A DIVERSIDADE EM SALA DE AULA
GIOVANELLA*, Maria Cecília M. N. – PUCPR
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Resumo
O presente projeto aborda a educação inclusiva, com o foco na diversidade em sala de aula. O
objetivo desta pesquisa foi analisar como o docente trabalha com a diversidade em sala de
aula e quais as relações com o processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do
Ensino Fundamental, observando-se, mais especificamente como as diferenças presentes entre
os alunos e alunas das séries iniciais e suas influências interferem no processo ensino e
aprendizagem, quais as estratégias de ensino são mais eficazes para trabalhar com a
diversidade em sala de aula e como a intervenção docente pode contribuir para que as
diferenças existentes em sala de aula não se tornem desigualdades contribuindo para o
fracasso escolar. Para a realização deste estudo foram seguidos os seguintes passos: escolha
da escola, conversa com a supervisora que indicou uma turma onde havia um aluno portador
de necessidades educativas especiais, a observação do aluno, do docente em aula e a aplicação
de questionários para os professores e equipe pedagógica e análise documental, baseada nos
cadernos e livros do aluno colaborador. Dessa forma adotou-se uma abordagem qualitativa,
utilizou-se um estudo de caso, aplicou-se questionários e adotou-se também a análise
documental. A investigação foi realizada em uma instituição particular de Educação Básica,
que atende da Educação Infantil ao Ensino Médio. O processo de investigação ocorreu em
uma turma de Ensino Fundamental, da 1ª série, com 23 (vinte e três) alunos e alunas, no
período vespertino. Por meio deste trabalho de pesquisa pode-se constatar que alunos de um
grupo-classe sempre apresentam diferentes atitudes e limitações: formas peculiares de
aprender, preferências por determinadas situações de aprendizagem, utilizam materiais
escolares com diferentes rendimentos, aprendem mais facilmente se o professor dirige-se a
eles de uma ou outra maneira. Cabe ao professor proporcionar aos seus alunos situações de
aprendizagens significativas que o auxiliem na construção do conhecimento. A forma que é
colocada às situações de aprendizagem é um fator muito importante para que a aprendizagem
significativa aconteça. Cabe também à coordenação pedagógica estar sempre orientando e
dando subsídios para o trabalho do professor porque existem algumas situações que não se
restringem à sala de aula, como algumas adaptações como materiais, equipamentos para
alunos com deficiência, condições físico-ambientais, entre outros.
Palavras-chave: Aprendizagem; Inclusão; Diversidade em Sala de Aula; Formação Docente;
Necessidades Educativas Especiais.
*
Mestranda em Educação – PUCPR, Membro do Grupo de Pesquisa Aprendizagem e Ensino (GAE) – PUCPR.
2538
Introdução
O presente trabalho buscou discutir e refletir a educação inclusiva, com o intuito de
aprofundar o tema a diversidade em sala de aula. De acordo com a lei todas as crianças e
jovens da Educação Básica de zero ao Ensino Médio, devem estar matriculados na rede
regular de ensino, sem exceção. Entre os objetivos está o de ensinar os conteúdos curriculares
de uma forma que permita também aos portadores de necessidades educativas especiais
aprenderem e para alcançá-lo é preciso respeitar o ritmo e os limites de cada aluno.
A inclusão é um fator que tem despertado muita polêmica entre os educadores que se
dividem ao posicionar-se a favor ou contra. Muitos afirmam não estarem preparados para
receberem este alunado, visto que não possuem formação adequada para trabalharem com
crianças portadoras de necessidades especiais.
Uma outra questão que também merece atenção é a heterogeneidade na sala de aula.
Vários professores se queixam da dificuldade em lecionar com tantas diferenças individuais,
no interior da sala de aula.
Devido a esses fatores, o presente estudo tem por finalidade investigar a seguinte
questão: como trabalhar com a diversidade em sala de aula e quais as relações com o processo
ensino e aprendizagem?
O propósito desta investigação surgiu com base na pesquisa de campo, realizada em
uma escola municipal, na terceira série do ensino fundamental, onde havia dentro da sala de
aula crianças especiais, em processo de reclassificação, que não sabiam ler e/ou escrever,
outras que dominavam o conteúdo, a estas situações pedagógicas havia excesso de número de
alunos na turma.
Diante desse quadro, foi possível perceber que alunos de um grupo-classe sempre
apresentam diferentes atitudes e limitações: formas peculiares de aprender, preferências por
determinadas situações de aprendizagem, utilizam materiais escolares com diferentes
rendimentos, aprendem mais facilmente se o professor dirige-se a eles de uma ou de outra
maneira.
Com relação a esses fatos, torna-se imprescindível na formação do professor, hoje,
levar em conta os aspectos e requisitos diversos, de naturezas diferentes, que vêm
constituindo o universo da instituição escolar e a realidade cultural do seu contexto.
Dessa forma, analisou-se como o docente trabalha com as diversidades em sala de aula
e quais as relações com o processo de ensino e aprendizagem. Para que isto se efetivasse foi
necessário investigar como as diferenças presentes entre os alunos e alunas de classes de
séries iniciais e suas influências interferem no processo ensino e aprendizagem, bem como
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verificar quais estratégias de ensino e aprendizagem são mais eficazes para trabalhar com a
diversidade em sala de aula e estudar como a intervenção docente pode contribuir para que as
diferenças existentes em sala de aula não se tornem desigualdades contribuindo para o
fracasso escolar.
Fundamentação Teórica
A diversidade em relação às necessidades especiais na escola são amplas. A atual
Política Nacional de Educação Especial define algumas prioridades no que diz respeito ao
atendimento especializado a ser oferecido na escola para quem dele necessitar.
Dessa forma, define como aluno portador de necessidades especiais aquele que “(...)
por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das
aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e
metodologias educacionais específicas” (PCNs, 1999, p. 24).
O nascimento da educação inclusiva é produto da evolução do conceito de educação
especial. A história da educação especial permite observar que antigamente, até finais do
século XVIII, não se consideravam educáveis as crianças que hoje são classificadas como
“alunos
com
necessidades
educativas
especiais”
(ARRIBAS,
2004,
p.
317)
e,
conseqüentemente, não previa para elas nenhum tipo de resposta educativa, com exceção de
algumas experiências muito pontuais e certamente não-institucionalizadas. Esta época é
caracterizada pela ignorância e rejeição do indivíduo deficiente.
Durante o século XX, a educação especial teve profundas transformações. Impelidas
pelos movimentos sociais que lutavam por mais igualdade entre os cidadãos e a superação de
qualquer tipo de discriminação, foi incorporando-se, gradativamente, ao sistema educacional
regular e investigou fórmulas que viessem a facilitar a integração de alunos que portassem
alguma deficiência. Ao mesmo tempo, originou-se uma séria reflexão no campo educativo,
levando a própria escola a assumir sua responsabilidade no que se refere aos problemas de
aprendizagem que se manifestava nos alunos, que passaram a serem vistos sob um enfoque
mais interativo. A expressão das novas realidades foi revelada por meio do conceito de
necessidades educativas especiais e do destaque à importância de que a escola se adapte à
diversidade de seus alunos. (COLL, 2004).
Considerando este panorama, pode-se dizer que somente quando os professores
conhecem bem as possibilidades de aprendizagens dos alunos, os fatores que a favorecem e
suas necessidades específicas é que poderão adequar as metodologias pedagógicas ao
2540
processo de construção pessoal de cada aluno. De acordo com Coll (2004, p. 294) "conhecer
bem os alunos implica interação e comunicação intensa com eles, uma observação constante
de seus processos de aprendizagem e uma revisão da resposta educativa que lhes é oferecida".
A função do professor é propiciar aos alunos a construção de aprendizagens
significativas. A maneira como é proposta as situações de ensino e aprendizagem são
decisivas para que a aprendizagem significativa se concretize. Esta construção da
aprendizagem significativa pressupõe que os alunos estejam com uma predisposição positiva
para aprender, dando um resignificado, ou seja, um sentido pessoal as experiências de
aprendizagem, relacionado com as novas aprendizagens o que já sabem. Assim poderão
compreender o porque e para que.
Gonzalez (2002, p. 241), confirma esta idéia, destacando que
Em todo processo educativo, a competência profissional dos professores, sua
capacidade para planejar situações de aprendizagem, realizar processos de
adaptação de currículo, elaborar pontos de trabalho em equipe, etc., adquire uma
grande relevância, que nos parece decisiva para o êxito ou para o fracasso da tal
processo.
Nesta perspectiva, não se pode desconsiderar a importância da relação família e
escola. A vivência dos pais e esta relação variam em função da idade e da etapa educacional
em que se encontra seu filho.
Uma autêntica colaboração se estabelece por meio de uma permanente negociação. É
importante considerar a enorme diversidade que há entre as famílias, por essa razão não deve
ser imposto um único modelo de relação.
De acordo com Vygotski (apud DAVIS, 1993), o desenvolvimento do sujeito humano
e de sua singularidade origina-se das constantes interações com o meio social em que ele vive,
já que as formas psicológicas mais sofisticadas emergem da vida social. Nessa perspectiva, o
desenvolvimento das funções intelectuais especificamente humanas é mediado socialmente
pelos signos e pelo outro. Dessa forma, construir conhecimentos implica uma ação partilhada,
já que é por intermédio dos outros que as relações entre sujeito e objeto de conhecimento são
estabelecidas.
Aquino (1998, p. 63-64), ressalta a este respeito que
A heterogeneidade característica presente em qualquer grupo humano, passa a ser
vista como fator imprescindível para as interações na sala de aula. os diferentes
ritmos, comportamentos, experiências, trajetórias pessoais, contextos familiares,
valores e níveis de conhecimento de cada criança (e do professor) imprimem ao
cotidiano escolar a possibilidade de troca de repertórios, de visões de mundo,
confrontos, ajuda mútua e conseqüente ampliação das capacidades individuais.
2541
A prática escolar que tiver como referência esses princípios deverá considerar o sujeito
único, ativo e interativo no seu processo de conhecimento, uma vez que ele não é tido como
um receptor passivo de informações do exterior. Porém, apesar de ser relevante, a atividade
espontânea e individual da criança não é suficiente para a importância da intervenção do
professor, visto como alguém mais experiente da cultura e, finalmente as trocas efetivadas
entre as crianças, que também contribuem para o desenvolvimento individual.
Perrenoud (2000, p.9), afirma que a "indiferença às indiferenças", acaba gerando a
desigualdade na aprendizagem. Em cada classe, existe uma parcela significativa de
"diferenciação selvagem" (PERRENOUD, 2000, p. 26), a qual os professores têm uma vaga
consciência e a qual não dominam.
Durante muito tempo a explicação para o fracasso escolar se limitava ao aluno ou sua
família. Gradativamente passou das aptidões, dos dons a considerar o meio cultural, levando
em conta que "os recursos que o aluno mobiliza na escola não são a herança cultural quanto
ao meio familiar durante os estudos" (PERRENOUD, 2000, p. 23).
Ao longo da escolaridade, as visões de mundo, dos educandos vão sendo defrontadas,
confrontadas, afrontadas pela cultura sistematizada que faz parte do currículo escolar.
Atualmente está explicitado nos estudos dos diversos campos do conhecimento pedagógico
que são diversos os graus de convergência, divergência e oposição entre cultura que a escola
representa e as culturas que definem os esquemas referenciais de mundo dos alunos que a
freqüentam.
Porém, essa condição que vem sendo estrutural da instituição escolar, nem sempre
preocupa seriamente os educadores e neles desperta condutas capazes de enfrentá-las com
consciência e competência. Serbino e Grande (1995, p. 9), ressaltam que
A formação do educador na atualidade precisa considerar, com grande seriedade os
aspectos e requisitos diversos, de naturezas diferentes, que vêm constituindo o
universo da instituição escolar e o universo cultural da clientela escolar que estão
freqüentando.
Isto não significa, que seja necessário criar um programa especial para cada aluno,
bem como que todos sejam expostos aos mesmos conteúdos, no mesmo ritmo, da mesma
forma, pois é possível atingir as mesmas competências por vários caminhos diferentes.
Perrenoud (1995, p.29) sobre isto fala que
Diferenciação não é sinônimo de individualização do ensino. É evidente que não se
pode falar em diferenciação sem gestão individualizada do processo de
aprendizagem, mas isso não significa que os alunos vão trabalhar individualmente,
o que acontece é que o acompanhamento e os percursos são individualizados.
2542
Diferenciar é estar disposto a encontrar estratégias para trabalhar com os alunos mais
difíceis. É preciso modificar, reinventar novas possibilidades, experimentar, assumir o risco
de errar e estar pronto a corrigir. Se a maneira habitual que se arruma a sala de aula não
funciona com esses alunos, bem como os livros e materiais didáticos não são adequados a eles
e quando, enfim, as atividades planejadas não os motivam.
Diferenciar é ter consciência e aceitar que não existem receitas prontas, nem uma
única solução: "é aceitar as incertezas, a flexibilidade, a abertura das pedagogias ativas que
em grande parte são construídas na ação cotidiana, em um processo que envolve negociação,
revisão constante e iniciativa de seus atores" (ANDRE et all, 2002, p. 22).
Isto deixa claro que não existem soluções mágicas. Para Perrenoud (1992, apud Andre
et all, 2004), a pedagogia das diferenças requer uma avaliação formativa, visto que seu intuito
é melhorar a formação. Além disso, mais do que se preocupar em classificar, dar notas, punir
ou recompensar, auxilia o aluno a aprender.
Metodologia da Pesquisa
O objetivo desta pesquisa foi analisar como o docente trabalha com a diversidade em
sala de aula e quais as relações com o processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais
do Ensino Fundamental, observando-se, mais especificamente como as diferenças presentes
entre os alunos e alunas das séries iniciais e suas influências interferem no processo ensino e
aprendizagem, quais as estratégias de ensino são mais eficazes para trabalhar com a
diversidade em sala de aula e como a intervenção docente pode contribuir para que as
diferenças existentes em sala de aula não se tornem desigualdades contribuindo para o
fracasso escolar.
A presente pesquisa foi realizada em uma instituição particular de Educação Básica,
que atende da Educação Infantil ao Ensino Médio, localizada em Curitiba, com nível sócioeconômico médio, com aproximadamente 715 (setecentos e quinze) alunos matriculados. O
processo de investigação ocorrerá em uma turma de Ensino Fundamental com 23 (vinte e três)
alunos e alunas, no período vespertino.
Para a realização deste estudo foram seguidos os seguintes passos: escolha da escola,
conversa com a supervisora que indicou uma turma onde havia um aluno portador de
necessidades educativas especiais, a observação do aluno, do docente em aula e a aplicação de
questionários para os professores e equipe pedagógica e análise documental, baseada nos
cadernos e livros do aluno colaborador.
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Adotou-se uma abordagem qualitativa. Como a questão que está sendo estudada é a
diversidade em sala de aula, a pesquisadora manteve um contato presencial com o cotidiano
da escola. Utilizou-se de estudo de caso. Este foi delimitado, apresentando contornos
claramente definidos no decorrer do estudo, motivo pelo qual a pesquisa deteve-se em um
aluno da 1ª série do Ensino Fundamental, que foi indicado pela escola.
Foram realizados questionários com a equipe pedagógica e com o (a) professor (a) do
aluno indicado. Foi adotada, também, a observação e a análise documental com o intuito de
analisar os materiais que o aluno produziu na escola, bem como pareceres considerados
significativos para a melhor compreensão do estudo.
Apresentação e análise dos dados
Para a presente investigação foi eleito um aluno de 7 (sete) anos de idade, com
problemas motores, indicado pela pedagoga da escola. Como próximo passo ocorreu à
solicitação e autorização dos pais para o desenvolvimento da pesquisa. Seguindo foram
realizadas as observações sobre o desempenho do aluno no contexto educativo, questionário
com os professores, com a equipe pedagógica e análise documental com base nos materiais do
aluno indicado, com vistas em levantar informações sobre o desempenho, as dificuldades e
adaptações apresentadas pelo aluno colaborador desta pesquisa, nas diferentes atividades as
quais participa na escola. Todas as situações de observação foram realizadas em dias
alternados, e em atividades diferenciadas, sendo transcritos o desempenho do aluno no
decorrer de cada dia, em todo o período da tarde. O trabalho consistia em observar e relatar
como o aluno se comportava frente às atividades indicadas estipuladas pelas professoras, ou
seja, como o aluno as desenvolvia e como a professora atuava junto às dificuldades do aluno.
Foram realizadas questionários com 3 (três) professores que ministram aulas em
diferentes campos do conhecimento para o aluno, foco desta investigação, visando o
levantamento de informações referentes às suas dificuldades, as quais serão identificadas
como P1, P2 e P3.
Ao serem indagados sobre quais as maiores dificuldades no processo de alfabetização
com os alunos que apresentam diferentes necessidades no contexto da sala de aula, os
professores entrevistados afirmaram que não se sentem preparados para trabalhar com
diversidade em sala de aula. Encontram dificuldades em encontrar uma metodologia e uma
estratégia que favoreça a todos os alunos. Sentem necessidade de um trabalho em consonância
2544
com a coordenação pedagógica no sentido de esclarecer as dúvidas apresentadas no cotidiano
da sala de aula.
Ao citar um caso de inclusão existente na sua sala de aula, descrevendo os
procedimentos adotados, os professores responderam que há um aluno na sala de aula
portador de necessidades educativas especiais. O aluno em questão apresenta problemas
motores e precisa de recursos especiais que favoreçam seu aprendizado, neste caso utiliza um
computador em sala de aula.
Frente à pergunta, geralmente como é o comportamento desse aluno em sala de aula,
os professores discorreram que o aluno está adaptado a esta escola. a atitude dos professores
deve ser de atenção ao comportamento dos educandos, porque por meio das suas observações
podem descobrir estratégias que sejam adequadas ao aluno, respeitando sua limitação motora.
Em resposta à questão se há um trabalho em parceria com profissionais da área da
saúde para atendê-lo, disseram que não há nenhuma orientação médica ou conhecimento do
laudo de uma avaliação pela qual o aluno tenha se submetido, o que facilitaria encontrar
meios para auxiliá-lo na sua aprendizagem.
Ao se perguntar sobre como esse aluno se relaciona com os colegas, os professores
afirmaram o aluno tem um bom relacionamento com os colegas. O docente também tem a
responsabilidade de propiciar situações na sala de aula que promova a interação entre os
alunos.
Os professores foram questionados a respeito de como você encaminha o seu trabalho
em sala de aula e se existe a necessidade de realizar adaptações curriculares, ao que duas
professoras responderam que não e o professor disse que existe essa necessidade.
Em relação à questão de como a escola encaminha o trabalho pedagógico em relação
aos alunos que apresentam necessidades educativas especiais, uma professora contou que
estimula dentro de sua capacidade, outra falou que a responsabilidade é do professor porque
ele que tem que dar conta e o professor disse que as atividades são feitas caso a caso pelo
próprio docente com auxílio da coordenação pedagógica.
Quando se perguntou se a criança recebe tratamento diferenciado, o professor 1 inferiu
que percebendo a demanda da criança especial faz algumas atividades que o estimule, mas
tudo isso dentro do contexto da aula evitando que ele se sinta “recebendo” uma atenção
diferenciada devido suas dificuldades. O professor 2 relatou que no que precisar sim. Não
consegue escrever com lápis, usa o computador e o professor 3 disse que não, sempre que
possível, excetuando-se as atividades onde existam as limitações motoras, muitas vezes as
atividades só sendo realizadas parcialmente ou não realizadas.
2545
Quando questionados se a escola desenvolve algum trabalho em conjunto com outras
áreas, como: Psicóloga, Psicopedagoga (no caso se tiver outras, quais), o primeiro professor
não soube informar, o segundo afirmou que não e o terceiro falou que sempre que o colégio
admite alunos com necessidades especiais outros profissionais são comunicados, quando a
criança não tem esse acompanhamento a coordenadora pedagógica encaminha os alunos, mas
a comunicação com os outros profissionais se dá apenas no nível da coordenação pedagógica
ou de alunos.
Sabe-se que além dos professores e da família, outros elementos são fundamentais
para o desenvolvimento dos alunos na escola, como a equipe pedagógica. Participou da
presente investigação a orientadora educacional.
Ao ser questionada sobre quais as dificuldades mais relevantes para a inclusão de
alunos com necessidades educativas especiais frente ao processo de alfabetização, ela afirmou
que falta de um currículo diferenciado, falta de uma avaliação diferenciada e formação
especializada.
Em relação aos serviços oferecidos pela escola para as crianças com necessidades
educativas especiais, a orientadora educacional relatou que não há uma equipe
multidisciplinar na escola. Quando detecta-se a necessidade de um apoio paralelo encaminhase os alunos à esses profissionais. Não havendo esta necessidade, procura-se atender com
muita dedicação, empenho e amor valorizando cada avanço alcançado e esforço desprendido
por estas crianças.
Sobre as medidas adotadas pela escola para auxiliar os professores em relação a
classes com inclusão e a diversidade em sala de aula a orientadora referiu que na escola não
tem classes de inclusão, tem alguns casos de inclusão. Procura-se dar apoio às professoras na
medida em que haja necessidade buscando alternativas e recursos para a solução das nossas
dificuldades. (encaminhamentos, cursos, etc.)
Ao se pedir que citasse um caso de inclusão existente nesta escola, descrevendo os
procedimentos adotados, descreveu-se os seguintes casos O M - NI - estimulação visual,
motora e linguagem. Faz vários acompanhamentos paralelos. Principais procedimentos amor,
dedicação e certeza de que podemos fazer a diferença na vida desta criança. O convívio com
as outras crianças tem trazido a ele muitos benefícios. Temos também o L. - 1ª série estimulação motora e uso de leptop na sala de aula.
Phillips (1974, p.38), afirma que são considerados documentos "quaisquer materiais
escritos que possam ser usados como fonte de informação sobre o comportamento humano",
2546
por esta razão analisar-se-á os materiais que o aluno produziu na escola, com o intuito de se
entender melhor o estudo realizado.
Os cadernos do aluno L., de todas as disciplinas, aparecem nas atividades realizadas
em classe, na escola, todos rabiscados. Em contrapartida, todas as lições de casa são
realizadas no computador e são impressas e coladas.
O mesmo ocorre com os livros, nas atividades realizadas em sala as páginas
apresentam-se rabiscadas e as tarefas de casa são grampeadas no livro, porque sua mãe skanea
e passa para o programa do Word, aonde o aluno L. as responde e depois a imprime.
Considerações Finais
Hoje a tendência cada vez maior é de se trabalhar de forma inclusiva. Isso exige que o
professor esteja cada vez mais capacitado para trabalhar com a diversidade em sala de aula,
porque e escola deve considerar além das diferenças sócio-culturais que permeiam a relação
pedagógica, as diferenças de ritmo de aprendizagem entre os alunos, o papel das interações e
da intervenção docente. As diferenças presentes em sala de aula podem tornar-se
desigualdades que, quando reforçadas, contribuem para o insucesso e a exclusão escolar.
Por meio deste trabalho de pesquisa pode-se constatar que alunos de um grupo-classe
sempre apresentam diferentes atitudes e limitações: formas peculiares de aprender,
preferências por determinadas situações de aprendizagem, utilizam materiais escolares com
diferentes rendimentos, aprendem mais facilmente se o professor dirige-se a eles de uma ou
outra maneira.
Isto revela que é imprescindível na formação do professor, levar em conta os aspectos
e requisitos diversos, de naturezas diferentes, que vêm constituindo o universo da instituição
escolar e a realidade cultural do seu contexto.
Cabe ao professor proporcionar aos seus alunos situações de aprendizagens
significativas que o auxiliem na construção do conhecimento. A forma que é colocada às
situações de aprendizagem é um fator muito importante para que a aprendizagem significativa
aconteça. É claro que o aluno deve estar predisposto a aprender, dando um resignificado.
Existem diferentes maneiras de ensinar o mesmo conteúdo. As estratégias são
inúmeras, como por exemplo, trabalhos em grupo, individual, dinâmicas, vídeos, pesquisas.
Não se ater somente no livro didático, formular problematizações, mudar o jeito que as
carteiras estão dispostas na sala de vez em quando.
2547
Para que isso seja possível o docente deve conhecer muito bem seus alunos. Tem que
ter o cuidado de sempre observá-lo e perceber as suas dificuldades e pensar em uma resposta
educativa.
A maneira que o professor conduz seu trabalho em sala de aula tem uma grande
influência no processo de ensino e aprendizagem, pois ele desperta o desejo e o interesse do
aluno ao tema trabalhado. É uma de suas responsabilidades envolver o discente nas
atividades.
Cabe também à equipe pedagógica estar sempre orientando e dando subsídios para o
trabalho do professor porque existem algumas situações que não se restringem à sala de aula,
como algumas adaptações como materiais, equipamentos para alunos com deficiência,
condições físico-ambientais, entre outros.
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