Real da Paraíba e de Pernambuco referentes
à História Indígena e a política indigenista no século XVIII, notadamente os respeitantes a
Junta da Missões na Capitania Real da Paraíba. Os documentos revelam que, mesmo o
Capitão-mor ter pedido ao Rei Dom João V mais de uma vez a instalação da dita Junta na
Paraíba, ele não foi atendido. Motivo pelo qual, a Paraíba continuou submissa a Pernambuco.
Por fim, considera-se que apesar das Juntas das Missões se caracterizarem enquanto
mecanismo colonial de submissão indígena, os homens e mulheres indígenas resistiram e
ressignificaram suas ações diante dos ditames legais impostos pelos portugueses.
5. Glauco Fernandes Machado (UFPB; mestre) –O CORTE DO ARAME E O CIMI
Com novas diretrizes e por volta dos anos 70, o movimento progressista da Igreja
Católica Romana no Nordeste brasileiro é representado pelo Conselho Indigenista Missionário
(Cimi), que teve como um dos objetivos estimular as organizações dos primeiros brasileiros
em direção a formação do Movimento Indígena. Surge, então, o escopo desse trabalho,
propondo o levantamento de dados etnográficos para análise junto ao grupo pernambucano
Kapi a
à so eà aà atuaç oà doà Ci ià aà a e aà dessesà i d ge as.à Oà Co teà doà á a e ,à o oà
marco histórico desse povo, foi reapresentado em um filme de película 16 milímetros:
KAPINAWA – wir dürfen wieder Indianer sein produzido por uma produtora alemã Aradt Film
Bumbold KD. Essa empresa registrou diálogos do representante do Cimi e reconstituiu cenas
a partir das memórias desses nativos, configurando o resultado alcançado através da
discussão com os moradores das aldeias. Portanto, o trabalho de pesquisa caminha pela área
da etnologia indígena, mais precisamente pelo Movimento Indígena no Nordeste brasileiro
35
Pôster 15:00 às 16:00 (Exposição Roll das Placas dia 28/06/2018)
6. Alessandra Sislayne Cariri Gomes (Universidade Estadual da Paraíba; Graduanda) – Pôster:
OS DEMÔNIOS INVADEM O NOVO MUNDO: A FÉ CRISTÃ E OS INDÍGENAS BRASILEIROS DO
SÉCULO XVI. Orientador(a): Dra. Itacyara Viana Miranda – DH/UEP
Quando pensamos em história nos deparamos a uma relação muito tênue entre o
passado e o presente, nestes termos o passado tem servido de instrumento de compreensão
do presente, e é do presente que formulamos as inquietações que nos levam a desvelar
tempos mais longínquos. Essa dupla percepção acabou por auxiliar a problemática do
processo de demonização dos povos ameríndios da América portuguesa no século XVI.
Levamos em consideração para a análise dessa temática, o desenvolvimento do pensamento
cristão advindo da Europa, assentado, sobretudo, na construção de ideias fundantes em um
período histórico – medievo -, no qual os aspectos religiosos acabaram por influenciar a
construção social dos sujeitos. Diante dessa perspectiva suscitamos a questão: quais os
elementos que podem ser levantados para explicar o processo de demonização dos índios do
Novo Mundo, quando dos primeiros contatos com os colonizadores portugueses? Ter um
olhar atento para os modos de colonização se faz importante, à medida que se tornam
perceptíveis aspectos políticos, econômicos e sociais, que de modo direto ou indireto,
estiveram ligados ao debate de evangelização dos povos indígenas no Brasil colonial. Nessa
direção, temos o objetivo de apreender os aspectos demoníacos que explicam o imaginário
português do Novo Mundo. Suscitamos a hipótese de que mais que os anseios de conquista
de territórios e sua exploração eminente, os portugueses trouxeram em sua bagagem seus
medos e suas narrativas acerca dos dogmas decorrentes da fé cristã, influenciando assim nas
formas de como eram percebidos os indígenas. Corrobora para esse debate, as leituras de
Laura de Melo e Souza, a saber: Inferno Atlântico e colonização - século XVI e XVIII (Ano 1993);
O Diabo e a terra de Santa Cruz – feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial (2009).
Este é um trabalho ainda em desenvolvimento, resultante das atividades da monitoria da
disciplina de América e cuja proposição tem se voltado para a elaboração do TCC – Trabalho
de Conclusão de Curso. O artigo se enquadra no grupo de debate 4 – Missões Religiosas e
Povos Indígenas na América: século XVI ao XXI.
36
Palavras chave: América Portuguesa; Indígenas; Igreja Católica.
7. Katarina Jordania Queiroz das Neves (UEPB; graduanda) + Vivian Vital Gualberto (UEPB;
graduanda) – Pôster: POVOS INDÍGENAS: O CONTATO COM AS MISSÕES RELIGIOSAS E SEUS
PROCESSOS DE REINVENÇÕES . Orientador(a): Aline Praxedes Araujo
Este artigo visa analisar a importância da imagem do indígena contemporâneo e a
representação do processo das missões religiosas que tem ganhado grande espaço e
notoriedade dentro dessa explosão étnica que tem se vivenciado. Nosso trabalho irá propor a
percepção que foi possibilitada por uma consequência de mudanças históricas recentes que
têm ocorrido dentro da sociedade em que ser índio não é mais uma vergonha ou mesmo um
perigo trazendo para a contemporaneidade. Dentro destas mudanças notamos o crescimento
populacional comprovado pelas as estáticas de vários povos e várias manifestações culturais
dentre as quais podemos destacar os povos indígenas. Discutiremos ainda a percepção do
índio como parte da formação da sociedade brasileira, tratando-o, não somente como
importante, no passado, nas heranças que deles recebemos, seja genética, seja cultural
discutiremos ainda o modo de abordagem, de construção do índio e sua permissão dentro do
espaço de modificação. Dentro da historiografia o lugar de fala do indígena passa a ser
priorizado e é através da busca pelo entendimento da etnicidade e da cultura indígena como
algo que está em constante transformação e que tem se modificado através do contato com
culturas diferentes, que o protagonismo do povo indígena vem conquistando novos espaços.
Sendo assim, discutiremos um desses contatos diferentes que será a apresentação de algumas
missões religiosas entre os povos indígenas onde o quadro atual em que ocorre esta presença
é complexo e envolve um conjunto heterogêneo de missionários católicos e protestantes,
onde fica perceptível que as missões religiosas conseguiu estabelecer um contato de algum
modo como os indígenas de modo particular. Seguindo, serão apresentadas as diferentes
cosmovisões: a protestante diferindo da católica e a católica diferindo da protestante e assim
por diante. Nossa proposta de artigo versará e demonstrará que mesmo havendo a
intervenção de culturas diferentes em territórios indígenas, que muitas vezes atuava de forma
agressiva, os indígenas permanecem presente e atuantes na sociedade mantendo a sua
identidade, mas adquirindo elementos de cultura diferente, que pode ser a religião, salientar
também que o contato com essa cultura diferente e com essas missões não se torna de
37
obrigatoriedade uma conversão imediata e mesmo havendo isso não irá ser retirado deles a
identidade de índio.
Palavras chave: Identidade , Etnicidade , cultura, missões.
8. Rafael Garcia Correia (UEPB; graduando) – Pôster: OS LADOS DA CRISTIANIZAÇÃO
INDÍGENA: COLONIZADO E COLONIZADOR. Orientador(a): Aline Praxedes Araujo
O presente artigo tem com desígnio principal falar do processo de cristianização dos
povos indígenas na América do Sul nos séculos XV e XXI. Tendo como alicerce de estudo a
problematização da catequização dos colonizadores e principalmente da resistência dos povos
indígenas, trataremos desse fato categoricamente nas visões: do colonizador e do colonizado.
O colonizador como instrumento da casualidade de ser o responsável pela descoberta de tal
terra sem cultura e civilidade e o colonizado que sem nenhum entendimento dessa
descoberta, resiste até o fim; fim das forças e fim de sua própria vida.
Palavras chaves: catequização, problematização e civilidade.
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GT 5 – EXPERIÊNCIAS DO ENSINO E PESQUISAS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR INDÍGENA NA
AMÉRICA ENTRE OS SÉCULOS XX E XXI
Apresentações dia 29/06/2018, das 14:00 às 17:00
Sala 101, Prédio do Centro de Humanidades
Prof. Dr. José Gabriel Silveira Corrêa (UFCG)
Profa. Dr. Mércia Rejane Batista (PPGCS-UFCG)
Comunicações Orais
1. Marília Fernanda Pereira Leite (Universidade Federal do Oeste do Pará; Mestre) + André
Freire Azevedo (Universidade Federal do Oeste do Pará) – Comunicação oral: A
FORMAÇÃO BÁSICA INDÍGENA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ
O Processo Seletivo Especial Indígena – PSEI nasceu junto com a criação da
Universidade Federal do Oeste do Pará – Ufopa em 2010. O PSEI é uma estratégia de
promoção dos povos indígenas que vivem próximos às áreas de atuação da Ufopa. A conquista
de uma política de ação afirmativa voltada para os povos indígenas dentro da instituição se
deu através das lutas do movimento indígena do Oeste do Pará. O PSEI garantiu a entrada de
indígenas em todos os cursos que a Ufopa oferece, no entanto, devido às diferenças culturais
e as lacunas que o ensino médio ofertado nas aldeias e nas comunidades possui, o movimento
indígena reivindicou uma Formação Básica Indígena – FBI. Trata-se de uma formação inicial
voltada para os discentes indígenas que conseguem o acesso na Ufopa via PSEI. Nesta
formação, são desenvolvidas atividades de ensino, pesquisa e extensão específica para os
indígenas por dois semestres letivos. O projeto da FBI da Ufopa foi aprovado pela resolução
Nº 194 de 24 de abril de 2017 Consepe/Ufopa. O objetivo geral do projeto é qualificar os
estudantes indígenas recém-ingressos no universo acadêmico, oferecer subsídios para que
esses discentes desenvolvam autonomia universitária e proporcionar condições para que tais
discentes tenham condições de cursar com excelência os componentes curriculares de seus
cursos. Neste trabalho, apresentaremos a experiência de ensino e pesquisa desenvolvida no
39
semestre letivo 2017.2 no âmbito da disciplina da FBI denominada Direitos humanos e direitos
indígenas, ministrada por nós. Dentre os objetivos da disciplina, destacamos os seguintes
principais: Conhecer os direitos fundamentais dos povos indígenas reconhecidos na
Constituição da República Federativa do Brasil; Compreender o processo político de
apagamento das línguas minoritárias brasileiras e como o mito do monolinguismo nacional é
prejudicial às políticas de valorização das línguas indígenas; Mobilizar ações que contribuam
para o planejamento de políticas linguísticas e de protocolos de consulta prévia nas
comunidades dos discentes indígenas da formação básica. Após aulas teóricas sobre direitos
linguísticos e territoriais, os discentes aplicaram um questionário nas suas aldeias e
comunidades com o intuito de mapear a atual situação territorial e linguística. Os
questionários foram sistematizados em forma de relatório científico e socializados na I
Exposição de direitos linguísticos e territoriais da Ufopa, realizada no dia 05 de fevereiro de
2018.
2. Janaína Aline dos Santos e Souza (Universidade de São Paulo; Mestre) – Comunicação oral:
A PRÁTICA DOCENTE GUARANI MBYA – LIDERANÇA, ENGAJAMENTO E LUTA
Oàp ese teàt a alhoàap ese taàasà o side aç esàfi aisàdaàdisse taç oàdeà est adoà áà
prática docente Guarani Mbya – lide a ça,à e gaja e toà eà luta ,à ueà t ataà so eà o oà asà
professoras e professores indígenas guarani mbya entendem sua prática docente. Parte do
pressuposto de que a educação escolar indígena começa a ser ressignificada a partir de 1990,
quando o Estado reconhece e dá maior respaldo às demandas dos movimentos e organizações
indígenas. Assim, reestrutura-se uma instituição tipicamente não-indígena, norteada até
então por princípios de catequização, civilização, integração e preservação. Ao se reconstruir
junto aos projetos de futuro de cada etnia, a escola indígena se constitui como inovação
educacional. A pesquisa de campo verificou qual a visão que docentes indígenas têm de suas
práticas, considerando a hipótese de que estas se centram no modo de transmissão dos
saberes tradicionais de sua cultura ou na mera reprodução do modelo de ensino escolar
predominante, originalmente não-indígena, ainda que se trate oficialmente de uma escola
diferenciada. O foco das observações centrou-se na Escola Estadual Indígena Guarani Gwyra
40
Pepo, situada na aldeia Tenonde Porã, em Parelheiros, capital de São Paulo. Foram feitas
entrevistas com as professoras e professores guarani. As informações recolhidas foram
analisadas com bases teóricas das pesquisas antropológicas sobre a etnia Guarani e
sociológicas sobre inovação educacional, bem como pelo recurso às produções da etnologia
ameríndia sobre educação escolar indígena. Conclui-se que a prática docente das professoras
e professores guarani é entendida como forma de luta, favorecida pelos espaços de discussão
sobre educação escolar indígena e pela própria atuação como liderança. É vista tanto como
valorização do nhandereko quanto como subsídio para compreender e enfrentar a sociedade
não-indígena dominante, sendo modelo de engajamento e luta para reconceituação da
educação pública de modo geral. Enquadra-se no eixo temático sobre educação escolar
indígena.
3. Flávia Marinho Lisbôa (Universidade Federal do Pará; Doutorando) – Comunicação oral:
AÇÕES AFIRMATIVAS PARA ALUNOS INDÍGENAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E
SUDESTE DO PARÁ-UNIFESSPA
A intensificação das disputas por território na região Amazônia, a partir dos anos 60,
colocam os indígenas em constante posição de defesa e de luta por direitos. Entre as diversas
demandas sociais originadas desse contato está a formação acadêmica, como forma de
garantir maior autonomia diante das novas e conflituosas dinâmicas vivenciadas pelos povos
indígenas nessa região considerada fronteira para os povos originários no Brasil, a
Amazônia. Responsável por atender a demanda por Ensino Superior da mesorregião sudeste
do Pará, a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) está inserida em um
contexto de 50 aldeamentos de nove etnias diferentes, totalizando cerca de 4.400 indígenas
que vivem em intensa relação de conflito com a sociedade nacional, resistindo desde a
colonização contra os processos de expansão do capital na Amazônia. A demanda dos
indígenas para acessar a universidade só passou a ser atendida via políticas afirmativas a partir
de 2009, quando a universidade instituiu a reserva de duas vagas por curso de graduação.
Depois disso, o governo federal também regulariza a adoção de cotas em função da criação
daàLeiàFede alà ºà
.
,àdeà
àdeàagostoàdeà
.àDia teàdessaàp ese çaà
aisà is el à aà
41
Unifesspa de estudantes indígenas, a instituição passa então a ser pressionada por melhorias
no atendimento diferenciado desses alunos, solicitando a criação de um núcleo que pudesse
receber as demandas desse público e, assim, melhorar as possibilidades de permanência de
alunos indígenas na referida instituição. Desde 2016 esse núcleo vinha sendo discutido e sua
o st uç oà foià e t oà o
áfi
etizadaà e à a ilà desteà a oà so à oà o eà Nú leoà deà áç esà
ati as,àDi e sidadeàeàE uidade à NUáDE .àCo side a doàoàNuadeà o oàp i ipalàaç oà
tomada pela Unifesspa para com esses sujeitos, este trabalho objetiva refletir sobre tal ação
em relação com outras medidas tomadas ao longo dos cinco anos de existência da Unifesspa,
situando o Nuade como uma experiência concreta de colaboração intercultural entre a
instituição e os movimentos ligados aos povos indígenas na busca por prestação de serviço e
resolução de problemas pedagógicos, administrativos e culturais em decorrência da
permanência desses sujeitos na universidade. Diante disso, refletimos sobre a importância do
núcleo na busca por soluções de problemas cotidianos, além de viabilizar ações de reflexão e
visibilização desse público na universidade, com vistas ao enfrentamento do racismo e
preconceitos sobre os povos tradicionais que compõem a sociedade regional onde a Unifesspa
está inserida.
4. Ana Paula de Souza Fernandes (Universidade Federal de Goiás; Mestranda) –
Comunicação
oral:
DO
CHÃO
DA
ALDEIA
AO
SOLO
DA
UNIVERSIDADE:
INTERCULTURALIDADE E ENSINO SUPERIOR NO SUDESTE PARAENSE
5. Mirthis Elizabeth Costa do Nascimento (Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
mestranda) – Comunicação oral: ENSINO SUPERIOR PARA POVOS INDÍGENAS NO BRASIL:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS
O fluxo de interesse pela educação superior por parte dos indígenas foi geral em toda
América Latina a partir da segunda metade do século XX, intensificando-se no decorrer do
século XXI. No Brasil, dentro da nova configuração posta pela Constituição de 1988, os
i d ge asà passa à aà seà i te essa à
o à
aisà fe o à po à
o os à
o he i e tos,à
compreendendo que a partir destes é possível a procura mais efetiva por melhorias em suas
42
condições de vida. As discussões sobre a importância do trânsito intercultural dentro da
universidade, bem como o respeito à construção de uma intercientificidade própria dos
indígenas está em evidência, criando assim novas epistemologias e possibilidades de
exploração das polissemias que abarcam o conhecimento. As licenciaturas interculturais
aumentam, se consolidam e se especializam com o passar dos anos. Os indígenas passaram
por um processo de reelaboração de suas visões como grupo e como indivíduos, e o aumento
dos cursos específicos está diretamente ligado a procura por caminhos que levam a
autodeterminação, interesse tão presente nos discursos indígenas nas assembleias e espaços
de manifestação e debate, sendo essa hoje uma ferramenta primordial na conquista de seus
direitos. Nasce a possibilidade de contar suas histórias e expressar seus principais anseios sem
que aja a necessidade de mediação, e o risco da criação de uma perspectiva unilateral dos
fatos. O objetivo deste artigo é refletir a partir de um estudo bibliográfico sobre a temática
indígena, a respeito de alguns dos desafios que envolvem a inserção dos povos indígenas na
educação superior e investigar sobre os principais pontos que cercam os debates sobre o
assunto. Este trabalho trata-se da extensão de um dos capítulos executados durante o
desenvolver de minha pesquisa monog fi a,ài titulada:à I tele tualidadeài d ge aà oàB asil:à
oà apaàdaà uest o .àOsà esultadosàs oàe àg a deà edidaà efle i os,à uest esàe àa e toà ueà
podem ser amplamente desenvolvidas e esmiuçadas em outras pesquisas. Isso se dá em razão
do tema ser atual estando em constante mutação. Busquei demonstrar que os povos
indígenas atualmente anseiam desenvolver uma educação que respeite suas raízes
tradicionais e que ao mesmo tempo os inclua nos processos sociais que dizem respeito não só
a eles, mas a toda sociedade. Eles ingressam na universidade a fim de interferir nos processos
de gestão de suas comunidades e não deixar que ante os desafios do mundo contemporâneo
suaà ultu aàsejaà pe dida .
6. Jamerson Bezerra Lucena (UFPB; mestre) – Comunicação oral: AQUI, NADA É FÁCIL:
FORMAÇÃO DE REDE DE SOLIDARIEDADE ÉTNICA POR INDÍGENAS POTIGUARA NA
UNIVERSIDADE CONTRA PRECONCEITOS RACIAIS
43
Ao iniciar meus estudos em Licenciatura em Ciências Sociais na Universidade Federal
da Paraíba (UFPB) no período noturno deparo-me com alguns jovens Potiguara, circulando
pelos corredores desse espaço acadêmico, inclusive o líder indígena Capitão que mantive
contato durante o tempo que estagiei na Fundação Nacional do Índio (FUNAI) nos anos de
2010 e 2011. No caso dos jovens indígenas o ingresso através das políticas públicas (Lei de
Cotas) e Ações Afirmativas, tais como Programa Bolsa Permanência trouxeram uma estrutura
de oportunidades bastante proveitosa para que possam se manter num curso superior até sua
conclusão e, dessa forma, melhorar suas condições de vida. A partir desse ingresso, inicia-se
para os Potiguara um processo de transição e socialização, ou seja, um contato interétnico
mais intenso na Universidade. Por intermédio de Capitão fui aos poucos aproximando-me
mais dos jovens universitários Potiguara e, assim, pude manter uma maior interação e fazer
novas amizades. O objetivo desse trabalho é compreender as redes de relações sociais
construídas por 4 (quatro) universitários indígenas no campus I da UFPB na cidade de João
Pessoa, Paraíba. O acionamento dessas políticas públicas e, consequentemente, o ingresso
desses jovens Potiguara na UFPB acaba gerando um campo de luta por reconhecimento e
autorrespeito, atingindo sua identidade étnica. Dentro desse contexto, os Potiguara acabam
criando redes de solidariedade étnica, como forma de proteção e campo de ajuda mútua na
capital. A rede de solidariedade funciona como campo de proteção no intuito de se defender
contra preconceitos raciais existentes na Universidade, além de poder reforçar seu
se ti e toà deà pe te i e toà t i o,à fo tale e doà ta
à asà
elaç esà afeti as .à áà
metodologia seguiu uma abordagem de estudo de caso detalhado, observação participante,
com o objetivo de descrever dados etnográficos sobre esses jovens indígenas que vivem
nesses espaços interseccionais - Universidade e Aldeia.
7. Rosemary Marinho da Silva (UFPB; doutoranda) – Comunicação oral: PRODUÇÕES
áCáDÊMICá“à EMà EDUCáÇÃOà NOà TE‘‘ITÓ‘IOà POTÎGŨá‘áà – É POSSÍVEL PRODUZIR
PESQUISA ENTRE DISCURSOS E IDENTIDADES RACIALIZADAS?
Este texto analisa a relação entre Educação Escolar Indígena e Ensino Superior a partir
da leitura de 5 monografias de especialização e 04 Trabalhos de Conclusão de Curso da área
de Educação, produzidas no período 2010-2015, após dois anos da homologação da Lei
44
11.645, no Centro de Ciências Aplicadas e Educação do Campus IV da Universidade Federal da
Paraíba, localizado no litoral norte paraibano, em meio às 32 aldeias do Povo Indígena
Pot gũa a,àp ese tesà osà u i piosàdeà‘ioàTi to,àMa aç oàeàBaia da Traição. O que gerou tal
análise foi a seguinte pergunta: é possível tratar de qualquer temática educativa, no processo
de produção acadêmica e formação de professoras/es, nos referidos municípios, com
presença física do povo Potiguara, dentro e fora do ambiente escolar, sem realizar referencias
educativas e escolares a esta presença? A análise foi desenvolvida com base em pesquisa
bibliográfica e documental, fundamentada na Teoria Crítica Racial, destacando o conceito de
identidade racializada. Os resultados produziram três linhas de reflexão: (1) a dificuldade de
implicação de estudantes e profissionais em educação nos produtos científicos, decorrente de
uma formação acadêmica padronizada em que permanece a identidade racializada como
mecanismo de sile ia e toà daà ultu aà Pot gũa a;à
à oà ili guis oà eà aà i te ultu alidadeà
como elementos necessários tanto à Educação Escolar Indígena quanto ao Ensino Superior e,
em especial, às Licenciaturas, objetivando a articulação de saberes; (3) e, por fim, a formação
crítica enquanto desmascaramento da relação colonial que fundamenta a identidade
racializada. A formação crítica se torna interpeladora das políticas da diferença que explicita
a ati asà o
ati asà ep oduzidasà so eà eà po à di e sasà pessoasà Pot gũa a.à Em conclusão,
argumenta-se que é fundamental perceber a reprodução de discursos racistas na formação
acadêmica, sobretudo de estudantes e profissionais implicadas/os no processo de ensinoaprendizagem em escolas indígenas e não-indígenas.
8. Douglas Pierre Justino da Silva Lopes (UFPB; doutorando) – Comunicação
oral: EDUCAÇÃO INDÍGENA E FORMAÇÃO DOCENTE NOS CURSOS DE LICENCIATURA EM
PEDAGOGIA DA UFPB: UMA PROPOSTA CONTRA-HEGEMÔNICA PARA O SÉCULO XXI
Pesquisar as políticas educacionais indígenas no Brasil é, também, trabalhar em um
universo em expansão, encarando as políticas afirmativas como natural e ocupante de um
espaço que se solidifica cada vez mais, propõe-se partir para uma investigação documental e
empírica no curso de Pedagogia da UFPB, nos campus I e IV, João Pessoa e Rio Tinto
respectivamente. O presente artigo, em seu início apresenta uma perspectiva histórica da
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construção dos currículos de educação superior, nos cursos de pedagogia, no Brasil, durante
o século XX e a partir disto, procura dialogar com as intenções hegemônicas e o grande silêncio
da educação indígena no currículo tradicional. A investigação tem como fundamento teóricometodológico aspectos, questões e preocupações postas e incorporadas no pensamento, mais
especificamente, pela teoria pós-colonial em Boaventura de Sousa Santos e o diálogo com as
políticas educacionais na educação. Nessa perspectiva, a intenção não é de definir a
identidade de um objeto, mas, sim, analisar e se possível fazer parte daquilo que não pode ser
mensurável. Busca-se discutir a construção de uma educação superior contra-hegemônica,
que parte dos paradigmas indígenas e não para os indígenas. O recorte investigativo encontra
em Santos seu objetivo, uma proposta de mudança do pensar, na busca por uma relação não
binária entre natureza e sociedade, uma nova maneira de se relacionar sujeito/objeto. Isso se
dá, entendendo que as questões étnico-raciais precisam ser apresentadas dentro de novos
paradigmas, uma real fuga da modernidade contemporânea, não com intuito de superação
temporal, mas, sim, conceitual, trabalhar com o pensamento hegemônico, entender sua
influência mas não como fim e, sim, como o início, em que seja possível um currículo de
formação superior entendendo o papel crucial dos movimentos contra-hegemônicos, aqui
relacionados aos povos indígenas. Busca-se não resultados matemáticos, formulas, mas sim,
experimentar, escutar, trocar conhecimentos e conceitos, um processo de tradução que
identifique ausências e emergências pontuais e contextualizadas.
9. Adriana Oliveira de Sales (Universidade Federal da Grande Dourados; mestre) –
Comunicação oral: ACESSO E PERMANÊNCIA DE INDÍGENAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL
DA GRANDE DOURADOS, MS
Nos últimos anos houve uma busca pela escolarização por parte dos povos indígenas.
Diante desse cenário, a Universidade Federal da Grande Dourados tem implementado ações
afirmativas no intuito de responder essas demandas de acesso e permanência de indígenas
no ensino superior. Por solicitação do movimento indígena Guarani Kaiowá, criou-se em 2008
a Licenciatura Intercultural Indígena Teko Arandu, curso de formação de professores
específico para essas etnias. Também em 2016, criou o Núcleo de Assuntos Indígenas, que
46
tem desempenhado ações em nível das escolas estaduais, cursos preparatórios, e vestibular
específico que também responde a demanda das etnias de Mato Grosso do Sul no que se
refere aos diversos cursos de graduação dessa instituição. Dessa forma, essa comunicação fará
um levantamento das ações de acesso e permanência de indígenas na UFGD, MS e discutirá
questões que se colocam em cheque no que se refere as entradas de indígenas nas
universidades, a permanências nos cursos e no como se faz o acolhimento na referida
instituição.
Pôster 15:00 às 16:00 (Exposição Roll das Placas dia 28/06/2018)
10.
Gerciane Conceição Pinheiro Betcel (Universidade Federal do Oeste do Pará;
Graduanda) – Pôster: ACOMPANHAMENTO DA CONSTRUÇÃO E APLICAÇÃO DE PROJETOS
DE AÇÃO AFIRMATIVA EM TERRAS INDÍGENAS. Orientador(a):Marília Fernanda Pereira
Leite
Os discentes indígenas matriculados na Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA
antes de entrarem em seus respectivos cursos, passam por uma formação denominada de
Formação Básica Indígena-FBI. Neste trabalho apresento o plano de trabalho aprovado no
edital PROCCE n°007/2017 bolsa PIBEX-AF desenvolvido no período de 01 de Outubro de2017
a 31 de Março de 2018. O plano de trabalho está atrelado ao projeto Cipó: Integrando ensino,
pesquisa e extensão, coordenado pela professora Marília Fernanda Pereira Leite, o projeto
visa acompanhar a construção e aplicação de projetos de Ação Afirmativa em
comunidades/aldeias indígenas, através desses discentes e sob a orientação das proponentes
do Projeto Cipó e com o apoio de professores da UFOPA lotados nos institutos dos quais os
discentes pertencem. Os projetos de Ação afirmativa nas comunidades são uma resposta do
comprometimento da Universidade (UFOPA) com o retorno à comunidade dos conhecimentos
em desenvolvimento dos indígenas recém-ingressos pelo Processo Seletivo Especial IndígenaPSEI. Nesse sentido, várias ações foram necessárias para que as etapas de elaboração e
desenvolvimento dos projetos de ação obtivessem êxito. Enquanto bolsista do projeto,
contribuí nas discussões das ações, acompanhei e registrei os eventos realizados no âmbito
deste plano de trabalho, elaborei e monitorei propostas juntamente à professora orientadora.
47
Ao longo da execução deste plano de trabalho vinculado ao Projeto Cipó, adquirimos
resultados satisfatórios como a promoção e realização de atividades de Ações Afirmativa nas
comunidades/aldeias; a construção de parcerias entre universidade e as comunidades dos
discentes indígenas e, principalmente, o desenvolvimento à autonomia acadêmica e
intelectual dos discentes indígenas no âmbito da pesquisa e a produção de conhecimentos
frutos das relações interculturais entre os povos indígenas da Amazônia e a Universidade,
tornando este trabalho significativo para a formação de qualidade dos discentes indígenas.
11.
Vandicley Pereira Bezerra (Universidade Federal de São Carlos; graduando) – Pôster:
SAÚDE, DIVERSIDADE E CULTURA: A EXPERIÊNCIA DAS RODAS SOBRE SAÚDE DOS POVOS
INDÍGENAS. Orientador(a): Willian Fernandes Luna
Identificando uma lacuna importante na formação de profissionais de saúde para
trabalho com populações indígenas e reconhecendo como essencial o despertar da
sensibilidade para reconhecer a diversidade e lidar com situações de diálogo intercultural,
surge em 2016 o projeto de extensão "Rodas de Conversa sobre Saúde dos Povos Indígenas",
desenvolvido por professores e estudantes indígenas da UFSCar. Neste relato de experiências,
nos propomos a discutir como foram realizadas as atividades deste projeto de extensão em
2017, bem como reconhecer seus limites e suas potencialidades, o que pode indicar caminhos
para a realização de experiências em outras instituições. Desenvolvimento: As Rodas
aconteceram mensalmente, com participação de um total de 87 pessoas (profissionais,
graduandos, indígenas e não indígenas) que tinham interesse em aprender sobre a saúde
destes povos, sendo oportunizada a ampliação destes conhecimentos e sensibilização para a
diversidade cultural. Baseado nos Círculos de Cultura de Paulo Freire e outras metodologias
ativas de ensino-aprendizagem, os encontros foram realizados na própria Instituição, com
duração de quatro horas cada, sempre com foco em uma temática específica, como a relação
entre saúde e cultura, direitos dos povos indígenas, identidade e processos históricos,
cosmologia e acesso às universidades. Resultados e Conclusões: Na avaliação realizada pelos
participantes no último encontro, percebemos que estas discussões colaboram no
reconhecimento enquanto indígena, favorecem a compreensão histórica e política sobre os
processos de exclusão e opressão sofridos por estes povos, bem como reflexões sobre o
48
indígena na contemporaneidade e seu papel na sociedade, seja nas aldeias, seja nas cidades
e na universidade. O formato de discussão em Rodas de Conversa sobre as temáticas da saúde
indígena possibilitou a construção de novos saberes interdisciplinares através da imersão dos
participantes no contexto complexo da saúde nestes territórios, colaborando em suas
qualificações e podendo despertar o interesse dos profissionais de saúde para as questões das
especificidades étnico-culturais. Além disso, a estratégia das Rodas possibilita visibilidade à
presença dos indígenas na Universidade e precipita a discussão sobre a inserção da temática
da saúde indígena nas matrizes curriculares dos diferentes cursos de graduação na área da
saúde.
RESUMOS – POTIGUARA – OPIP- PB
12.
Pedro Lôbo dos Santos - Potiguara ALÉM DO ARCO E FLECHA: A CONSTRUÇÃO ÉTNICO-
IDENTITÁRIA A PARTIR DA EDUCAÇÃO BILÍNGUE INDÍGENA POTIGUARA-PB
13.
Juracy Dayse Delfino Soares -Potiguara. FÁBULA POTIGUARA
14.
Miriam Gomes, Juciene Ricarte Apolinário - Potiguara. A IGREJA DE SÃO MIGUEL:
HISTÓRIA E PATRIMÔNIO POTIGUARA
15.
Joseilson Lima de Moura - Potiguara. RELAÇÕES DOS POTIGUARA COM A PESCA DO
MANGUEZAL DA ALDEIA TRAMATAIA: REVISITANDO MEMÓRIAS DE IMPACTOS AMBIENTAIS
16.
Idalina Aparecida Duarte de Lima - Potiguara. PROJETO DE INTERVENÇÃO 2018 –
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: LENDAS POTIGUARA INDÍGENAS
17.
Maria Sônia Barbalho de Macêdo - Potiguara. A MEMÓRIA E IDENTIDADE VIVA DO
POVO POTIGUARA
18.
Kyara Lígia Rocha Oliveira da Silva – Potiguara. ENSINO DE LEITURA E FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA Á LUZ DE DOCUMENTOS OFICIAIS QUE
REGULAMENTAM A EDUCAÇÃO INDÍGENA
19.
Maria Goreth Rocha de Oliveira. LEITURA, ESCRITA E ENSINO: O QUE DIZEM OS
PARÂMETROS CURRICULARES E O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA AS ESCOLAS
INDÍGENAS?
49
GT 6 –DIREITOS INDÍGENAS E DIREITOS HUMANOS NA AMÉRICA ENTRE O SÉCULO XX AOS
DIAS ATUAIS
Apresentações dia 28 e 29/06/2018, das 14:00 às 17:00
Auditório térreo do CH, Prédio do Centro de Humanidades
Prof. Dr. Fernando Antonio de Carvalho Dantas – UFG
Profa. Dra. Hermilia Feitosa Junqueira Ayres
Comunicações Orais
1. Amanda Aliende da Matta (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Mestranda) –
Comunicação oral: ESCOLA ESTADUAL INDÍGENA GWYRA PEPO: CONFLITOS E
RESISTÊNCIAS
O presente trabalho trata da educação escolar indígena, especificamente da Escola
Estadual Indígena Gwyra Pepo, na aldeia Tenondé Porã, em Parelheiros, São Paulo - SP. A
hipótese é de que há uma relação entre a introdução da instituição escolar na escola e a
constituição de uma forma escolar de relações sociais. Os objetivos são apresentar a história
de implementação da Escola Estadual Indígena Gwyrá Pepó, em um contexto de conflitos e
entender efeitos da introdução de uma cultura escolar não indígena em uma comunidade
Guarani urbana. O modelo organizacional do Estado brasileiro, apesar de estabelecer a
possibilidade de instituições diferenciadas indígenas, oficializa uma matriz única de poder e
conhecimento como padrão. É adotado um modelo de sociedade moderna, industrial e
civilizatória, não baseado no Bem Viver. Desta forma, as instituições diferenciadas muitas
vezes carregam em si um estrutura incompatível com o nhandereko Guarani. A instituição de
uma educação escolar em uma aldeia indígena introduz não apenas conhecimentos escolares
mas tempos, espaços e um modelo de relações sociais que diferem da cultura Guarani,
concretizando uma forma escolar de relações. Inicialmente, a análise sobre a implementação
das escolas indígenas, que foram incentivadas pelo movimento constitucionalista do final da
década de 80 do século passado, tinha como pressuposto principal, conforme Maria Inês e
Maria Elisa Ladeira, o empoderamento das comunidades para que pudessem defender seus
direitos e possibilitar sua vida em diálogo com a sociedade não indígena. Assim, os principais
50
conhecimentos a serem aprendidos na escola indígena eram português e Direito. Passados 20
anos de experiência escolar com Escola Gwyra Pepo, a aldeia indígena Guarani Tenondé Porã
hoje se mobiliza para repensar os impactos e objetivos da instituição escola em seu contexto.
Percebeu-se que a mobilização da comunidade ao redor da escola pode ter sido um dos
motivos para o esvaziamento das instituições indígenas, e para o distanciamento das crianças
do conhecimento tradicional Guarani. A criação de instituições diferenciadas por si só não é
garantia de interculturalidade na sociedade. O Bem Viver é essencial para o verdadeiro
respeito às outras culturas.
2. Simone Maria Alves de Lima (Universidade Federal do Tocantins; mestre) – Comunicação
oral: EDUCAÇÃO INDÍGENA E EDUCAÇÃO ESPECIAL DO POVO XERENTE: INTERFACE
Os objetivos que norteiam o estudo em questão voltam-se a identificar a aplicabilidade
da interface educação especial e educação indígena. A base teórica tem fundamentos na
legislação brasileira que versa sobre a educação especial na perspectiva da educação inclusiva,
educação indígena e em autores que discutem a temática, além de dados extraídos do censo
demográfico e censo escolar e observação. Esses, possibilitaram situar o quantitativo de
alunos indígenas com necessidades educacionais especiais matriculados em escola indígena e
não indígenas. Realidade que possibilitou discutir acerca da política, das práticas, ações,
barreiras e dos desafios que envolve a proposta no contexto educação indígena, do povo
Xerente, especificamente da Aldeia Porteira localizada em Tocantinia, Tocantins. Sujeitos da
pesquisa. Trata-se de resultados parciais de uma investigação em andamento, a qual optamos
pela investigação qualitativa cujos procedimentos metodológicos envolvem pesquisa
documental, revisão bibliográfica e observação. A apreensão de dados possibilitou análises e
confronto de ideias acerca da realidade investigada e revelam no âmbito da política a
constatação de matricula de alunos indígenas e miscigenados com necessidades educacionais
especiais em escola indígena na referida aldeia e em escolas comuns na cidade de Tocantinia,
haver sala de recursos multifuncionais, porém insuficientes para atender a demanda e suprir
as barreiras que se apresentam ante ao espaço geográfico e as práticas pedagógicas.
Evidenciam que a interface educação especial e educação indígena ainda não se condiz no
51
contexto da aldeia e se apresenta como duplo desafio no contexto da educação não indígena.
E abaliza redirecionamentos da política e da prática docente em ambos os contextos.
Pôster 15:00 às 16:00 (Exposição Roll das Placas dia 28/06/2018)
3. Niely Patrícia da Silva dos Santos (Universidade Federal do Oeste do Pará; Graduanda) –
Pôster: A SITUAÇÃO TERRITORIAL, SOCIAL, LINGUÍSTICA E CULTURAL DA ALDEIA ENSEADA
DO AMORIM DO POVO TUPINAMBÁ. Orientador(a): Marília Fernanda Pereira Leite
O presente trabalho foi desenvolvido na Aldeia Enseada do Amorim, na Reserva
Extrativista Tapajós Arapiuns-RESEX, Rio Tapajós, município de Santarém- PA, no âmbito da
disciplina Direitos humanos e Direitos indígenas da Formação Básica Indígena – FBI da
Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA. O trabalho foi orientado pelos professores
Mestres André Freire Azevedo e Marília Fernanda Pereira Leite e é resultado de um
questionário aplicado na aldeia e na Escola da Aldeia sobre a situação territorial, política,
social, linguística e cultural da nossa aldeia. A disciplina Direitos humanos e Direitos indígenas
foi ofertada através da Formação Básica Indígena no semestre 2017.2 e foi importante para
nos ajudar a construir conhecimentos sobre nossos direitos que são constituídos por leis e que
muitos indígenas não têm essas informações. Através das aulas teóricas tivemos a
oportunidade de ter acesso às informações que foram importantes para o desenvolvimento
do questionário e aplicação nas aldeias, que posteriormente resultou num relatório científico.
No período de 15 a 22 de dezembro de 2017, foi aplicado o questionário na Aldeia.
Retornando a Santarém desenvolvi o relatório a partir das discussões que tivemos com
lideranças e funcionários. Portanto, o relatório foi entregue aos professores para obtenção de
notas no semestre e coleta de dados para a identificação dos problemas que as aldeias
enfrentam. Para o desenvolvimento do trabalho realizamos rodas de conversas com as
lideranças da aldeia e funcionários da escola para obtermos as informações desejadas e que
o questionário solicitava. As informações sobre Direitos territoriais, Demarcação territorial,
Ameaças, Protocolo de Consulta, Constituição Federal e Convenção 169 da OIT, foram obtidas
através das lideranças: Cacique, Tuxaua e Pajé. Sobre direitos linguísticos e educacionais, o
PPPI- Projeto Político Pedagógico Indígena, obtivemos o apoio da Diretora, professores de
52
Linguagem e o Pedagogo da Escola para responder o questionário. O questionário aplicado na
Escola e na Aldeia, contribuiu abundantemente com os aldeados pelo fato de levar os
conhecimentos e informações a respeito da sua realidade. O resultado do trabalho
desenvolvido foi muito satisfatório, obtivemos diversas informações e as respostas
necessárias. Os conhecimentos adquiridos no decorrer do trabalho contribuíram
grandemente na minha formação enquanto acadêmica Indígena.
4.
Jucéli Tapajós Sousa (Universidade Federal do Oeste do Pará; Graduando) – Pôster: A
REALIDADE ATUAL DA COMUNIDADE MULTIÉTINICA DE AJAMURI LAGO GRANDE NO ÂMBITO
DOS DIREITOS LÍNGUÍSTICOS E DIREITOS TERRITORIAIS. Orientador(a): Marília Fernanda
Pereira Leite
O presente Trabalho é resultado de um questionário aplicado na comunidade
multiétnica de Ajamuri Lago Grande, localizada na cidade de Santarém-PA sobre Direitos
Linguísticos e Direitos Territoriais, no âmbito da Disciplina Direitos Humanos e Direitos
Indígenas, ofertada pela Formação Básica Indígena – FBI, da Universidade Federal do Oeste
do Pará – UFOPA. O trabalho foi orientado pelos Professores Mestres André Freire Azevedo
(ICS/FBI) e Marília Fernanda Pereira Leite (ICED/FBI), professores do projeto da Formação
básica indígena. O ingresso de indígenas na Ufopa também se dá via Processo Seletivo Especial
Indígena – PSEI e a referida disciplina faz parte do projeto que é um instrumento de
preparação e formação do discente indígena na universidade previsto na política de ações
afirmativas. Com o objetivo de refletir sobre nossa atual realidade na comunidade, aplicamos
um questionário em que obtivemos informações atualizadas quanto aos Direitos Linguísticos
e Direitos Territoriais na nossa comunidade, as informações foram geradas através de
conversas com as lideranças e professores da comunidade. As informações sobre os Direitos
Linguísticos foram obtidas com a diretora da Escola Municipal Vitória do Brasil, e as
informações sobre os Direitos Territoriais foram obtidas com as lideranças indígenas do Povo
Tapuia e moradores da comunidade. Deste modo, objetivamos apresentar os resultados
obtidos, para que seja expandida a realidade vivenciada numa comunidade multiétnica no
âmbito dos Direitos Linguísticos e Territoriais, os quais possuem grande relevância nos
contextos internacionais, nacionais e regionais.
53
5. Álvaro Felipe Alves (Universidade Estadual da Paraíba; graduando) – Pôster: A
CONSTITUIÇÃO FEDERAL COMO GARANTIA DOS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS
Orientador(a): Hugo César Araújo de Gusmão
Este estudo tem como objetivo versar sobre a importância da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 como garantia dos direitos dos povos indígenas.
Prestes a completar 30 anos, a Carta Magna foi, sem dúvida, fundamental para a efetivação
dos direitos dos povos originários, ficando nítida a evolução proporcionada por esta no que
diz respeito aos direitos desses povos em comparação aos antigos regimentos. Analisando e
objetivando a defesa desses direitos, através da interpretação de artigos constitucionais e
traçando um paralelo entre os preceitos da constituição cidadã e as antigas normas,
referentes ao assunto. Expondo a eminente evolução na garantia dos direitos dos povos
originários.
54
GT 7 - Histórias Indígenas e Perspectivismos Ameríndios
Apresentações dia 29/06/2018, das 14:00 às 17:00
Sala 204, Prédio do Centro de Humanidades
Prof. Dr. Carlos Paz (FCH-UNCPBA/ Argentina)
Prof. Dr. Giovani José da Silva (Unifap/ Brasil)
Comunicações Orais
1. Giovani José da Silva (Universidade Federal do Amapá; Pós-doutor) – Comunicação oral:
PERSPECTIVISMO KADIWÉU SOBRE O PASSADO QUE NÃO PASSA: A GUERRA (SEM FIM) DO
PARAGUAI EM MEMÓRIAS E NARRATIVAS INDÍGENAS
O objetivo da comunicação é apresentar os resultados parciais de uma pesquisa em
andamento sobre memórias e narrativas de indígenas Kadiwéu a respeito do conflito bélico
conhecido por Guerra do Paraguai (1864-1870). Contudo, pretende-se apresentar
perspectivas diferentes daquelas trazidas por historiadores não indígenas que investigam o
conflito, a partir de breve apresentação e análise de narrativas recolhidas por antropólogos
(décadas de 40, 80 e 90 do século XX) e pelo autor da comunicação (início do século XXI) entre
indígenas Kadiwéu, moradores da Reserva Indígena Kadiwéu, município de Porto Murtinho,
Pantanal de Mato Grosso do Sul, Brasil. Tais narrativas são referentes, sobretudo, às memórias
de anciãos e anciãs. Verificando-se o protagonismo indígena exercido durante a Guerra pelos
Mbayá-Guaikuru, ancestrais dos Kadiwéu, se impõe a necessidade de que outros pontos de
vista sejam considerados, a fim de se obter uma visão holística e plural do evento histórico e
de seus desdobramentos para as populações dos países envolvidos (Argentina, Brasil,
Paraguai e Uruguai). Para os indígenas, a Guerra do Paraguai jamais foi encerrada,
demonstrando que a memória social Kadiwéu vem produzindo e reproduzindo o evento
histórico, inclusive por meio de um ritual chamado de Festa do Navio (Etogo, em língua
Kadiwéu), por sucessivas gerações, chegando aos dias de hoje com força e vitalidade, a
despeito de transformações vividas ao longo do tempo pelo grupo. Diferentemente, portanto,
de se buscar em documentos escritos a participação de indígenas, em geral, e,
55
particularmente, dos Kadiwéu (ou dos Mbayá-Guaikuru) na Guerra, como já fizeram alguns
pesquisadores, o desafio proposto na comunicação é realizar uma tentativa de leitura
histórico-antropológica das narrativas Kadiwéu sobre o conflito platino, verificando-se, por
meio da memória social, o protagonismo exercido por populações indígenas em um evento
marcante para a história do Brasil e, particularmente, para a região Centro-Sul brasileira. O
eixo temático em que se enquadra a proposta é o de Histórias Indígenas e Perspectivismos
Ameríndios.
2. Fabiane Medina da Cruz (UNICAMP; Doutoranda) – Comunicação oral: VOZES DA
DIGNIDADE PARA UM FEMINISMO INDÍGENA
O trabalho pretende indagar a ausência da mulher indígena na literatura do feminismo
e apontar a falta deste segmento no pensamento social de mulheres e feministas, no Brasil.
Entendemos que esta falta impacta na proposição de políticas que incluam a mulher indígena
na linha de gênero e política pública no país. O levantamento do problema considera
importante para elaborar uma resposta desde a perspectiva indígena acerca do
preenchimento desses espaços tomados como espaços vazios, ou, inexistente. O trabalho está
constituído de dois momentos fundamentais. Por um lado, vai indagar das motivações de tais
ausências, uma vez que o Brasil é um país orginariamente indígena. E dentro deste escopo,
arguir pelo hiato que o segmento intelectual feminista construiu em cima da imaginação social
das mulheres brasileiras, segregando as subjetividades indígenas do seu repertório de
cidadania. Procura, desta forma, interpelar o lugar que ocupou a mulher indígena no
imaginário social que compõem as identidades da cidadania de mulheres brasileiras, durante
o período de conquistas feministas que instituiu a mulher como sujeito de direitos de uma
sociedade nacional. Por conseguinte, a proposta intenta realizar uma reconstrução do campo
discursivo do feminismo, demonstrando que a organização política das mulheres indígenas
não é um fenômeno inexistente, nem desarticulado. A ideia central deste segundo momento
é de instituir a voz da mulher indígena dentro de um campo de legitimidade na categoria de
gênero, identidade, subjetividade e cidadania da mulher, reivindicando um espaço autêntico
de demandas para o segmento indígena dentro dessa articulação política.
56
3. Leandro Marques Durazzo (Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Doutorando) –
Comunicação oral: SINTAGMAS COSMOLÓGICOS E UM PERSPECTIVISMO AMERÍNDIO:
SOBRENATUREZA E CONHECIMENTO ENTRE OS ÍNDIOS TUXÁ DA BAHIA
Partindo do perspectivismo ameríndio em Viveiros de Castro, com sua ênfase inicial no
aspecto pronominal das relações cosmológicas, propomos um estudo focal sobre a dimensão
que chamamos sintagmática nas relações cosmológicas dos índios Tuxá do sertão baiano,
habitantes da margem do rio São Francisco. Por dimensão sintagmática, também focando em
suas estruturas pronominais no trato com seres mais-que-hu a osà o oàosà e a tados ,à
consideramos elementos enunciativos e performativos (cf. J. L. Austin) presentes no discurso
tuxá, elementos estes que estabelecem diretrizes a dois processos: por um lado, formas e
fórmulas (cf. Claude Zilberberg) de relação comunicacional com a sobrenatureza de seres nãohu a os,àfo
asà ueài lusi eào ie ta àosàdis u sosàso eà eles ;àpo àout o,àu àp o essoà
deferencial (cf. Pierr Déléage) e de entextualização (cf. Richard Bauman) que permite aos Tuxá
o conhecimento destes mesmos seres, favorecendo dinâmicas de socialização do que se
conhece, isto é, do que se toma por pressuposto ontológico da existência encantada (cf.
Mauro Almeida), e potencializando a circulação de tais conhecimentos por meio de discursos
socialmente legitimados. Através de uma perspectiva sintagmática tuxá, compreenderemos
o oà si tag asà taisà uaisà eles ,à
est esà e a tados ,à
a ios à ouà
eà atu eza ,à
apenas para citar alguns, delimitam maneiras socialmente formalizáveis, senão formulaicas,
de enunciar os discursos indígenas com relação à sobrenatureza. Ademais, tomando a
enunciação como um potente meio hermenêutico e social de relação com a realidade, e
também de criação/significação de tal realidade, tal perspectivismo sintagmático nos auxiliará
a compreender não as simetrizações possíveis entre estratos ontológicos, mas as dinâmicas
assimétricas com que a fala tuxá é instada a lidar, pragmática (cf. Mauro Almeida) e
cosmopoliticamente (cf. de la Cade a ,à oàto a teàaàseusà
est esàe a tados àeàe tidadesà
mais-que-humanas.
57
4. Bruno Rafael Machado Nascimento (Universidade Federal do Amapá; mestrando) –
Comunicação oral: JESUÍTAS E INDÍGENAS EM FRONTEIRA: AS MISSÕES JESUÍTICAS
FRANCESAS NA REGIÃO DO RIO OIAPOQUE
A comunicação objetiva analisar as relações entre indígenas e missionários jesuítas
franceses na margem esquerda do rio Oiapoque (território considerado francês) durante a
primeira metade do século XVIII. É um tema quase que desconhecido pela historiografia
brasileira, pois não há pesquisas aprofundadas em língua portuguesa. Destaca-se que a região
foi fruto de disputas entre França e Portugal por mais de dois séculos até que em 1900 por
intermediação do Barão do Rio Branco o referido rio foi estabelecido como fronteira entre
Brasil e Guiana francesa (território francês). Tal fronteira pode ser considerada fluída e
permeável, pois segundo as cartas dos religiosos que estiveram nas missões, povos indígenas
do lado considerado português fugiam da escravidão e pediam proteção às missões francesas.
Ademais, os ameríndios davam significados outros para as fronteiras forjadas pelos europeus.
Elas foram inspiradas na prática da Província jesuítica do Paraguai com o intuito de converter
as gentes da região do Oiapoque. Não obstante, por meio da leitura histórico-antropológica é
possível perceber nas entrelinhas os sinais e indícios de que os jesuítas foram de certa forma
o e tidos à pelosà i d ge as,à poisà ade t a à oà
to a à sel age s àta
o oà u do à osà pad esà ti e a à ueà se
.àDe idoàoàpou oàdese ol i e toàe o
i oàeàso ialàdaàGu a eà
não houve o apoio econômico por parte da Coroa francesa o que levou ao fracasso da breve
experiência missionária no Oiapoque, mas também as táticas de resistências dos ameríndios
foram primordiais para isso.
58
5. Maria Veirislene Lavor Sousa (Universidade de Salamanca (Espanha); doutoranda) + Daniel
Valerio Martins (Universidade de Salamanca (Espanha); doutor) – Comunicação oral: AS
ESCOLAS INDÍGENAS NO ESTADO DO CEARÁ: UMA HISTÓRIA DE RESISTÊNCIA
O presente trabalho tem como objetivo investigar sobre os percursos traçados pelos
povos originários para surgimento da educação escolar indígena no Estado do Ceará, sobre a
escola indígena e intercultural, além de pesquisar sobre políticas, programas e ações
desenvolvidas neste ambiente escolar que visem respeitar a identidade e o
autoreconhecimento desta população. O Estado do Ceará atualmente conta com 41 escolas
indígenas da rede estadual e municipal, distribuídas em várias cidades em territórios
indígenas, para as 14 etnias cearenses reconhecidas. Ao pensar sobre o movimento indígena,
o surgimento da educação escolar indígena no Ceará e suas escolas, apareceram algumas
inquietações e questões: quais foram os caminhos traçados nesta luta de resistência para que
viesse a existir uma escola pensada pelos povos originários e para estes, garantindo seus
direitos e uma escola diferenciada e intercultural, visando preservar sua identidade e ao
mesmo tempo dando acesso a ciência e tecnologia, dentro dos padrões das escolas
asseguradas pelo Ministério da Educação e suas secretarias? Como são desenvolvidas as
ações, programas e políticas para estas escolas e seus atores? Como referencial teórico,
elencamos como principais pensadores sobre a questão indígena: Martins (2016), Aires
(2009), Nascimento (2006), e outros, além de fontes oriundas do site da Secretaria de
Educação e sua célula responsável. A metodologia adotada foi a pesquisa etnográfica, além
de pesquisa bibliográfica, através de livros, artigos, documentos e sites. Realizou-se entrevista
com a liderança indígena (cacique) da aldeia Tremembé e com a coordenadora na Secretaria
de Educação do Estado do Ceará (SEDUC-CE). Os resultados revelam uma história traçada por
luta, resistência, com perdas, negociações, mas também vitórias sobre os aspectos ligados à
valorização da identidade indígena e autoreconhecimento. As considerações deixam reflexões
a respeito da emergência da continuidade sobre a luta do movimento social indígena e da
educação escolar indígena, sobre o qual deverá ser proporcionado mais visibilidade e
investimentos. Este trabalho se enquadra no
59
6. Adriana Monyke Nascimento de Alencar (UFCG; mestranda) – Comunicação oral:
DIÁLOGOS COSMOLÓGICOS: UMA NARRATIVA DA CRIAÇÃO BÍBLICA DO GÊNESIS ENTRE
OS CRISTÃOS E A NARRATIVA DO MITO DA CRIAÇÃO PELOS ÍNDIOS BRASILEIROS
APAPOCÚVA-GUARANI
Esta comunicação trata da história da criação do mundo como uma crença presente
em várias culturas e entre os povos étnicos mais distintos da terra. Refletindo na premissa de
que cada povo conforme a sua crença e a sua tradição possuem uma visão diferenciada da
criação do universo. Havendo, porém, entre alguns povos certas semelhanças em suas
narrativas. Enquanto os cristãos partilham da mesma crença da criação do mundo narrada no
seu livro sagrado, a Bíblia. Entre os indígenas brasileiros Apapocúva-Guarani que não tiveram
contato com a cultura ocidental cristã, a crença na origem do universo se dá diferentemente,
com personagens e cenários bem distintos dos reverenciados pelos cristãos. Nosso objetivo é
a partir de uma análise interpretativa mais atenta destas narrativas e da renúncia aos
estereótipos e preconceitos, percebermos a possível identificação de semelhanças entre as
atribuições e os papeis dos personagens envolvidos na crença indígena Apapocúva-Guarani
da criação do mundo e a dos cristãos.
Pôster 15:00 às 16:00 (Exposição Roll das Placas dia 28/06/2018)
7. Kyara Lígia Rocha Oliveira da Silva (Universidade Federal de Campina Grande; Graduanda)
– Pôster: ENSINO DE LEITURA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA À
LUZ DE DOCUMENTOS OFICIAIS QUE REGULAMENTAM A EDUCAÇÃO INDÍGENA
A presente pesquisa documental tem como objetivo articular as relações entre os
documentos oficiais que regulamentam a educação tanto tradicional como a indígena,
mostrando o que interpõe cada um dos documentos sobre o ensino de leitura para as escolas
indígenas. Do ponto de vista dos resultados, concluímos que os documentos analisados
sugerem que o ensino de leitura considere o saber do outro e seu olhar cultural, não
desprezando a prática tradicional, mas mostrando outros métodos. Portanto, conclui-se que
60
a educação indígena precisa investir no ensino de leitura reconhecendo a leitura de mundo,
de vida, do cotidiano da aldeia, ou seja, não desprezar nas práticas pedagógicas os
conhecimentos dos povos indígenas que são milenares.
8. Maria do Socorro Reis Melo (UFCG; graduanda) + Adriana Monyke Nascimento de Alencar
– Pôster: ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DO MITO DA CRIAÇÃO ENTRE OS ÍNDIOS APAPOCÚVAGUARANI. Orientador(a): Juciene Ricarte Apolinário
Este trabalho apresenta a história da criação do universo como uma crença presente
em várias culturas e entre os povos étnicos mais distintos da terra. Refletindo na premissa de
que cada povo conforme a sua crença e a sua tradição possuem uma visão diferenciada da
criação do universo, no entanto, há entre alguns povos certas semelhanças em suas narrativas
e crenças cosmológicas. A partir deste princípio, analisaremos o mito originário da criação do
universo, através da crença de indígenas brasileiros, os Apapocúva-Guarani. Nosso objetivo é
a partir de uma análise interpretativa e atenta desta narrativa, bem como da renúncia aos
estereótipos e preconceitos, apresentarmos o mito da criação do mundo deste grupo
indígena, a partir do seu universo de crenças, dos seus personagens e dos papeis
desenvolvidos por estes neste processo de criação do mundo, investigando a possível
influência de outras tradições religiosas e de outros povos sobre as crenças dos ApapocúvaGuarani.
9. Rayan
Fernandes
Pereira –UFCG,
Juciene
Riarte
Apolinário-
UFCG.
A
‘EP‘E“ENTáÇÃOà DO“à INDÍGENá“à NOà FILMEà DEà HUMBE‘TOà MáU‘Oà
Oà
DE“COB‘IMENTOàDOàB‘á“IL àEàOàEN“INOàDEàHI“TÓ‘Iá Orientador(a): Juciene Ricarte
Apolinário
La çadoà e à
à oà fil eà o des o i e toà doà B asil à deà Hu
e toà Mau oà foià oà
primeiro longa metragem financiado pelo instituto nacional de cinema educativo (INCE) órgão
ligado diretamente ao governo centralizador de Getúlio Vargas. Buscamos compreender de
que maneira os indígenas são representados na película assim como a forma como se dá, no
filme, o contato dos mesmos com os portugueses que desembarcaram no país em 1500.
61
Discutimos, a partir disto, como estas representações estão relacionadas a temáticas tão caras
à política culturalàdoàgo e oà a guista,àaàsa e :àOàpassadoàha
i o,àaà sal aç o ào iu daà
da religião católica, o processo civilizatório empreendido pelo português e etc. Pretendemos
também refletir acerca do uso do filme em questão como recurso pedagógico a ser utilizado
em salas de aula, especialmente para alunos do ensino médio. As pesquisas iniciais apontam
que é possível utilizar o mesmo para fomentar debates a respeito da visão que se tinha do
i d ge aà oàs uloàXXà à uitoàe
asadasà oàide ioà itoàdoà o àsel age
àp opostoàpeloà
francês Jean-Jacques Rousseau ) ao passo de que se busca tentar compreender em que
medida estes estereótipos ainda persistem bem como estratégias para supera-los. Por se
tratar de um trabalho ainda em fase inicial, o texto é construído a partir de revisões
bibliográficas que tratam sobre o filme.
62
GT 8 – Povos Indígenas da América Entre o Século XVI e o XXI: Processos de Mestiçagens,
Questões Religiosas, Identidades e Reconhecimento.
Apresentações dia 28/06/2018, das 14:00 às 17:00
Sala 203, Bloco BZ
Dra. Ofélia Maria de Barros - UEPB/NEAB-Í/CG
Comunicação Oral
1. Fabelly Marry Santos Brito (Universidade Federal de Campina Grande; Mestranda) –
Comunicação oral: Má‘áCáTUàNÃOàÉàPá‘,àÉàÍMPá‘ :àP‘ãTICá“àCULTU‘áI“,àIDENTIDáDE“à
E ESTRATÉGIAS NO MARACATU RURAL DE PERNAMBUCO (2000-2014)
O presente artigo faz parte de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida e que tem
por objetivo compreender o maracatu rural enquanto manifestação popular constituída por
práticas culturais diversas. O maracatu rural ou maracatu de baque solto surge na Zona da
Mata Norte de Pernambuco, fruto do encontro da cultura indígena com a africana, cujas
tradições passaram por períodos de forte repressão. Problematizar o maracatu rural implica
voltar-se para a cultura como algo de enorme e contínua variação, frente ao
compartilhamento de modelos culturais entre as pessoas, distanciando-se da ideia de
tradições fixas, transmitidas do passado. Concomitantemente, importa discutir como o
processo de globalização tem atuado sobre as identidades culturais, promovendo
descentramentos e como a indústria do turismo tem atuado na transformação das
manifestações populares em bens de consumo rentáveis. Sob a luz da História Cultural, buscase compreender como os brincantes ressignificam suas práticas e como são construídas suas
representações nos materiais publicitários produzidos pelo governo do estado de
Pernambuco.
2. Constantino José Bezerra de Melo (Universidade Católica de Pernambuco; Doutorando) –
Comunicação oral: OS ÍNDIOS XUKURU DO ORORUBÁ E A CONSTRUÇÃO DO XEKER JETÍ NA
SERRA DO ORORUBÁ – PE
63
Esta comunicação oral é um relato do processo de construção do Xeker Jetí: a casa da
cura dos ancestrais do povo Xukuru do Ororubá, iniciada em maio e concluída em abril de
2016. Nosso objetivo foi compreender como este espaço sagrado foi concebido, quais foram
os seus idealizadores e qual a sua função junto ao Terreiro de Ritual Sagrado da Boa Vista na
Aldeia Couro Dantas e ao povo Xukuru do Ororubá. A obra foi construída com o trabalho e a
colaboração de dezenas de índios e outros parceiros e aliados do povo. Foram organizados
vários mutirões comunitários para a execução da construção, que envolveu a coleta e
transporte de madeiras, pedras, taipas, o preparo do barro, como também os serviços de
limpeza, montagem e acabamento da obra, tudo realizado com o planejamento e
coordenação de um Coletivo de Trabalho, composto por indígenas e por um grupo de jovens
bioconstrutores. Desta forma, constatamos que a construção do Xeker Jetí demonstra
efetivamente a valorização do trabalho coletivo entre os indígenas, como também a força
ut idaà aàt adiç oà eligiosaàdosà E a tadosàdeàLuz à ueàapo ta àosà a i hosà i dou osà
dos Terreiros de Ritual Sagrado e dos índios Xukuru do Ororubá.
3. Rosalvo Ivarra Ortiz (UFGD; mestrando) – Comunicação oral: OS TERENA DE MATO
GROSSO DO SUL: 40 ANOS DE COSMOLOGIA COMPARTILHADA
Neste artigo temos a ambiciosa pretensão de recobrir 40 anos de historicidade
religiosa Terena, Povos Indígenas de Mato Grosso do Sul. Desta forma, iremos centrar nossos
olhares, principalmente sobre os conflitos gerados nas relações entre as agências cristãs e
destas com os agentes religiosos Terena – os xamãs e os rituais atualizadores das crenças de
sua etnia. Assim, faremos uma breve apresentação do campo religioso da região na qual estão
assentadas as aldeias Bananal e Ipegue- localizadas no município de Aquidauana, bem como
a apresentação das agências religiosas e suas estratégias para se conformarem naquelas
áreas. Portanto, algumas mudanças ocorridas no campo religioso brasileiro repercutiram
diretamente no âmbito sul-mato-grossense e na Terra Indígena Taunay/Ipegue. As igrejas
cristãs e suas tendências em diálogo entre si e com o Xamanismo estabeleceram mudanças
lentas e profundas que abrangem as agências religiosas cristãs, bem como o campo no qual
64
estão inseridas. Nossa hipótese é de que os Terena, aproveitando-se da abertura produzida
pelo Protestantismo e o Catolicismo, irão paulatinamente ocupar os espaços sócio-políticos
assim proporcionados e ampliá-los. Dessa forma, ao final da década de 1990 estariam
consolidando o processo de indigenização do campo religioso nas aldeias destacadas.
4. Rafael Leal Matos (Universidade Federal do Tocantins; mestre) – Comunicação oral: AUTO
RECONHECIMENTO, SUBJETIVIDADES E RITOS DE PASSAGEM: A CONFORMAÇÃO DE UMA
IDENTIDADE INDÍGENA
A partir de um encontro casual entre um Antropólogo não indígena e uma Psicóloga
indígena, recentemente reconhecida enquanto membra da etnia Akwẽ-Xerente do estado do
Tocantins – Brasil, surge esse trabalho como uma forma de trazer à tona uma história de vida
(com ascendência indígena e não-indígena) que suscita reflexões acerca da identidade
indígena no Brasil contemporâneo. Quais os critérios utilizados para o (auto) reconhecimento
de um sujeito enquanto indígena hoje? Para pensarmos essa questão, falaremos da trajetória
de vida da Psicóloga indígena Akwẽ-Xerente Thaynara de Sousa da Silva, coautora desse
t a alho,à e
ua toà u à asoà
o à pa aà pe sa ,à po à seà tratar de uma pessoa dificilmente
identificada pelo senso comum enquanto indígena, devido suas características físicas
comumente associadas ao universo não-indígena por conta de sua ascendência híbrida. Como
nossa protagonista vivenciou subjetivamente esse conflito de identidade desde a infância?
Quais as suas relações com o universo indígena e não-indígena? Como isso vem afetando sua
subjetividade? Como e quando ela passou a se auto reconhecer e assumir sua identidade
indígena? Quais eventos foram significativos nesse processo? Como se deu os contatos com a
coletividade étnica que lhe reconheceu enquanto parente? Qual o papel dos rituais e da
experiência nesse (auto) reconhecimento coletivo e subjetivo? A partir de uma discussão que
mescla elementos teórico-metodológicos da Antropologia Social e da Psicologia Social,
tentaremos entender como pode se conformar uma identidade indígena levando em conta
questões objetivas e subjetivas. Discutiremos a importância da experiência concreta de
Thaynara de Sousa, da (re)criação e (re)afirmação de laços sociais e dos ritos de passagem na
consolidação de sua identidade. Com isso, demonstraremos que ser indígena é algo que vai
65
além de fenótipos e de imagens estereotipadas, disseminadas por veículos de comunicação e
livros didáticos, ou melhor, ser indígena implica uma história de vida de ligações com os povos
originários e que permitem um autoreconhecimento subjetivo e o reconhecimento coletivo,
que vão além das características físicas e estão mais relacionadas às dinâmicas socioculturais
de aliança e parentesco.
Pôster 16:00 às 17:00 (Exposição Roll das Placas dia 28/06/2018)
5. Jair Soares da Silva (Universidade Federal de Campina Grande; Graduando) – Pôster:
ETNO-HISTÓRIA ANCESTRAL: A CABOCLA BRAVA FRANCISCA GOMES DE SOUSA.
Orientador(a): Juciene Ricarte Cardoso
Fundamentada em relatos orais e fontes escritas sobre o tema, esta pesquisa objetiva
revisitar a história de minha bisavó, juntamente com o desaparecimento do povo de sua etnia
Kariri, ocorridos entre o fim do século XIX e inicio do século XX na cidade de Lagoa Seca-PB,
no sitio Conceição que esta localizada no agreste paraibano. Objetivamos valorizar a história
local acerca de uma mulher indígena que foi achada na mata, pertencente ao povo Kariri. A
pesquisa é realizada através de análise de obras de varias autores e entrevistas realizadas
especialmente com mulheres que relatam reminiscências indígenas e que fazem parte da
população da cidade de Lagoa Seca-PB.
6. Maria Sonia de Barbalho de Macedo (UVA – UFCG; especialista) – Pôster: MEMÓRIA E
IDENTIDADE VIVA DO POVO POTIGUARA
O trabalho tem por objetivo falar sobre a memória e identidade do Povo Potiguara da
Paraíba, onde mostra a integração e desenvolvimento dos alunos na pesquisa. Tendo por
linhas seguidas na pesquisa o incentivo da leitura e escrita dos respectivos estudantes.
Sabendo-se que são argumentos de conhecimento para as diversas áreas, onde tende a
facilitar a produção textual e o trabalho de oralidade. Onde se coloca a memória não
considerada simplesmente por um repertório de dados, que se tem esquecida com o tempo,
66
mas sim, com algo a ser lembrado do passado e como instrumento de poder. Foi construída a
partir de reflexões e questionamentos, com significados e significantes da prática pedagógica
introduzida na interdisciplinaridade. Trabalhamos a história de vida de alguns anciões das
aldeias indígenas Potiguara.
Palavras-chave: memória; indígena Potiguara; identidade; Referencial Curricular Nacional
para as Escolas Indígenas (RCNEI).
7. Lais de Oliveira Neves (Universidade Estadual da Paraíba; graduanda) + Leandro de Aquino
Lima Ropinasse (Universidade Estadual da Paraíba; graduando) – Pôster: ETNOHISTÓRIA E
HISTÓRIA INDIGENA: O PROTAGONISMO DOS POVOS ORIGINARIOS. Orientador(a): Ofélia
Barros
Os estudos a cerca da história indígena no Brasil, experienciaram crescente
efervescência a partir da década de 90. O número de pesquisas e publicações tem
correspondido a uma quantidade significante de investigações. Nesse sentido, verificamos
uma ressignificação e/ou reutilização dos conceitos de, etno-história e história indígena, que
a princípio se destacavam como estudos das sociedades ágrafas, buscando suporte apenas a
escrita a partir de fontes produzidas por povos em situação colonial. Tais conceitos na
atualidade, tornam-se instrumentos de analise através de métodos interdisciplinares de
pesquisa histórica. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo evidenciar as
reflexões acerca dos conceitos etno-história e história indígena, e discutir sua validade
enquanto elemento propulsor para a articulação e protagonismo dos povos originários
brasileiros. Para tanto, utilizaremos como suporte metodológico uma revisão da historiografia
empregando como meio de acesso as fontes, palavras chaves no portal da Sicelo e do Google
Acadêmico. Como suporte teórico para a presente investigação utilizaremos Celestino (2010),
Cavalcanti, (2010), Motta, (2014), Cunha (1994).
67
8. João Igor de Andrade Vital (UFCG; graduando) + Virgínia Genuíno Lira (UFCG; graduanda)
– Pôster: REVISITANDO A HISTORIOGRAFIA ACERCA DA JUREMA SAGRADA E SUA MARCA
DA CULTURA INDÍGENA. Orientador(a): Juciene Ricarte Cardoso
A Jurema Sagrada é uma religião de matriz afro-indígena que surge em torno do litoral
nordestino por volta do século XVIII, primeira vez citada em documentos oficiais, através
processos de mestiçagens entre matrizes religiosas indígenas, africanas e até católicas. Na
perspectiva botânica a Jurema é uma planta típica da Caatinga, diante do exposto
perguntamos porque se tornou uma planta tão cultuada no litoral? Nesta pesquisa
objetivamos analisar como os povos indígenas levaram esse culto do sertão ao litoral
nordestino, especialmente o paraibano e pernambucano, principalmente na cidade de
Alhandra, onde é considerada por muitos estudiosos a \"cidade do Culto a Jurema\". A partir
da análise de documentos e teóricos como Sandro Guimarães Rosa, Clarice da Mota,
ále a d eà L o iàL odo ,àoàt a alhoàp ete deà e o stitui àu à e o teàte po alàpa aàe te de à
a difusão do culto da Jurema Sagrada. Como nosso trabalho se encontra em fase iniciática, os
resultados são uma revisão de literatura dos principais autores que ressignificaram o tema.
Palavras chaves: Jurema Sagrada; Culto; Alhandra; Religião
9. Erykles Natanael de Lima Vieira (UFCG; graduando) – Pôster: PARTICIPAÇÃO DOS
INDÍGENAS ARIÚS PARA A FORMAÇÃO DO POVOAMENTO DE CAMPINA GRANDE
Orientador(a): Manuela Aguiar Damião de Araújo
Neste trabalho buscamos evidenciar a participação dos indígenas Ariús para formação do
povoamento de Campina Grande no fim do Século XVII, este trabalho faz-se importante à
medida que ao estudarmos os índios, principalmente no caso particular de Campina Grande,
vemos que eles são retratados como meros coadjuvantes na formação do aldeamento de
Campina Grande, afastando da história local a sua importância, nos costumes, culturas e modo
de vida. Que ficou esquecida ao longo do tempo. É importante nos questionar, por que o Índio
Ariús foi esquecido pela história local? Eles (indígenas) devem participação na formação do
aldeamento de Campina Grande? Eles (indígenas) tiveram papel fundamental para formação
da aldeia e depois povoamento? Para responder estas perguntas elaboramos um objetivo
68
geral, Problematizar qual a importância dos Índios Ariús para formação de Campina Grande.
E três objetivos específicos, analisarmos como a história local retrata os índios Ariús;
problematizarmos qual o papel dos indígenas para a formação da aldeia de Campina Grande;
e, se houve essa participação, como se deu. Para isso, utilizamos textos historiográficos locais
e fontes disponibilizadas neles, como os textos Irineu Joffily, Epamonindas Câmara, Elpídio de
Almeida, Elias Herckmans. Buscamos estudar os conceitos de povoamento, índios,
representatividade, mito de origem e aldeamento, através de estudiosos que estudam esses
conceitos João Marques da Silva Neto, Francis Mary Soares Correia da Rosa, Roger Chartier,
Claude Lévi-Strauss Juciene Ricarte Apolinário e Paulo Cesar Xavier Pereira. Com isso
evidenciamos que os índios Ariús tiveram um papel fundamental para o aldeamento de
Campina Grande; Que a historiografia local favoreceu os exploradores deixando o indígena
apenas como uns meros objetos passivos; Observamos que mesmo com todos os estudos
ainda pouco se sabe com profundidade como se deu o aldeamento e sua estruturação;
Notamos que durante os últimos anos vários esforços tentaram sanar a divida histórica com
os indígenas Ariús, como a elaboração monumentos histórico que resgatam a memória dessa
etnia como uma das formadoras da sociedade campinense.
10.
Shirley Bezerra Felix Da Silva – UFCG, Juciene Ricarte Apolinário- UFCG. SABEDORIA
INDÍGENA, CULTIVO E CIRCULAÇÃO DE PLANTAS NA SOCIEDADE ENVOLVENTE DO SÉCULO XVI
AOS DIAS ATUAIS. Orientador: Juciene Ricarte Apolinário- UFCG
A presente pesquisa objetiva mergulhar na agricultura tradicional indígena, na
sabedoria dos povos originais no trato com as plantas, seus usos e costumes enquanto práticas
mágico-curativas e sua influência na sociedade contemporânea. Como se sabe os povos
indígenas são guardiões técnicas para lhe dar com cultivos em diferentes ecossistemas,
mesmo em áreas de grande estiagem como é o caso do semiárido brasileiro. E estes
conhecimentos foram relatados pelos físicos e botânicos sobre diferentes biomas desde o
litoral aos sertões da América Portuguesa do século XVI até o século XIX. Entre as plantas
cultivadas e /ou extraídas da natureza pelos povos originários destacam-se: a batata doce,
erva-doce, açaí, banana, maracujá; mamão; jabuticaba; entre outros. Há também aqueles que
precisaram ser tratados pelos índios para poderem ser consumidos como o caso da mandioca
69
e suas variações pelas regiões do país. No que diz respeito as práticas curativas através de
vegetais existem milhares de espécie de plantas cultivadas por diferentes grupos indígenas e
muitas destas plantas passaram a ser usadas desde o século XVIII pela medicina moderna
sendo usadas na medicina com fins anestésico e ansiolítico. Nossa pesquisa objetiva destacar
as plantas medicinais e de base alimentares cultivada e ou extraída a natureza do semiárido
pelos povos originários Kariri e Tarairiú citados em manuscritos e em relatos de viajantes entre
os séculos XVIII e XIX.
70
GT 9 - DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS E SUA DIVERSIDADE DE EXECUÇÃO NAS DIFERENTES
CAPITANIAS DO BRASIL E GRÃO PARÁ E MARANHÃO ENTRE OS SÉCULOS XVIII E XIX
Apresentações dia 28/06/2018, das 14:00 às 17:00
Sala 102 , Prédio do Centro de Humanidades
Coordenadores
Profa. Dra Vania Maria Losada Moreira – UFRRJ
Prof. Dr. Francisco Cancela - (UNEB)
Comunicação Oral
1. Bruno Duarte Guimarães Silva (CEFET/MG; Mestre) – Comunicação oral: O DIRETÓRIO
DOS ÍNDIOS NO SERTÃO DO RIO DOCE DA CAPITANIA DE MINAS GERAIS
Este estudo é parte dos resultados da minha dissertação, para a qual realizei uma
pesquisa de reconstituição da trajetória de João Pedro de Almeida, indivíduo mestiço, filho de
mãe escrava e pai incógnito que atuou como eclesiástico e mestre de índios nas localidades
do Cuieté e do Peçanha na bacia do rio Doce entre os anos de 1780 e 1801. Naquela época, as
normas de recrutamento ao clero, baseadas nos padrões nobiliárquicos e estamentais da
sociedade luso-brasileira, consideravam as condições de nascimento de João Pedro como
impeditivas ao ordenamento religioso. No entanto, o processo de expansão da fronteira
colonial em direção aos sertões da capitania abria brechas nos sistemas normativos da época
para quem pudesse realizar serviços considerados estratégicos para a Coroa. Depois de
instaladas e povoadas as principais vilas e arraiais da região mineradora, os sertões foram se
constituindo como as regiões de fronteira da administração colonial, o limite até onde
atuavam os sistemas normativos religiosos e seculares de controle da população e do
te it ioà daà apita ia.à Ofi ial e teà osà se t esà e a à
easà p oi idas à eà aà est at giaà doà
governo era que as populações indígenas daquelas regiões formassem um tipo de cinturão de
resistência que intimidasse a penetração dos colonos. Se, para uns, os sertões representavam
o espaço da barbárie e da selvageria, onde a ordem civil e religiosa não estava estabelecida,
71
para outros, inclusive os índios, representavam uma oportunidade de existência, justamente
por causa da ausência ou ineficiência dos sistemas normativos da administração colonial
nessas regiões. No entanto, a diminuição da extração aurífera estimulou a migração da
população colonial em direção aos sertões em busca de mais fontes minerais e terras férteis
para a agricultura, principalmente nos vales de rios, como o rio Doce. A conquista dos sertões
se dará por estratégias de combate contra as populações indígenas que ali viviam, mas
também por políticas de assimilação orientadas pelos princípios da lei do Diretório dos Índios.
Elaborada no contexto de afirmação da posse dos limites extremos do território lusitano na
América por meio da conservação e assimilação da população indígena à sociedade
portuguesa, a lei do Diretório dos Índios foi adaptada nas Minas Gerais para normatizar o
processo de conquista de regiões internas ao território da capitania. A fundação de presídios,
paróquias e aldeamentos, além da atuação de João Pedro no sertão do rio Doce são indícios
desse processo de conquista por meio da guerra, mas também da assimilação.
2. Ristephany Kelly da Silva Leite (Universidade Federal do Rio Grande do Norte; mestranda)
– Comunicação oral: O“àPU“àEMàMá‘CHá,àDI“PONDO-LHES TODO O NECESSÁRIO PARA A
JO‘NáDá :à áPONTáMENTO“à “OB‘Eà áà E‘EÇÃOà Dáà VILáà DEà ÍNDIO“à DEà PO‘TALEGRE,
CAPITANIA DO RIO GRANDE DO NORTE (1761)
Pretende-se explorar, no presente trabalho, a constituição da vila de índios de
Portalegre, buscando-se compreender como eram estabelecidas as dinâmicas entre os
diversos grupos sociais que estavam presentes nesta. Objetiva-se compreender as dinâmicas
estabelecidas pelo contato entre diversos grupos distintos durante o período de
estabelecimento da vila, as leis e diretrizes que regimentam sua ereção e as instituições que
agem neste território. Percebe-se que ocorreram ao menos três mudanças significativas na
alteração de aldeia para vila no caso de Portalegre. A mudança de localização, a integração de
outros grupos indígenas a esta comunidade e a abertura que o Diretório possibilitou para um
contato mais sistemático com os moradores não índios da capitania, já que havia o estímulo
para que estes também ocupassem este espaço. Objetiva-se aqui, perceber como a elevação
72
dos antigos aldeamentos missionários, sob o controle dos religiosos regulares, para Vilas de
Índios com autoridades coloniais assumindo o ordenamento social, altera a organização
espacial e social destas comunidades, tomando como objeto motivador da inserção indígena
no espaço social da Vila, o Diretório pombalino (1757-1798), e as ações empregadas pelas
autoridades coloniais frente aos problemas que surgiram na organização social deste espaço.
3. Valdemiro Severiano Filho (IFRN; mestre) – Comunicação oral: O DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS
E A DINÂMICA SOCIOESPACIAL NA MISSÃO DO GUAJIRÚ: DE SÃO MIGUEL À VILA NOVA DE
ESTREMOZ DO NORTE – CAPITANIA DO RIO GRANDE
Entre os séculos XVI e XIX, o Brasil atravessou um processo de colonização, imposto
pelo Governo Português, com o intuito de povoar as terras e extrair suas riquezas, numa ótica
mercantilista que vivenciava a Europa na época. As políticas assimilacionistas e
integracionistas contra os povos indígenas, iniciadas no Brasil Colonial, repercutiram em todo
o território brasileiro. No século XVIII, a política imposta pelo Marquês de Pombal, em
substituição ao Regimento das Missões, tinha o propósito colonialista deà edu a àeà i iliza à
a comunidade autóctone. O Diretório dos Índios estabelecia que os indígenas não fossem
separados da comunhão colonial, impondo a cultura dominante portuguesa, revelando a
relação de poder que se estabeleceu entre portugueses e indígenas. Para forjar uma
populaç oà li e ,à
iosà e a is osà fo a à utilizados,à o oà aà o igato iedadeà doà usoà daà
língua portuguesa, a difusão da importância de casamentos interétnicos, o trabalho
assalariado, a secularização das missões e posterior reordenamento espacial com a criação de
vila, forçando novas sociabilidades aos povos indígenas. Na Capitania do Rio Grande, a política
pombalina expulsou os jesuítas das missões e elevou-as à vila, nos moldes das cidades
portuguesas, inclusive, recebendo nomes de localidades homônimas em Portugal, como
ocorreu na missão do Guajirú que passou a denominar-se Vila Nova de Estremoz do Norte. Ao
implantar uma cartilha linguística, econômica, cultural e espacial na antiga missão do Guajirú,
buscou-se desenraizar os índios com a perda de suas especificidades étnico-linguísticas.
Co tudo,àaoà o t
ioàdoàdis u soàdaà i isi ilidade ài d ge aàeàdaà o ultaç o àide tit ia,à
verificou-se, no decorrer da história, desde a implantação do Diretório de Índios, um complexo
73
processo de adaptação ao contexto colonial pelas circunstâncias materiais e simbólicas a que
foram submetidos, de modo a preservar uma memória e identidade indígena.
4. Fabricio Lyrio Santos (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; pós-doutor) –
Comunicação oral: O DIRETÓRIO POMBALINO NA CAPITANIA DA BAHIA (1758-1798)
No âmbito das políticas oficiais de colonização e dominação das populações indígenas
do Brasil no período colonial merece destaque o Diretório dos Índios, de 1757. Promulgado
no reinado de D. José (1750-1777), o Diretório teve como principal autor o governador do
Estado do Grão Pará e Maranhão Francisco Xavier de Furtado Mendonça, irmão e aliado
político de Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Conde de Oeiras e Marquês de Pombal.
Pela lei de 17 de agosto de 1758 o Diretório foi convertido em lei e validado para ambos os
Estados do Maranhão e do Brasil, abarcando o conjunto das possessões lusitanas na América.
Diversos exemplares impressos foram distribuídos entre as autoridades coloniais visando sua
ampla divulgação e aplicação. Na capitania da Bahia, sede do vice-reinado, houve uma
recepção favorável ao Diretório, porém com ressalvas significativas à sua aplicação nas
povoações indígenas do território daquele governo, uma vez que, nas palavras do vice-rei d.
Ma osàdeàNo o haàeàB ito,à ºà o deàdosàá os,à osàI diosà ueàasàpo o oàest oàeàesti e oà
se p eàe à uitoài fe io àestadoàaosàdeàdoàPa àeàMa a h o .àNosàte
osàdoàpa e e àdatadoà
de 19 de maio de 1759 emitido pelos membros do Conselho Ultramarino reunidos na Bahia,
a nomeação de Diretores para as povoações indígenas mostrava-se um expediente muito útil
eà e ess io,àpo
,à aàBahia,àseàfaziaài p ati
el,à po àfaltaàdeàpessoas,àe à ueà o o
oà
as qualidades que essencialmente se requerem os lhesà p es e e .à Pa ti doà destasà
constatações, a comunicação explora as adaptações e resistências à aplicação do Diretório dos
Índios no âmbito da capitania da Bahia evidenciando as contradições presentes nas dinâmicas
locais de colonização, bem como o protagonismo dos povos indígenas e outros atores
envolvidos na efetivação das políticas traçadas em Lisboa e suas diferentes apropriações na
colônia.
74
5. Isabelle Braz Peixoto da Silva (UFC; pós-doutora) – Comunicação oral: O DIRETÓRIO
POMBALINO NA CAPITANIA DO CEARÁ GRANDE: AGENCIAMENTOS DA COROA
PORTUGUESA E DOS INDÍGENAS
Atendendo à relevante provocação dos organizadores do GT, de reunir os pesquisadores
da temática, pretendo, nesta comunicação, apresentar o processo de implantação do
Diretório Pombalino na Capitania do Ceará Grande. Naquela unidade, o Diretório foi
implantado a partir do ano de 1759, quando foram criadas as primeiras Vilas de Índio. A
pesquisa realizada, já há algum tempo, procurou refletir sobre as dinâmicas sociais verificadas
nas vilas, que envolveram diversos agentes sociais, tais como indígenas, governadores, juízes,
vigários, diretores, capitães e principais. O estudo revelou uma situação bastante complexa,
com a formação de alianças, conflitos, intrigas, revoltas e negociações, mesmo que em um
ambiente de dominação e relações assimétricas entre os sujeitos acima referidos. Desse
cenário político os indígenas participaram ativamente, sendo os responsáveis, em grande
parte, pela extinção do Diretório na capitania. O que veio a ocorrer definitivamente somente
em 1945, após uma série de extinções e restabelecimentos, quase cinquenta anos após a sua
e ti ç oà ofi ial à oàPa ,à oàa oàdeà
.à– O que vem reforçar a necessidade e a importância
da realização de um balanço sobre as descontinuidades regionais e as particularidades na
implantação do Diretório.
6. Juciene Ricarte Apolinário, UFCG, Brasil. PRÁTICAS DO DIRETÓRIO CAPITANIA DA
PARAÍBA – 1758 À 1845
Através de pesquisas desenvolvida nos arquivos portugueses, a presente pesquisa
analisou a implantação da Lei do Diretório dos Índios na Capitania da Paraíba, especialmente
oàp o essoàdeàdesest utu aç oàdeàdozeàaldea e tosài d ge asàpa aàaà iaç oà i oà Vilas de
Í dios à oàfi alàdoàs uloàXVIIIàeà e ifi a e osàaà o ti uidadeàdaàsuaàapli aç oà asàp i ei asà
décadas do século XIX, destacando as agências indígenas de negociação e negação no
processo de recepção da referida Lei. Para tanto, buscaremos mergulhar nos discursos
documentais amparados em arcabouços histórico-antropológicos e destacaremos que apesar
75
de todo o investimento da administração colonial na Capitania da Paraíba, deslocando grupos
étnicos diferenciados de seus antigos aldeamentos do sertão da Caatinga para as longínquas
paragens da Mata Atlântica, não se atingiu, plenamente, o intento da política pombalina de
i teg aç o à eà
i ilizaç o à de idoà aosà age ia e tosà dosà po osà Ta ai iú,à Ka i ià eà Tup .à
Destarte, destacaremos que apesar de a legislação pombalina se esforçar para equiparar os
povos indígenas daquela capitania, aos demais vassalos da Coroa portuguesa e apesar da
exploração da mão-de-obra indígena pelos diretores e sociedade circundante, a população
ameríndia vilada, continuou construindo culturas políticas capazes de adaptação, negação e
ressignificação.
76
GT 10 – O Ensino da Temática Indígena e os 10 Anos da Lei Nº 11. 645/20008: Experiências,
Discussões e Propostas
Apresentações dia 28 e 29/06/2018, das 14:00 às 17:00
Auditório térreo do CH, Prédio do Centro de Humanidades
Coordenadores
Prof. Dr. Edson Silva – UFPE/ PPGH-UFCG
Prof. Dr. João Paulo Peixoto Costa-IFPI
Comunicação Oral
1. João Paulo Peixoto Costa (Instituto Federal do Piauí, campus Uruçuí; Doutor) –
Comunicação oral: MEMÓRIAS DE SANGUE: ORIENTAÇÃO DE ALUNAS DOS ENSINOS
SUPERIOR E MÉDIO DO IFPI SOBRE A IDENTIDADE INDÍGENA NO POVOADO SANGUE
(URUÇUÍ-PI)
O Piauí atualmente passa por um processo que outros Estados do Nordeste viveram em
décadas anteriores. Apesar da ideia de extinção dos índios ser ainda predominante,
comunidades vêm se organizando e assumindo suas identidades e ancestralidades indígenas.
Um fenômeno semelhante ocorre no povoado Sangue, localizado na zona rural de Uruçuí, no
cerrado piauiense. Membros de uma família naturais do lugarejo e de lá expulsas por um
poderoso político da região na década de 1970 afirmam ser indígenas ou, pelo menos,
descendentes de índios. Esta comunicação pretende relatar a experiência de orientar a
pesquisa de estudantes do ensino superior e médio no Instituto Federal do Piauí sobre as
tradições orais destes familiares que afirmam ser descendentes de uma índia – provavelmente
akroá ou gueguê – sobrevivente de um massacre ocorrido no século XVIII. A equipe investiga
as relações estabelecidas pela memória comunitária que os conectam à luta pela posse da
terra e o caráter indígena da cultura, das identidades e da história do Piauí. O projeto pretende
ser mais uma ferramenta educativa no ensino de história e da temática indígena, tendo como
resultados esperados a formação das orientandas na prática empírica, o conhecimento do
protagonismo indígena em diferentes contextos e a produção de material para pesquisas
77
futuras sobre a história de sua região. A hipótese principal, relacionada diretamente com a
necessidade de uma urgente renovação teórica e metodológica na historiografia piauiense, é
que o extermínio dos índios de Uruçuí foi muito mais um discurso com interesses políticos dos
poderosos, especialmente antigos latifundiários, do que um fato inquestionável. A principal
evidência disso é o mais importante patrimônio dos naturais do povoado Sangue: suas
próprias memórias.
2. André Luis de Freitas Oliveira (Universidade Estadual da Paraíba; Mestrando) –
Comunicação
oral:
EDUCAÇÃO
FÍSICA
E
CURRÍCULO:
POSSIBILIDADES
DE
(RE)SIGNIFICAÇÃO DA CULTURA CORPORAL DO POVO INDÍGENA POTIGUARA-PB
A educação escolar para os povos originários teve início durante a colonização e tinha
como propósito um viés integracionista, fazer com que os índios participassem da sociedade
da época, todavia com um real intuito de usurpação das riquezas indígenas, ou seja, sua terra
e cultura. Como forma de talhar a cultura de um determinado grupo, o currículo torna-se a
ferramenta mais eficaz para a configuração do rótulo no qual a sociedade se insere. A
problemática apresentada se organiza sobre os seguintes questionamentos: a) Como a cultura
corporal indígena é absorvida pelo o currículo da Educação Física na Educação Indígena? b)
Quais conteúdos da Educação Física favorecem a cultura corporal indígena? c) De que maneira
os conteúdos podem ser vivenciados na sala de aula? O principal objetivo desta pesquisa é
investigar como é construído o currículo da Educação Física na Educação Indígena da Rede
Pública Estadual da Paraíba situada nas Terras Indígenas Potiguara no Litoral Norte, bem
como, oferecer possibilidades metodológicas para a re(significação) da cultura corporal
indígena no cotidiano deste componente curricular. O estudo é composto de uma pesquisa
descritiva de caráter qualitativo, com uma abordagem etnográfica. Os Povos Indígenas
buscam na educação escolar um modo de manter sua cultura e tradições ao mesmo tempo
expandir seus conhecimentos para viver em uma sociedade multicultural. Portanto, o estudo
busca respostas na etnografia e em seus elementos de pesquisa suporte para propor
possibilidades metodológicas para o cotidiano deste componente curricular na educação
indígena Potiguara-PB
78
3. Jaqueline Oliveira de Araújo (Universidade Federal de Campina Grande; Mestranda) +
Priscylla Laryssa da Silva Lima (Universidade Federal de Campina Grande; Mestranda) –
Comunicação oral: AS REPRESENTAÇÕES DOS INDÍGENAS APÓS A LEI 11.645/2008 E AS
ESTRATÉGIAS PARA DESCONSTRUÇÃO DE ESTEREÓTIPOS
Este trabalho propõe-se a analisar as representações dos indígenas no ambiente
escolar após a aplicabilidade da Lei 11.645/2008, problematizando os estereótipos que
traduzem e compartilham preconceitos diante da materialização de uma imagem que, apesar
de uma mudança em relação às práticas educativas, continua sendo estereotipada. Ainda
percebemos na atualidade uma dificuldade em aceitar o indígena fora do padrão relacionado
aoà usoà deà i du e t iasà ueà oà lassifi aà o oà se doà u à
dioà deà e dade .à ásà
representações europeias acerca da figura exótica e genérica construiu e ainda constrói o
imaginário histórico que validam estes estereótipos. Apesar de todas as alterações do
currículo escolar, os livros didáticos ainda se apresentam vagos em relação à temática
indígena, contribuindo, então, para que alunos e professores se apropriem de representações
que poderão deturpar a propagação das diversas identidades indígenas. Cabe ao professor a
tarefa de sanar as lacunas existentes, dando espaço para que a voz desses povos que durante
tanto tempo foi calada ecoe. Como alunas que fizeram parte do Programa de Bolsas de
Iniciação à Docência (PIBID), presenciamos representações estereotipadas acerca dos
indígenas e nos propomos a debater estratégias que visem a fuga de uma abordagem que foca
apenas na história inicial da chegada dos europeus na América, reconhecendo a pluralidade
desses sujeitos que possuem história, crenças, memórias e riquezas próprias. Para
fundamentar o trabalho utilizaremos como teórico Chartier (1990), bem como pesquisas
historiográficas de autores como Borges (2012) e Rocha (2016).
79
4. João Paulo França (Instituto Federal da Paraíba; Mestre) – Comunicação oral: TÓPICOS EM
HISTÓRIA DOS ÍNDIOS NO BRASIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO IFRN – CAMPUS AVANÇADO
PARELHAS
O advento da Lei nº 11. 645/2008, que tornou obrigatório o estudo da história e cultura
afro-brasileira e indígena no Brasil, em um processo histórico de luta destas populações,
concebeu visibilidade e proporcionou maior reflexão acerca da trajetória de negros e
indígenas em nossa sociedade. Entre as mudanças temos a ampliação da demanda por
conhecimento acerca da história e da cultura indígena no país. Neste contexto, o presente
artigo apresenta o relato de experiência desenvolvido em atividade de extensão no âmbito do
IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Campus
Avançado Parelhas. Trata-seàdoà T pi osàe àHist iaàdosàÍ diosà oàB asil ,àpa teài teg a teà
do Curso FIC – Formação Inicial e Continuada – em Educação para as Relações Étnico-Raciais
que foi ministrado para determinado público-alvo do Seridó potiguar. Norteando-se a partir
do Projeto Pedagógico do Curso – PPC – elaborado e sistematizado por profissionais do
Campus Currais Novos do IFRN, apresentamos neste texto a forma como o componente
curricular acerca da história indígena foi adaptado, desenvolvido no cotidiano dos encontros
e recebido pelos educandos envolvidos. Partindo do princípio que era necessário inverter a
lógica histórica de exclusão das populações indígenas das temáticas estudadas em sala de
aula, procuramos ao longo dos encontros enfatizar o protagonismo dos nativos no processo
de formação do país, dos primórdios da invasão estrangeira europeia aos dias atuais, no
contexto de afirmação e luta cidadã por direitos. Neste sentido, artigos, vídeos, sites e
produções próprias de autores indígenas ou ligados a esta temática foram importantes para
apresentar um novo olhar sobre temas aos quais muitos dos educandos ainda não haviam
despertado em seu trabalho cotidiano na sala de aula, em espe ialàpa aà da à oz àaoàp p ioà
indígena em suas representações de si. Debates, trocas de informações, visitas técnicas a sítio
arqueológico e comunidade indígena potiguar, além das experiências distintas dos educandos
de formações universitárias diversas, compuseram um interessante quadro que proponho
elata à esteàte toà ueàseàe
uad aà oàei oà ueàa o daàoà E si oàdaàTe
ti aàI d ge aàeàosà
10 Anos da Lei Nº 11. 645/2008: Experiências, Discussões e Propostas .
80
5. José Vandilo dos Santos (UFT; Doutor) – Comunicação oral: EXPERIÊNCIAS IDENTITÁRIAS
DOS ESTUDANTES INDÍGENAS NA UFT - CAMPUS DE PALMAS
A presença de vários povos indígenas na região norte é uma marca importante no
quadro da diversidade sociocultural do nosso país e, no Estado do Tocantins, não é diferente.
Fato que por si só justifica a política de cotas indígenas, que existe na UFT desde 2004, sendo
implantada efetivamente em 2005, e conta, até os dias atuais, com programas de assistência
financeira e pedagógica voltados aos estudantes cotistas com bolsas e apoio docente através
do GTI (Grupo de Trabalho Indígena), e do sistema de monitorias. DESENVOLVIMENTO – É
importante destacar que a permanência dos indígenas na universidade não é uma situação
simples, tendo em vista a realidade acadêmica no que diz respeito a metodologia desenvolvida
pelos professores e os padrões exigidos pela ciência. O aluno indígena ao se tornar
universitário se depara com uma realidade diferente das suas tradições, lógicas de
pensamento, costumes e valores, levando-os a alguns problemas de natureza acadêmica e
identitária. Essas dificuldades, em muitos casos, comprometem a sua permanência na
instituição frente à uma série de dificuldades, tais como: pouca participação na convivência
com os colegas e professores, dificuldades no acompanhamento das atividades e até
desistência do curso. Nosso objetivo é identificar essas dificuldades a partir da visão que esses
estudantes têm de si, e de todo o processo vivenciado na universidade, ou seja, de sua
experiência enquanto universitário indígena. Para tanto, os conceitos identidade
sociocultural, racismo institucional, a Lei 11.645 que estabelece a obrigatoriedade da temática
Hist iaà eà Cultu aà áf o-B asilei aà eà I d ge a ,à al
à dosà depoi e tosà dosà dis e tes,à osà
servirão como fundamentação teoria. PRINCIPAIS RESULTADOS E CONCLUSÕES – Através da
aplicação de um questionário e da análise dos conceitos básicos referentes à temática,
buscamos compreender os principais problemas enfrentados por esses acadêmicos na sua
especificidade, para que, a partir daí, possamos encontrar novas soluções e ajustes que os
ajudem em um melhor aproveitamento da vida acadêmica.
81
6. José do Egito N. Pereira (Universidade Estadual da Paraíba; Mestre) – Comunicação oral:
OS POVOS INDÍGENAS NA ESCRITA DA HISTÓRIA DO BRASIL: O ENSINO SUPERIOR E A
RENOVAÇÃO HISTORIOGRÁFICA
O presente artigo é resultado das discussões realizadas entre os anos de 2016 e 2017,
e à ossaàdis ipli aà T pi oàEspe ialàe àE si oàdeàHist iaàI d ge a , do Curso de História da
UEPB. O objetivo geral deste trabalho é apresentar as visões cotidianas que nossos estudantes
de graduação têm sobre os indígenas do Brasil, predominantemente marcadas pela presença
da imutabilidade e dos aspectos a-históricos nos índios brasileiros, além da persistência em
e à osà diosà o oà
oisas do nosso passado. Entretanto, os indígenas resistiram e são
sujeitos do tempo presente, que lutam por seus valores culturais e territoriais. Nossos
objetivos específicos buscam dialogar com o encontro de visões historiográficas que
apontavam para o desaparecimento dos primeiros habitantes do Brasil, em face ao europeu
i ilizado ,à o
uistado àdasàá
i as,àdia teàdosài d ge as,àpo osà aài f
ia,àse àhist ia,à
como escreveu Varnhagen, ou de grupos pertencentes a uma civilização muito atrasada,
rasteira, como defendeu o sociólogo Gilberto Freyre, e, fadada à extinção, nos dizeres de
Florestan Fernandes. Contrapondo-se a estes discursos, temos a perspectiva renovada de
Maria Regina Celestino Almeida que apresenta os índios como agentes de suas próprias
vontades, como povos que souberam fazer alianças ou guerras, e que ao se apropriarem dos
códigos do europeu, demonstraram uma extraordinária capacidade para sobreviver até os
dias de hoje, depois de todo caos instalado pela colonização europeia. Em linhas gerais, a
renovação da historiografia indígena tem o propósito de sair das universidades e chegar às
salas de aulas da Educação Básica brasileira, tendo como um grande aliado, a Lei 11.645/2008,
que alterou nossas bases curriculares, defendendo uma perspectiva de ensino pautada em
nossa diferença caucasiana, africana e também, indígena.
82
7. Josélia Ramos da Silva (Universidade Federal de Campina Grande; Mestranda) –
Comunicação oral: A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE HISTÓRIA À LUZ DA LEI
11.645/2008
A questão indígena é uma das mais antigas questões sociais existentes no Brasil. A Lei
11.645/2008 obriga o estudo da história e da cultura indígena nas escolas públicas e privadas
da Educação Básica. Esse artigo discute os dados obtidos na pesquisa realizada na Escola
Estadual de Ensino Fundamental e Médio Irineu Pinto, localizada na cidade de Bayeux/PB. A
pesquisa que realizamos junto a essa Escola foi através de nossas observações e de uma
entrevista que fizemos com os quatro professores de história para analisarmos a abordagem
da temática indígena na sala de aula. Para a entrevista usamos a técnica do questionário
semiestruturado. O artigo aponta para uma prática docente no ensino de história vinculada a
uma contextualização, em sentido macro: inserir o conhecimento histórico no dia a dia do
alunado e ao mesmo tempo informar as questões social, econômica, política e cultural em seu
período temporal e espacial. Nota-se também, que é preciso que todos os responsáveis pelo
processo educacional (MEC; secretarias estaduais e municipais, instituições de ensino
superior; escolas; historiadores; professores; autores de livros didáticos; técnicos da
educação) assumam seus papeis de coautores na implementação da Lei 11.645/2008, para
que ocorra a efetivação de um ensino de História Indígena no qual supere os equívocos, os
preconceitos e as omissões, pautando-se numa proposta pedagógica de convivência humana
de respeito, colaboração e solidariedade com a alteridade. Palavras-chave: Lei, ensino de
história e Indígenas. Eixo temático nº 10 - O Ensino da Temática Indígena e os 10 Anos da Lei
Nº 11. 645/20008: Experiências, Discussões e Propostas
83
8. Ana Elisa Rodrigues Alves Ribeiro (Universidade de Franca; doutoranda) – Comunicação
oral: ENSINO DA TEMÁTICA INDÍGENA NA FORMAÇÃO SUPERIOR EM SAÚDE
As mudanças na abordagem da temática indígena desencadeadas pela Lei
N°11.645/2008 tiveram repercussões em inúmeras instituições de ensino, inclusive na
universitária, envolvendo setores diversos como a formação de recursos humanos para a
saúde indígena. Elas favoreceram uma abordagem ampliada do tema e a formação de grupos
profissionais que foram contratados para atuarem no contexto indígena e tiveram um
retrocesso
posterior
decorrente
das
políticas
públicas
educacionais
na
área.
Desenvolvimento: Esta apresentação tem por objetivo relatar a experiência de uma estudante
de odontologia contemplada pelo Programa PROEXT – MEC/SESU (2010), para a melhoria da
qualidade de educação brasileira no contato direto com realidades concretas, ocorrida no
subsistema de saúde indígena na parceria entre USP (Projeto Huka-Katu: a FORP-USP no
Xingu) e UNIFESP (Projeto Xingu) em 2011 e sua posterior contratação como Cirurgiã Dentista
do subsistema. Percorrendo etapas acadêmicas preparatórias e de campo, o ensino da
temática com metodologias ativas contribuíram na aquisição de competências e habilidades.
A experiência resultou em um novo olhar para a questão intercultural e o compromisso de
trabalho profissional com tais comunidades. Conclusões: O ensino da temática indígena tem
desdobramentos em inúmeros contextos e são imprescindíveis uma vez que existem dívidas
históricas para com estas populações e o contato intercultural é quase que inevitável. O
retrocesso no ensino da temática precisa ser reconsiderado, visto que teve reflexo positivo
tanto na formação, quanto na atuação dos indivíduos, reduzindo preconceitos e contribuindo
para a cidadania.
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9. Diogo Francisco Cruz Monteiro (Faculdade Pio Décimo; Mestre) – Comunicação oral: A
AGÊNCIA INDÍGENA NO MANUAL SABER E FAZER HISTÓRIA – HISTÓRIA GERAL E DO BRASIL:
UMA INTERPRETAÇÃO ATRAVÉS DA ICONOGRAFIA DIDÁTICA
Neste artigo analisaremos as imagens sobre indígenas veiculadas no livro didático
Saber e Fazer História - História Geral e do Brasil, 7º ano: modernidade europeia e Brasil
Colônia (2009), escrito em co-autoria de Gilberto Vieira Cotrim e Jaime Rodrigues, publicado
pela editora Saraiva. Levando em consideração o disposto na Lei 11.645/08, que obriga a
introdução de conteúdos sobre a história e cultura indígena nas escolas de Ensino
Fundamental e Médio, públicas e privadas do país, nosso objetivo central é examinar as
formas de adequação das imagens relacionadas aos indígenas inseridas no livro Saber e Fazer
História ao que prescreve a referida Lei, por parte de seus autores e editores. Apropriandonos das discussões sobre Antropologia da imagem, presentes nas reflexões de autores como
Roland Barthes e Michel Foucault, das teorias sócio-antropológicas acerca da alegoria,
insertas nas interpretações de João Adolfo Hansen e James Clifford, além das teorias sociais
da agência, desenvolvidas por autores como Sherry Ortner e Homi Bhabha, examinaremos as
alegorias sobre a agência relacionada ao indígena presentes em Saber e Fazer História, através
da análise das suas imagens e textos. Procuraremos equacionar os seguintes
questionamentos: em contexto caracterizado pela difusão de políticas públicas educacionais,
que prescrevem a valorização e o respeito à diversidade étnico-racial, de que modo os
conteúdos do livro Saber e Fazer História refletem as disposições da Lei 11.645/08? Os autores
desse livro, a partir de uma visão relativizadora, atendem aos imperativos de respeito à
diversidade cultural indígena, a valorização de suas contribuições e experiências? Ou
perpetuam a visão eurocêntrica sobre os seus costumes e modos de vida? Os indígenas são
protagonistas nas narrativas didáticas da História, observados como agentes ativos capazes
de conduzir de maneira eficaz e autônoma suas próprias ações a fim de alcançarem seus
interesses coletivos? Ou eles ocupam apenas papéis secundários, passivos, enredados às
experiências de dominação e exploração do colonizador? No livro analisado, ao contrário do
que estabelece a Lei 11.645/08, as abordagens sobre as relações entre indígenas e não-índios
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orientam-se pela perspectiva da conquista, dominação (seja ela cultural ou econômica),
exploração e depopulação dos povos nativos, considerados como os mais frágeis na medição
de forças com a sociedade de não-índios.
10. Adauto Santos da Rocha (Universidade Federal de Campina Grande; mestrando) –
Comunicação oral: OS INDÍGENAS XUKURU-KARIRI EM PALMEIRA DOS ÍNDIOS/AL: ENTRE
MIGRAÇÕES, RETORNOS E RETOMADAS DO TERRITÓRIO
Discutimos os processos de migrações e dispersão ocorridos com o povo Xukuru-Kariri
no município de Palmeira dos Índios em Alagoas, evidenciando como após a expulsão de suas
terras e negação da identidade étnica, os indígenas foram trabalhar nas fazendas na região de
latifundiários que invadiram o território indígena. Buscamos compreender os processos de
migrações que favoreceram as retomadas de partes do território indígena que se
encontravam sob posse da Câmara Municipal e grileiros locais. O estudo foi realizado a partir
de entrevistas semiestruturadas com indígenas que vivenciaram o êxodo e as retomadas e
pesquisa documental em fontes escritas acerca do Posto Indígena Irineu dos Santos
pertencentes ao acerco do Museu do Índio, localizado no Rio de Janeiro. Como embasamento
teórico recorremos aos estudos de reconhecidos pesquisadores sobre a história indígena no
Nordeste, bem como as reflexões acerca das fontes orais e as relações entre memórias e
História.
11. Claudia Cristina do Lago Borges (Universidade Federal da Paraíba; doutora) – Comunicação
oral: A LEI 11.645 NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INDÍGENA
Desde a colonização do Brasil que os povos indígenas foram vistos como selvagens,
i g
uos àeài apazesàdeàseài se i e à oà o te toàdaàso iedadeà i ilizada.àE à
,à oàaugeà
do Estado Novo, Getúlio Vargas embarcando no discurso de uma identidade nacionalista,
cujas raízes remetiam aos povos indígenas, assina em 02 de junho de 1943, o Decreto 5.540
ueà esta ele iaà oà diaà
à deà a ilà o oà oà Diaà doà Í dio .à U àdo u e toà o à ape asà doisà
artigos, demonstra, na verdade, o segmento de uma valorização basicamente simbólica, pois
não estabelece nenhuma mudança em relação aos direitos indígenas. Ao longo dos anos, o
86
dia 19 de abril tornou-se meramente uma data comemorativa utilizada nas escolas de ensino
básico, nas quais muitos professores e alunos trabalham a história dos índios do Brasil numa
verdadeira alegoria carnavalesca. No processo de reconhecimento de diversas populações
originárias, a promulgação da Lei 11.645, de 2008, surge como perspectiva de uma alteração,
ou mesmo ruptura de visões cristalizadas e pré-concebidas sobre os indígenas do Brasil.
Reconhecendo a importância desse marco, a pergunta que nos cabe é: qual a importância dela
no contexto da educação indígena? Partindo desse questionamento, o Projeto ABAIARA,
vinculado ao Grupo de Estudos Indígenas da Paraíba/UFPB, tem analisado as questões que
envolvem as mudanças do ensino sobre a história indígena, sendo um dos seus objetivos
identificar como as legislações na área educacional tem impactado na educação indígena.
Como objeto da pesquisa, foram estudadas as escolas das aldeias potiguara da Baía da Traição,
considerando, entre outros, a análise dos materiais didáticos adotados e como estes estão
inseridos na proposta da Lei 11.645. Apesar de certa limitação quantitativa e variedade
editorial do acervo pesquisado, o projeto ateve seu olhar sobre os materiais utilizados por
alunos dos 6º e 7º anos do Ensino fundamental, o que acabou revelando um distanciamento
entre o que está apresentado nos livros e a realidade das populações locais.
12. Kléber Rodrigues Santos (Secretaria de Estado da Educação (SEED/SE); mestre) –
Comunicação oral: DENÚNCIA E VITIMIZAÇÃO: REPRESENTAÇÕES SOBRE OS INDÍGENAS
NOS MANUAIS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DO BRASIL PUBLICADOS ENTRE 1980 E A DÉCADA
DE 1990
Este trabalho tem como objetivo dar a conhecer as mudanças e permanências nas
representações sobre povos indígenas veiculadas pelos livros didáticos de História do Brasil,
produzidos no período 1980-1990. Os manuais do período transformavam os índios em
vítimas nas relações que mantiveram com colonos, jesuítas, bandeirantes, etc. Os índios
brasileiros eram vistos, nesses livros didáticos, como povos submetidos à força, com suas
terras conquistadas e sua cultura destruída. Ao denunciar o extermínio, os manuais acabavam
retratando os povos indígenas como sociedades em via de desaparecimento. Os índios eram
reduzidos a um papel de figurantes na história, sem autonomia ou capacidade de intervir na
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realidade social. Ressaltamos que um estudo sobre as representações indígenas nos manuais
didáticos pode oferecer a educadores e historiadores um panorama da escrita da História
realizada sob esse gênero. A pesquisa também pode fornecer subsídios para entendermos
como era abordada a temática indígena no ensino de História antes da promulgação da Lei
11.645.
13. Maria Alda Tranquelino da Silva (Universidade Federal da Paraíba; doutoranda) –
Comunicação oral: A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DO PROFESSOR QUE ATUA NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS INDIGENAS
O presente artigo e um recorte do trabalho de Dissertação realizado no Programa de
Educação na Universidade Federal da Paraíba Campus I, que teve como objetivo discutir sobre
a formação inicial e continuada dos professores da etnia potiguara, da Baía da Traição, litoral
norte da Paraíba que atuam na Educação de Jovens e Adultos indígenas; identificar que tipo
de formação é ofertada aos professores que atuam na EJA Indígena; e ainda na ausência de
formação para atuar na modalidade em foco, quais as estratégias construídas pelos
professores para atuarem nessa modalidade. Com base na técnica de Análise de Conteúdo,
preconizada por Bardin (2011), foi possível constatar que na modalidade da EJA Indígena,
existe uma lacuna na formação desses professores e na ausência dessa formação continuada
estes professores elaboram estratégias pedagógicas para o trabalho em sala de aula na
relação com os colegas de trabalho, nos espaços de planejamentos, no contato com os
discentes e com a comunidade escolar, esses espaços vão fomentando as estratégias
pedagógicas necessárias para o exercício de sua prática. Nossa pesquisa aponta a importância
da formação inicial e continuada para os professores que atuam nesta modalidade,
considerando elemento essencial para a realização de práticas exitosas no exercício da prática
pedagógica e consequentemente, nos resultados de aprendizagens com esse público.
Acreditamos que a formação continuada contextualizada com a realidade dos povos indígenas
pode contribuir para uma escola que valorize o indígena nos seus diversos aspectos. Nosso
trabalho encaixa-se no eixo temático 10. O Ensino da Temática Indígena e os 10 Anos da Lei
Nº 11. 645/20008: Experiências, Discussões e Propostas. Uma vez que diante de inúmeras
questões que será abordada nesse grupo de trabalho, irá discutir e problematizar também a
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formação inicial e continuada específica dos docentes, diante dos avanços e retrocessos que
acompanhamos cotidianamente no que se refere a temática indígena.
14. Jackeline de Almeida Silva (Universidade Estadual da Paraíba; mestranda) – Comunicação
oral: EXPERIÊNCIA COM A CULTURA POTIGUARA
Através de uma Mostra Pedagógica iniciamos o Projeto Os Potiguaras. Como
educadora/pesquisadora, tinha um breve conhecimento sobre os povos indígenas Potiguaras
na Paraíba, entretanto, através do projeto a busca pelas informações se tornaram mais ávidas
e constantes. Os Potiguaras são um povo guerreiro, hoje habitam às cidades de Baia da
Traição, Marcação e Rio Tinto, com mais de trinta aldeias. O conhecimento da etnia Potiguara
em minha turma, era zero, não só por se tratar de uma turma de pré-escola, mas sobretudo
pela não valorização e pouca divulgação da existência, até a atualidade, desse povo indígena
em terras paraibanas. A execução desse projeto visou fortalecer a Lei 11.645, que acrescentou
a obrigatoriedade do ensino da cultura e história indígena à Lei 10.639, de 2003, responsável
por inserir a história afro-brasileira e africana aos currículos escolares. Com o intuito de
fortalecer esses saberes, buscamos na escola indígena Potiguara um suporte importante no
resgate da cultura e tradição da etnia, pois é um espaço onde os conhecimentos da
comunidade indígena podem ser transmitidos/repassados de geração a geração. Ter como
ponto de partida uma troca de experiência é, no mínimo, animador. Foi com esse foco que
perpassamos por todo projeto, acreditando que criança aprende na troca com seus pares,
sabendo que crianças de outros espaços, vivências, costumes e crenças podem e são tão iguais
a elas. Com objetivo de mostrar como os povos indígenas viviam, vivem e como produzem sua
arte e de perceber as influências indígenas no cotidiano, desenvolvemos o projeto. No intuito
de explorar ao máximo o tema escolhido e dividirmos os saberes adquiridos, utilizamos os
seguintes recursos no desenvolvimento das propostas: Rodas de leitura e produção textual,
tendo como base livros cedidos pela Escola Indígena Potiguara. Realizamos leituras e
dramatizações das lendas potiguara. Exploramos o grafismo indígena em cartazes e com
pintura corpórea. Nossa turma aprendeu de maneira prazerosa e enriquecedora quem são e
como vivem os Potiguaras. Através da troca de experiência conseguimos mediar o processo
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de aquisição de conhecimentos. Buscamos valorizar todas as experiências vivenciadas bem
como as descobertas e conquistar que obtivemos ao longo do projeto.
15. Aluska Wanderleya Gomes da Costa (UFCG; mestranda) – Comunicação oral: TE‘‘áà
VE‘MELHá :àOàEN“INOàDáàHI“TÓ‘IáàINDIGENáàáT‘áVÉ“àDáàFONTEàCINEMáTOG‘ãFICá
O presente artigo tem por proposito apresentar um dos inúmeros meios
metodológicos para auxiliar os professores-educadores a abordarem a temática dos povos
indígenas em sala de aula, ou seja, a utilização da fonte cinematográfica, aqui sendo utilizado
o filme Terra Vermelha (2008) que é inspirado em fatos reais, tendo como direção Marco
Bechis, dessa forma obtendo uma maior atenção por parte dos estudantes, levando-os a
discutir a dita temática e rever alguns conceitos que é posto pela sociedade, até mesmo a
mídia brasileira, que propaga uma série de visões pejorativas atribuída aos povos indígenas
no Brasil, além de condenarem a sua existência a um passado estático, sem levar em
consideração que a história é cíclica e os sujeitos estão em constantes mudanças culturais, por
inúmeras vezes essas visões continuam sendo propagadas em sala de aula, seja por livros
didáticos, educadores, ou até mesmo o esquecimento em que entoa o ensino da história dos
po osài d ge asà oàB asil,à o àu aà
i eàape asà aàá az
oldu a àj àp o ta,àu aài age àdeàu ài d ge aà ue
ia,à ueà i e àe à o as ,à o àatitudesàag essi as,àse à esti e tas,à
utilizando-seà ape asàdeàa oà eà fle ha,à eà pou oà o tatoà o à oà esto à daà so iedadeà ouà at à
mesmo nenhum contato, destinado a viverem nas matas amazônicas, existindo também os
que acreditam em que os indígenas são pessoas interesseiras, de pouca coragem, ladrões e
que só visam tomar de posse das terras do agricultor branco, fato que poderá ser notado com
maior ênfase na película cinematográfica que aqui fora proposta, sem haver a
problematização de novos meios do Ser indígena nos dias atuais, como também a inexistência
do conhecimento da maior parte da população sobre a verdadeira face do que é fazer parte
doà o po ài d ge a,àassi àoàfil eài àa plia àasàdis uss esàso e o objeto de pesquisa aqui
trabalhado, sendo possível fazer uma reflexão por parte dos professores e estudantes, na
construção de uma nova sensibilidade sobre o olhar do que é Ser povo indígena nos dias atuais
na sociedade brasileira.
90
16. Janailson Macêdo Luiz (Universidade Federal do Sul e Sudoeste do Pará; doutorando) –
Comunicação oral: ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS EM
MARABÁ-PA: EXPERIÊNCIAS EM TORNO DA APLICAÇÃO DA LEI 11.645
O artigo apresenta experiências sobre a abordagem da educação das relações étnicoraciais, a partir do que preconiza a Lei 11.645/2008, desenvolvidas em uma escola estadual de
ensino médio localizada em Marabá-PA. As atividades, voltadas para o trabalho relacionado à
história e cultura indígenas e história e cultura afro-brasileira foram efetuadas a partir de
iniciativas de docentes da EEEM Dr. Gabriel Sales Pimenta, e contaram com o apoio do núcleo
Nu
u tuà daà U ifesspa,à at a sà deà aç esà e te sio istas.à Fo a à ealizadasà ati idadesà deà
apa itaç o,àp o o idasàpeloàN umbuntu, e planejamento que possibilitaram a interlocução
entre integrantes do núcleo, docentes da escola e os discentes das turmas do Ensino Médio.
A partir de um projeto inicial foram desenvolvidos subprojetos, através da busca de um
diálogo interdisciplinar entre a Sociologia, a História, a Língua Inglesa, a Matemática, entre
outras. A experiência possibilitou que fossem colocadas em cena algumas das tensões e
desafios quanto ao desenvolvimento de um projeto sobre a educação das relações étnicoraciais em Marabá, permitindo, ao mesmo tempo, uma maior compreensão quanto as
inúmeras possibilidades que tal abordagem encerra, incluindo-se a construção de práticas
educacionais em que indígenas e negros não sejam estejam marcados por uma invisibilidade,
mas tidos como sujeitos do conhecimento.
17. Jadson Pereira Vieira (UFPB; mestre) – Comunicação oral: POR UMA EDUCAÇÃO ÉTNICORACIAL: A QUESTÃO INDÍGENA NO ENSINO FUNDAMENTAL II
A presença de vários povos indígenas na região norte é uma marca importante no quadro
da diversidade sociocultural do nosso país e, no Estado do Tocantins, não é diferente. Fato
que por si só justifica a política de cotas indígenas, que existe na UFT desde 2004, sendo
implantada efetivamente em 2005, e conta, até os dias atuais, com programas de assistência
financeira e pedagógica voltados aos estudantes cotistas com bolsas e apoio docente através
do GTI (Grupo de Trabalho Indígena), e do sistema de monitorias. DESENVOLVIMENTO – É
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importante destacar que a permanência dos indígenas na universidade não é uma situação
simples, tendo em vista a realidade acadêmica no que diz respeito a metodologia desenvolvida
pelos professores e os padrões exigidos pela ciência. O aluno indígena ao se tornar
universitário se depara com uma realidade diferente das suas tradições, lógicas de
pensamento, costumes e valores, levando-os a alguns problemas de natureza acadêmica e
identitária. Essas dificuldades, em muitos casos, comprometem a sua permanência na
instituição frente à uma série de dificuldades, tais como: pouca participação na convivência
com os colegas e professores, dificuldades no acompanhamento das atividades e até
desistência do curso. Nosso objetivo é identificar essas dificuldades a partir da visão que esses
estudantes têm de si, e de todo o processo vivenciado na universidade, ou seja, de sua
experiência enquanto universitário indígena. Para tanto, os conceitos identidade
sociocultural, racismo institucional, a Lei 11.645 que estabelece a obrigatoriedade da temática
Hist iaà eà Cultu aà áf o-Brasilei aà eà I d ge a ,à al
à dosà depoi e tosà dosà dis e tes,à osà
servirão como fundamentação teoria. PRINCIPAIS RESULTADOS E CONCLUSÕES – Através da
aplicação de um questionário e da análise dos conceitos básicos referentes à temática,
buscamos compreender os principais problemas enfrentados por esses acadêmicos na sua
especificidade, para que, a partir daí, possamos encontrar novas soluções e ajustes que os
ajudem em um melhor aproveitamento da vida acadêmica.
18 Elenira Oliveira Gomes + Profª Drª Simone de Souza Lima . – Comunicação Oral: A
LÍNGUA SURDA DO POVO KAYAPÓ E O SILENCIAMENTO DA HISTÓRIA INDÍGENA NO
CURRICULO ESCOLAR.
O presente texto enfatiza a importância da língua surda dos Kayapó, como
instrumento de cidadania, com base na legislação existente, e também a superação do
silenciamento da história indígena nos currículos escolares. E neste contexto, destacar que os
povos indígenas foram alvos de exploração e violência, tendo as suas identidades silenciadas
pela historiografia t adi io al,àse doàestesàpo osà i is eis à osà u
ulosàes ola esàeà osà
cursos de graduação em história. Através de movimentos organizados por eles, (os índios)
conseguiram que fosse sancionada a Lei 11.645, de 10/03/2008, que garante a
92
obrigatoriedade do ensino da história indígena, em todos os níveis. Portanto, nos interessa
destacar as especificidades do modo de vida do povo kayapó no que atém a linguagem,
desafio da pesquisa que estamos realizando, e também os impactos do ensino de história
indígena quanto ao combate de representações discriminatórias que existem acerca dos
povos indígenas. Nessa perspectiva usaremos um texto produzido pela própria comunidade
como forma de cultura e preservação dos seus modos de vida, que se refletem na língua de
sinais criada e utilizada pela comunidade kayapó, tendo em vista que aproximadamente 75%
dos seus integrantes são surdos, devido uma epidemia da boba neonatal.
Pôster 15:00 às 16:00 (Exposição Roll das Placas dia 29/06/2018)
18. Jademilton Cardozo da Silva (UFT; Graduando) – Pôster: EXPERIÊNCIAS IDENTITÁRIAS DOS
ESTUDANTES INDÍGENAS NA UFT - CAMPUS DE PALMAS. Orientador(a): Dr. José Vandilo
dos Santos
A presença de vários povos indígenas na região norte é uma marca importante no
quadro da diversidade sociocultural do nosso país e, no Estado do Tocantins, não é diferente.
Fato que por si só justifica a política de cotas indígenas, que existe na UFT desde 2004, sendo
implantada efetivamente em 2005, e conta, até os dias atuais, com programas de assistência
financeira e pedagógica voltados aos estudantes cotistas com bolsas e apoio docente através
do GTI (Grupo de Trabalho Indígena), e do sistema de monitorias. DESENVOLVIMENTO – É
importante destacar que a permanência dos indígenas na universidade não é uma situação
simples, tendo em vista a realidade acadêmica no que diz respeito a metodologia desenvolvida
pelos professores e os padrões exigidos pela ciência. O aluno indígena ao se tornar
universitário se depara com uma realidade diferente das suas tradições, lógicas de
pensamento, costumes e valores, levando-os a alguns problemas de natureza acadêmica e
identitária. Essas dificuldades, em muitos casos, comprometem a sua permanência na
instituição frente à uma série de dificuldades, tais como: pouca participação na convivência
com os colegas e professores, dificuldades no acompanhamento das atividades e até
desistência do curso. Nosso objetivo é identificar essas dificuldades a partir da visão que esses
estudantes têm de si, e de todo o processo vivenciado na universidade, ou seja, de sua
experiência enquanto universitário indígena. Para tanto, os conceitos identidade
93
sociocultural, racismo institucional, a Lei 11.645 que estabelece a obrigatoriedade da temática
Hist iaà eà Cultu aà áf o-B asilei aà eà I d ge a ,à al
à dosà depoi e tosà dosà dis e tes,à osà
servirão como fundamentação teoria. PRINCIPAIS RESULTADOS E CONCLUSÕES – Através da
aplicação de um questionário e da análise dos conceitos básicos referentes à temática,
buscamos compreender os principais problemas enfrentados por esses acadêmicos na sua
especificidade, para que, a partir daí, possamos encontrar novas soluções e ajustes que os
ajudem em um melhor aproveitamento da vida acadêmica.
19. Claudiana Faustino de Castro (Universidade Estadual da Paraíba; Graduanda) – Pôster:
OLHARES SOBRE EXPERIÊNCIAS NA AULA DE HISTÓRIA INDÍGENA: DESAFIOS, MEMÓRIAS E
ESQUECIMENTOS. Orientador(a):José do Egito N. Pereira
Tendo em vista que a educação desempenha um papel fundamental na constituição
do sujeito e cidadão, torna-se importante que os estudantes da educação básica da área de
História, tenham contato com a história indígena que é produzida nas academias, entendendo
que a História é um campo litigioso, permeada por diversos discursos. Este artigo visa esboçar
sobre a experiência pessoal de uma aluna de graduação em história, juntamente com seu
professor de Estágio Supervisionado, a qual utilizou a temática indígena na sala aula, visando
mostrar como os indígenas foram protagonistas no processo da Colonização Portuguesa no
Brasil. Em análise, percebe-se que os estereótipos atribuídos aos indígenas ainda são de
vítimas, preguiçosos, passivos e a-históricos. Os novos olhares postos aos indígenas no
decorrer da aula mostrando-os como protagonista no processo de colonização da américa
portuguesa causou um certo espanto e desconfiança por parte alunos no primeiro momento,
mas que no final os próprios alunos começaram a questionar certas visões postas aos
indígenas, principalmente na modernidade. A experiência da aula nos demostrou o quanto a
história desempenha o papel de conscientização dos alunos ao expor que os índios foram
protagonistas tanto na história vivida quanto nas visões da historiografia recente, fugindo das
visões eurocêntricas da história tradicional, a qual atribui a vitimização do indígena. Nossa
fundamentação historiográfica tem por base as contribuições de Varnhagen, Freyre,
Bittencourt, Almeida, entre outros, que escreveram de acordo com suas atualidades,
mostrando que a história é sempre filha do seu tempo. As provocações e contribuições da
94
historiadora Maria Regina Celestino Almeida, é a base deste trabalho, sendo, portanto, o
alicerce para discutirmos a inserção da Lei 11.645/08 na temática de ensino de história do
Brasil.
Palavras-chaves: estágio, história indígena, Lei 11.645/2008.
20. Iasmin Araújo Bandeira Mendes (Universidade Federal de Campina Grande; Graduanda) –
Pôster: POVOS INDÍGENAS NO ENSINO BÁSICO PARA ALÉM DE ESTEREÓTIPOS: UMA
ABORDAGEM POSSÍVEL. Orientador(a):Lígia Beatriz Carvalho de Almeida
Este artigo destaca o resultado de um curso abordando a temática Povos Indígenas
desenvolvido com alunos de 6º a 9º anos da escola pública localizada na cidade de Campina
Grande – Paraíba, aplicando a lei n. 11.645. O curso integrou as atividades de estágio
supervisionado do curso de Comunicação Social com linha de formação em Educomunicação
da Universidade Federal de Campina Grande e teve como objetivo despertar a consciência
crítica dos participantes acerca da realidade dos povos indígenas brasileiros na
contemporaneidade. Dessa maneira, pretendeu-se fomentar o afastamento das celebrações
estereotipadas comuns nas instituições do ensino básico, características do dia do Índio. O
protagonismo e a percepção crítica dos pré-adolescentes foram pressupostos primordiais no
planejamento e desenvolvimento das atividades do curso, para isto, colocou-se em prática
conceitos de educomunicação – mais especificamente educação para comunicação – e
educação dialógica. O curso foi desenvolvido a partir da abordagem do ensino híbrido e
contou com oficinas de audiovisual e de leitura crítica da mídia, zelando sempre pelo
protagonismo dos educandos. A pesquisa de campo aliou teoria e prática, a medida que foi
feita concomitantemente ao curso ministrado. O curso resultou na produção de um vídeo
feito pelos educandos, que foi exibido no evento de final de ano da escola. A pesquisa, porém,
não foi concluída, pois compreende-se que até então foi possível explorar apenas a realidade
de uma escola específica, com público-alvo homogêneo
95
21. Liliane Aparecida Freitas Lins (Universidade Estadual da Paraíba; graduanda) + Lais de
Oliveira Neves (Universidade Estadual da Paraíba; graduanda) – Pôster: ÍNDIO EDUCA:
NOVAS TECNOLOGIAS PARA O ENSINO/APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA INDÍGENA NO
ENSINO BÁSICO BRASILEIRO. Orientador(a): Aline Praxedes de Araujo
Passados dez anos da lei 11.645/2008, muito ainda precisa ser discutido sobre os
indígenas brasileiros, principalmente em âmbito educacional, tendo em vista que poucos
momentos são utilizados para os estudos sobre os povos de origem. O presente estudo tem
o oà ei oà e t alà oà siteà Í dioà Edu a ,à o oàfe a e taà te ol gi aà eà etodol gi aà pa aà
auxiliar os/as professores/as do ensino básico à trabalhar história indígena com os/as
alunos/as e assim quebrar velhos estereótipos acerca da cultura indígena. O site é produzido
pela Thydêwá, uma Organização não-governamental formada por índios e não-índios, sendo
possível assim perceber como os povos de origem contam sua própria história, se veem
enquanto cidadãos com direitos e deveres, particularidades e semelhanças com a sociedade
oà i d ge a.à át a sà dosà te tosà Hist iaà dosà Í diosà oà B asil ,à deà Ma uela Carneiro da
Cu ha;à Osà diosà aà hist iaà doà B asil à deà Ma iaà ‘egi aà Celesti oà deà ál eida;à Hist ia,à
te poàp ese teàeàhist iaào al ,àdeàMa ietaàdeàMo aesàFe ei a,à us ou-se perceber como a
historiografia trabalhou e ainda trabalha com as fontes e as percepções sobre a história do
out o ,à ueàa uià àoà dio,àat ela doàessasàleitu asà o àasàDi et izesàCu i ula esàNa io aisà
para a Educação Escolar Indígena, do MEC, foi possível perceber a dificuldade em implementar
o ensino de história indígena nas escolas, mesmo após uma década da promulgação da lei
11.645/2008. Objetivou-se por trabalhar o índio em seu aspecto sociocultural, através da
o asà
dias,à o àfo oà oàsiteà Í dioàEdu a ,àdeà a ei aà ueàosàa tigosàeste e tiposàseja à
modificados. Conclui-se dessa forma que site se mostra como uma rica ferramenta para os
docentes em suas aulas, pois a plataforma é um ambiente lúdico, além de trabalhar com a
perspectiva tecnológica, tão conhecida dos jovens, despertando na nova geração uma
consciência maior sobre os povos de origem, que aparentemente povoam tão vivamente um
imaginário mítico.
96
22. Julya Carolina Souza Vasconcelos (Universidade Federal de Pernambuco; graduanda) –
Pôster: QUAL O ÍNDIO QUE VOCÊ CONHECE? IMAGENS SOBRE OS ÍNDIOS EXPRESSAS POR
ESTUDANTES DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO/UFPE. Orientador(a): Profº Drº Edson Hely Silva
Os indígenas do Brasil têm uma data comemorativa reservada na educação, o dia 19
deàa il,à ua doàseà o e o aà oàpa sàoà DiaàdoàÍ dio .àÉà o u à asàes olasàessaàdataàse à
lembrada com as crianças voltando para casa pintadas, utilizando penas e chocalhos,
evidenciando a imagem estereotipada que é ensinada nas escolas do país a respeito dos povos
indígenas. O espaço destinado a história dos povos indígenas nos anos do Ensino Fundamental
- Anos Finais, restringe-se, em sua maioria, ao Brasil Colônia, não reconhecendo-os como
atores sociais ativos de sua História. O Colégio de Aplicação da UFPE, (CAp.), tem uma
proposta diferente com relação a outras instituições educacionais. Procurando atender o que
determina a Lei nº 11.645/2008, referente a obrigatoriedade do ensino da temática indígena
na Educação Básica é ofertada para seus estudantes do 6º ano uma cadeira de PD (Parte
Di e sifi ada ,à i tituladaà Osà
diosà aà Hist ia ,à
i ist ada pelo Prof. Edson Silva,
favorecendo debates para desconstruir as ideias cristalizadas e atualizar discussões sobre a
situação dos indígenas na contemporaneidade. O objetivo dessa comunicação será apresentar
as imagens que os estudantes do CAp expressam após cursar a PD Índios na História a partir
das entrevistas com respostas do questionário com os alunos no 7º ano. O questionário é
composto por 5 perguntas: 1- Qual a primeira ideia que você pensa ao ouvir a palavra índio?;
2- Qual a importância de estudar a PD os índios na História?; 3- Descreva as principais
informações que você aprendeu e achou mais importante sobre os índios?; 4- O que você
aprendeu sobre os índios que ainda não sabia ou que era diferente do que conhecia?; 5Descreva o que você aprendeu sobre povos indígenas que habitam em Pernambuco. A partir
das respostas, fora possível observar as diferentes perspectivas dos discentes referente aos
povos indígenas, geralmente carregadas de estereótipos, antes da disciplina, e como o debate
atualizado mudou as mesmas. Eixo temático: Educação, História.
97
23.
Thyara Freitas de Alcantara (Universidade Federal de Pernambuco; graduanda) –
Pôster: A DISCUSSÃO DA TEMÁTICA INDÍGENA EM SALA DE AULA: PROBLEMATIZANDO
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM ESCOLAS PRIVADAS, DEZ APÓS A LEI Nº 11.645/2008.
Orientador(a): Edson Hely Silva
Discutimos nesse texto práticas pedagógicas referentes ao ensino da temática indígena
analisadas em três escolas da rede privada de ensino do estado de Pernambuco. Duas das
escolas analisadas se localizam em áreas periféricas com estudantes residentes a
proximidades; e a terceira é uma escola católica localizada em uma área tradicionalmente
turística, frequentada por estudantes em sua maioria da classe média alta. Apesar, das três
escolas estarem inseridas em contextos sociais distintos, todas apresentam práticas
pedagógicas semelhantes sobre o ensino da temática indígena, com abordagens de conteúdos
generalizantes e ultrapassadas, ocorrendo a manutenção de estereótipos, que cristalizam
imagens dos índios no passado longínquo, sendo totalmente distante de como vivem na
atualidade em suas sociodiversidades.
24. Ruth de Souza Santana (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará; graduanda) –
Pôster: EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: CONSIDERAÇÕES SOBRE A APLICAÇÃO
DA LEI 11.645 NA ESCOLA GABRIEL SALES PIMENTA (MARABÁ-PA). Orientador(a):
Janailson Macêdo Luiz
Nesse artigo propomos analisar as intervenções construídas pelos alunos e
professores da Escola Estadual Gabriel Sales Pimenta na cidade
de Marabá-PA durante
a
realização de projeto voltado para a educação das relações étnico-raciais. Realizadas no final
do 4º bimestre de 2017, as intervenções – onde fora lançado mão da arte através de diversas
linguagens:
dança,
teatro,
música,
poesia
-
tiveram
como
foco
a
abordagem das relações étnico-raciais, trazendo para discussão temas como valores, estética,
história e resistência dos povos afro-brasileiros e indígenas, em conformidade com
a lei 11.645/2008. As intervenções foram realizadas em conjunto com outras atividades, como
palestras, rodas de conversas, oficinas e espaços de dialógos onde se objetivava que cada
professor e aluno pudesse expor dúvidas e conhecimentos prévios tidos acerca dos temas,
98
bem como construir ações voltadas ao trabalho com as relações étnico-raciais de maneira
t a s e sal.à ásà aç esà fo a à apoiadasà peloà ú leoà N u
u tu da Unifesspa. Percebemos ao
final do semestre a complexidade que o ensino dessas temáticas apresenta e como ainda está
inserido na sociedade o preconceito etnico-racial, reproduzidos, apesar dos inúmeros avanços
apresentados durante a realização do projeto, em muitas das intervenções e ações que
visavam quebrar estereótipos e preconceitos, demonstrando os desafios a serem
vencidos na implementação da Lei 11.645 e a necessidade de se desenvolver atividades
contínuas e sistemáticas que possibilitem a construção de novos olhares sobre a história e
cultura dos povos indígenas e das populações negras.
99
GT 11 Autonomias, Etnicidade e Nação. Os Novos Movimentos Indígenas na América Latina
a Partir de 1980.
Apresentações dia 28/06/2018, das 14:00 às 17:00
Sala 204 , Bloco BZ
Coordenadores
Celso Gestermeier do Nascimento – UFCG
Antonio Carlos Amador Gil – UFES
Comunicação oral
1. Celso Gestermeier do Nascimento (Universidade Federal de Campina Grande; Em
Especialização) – Comunicação oral: A RESISTÊNCIA INDÍGENA NO NOVO SÉCULO: O
NEOLIBERALISMO NA MIRA
As duas últimas décadas do século XX foram fundamentais para as lutas dos povos
indígenas na América Latina, principalmente em termos de formas de resistência, algumas
herdadas do passado e reativadas no presente e outras que nasceram influenciadas pelas
novas tecnologias, a exemplo dos computadores e da internet. Embora a maioria de suas
reivindicações seja antiga – ainda que quase nunca reconhecidas – o nascimento do século
XXI presenciou o renascimento vigoroso das lutas indígenas por seus direitos, valendo-se de
inúmeras formas de oposição ao processo de globalização econômica que parecia impor-se
hegemonicamente ao mundo, eliminando tradições e culturas locais. Tomando como campo
de pesquisa a Bolívia a partir do estudo de sites indígenas, pudemos acompanhar essas lutas
contra os governos nacionais e sua truculência, em suas diferentes frentes de batalha. Em
pa ti ula ,àes olhe osà efleti à esteàe o t oàoàe e toà ueàfi ouà o he idoà o oà Gue aàdaà
ãgua à deà Co ha a
aà oà a oà deà
:à eleà i d ge asà t a alharam conjuntamente com
outros moradores da cidade para evitar a privatização do sistema de fornecimento de água
potável para a população e, apesar da repressão, conseguiram obter uma importante vitória
ao expulsar a companhia de Águas do Tunari, um conglomerado multinacional que visava
100
aumentar os preços do fornecimento de água. Essa guerra mostrou exemplos de cooperação
e coragem para defender o que deve ser público e gratuito. Por fim, a outra forma de
resistência – que foi o centro de nosso trabalho – dá-se atualmente no ciberespaço, onde
grupos nativos criam sites e usam-nos como forma de aproximação entre diferentes etnias
em prol de reivindicações comuns, ou seja, a internet vem propiciando um novo local de
resistência, onde tradições são revividas, histórias são recuperadas e contadas, reafirmando
uma identidade nativa, americana e pré-colombiana. assim como a necessidade de
cooperação e solidariedade, na busca de um novo mundo mais feliz.
2. Kamyla Raphaely Macedo Monteiro (UFRN; mestranda) – Comunicação oral:
EMERGÊNCIA ÉTNICA E SAÚDE DIFERENCIADA NA COMUNIDADE DOS CABOCLOS DO
ASSÚ/RN
O presente trabalho articula sobre a comunidade dos Caboclos do Assú, região
localizada a cerca de 30 km do centro do município de Assú no Rio Grande do Norte. Estes
povos, no início do século XXI, passam a ser vistos e a se auto reconhecer como indígena
dentre as 07 (sete) demais comunidades de emergência étnica do estado do RN, embora suas
lutas e reivindicações por direitos, seja algo que anteceda esse período. Assú,é historicamente
e o he idaà o oàpal oàdeàu aàdasà aio esà esist
dosàB
ias ài d ge asà ha adaàdeà Gue aà
a os àeàt a alhosàdeàHisto iado es,à o oàoàdeàF ti aàMa ti s,àpo àe e plo,à e i eàaà
história desses povos sobre uma outra óptica, mostrando que os índios ainda vivem no nosso
estado, e inspirando a tantos outros trabalhos, que se iniciam e contribuem para a construção
da historiografia do Rio Grande do Norte. Diante dessa afirmação, onde estão os povos
indígenas do estado do Rio grande do Norte e quais os caminhos por eles escolhidos para a
construção de sua identidade étnica? O trabalho cita as comunidades emergentes do estado,
mas quanto ao estudo da construção da identidade ele limita-se apenas à comunidade dos
Caboclos do Assú. Portanto, o artigo objetiva analisar o processo atual de emergência étnica
destes índios no sentido de aclarar os caminhos por eles escolhidos na construção e afirmação
de sua identidade, como a implantação, por exemplo, de uma saúde diferenciada. Para isto,
foi utilizada a história oral como metodologia de pesquisa e como fonte, utilizaremos a Ata de
101
Conferência para formação do Conselho Local de Saúde Indígena na Comunidade dos
Caboclos do Assú.
3. Rodrigo de Morais Guerra (UFRN; mestrando) – Comunicação oral: LA GUERRA DE
CONQUISTA
SOBRE
EL
CAMPO
MEXICANO:
RESISTÊNCIAS,
IDENTIDADE
E
TERRITORIALIDADE ZAPATISTA (PEDE PARA QUE SEU TRABALHO SEJA APRESENTADO NO
DIA 28 POR QUESTÃO DE LOGÍSTICA)
O presente trabalho tem como objetivo ampliar as discussões acerca da formação do
território social zapatista em meio à conjuntura polítco/econômica neoliberal. Para tanto, nos
basearemos no comunicado proferido pelo Subcomandante Marcos, datado de Março de
,à Laàgue aàdeà o
uistaàso eàelà a poà e i a o.àElà ue oàdespojo...à àsiglosàdespu s ,à
e exploraremos como os indígenas de Chiapas têm resistido às pressões capitalistas
neoliberais sobre seus territórios, os interesses envolvidos nesses conflitos e a construção de
uma territorialidade autônoma como alternativa de desenvolvimento. À vista disso,
exploraremos o conceito de cosmografia, para demonstrarmos uma identidade territorial,
bem como um vínculo afetivo, que permeiam estes territórios e conduzem à formação de uma
nova maneira de pertencimento ao Estado-nação, confrontando a, até então, inevitável
relação heterônoma territorial que pauta a formação dos Estados nacionais modernos. Em
suma, apontaremos para uma melhor compreensão da complexidade das relações espaciais
indígenas em um mundo regulado por relações de poder hegemônicas e por interesses do
capital, suprimindo a possibilidade de um mundo pautado pela pluralidade e novas
possibilidades de relações de poder no âmbito territorial.
Eixo temático: Autonomias, Etnicidade e Nação.
4. Miscilane Costa Silva (Universidade Regional do Cariri; Graduanda) – Pôster: áQUIà Éà
TODOàMUNDOàÍNDIOàKá‘I‘I :àP‘OCE““OàDEàAUTOAFIR-MAÇÃO ÉTNICA DE MORADORES
DO SÍTIO POÇO DANTAS NA CIDADE DE CRATO-CE
Este trabalho tem como pretensão analisar o processo de busca por reconhecimento
enquanto índios de etnia Kariri, vivenciado por morado-res do Sítio Poço Dantas, zona rural
do município Crato-CE. O campo de estudo sobre a luta por reconhecimento, vivenciada
102
grupos étnico-indí-genas nordestinos após a década de 1980, há algumas décadas tem se
firmado nos debates das Ciências Sociais. Nele, eclodem diferentes discussões referentes ao
surgimento dessas novas formas de organizações políticas e de estratégias de afirmação
baseadas na etnicidade. A compreensão do processo de formação identitária dos índios do
Nordeste se deu, entre outros motivos, em função de uma variação teórico-metodológica
assumida por pesquisadores antropólogos. Estes passam a atuar com a inserção de novos
sujeitos políticos, até então invisibilizados por uma literatura que essencializava e silenciava a
presença indígena no Nordeste. Tal silenciamento, perdurou até meados do século XX, e aos
poucos foi sendo rompido, principalmente a partir da década de1980, momento em que
vários grupos étnicos começam a lutar pelo reconhecimento e pela garantia do acesso à terra.
Aparecendo como um dos mais recentes grupos nordestinos a reivindicarem reconhecimento
identitário, os índios Kariris de Poço Dantas desde o ano de 2007, vivenciam um processo de
articulação na busca por legitimidade dentro e fora da localidade em que residem. Pensando
nas redes desencadeadas durante o mesmo, buscamos assim entender como esses sujeitos
estão operacionalizando e agenciando, por meio de um processo de etnogênese, a luta por
autoafirmação dessa identidade indígena, percebendo quais as relações de forças que estão
sendo tensionadas e articuladas na construção dessa etnicidade, bem como, os sentidos e as
significações em torno de uma identidade indígena que permeiam o imaginário desses
sujeitos. Para desenvolvimento do trabalho optamos pela atuação frequente na localidade,
onde tem sido possível tecer diversos diálogos com moradores e personagens externos, que
estão diretamente ligados a essa mobilização. Temos como principal aparato metodológico o
uso de entrevistas semiestruturadas com caráter individual e grupal. Foi possível observar nas
falas dos agentes entrevistados uma predominância do discurso sobre a saída de um estágio
de negação para aceitação da identidade indígena o que, segundo os mesmos, possibilitou a
a ti ulaç oà oleti a.àá e tua a àta
àaà e essidadeàdeàu à esgate àdeàdete
i ados
costumes que caíram no esquecimento.
103
GT 12 - Patrimônio Cultural e Questões Indígenas: Arquivos, Museus e Bibliotecas na
Tessitura das Memórias
Apresentações dia 29/06/2018, das 14:00 às 17:00
Sala 204 , Bloco BZ
Coordenadora
Sônia Mattos – UFES
Comunicação oral
1. Thaynara Martins Freitas (Universidade Federal de Campina Grande; Doutoranda) Comunicação oral: UM OLHAR SOBRE O MUSEU INDÍGENA JENIPAPO-KANINDÉ: MEMÓRIA
E IDENTIDADE ÉTNICA
No decorrer das últimas décadas, um novo elemento tem surgido ou sido adotado por
diversos grupos étnicos no Brasil, o museu de gestão comunitária. O museu teria sido
des o e toà pelosà dios à o oà u aà pote ialà fe a e taà deà e o st uç oà daà e
ia,à
contribuindo no processo de reelaboração e fortalecimento da identidade étnica, sendo
assim, um mobilizador político e educacional. A proposta da presente pesquisa antropológica
tem por campo a experiência museológica vivenciada pelos Jenipapo-Kanindé, grupo indígena
situado no município de Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza. Assim, o Museu Indígena
Jenipapo-Kanindé trata-se de uma experiência museológica idealizada e gerida pelos próprios
membros da comunidade, junto a parceiros especialistas e indigenistas. Inicialmente, se
pressupõe que esse elemento tenha sido adotado como um mecanismo de valorização da
memória para a defesa e reforço da afirmação étnica desta comunidade indígena. Em busca
da melhor compreensão deste fenômeno sociocultural e político, presente no cenário
indígena cearense, se fez uso de bases teóricas antropológicas e breves abordagens
museológicas que auxiliem a reflexão sobre a temática proposta. Para isso, conceitos como
de grupo e identidade étnica, memória, museus históricos e ecomuseus foram essenciais para
o cumprimento do objetivo deste trabalho. Quanto à metodologia adotada, consistiu na
104
observação participante, referindo-se a participação em eventos organizados por esse grupo
indígena e de demais eventos que estes foram convidados a participar e que tiveram relação
e relevância para a temática. Além de uma série de visitas realizadas à comunidade com o
propósito de se observar o cotidiano deste grupo com o museu, com o intuito de obter
informações por meio de conversas, entrevistas semi-estruturadas e observações. Realizouse pesquisa, também, através de vídeos, áudios, fotografias e matérias jornalísticas.
2. Sonia Mattos – UFES. PATRIMÔNIO CULTURAL E MEMÓRIAS INDÍGENAS NA CIDADE
ANCHIETA- ESPÍRITO SANTO
Esta pesquisa focaliza a cidade de Anchieta no ES, situando a Aldeia de Iriritiba, cuja
fundação é atribuída ao Padre José de Anchieta; enfatiza a luta dos índios nela aldeados contra
a espoliação territorial; e tece considerações sobre uma Comunidade que se auto-reconhece
descendente daqueles índios, e sua luta pela valorização do seu patrimônio cultual e
memórias frente as atuais tentativas de implantações de Grandes Projetos de
Desenvolvimento que
3. Emanuel Oliveira Braga (Universidade Federal de Pernambuco; Doutorando) Comunicação oral: HISTÓRIAS INDÍGENAS E MITOS RESTAURADORES: RUÍNAS, SANTOS E
FESTAS NA ETNOGÊNESE DO POVO POTIGUARA
O trabalho ora apresentado propõe a compreensão das experiências de criação e
transformação indígena dos espaços e dos tempos considerados históricos/míticos nas aldeias
Vila São Miguel e São Francisco, Terra Potiguara, Paraíba, a partir de eventos marcantes como
contato colonial/aldeamento, lutas para assegurar o território e reconhecimento de
monumentos religiosos como patrimônio cultural. Embora não seja consenso, as lideranças e
famílias da aldeia São Francisco se destacam no processo de reafirmação étnica Potiguara,
especialmente na dinâmica de diálogos e pressões sobre os poderes públicos na esfera local,
regional e nacional, universidades e demais instituições atuantes na terra indígena. Ao longo
desse processo de lutas por terras, muitos elementos que marcam diacriticamente a
105
identidade étnica Potiguara estão espacialmente situados na aldeia São Francisco como: 1. a
realização anual do Toré do Dia do Índio; 2. a presença de alguns dos troncos familiares mais
a tigos;à .àaldeiaà tidaà o oàaà aisà o se ado aàeàhostilà ài te e ç oàofi ial ;à .àoàfatoàdeà
se àdeà dif ilàa esso àpa aà isita tes,àdista doà l guaàeà eiaàdoàFo te ;à .àoà o stante contato
com pesquisadores, professores e defensores da causa indígena; 6. e a posse da imagem
barroca de São Miguel Arcanjo, padroeiro dos Potiguara. Até a década de 1970, a referida
imagem estava guardada no nicho central da igreja (hoje em ruínas) de São Miguel Arcanjo,
templo tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual da Paraíba –
Iphaep (e em processo de tombamento pelo Iphan) e localizado na aldeia Vila São Miguel
(mais próxima à cidade de Baía da Traição). Em 2011 a paróquia local e representantes
indígenas acionaram uma ação civil pública junto ao Ministério Público Federal – MPF exigindo
u ge teà estau o à efazi e to à daà ig eja.à áà ideiaà deà “ oà F a is oà o oà aldeiacontestada, sobretudo, por lideranças da aldeia Vilaà“ oàMiguelà ueàseàafi
a à o oàosà
e à à
aisà
a tigos à o side a doà ueàest oàsituadosà oàhist i oàaldea e toàdeà“ oàMiguelàdeàBa aàdaà
Traição onde, ao longo dos primeiros séculos de colonização, se estabeleceram os jesuítas,
franciscanos e depois os carmelitas no projeto de catequese católica e domínio colonial. É
nessa aldeia que se realiza, no entorno das ruínas da igreja velha tombada, um altar ao ar livre,
a grande celebração religiosa Potiguara, a Festa de São Miguel Arcanjo, ocorrida todos os anos
entre os dias 20 e 29 de setembro. Desde que o santo original fora levado (em procissão ou
po à se uest o à daà “ oà Miguelà pa aà aà “ oà F a is o,à aà festaà o o eà asà duasà aldeiasà ueà
disputam, por meio de histórias indígenas e mitos restauradores, os elementos étnicos e
patrimoniais fundadores do Povo Potiguara.
4. Hezrom Vieira Costa Lima (Universidade Federal da Paraíba; Mestre) - Comunicação oral:
A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA EM JOGO: UM DEBATE ENTRE HISTÓRICA PÚBLICA E JOGOS
DIGITAIS
A revolução tecnológica na qual estamos inseridos atualmente, tendo a mídia como
uma das principais interlocutoras entre conhecimento e representação, cria novas formas de
percepção identitária entre os indivíduos que consomem estes artefatos culturais. A mídia
produz e faz circular memórias sobre acontecimentos históricos que, não raras vezes,
106
escapam da percepção e análise do historiador, quando não são contrárias aos discursos
historiográficos vigentes. Os Jogos Digitais são produtos culturais consumidos a partir do final
do séc. XX e adentram ao séc. XXI como um mercado milionário. Os títulos que apresentam
um conteúdo histórico são partes importantes deste processo, pois veiculam visões de mundo
e memórias sobre acontecimentos históricos que devem ser tratados como fontes pelos
historiadores. Essa possibilidade de perceber a história em pixels é o que norteia o nosso
questionamento. Nesse sentido, o presente trabalha dialoga com a historiografia, sobretudo
deà l guaà i glesa,à ueà e te deà se à poss elà Joga à oà Passado ,à asà ta
à dialoga com
histo iado esà espa h isà ueà pe e e à osà Jogosà o oà p odutosà ueà deslo a à oà dis u soà
histo iog fi o .àPa aàa alisa àessasà uest esàfo a àsele io adosà
àt tulosàdeàJogosàDigitaisà
lançados entre os anos de 1980-2008, que abordam a temática da Colonização da América. O
objetivo principal foi perceber como os discursos da colonização foi apresentado nos jogos,
percebendo como essa lógica varia de um título para outro, percebendo como elementos
externos – como a comemoração dos 500 anos da chegada de Colombo no continente, são
efletidosà oàjogo,àal
pot
àdeàpe e e à uaisàaspe tosàdosà olo izado es à– apresentados como
iasà eu opeiasà jog eis,à s oà e altadosà eà uaisà dosà olo izados à – entendidos como
povos que devem ser subjugados, são demonstrados nos jogos. O presente trabalho se insere
nos debates propostos pela História Pública e sua relação com a Memória.
Pôster 15:00 às 16:00 (Exposição Roll das Placas dia 28/06/2018)
5. Pedro Tiago de Souza Costa (UFPB; graduando) – Pôster: HISTÓRIA E MEMÓRIA DA AFROJUREMA: O TOMBAMENTO DO SÍTIO DE ACAIS (ALHANDRA-PB)
Este trabalho tem por objetivo analisar o decreto nº 36.445 de 07 de dezembro de
2015, que prevê o tombamento do Sítio do Acais em Alhandra-PB, por sua importância na
história e na memória local dos juremeiros e juremeiras. Compreendendo suas dificuldades
para o seu tombamento, percebemos que este patrimônio – o único do Estado da Paraíba
tombado que representa os povos tradicionais de matriz afro-i d ge aà−àai daà o ti uaàse à
projeto que o integre à dinâmica cultural e religiosa da população de juremeiros. O trabalho
também visa uma reflexão sobre os modos de pensar o patrimônio, a História da Paraíba e a
107
necessidade de perceber como a dinâmica do racismo atua contra as memórias destes povos,
o side adosàpelaàhist iaà o oà
a gi alizados .àNaà e dade,àelesàape asà us a àoàdi eitoà
de manterem sua tradição ainda viva, lutando contra a intolerância religiosa existente, a
especulação imobiliária, as demoras nas ações políticas que respeitem seus direitos. Os
guardiões da tradição juremeira aparecem para a história como protagonistas de seu
patrimônio imaterial.
108
GT 13 História Ambiental e Etnohistoria Indígena
Apresentações dia 28/06/2018, das 14:00 às 17:00
Sala 206 , Bloco BG
José Otávio Aguiar (Pós-Doutor – UFCG)
Taciana de Carvalho Coutinho (Doutora – UFAM)
Comunicação Oral
1. Maria Luíza Coelho Cavalcanti (Universidade Federal da Paraíba; Mestranda/Em
Especialização) + Rafael de Siqueira Tenório Cavalcanti (Universidade Pontifícia Católica
do Rio de Janeiro) – Comunicação oral: DA PROTEÇÃO A CULTURA INDÍGENA E O USO DOS
RECURSOS NATURAIS EM SEU MEIO AMBIENTE SUSTENTÁVEL: REFLEXÃO JURÍDICA DOS
DIREITOS HUMANOS E DIREITO AMBIENTAL
Os índios nativos do território brasileiros já possuíam suas culturas, línguas, tradições
e costumes bem definidos, o que, posteriormente, com a chegada dos portugueses que se
altoàde la a a àdes o ido esàdoà No oàMu do à oàfo a à e à isto.àáàso iedadeài d ge a,à
desde os séculos passados tem um elo forte com relação ao meio ambiente e a
sustentabilidade, pois era através da natureza que viviam e tiravam sua subsistência,
cultivando a terra entre outras áreas, para que desta forma fosse mantida viva sua cultura e
seus costumes como herança para as futuras gerações. Porém a sustentabilidade do índio e a
sua cultura com a terra se vê cada vez mais ameaçada ao passo que, sem ter onde plantar e
cultivar, a sua cultura de subsistência vai sendo esquecida, o que acaba ferindo a Constituição
Federal em seu Art. 231 que estabelece o reconhecimento da organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições das populações indígenas e o direito de usufruir das terras já
doadas através de acordo com o Governo Federal, e o Direito Ambiental em seu Art. 225 que
prevê um meio ambiente equilibrado e de bem do uso comum do povo. Essa sociedade
indígena que ainda sobrevive ardorosamente ao longo dos anos é protegida por algumas
ONG s,à e à o ju toà o à aà Fu daç oà Na io alà doà Í dioà FUNáI à eà e à pa e iaà om a,
Organização das Nações Unidade (ONU) que são órgãos protetores dos direitos indígenas,
109
além de seus direitos humanos no plano nacional e internacional. Todavia nesse contexto de
arcabouço jurídico onde temos o amparo constitucional e histórico, pretende-se trazer a
relação do povo indígena e sua interação com o meio ambiente, como forma sustentável,
tendo em vista as especificidades culturais dos índios onde a utilização desses recursos
naturais, dentro ou fora das terras indígenas, submete-se, ou não, ao regramento da
legislação ambiental além de abrangermos também os Direitos Humanos dessas minorias,
mostrando a relação do Direito Ambiental como direito fundamental de proteção ao meio
ambiente de uso essencial para tal população.
2. Taciana de Carvalho Coutinho (Universidade Federal do Amazonas; Doutora) –
Comunicação oral: TRANSFORMAÇÕES AMBIENTAIS DA TERRA INDÍGENA DE
UMARIAÇU: UMA HISTÓRIA VIVA DA ETNIA TIKUNA, TABATINGA, AMAZONAS.
A proposta de discussão reportou-se a história das transformações ambientais da etnia
Tikuna da Terra Indígena de Umariaçu, Alto Solimões, Amazonas. As vicissitudes ambientais
foram determinantes para intensificar as relações socioeconômicas dos Tikuna com a
população da cidade de Tabatinga. Nesse contexto, inúmeros atores sociais foram
categorizados como importantes agentes reducionistas do território indígena dos Tikuna nas
áreas que fazem limites com Tabatinga. Nesse processo de territorialização, três marcos de
urbanização foram descritas como fundamentais no estudo da história ambiental. Tais como:
(I) A construção da pista de pouso do Aeroporto de Tabatinga; (II) A Colônia Militar; e, (III) A
abertura da Avenida da Amizade. A implementação de estruturas voltadas para a urbanização
da cidade decorreu em desequilíbrios socioambientais dos Tikuna, apontando-se o
deslocamento da etnia para uma área delimitada pelo processo de demarcação dos territórios
indígenas ocorrido pelos instrumentos do Estado Nacional, categorizando uma das principais
mudanças na vida e cultura dos povos indígenas. Na contemporaneidade, os Tikuna
enfrentam a imobilização da população em um território reduzido pela perda de terras
ocorridos pelos marcos delimitados da sociedade nacional e também pela ação da própria
natureza. A revisitação do passado para entender a testilha dos espaços antes ocupados e
fragmentados em territórios aptos ao desenvolvimento da área de fronteira, refletiu
diretamente na delimitação do ambiente e das fontes de recursos naturais para os Tikuna.
110
Essa diáspora entre a Terra Indígena e a cidade, para colocar em prática a abertura da pista
de pouso do aeroporto de Tabatinga, ocorrido em 1964, não chamou a atenção na época para
os futuros problemas configurados a partir de tal construção para suprir os interesses da
sociedade local. A urbanização da cidade, portanto, coincide com as transformações
significativas do espaço natural, principalmente em humanizar o ambiente da floresta para o
p og essoàdaà i ilizaç o àe,àe ào asio a àdese uil
iosàso ioa
ie taisàse tidasàpelaàTe aà
Indígena, a partir das frentes de urbanização impetradas pelos marcos históricos voltados para
civilização da floresta em cidade.
3. Josilane Amaro Pinheiro (Universidade Federal do Amazonas; Mestranda) + Taciana
de Carvalho Coutinho (Universidade Federal do Amazonas; Doutora) – Comunicação
oral: MOBILIDADE E ESTRUTURAÇÃO DO MERCADO TIKUNA, CIDADE DE TABATINGA –
AMAZONAS
A Etnia Tikuna caracteriza-se como sendo importantes sujeitos da dinâmica de venda
de alimentos produzidos nas roças, de sementes e frutas coletadas na floresta. A dinâmica de
comercialização desse povo baseia-se na sazonalidade da região do Alto Solimões, ou seja,
períodos de cheias e vazantes. Essa variável que determina o tempo Tikuna das plantações e
coletas, denomina-se um período de fartura. A vazante do rio Solimões possibilita períodos de
fertilização do solo, antes totalmente alagados. Para o fato da sazonalidade determinar a
produção agroflorestal, emerge-se assim neste contexto, a comercialização e a mobilidade
dos Tikuna entre as comunidades e o centro da cidade de Tabatinga. Outrora, a mobilidade
dos Tikuna pelos centros urbanos possibilitava aos mesmos uma dinâmica variável de
comercialização. Os Tikuna adentravam as ruas, com suas bacias na cabeça oferecendo seus
produtos e, na maioria das vezes tinham mais sucesso com as vendas realizadas dessa
maneira. Outra parte, se alojavam no canteiro central da principal avenida, denominada
Avenida da Amizade, ou, ao lado da Caixa Econômica, uma área estratégica para chamar
atenção de quem entrava e saia do banco e, que na maioria das vezes já compravam alguns
produtos. De outro lado, a mobilidade era uma atividade perigosa, pois famílias Tikuna se
alojavam com suas bacias pelos canteiros das ruas, ou transitavam de um local para outro
oferecendo seus produtos trazidos das comunidades. Com o passar dos anos, os Tikuna foram
111
organizados em uma feira improvisada dos produtores Tikuna. A organização da feira em um
único local tinha como objetivo oportunizar aos agricultores, a terem um local adequado para
suas vendas, com maior segurança e um melhor atendimento aos clientes. Essa forma de
organização significou concentrar os produtores em um único lugar, que para alguns indígenas
não foi algo benéfico, pois houve uma diminuição nas vendas dos produtos, fato que faz
emergir a saída dos Tikuna para ocuparem novamente as ruas. Desta forma, a organização de
a
ie tesàfe hadosà Fei a à
oà ep ese taàaàess
iaàeàdi
i aàdoàse àTiku a,à ueàte àoà
habito da mobilidade.
4. Lucas Santos Ribeiro Leite (UFCG; mestrando) – Comunicação oral: A GUERRA DOS
BÁRBAROS: LEVANTE INDÍGENA NO NORDESTE COLONIAL. POESIA E RESISTÊNCIA NOS
FOLHETOS POPULARES
Na literatura de folhetos, o poeta popular, Medeiros Braga, desenvolveu uma vasta
produção literária voltada para as causas sociais. Obras que reportam as revoltas populares,
expoentes políticos de esquerda, dentre as temáticas sobre a questão negra e indígena, se
tornaram características de sua produção. Nesse contexto, para a pesquisa em curso, fazemos
uso de A Guerra dos Bárbaros, O Holocausto Brasileiro. Dominação – Exploração – Extermínio,
Em Cordel, folheto produzido em 2014, tendo como objetivo: analisar a repercussão da
temática indígena na literatura de cordel; trabalhar com o conceito de resistência, associado
à luta dos povos indígenas no sertão nordestino, considerando a região palco do conflito e,
portanto, sujeito desse processo histórico; e por fim, discutir possibilidades para o estudo da
História Ambiental, correlacionando com a produção dos cordéis no nordeste, a partir da
relação intrínseca entre o ambiente natural e as narrativas do cotidiano. O campo teóricometodológico que articula os eixos analíticos foi trazido das leituras que realizamos de
expoentes da História Cultural.
5. Rodrigo Ribeiro de Andrade (UFCG; mestrando) , Juciene Ricarte Cardoso (UFCG; pósdoutora) , José Otávio Aguiar (UFCG, pós-doutor - orientador) – Comunicação oral:
NATUREZA E ETNO-HISTÓRIA: RESIGNIFICANDO A RELAÇÃO DO HOMEM COM A TERRA
112
Uma preocupação com as questões ambientas tem emergido das últimas décadas,
principalmente. Tanto na Academia, com a surgimento das pesquisas em História Ambiental,
como em outras áreas da sociedade, Organizações Mundiais, Governos, Empresas
Multinacionais, tem se mostrado cada vez mais envolvida em questões ambientais. A cultura
indígena está relacionada ao meio ambiente, ao cultivo e a subsistência, tendo a terra como
a mãe que fornece os frutos, alimenta o povo, proporciona a vida e o bem estar da sociedade.
Dessa forma, a comunidade indígena tem uma atenção especial para com o meio ambiente,
os ciclos climáticos e as estações definidas, pois são elas que irão delimitar o melhor período
para as plantações e cultivo. Assim, objetivando uma (re)leitura sobre Sociedade e Natureza
esta pesquisa versa em discutir e analisar os aspectos etno-história indígena de proteção à
Natureza que estão sendo resinificados pela sociedade atual numa perspectiva da História
Ambiental e seus desdobramentos, usando os escritos dos viajantes colônias Gabriel Soares
de Sousa (1587) e Frei Vicente do Salvador (1627), como fonte histórica para extrair as
impressões desses viajantes no tocante a relação das etnias Tupinambás, Tamoios e Tapuias
e natureza.
Palavras–chave: Meio Ambiente; Cultura Indígena; História Ambiental, Etno-História
Pôster 16:00 às 17:00 (Exposição Roll das Placas dia 28/06/2018)
6. Isanildo Mocambite de Souza (Universidade Federal do Amazonas; Graduando) – Pôster:
DESENHOS E PINTURAS DO ARTESANATO DAS MULHERES TIKUNA, BENJAMIN CONSTANT,
ALTO SOLIMÕES – AM. Orientador(a): Taciana de Carvalho Coutinho
Das mãos indígenas, mas especificamente das mulheres Tikuna são realizadas a
construção dos artesanatos que caracterizam uma expressão e manutenção de uma das
marcas da identidade do Povo que se autodenominam Magüta. Os artesanatos e a pintura em
objetos e no próprio corpo trazem significações que somente o próprio pesquisador Tikuna
consegue transmitir essa relação. O estudo teve como objetivo analisar desenhos e pinturas
dos artesanatos Tikuna. O estudo foi realizado a partir das observações de campo, aplicando
a metodologia de análise da história oral e fotográfico. Um ponto importante foi o próprio
pesquisador ser aluno universitário e morador da Comunidade Bom Caminho, Etnia Tikuna,
113
cidade de Benjamin Constant, Amazonas. Na comunidade estudada existe a Associação das
Mulheres Artesãs Ticuna de Bom Caminho (AMATÜ), criada no ano de 2003. A partir das
primeiras análises realizadas pode-se detectar que a simbologia das pinturas e o traçar das
fibras de tucum reproduzem elementos importantes da cultura Tikuna e suas relações com o
solo, água e a vegetação. Assim, pulseiras, colares, tapetes, cestarias, cocares e demais
utensílios foram selecionados para o registro e entendimento sobre a simbologia existente
nos artesanatos vendidos no comércio das cidades da região e, também utilizados no dia a dia
da própria Comunidade. Para os Tikuna, a pintura realizada em utensílios e no corpo trazem
significados da crença, cultura e natureza. As pinturas são imagens que representam o ciclo
da vida na floresta, como dito po à eles:à a i ais,à pei e,àflo estas,à i hosà daà
eà atu ezaà
(homenagens aos homens que desapareceram que existiam no passado, o curupira, entre
out os .
7. Florentino Peres Mestança (Escola Municipal Aegacü Degatücü; Graduado) – Pôster: DO
TERRAÇO DO MEGACÜ RÜ MUTANÜCU ECOA A VOZ DA ETNIA TIKUNA, ALTO SOLIMÕES –
AMAZONAS. Orientador(a): Taciana de Carvalho Coutinho
O estudo descreveu vivências e memórias de um Tikuna através de depoimentos orais.
Nesse contexto, apresentaram-se as histórias contadas por seu Megacü rü Mutanücu, a partir
das experiências das coletas de dados realizadas na Terra Indígena de Umariaçu, localizada na
cidade de Tabatinga, Amazonas. Dialogando sobre a Cultura, apresentou elementos da
identidade étnica e a importância mitológica para a formação no campo da educação
intercultural. Aspectos relevantes trazem à tona, a questão cosmológica e a organização social
dos Tikuna, bem como a importância da mitologia de origem. Seu Megacü rü Mutanücu
ressalta sobre o povo Tikuna ter sua própria cultura e não copiar a dos outros, essas colocações
são interessantes ao longo da construção da conversa, pois reporta-se à influência da
tecnologia na comunidade, como um fator apresentado aos jovens Tikuna para aprenderem
aisàso eàout asàet iasàdoà ueàaàsuaàp p ia.àPa aàoàe t e istado,àfala àso eàaàEt iaà :à Fala à
da cultura é, da pesca, da língua, das tradições musicais, das artes, tudo do próprio povo Tikuna
é riquíssimo. O fazer da Caiçuma, no falar da língua, nos musicais, na festa da moça nova. Tudo
à i o... .à Ele e tosà ide tit iosà daà et iaà fo a à ap ese tados,à e po doà aà i uezaà doà po oà
114
Tikuna. Ao falar sobre essas atividades, aponta para o elo existente da permanência cultural
do povo Tikuna na contemporaneidade. Como dito, tudo é riquíssimo, porém mudanças nos
contextos socioambientais têm ocasionado inconstâncias nas atividades dos Tikuna da Terra
Indígena de Umariaçu. Um diálogo aberto sobre o pertencimento dos Tikuna a seus territórios
foi evidenciado pela experiência descrita no depoimento, em que a cosmografia do território
apresentada pelo Tikuna demonstrou o regime de propriedade vinculado ao uso da terra, os
vínculos afetivos do pai determinando a demarcação da ocupação pelo nascimento do filho, e
pelo uso social expresso naquele espaço ocupado por um determinado tempo, voltando a ser
novamente ocupado quando
8. Wanessa Barbosa Costa Côrrea (Universidade Federal de São Paulo; Em Especialização) +
Marcio Dênis Corrêa (Universidade Federal de Pernambuco; Em Especialização) – Pôster:
AVALIAÇÃO DAS ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA DAS ALDEIAS INDÍGENAS DE ETNIA
POTIGUARA DO MUNICÍPIO DE BAIA DA TRAIÇÃO NO ANO DE 2016. Orientador(a): Taciana
de Carvalho Coutinho
As aldeias indígenas Potiguaras pertencentes ao município de Baia da Traição, possui
uma população média de 4.491 habitantes na qual estão situados no litoral norte da Paraíba.
Nestas aldeias o saneamento básico é inexistente. Assim a captação de água é realizada
atravéz de poço artesiano (profundo), onde o responsável pela operação e tratamento deste
sistemas de distribuiução é o agente indígena de saneamento - AISAN. Falhas na proteção,
tratamento, distribuição e monitoramento efetivo da água expõem as comunidades indígenas
a riscos de doenças intestinais e infecciosa. O presente trabalho buscou avaliar a qualidade da
água distribuida nas aldeias indígenas potiguaras, através das análises bacteriológicas
(Escherichia coli e coliformes totais) sobre o método qualitativo (presente/ausente),
realizadas mensalmente atravéz do programa de monitoramento da qualidade da água
desenvolvida pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Potiguara - PB, referente ao ano de
2016. Os estudos desta avaliação bacteriológica é de grande relevancia para o conhecimento
do processo saúde-doença nessas comunidades indígenas. As coletas das amostras foi
realizada nos messes de janeiro/2016 a outubro/2016. Das 413 amostras analisadas 9,2%
apresentaram presentes para coliformes totais e 2,9% presentes para E. coli.
115
9. Marcio Dênis Corrêa (Universidade Federal de Pernambuco; Em Especialização) + Wanessa
Barbosa Costa Côrrea (Universidade Federal de São Paulo; Em Especialização) – Pôster:
ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS LAUDOS DE CITOLOGIA CERVICAL DE 2016 DA
POPULAÇÃO INDÍGENA ALDEADA DE ETNIA POTIGUARA DO ESTADO DA PARAÍBA
O presente trabalho tem como objetivo analisar os resultados obtidos dos laudos de
Citologia Cervical do Trato Genital Feminino pelo método de Papanicolau da população
Indígena aldeada, da etnia Potiguara residentes nas trinta e duas aldeias, que ficam localizadas
na divisão territorial dos municípios de Rio Tinto/PB, Marcação/PB e Baia da Traição/PB, que
são municípios situados no Vale do Mamanguape/PB no estado da Paraíba. Para que no futuro
possamos sensibilizar os gestores da necessidade do serviço de diagnóstico laboratorial do
exame de citologia cervical, mostrando o custo X beneficio, a real importância deste exame de
Citologia Cervical do Trato Genital Feminino (TGF).
10.
Arlington da Costa Mauricio (Universidade Federal do Amazonas; Graduando) –
Pôster: A MOBILIDADE TIKUNA PELOS MUNICÍPIOS DO ALTO SOLIMÕES, AMAZONAS.
Orientador(a): Taciana de Carvalho Coutinho
O povo Tikuna é considerado a maior população brasileira. A maioria vivem em áreas
de terra firme ou em várzeas caracterizando a dinâmica da agrobiodiversidade da economia
focada na pesca, nas roças e coletas. A vida nas comunidades Tikuna tem passado por uma
série de transformações decorrentes da mobilidade da etnia para as cidades. Durante as
últimas décadas, os Tikuna e suas famílias passaram a residir com mais frequências em
municípios, configurando novas significações e transições na identidade Tikuna. Em alguns
casos, a mudança é decorrente de motivos de trabalho, estudo, vontade própria ou por perda
de território. Objetivando analisar essa mobilidade dos Tikuna entre as Cidade e
Comunidades, o estudo focou-se em categorizar os principais motivos dessa mobilidade. No
contexto apresentado pelos Tikuna observou-seà ue:à Mes oà e isti doà es olasà e à ossasà
comunidades, nossos filhos estudam nas escolas das cidades, porque nas comunidades
e iste àli itesàdeàg auàdeàe si o .àH àta
à ue àseà udeàpo à uest esàa
ie tais:à osà
que moram na beira do rio, por motivo de desmoronamento de terra, passam a morar nas
116
idades .àOut oà oti oàap ese tadoàfoi:à
uitosà uda àpa aàaà idadeàpo ueà ue e
.àNaà
perspectivas de novas oportunidades muitos Tikuna vão morar nas cidades para procurar
t a alho:à osàTiku aàpassa àaà i e à asà idades,àap e de doàosà ostu esà o-indígenas, esse
é um grande problema para a cultura e crenças, pois quando se mudam para a cidade
o eça à aà
oà fala à aà suaà l guaà ate a .à álguns pontos descritos alertam para a não
t a s iss oàdosà o he i e tosàpa aàasà o asàge aç es:à ot elà ueà uitosàest oàpe de doà
sua cultura, e por causa desses que estão nas cidades, os outros sofrem influências e também
faze àaà es aà oisa .àOsàjo e sàestão apresentando características e costumes da cidade:
jo e sà o eça àaà e e ,àto a -se violentos, presença do homossexualismo, consumo de
d ogasà eà sui dio .à Essaà i
iaà dosà i d ge asà asà idadesà te à a a etadoà p o le asà aosà
mesmos quando adentram as comunidades indígenas. Uma série de discussões tem sido
levantada pelos líderes das comunidades para alertar sobre uma nova realidade dos jovens
que vivem essa fase de transições entre a cidade e a comunidade.
11. Itamar Neco de Araújo (Universidade Federal do Amazonas; Graduando) – Pôster: DIVISÃO
ESPACIAL DA TERRA INDÍGENA DE UMARIAÇU: UMA RELAÇÃO RELIGIOSA. Orientador(a):
Taciana de Carvalho Coutinho
O que foi legalizado como Terra Indígena de Umariaçu, em 1997, passou por
transformações do seu espaço a partir do ano de 1972. Do seio das mudanças sociopolíticas
vivida pelos Tikuna com fixação do território da antiga fazenda Bom Destino, a reserva teve
seu espaço territorial dividido por questões religiosas que, consequentemente, produziram
conflitos socioculturais. Pois os Tikuna, levados pelos movimentos messiânicos, acreditavam
que a esperança do povo era a vinda de um Messias que os libertasse da situação de
submissão de todo histórico vivido no passado. O ano de 1972 foi o marco da chegada do
Irmão José da Cruz à região do Alto Solimões. O não reconhecimento entre católicos e
cruzados gerou a segregação dos Tikuna, que reconhecem sua identidade étnica, porém não
vivenciam a sua cultura, ocasionando transformações no cotidiano da Terra Indígena, tais
como: Primeiro, a divisão da terra em duas áreas: comunidade Umariaçu I e comunidade
Umariaçu II. Segundo, mudança da população do território conforme a religião adotada:
Umariaçu I: Religião Católica e, Umariaçu II: Ordem Cruzada. Excluiu-se as demais religiões
117
nesse contexto que, com o passar do tempo, adentraram em ambas as comunidades, trazendo
também mudanças comportamentais aos fiéis adeptos ao seguimento religioso. Terceiro, a
comunidade Umariaçu I ficou localizada ao lado direito do igarapé, próxima ao município de
Tabatinga. A comunidade Umariaçu II ficou ao lado esquerdo do igarapé. Consequentemente,
no processo de territorialização de Umariaçu, houve essa divergência religiosa e a separação
em comunidades, ao longo do tempo, configurou cenários diferentes entre Tikuna de
Umariaçu I e Tikuna de Umariaçu II. Na atualidade, as comunidades são administradas por
caciques diferentes, onde se mantem uma convivência pacífica, manifestam condutas
pessoais diferentes, sobretudo aquelas relativas: às festas e à música, ao consumo de álcool e
tabaco, ao modo de se trajar e ao comportamento quando na cidade ou na presença dos
ditosà a os .
12.
Karina Mayuruna Wadick (Universidade Federal do Amazonas; Graduanda) – Pôster:
RELATOS DA HISTÓRIA SOCIOAMBIENTAL DO POVO MAYURUNA. Orientador(a): Taciana de
Carvalho Coutinho
O Povo Mayuruna, que habitava o alto rio Jaquirana, na comunidade Tapurapa
apresentam relatos das histórias vividas na década de 1930. Com uma população na época de
aproximadamente 150 pessoas. Esse estudo focou-se em descrever a história do Povo
Mayuruna e suas atividades de sobrevivência durante a saída dos indígenas caçadores a busca
de caças na floresta. O depoimento oral baseou-se na construção de relatos de uma família
Mayuruna que habitavam os rios Pardo, Jaquirana e Curuça. Os relatos apresentados
descrevem a dispersão da pequena comunidade após os caçadores indígenas se perderem
durante suas atividades na floresta. Os elementos trazidos a toma perpassa por questões da
mobilidade indígena em ambientes da floresta a procura por locais com maior
disponibilidades de recursos naturais. Os relatos apresentados podem ser assim transcritos:
E t eàasà
àpessoasà ueàha ita a àaà o u idadeàha iaàt sà açado es:àPauloàBa ,àMe
ioà
Mayuruna e João Shabac. Certo dia saíram para caçar. Na floresta encontraram vários
macacos e começaram a flechar, mas os macacos não morriam e os caçadores continuavam
flechando e andando atrás dos macacos. Quando perceberam os caçadores já tinham
percorrido quase 1 km e, assim estavam perdidos na mata. Enquanto perdidos, os familiares
118
preocupados procuravam e, deixavam comidas na mata, porém a busca era sempre
fracassada, pois não encontrava-se nenhum rastro nem vestígios dos caçadores. Sem notícias,
as famílias perderam a esperança de reencontrar os caçadores. Na mata, um dos caçadores
sonhou que havia encontrado o caminho de casa e, ao amanhecer o pássaro chamado BUS
(para os indígenas, esse pássaro advinha quando tem pessoas por perto). Os caçadores vendo
o pássaro resolveram acompanha-lo, sempre à frente o pássaro levou os caçadores ao antigo
caminho, onde iniciaram a caçada pelos macacos. Após dias caminhando chegaram a
comunidade mas, não havia ninguém, estava tudo destruído. Por fim, encontraram a
comunidade em outra área da floresta, onde foram recebidos com muita alegria. Desta forma,
a história relatada pelos Mayuruna, em especial do Paulo Bay reportou-se a questões
transmitidas as gerações. O depoimento dos anciões de notório saber despertam sempre
sobre as dinâmicas de sobrevivência na floresta Amazônica e, da importância dos jovens
nunca adentrarem sozinhos aos locais de caça.
13.
Heloin Soplin Gomes (Universidade Federal do Amazonas; Graduando) – Pôster: POVO
KOKAMA: RESGATANDO SEUS VALORES IDENTITÁRIOS, COMUNIDADE BOM JARDIM II,
BENJAMIN CONSTANT, AMAZONAS. Orientador(a): Taciana de Carvalho Coutinho
Em Benjamin Constant, a maioria das comunidades ribeirinhas são indígenas, com
culturas diversificadas, o que mostra os valores étnicos presentes nessas diferentes
comunidades. Com o passar dos anos, algumas etnias foram deixando de lado seus hábitos
culturais e vivenciando os costumes não indígenas. Por isso, este fato prejudicou as questões
tanto ambiental como social dos povos indígenas que vivem essa realidade. Dentre os
aspectos ambientais, destacou-se a produção de alimentos, pois antes era tudo coletado e
plantado em ambientes de floretas e roças sem a utilização de fertilizantes e agrotóxicos. O
estudo teve por objetivo historiar os valores identitários do Povo Kokama e, suas redefinições
como um Povo ocupante dessa região do Alto Solimões. Nesse contexto, no ano de 2002, na
comunidade de Bom Jardim, zona urbana de Benjamin Constant, foi realizada a primeira
reunião com os descendentes da etnia Kokama, onde passaram a se identificar como a
mesma. A partir desse momento, foi eleito como cacique um dos membros da comunidade
que fala a língua materna, e juntamente com idosos de notórios saberes tradicionais e
119
descendentes, cravaram uma busca pela conquista, resgatando valores culturais da etnia
como: cantos, danças, pinturas, artesanatos e a própria língua Kokama. Esse trabalho de
resgate cultural ocorreu pelo fato de que antes tais valores não foram repassados para as
gerações, e antes que se percam, os Povos Kokoma uniram forças para trazerem de volta suas
conquistas aos direitos territoriais e jurídicos. Através desses e outros trabalhos realizados
com ajuda de autoridades, elaboraram uma cartografia social, onde obtiveram como
resultado, a prevalência da maior parte dos moradores habitantes da comunidade serem
residentes indígenas. Desde esse processo de autoreconhecimento que os Kokama esperam
pela demarcação da Terra Indígena, no qual as autoridades locais se impõem. Todo processo
foi reconhecido pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e outros órgãos federais. E entre as
conquistas, buscam nomear como indígena a escola, uma quadra de esporte e a UBS que está
na mesma área indígena. Diante dos fatos ocorrentes, a comunidade Kokama obteve suas
conquistas resgatando os valores étnicos e culturais, mostrando que essa identidade ainda
prevalece e faz parte da cultura Benjaminense, porém a comunidade Bom Jardim II ainda
aguarda todo processo de tramitação para realmente ter suas terras reconhecidas como
Indígena.
14. Carmen Malafaia Silva (Universidade Federal do Amazonas; Graduanda) – Pôster:
PERMANÊNCIA DOS ESTUDANTES INDÍGENAS E QUILOMBOLAS DE GRADUAÇÃO DO
INSTITUTO DE NATUREZA E CULTURA, BENJAMIN CONSTANT-AM. Orientador(a): Taciana
de Carvalho Coutinho
No Instituto de Natureza e Cultura, atualmente existem 417 indígenas de diferentes
etnias, como por exemplo: kaixana, Kambeba, Tikuna e Kokama, entre outras, que são
beneficiários do Programa Bolsa Permanência (PBP). Este programa é um benefício do
governo federal de auxílio financeiro aos discentes de universidades federais que possuem
uma renda inferior à um salário mínimo, pago aos indígenas e quilombolas, em situação de
vulnerabilidade socioeconômica. O valor da bolsa é de R$900,00 (novecentos reais) e, o
dinheiro ajuda os estudantes advindos de outros municípios e de comunidades próximas a
Benjamin Constant a se estabilizarem e ajudarem de alguma forma suas famílias. Pois, a
maioria dos pais dos indígenas e quilombolas são humildes e mantém suas famílias com a
120
caça, pesca, agricultura e artesanatos de materiais naturais. A finalidade desse programa é de
minimizar as desigualdades sociais, étnico-raciais, diminuir o número de desistentes em
universidades federais por falta de amparo do governo, buscando melhorar o coeficiente dos
alunos. Sendo, portanto um critério para permanecer na bolsa, o coeficiente dos alunos que
deverão ter uma nota igual ou superior a 5. Os estudantes indígenas de graduação são
incentivados a estudar e concluir o curso, se tornando profissionais voltados para atuar em
suas próprias comunidades, uma troca de compromissos que na maioria das vezes é firmado
pelos caciques, até porque a comunidade necessita. Em relação à organização social de suas
comunidades, costumes, línguas, tradições, crenças e condição geográfica, os discentes
indígenas tem certa carência, pois as dificuldades são muitas e reais, o transporte que muitas
vezes é feito de canoa, mesmo em dias de chuvas fortes, a dificuldade de entender o
português e escrever. Enfim, os indígenas e quilombolas por muito tempo se sentiram
excluídos e sem valor, mas novas possibilidades são visíveis em prol de contribuir para a
formação de profissionais indígenas, visando um futuro sem preconceitos, ódio ou qualquer
forma de maltratados aos demais grupos sociais, pois somos todos uma mesma espécie.
15. Rayciane Campos Coelho (Universidade Federal do Amazonas; Graduanda) – Pôster:
SOMOS OMÁGUA, SOMOS O POVO KAMBEBA: RELATOS HISTÓRICOS. Orientador(a):
Taciana de Carvalho Coutinho
Os Omágua, na atualidade Povo Kambeba foram considerados como sendo um dos
maiores e importantes povos que habitavam as terras de várzea do Amazonas. A cultura nas
aldeias baseava-se em grandes plantações, principalmente da mandioca, milho, tabaco,
urucum e algodão. A diferenciação dos demais povos de terra firme, para os Omágua das áreas
de várzeas eram as deformidades das suas cabeças, quando a criança Omágua nascia, a
mesma tinha sua cabeça achatada. Esse costume permitiu aos Omágua se autodenominarem
de Kambeba, da língua geral canga-peba que significa cabeça chata. Esse estudo teve por
objetivo historiar a vida do Povo Kambeba, Alto Solimões, Amazonas. O modo de vida dos
Kambeba sempre foi relacionada a sazonalidade dos regimes das águas do rio. No tempo da
cheia, os Kambeba tinham suas terras alagadas, mas não lhes faltavam comida, pois
dominavam diferentes técnicas para armazenar os seus alimentos, principalmente os
121
derivados da macaxeira, que nas cheias eram enterradas na lama para conservar. Após, as
cheias, as vazantes desnudavam os solos das várzeas ricos em nutrientes, onde os Kambeba
faziam suas plantações. Ocupavam sempre as áreas de várzeas, não gostavam das áreas de
terra firme, pois muitos descrevem que os seus antepassados sempre ocupavam a áreas do
grande rio Solimões. Nesse beiradão eram construídas suas casas enfileiradas, grandes e
retangulares, com portas nos lados e telhados de palmeira. Para os Kambeba a sua língua foi
se doà pe dida,à de idoà aoà edoà ueà elesà ti ha à doà ho e à
a o ,à po serem a tanto
tempo atacados e maltratados. Por longos períodos, os Kambeba escondiam seus elementos
ide tit ios,àpa aà ueà i gu
àsou esseà ueàe a àdessaàet ia.àCo oàdito:à Na ueleàte poà
índio não tinha valor, por isso quase ninguém fala, mas a língua Kambeba isso trouxe para a
nova geração muita dificuldade para aprender a língua, pois não tem quem ensine, não existe,
no município alguém que saiba ensinar a língua do nosso povo, deixando nós da nova geração
sem um rumo ou direção, como iremos saber fala àaà ossaàl gua,àseà
oàte à ue àe si e .à
No discurso apresentado, a língua, um dos elementos da identidade dos Kambeba ao longo
dos tempos foi sendo perdida, na atualidade há uma preocupação de alguns jovens em
aprender sua língua de origem, porém a grande dificuldade é encontrar quem possa transmitir
essa herança cultural e identitária do povo Kambeba aos mais jovens dentro das próprias
comunidades.
16. Romário Maurício de Andrade (Universidade Federal do Amazonas; Graduando) – Pôster:
MUSEU MAGÜTA: HISTÓRIAS DE LUTAS E RESISTÊNCIAS. Orientador(a): Taciana de
Carvalho Coutinho
Considerado o primeiro museu indígena do Brasil, o Museu Magüta está localizado em
Benjamin Constant, Amazonas. Um espaço criado por esforços da equipe de pesquisa do Dr.
João Pacheco de oliveira e os Tikuna, o museu caracteriza-se como um espaço de vivências e
lutas dos Povos Tikuna, onde está guardado arquivos, documentos da história do povo Tikuna
e suas lutas pelo reconhecimento dos seus direitos, e principalmente dos seus territórios. A
partir das inúmeras reuniões das organizações Tikuna pela luta do reconhecimento dos
direitos perante os seus territórios, saúde e educação, o museu Magüta nasceu como um
122
p odutoàdessasà o
uistas.àOàte
oà Magüta à àu aàde o i aç oàa est al que refere-se
aoàseuà itoàdeà iaç o,àsig ifi a doà po oàpes adoàpo àYoi .àEsseàestudoàte eà o oào jeti oà
apresentar a atual situação do funcionamento do Museu Magüta, sendo um grito para chamar
atenção dos pesquisadores para a realidade de funcionamento. Os relatos reportaram-se
sobre a importância do Museu e o descaso do Estado perante um local que guarda uma série
deài fo
aç esàso eàosàTiku a.à Oà useuàMagütaà ài po ta teàpa aà
s,àpo à ueà eleàest à
guardado a cultura do nosso povo, para o futuro dos nossos filhos e netos, para que a
sociedade note que temos nossa arte, nossa ciência e entender que o povo Tikuna tem
hist ia,à te à ultu a,à suaà p p iaà l guaà o oà ual ue à out oà po oà ueà e iste .à “o eà aà
situação atual do Museu descreveu-se:à átual e te, o museu Magüta está passando por uma
crise, nosso administrador faleceu, e outro Tikuna assumiu o comando das atividades do
Museu, porém os políticos (governo, vereador e prefeito), desse município de Benjamin
Constant não estão dando valor a este patrimô ioài d ge a .àáà ealidadeàdoàMuseuàte àsidoà
bastante criticada pelos populares e políticos que enxergam o Museu como um local sem
retorno algum. Porém, o Museu tem um papel fundamental de armazenamento dos
conhecimentos tradicionais e da valorização da cultura Tikuna. Os povos indígenas veem o
Museuà o oàu àlo alàdeàg a deài po t
ia,à l à ealiza osà ossasà eu i es,à u sosàeàout asà
atividades, dos quais os participantes são os caciques e lideranças, professores bilíngues,
agentes de saúde indígenas, monito esàa
ie taisàeà ulhe esàa tes s .àE à o e toàg a eà
de funcionamento, o Museu Magüta pode fechar as portas por falta de aportes financeiros
pa aàoàefeti oàfu io a e to.àCo oàu àpedidoàdeàajudaàaà ossaàhist iaà oàpodeàte
assi
i aà
,à aàes u id oàdas políticas econômicas.
17. Tales Vinícius Marinho de Araújo (Universidade Federal do Amazonas; Graduando) –
Pôster: PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE ALUNOS TIKUNA, BENJAMIN CONSTANT, AMAZONAS.
Orientador(a): Taciana de Carvalho Coutinho
A proposta de discussão reportou-se a história das transformações ambientais da etnia
Tikuna da Terra Indígena de Umariaçu, Alto Solimões, Amazonas. As vicissitudes ambientais
foram determinantes para intensificar as relações socioeconômicas dos Tikuna com a
123
população da cidade de Tabatinga. Nesse contexto, inúmeros atores sociais foram
categorizados como importantes agentes reducionistas do território indígena dos Tikuna nas
áreas que fazem limites com Tabatinga. Nesse processo de territorialização, três marcos de
urbanização foram descritos como fundamentais no estudo da história ambiental. Tais como:
(I) A construção da pista de pouso do Aeroporto de Tabatinga; (II) A Colônia Militar; e, (III) A
abertura da Avenida da Amizade. A implementação de estruturas voltadas para a urbanização
da cidade decorreu em desequilíbrios socioambientais dos Tikuna, apontando-se o
deslocamento da etnia para uma área delimitada pelo processo de demarcação dos territórios
indígenas ocorrido pelos instrumentos do Estado Nacional, categorizando uma das principais
mudanças na vida e cultura dos povos indígenas. Na contemporaneidade, os Tikuna
enfrentam a imobilização da população em um território reduzido pela perda de terras
ocorridos pelos marcos delimitados da sociedade nacional e também pela ação da própria
natureza. A revisitação do passado para entender a testilha dos espaços antes ocupados e
fragmentados em territórios aptos ao desenvolvimento da área de fronteira, refletiu
diretamente na delimitação do ambiente e das fontes de recursos naturais para os Tikuna.
Essa diáspora entre a Terra Indígena e a cidade, para colocar em prática a abertura da pista
de pouso do aeroporto de Tabatinga, ocorrido em 1964, não chamou a atenção na época para
os futuros problemas configurados a partir de tal construção para suprir os interesses da
sociedade local. A urbanização da cidade, portanto, coincide com as transformações
significativas do espaço natural, principalmente em humanizar o ambiente da floresta para o
p og essoà daà i ilizaç o à e,à e à o asio a à dese uil
iosà socioambientais sentidas pela
população da Terra Indígena, a partir das frentes de urbanização impetradas pelos marcos
históricos voltados para civilização da floresta em cidade.
Palavras chave: História ambiental, Territorialização, Urbanização
18. Leonardo Carvalho Alves (Universidade Federal do Amazonas; Graduando) – Pôster:
PERCEPÇÃO DE ALUNOS INDÍGENAS SOBRE O USO DE CIGARROS, SÃO PAULO DE OLIVENÇA
– AM. Orientador(a): Taciana de Carvalho Coutinho
A educação de jovens indígenas perpassa por transformações no campo intercultural
e profissionalizante da A proposta de discussão reportou-se a história das transformações
124
ambientais da etnia Tikuna da Terra Indígena de Umariaçu, Alto Solimões, Amazonas. As
vicissitudes ambientais foram determinantes para intensificar as relações socioeconômicas
dos Tikuna com a população da cidade de Tabatinga. Nesse contexto, inúmeros atores sociais
foram categorizados como importantes agentes reducionistas do território indígena dos
Tikuna nas áreas que fazem limites com Tabatinga. Nesse processo de territorialização, três
marcos de urbanização foram descritos como fundamentais no estudo da história ambiental.
Tais como: (I) A construção da pista de pouso do Aeroporto de Tabatinga; (II) A Colônia Militar;
e, (III) A abertura da Avenida da Amizade. A implementação de estruturas voltadas para a
urbanização da cidade decorreu em desequilíbrios socioambientais dos Tikuna, apontando-se
o deslocamento da etnia para uma área delimitada pelo processo de demarcação dos
territórios indígenas ocorrido pelos instrumentos do Estado Nacional, categorizando uma das
principais mudanças na vida e cultura dos povos indígenas. Na contemporaneidade, os Tikuna
enfrentam a imobilização da população em um território reduzido pela perda de terras
ocorridos pelos marcos delimitados da sociedade nacional e também pela ação da própria
natureza. A revisitação do passado para entender a testilha dos espaços antes ocupados e
fragmentados em territórios aptos ao desenvolvimento da área de fronteira, refletiu
diretamente na delimitação do ambiente e das fontes de recursos naturais para os Tikuna.
Essa diáspora entre a Terra Indígena e a cidade, para colocar em prática a abertura da pista
de pouso do aeroporto de Tabatinga, ocorrido em 1964, não chamou a atenção na época para
os futuros problemas configurados a partir de tal construção para suprir os interesses da
sociedade local. A urbanização da cidade, portanto, coincide com as transformações
significativas do espaço natural, principalmente em humanizar o ambiente da floresta para o
p og essoà daà i ilizaç o à e,à e à o asio a à dese uil
iosà so ioa
ie taisà se tidasà pelaà
população da Terra Indígena, a partir das frentes de urbanização impetradas pelos marcos
históricos voltados para civilização da floresta em cidade de São Paulo de Olivença. Nos cursos
profissionalizantes a dificuldade encontrada por alguns estudantes perpassa por questões de
assimilação, aplicabilidade dos conteúdos ministrados no cotidiano e metodologia. O estudo
teve como objetivo executar atividades práticas experimentais da disciplina de Biologia
Humana em uma Instituição privada do Curso de Radiologia da Cidade de São Paulo de
Olivença, Microrregião do Alto Solimões, Amazonas. Para participação desse estudo, 22
alunos da turma declararam-se indígenas das Etnias Tikuna (72,5%), Kokama (18,2%),
125
Kambeba (9,1%). Desse público geral, 78,6% são do gênero masculino e 22,7% do gênero
feminino, com idade entre 17 a 30 anos. As técnicas de coleta de dados basearam-se em três
parâmetros: 1) Diagnóstico sobre determinado problema por meio de questionário prévio; 2)
Aula teórica sobre sistema respiratório e a relação de doenças provenientes do uso do cigarro
e prática experimental sobre substâncias tóxicas presentes no cigarro; 3) Aplicação de
questionário pós-intervenção e consequente análise e discussão dos dados. Os resultados
apontaram que 63,6% dos alunos nunca usaram/experimentaram qualquer tipo de cigarro e
ainda quando questionados se concordavam com a comercialização/venda de cigarro, 90,9%
afirmaram não concordarem. Para alguns alunos, o uso excessivo de cigarro a longo prazo
pode causar doenças como câncer, além de constituir um vício para muitos usuários,
prejudicial e que pode levar a morte. Sobre a aula experimental, 81,8% dos alunos
mencionaram que foi interessante o estudo prático sobre substâncias tóxicas. A dinâmica da
teoria e prática permitiu aos alunos indígenas um entendimento sobre a importância de
abordagens simples e que podem ser trabalhadas de maneira a favorecer questionamentos e
correlações ao curso técnico realizado pelos sujeitos do estudo e, levadas as suas
comunidades. As atividades desenvolvidas foram essenciais para o entrosamento, discussão
e desenvolvimento cognitivo dos alunos indígenas, possibilitando um rendimento nos
assuntos de saúde pública perante as dinâmicas apresentadas pelo professor da disciplina.
19. Nancy Fernandes Rufino (Universidade Federal do Amazonas; Graduanda) – Pôster: O
MASSACRE DO CAPACETE: UM CONFLITO AMBIENTAL DE INVASÕES NA REGIÃO DO ALTO
SOLIMÕES. Orientador(a): Taciana de Carvalho Coutinho
O estudo analisou fontes documentais sobre conflitos ambientais que decorrem na
insegurança vivida pelos Povos Indígenas, em especial, os Tikuna. Considerados os mais
numerosos do Brasil, espalhados ao longo da calha do rio Solimões, tem uma população que
transita entre o Brasil, Peru e Colômbia, compondo uma diversidade socioambiental diferente
dos demais povos indígenas da região. Nesse contexto, os Tikuna brasileiros ganharam forças
perante a consolidação e garantia do direito à grande parte dos seus territórios. Apesar de
uma organização sociopolítica bem estruturada, os Tikuna ainda enfrentam sérios conflitos
ambientais com madeireiros e regionais. Passado a fase dos seringais do século anterior, os
126
Tikuna carregam em suas memórias a fase do extrativismo regado a exploração, dominação e
violências. Esse sistema marcou profundamente a vida dos povos Tikuna, a exemplo reportouse por avaliar, os documentos que registram as marcas das relações dos Tikuna as frentes de
exploração econômica: o massacre do igarapé Capacete. A luta dos Tikuna por suas terras
iniciou na década de 1970. E, foi exatamente na definição dos limites das terras indígenas que
aconteceu o massacre. A partir dos documentos digitalizados na biblioteca do CIME foi
realizado um estudo sobre o massacre e o desencadeamento desse conflito que reflete na
atualidade em inúmeros discursos entre os povos indígenas e não indígenas. Dos recortes
analisados, ressaltou-se os dados sobre o massacre e sua repercussão na mídia, as diferentes
fases do julgamento dos culpados e as questões conflituosas. Como recorte destacou-se que:
O massacre do Capacete foi motivado pela disputa da posse de uma parte da Terra Indígena
invadida por posseiros. E, a condenação dos envolvidos no massacre dos índios Tikuna, apesar
dos 13 longos anos de espera para que a justiça fosse feita nos restitui a esperança de que,
pouco a pouco, vamos pondo fim a impunidade. Diante dos recortes documentais ficou
evidenciado a importância da discursão sobre conflitos passados na expectativa de que fique
registrado na memória da sociedade um caso passado. Os indígenas da atualidade tem o
desafioà deà e f e ta à osà i ú e osà p o essosà i is eis à deà o flitosà a
ie tais,à ueà te à
gerado danos irreversíveis a inúmeras comunidades da região do Alto Solimões.
20. Éverton Alves Aragão (UFCG; graduando) – Pôster: LOUIS-FRANÇOIS DE TOLLENARE –
(1816 - 1818) E SEUS OLHARES SOBRE OS ÍNDIOS. Orientador(a): José Otávio Aguiar
Esta pesquisa tem como principal objetivo investigar os relatos do viajante francês
Louis-François de Tollenare em suas apreciações sobre os índios. Nesse projeto, analisamos a
obra Notas Dominicaes, escrita pelo Tollenare no alvorecer do século XIX. Esse livro é
composto por uma série de Notas de viajem que foram redigidas pelo autor em suas pausas
nos domingos. Sugerindo então o nome dado ao livro: Notas Dominicaes (tradução do início
do século XX) ou Notas Dominicais (adequado à reforma ortográfica ratificada em 2008). No
projeto, valorizamos as considerações do viajante no que dizem respeito aos aspectos hídricos
do planalto da Borborema. Ou seja, é feito a partir de seus relatos uma análise sistêmica do
ambiente natural. Porém, ao investigar suas Notas Dominicais foi possível perceber, além das
127
características do ambiente – dos rios –, os olhares étnicos que o Tollenare registra em suas
anotações. Logo, o desenvolver dessa pesquisa se torna analisar de forma panorâmica a
maneira a qual os indígenas (entre eles os caetés) são representados na escrita desse francês.
A partir desses relatos, é possível tecer algumas considerações sobre a escravidão indígena,
bem como apresentar posições e características de algumas aldeias indígenas localizadas no
planalto da Borborema. Também são descritas em sua obra as relações entre indígenas e o
poder da Coroa e a relação que os indígenas mantinham com a natureza.
128
GT 14 Protagonismo Indígena e Inquisição na América
Apresentações dia 28/06/2018
Coordenador,
Almir Diniz de Carvalho Júnior - UFAM
Pôster 15:00 às 16:00 (Exposição Roll das Placas dia 28/06/2018)
1. Alan Abel Cavalcante Paiva (Universidade Federal do Rio Grande do Norte; graduando) –
Pôster: ÍNDIGENAS MADINGUEIROS DENUNCIADOS AO SANTO OFÍCIO NA CIDADE DO
NATAL: O CASO DE JOSÉ RODRIGUES MONTEIRO E MANUEL PEDRO (1755-1762)
A bolsa de mandinga ou patuá é um objeto, originário do continente africano,
utilizado como amuleto e, geralmente, carregado no pescoço. Acreditava-se que o indivíduo
que o portasse estaria protegido de ataques físicos e espirituais. Objeto islamizado, a bolsa de
mandinga ganhou novos elementos e novos adeptos quando chegou à América portuguesa.
Dentre esses novos elementos estão os católicos, visto que muitos indivíduos carregavam,
dentro dessas bolsas orações, trechos da bíblia e partículas de hóstia. Com relação aos novos
adeptos podem ser citados os indígenas, que adaptavam esse objeto a sua realidade. Na
América portuguesa, a bolsa de mandinga foi categorizada com um tipo de feitiçaria,
consequentemente, uma prática herética. Alvos de denúncias ao Santo Ofício, os
madingueiros, indivíduos que portavam o referido objeto, tinham de encontrar mecanismos
para se esquivarem dos olhares vigilantes dessa instituição. O presente trabalho analisará
algumas dessas denúncias, feitas contra José Rodrigues Monteiro e Manuel Pedro, ambos
indígenas, que cometeram o crime de portar este objeto. Com base nessa pesquisa, descobriuse que os crimes cometidos pelos índios eram tratados de forma diferente pelo Santo Ofício,
ou seja, relevados ou tratados como atos inconscientes. Porém, as fontes analisadas revelam
que, ainda assim, os indígenas também eram alvos de denúncias. Concluiu-se que nenhum
dos dois indivíduos chegou a ser processado pela Inquisição, porém as denúncias demonstram
a ação ativa dos indígenas no ambiente colonial, assim como revelam aspectos da visão de
mundo destes.
129
2. Alberto Barbosa Sousa, Juciene Ricarte Apolinário (Universidade Federal de Campina
Grande; Graduando) – Pôster: O PROTAGONISMO INDÍGENA: AS TRANSFORMAÇÕES
CONCEITUAIS NO DECORRER DO TEMPO ATRAVÉS DO CINEMA
O objetivo deste artigo é discutir e refletir sobre a participação indígena na produção
historiográfica através do espaço midiático da cinematografia no decorrer do tempo,
almejando destacar a importância do cinema como fonte histórica. A pesquisa é de natureza
bibliográfica, caracterizada predominantemente como analítico-crítica, analisando o
p otago is oài d ge a,à oàfil eà áàCo
uistaàdoàPa a soà
àeàaài agem do indígena,
cultura, força e suas lutas, representadas no cinema até hoje. O indígena foi visto desde o
primeiro filme publicado como apenas participante do lugar que se encontrava obrigados
pelos europeus a aceitarem uma cultura, uma religião e uma vida imposta por missionários
estrangeiros, mas o filme A Conquista do Paraíso (1492) mostra um indígena que sempre lutou
e luta até hoje por seus direitos e para manter sua própria cultura, o que podemos observar
na imagem do indígena representada nos filmes no decorre do tempo: o indígena passando a
ser protagonista de sua história, e hoje produtores de seus próprios filmes. Partindo deste
pressuposto é relevante o estudo cinematográfico como campo da história enquanto fonte
singular, para analisar as narrativas e representações de contatos entre o EU e o OUTRO.
Nosso aporte teórico sustentase em Oscar (2000), Manuela Carneiro da cunha (1992), John
Manuel Monteiro (1994), Maria Regina Celestino (2010) dentre outros. Os resultados do
estudo mostram que a imagem do indígena mudou com o passar dos anos de figurante passivo
para protagonista ativo de sua própria história.
130
GT 15 Indigenas e quilombolas no Brasil: Resistência, Identidade, Cultura e Tradição
Apresentações dia 28/06/2018, das 14:00 às 17:00
Sala 203, Bloco BZ
Dr.
José
Pereira
de
Sousa
Junior
(UEPB
/
NEAB-Í
/UFRN
/
UFCG)
Dr. Waldeci Ferreira Chagas (UEPB / NEAB-Í)
Comunicação Oral
1. Volha Yermalayeva Franco (Universidade Federal da Bahia; mestranda) - Comunicação
oral: ESCOLA KIRIRI COMO LUGAR DE RESISTÊNCIA: ESPAÇO ARQUITETÔNICO NA
CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA
A presente comunicação oral propõe uma discussão interdisciplinar acerca da
apropriação do espaço escolar construído a partir da implantação dos projetos padronizados
do MEC, pelo povo Kiriri, sendo este um lugar de fronteira, lugar de resistência, transmissão
da cultura e tradição e do fortalecimento da identidade do povo. A pesquisa elaborada com o
cruzamento de conhecimento e experiências da disciplina Relações étnico-raciais em
arquitetura, urbanismo e cidade, ministrada pelo docente Fábio Macêdo Velame no semestre
2017.2 no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFBA, e da ACCS
Educação diferenciada e revitalização de línguas indígenas, ministrada pelo docente Marco
Tromboni de Souza Nascimento e cursada no mesmo semestre. A abordagem metodológica
sobre arquitetura das escolas indígenas foi feita a partir de três componentes: o território, a
cultura e a etnicidade. Para isso, fizemos uma observação histórica acerca da relação do povo
Kiriri com seu território, desde o início da colonização até a demarcação do território indígena
em 1990, e também da implantação da escola indígena, traçando relação com a cultura do
povo junto com a definição e fortalecimento da identidade étnica, trazendo o conceito de
etnicidade relacional de Fredrick Barth. Cruzando os referenciais teóricos das duas atividades
e adicionando a experiência de campo, observamos a importância da escola diferenciada no
fortalecimento da identidade étnica e trazemos uma análise das transformações dos espaços
escolares no território, percebendo a apropriação dos espaços pelo povo Kiriri, através da
ressignificação destes a exemplo de realização de rituais e pinturas, criadas a partir dos
131
desenhos da pintura corporal e representação das histórias do povo Kiriri. Foram abrangidas
pelo estudo, especificamente, duas escolas de ensino médio, a Escola José Zacarias, no
povoado de Mirandela, e a Escola Florentino Domingos de Andrade, no povoado de Araçás. O
trabalho é proposto para o Grupo temático: Indígenas e Quilombolas no Brasil: Resistência,
Identidade, Cultura e Tradição.
2. Jessica Kaline Vieira Santos (UFCG; mestranda) - Comunicação oral: MESTIÇAGEM EM
PERSPECTIVA: O MOVIMENTO DOUTRINÁRIO VALE DO AMANHECER SUAS INFLUENCIAS
AFROBRASILEIRAS E INDIGENAS
O movimento doutrinário e religioso conhecido como Vale do Amanhecer, tem a sua
formação enquanto instituição no final da década de 1960,em planaltina, cidade satélite de
Brasília-DF, se constituiu como doutrina primeiramente no Brasil, e nos dias atuais conta com
templos espalhados tanto nos estados federativos brasileiros, como no mundo. Seus rituais e
a composição de suas preces, e de suas indumentárias são marcadas por um grande
hibridismo cultural e religioso, que envolve aspectos de diversos traços culturais espalhados
pelo mundo, e que no caso desse estudo se fará a partir da cultura africana e afro-brasileira,
como também aspectos da cultura indígena. Portanto, o respectivo trabalho tem como
principal objetivo abordar os traços das culturas afro-brasileira/africana e indígena, no que se
refere à formação da doutrina e dos seus rituais e representações desse movimento
doutrinário, no que tange a sua formação do e a transcedentalidade a partir dos traços
culturais africanos, e indígenas.
Palavras-chave: Vale do Amanhecer, indígenas, africanos.
3. José Anchieta Bezerra de Melo (UFPB; doutorando) - Comunicação oral: A GUERRA, OS
QUILOBOS E OS CORONÉIS DE PRINCESA: PERCURSOS DE MEMÓRIA E RESISTÊNCIA
Esta comunicação pretende analisar, a partir de fontes escritas e orais, aspectos
históricos e contemporâneos da cidade de Princesa Isabel e dos quilombos de Livramento,
Domingos Ferreira e Fonseca, que integravam o antigo território do município. A proposta é
132
analisar narrativas orais e escritos de memorialistas e historiadores locais que retrataram as
conseqüências e a participação desses quilombos na chamada Guerra de Princesa, um
movimento armado, ocorrido no sertão da Paraíba em 1930, e que envolveu, de um lado, os
o a dadosà doà
o o el José Pereira Lima e, de outro, as tropas da Polícia Militar da
Paraíba. O conflito, que durou cinco meses, deixou um rastro de destruição e mortes e
ul i ouà o àaàp o la aç oàdaà i depe d
ia àdoàe t oà u i pioàdeàPrincesa. Localizados
numa região de divisa entre os estados da Paraíba e Pernambuco, estas comunidades
quilombolas abrigaram escravos fugidos dos estados de Alagoas e Pernambuco, e
conformaram, ao longo do tempo, um conjunto de representações e sentimentos carregados
de paixões e emoções em torno da guerra e da figura do coronel JoséPereira Lima. As análises
baseadas em fontes documentais e orais permitem compreender os efeitos e a participação
dessas comunidades na Guerra de Princesa, bem como a existência de um conjunto de
representações e sentimentos carregados de paixões em torno da guerra, bem como os
meandros da luta por reconhecimento quilombola e a relação com os coronéis. As narrativas
orais, e mesmo escritas, evidenciam o quanto a história de vida ultrapassa o caráter individual
do que é transmitido e se insere nas coletividades a que o narrador pertence.
Pôster 16:00 às 17:00 (Exposição Roll das Placas dia 28/06/2018)
4. Paula Menezes Baía (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará; graduanda) – Pôster:
MONITORIA INDÍGENA E QUILOMBOLA: UM PROCESSO DE RESISTÊNCIA NA UNIFESSPA.
Orientador(a): Janailson Macêdo Luiz
O presente trabalho apresenta um relato de experiência de atuação no Programa de
Monitoria Indígena e Quilombola da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. O
Programa teve início em 2017 e se insere nas políticas de ações afirmativas desenvolvidas na
universidade, tendo como objetivo o atendimento aos alunos indígenas e quilombolas
matriculados nos mais variados cursos da instituição. O programa é visto como uma
possibilidade para diminuir a evasão dos discentes indígenas e quilombolas, estimulando
assim a permanência dos mesmo na instituição. A experiência narrada diz respeito, sobretudo,
a atividades de monitoria desenvolvidas por uma discente quilombola junto a outros alunos
133
quilombolas em cursos do Instituto de Ciências Humanas. Durante um ano buscou-se
acompanhar e orientar os discentes no seu desenvolvimento acadêmico, visto que eles têm
uma grande dificuldade em desenvolver atividades nas matérias curriculares dos cursos, por
dificuldades advindas da educação básica. São problematizadas as tensões, dificuldades e
conhecimentos constituídos durante o ano de acompanhamento e a sua importância para as
políticas de ações afirmativas no âmbito da Unifesspa.
5. Carolina Toscano Maia (Facinter; especialista) – Pôster: A FORMAÇÃO DO GRUPO DE
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL BURDUNA FILMES. Orientador(a): Glauco Fernandes Machado
Neste artigo iremos apresentar algumas considerações sobre a formação do grupo de
pesquisa audiovisual Burduna Filmes, pertencente à comunidade indígena Kapinawá de
Pernambuco. O objetivo maior do grupo foi o de despertar a comunidade indígena a criar
conteúdo audiovisual próprio. Atraindo para si, vários aspectos relacionados à autonomia e a
visibilidade da sua realidade e opinião. Também relacionaremos elementos existentes na
produção audiovisual e sua relação com a mediação e a midiatização. Após quase um ano de
existência, apontaremos, de forma breve, alguns pontos da trajetória do núcleo, ilustrando os
percursos traçados, as dificuldades encontradas e as conquistas alcançadas. Além disto,
iremos propor, baseados nas experiências vivenciadas durante as oficinas ministradas por um
dos autores deste artigo, a discussão de problemáticas relevantes para o efetivo alcance pelo
povo indígena Kapinawá, situado em Pernambuco, à produção do audiovisual. Este trabalho
compreende, também, a possibilidade de estabelecer uma reflexão sobre o processo de
elaboração de produtos audiovisuais pelos próprios indígenas. Assim, o trabalho de pesquisa
tem como eixo temático a produção audiovisual no campo interdisciplinar acadêmico.
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GT 16 - História Indígena e Arqueologia nas Américas
Apresentações dia 29/06/2018, das 14:00 às 17:00
Sala 204 , Bloco BZ
Prof. Dr. Jorge Eremites de Oliveria-UFP
Comunicação Oral
1. Olindina Ticiane Sousa de Araújo (Facultad Interamericana de Ciencias Sociales/ Assunção
– Paraguai; mestranda) - Comunicação oral: DAS AÇÕES E PRETENSÕES DO PROCA: O
MUNICÍPIO DE PEDRA LAVRADA-PB E SEU TESOURO ARQUEOLÓGICO
O Programa de Conscientização Arqueológica (PROCA) foi criado no ano de 1995 e tive
como principal objetivo preservar os monumentos pré-históricos do Estado da Paraíba. Seu
trabalho de pesquisa e conscientização, juntos as comunidades e prefeituras municipais, foi
responsável pelo reconhecimento, no interior da Paraíba, de mais de mil sítios arqueológicos,
onde mais de 70% foram identificados mediante os registros rupestres de gravuras e pinturas
encontrados nos paredão rochosos de muitas localidades rurais, principalmente. Além disso,
o PROCA se caracterizou, em seus anos de atuação e expedições, por desenvolver trabalhos
educativos e informativos, visando a permanente proteção e a exploração turística convicta
dos sítios arqueológicos. Conforme sendo, este texto tem por finalidade descrever os cursos
e percursos do PROCA no município de Pedra Lavrada-PB, entre os meses de março e julho de
2003, com a proposta de reconhecimento, valorização e preservação dos indícios
arqueológicos e paleontológicos encontrados na região, apontando para as significativas
contribuições, experiências desenvolvidas e resultados obtidos durante as pesquisas de
campo, refletindo sobre os valores arqueológicos, históricos e das inscrições rupestres
compreendidas, também, enquanto manifestações culturais indígenas, que ainda (re)existem
nos paredões rochosos, apesar das ações do tempo e dos seres humanos. Com base no
objetivo exposto, tomemos por recursos metodológicos os relatórios das atividades de
135
campo, fotografias, série de esquemas das localidades e sítios arqueológicos, charges e
reportagens de jornal impresso como fontes do acervo do PROCA. Portanto, este texto está
norteado por referenciais teóricos de Grabriela Martin, Niède Guidon, Juvandi de Souza e
outros.
Pôster 16:00 às 17:00 (Exposição Roll das Placas dia 28/06/2018)
2. Raquel Roldan Mastrorosa (Universidade Estadual da Paraíba; Graduanda) – Pôster:
“MO‘TUIà MO‘ITU‘O“à “áLUTáNT :à CON“IDE‘áÇÕE“à “OB‘Eà O“à ‘ITUáI“à DEà
SEPULTAMENTO DOS SÍTIOS LAJEDO DO CRUZEIRO (PB) E PEDRA DA TESOURA (PB).
Orientador(a): Naiara Ferraz Bandeira Alves
A Morte tem sido alvo de indagações, debates e ressignificações ao longo dos séculos,
os rituais fúnebres demonstram, através da cultura material e metodologias, particularidades
e valores culturais importantíssimos que nos possibilitam compreendermos sociedades que já
não existem mais. Procuramos, através das pesquisas e documentações etnográficas e
também das pesquisas arqueológicas, realizadas na Paraíba, apreendermos a respeito das
populações que habitavam o interior no período Pré-cabralino e as suas relações com a Morte.
Analisamos os estudos arqueológicos partindo de pesquisas precedentes realizadas nos sítios
Barra (Camalaú), Serrote da Macambira (São João do Cariri), Pinturas I (São João do Tigre) e
Furna dos Ossos (São João do Cariri), trazendo resultados preliminares dos sítios Lajedo do
Cruzeiro (Pocinhos) e Pedra da Tesoura (Boqueirão). Designamos a correlação dos rituais
fúnebres identificados nos sítios da Paraíba com outros sítios no Nordeste do Brasil, como
também averiguando asseguradamente suas atribuições às populações Tapuias. O estado do
conhecimento atingido a partir dos trabalhos analisados e das pesquisas realizadas pode ser
utilizado em outros estudos, com repercussão de análises comparativas de rituais fúnebres de
populações pretéritas.
Palavras-chave: Morte; rituais fúnebres; Paraíba;
136
3. Lucas de Lima Silva (Universidade Federal Rural de Pernambuco; granduando) – Pôster:
ARQUEOLOGIA
E
HISTÓRIA
DAS
FORTIFICAÇÕES
TUPI:
POTENCIALIDADES
DA
INTERDISCIPLINARIEDADE
O poster proposto pretende expor as potencialidades advindas da interação entre as
áreas da História e da Arqueologia, tendo como foco particular o estudo da guerra Tupi sob a
perspectiva das fortificações; cruzando informações e conclusões parciais de uma pesquisa
PIBIC/CNPq na área de História com um levantamento bibliográfico sobre as estruturas
defe si asà e à s tiosà a ueol gi osà Tupigua a i.à Oà pla oà deà t a alhoà Oà faze à daà Gue aà
Indígena no Brasil Colonial: ent eàoàMo u i a aàeàoàCapit oàdoàÍ diosà “ ulosàXVIàeàXVII àe à
processo de aplicação e sob a orientação do Prof. Dr. Bruno Romero Ferreira Miranda
apresenta entre os seus resultados parciais a inferência de que muitos dos processos de
transformação social e a relação dos povos Tupi com os europeus nos séculos XVI e XVII foram
mediados diretamente pela perspectiva da guerra. A pesquisa em questão toma como base o
pressuposto que a instituição da guerra possui relações de causa e efeito com a sociedade
circundante e interpreta a guerra enquanto um fenômeno essencialmente dialético, tanto no
sentido do embate armado, quanto sob a visão da influência mútua em termos de técnicas
socioculturais. Infelizmente, pesa sobre o estudo histórico a interpretação eurocêntrica
daqueles que registraram este processo, podendo ainda constar o agravante de os cronistas
sequer terem tido a oportunidade de o registrar no seu estágio inicial. Logo, as fontes e o
estudoà a ueol gi oà seà ost a à e i ue edo esà
atu ais à desteà de ate, trazendo para a
discussão dados e informações seguramente pré-colombianos. Todavia, em pesquisa de
levantamento bibliográfico, poucos foram os trabalhos encontrados que tratam do estudo
espacial dos sítios classificados como Tupiguarani, e dentre estes, poucos se preocuparam
com a ocorrência de estruturas defensivas externas às manchas de ocupação. A pesquisa em
desenvolvimento demonstra que é possível ver a guerra como fator importante do processo
histórico, e sendo a fortificação um aspecto importante do fenômeno guerreiro, o despertar
da arqueologia para tal problemática poderia complexificar ainda mais as afirmações de
fontes coloniais e as interpretações modernas de historiadores e antropólogos.
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CONFERÊNCIAS E MESAS REDONDAS
DIA 27 de junho de 2018
Noite (abertuta do evento) – Auditório de Extensão
18:30 horas às 19:30
Conferência de abertura: A questão indígena no Brasil: desafios diante das violações de
direitos, lutass e conquistas
Conferencista: Prof. Dr. Édson Kayapó, PROLIND- IFBA
Conferência de enceramento: El derecho a la educación en la larga lucha de las sociedades
originarias andinas por su tierra, su cultura y su identidad
Conferencista: Juan Marchena Fernandez (UPO, Sevilha, Espanha)
Los pueblos andinos han utilizado las más diversas formas de resistencia frente a la
invasión europea, primero, y luego frente al largo proceso de colonización cultural y
económica que desde el S. XVI dura hasta nuestros días, luchando y reivindicando activamente
sus derechos a su tierra, su cultura y su identidad. Uno de estos mecanismos de resistencia ha
sido el de reivindicar el derecho a la educación, no solo en sus lenguas y culturas ancestrales,
sino también en el ámbito de la cultura dominante v para así poder defenderse mejor de las
agresiones del sistema colonizador impuesto. Esta lucha por la educación comenzaba ya en el
siglo XVI, exigiendo el aprendizaje del castellano y de los instrumentos jurídicos de los
conquistadores en las escuelas de los ayllus y comunidades, a manos de maestros indígenas,
y continuado luego a lo largo del periodo republicano con escuelas y maestros propios.
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MESA 1 - ARQUEOLOGIA, MEMÓRIA E USOS DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA E PATRIMÔNIO
CULTURAL INDÍGENA NA AMÉRICA LATINA
(Auditório do Centro de Humanidades, Prédio do CH)
Coordenadora da mesa: Rosilene Dias Montenegro - UFCG
Palestrantes:
Naybe Gutierrez Montoya - UPO, Sevilha, Espanha
Sônia Maria Missagia (UFES)
Mirian Gomes Nascimento - Potiguara (PROLIN-UFCG)
Vanderley de Brito – Mestre – Patrimônio Cultural e Atividades na Arqueologia Paraibana,
Presidente do IHCG
MESA 2 - A LEI DO DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS NA AMÉRICA PORTUGUESA
Sala 104 , Prédio do Centro de Humanidades
Coordenador da Mesa: Fernanda Sposito – USP
Francisco Cancela - (UNEB)
Vania Maria Losada Moreira – (UFRRJ)
Juciene Ricarte Apolinário – (UFCG)
NOITE - 18:30 às 21:30 – Local: Auditório do Centro de Humanidades, Prédio do CH
MESA-REDONDA - PROTAGONISMOS E AGENCIAS INDÍGENAS REVELADAS NA ESCRITA DA
HISTÓRIA E DA LITERATURA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS
Coordenadora da Mesa: Patrícia Melo Sampaio - UFAM
Palestrantes
Regina Celestino de Almeida – UFF
Ângela Domingues – CHAM-UNL, Universidade de Lisboa, Portugal
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Brigitte Thierion Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3, França
Tanto no Quebec como no Brasil, a representação literária das mulheres autóctones e
ameríndias sofreu preconceitos dos discursos depreciativos ao longo do tempo. Esta
comunicação propõe destacar algumas vozes emergentes de mulheres que escolheram a
escrita para expressar uma visão pessoal. Dentro de sua obra poética ou ficcional,
analisaremos alguns elementos que articulam a sua relação com os outros e com o mundo de
forma a salientar a importância destes discursos em um percurso de afirmação identitária.
Para tanto, escolhemos obras de poetizas innu do Quebec e potiguaras do Brasil.
Carlos Paz (FCH-UNCPBA/ Argentina)
DIA 29 de junho de 2018
Manhã
Minicursos: 8:00 às 10:00
Mesas Redondas: 10:30 às 11:40
MANHÃ - das 10:30 às 11:30
MESA 1 – QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS, ENSINO DE HISTÓRIA E OS 10 ANOS A LEI 11. 645
(Sala 104 – Prédio do Centro de Humanidades)
Coordenadora da mesa-redonda: Marinalva Vilar de Lima – UFCG
Palestrantes:
Giovani José da Silva (Unifap/ Brasil)
Edson Silva – UFPE/ PPGH-UFCG
João Paulo Peixoto Costa-IFPI
Ofélia Maria de Barros (NEAB-I-UEPB)
140
MESA 2 – AGENCIAS E PROTAGONISMOS INDÍGENAS ENTRE OS SÉCULOS XVI AO XIX
(Auditório do Centro de Humanidades , Prédio do CH)
Coordenador da Mesa: Maria Regina Celestino de Almeida - UFF/UNIRIO
Palestrantes:
Fernanda Sposito – USP
Mariana Albuquerque Dantas – UVA
Carmen Alveal –UFRN
A inclusão dos índios em nossa história na condição de protagonistas tem propiciado
novas interpretações sobre vários temas. Essa comunicação visa a apresentar uma reflexão
sobre as mudanças historiográficas resultantes da incorporação dos índios como sujeitos
históricos, apontando a relevância acadêmica, social e política dessa prática. Serão priorizados
alguns temas que têm sido mais trabalhados na historiografia, partindo da minha própria
pesquisa sobre os índios no Rio de Janeiro, em perspectiva comparativa com outras regiões
do Brasil. Considerando a importância da articulação entre a história indígena e as histórias
colonial e nacional para uma compreensão mais ampla e complexa dos processos históricos,
pretende-se abordar a importância do estreitamento do diálogo entre os especialistas da
história indígena e dos demais campos historiográficos, discutindo os avanços e limites dessas
interlocuções. Ao restituírem aos índios a condição de sujeitos, as novas interpretações
desconstroem idéias preconceituosas e racistas contra os índios e fortalecem sua autoestima,
na medida em que se vêm representados como agentes de suas próprias histórias.
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MESA 3 – EDUCAÇÃO ESCOLAR E SUPERIOR INDÍGENAS NO BRASIL NAS ÚLTMAS DÉCADAS
(Auditório do Centro de Humanidades , Prédio do CH)
Coordenador da Mesa: Regina Coeli Gomes Nascimento (UFCG)
Palestrantes:
José Gabriel Silveira Correia (UFCG)
Hermeilia Feitosa Junqueira Ayres (UFCG)
Mércia Rejane Batista (PPGCS/UFCG)
Thiago Romeu de Souza (UFCG)
NOITE - 18:30 às 21:30 – Local: Auditório do Centro de Humanidades, Prédio do CH
MESA REDONDA - DIREITOS HUMANOS, EDUCAÇÃO E QUESTÕES JURÍDICAS
(Auditório do Centro de Humanidades , Prédio do CH)
Coordenação da Mesa: Edjane E. Dias da Silva, Universidade Federal de Campina Grande,
UFCG, Paraíba, Brasil
Palestrantes:
Tonico Benites Guarani-Kaiowá - UFRJ
Maria Sônia Barbalho Potiguara- Presidente da OPIP- PROLIND-UFCG
Fernando Antonio de Carvalho Dantas, Universidad Federal de Goiás, Brasil
Edjane E. Dias da Silva
DIA 30 de junho de 2018
Manhã
Minicursos: 8:00 às 10:00
Mesas Redondas: 10:30 às 11:40
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MESA 1: POPULAÇÕES INDÍGENAS, MEIO AMBIENTE, CONHECIMENTOS TRADICIONAIS E
SUSTENTABILIDADE
(Sala 104, Prédio do Centro de Humanidades)
Coordenador da Mesa: José Otávio Aguiar – UFCG Campina Grande , Brasil
Palestrantes:
Taciana de Carvalho Coutinho, Universidade Federal da Amazônia, Brasil
Pedro Ka'Aguasu Potiguara – PROLIND-UFCG
Edivania Granja da Silva Oliveira, Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Brasil
Crizelba Ferreira Padilha dos Santos – PROLIND-UFCG
MESA 2 -TERRITÓRIOS E TERRITORIALIDADES INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: LUTAS,
CONQUISTAS E RETROCESSOS
(Auditório do Centro de Humanidades , Prédio do CH)
Coordenadora da Mesa: Arlete Maria Pinheiro Schubert - UFES
Palestrantes:
Estevão Martins Palitot (UFPB)
Rita Neves (UFRN)
Kelly Oliveira (UFPB)
Waldeci Ferreira Chagas (UEPB / NEAB-Í/Guarabira)
MESA 3: MOVIMENTOS SOCIAIS INDÍGENAS NA AMÉRICA LATINA E PRÁTICAS POLÍTICAS
PARTIDÁRIAS SÉCULOS XX AO XXI
Sala 204, Prédio do Centro de Humanidades
Coordenador da Mesa Redonda: José Pereira de Souza Júnior (UEPB, UFCG)
Palestrantes:
Celso Gestermeier do Nascimento – UFCG. Os novos movimentos sociais indígenas na
América Latina: novas formas de atuação
143
O final do século XX, principalmente após 1992, foi palco de um renascimento de movimentos
sociais indígenas em várias partes da América. Nesse sentido, novas armas de combate
começaram a ser usadas, principalmente com o apoio da tecnologia ou, mais precisamente a
internet. O ciberespaço tornou-se um novo local de luta para as diferentes nacionalidades
indígenas se manifestarem e exigir seus direitos seculares. A partir de dois desses
movimentos, a saber: os neozapatistas chiapanecos e os aymaras bolivianos discutiremos
algumas dessas novas formas de manifestação política que formam um elo com as lutas do
passado.
Antônio Pessoa Gomes –Caboclinho Potiguara –Doutor Onoris Causa- PROLIND-UFCG
Luan Cardoso de Meneses Potiguara - PROLIND-UFCG
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