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A DIVERSIDADE EM SALA DE AULA

Resumo O presente projeto aborda a educação inclusiva, com o foco na diversidade em sala de aula. O objetivo desta pesquisa foi analisar como o docente trabalha com a diversidade em sala de aula e quais as relações com o processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do Ensino Fundamental, observando-se, mais especificamente como as diferenças presentes entre os alunos e alunas das séries iniciais e suas influências interferem no processo ensino e aprendizagem, quais as estratégias de ensino são mais eficazes para trabalhar com a diversidade em sala de aula e como a intervenção docente pode contribuir para que as diferenças existentes em sala de aula não se tornem desigualdades contribuindo para o fracasso escolar. Para a realização deste estudo foram seguidos os seguintes passos: escolha da escola, conversa com a supervisora que indicou uma turma onde havia um aluno portador de necessidades educativas especiais, a observação do aluno, do docente em aula e a aplicação de questionários para os professores e equipe pedagógica e análise documental, baseada nos cadernos e livros do aluno colaborador. Dessa forma adotou-se uma abordagem qualitativa, utilizou-se um estudo de caso, aplicou-se questionários e adotou-se também a análise documental. A investigação foi realizada em uma instituição particular de Educação Básica, que atende da Educação Infantil ao Ensino Médio. O processo de investigação ocorreu em uma turma de Ensino Fundamental, da 1ª série, com 23 (vinte e três) alunos e alunas, no período vespertino. Por meio deste trabalho de pesquisa pode-se constatar que alunos de um grupo-classe sempre apresentam diferentes atitudes e limitações: formas peculiares de aprender, preferências por determinadas situações de aprendizagem, utilizam materiais escolares com diferentes rendimentos, aprendem mais facilmente se o professor dirige-se a eles de uma ou outra maneira. Cabe ao professor proporcionar aos seus alunos situações de aprendizagens significativas que o auxiliem na construção do conhecimento. A forma que é colocada às situações de aprendizagem é um fator muito importante para que a aprendizagem significativa aconteça. Cabe também à coordenação pedagógica estar sempre orientando e dando subsídios para o trabalho do professor porque existem algumas situações que não se restringem à sala de aula, como algumas adaptações como materiais, equipamentos para alunos com deficiência, condições físico-ambientais, entre outros.

A DIVERSIDADE EM SALA DE AULA GIOVANELLA*, Maria Cecília M. N. – PUCPR [email protected] Resumo O presente projeto aborda a educação inclusiva, com o foco na diversidade em sala de aula. O objetivo desta pesquisa foi analisar como o docente trabalha com a diversidade em sala de aula e quais as relações com o processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do Ensino Fundamental, observando-se, mais especificamente como as diferenças presentes entre os alunos e alunas das séries iniciais e suas influências interferem no processo ensino e aprendizagem, quais as estratégias de ensino são mais eficazes para trabalhar com a diversidade em sala de aula e como a intervenção docente pode contribuir para que as diferenças existentes em sala de aula não se tornem desigualdades contribuindo para o fracasso escolar. Para a realização deste estudo foram seguidos os seguintes passos: escolha da escola, conversa com a supervisora que indicou uma turma onde havia um aluno portador de necessidades educativas especiais, a observação do aluno, do docente em aula e a aplicação de questionários para os professores e equipe pedagógica e análise documental, baseada nos cadernos e livros do aluno colaborador. Dessa forma adotou-se uma abordagem qualitativa, utilizou-se um estudo de caso, aplicou-se questionários e adotou-se também a análise documental. A investigação foi realizada em uma instituição particular de Educação Básica, que atende da Educação Infantil ao Ensino Médio. O processo de investigação ocorreu em uma turma de Ensino Fundamental, da 1ª série, com 23 (vinte e três) alunos e alunas, no período vespertino. Por meio deste trabalho de pesquisa pode-se constatar que alunos de um grupo-classe sempre apresentam diferentes atitudes e limitações: formas peculiares de aprender, preferências por determinadas situações de aprendizagem, utilizam materiais escolares com diferentes rendimentos, aprendem mais facilmente se o professor dirige-se a eles de uma ou outra maneira. Cabe ao professor proporcionar aos seus alunos situações de aprendizagens significativas que o auxiliem na construção do conhecimento. A forma que é colocada às situações de aprendizagem é um fator muito importante para que a aprendizagem significativa aconteça. Cabe também à coordenação pedagógica estar sempre orientando e dando subsídios para o trabalho do professor porque existem algumas situações que não se restringem à sala de aula, como algumas adaptações como materiais, equipamentos para alunos com deficiência, condições físico-ambientais, entre outros. Palavras-chave: Aprendizagem; Inclusão; Diversidade em Sala de Aula; Formação Docente; Necessidades Educativas Especiais. * Mestranda em Educação – PUCPR, Membro do Grupo de Pesquisa Aprendizagem e Ensino (GAE) – PUCPR. 2538 Introdução O presente trabalho buscou discutir e refletir a educação inclusiva, com o intuito de aprofundar o tema a diversidade em sala de aula. De acordo com a lei todas as crianças e jovens da Educação Básica de zero ao Ensino Médio, devem estar matriculados na rede regular de ensino, sem exceção. Entre os objetivos está o de ensinar os conteúdos curriculares de uma forma que permita também aos portadores de necessidades educativas especiais aprenderem e para alcançá-lo é preciso respeitar o ritmo e os limites de cada aluno. A inclusão é um fator que tem despertado muita polêmica entre os educadores que se dividem ao posicionar-se a favor ou contra. Muitos afirmam não estarem preparados para receberem este alunado, visto que não possuem formação adequada para trabalharem com crianças portadoras de necessidades especiais. Uma outra questão que também merece atenção é a heterogeneidade na sala de aula. Vários professores se queixam da dificuldade em lecionar com tantas diferenças individuais, no interior da sala de aula. Devido a esses fatores, o presente estudo tem por finalidade investigar a seguinte questão: como trabalhar com a diversidade em sala de aula e quais as relações com o processo ensino e aprendizagem? O propósito desta investigação surgiu com base na pesquisa de campo, realizada em uma escola municipal, na terceira série do ensino fundamental, onde havia dentro da sala de aula crianças especiais, em processo de reclassificação, que não sabiam ler e/ou escrever, outras que dominavam o conteúdo, a estas situações pedagógicas havia excesso de número de alunos na turma. Diante desse quadro, foi possível perceber que alunos de um grupo-classe sempre apresentam diferentes atitudes e limitações: formas peculiares de aprender, preferências por determinadas situações de aprendizagem, utilizam materiais escolares com diferentes rendimentos, aprendem mais facilmente se o professor dirige-se a eles de uma ou de outra maneira. Com relação a esses fatos, torna-se imprescindível na formação do professor, hoje, levar em conta os aspectos e requisitos diversos, de naturezas diferentes, que vêm constituindo o universo da instituição escolar e a realidade cultural do seu contexto. Dessa forma, analisou-se como o docente trabalha com as diversidades em sala de aula e quais as relações com o processo de ensino e aprendizagem. Para que isto se efetivasse foi necessário investigar como as diferenças presentes entre os alunos e alunas de classes de séries iniciais e suas influências interferem no processo ensino e aprendizagem, bem como 2539 verificar quais estratégias de ensino e aprendizagem são mais eficazes para trabalhar com a diversidade em sala de aula e estudar como a intervenção docente pode contribuir para que as diferenças existentes em sala de aula não se tornem desigualdades contribuindo para o fracasso escolar. Fundamentação Teórica A diversidade em relação às necessidades especiais na escola são amplas. A atual Política Nacional de Educação Especial define algumas prioridades no que diz respeito ao atendimento especializado a ser oferecido na escola para quem dele necessitar. Dessa forma, define como aluno portador de necessidades especiais aquele que “(...) por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas” (PCNs, 1999, p. 24). O nascimento da educação inclusiva é produto da evolução do conceito de educação especial. A história da educação especial permite observar que antigamente, até finais do século XVIII, não se consideravam educáveis as crianças que hoje são classificadas como “alunos com necessidades educativas especiais” (ARRIBAS, 2004, p. 317) e, conseqüentemente, não previa para elas nenhum tipo de resposta educativa, com exceção de algumas experiências muito pontuais e certamente não-institucionalizadas. Esta época é caracterizada pela ignorância e rejeição do indivíduo deficiente. Durante o século XX, a educação especial teve profundas transformações. Impelidas pelos movimentos sociais que lutavam por mais igualdade entre os cidadãos e a superação de qualquer tipo de discriminação, foi incorporando-se, gradativamente, ao sistema educacional regular e investigou fórmulas que viessem a facilitar a integração de alunos que portassem alguma deficiência. Ao mesmo tempo, originou-se uma séria reflexão no campo educativo, levando a própria escola a assumir sua responsabilidade no que se refere aos problemas de aprendizagem que se manifestava nos alunos, que passaram a serem vistos sob um enfoque mais interativo. A expressão das novas realidades foi revelada por meio do conceito de necessidades educativas especiais e do destaque à importância de que a escola se adapte à diversidade de seus alunos. (COLL, 2004). Considerando este panorama, pode-se dizer que somente quando os professores conhecem bem as possibilidades de aprendizagens dos alunos, os fatores que a favorecem e suas necessidades específicas é que poderão adequar as metodologias pedagógicas ao 2540 processo de construção pessoal de cada aluno. De acordo com Coll (2004, p. 294) "conhecer bem os alunos implica interação e comunicação intensa com eles, uma observação constante de seus processos de aprendizagem e uma revisão da resposta educativa que lhes é oferecida". A função do professor é propiciar aos alunos a construção de aprendizagens significativas. A maneira como é proposta as situações de ensino e aprendizagem são decisivas para que a aprendizagem significativa se concretize. Esta construção da aprendizagem significativa pressupõe que os alunos estejam com uma predisposição positiva para aprender, dando um resignificado, ou seja, um sentido pessoal as experiências de aprendizagem, relacionado com as novas aprendizagens o que já sabem. Assim poderão compreender o porque e para que. Gonzalez (2002, p. 241), confirma esta idéia, destacando que Em todo processo educativo, a competência profissional dos professores, sua capacidade para planejar situações de aprendizagem, realizar processos de adaptação de currículo, elaborar pontos de trabalho em equipe, etc., adquire uma grande relevância, que nos parece decisiva para o êxito ou para o fracasso da tal processo. Nesta perspectiva, não se pode desconsiderar a importância da relação família e escola. A vivência dos pais e esta relação variam em função da idade e da etapa educacional em que se encontra seu filho. Uma autêntica colaboração se estabelece por meio de uma permanente negociação. É importante considerar a enorme diversidade que há entre as famílias, por essa razão não deve ser imposto um único modelo de relação. De acordo com Vygotski (apud DAVIS, 1993), o desenvolvimento do sujeito humano e de sua singularidade origina-se das constantes interações com o meio social em que ele vive, já que as formas psicológicas mais sofisticadas emergem da vida social. Nessa perspectiva, o desenvolvimento das funções intelectuais especificamente humanas é mediado socialmente pelos signos e pelo outro. Dessa forma, construir conhecimentos implica uma ação partilhada, já que é por intermédio dos outros que as relações entre sujeito e objeto de conhecimento são estabelecidas. Aquino (1998, p. 63-64), ressalta a este respeito que A heterogeneidade característica presente em qualquer grupo humano, passa a ser vista como fator imprescindível para as interações na sala de aula. os diferentes ritmos, comportamentos, experiências, trajetórias pessoais, contextos familiares, valores e níveis de conhecimento de cada criança (e do professor) imprimem ao cotidiano escolar a possibilidade de troca de repertórios, de visões de mundo, confrontos, ajuda mútua e conseqüente ampliação das capacidades individuais. 2541 A prática escolar que tiver como referência esses princípios deverá considerar o sujeito único, ativo e interativo no seu processo de conhecimento, uma vez que ele não é tido como um receptor passivo de informações do exterior. Porém, apesar de ser relevante, a atividade espontânea e individual da criança não é suficiente para a importância da intervenção do professor, visto como alguém mais experiente da cultura e, finalmente as trocas efetivadas entre as crianças, que também contribuem para o desenvolvimento individual. Perrenoud (2000, p.9), afirma que a "indiferença às indiferenças", acaba gerando a desigualdade na aprendizagem. Em cada classe, existe uma parcela significativa de "diferenciação selvagem" (PERRENOUD, 2000, p. 26), a qual os professores têm uma vaga consciência e a qual não dominam. Durante muito tempo a explicação para o fracasso escolar se limitava ao aluno ou sua família. Gradativamente passou das aptidões, dos dons a considerar o meio cultural, levando em conta que "os recursos que o aluno mobiliza na escola não são a herança cultural quanto ao meio familiar durante os estudos" (PERRENOUD, 2000, p. 23). Ao longo da escolaridade, as visões de mundo, dos educandos vão sendo defrontadas, confrontadas, afrontadas pela cultura sistematizada que faz parte do currículo escolar. Atualmente está explicitado nos estudos dos diversos campos do conhecimento pedagógico que são diversos os graus de convergência, divergência e oposição entre cultura que a escola representa e as culturas que definem os esquemas referenciais de mundo dos alunos que a freqüentam. Porém, essa condição que vem sendo estrutural da instituição escolar, nem sempre preocupa seriamente os educadores e neles desperta condutas capazes de enfrentá-las com consciência e competência. Serbino e Grande (1995, p. 9), ressaltam que A formação do educador na atualidade precisa considerar, com grande seriedade os aspectos e requisitos diversos, de naturezas diferentes, que vêm constituindo o universo da instituição escolar e o universo cultural da clientela escolar que estão freqüentando. Isto não significa, que seja necessário criar um programa especial para cada aluno, bem como que todos sejam expostos aos mesmos conteúdos, no mesmo ritmo, da mesma forma, pois é possível atingir as mesmas competências por vários caminhos diferentes. Perrenoud (1995, p.29) sobre isto fala que Diferenciação não é sinônimo de individualização do ensino. É evidente que não se pode falar em diferenciação sem gestão individualizada do processo de aprendizagem, mas isso não significa que os alunos vão trabalhar individualmente, o que acontece é que o acompanhamento e os percursos são individualizados. 2542 Diferenciar é estar disposto a encontrar estratégias para trabalhar com os alunos mais difíceis. É preciso modificar, reinventar novas possibilidades, experimentar, assumir o risco de errar e estar pronto a corrigir. Se a maneira habitual que se arruma a sala de aula não funciona com esses alunos, bem como os livros e materiais didáticos não são adequados a eles e quando, enfim, as atividades planejadas não os motivam. Diferenciar é ter consciência e aceitar que não existem receitas prontas, nem uma única solução: "é aceitar as incertezas, a flexibilidade, a abertura das pedagogias ativas que em grande parte são construídas na ação cotidiana, em um processo que envolve negociação, revisão constante e iniciativa de seus atores" (ANDRE et all, 2002, p. 22). Isto deixa claro que não existem soluções mágicas. Para Perrenoud (1992, apud Andre et all, 2004), a pedagogia das diferenças requer uma avaliação formativa, visto que seu intuito é melhorar a formação. Além disso, mais do que se preocupar em classificar, dar notas, punir ou recompensar, auxilia o aluno a aprender. Metodologia da Pesquisa O objetivo desta pesquisa foi analisar como o docente trabalha com a diversidade em sala de aula e quais as relações com o processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do Ensino Fundamental, observando-se, mais especificamente como as diferenças presentes entre os alunos e alunas das séries iniciais e suas influências interferem no processo ensino e aprendizagem, quais as estratégias de ensino são mais eficazes para trabalhar com a diversidade em sala de aula e como a intervenção docente pode contribuir para que as diferenças existentes em sala de aula não se tornem desigualdades contribuindo para o fracasso escolar. A presente pesquisa foi realizada em uma instituição particular de Educação Básica, que atende da Educação Infantil ao Ensino Médio, localizada em Curitiba, com nível sócioeconômico médio, com aproximadamente 715 (setecentos e quinze) alunos matriculados. O processo de investigação ocorrerá em uma turma de Ensino Fundamental com 23 (vinte e três) alunos e alunas, no período vespertino. Para a realização deste estudo foram seguidos os seguintes passos: escolha da escola, conversa com a supervisora que indicou uma turma onde havia um aluno portador de necessidades educativas especiais, a observação do aluno, do docente em aula e a aplicação de questionários para os professores e equipe pedagógica e análise documental, baseada nos cadernos e livros do aluno colaborador. 2543 Adotou-se uma abordagem qualitativa. Como a questão que está sendo estudada é a diversidade em sala de aula, a pesquisadora manteve um contato presencial com o cotidiano da escola. Utilizou-se de estudo de caso. Este foi delimitado, apresentando contornos claramente definidos no decorrer do estudo, motivo pelo qual a pesquisa deteve-se em um aluno da 1ª série do Ensino Fundamental, que foi indicado pela escola. Foram realizados questionários com a equipe pedagógica e com o (a) professor (a) do aluno indicado. Foi adotada, também, a observação e a análise documental com o intuito de analisar os materiais que o aluno produziu na escola, bem como pareceres considerados significativos para a melhor compreensão do estudo. Apresentação e análise dos dados Para a presente investigação foi eleito um aluno de 7 (sete) anos de idade, com problemas motores, indicado pela pedagoga da escola. Como próximo passo ocorreu à solicitação e autorização dos pais para o desenvolvimento da pesquisa. Seguindo foram realizadas as observações sobre o desempenho do aluno no contexto educativo, questionário com os professores, com a equipe pedagógica e análise documental com base nos materiais do aluno indicado, com vistas em levantar informações sobre o desempenho, as dificuldades e adaptações apresentadas pelo aluno colaborador desta pesquisa, nas diferentes atividades as quais participa na escola. Todas as situações de observação foram realizadas em dias alternados, e em atividades diferenciadas, sendo transcritos o desempenho do aluno no decorrer de cada dia, em todo o período da tarde. O trabalho consistia em observar e relatar como o aluno se comportava frente às atividades indicadas estipuladas pelas professoras, ou seja, como o aluno as desenvolvia e como a professora atuava junto às dificuldades do aluno. Foram realizadas questionários com 3 (três) professores que ministram aulas em diferentes campos do conhecimento para o aluno, foco desta investigação, visando o levantamento de informações referentes às suas dificuldades, as quais serão identificadas como P1, P2 e P3. Ao serem indagados sobre quais as maiores dificuldades no processo de alfabetização com os alunos que apresentam diferentes necessidades no contexto da sala de aula, os professores entrevistados afirmaram que não se sentem preparados para trabalhar com diversidade em sala de aula. Encontram dificuldades em encontrar uma metodologia e uma estratégia que favoreça a todos os alunos. Sentem necessidade de um trabalho em consonância 2544 com a coordenação pedagógica no sentido de esclarecer as dúvidas apresentadas no cotidiano da sala de aula. Ao citar um caso de inclusão existente na sua sala de aula, descrevendo os procedimentos adotados, os professores responderam que há um aluno na sala de aula portador de necessidades educativas especiais. O aluno em questão apresenta problemas motores e precisa de recursos especiais que favoreçam seu aprendizado, neste caso utiliza um computador em sala de aula. Frente à pergunta, geralmente como é o comportamento desse aluno em sala de aula, os professores discorreram que o aluno está adaptado a esta escola. a atitude dos professores deve ser de atenção ao comportamento dos educandos, porque por meio das suas observações podem descobrir estratégias que sejam adequadas ao aluno, respeitando sua limitação motora. Em resposta à questão se há um trabalho em parceria com profissionais da área da saúde para atendê-lo, disseram que não há nenhuma orientação médica ou conhecimento do laudo de uma avaliação pela qual o aluno tenha se submetido, o que facilitaria encontrar meios para auxiliá-lo na sua aprendizagem. Ao se perguntar sobre como esse aluno se relaciona com os colegas, os professores afirmaram o aluno tem um bom relacionamento com os colegas. O docente também tem a responsabilidade de propiciar situações na sala de aula que promova a interação entre os alunos. Os professores foram questionados a respeito de como você encaminha o seu trabalho em sala de aula e se existe a necessidade de realizar adaptações curriculares, ao que duas professoras responderam que não e o professor disse que existe essa necessidade. Em relação à questão de como a escola encaminha o trabalho pedagógico em relação aos alunos que apresentam necessidades educativas especiais, uma professora contou que estimula dentro de sua capacidade, outra falou que a responsabilidade é do professor porque ele que tem que dar conta e o professor disse que as atividades são feitas caso a caso pelo próprio docente com auxílio da coordenação pedagógica. Quando se perguntou se a criança recebe tratamento diferenciado, o professor 1 inferiu que percebendo a demanda da criança especial faz algumas atividades que o estimule, mas tudo isso dentro do contexto da aula evitando que ele se sinta “recebendo” uma atenção diferenciada devido suas dificuldades. O professor 2 relatou que no que precisar sim. Não consegue escrever com lápis, usa o computador e o professor 3 disse que não, sempre que possível, excetuando-se as atividades onde existam as limitações motoras, muitas vezes as atividades só sendo realizadas parcialmente ou não realizadas. 2545 Quando questionados se a escola desenvolve algum trabalho em conjunto com outras áreas, como: Psicóloga, Psicopedagoga (no caso se tiver outras, quais), o primeiro professor não soube informar, o segundo afirmou que não e o terceiro falou que sempre que o colégio admite alunos com necessidades especiais outros profissionais são comunicados, quando a criança não tem esse acompanhamento a coordenadora pedagógica encaminha os alunos, mas a comunicação com os outros profissionais se dá apenas no nível da coordenação pedagógica ou de alunos. Sabe-se que além dos professores e da família, outros elementos são fundamentais para o desenvolvimento dos alunos na escola, como a equipe pedagógica. Participou da presente investigação a orientadora educacional. Ao ser questionada sobre quais as dificuldades mais relevantes para a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais frente ao processo de alfabetização, ela afirmou que falta de um currículo diferenciado, falta de uma avaliação diferenciada e formação especializada. Em relação aos serviços oferecidos pela escola para as crianças com necessidades educativas especiais, a orientadora educacional relatou que não há uma equipe multidisciplinar na escola. Quando detecta-se a necessidade de um apoio paralelo encaminhase os alunos à esses profissionais. Não havendo esta necessidade, procura-se atender com muita dedicação, empenho e amor valorizando cada avanço alcançado e esforço desprendido por estas crianças. Sobre as medidas adotadas pela escola para auxiliar os professores em relação a classes com inclusão e a diversidade em sala de aula a orientadora referiu que na escola não tem classes de inclusão, tem alguns casos de inclusão. Procura-se dar apoio às professoras na medida em que haja necessidade buscando alternativas e recursos para a solução das nossas dificuldades. (encaminhamentos, cursos, etc.) Ao se pedir que citasse um caso de inclusão existente nesta escola, descrevendo os procedimentos adotados, descreveu-se os seguintes casos O M - NI - estimulação visual, motora e linguagem. Faz vários acompanhamentos paralelos. Principais procedimentos amor, dedicação e certeza de que podemos fazer a diferença na vida desta criança. O convívio com as outras crianças tem trazido a ele muitos benefícios. Temos também o L. - 1ª série estimulação motora e uso de leptop na sala de aula. Phillips (1974, p.38), afirma que são considerados documentos "quaisquer materiais escritos que possam ser usados como fonte de informação sobre o comportamento humano", 2546 por esta razão analisar-se-á os materiais que o aluno produziu na escola, com o intuito de se entender melhor o estudo realizado. Os cadernos do aluno L., de todas as disciplinas, aparecem nas atividades realizadas em classe, na escola, todos rabiscados. Em contrapartida, todas as lições de casa são realizadas no computador e são impressas e coladas. O mesmo ocorre com os livros, nas atividades realizadas em sala as páginas apresentam-se rabiscadas e as tarefas de casa são grampeadas no livro, porque sua mãe skanea e passa para o programa do Word, aonde o aluno L. as responde e depois a imprime. Considerações Finais Hoje a tendência cada vez maior é de se trabalhar de forma inclusiva. Isso exige que o professor esteja cada vez mais capacitado para trabalhar com a diversidade em sala de aula, porque e escola deve considerar além das diferenças sócio-culturais que permeiam a relação pedagógica, as diferenças de ritmo de aprendizagem entre os alunos, o papel das interações e da intervenção docente. As diferenças presentes em sala de aula podem tornar-se desigualdades que, quando reforçadas, contribuem para o insucesso e a exclusão escolar. Por meio deste trabalho de pesquisa pode-se constatar que alunos de um grupo-classe sempre apresentam diferentes atitudes e limitações: formas peculiares de aprender, preferências por determinadas situações de aprendizagem, utilizam materiais escolares com diferentes rendimentos, aprendem mais facilmente se o professor dirige-se a eles de uma ou outra maneira. Isto revela que é imprescindível na formação do professor, levar em conta os aspectos e requisitos diversos, de naturezas diferentes, que vêm constituindo o universo da instituição escolar e a realidade cultural do seu contexto. Cabe ao professor proporcionar aos seus alunos situações de aprendizagens significativas que o auxiliem na construção do conhecimento. A forma que é colocada às situações de aprendizagem é um fator muito importante para que a aprendizagem significativa aconteça. É claro que o aluno deve estar predisposto a aprender, dando um resignificado. Existem diferentes maneiras de ensinar o mesmo conteúdo. As estratégias são inúmeras, como por exemplo, trabalhos em grupo, individual, dinâmicas, vídeos, pesquisas. Não se ater somente no livro didático, formular problematizações, mudar o jeito que as carteiras estão dispostas na sala de vez em quando. 2547 Para que isso seja possível o docente deve conhecer muito bem seus alunos. Tem que ter o cuidado de sempre observá-lo e perceber as suas dificuldades e pensar em uma resposta educativa. A maneira que o professor conduz seu trabalho em sala de aula tem uma grande influência no processo de ensino e aprendizagem, pois ele desperta o desejo e o interesse do aluno ao tema trabalhado. É uma de suas responsabilidades envolver o discente nas atividades. Cabe também à equipe pedagógica estar sempre orientando e dando subsídios para o trabalho do professor porque existem algumas situações que não se restringem à sala de aula, como algumas adaptações como materiais, equipamentos para alunos com deficiência, condições físico-ambientais, entre outros. REFERÊNCIAS ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da Prática Escolar. Campinas, SP: Papirus, 1995. ANDRÉ, Marli (Org.) et all. Pedagogia das diferenças na sala de aula. 5. ed. Campinas, SP: Papirus, 2004. AQUINO, Júlio Groppa. Diferenças e preconceitos na escola: alternativas teóricas e práticas. 2. ed. 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