Ministério da Educação
Escola Técnica Aberta do Brasil
Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná
Noções de
Administração Pública
Ciro Bächtold
Cuiabá, 2008
Comissão Editorial Profª Drª Maria Lucia Cavalli Neder - UFMT
Profª Drª Ana Arlinda de Oliveira - UFMT
Profª Drª Lucia Helena Vendrusculo Possari - UFMT
Profª Drª Gleyva Maria Simões de Oliveira - UFMT
Prof. M. Sc. Oreste Preti - UAB/UFMT
Profª Esp. Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado - ET-UFPR
Designer Educacional Ana Arlinda de Oliveira
Ficha Catalográfica
B124n Bächtold, Ciro
Noções de Administração Pública / Ciro Bächtold. Cuiabá: EdUFMT; Curitiba: UFPR, 2008.
110p.: il. ; color.
ISBN
1. Administração Pública 2. Administração Pública - Textos
didáticos I. Título.
CDU - 35(075)
UNIDADE
HISTÓRICO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1
Para iniciarmos, é importante um comentário geral sobre a disciplina.
Nosso objetivo é trabalhar noções básicas que nos auxiliem a entender o papel do
Estado e avaliar a situação em que nos encontramos. O objetivo não é atacar ou
defender o Governo e suas instituições, mas tratar de conhecer um pouco mais da
instituição que cuida dos interesses do povo e que merece ser estudada.
Está ficando normal aparecerem, nos meios de comunicação, denúncias sobre
desvio ou mau uso do dinheiro público. Pessoas se utilizam de cargos públicos
unicamente para lograr proveito pessoal. Sim, é dinheiro nosso, dos cidadãos que
contribuem com tributos, que são transferidos para o Governo, no intuito de
possibilitar a administração pública. Ficamos revoltados com isso, não é mesmo?
O pior é que, se você não liga para isso, é mais uma prova de que a corrupção
está tão instalada em nossa cultura, e razão por que nossa imagem no exterior
não é das melhores. Grande parte da população está indiferente e alguns
chegam a dizer: “Se eu estivesse lá, faria a mesma coisa!”. Por culpa disso, a
opinião pública majoritariamente vê, de modo pejorativo, a figura do político,
como aquele que está lá para legislar em causa própria e para tirar proveito de
seu cargo.
É hora de combater a corrupção e os maus políticos, envolvendo cada vez mais
pessoas boas e honestas no processo eleitoral. Se as pessoas boas não querem se
incomodar, os maus irão governá-las e incomodá-las.
Quando isso vai mudar? Quando a população receber instrução e participar mais
ativamente na administração pública. Precisamos, cada vez mais, de gente boa e
honesta participando para mudar essa realidade. Tem gente boa na política, mas
é preciso saber separar o joio do trigo, uma boa de uma má administração, um
bom de um mau governante. É hora de despertar! Nós somos importantes neste
processo e precisamos melhorar nosso país.
Nosso conhecimento sobre a administração pública será enriquecido se
estudarmos outras ciências como Antropologia (estudo do homem e seus
características físicas, cultural ou social), Arqueologia (estudo da antiguidade),
Sociologia (estudo dos agrupamentos humanos e as leis que os regem), Filosofia
(estudo da causa e conseqüência dos fatos), Psicologia (estudo das
manifestações da alma, a vida de relação do homem), Direito (estudo das leis,
ciência social e jurídica), Política (estudo do governo dos povos), Economia
(estudo da produção, distribuição e consumo de riquezas), Geografia (estudo dos
lugares), entre outras ciências como História (estudo dos fatos que ocorreram com
a humanidade). Gilberto Cotrim, em seu livro História e Consciência do Mundo, faz
a seguinte citação: “Estudar história é adquirir consciência do mundo e dos
homens. Consciência do que fomos para transformar o que somos”.
Como tudo começou? Qual sua opinião?
É polêmico e várias são as teorias sobre a origem da vida humana na Terra. Alguns
acreditam na Teoria da Evolução de Charles Darwin, publicada em seu livro a
Origem das Espécies (1836), em que o homem é fruto da evolução das espécies.
Quem é adepto ao cristianismo (grande maioria no Brasil) cre na Teoria da
Criação, em que Deus ao homem, conforme segue:
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
13
“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou:
homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e lhes disse: Sede fecundos,
multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai... Gêneses 1.27-28 Livro
Bíblia que trata da criação do mundo, do homem e da civilização). Você
sabia que a Bíblia Sagrada é uma rica fonte de informações sobre
Administração?
Há ainda outras teorias sobre a origem da vida na Terra,
mas é inquestionável que a vida humana surgiu na Terra
há milhões de anos e, com o passar do tempo, tornou-se
necessária a instituição de regras de convivência entre os
homens, nem sempre harmoniosas, e a administração
pública passou por transformações significativas, sempre
se adaptando às mais diversas correntes de pensamentos
e formas de governo, respeitando a vontade e a cultura
dos povos. Vale o adágio popular: “A Administração tem
a cara do governante, e o governante a cara do povo”.
Referências pré-históricas acerca das magníficas
construções erigidas durante a Antigüidade no Egito, na
Mesopotâmia, na Assíria, testemunharam a existência em
épocas remotas de dirigentes capazes de planejar e guiar os esforços de milhares
de trabalhadores em monumentais obras que perduram até nossos dias, como as
pirâmides do Egito. Os papiros egípcios, atribuídos à época de 1.300 a.C, já
indicam a importância da organização e da administração da burocracia
pública no Antigo Egito. Na China, as parábolas de Confúcio sugerem práticas
para a boa administração pública (CHIAVENATO, 2003, p.26).
A Criação de Adão – Pintura de Michelangelo,
no teto da Capela Sistin.(residência oficial do Papa)
Piramides - Egito
Esfinge - Egito
Muralhas da China
Podemos citar ainda outras grandes
realizações, como a Muralha da China ou
as esculturas Maias no México, as
construções Incas em Macchu Picchu –
Peru, enfim muitas outras obras
maravilhosas construídas pela ação da
sociedade humana.
Você já parou para
imaginar quanto
trabalho eles tiveram
para construir tudo
isso?
Edificação Maia
14
Edificação Inca
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
A sociedade, em sua evolução, tem passado por momentos de grandes
transformações, exigindo cada vez mais dos governantes e de sua equipe de
trabalho. A satisfação das necessidades da população é o motivo principal da
existência de um governo, e este deve esforçar-se para atender ao povo que
legitimou este poder.
Houve `` descobrimentos de terras´´e civilizações que desapareceram; períodos
de escravatura e revoluções de libertação. Enfim, a história humana é rica em
acontecimentos, mas sempre a administração pública esteve presente,
adaptando-se à vontade e, muitas vezes, à necessidade do governo.
O estudo da administração pública é fascinante, concorda? A boa notícia é que
não se necessita de alto grau de instrução ou cultura para aprender. Basta ter
vontade e determinação. Fique atento ao noticiário, acompanhando os temas
que dizem respeito à administração pública!
Seção1 - A Administração Pública na Pré-História
Nem o homem das cavernas escapou da Administração Pública!
Você sabia que a pré-história retrata a época do surgimento do homem na Terra
e se estende até o período do surgimento da escrita?
1 – Período Paleolítico (Idade da Pedra Lascada)
O homem precisou aprender a cooperar e a se
organizar socialmente. Da eficiência dessa
organização dependia sua alimentação e
segurança. A liderança era exercida pela força
física. Surgiram então os primeiros clãs (grupo
formado por famílias descendentes de ancestrais
comuns). Era normal a vida nômade, e
buscavam a alimentação sempre em novas
fontes, quando o local de residência
apresentava escassez de recursos.
Homens das cavernas no território da atual Rússia (livro
soviético sobre História da Rússia; sem copyrights desde
a dissolução da URSS) - http://pt.wikipedia.org/wiki
2 – Período Neolítico (Idade da Pedra Polida)
O homem passou a interferir decisivamente no meio ambiente. Organizou-se para
cultivar a terra, obtendo plantas, e passou também a domesticar animais,
controlando sua fonte de alimentação. Evoluiu para uma fase sedentária. Foi uma
das maiores transformações da história humana. A partir deste momento, o
homem passou a dominar técnicas que permitiam sua fixação. Antonio Pedro, no
livro História Geral, 1995, escreve o seguinte: “Não havia distinção social entre os
membros do grupo: todos trabalhavam e o produto era consumido igualmente
por todos. Havia somente uma divisão sexual do trabalho: as mulheres teciam,
cuidavam das plantações e faziam pequenos cestos, enquanto os homens
cuidavam dos animais e construíam casas. A necessidade de proteção levou à
formação de grupos sociais mais complexos: as tribos”. Ou seja, enquanto as
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
15
mulheres cuidavam dos filhos e afazeres domésticos, os homens cuidavam da
proteção e sustento. Nesse período, até mesmo as ferramentas de trabalho eram
comuns. A necessidade de maior controle da agricultura e criação de animais fez
surgir a divisão do trabalho e a especialização de funções.
E eu que pensava que divisão do trabalho era coisa nova!
Por exemplo, veja a lição de divisão do trabalho que Moisés recebeu de seu
sogro Jetro (Êxodo 18.13-27).
3 – Período dos Metais (Idade dos Metais)
A partir daí, surgiu a civilização, que é o estabelecimento dos homens sobre uma
área continuamente possuída e cultivada, vivendo em construções habitadas,
com regras e uma cidade comum. Começaram a surgir as primeiras cidades, com
populações que se aproximavam de 2.000 habitantes.
Nas sociedades civilizadas aparecem as propriedades privadas, e aqueles que
possuem propriedade se tornam ricos, e os que nada acumulam passam a
depender dos ricos e ser explorados.
A Administração Pública que até então era exercida por todos, na organização e
controle sobre a alimentação e segurança contra os animais selvagens e os
invasores, deu espaço para o surgimento:
De classes sociais: passou a existir a figura dos ricos e pobres, a dos senhores e
escravos.
Do nascimento do Estado: estabelecimento de um governo que administra para o
povo e controla a força militar (exército) sob determinado território.
Seção 2 - Os Elementos Fundamentais do Estado
“ O Estado, admito-o com satisfação, é a obra mais nobre do
homem; mas o homem, livre e honesto, é, digo-o como que a
este mundo, a obra mais nobre de Deus...” (Pedro Salvatti
Netto)
Agora vamos relembrar alguns conceitos importantes!
Governo – Ato ou efeito de administrar, sistema político que dirige um Estado
com poder soberano. É a organização necessária para o exercício do poder
e leva a população ao cumprimento das normas que estabelece como
condição para a convivência social;
Povo – conjunto de habitantes de determinado local. Representa o elemento
humano, comum a todas as sociedades;
Território – Extensão de terra que está sob direção de um governo.
16
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
O Estado é governado por uma minoria, cuja força provém da combinação do
poder econômico (riqueza), político (força) e ideológico (saber). O Estado é a
organização político-administrativo-jurídica e detém força para impor normas e
exigir seu cumprimento à sociedade civilizada.
Não havendo uma verdadeira democracia (poder emanado da maioria do
povo), o Estado, ao administrar, tende a beneficiar os interesses das classes
dominantes.
Ainda com relação ao Estado, é normal alguns autores lhe atribuir um quarto
elemento:
Soberania: Poder absoluto e indivisível de organizar-se e de conduzir-se segundo
a vontade livre de seu povo, e de fazer cumprir suas decisões, inclusive pela
força, se necessário.
Seção 3 - Importância Histórica da Administração Pública
Nos povos antigos, as histórias, lendas e culturas eram transmitidas aos demais
integrantes da população por meio das reuniões em que o povo se sentava para
ouvir as tradições repassadas por um líder carismático. Assim muitas histórias e
experiências acabavam sendo esquecidas ou deliberadamente omitidas,
perdendo-se no tempo.
A escrita revolucionou a História, pois os acontecimentos e experiências passaram
a ficar registrados, mas ainda sempre na versão do narrador.
Hoje, as experiências ocorrem ininterruptamente em todos os lugares, e as
informações vão se avolumando. A notícia está disponível on-line praticamente no
exato momento de sua ocorrência. Transmissões ao vivo registram fatos para todo
o planeta. Antes não tínhamos a informação, hoje temos tantas que não sabemos
onde encontrar o que queremos. Prova disso é que faz o maior sucesso os
buscadores na Internet.
O que é buscador?
Buscador é uma ferramenta virtual que permite encontrar na Internet palavras,
frases, assuntos ou temas que quero pesquisar.
SABER M
Alguns buscadores que eu utilizo, você pode encontrar nos
sitio: www.google.com.br e www.uol.com.br.
É inegável que a sociedade passou por profundas transformações. E a troca de
experiências fez evoluir as relações humanas e também as relações no Estado.
O conceito de Estado moderno está estreitamente vinculado com a noção de
poder institucionalizado, isto é, o Estado se forma quando o poder se assenta em
uma instituição e não em um indivíduo. Assim, podemos dizer que, no Estado
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
17
moderno, não há poder absoluto, pois mesmo os governantes devem se sujeitar
ao que está estabelecido na lei.
Com o tempo, os pequenos clãs e vilas passaram a se organizar, estabelecendose as cidades, reinos e impérios. Assim a administração pública começou a ganhar
complexidade.
A população evoluiu de 250 milhões de pessoas, na época da Antiguidade
Clássica, para 500 milhões pelos meados do século XVII, um bilhão em 1850, dois
bilhões em 1940, mais de 4 bilhões antes de 1980, 5,8 bilhões em 1996 e, hoje,
estima-se que a população supera a marca de 6,6 bilhões. A população mundial
cresce rapidamente e faz com que desafios apareçam aos administradores
públicos, exigindo políticas públicas eficientes. São os desafios da administração
pública moderna.
Em uma época de complexidade,
mudança e incerteza como a que
atravessamos nos dias de hoje, a
Administração se tornou uma das
mais importantes áreas da atividade
humana. Vivemos em uma
civilização em que predominam as
organizações e na qual o esforço
cooperativo do homem é a base
fundamental da sociedade. E a
Fonte: http://www.vestigios.hpg.ig.com.br/prehistoria.htm
tarefa básica da Administração é a
de fazer as coisas por meio das
pessoas, de maneira eficiente e eficaz. Nas organizações – seja nas indústrias,
comércio, organizações de serviços públicos, hospitais, universidades, instituições
militares, seja em qualquer outra forma de empreendimento humano, a eficiência
e a eficácia com que as pessoas trabalham em conjunto para conseguir objetivos
comuns dependem diretamente da capacidade daqueles que exercem a
função administrativa (CHIAVENATO, 2003, p. 26).
A administração está em constante mutação. Por isso, o administrador público
que, estando no poder, quer acomodação, desconhece administração. Vivemos
tempos em que muitos são os problemas a serem resolvidos. E cada vez maior a
necessidade da população. Muitos se deixam vencer pelos problemas e, assim,
perdem grande oportunidade, pois é nesses momentos que mais se espera do
administrador público.
Como cidadão, quantas vezes você já foi mal-atendido pela
administração pública? Conte sua história aos colegas.
Analisando a frase de Chiavenato (2003, p.10) do texto, qual a diferença para um
administrador público entre eficiência e eficácia.
Por que o administrador público não tem atendido às necessidades da maioria da
população?
18
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
Seção 4 - Conceito de cidadania
Este conceito é importante para a administração pública. Ser cidadão é fazer
valer seus direitos e cumprir seus deveres.
Você sabia que a palavra cidadão tem origem no latim e deriva
da palavra Civitas (cidade) e tem relação com a palavra grega
politikos, aquele que habita na cidade?
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade
de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem
cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de
decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”
(DALLARI, 1998, p. 14).
Leia com atenção o texto:
Em sua origem grega, cidadão denominava o habitante da Pólis que exercia a
política, ou seja, participante das discussões das questões decisivas à Pólis
(organização, funcionamento e ordenamento jurídico). Possuía direitos e deveres.
Eram excluídos os escravos, as mulheres, os velhos e as crianças. Estes não
possuíam cidadania. Apenas o cidadão grego participava da democracia. Na
época medieval, a cidadania era exercida pelo rei, pelo clero e pela nobreza. As
demais classes sociais não possuíam direitos sociais, eram posses do rei.
No Estado moderno, as revoluções sociais tinham por objetivo a busca de direitos
para todas as classes sociais. Com o surgimento do capitalismo, continua a divisão
de classe social, contudo mais difusa, pois todos são iguais perante à lei.
No Brasil, vivemos num Estado Democrático de Direito, em que exercemos a
democracia mediante a participação no debate público e possuímos cidadania.
Vimos, então, que a cidadania, em seus primórdios, era exercida apenas por
algumas classes sociais, as que detinham poder. A desigualdade social sempre
gerou direitos às classes que detinham o poder. Os excluídos socialmente não
possuíam direito a ter direitos.
(Texto extraído da apostila Educação Fiscal, disponível no site www.fazenda.mg.gov.br em 2005)
Leia com atenção o texto:
Uma pesquisa divulgada pelo IBOPE,[em 25-11-03, traz dados preocupantes sobre
nossas relações de cidadania. Indica que 56% dos brasileiros não têm vontade de
participar das práticas capazes de influenciar nas políticas públicas. Por outro
lado, 35% nem têm conhecimento do sejam essas práticas e 26% acham esse
assunto “chato demais” para se envolver com ele. Nem tudo está perdido: 44%
dos entrevistados manifestaram algum interesse em participar para a melhoria das
atividades estatais, e entendem que o poder emana do povo como está previsto
na Constituição. A pesquisa anima, de forma até surpreendente, quando mostra
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
19
que 54% dos jovens (entre 16 e 24 anos) têm interesse pela coisa pública. Interesse
que cai progressivamente à medida que a idade aumenta. A pesquisa ajuda a
desmontar a idéia que se tem de que o jovem é apático ou indiferente às coisas
do seu país.
Fonte: www.advogado.adv.br/estudantesdireito/fadipa/marcossilviodesantana/cidadania.htm,
acesso em 04 -01-2008)
SABER M
Leia no sítio
http://www.fazenda.mg.gov.br/cidadaos/educacao_fiscal/ as
cartilhas: Tudo às Claras e Turma da Cidadania
“Ser cidadão é fazer valer seus direitos.”
A pesquisa demonstra que os jovens têm “interesse pela coisa
pública” De que forma o jovem pode participar para melhorar
as condições sociais do País? Para mudar a imagem que os
brasileiros têm sobre a política, o que seria necessário fazer?
1) Relacione alguns exemplos do cotidiano em que essas condições devem
prevalecer. Responda à questão: Todas as pessoas tem direito à cidadania de
fato? Em caso de dúvida releia o texto
2) Leia jornais ou noticiários da TV e faça um apanhado de fatos que demonstrem
a violação dos direitos do cidadão. Escreva um texto narrando o fato e
comentando com suas impressões.
Seção 5 - Formas de Governo
Vamos relembrar a grande influência dos filósofos na Organização do Estado.
Os filósofos tiveram grande influência na organização do Estado.
Sócrates (470-399 a.C), filósofo grego, já apresentava noções de administração
em seus ensinamentos.
Platão (427-347 a.C), no livro A República, expõe uma forma democrática de
governo e administração pública.
A administração pública exige que seja adotado uma forma de governo que é o
modo pelo qual o poder se organiza e se exerce. São três as tipologias
20
clássicas das formas de governo: a de Aristóteles, a de
Maquiavel e a de Montesquieu.
Aristóteles (384-322 A.C.), filósofo grego, na obra A Política
(Politéia) comenta sobre a organização do Estado. Divide as
formas de governo em puras e impuras, conforme a
autoridade seja exercida, tendo em vista o bem geral ou
somente o interesse dos governantes.
As formas puras – São formas boas de governo e todas visam
ao bem comum:
Monarquia: governo bom de uma só pessoa;
Aristocracia: governo bom de poucas pessoas;
Democracia (Politéia): governo bom de muitos (o povo no poder).
As formas impuras – São formas más de governo:
Tirania: corrupção da monarquia, governo mau de um só, visa ao
interesse do monarca;
Oligarquia – corrupção da monarquia, governo mau de poucos, visa
ao interesse do grupo dominante;
Demagogia (Democracia) – corrupção da democracia, governo
mau de muitos, visa ao interesse particular da maioria, sem se
importar com os demais.
Aristóteles chegou a indicar uma ordem hierárquica entre as formas de governo,
distinguindo entre as melhores e piores. A pior forma de governo é a degeneração
da melhor, de modo que as degenerações das formas que seguem a melhor são
cada vez menos graves. A classificação de Aristóteles segue a seguinte ordem:
monarquia, aristocracia, democracia, demagogia, oligarquia e tirania. Talvez você
esteja discordando da classificação feita por Aristóteles.
Dê sua opinião? Pesquise mais sobre essas formas de governo.
Maquiavel (1469-1527). Filósofo italiano. Na obra O
príncipe (1532), escreve: “Todos os Estados, todos os
domínios que tem havido e que há sobre homens foram
e são repúblicas ou principados”. Na visão dualista de
Maquiável, principado era o nome dado ao reino ou
monarquia (ele utiliza muito a expressão príncipe), a
república denominava à aristocracia e a democracia. A
república se caracteriza pela eletividade periódica do
chefe de Estado, pluralidade de funções e
responsabilidade, e a monarquia pela hereditariedade e
vitaliciedade, irresponsabilidade e unipersonalidade das
funções.
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
21
Montesquieu (1689-1755). Filósofo francês. Divide as formas de governo em
monarquia, república e despotismo. Considera que cada uma das três
formas possíveis de governo é animada por um princípio: a democracia se
baseia na virtude, a monarquia na honra, e o despotismo no medo.
Hans Kelsen, no livro Teoria Geral do Direito e do Estado (séc. XIX), afirma:
“Se o critério da classificação é o modo, como segundo a constituição, a
ordem jurídica é criada, então é mais correto distinguir, em vez de três, dois
tipos de constituição: a democracia e a autocracia”(KELSEN, 1998, p. 405407). E segue explicando que será um Estado democrático se houver maior
liberdade política e Estado autocrático se a liberdade política for pequena.
Quando as leis são feitas com a participação popular, são democráticas.
Porém, quando as leis são elaboradas sem a participação daqueles que
deverão cumpri-las, são autocratas.
Veja a diferença no quadro abaixo:
Estado Democrático
Estado Autocrático
Maior liberdade política
Menor liberdade política
Leis elaboradas com participação popular
Leis elaborada sem a participação popular
SABER M
Leia: A República (Platão); O Príncipe (Maquiavel); A Política
(Aristóteles)- você pode encontrar estas obras no
site.www.dominiopublico.gob.br
Seção 6 – Sistemas Atuais de Governo
Nesta seção, apresentaremos os dois sistemas de governo existentes na
democracia.
Parlamentarismo – É o sistema de governo em que o chefe de Estado não é o
chefe de Governo. O chefe de Estado ocupa a posição mais alta de
representação, não participando das decisões políticas. O chefe de governo é
convidado pelo chefe de Estado para compor o governo e aprovado parlamento,
recebendo o título de primeiro-ministro (Inglaterra), chanceler (Alemanha) ou
presidente do conselho (Espanha). Quando há uma crise, pode o parlamento
substituir o chefe de Governo.
No sistema de governo do Parlamentarismo, é necessário ter o apoio da maioria
no Poder Legislativo (parlamento) para governar. Quando o governo perde esta
maioria, pode o parlamento exigir a dissolução do governo, substituindo-o.
No Parlamentarismo, os membros podem optar entre permanecer no apoio ao
chefe de governo, também podem optar por antecipar a eleição do novo chefe
de governo.
22
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
Presidencialismo – É o sistema de governo em que o chefe do Poder Executivo é
eleito para cumprir um mandato e acumula as funções de chefe de Estado e
chefe de governo. Assim, não há dependência com relação ao Poder Legislativo,
já que, no Parlamentarismo, o chefe de governo necessita de aprovação
parlamentar.
No presidencialismo, é possível governar mesmo sem a ter a maioria no Poder
Legislativo.
Assim, enquanto no parlamentarismo o chefe do governo depende da maioria na
Câmara para continuar do poder, no presidencialismo o governo é menos
dependente e os parlamentares buscam a aproximação, por convicção
ideológica ou na esperança de lograr benefício com o Poder Executivo.
No Brasil foi realizado um Plebiscito em 1993 em que o povo
escolheu continuar com o regime presidencialista.
Seção 7 - Divisão dos Poderes
No princípio, o Rei tinha amplos poderes sobre tudo e todos. Já imaginou nossos
governantes com toda essa tinta na caneta? Quem seria maluco a ponto de fazer
oposição? E a democracia e a cidadania existiriam? Precisamos valorizar nossos
direitos, muitos deram sua vida por eles.
Nesta aula, estudaremos alguns pensadores que produziram idéias sobre a divisão
de poder. Entre os pensadores, citamos:
Aristóteles (384-322 A.C.) Foi o primeiro a comentar sobre a divisão estrutural do
Estado em sua obra A Política, porém não explicitou a divisão dos poderes,
limitando-se a comentar que na estrutura deveria haver a assembléia dos
cidadãos, os magistrados e os juízes.
John Locke (1632-1704) Manifestou-se pela divisão dos poderes, tomando como
base a Constituição inglesa. Segundo Locke, o Poder Legislativo é o que tem o
direito de determinar a forma como se deve empregar o poder público, para
proteger a comunidade e seus membros de arbitrariedades dos governantes.
Defendia também que o Poder Legislativo devia estar separado do Poder
Executivo.
Montesquieu (1689-1755) No livro Espírito das leis (1748), defendeu a tripartição dos
poderes do Estado em Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário,
dividindo as funções e atribuições do Estado a cada um desses poderes, que
devem ser harmônicos e independentes entre si.
Segundo SALDANHA (2006, p. 38), Montesquieu demonstrou a separação dos
poderes e, além de julgar necessário a harmonia entre eles, defendia uma
limitação para que uns não paralisassem aos outros. O autor ainda faz uma
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
23
uma referência importante ao livro Teoria Geral do Estado, de Darcy Azambuja
(1959), citando:
“a organização política dos Estados modernos não consagra a
separação absoluta de poderes no sentido em que pretendeu
realizá-la a assembléia revolucionária francesa. Há separação de
órgãos e especialização de funções, mas também há cooperação
entre os órgãos, exatamente para o fim que Montesquieu almejava:
para que o poder limite o poder. Assim, a função legislativa é
desempenhada principalmente pelo órgão legislativo, o
Parlamento, mas o órgão executivo coopera na função, propondo
leis, limitando-o e negando a sanção ou vetando as leis. O órgão
judiciário igualmente, porque pode declarar a inconstitucionalidade
de uma lei. Por sua vez, o Legislativo colabora com o Executivo e
limita-o, pois muitos atos deste têm seu foco dependente da
aprovação daquele. Além disso, cada órgão exerce, em especial,
sua função peculiar, porém não exclusivamente, pois pratica atos
que, por sua natureza, pertencem a funções diversas” (SALDANHA,
2006, p.39).
Vamos estudar um pouco mais a divisão do poder, apresentando as principais
instâncias de poder que organizam a sociedade civil no Brasil.
PODER LEGISLATIVO – Tem o poder de legislar, ou criar leis. O Poder Legislativo na
maioria das repúblicas e monarquias é constituído por um congresso, parlamento,
assembléias ou câmaras. Outra atribuição importante dos legisladores é fiscalizar
as ações do Poder Executivo.
As leis são elaboradas de forma abstrata, geral e impessoal, pois são feitas para
todas as pessoas e não devem atender a interesses ou casos individuais. O Poder
Legislativo é o poder-símbolo do regime democrático representativo. A amplitude
e diversidade da representação dos diversos segmentos faz do parlamento uma
verdadeira síntese da sociedade. É no Legislativo que a sociedade se encontra
mais bem espelhada, com presença mais visível no âmbito dos poderes
constituídos para governá-la e protegê-la. Por esta razão, a história do Poder
Legislativo encontra-se no centro da história de um país.
Prédio do Congresso Nacional
Plenário da Câmara dos Deputados
Fotos: Reynaldo Stavale - http://www2.camara.gov.br/internet/bancoimagem
PODER EXECUTIVO - É a quem compete a gestão de ações e recursos, visando ao
bem comum. É quem tem a responsabilidade por administrar o bem público.
24
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
Por isso, quando falamos em administração pública já pensamos nas ações do
Poder Executivo. É o poder que tem maior destaque, com volume maior de
recursos e maior número de funcionários para atingir os objetivos propostos. Talvez
você discorde desta afirmação de que o Poder Executivo é o de maior destaque.
Mas responda sinceramente a esta pergunta: Quem é a pessoa mais importante
em seu município? A população pode não conhecer todos os vereadores ou o juiz
da cidade, mas certamente conhecerá o prefeito. Assim como a pessoa mais
conhecida no país é o presidente da república.
Na administração pública, algumas normas são criadas especificamente visando
à gestão e ao controle das atividades administrativas do governo, como é o caso,
aqui no Brasil, da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n.º 101/00),
que estabelece limites para os gastos públicos e prevê responsabilização do
gestor.
PODER JUDICIÁRIO - É o poder que tem o objetivo de julgar, ou seja, fazer justiça.
Está vinculado a dirimir conflitos de interesses ou o julgamento de atos de
ocupantes do Poder Legislativo ou Executivo com relação ao cumprimento da
legislação. Ao Poder Judiciário compete o poder de julgar os conflitos que surjam
no País em face das leis elaboradas pelo Poder Legislativo. Cabe ao Poder
Judiciário aplicar a lei – que é abstrata, genérica e impessoal – a um caso
específico que envolva algumas pessoas em um conflito qualquer e decidir, de
forma isenta e imparcial, quem tem razão naquela questão.
O processo judicial é o modo por meio do qual o Poder Judiciário exerce a função
de solucionar conflitos de interesse. Para resolver os conflitos, o Poder Judiciário se
utiliza das leis elaboradas pelo Poder Legislativo, dos costumes vigentes em nossa
sociedade e da jurisprudência, isto é, do conjunto de decisões anteriores já
emitidas pelo próprio Poder Judiciário, além da doutrina.
(Fonte: Luiz Henrique Vogel, Ricardo Martins e Rejane Xavier - O Poder Legislativo
no Brasil, um estado republicano, democrático e representativo, disponível no site
http://www2.camara.gov.br/conheca/poderlegislativo.pdf).
Funções
Legislativa
Preponderantes
Funções Específicas
Principal
Normativa
Acessórias
Administrativa
Judicativa
Controle Interno
Executiva
Principal
Administrativa
Acessórias
Normativa
Judicativa
Controle Interno
Judiciária
Principal
Judicativa
Acessórias
Administrativa
Normativa
Controle Interno
Fonte: (SILVA, 2004. página 23)
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
25
Seção 8 - Definindo Administração Pública
Você pode definir o que é Administração Pública? Muitas vezes sabemos o que é,
mas não sabemos explicar. Então quero dar minha contribuição para que você
possa elaborar esta definição.
A palavra administração vem do latim ad (direção) e minister (obediência), ou
seja, o administrador dirige obedecendo à vontade de quem o contratou. Assim,
o administrador público vai conduzir seu trabalho procurando atender à
necessidade da população que o elegeu (obediência ao seu objetivo).
Para ficar mais fácil entender, vamos fazer uma comparação. Acredito que você
já ouviu falar de apartamentos com área privada e área comum, mesmo que não
more em edifício. A área privada é aquela que será utilizada somente pelos
proprietários do imóvel ou por aqueles que eles queiram receber. É uma área
reservada. Já a área que será utilizada por todos os que moram no prédio é
denominada área comum. É o espaço que todos no prédio poderão utilizar,
também chamada área pública. No edifício, os moradores elegem um
representante, visando ao bem comum e harmonia entre os moradores, para
tratar os conflitos e dar atenção às reclamações, tentando resolver os problemas
existentes. Essa pessoa é o síndico, que irá responder por questões relacionadas
com o prédio e com sua administração. É verdade que as regras são
estabelecidas em reuniões com os moradores, mas cabe ao síndico aplicar as
normas estabelecidas. De cada morador será cobrada uma taxa, o condomínio,
para custear os serviços que serão prestados e são comuns a todos. É uma forma
de administração pública, em que as regras são estabelecidas e devem ser
cumpridas, e os bens comuns são geridos visando ao benefício de todos.
É interessante como a simples administração de um prédio possui inúmeras
semelhanças com a administração de nosso município, Estado e país.
Em todos os países, qualquer que seja sua forma de governo ou organização
política, existe uma administração pública. É a administração pública que permite
aos governantes cumprir as funções básicas do governo, de forma a tratar o bem
público da melhor maneira possível.
Peter F. Drucker, guru da administração, disse: “Não existem países desenvolvidos
e países subdesenvolvidos, e sim países que sabem administrar a tecnologia e os
recursos disponíveis e potenciais, e países que ainda não o sabem”.
O que é Administração Pública?
Administração Pública é o planejamento, organização, direção e controle dos
serviços públicos, segundo as normas do direito e da moral, visando ao bem
comum.
Hely Lopes Meirelles define assim administração pública: “Administração
pública é todo o aparelhamento do Estado, preordenado à realização de seus
serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas”.
26
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
“Nada pode ser politicamente certo se for moralmente errado”
(Daniel O'Connel).
Quando se fala em aparelhamento do Estado, automaticamente imaginamos a
estrutura do Estado voltada para atendimento de suas tarefas essenciais, visando
ao bem comum. É a organização definida pelo governo que por meio da
prestação de seus serviços, busca atender à expectativa da população que lhe
concedeu o poder. É o governo em ação!
Entende-se por aparelho do Estado a administração pública em sentido amplo, ou
seja, a estrutura organizacional do Estado, em seus três poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário) e três níveis (União, Estados-Membros e Municípios). O
aparelho do Estado é constituído pelo governo, isto é, pela cúpula dirigente nos
três poderes, por um corpo de funcionários, e pela força militar. O Estado, por sua
vez, é mais abrangente que o aparelho, porque compreende adicionalmente o
sistema constitucional-legal, que regula a população nos limites de um território. O
Estado é a organização burocrática que tem o monopólio da violência legal, é o
aparelho que tem o poder de legislar e tributar a população de um determinado
território. (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995, Governo
Federal).
A gestão pública será tanto melhor quanto mais pessoas boas e
honestas participarem do processo eleitoral. A população deve
receber instrução e participar mais ativamente da administração
pública para aprender a distinguir o bom do mau governante.
A gestão pública existe desde a origem do homem na Terra. A satisfação da
necessidade da população deve ser a preocupação principal do governante.
O estudo da administração pública é fascinante, inicie agora mesmo os seus
estudos, fique atento ao noticiário, acompanhando os temas que envolvem a
administração pública.
A Gestão pública já existia na pré-história.
Período
Característica
Paleolítico
Vida Nômade e organização para alimentação e
segurança.
Neolítico
Vida Sedentária e trabalho em grupo com distinção sexual
do trabalho, sociedade comunista.
Metais
Surgimento da civilização, regras e cidade em comum,
propriedade privada e o surgimento de classes sociais.
Nascimento do Estado.
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
27
Elementos Fundamentais do Estado:
Governo, Povo, Território e Soberania.
O conceito de Estado moderno está estreitamente vinculado com a noção de
poder institucionalizado, isto é, o Estado se forma quando o poder se assenta em
uma instituição e não em um indivíduo. Assim, podemos dizer que no Estado
moderno, não há poder absoluto, pois mesmo os governantes devem se sujeitar
ao que está estabelecido na Lei.
A tarefa básica da Administração é a de fazer as coisas por meio das pessoas de
maneira eficiente e eficaz. A administração pública está em constante mutação e
o gestor público deve estar preparado esse desafio.
Ser cidadão é fazer valer seus direitos e cumprir seus deveres
A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de
participar ativamente da vida e do governo de seu povo.
Formas de Governo segundo Aristóteles
As formas puras – São formas boas de governo e todas visam o bem comum:
Monarquia: governo bom de uma só pessoa;
Aristocracia: governo bom de poucas pessoas;
Democracia (Politéia): governo bom de muitos (o povo no poder).
As formas impuras – São formas más de governo:
Tirania: Corrupção da monarquia, governo mau de um só, visa o
interesse do monarca;
Oligarquia – Corrupção da monarquia, governo mau de poucos,
visa o interesse do grupo dominante;
Demagogia (Democracia) – Corrupção da democracia, governo
mau de muitos, visa o interesse particular da maioria, sem se
importar com os demais.
Sistemas de governo atuais:
Parlamentarismo – É o sistema de governo em que o Chefe de Estado não é o
Chefe de Governo. No Sistema de Governo do Parlamentarismo é necessário ter o
apoio da maioria no Poder Legislativo (parlamento) para governar. Quando o
governo perde esta maioria, pode o parlamento exigir a dissolução do governo,
substituindo-o.
Presidencialismo – É o sistema de governo em que o Chefe do Poder Executivo é
eleito para cumprir um mandato e acumula as funções de Chefe de Estado e
Chefe de governo.
São três os poderes constituídos no Brasil:
Poder Executivo - É a quem compete à gestão de ações e recursos, visando o
bem comum. É quem tem a responsabilidade por administrar o bem público.
28
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
RESPONDA ÀS QUESTÕES ABAIXO E CONFIRA AS
RESPOSTAS, NO GABARITO, NO FINAL DO LIVRO
Havendo dúvidas retome o conteúdo
1 - Qual das obras abaixo não está contemplada no texto de introdução da
disciplina?
a)
b)
c)
d)
e)
A Muralha da China.
As Pirâmides e Esfinge no Egito.
As construções do Império Romano na Itália.
As construções Incas no Peru.
Esculturas Maias no México.
2 – A Administração Pública no Período Paleolítico (Idade da Pedra Lascada) tinha
como principais características:
a) Garantia da ordem e estabelecimento de responsabilidades, de quem
responderia pela plantação, pela domesticação dos animais, pela caça,
pelo preparo dos alimentos e pela segurança do grupo.
b) A divisão das famílias, permitindo que as regras sejam estabelecidas nos
grupos de acordo com a hierarquia estabelecida na descendência.
c) A organização de forma a eleger, dentre os membros, o líder que tem o
direito de atribuir responsabilidades entre os membros dos grupos.
d) A necessidade de maior controle da agricultura e criação de animais fez
surgir à divisão do trabalho e a especialização de funções.
e) Cooperação e a organização social. Da eficiência dessa organização
dependia sua alimentação e segurança. O poder era exercido pela
força física.
3 – O surgimento de classes sociais e nascimento do Estado ocorreu quando?
a) No Período Paleolítico (Idade da Pedra Lascada).
b) No Período dos Metais (Idade dos Metais).
c) No Período Neolítico (Idade da Pedra Polida).
d) A partir do surgimento da escrita, na Idade Antiga.
e) Não se sabe ao certo em que época ocorreu a divisão das classes sociais.
4 – O que é governo?
a) É o ato ou efeito de administrar, sistema político que dirige um Estado com
poder soberano. É a organização necessária para o exercício do poder e
leva a população ao cumprimento das normas que estabelece como
condição para a convivência social.
b) É a organização político-administrativo-jurídica e detém força para impor
normas e exigir seu cumprimento à sociedade civilizada.
c) É o poder absoluto e indivisível de organizar-se e de conduzir-se segundo
a vontade livre de seu povo, e de fazer cumprir as suas decisões, inclusive
pela força, se necessário.
d) É o mesmo que administração, ou seja, é planejar, organizar, dirigir e
controlar recursos para atingir os objetivos da organização.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
29
5 – Qual alternativa abaixo apresenta a melhor definição de Governo?
a) É uma minoria, cuja força provém da combinação do poder econômico
(riqueza), político (força) e ideológico (saber).
b) É a organização político-administrativo-jurídica e detém força para impor
normas e exigir seu cumprimento à sociedade civilizada.
c) É a verdadeira democracia (poder emanado da maioria do povo). O
Estado, ao administrar, tende a beneficiar os interesses das classes
dominantes.
d) É a organização necessária para o exercício do poder e leva a
população ao cumprimento das normas que estabelece como condição
para a convivência social.
e) Seus elementos fundamentais são: Governo, Povo e Território. Alguns
autores acrescentam ainda o elemento Soberania
6 – Segundo Aristóteles, quais são as formas puras de governo?
a) São as formas de governo que permitem ao governante um poder
absoluto;
b) São as formas más de governo.
c) São formas boas de governo e todas visam ao bem da elite
governamental;
d) Tirania, Oligarquia e Demagogia.
e) Monarquia, Aristocracia e Democracia.
7 – Qual alternativa abaixo não é verdadeira sobre o Parlamentarismo?
a) O chefe de Governo tem menos dependência do Poder Legislativo que
no sistema presidencialista.
b) É o sistema de governo em que o chefe de Estado não é o chefe de
governo.
c) Quando há uma crise, pode o Parlamento substituir o Chefe de Governo.
d) O chefe de governo pode receber diferentes títulos, dependendo de seus
país, como por exemplo: primeiro-ministro (Inglaterra), chanceller
(Alemanha) ou presidente do conselho (Espanha).
e) O chefe de Estado ocupa a posição mais alta de representação, não
participando das decisões políticas.
8 – Qual alternativa abaixo não se aplica ao Presidencialismo?
a) Não há dependência com relação ao Poder Legislativo, já que no
Parlamentarismo o chefe de governo necessita de aprovação.
b) É o sistema de governo em que o chefe do Poder Executivo é eleito para
cumprir e acumula as funções de chefe de Estado e chefe de governo.
c) Os parlamentares descontentes com o governo, mesmo sendo em
maioria no Poder Legislativo, devem esperar a data estipulada às
próximas eleições para tentar assumir o poder.
d) O governo depende de uma base parlamentar para que possa governar.
Caso esta base não exista, é necessário a troca do chefe do poder
executivo, seja por meio da renúncia do presidente, seja por meio do
impeachment.
30
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
e) O governo é menos dependente e os parlamentares buscam a
aproximação, por convicção ideológica, no intuito auxiliar ou na
esperança de lograr benefício com o poder executivo.
9 – Com relação ao Poder Legislativo, leia com atenção as alternativas e
responda:
I) Na maioria das repúblicas e monarquias, é constituído por um congresso,
parlamento, assembléias ou câmaras.
II) As leis são elaboradas de forma geral e pessoal, pois são feitas para todas
as pessoas atendendo aos interesses do legislador que representa o povo.
III) É o poder-símbolo do regime democrático representativo.
IV) Tem o poder de legislar, ou criar leis, e também fiscalizar as ações do
Poder Executivo.
V) É o poder que tem maior destaque, pois é responsável pela legislação
que será seguida por toda a sociedade.
a) As alternativas I, II,III e IV estão corretas.
b) As alternativas II e V estão incorretas.
c) Todas as alternativas estão corretas.
d) Apenas a alternativa III está incorreta.
e) As alternativas II, III e V estão incorretas.
10 – Qual alternativa abaixo apresenta inverdade sobre o Poder Executivo?
a) É a quem compete a gestão de ações e recursos, visando ao bem
comum;
b) Tem a responsabilidade por administrar o bem público.
c) É quem executa as leis, não cabendo ao executivo criar leis, e sim cumprilas.
d) É o poder que tem maior destaque, principalmente no sistema
presidencialista.
e) É o volume de recursos e maior número de funcionários para atingir os
objetivos propostos.
11 – Qual a alternativa que apresenta a melhor definição de administração
pública?
a) É a administração da res pública (coisa pública).
b) Administração pública é todo o aparelhamento do Estado, preordenado
à realização de seus serviços.
c) É o planejamento, organização, direção e controle dos serviços públicos,
segundo as normas do direito e da moral, visando ao bem comum.
d) É a administração das questões importantes para o público, deve limitarse ao interesse comum, deixando questões sociais para a comunidade.
e) É a solução de conflitos na área da administração pública, e visa à
direção dos negócios que interessam a população.
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
31
12 – Qual dos princípios abaixo, que deve ser seguido pela administração pública,
não foi mencionado pelo art. 37 da Constituição Federal de 1988?
a) Impessoalidade.
b) Moralidade.
c) Supremacia do interesse público.
d) Legalidade.
e) Publicidade e eficiência.
32
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
UNIDADE
TEORIA DA
ADMINISTRAÇÃO
2
Está preparado para mais um pouco de história?
A Administração, como ciência, começou a surgir após a Revolução Industrial,
no século XVIII. O estudo da Administração começou a ser realizado a partir
das transformações ocorridas nas relações de produção e trabalho, que
afetaram a vida em sociedade.
O que é administração?
Administração é uma ciência que, por meio de suas técnicas, permite
planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar os recursos visando atingir
aos objetivos propostos. Sendo a administração pública uma ramificação da
administração, utiliza-se de suas técnicas, porém de uma forma mais
adequada às suas peculiaridades.
Quando tudo vai bem, dizemos que há boa administração. Mas quando a
situação não está boa, costumamos dizer que nosso governo não está
administrando bem.
Com o passar do tempo e respeitando as características locais, como aspectos
sociais, costumes, cultura, legislação, recursos financeiros e restrições
ambientais, a Administração se mostrou poderosa ferramenta para que o
governo atinja seus objetivos institucionais.
Nos dias atuais, conhecer as técnicas de administração é fator essencial para
um bom governante.
Seção 1 - Funções da Administração
Veja no quadro as funções da administração:
PROCESSO OU FUNÇÃO
DESCRIÇÃO
Planejamento
Planejamento é o processo de definir objetivos, atividades e
recursos.
Organização
Organização é o processo de definir o trabalho a ser
realizado e as responsabilidades pela realização; é também
o processo de distribuir os recursos disponíveis segundo algum
critério.
Direção
Execução é o processo de realizar atividades e utilizar
recursos para atingir os objetivos. O processo de execução
envolve outros processos, especialmente o processo de
direção, para acionar os recursos que realizam as atividades
e os objetivos.
Controle
Controle é o processo de assegurar a realização dos
objetivos e identificar a necessidade de modificá-los.
Fonte: MAXIMIANO, 2000, p. 2)
A entidade (empresa) disponibiliza os recursos disponíveis, traduzidos por:
pessoas, dinheiro, material, conhecimento, equipamentos e tecnologia.
Utilizando as funções da Administração, procurará atingir seus objetivos
organizacionais, conforme quadro, a seguir:
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
35
Entidade
Planejamento
Organização
Direção
Controle
Recursos
Humanos;
Financeiros;
Materiais;
Tecnológicos;
Informações.
Definir a missão
Formular os
Objetivos;
Definir os
planos;
Programas as
atividades.
Dividir o trabalho;
Designar as
atividades;
Agrupar as
atividades em
órgãos e cargos;
Definir autoridade e
responsabilidade;
Designar
pessoas;
Coordenar os
esforços;
Comunicar;
Motivar;
Liderar;
Orientar.
Definir padrões
Monitorar os
desempenhos;
Avaliar o
desempenho
Ação
corretiva.
Fonte(Adaptado de CHIAVENATO, 2003, P. 168)
Seção 2 - As Principais Teorias Administrativas e Seus Enfoques
Você sabe como tudo começou? Quase todas as teorias administrativas
nasceram na iniciativa privada, na tentativa de obter um diferencial competitivo,
talvez porque raramente se viu, na Administração pública, a preocupação com a
eficiência da realização das tarefas ou circunstâncias que obrigassem a melhoria
de procedimentos, em virtude da competitividade ou visando à lucratividade.
No setor público, não há ameaça do mercado consumidor
relacionado com os serviços prestados e o bem não é do
governante, mas de todos. Dessa forma, as grandes
descobertas da administração encontraram, como
ambiente mais propício, as empresas privadas.
Abaixo está apresentado um quadro com as principais
teorias administrativas com seu principal enfoque
ÊNFASE
Nas Tarefas
TEORIA ADMINISTRATIVA
Administração Científica
PRINCIPAIS ENFOQUES
Racionalização do trabalho no nível operacional
Organização Formal
Teoria Clássica
Princípios gerais da administração
Teoria Neoclássica
Funções do administrador
Organização formal burocrática
Teoria da Burocracia
Racionalidade organizacional
Na Estrutura
Múltipla abordagem:
Organização formal e informal.
Teoria Estruturalista
Análise intra-organizacional e análise
interorganizacional
Organização informal.
Teoria das Relações Humanas
Motivação, liderança, comunicações e dinâmica
de grupo.
Estilos de administração
Nas Pessoas
Teoria das decisões.
Teoria do Comportamento
Integração dos objetivos organizacionais e
Organizacional
individuais
Teoria do Desenvolvimento
Mudança organizacional planejada
Organizacional
Abordagem de sistema aberto
Análise intra-organizacional e análise ambiental.
Teoria Estruturalista
Abordagem de sistema aberto.
No Ambiente
Análise ambiental (imperativo ambiental)
Teoria da Contingência
Abordagem de sistema aberto.
Administração da tecnologia (imperativo
Na Tecnologia
Teoria da Contingência
tecnológico)
Caos e complexidade
Competitividade Novas Abordagens na Administração Aprendizagem organizacional
Capital Intelectual.
Fonte: CHIAVENATO, 2003, p. 12.
36
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Ênfases no Estudo da Administração
Cada teoria administrativa foi extraordinária e trouxe avanços na forma de
gerenciar recursos em sua época. Assim, estudar as teorias da administração traz
um aprendizado importante e interessante. As teorias da administração foram
elaboradas com o passar do tempo, sempre com aplicação científica, e a cada
nova teoria que surgiu, foi com o intuito de adaptar as organizações para sua
realidade. É interessante observar, que na grande maioria das vezes, eram
preservados muitos dos conceitos trazidos pelas teorias já existentes.
Prova disso é que ainda hoje são utilizadas técnicas que foram difundidas pelas
primeiras teorias da Administração.
Para facilitar a compreensão do quadro das principais teorias administrativas,
procure identificar cada teoria estudada e sua aplicação em seu ambiente de
trabalho.
Ênfase nas Tarefas
É a administração voltada para aumentar a eficiência operacional, por meio de
mudança na forma de realizar a produção. Há preocupação com a
racionalização do trabalho. Foi o marco para o desenvolvimento da administração.
Em 1776, ao publicar A riqueza das Nações, Adam Smith já fazia algumas
referências à vantagem da divisão do trabalho, mas sem comprovação científica.
Ênfase na Estrutura
É o estudo da Administração que procura adequar a estrutura da organização
para melhor atender a seus objetivos. A proposta é melhorar a eficiência por meio
de uma reestruturação organizacional.
Ênfase nas Pessoas
Tem como foco principal as relações humanas no trabalho. É a ciência voltada
para tornar o ambiente de trabalho melhor. Preconiza o aumento da produtividade
e a satisfação dos funcionários quando o ambiente de trabalho é adequado para
atender às necessidades humanas.
Ênfase no Ambiente
É o estudo que leva em consideração as influências do ambiente externo na
organização. Tem o mérito de preparar a empresa para adaptar-se às variáveis
externas, que até então não eram levadas em conta.
Ênfase na Tecnologia
Com o desenvolvimento tecnológico, tornou-se necessário o estudo da influência
da tecnologia na empresa. É a ciência que trata da aplicação da tecnologia na
organização, visando a seu melhoramento.
Ênfase na Competitividade
Trata da adaptação organizacional em uma época de constantes transformações,
visando atender às necessidades de seus consumidores, ofertando produtos e
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
37
preço mais baixo.
Nas próximas aulas, apresentaremos novos conhecimentos a respeito das teorias
da Administração pública.
a) Teoria da Administração Científica
Foi a primeira teoria da Administração a surgir. Foi proposta por
Frederick Winslow Taylor (1856-1915), engenheiro americano,
com base em estudos da fadiga humana, tempos e
movimentos. Publicou, em 1911, os princípios da Administração
Científica.
Foto de domínio Público:
http://pt.wikipedia.org/wiki
38
Foi uma revolução na época e serviu para o início do estudo
sobre a eficiência na administração. Destacam-se ainda nesta
escola: Frank e Lilian Gilbreth, Henry Lawrence Gantt, Carl Barth,
Harrington Emerson, entre outros, e ainda Henry Ford, este
usando princípios da administração científica, criou a primeira
linha de montagem móvel, um marco na forma de produção.
Para você ter uma idéia, um veículo que levava 12 horas e 28
minutos para ser fabricado, com as inovações de Ford, passou a
ser fabricados em 1 hora e 33 minutos.
Seleção Científica do
trabalhador:
Deve desempenhar a tarefa mais compatível com suas
aptidões. A mestria da tarefa, resultado de muito treino,
é importante para o funcionário (que é valorizado) e
para a empresa (que aumenta sua produtividade).
Tempo-padrão:
O trabalhador deve atingir no mínimo a produçãopadrão estabelecida pela gerência. É muito importante
contar com parâmetros de controle da produtividade,
porque o ser humano é naturalmente preguiçoso. Se
seu salário estiver garantido, ele certamente produzirá o
menos possível.
Plano de incentivo salarial:
A remuneração dos funcionários deve ser proporcional
ao número de unidades produzidas. Essa determinação
se baseia no conceito de Homo economicus, que
considera as recompensas e as sanções financeiras as
mais significativas para o trabalhador.
Trabalho em conjunto
Os interesses dos funcionários (altos salários) e da
administração (baixo custo de produção) podem ser
conciliados por meio da busca do maior grau de
eficiência e produtividade. Quando o trabalhador
produz muito, sua remuneração aumenta e a
produtividade da empresa também.
Gerentes planejam, operários
executam
O planejamento deve ser de responsabilidade exclusiva
da gerência, enquanto a execução cabe aos operários
e seus supervisores.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Divisão do trabalho
uma tarefa deve ser dividida no maior número possível
de subtarefas. Quanto maior e mais simples a tarefa,
maior será a habilidade do operário em desempenhála. Ao realizar um movimento simples repetidas vezes, o
funcionário ganha velocidade em sua atividade,
aumentando o número de unidades produzidas e
elevando seu salário de forma proporcional a seu
esforço.
Supervisão
Também deve ser funcional, ou seja, especializada por
áreas. A função básica do supervisor é controlar o
trabalho dos funcionários, verificando o número de
unidades produzidas e o cumprimento da produçãopadrão mínima.
Ênfase na eficiência
Existe uma única maneira certa de executar uma tarefa
(best way). Para descobri-la, a administração deve
empreender um estudo de tempos e métodos,
decompondo os movimentos das tarefas executadas
pelos trabalhadores.
Fonte: Ferreira, 2002, p.15-16).
A pessoa que transformou o debate sobre a eficiência num grupo de princípios e
técnicas foi Frederick Whinslow Taylor, cujas contribuições se concentram entre as
mais importantes da história das teorias e práticas da administração (MAXIMILIANO,
2000,p. 56).
SABER M
Filme recomendado: Tempos Modernos (Charles Chaplin), é uma
crítica bem- humorada, contra o rigor da teoria Administração
científica. Você dará boas risadas!
b) Teoria Clássica
Foi apresentada em 1914, por Henri Fayol (1841-1925), engenheiro turco
que viveu em Paris e lá desenvolveu esta teoria de administração.
O quadro a seguir identifica os 14 princípios que as empresas devem
atender para melhorar sua eficiência, segundo Fayol:
Foto de domínio Público:
http://pt.wikipedia.org/wiki
Divisão do Trabalho
Autoridade e
responsabilidade
Consiste na especialização das tarefas e das pessoas
para aumentar a eficiência;
Autoridade é o direito de dar ordens e o poder de
esperar obediência. A responsabilidade é uma
conseqüência natural da autoridade e significa o dever
de prestar contas. Ambas devem estar equilibradas
entre si;
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
39
Disciplina
Depende de obediência, aplicação, energia,
comportamento e respeito aos acordos estabelecidos;
Unidade de comando
Cada empregado deve receber ordens de apenas um
superior. É o princípio da autoridade única;
Unidade de direção
Uma cabeça e um plano para cada conjunto de
atividades que tenham o mesmo objetivo;
Subordinação dos interesses
individuais aos gerais
Remuneração do Pessoal
Os interesses gerais da empresa devem sobrepor-se aos
interesses particulares das pessoas;
Deve haver justa e garantida satisfação para os
empregados e para a organização quanto à
retribuição;
Centralização
Refere-se à concentração da autoridade no topo da
hierarquia da organização;
Cadeia escalar
É a linha de autoridade que vai do escalão mais alto
ao mais baixo em função do princípio do comando;
Ordem
Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. É
a ordem material e humana;
Eqüidade
Amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do
pessoal;
Estabilidade do pessoal
Iniciativa
Espírito de equipe
A rotatividade do pessoal é prejudicial para a
eficiência da organização. Quanto mais tempo uma
pessoa permanecer no cargo, tanto melhor para a
empresa;
A capacidade de visualizar um plano e assegurar
pessoalmente o seu sucesso;
A harmonia e a união entre as pessoas são grandes
forças para a organização.
(Fonte: Adaptado de CHIAVENATO, 2003,p. 83).
Defendia que as empresas deveriam ter seis funções:
a)Funções administrativas – Integrando e controlando as demais funções,
aparecem em posição de destaque com caráter gerencial;
b)Funções técnicas – Estão vinculadas a produção de bens ou serviços;
40
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
c)Funções comerciais – Exercem atividades de compra-e-venda;
d)Funções financeiras – Cuidam dos recebimentos e pagamentos na empresa;
e)Funções de segurança – Visam preservar o patrimônio da empresa;
f)Funções contábeis – Tratam dos registros, avaliação e controle do patrimônio.
O quadro abaixo apresenta as funções da administração, segundo Fayol:
Previsão
Avalia o futuro e o aprovisionamento dos recursos em função
dele;
Organização
Proporciona tudo o que é útil ao funcionamento da empresa e
pode ser dividida em organização material e organização social;
Comando
Leva a organização a funcionar. Seu objetivo é alcançar o
máximo retorno de todos os empregados no interesse dos
aspectos globais do negócio.
Coordenação
Controle
Harmoniza todas as atividades do negócio, facilitando seu trabalho e
sucesso. Sincroniza coisas e ações em proporções certas e adapta meios
aos fins visados;
Consiste na verificação para certificar se tudo ocorre em
conformidade com o plano adotado, as instruções transmitidas e
os princípios estabelecidos. O objetivo é localizar as fraquezas e
erros no intuito de retificá-los e prevenir a recorrência.
Fonte: CHIAVENATO, 2003, p. 81)
Os princípios da Teoria Clássica, formulada por Henri Fayol,
apresentam idéias para melhorar a Administração pública em
seu todo? Quais desses princípios poderiam ser usados na
administração pública hoje?
c) Teoria das Relações Humanas
Com as empresas visando cada vez mais à produtividade, os funcionários
passaram a ser mais e mais exigidos. Era perceptível a falta de interesse pelo
trabalho em virtude da monotonia dos serviços realizados, a ponto de haver alta
rotatividade nos ambientes de trabalho. O que não era bom para empresa, que
teria que treinar novo funcionário, com isso causando perda de produtividade,
nem para os funcionários. Foi o ambiente propício para o desenvolvimento de
estudos referentes às relações humanas, levando para o ambiente de trabalho
contribuições da Psicologia (ciência que estuda o comportamento humano). Aí
podemos destacar o estudo de Kurt Lewin (1890-1947), sobre a Psicologia
dinâmica: toda necessidade cria um estado de tensão e uma predisposição à
ação. Quando a tensão é excessiva, pode tumultuar a percepção do ambiente
e desorientar o comportamento. Kurt Lewin foi um dos principais inspiradores para
a criação da Teoria das Relações Humanas.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
41
George Elton Mayo (1880-1949), australiano, filósofo e médico, professor em
Harvard, é considerado o fundador desta teoria. Em 1924, a Academia Nacional
de Ciências dos Estados Unidos fez uma pesquisa para verificar a correlação entre
produtividade e iluminação do local de trabalho, dentro dos pressupostos da
administração científica. Pouco antes, Mayo conduzira uma pesquisa em uma
indústria têxtil com elevadíssima rotatividade de pessoal, ao redor de 250% ao
ano, que havia tentado inutilmente vários esquemas de incentivo salarial. Mayo
introduziu um intervalo de descanso, delegou aos operários a decisão sobre
horários de produção e contratou uma enfermeira. Em pouco tempo, emergiu um
espírito de grupo, a produção aumentou e a rotatividade do pessoal diminuiu
(CHIAVENATO, 2003).
Elton Mayo começou a se interessar, em 1923, pela rotatividade de pessoal e pela
queda de produtividade. A partir dos anos vintes, percebia-se nas empresas
americanas o que se convencionou chamar de “spleen industrial”: um abatimento
moral dos trabalhadores, com perda de interesse pelo trabalho, fadiga e
monotonia. Como continuação de uma série de estudos anteriores, entre 1927 e
1929, Mayo desenvolveu experimentos com grupos de trabalhadores da área de
montagem de relés da indústria Hawthorne, da Western Eletric. A experiência se
baseava na alteração de uma variável da condição de trabalho (iluminação,
pausas, jornadas de trabalho), enquanto outras permaneciam constantes. Como
a produtividade aumentava tanto no grupo experimental quanto nos outros, a
conclusão foi a de que fatores físicos influenciam menos a produção do que os
emocionais. O simples fato de mostrar, pela presença dos cientistas e pelas
experiências, que havia interesse pelas condições dos operários, incentivava-os a
se interessar novamente pelo trabalho, (FERREIRA, 2002).
Veja no quadro abaixo as principais conclusões sobre os princípios básicos da
Teoria das Relações Humanas.
O nível de produção é
resultante da integração social
Quanto maior for a integração social, maior será a
disposição de produzir.
Comportamento social dos
empregados
O comportamento do indivíduo se apóia no grupo.
Recompensas e sanções sociais
Os trabalhadores são avaliados pelo grupo,
recebendo aprovação ou punição.
Grupos informais
Constituem a organização humana da empresa, nem
sempre coincidindo com a formal.
Relações humanas
O comportamento é influenciado por atitudes e
normas informais existentes no grupo.
Importância do conteúdo do
cargo
O conteúdo e a natureza do trabalho têm influência
sobre o moral do trabalhador.
Ênfase nos aspectos emocionais Elementos emocionais não planejados e irracionais do
comportamento humano merecem atenção especial.
Fonte: Adaptado de CHIAVENATO, 2003.
Procure conhecer, de modo mais profundo, aspectos dessa teoria.
42
d) Teoria Burocrática
O que você entende por burocracia? Como surgiu? Por que ela existe? Será ela
necessária? Vamos às respostas, pois temos muito a aprender!
A partir da década de 1940, as críticas feitas tanto à Teoria Clássica – pelo seu
mecanicismo – como à Teoria das Relações Humanas – por seu romantismo
ingênuo – revelaram a falta de uma teoria da organização sólida e abrangente
que servisse de orientação para o trabalho do administrador. Alguns estudiosos
foram buscar nas obras de um economista e sociólogo já falecido, Max Weber, a
inspiração para essa nova teoria da organização. Surgiu, assim, a Teoria da
Burocracia na Administração (CHIAVENATO,2003).
A Teoria burocrática é a teoria de administração que mais teve aplicação na
administração pública. Seus princípios são aplicados em todas as empresas, mas
às vezes temos a nítida impressão de que ela foi desenvolvida para ser aplicada
na administração pública.
Ao mencionar burocracia, já imaginamos morosidade, lentidão, filas,
guichês, protocolos, papelório, estrutura inchada e não raramente
imaginamos órgãos públicos, o império da burocracia. Mas a concepção
Weberiana de burocracia é a eficiência no atendimento e resolução de
problemas com agilidade, por haver clara definição de atribuições e
responsabilidades, bem como padronização no fluxo de tarefas e soluções.
Acredito que Marx Weber imaginou perfeito o que os homens encheram
de defeitos.
Segundo Weber, existem três tipos de Sociedade:
Maximilian Weber
Economista político e sociólogo
Alemão.(1864-1920)
Foto de domínio público
http://en.wikipedia.org/wiki
a) Sociedade Tradicional: É a sociedade natural, que provém do próprio
ambiente em que a pessoa inserida. Pode ser proveniente de vínculo
sanguíneo ou dependência patrimonial. Como a família, os patriarcas,
senhores feudais e monarcas absolutistas. Assim, o poder é herdado ou
delegado e aceito pela sociedade com base na tradição, usos e costumes do
povo.
b) Sociedade Carismática: É aquela em que, voluntariamente, o indivíduo resolve
ingressar, motivado por ideologias. Sejam exemplos a Igreja e os partidos políticos.
O poder é estabelecido com base no carisma (poder de influência) e aceito pela
população pelas virtudes da liderança.
c) Sociedade Burocrática: Defendida por Weber como a ideal. As regras são
impessoais e estão centradas em normas e processos, e não nas pessoas. Por isso,
são mais racionais e menos pessoais. O poder é impessoal e estabelecido em
normas formais aceito pela população por serem justas; baseadas em critérios
técnicos previamente estabelecidos.
Você sabe a diferença entre autoridade e poder?
Podemos definir poder de duas maneiras: como Max Weber, segundo o qual
poder é a capacidade de controlar indivíduos, eventos ou recursos, fazendo com
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
43
que aconteça aquilo que a pessoa quer, a despeito de obstáculos ou oposições,
ou como a capacidade para influenciar decisões, pessoas e o uso de recursos.
Neves (2008) afirma que no contexto da Administração Pública moderna, ter
poder não significa ter autoridade. Vejamos o que diz um dos fundadores da
sociologia, Max Weber, em sua obra intitulada – A Teoria da Organização
Econômica e Social. Neste livro, Weber enunciou a diferença entre poder e
autoridade.
O que é poder?
É a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de
sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não fazer. Como diz Hunter
(2004), o mundo está cheio disso. “Faça isso ou despedirei você”, ”Faça isso ou
bombardearemos você”. Em outras palavras “Faça isso senão...”.
O que é autoridade?
È a habilidade de levar as pessoas a fazer de boa-vontade o que você quer por
causa de sua influência pessoal. Autoridade é o poder concedido pela
instituição.
É possível ter poder e não ter autoridade, mas não é possível ter autoridade e não
ter poder.
Podemos distinguir três tipos de poder:
Poder legítimo: é o conferido pela posição ocupada na organização. Inclui, quase
sempre, dois poderes que o complementam: o poder de recompensa e o
coercitivo, ou de punição, instrumentos para o exercício do poder legítimo.
Poder referente: corresponde à influência exercida pelo líder em virtude da
afeição e do respeito que as pessoas têm por ele, em razão de suas qualidades,
como seu caráter, a força de sua personalidade, sua coragem, sua capacidade
de agir e sua ousadia.. Os líderes carismáticos têm esse tipo de poder no mais alto
grau.
Poder do saber: baseado nos conhecimentos que a pessoa tem. Inclui os
conhecimentos técnicos, a experiência e o poder da informação. Algumas
pessoas não repassam informações para continuar detendo este tipo de poder
(LACOMBE & HEILBRON, 2006).
Sobre os três tipos de poder: o poder legítimo, o poder referente e o
poder do saber. Releia o texto e responda: Você conhece pessoas
que exercem esses tipos de poder?
44
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
A missão do administrador público é a de ser intermediador,
facilitador, líder da construção do desenvolvimento, na busca
constante de qualidade de vida para a população.
O que é melhor? Ter um administrador público com autoridade,
ou com poder?
O Sistema Burocrático
No sistema burocrático, a subordinação não é as pessoas, e sim as
normas estabelecidas dentro da organização. Os cargos devem
ser preenchidos por mérito (concurso, eleição, nomeação),
baseando-se em procedimentos formais revestidos de legalidade.
Dessa forma, qualquer pessoa dentro da estrutura pode aspirar a
uma ascensão profissional.
Embora tenham existido administrações burocráticas no passado,
somente com a emergência do Estado Moderno - o exemplo mais
próximo do tipo legal de dominação - é que a burocracia passou
a prevalecer em tão larga escala. Todavia, a burocratização não se limita à
organização estatal, pois embora Weber tenha elaborado o conceito de
burocracia a partir de sua sociologia política, ele usou o conceito de modo mais
abrangente, englobando as demais instituições sociais além da administração
pública. Weber notou a proliferação de organizações de grande porte, tanto no
domínio religioso (a Igreja) como no educacional (a Universidade), ou no
econômico (as grandes empresas), que adotaram o tipo burocrático de
organização, concentrando os meios de administração no topo da hierarquia e
utilizando regras racionais e impessoais, visando à máxima eficiência.
Weber identifica três fatores principais que favorecem o desenvolvimento da
moderna burocracia:
1. O desenvolvimento de uma economia monetária: a moeda não
apenas facilita, mas racionaliza as transações econômicas. Na
burocracia, a moeda assume o lugar da remuneração em espécie
para os funcionários, permitindo a centralização da autoridade e o
fortalecimento da administração burocrática.
2. O crescimento quantitativo e qualitativo das tarefas administrativas
do Estado Moderno: apenas um tipo burocrático de organização
poderia arcar com a enorme complexidade e tamanho de tais
tarefas.
3. A superioridade técnica - em termos de eficiência - do tipo
burocrático de administração: que serviu como uma força
autônoma interna para impor sua prevalência. "A razão decisiva da
superioridade da organização burocrática sempre foi unicamente
sua superioridade técnica sobre qualquer outra forma de
organização” (CHIAVENATO, 2003, p. 262).
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
45
As principais características da burocracia:
As ênfases da burocracia, segundo Weber, são seguintes: formalização
(obediência a normas, rotinas, regras e regulamentos); divisão do trabalho;
hierarquia; impessoalidade; profissionalização e competência técnica dos
funcionários (LACOMBE & HEILBORN, 2006, p. 473).
Vantagens da burocracia:
1 - Racionalidade para alcançar os objetivos.
2 – Precisão na definição do cargo e conhecimento dos deveres.
3 – Rapidez nas decisões (cada um conhece os trâmites).
4 – Uniformidade de resposta (está prescrita na norma).
5 – Uniformidade de rotinas e procedimentos, favorecendo a padronização, a
redução de custos e erros, pois as rotinas são definidas por escrito.
6 – Continuidade da organização na substituição de pessoas.
7 – Redução de atrito entre as pessoas, todos conhecem os limites de
responsabilidade e o que é exigido da função.
8 – Confiabilidade, pois as decisões são previsíveis e impessoais (seguem as
normas).
9 – Benefícios para os funcionários, pois são motivados a seguir carreira na
organização. (Fonte: Adaptado de CHIAVENATO, 2003, p. 26)6.
Desvantagens da burocracia:
1 – Apego excessivo às normas e regulamentos.
2 – Excesso de formalismo e de papelório.
3 – Resistência às mudanças.
4 – Despersonalização do relacionamento.
5 – Decisão nem sempre tomada por quem mais conhece o
assunto.
6 – Criatividade e liberdade cedem lugar ao estrito cumprimento
das regras.
7 – Exibição de sinais de autoridade.
8 – Dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o
público. (Fonte: CHIAVENATO, 2003, p.269-270).
e) Teoria Comportamental
Uma das teorias da administração que mais tem aplicação na Administração
pública é a Teoria Comportamental ou Behaviorista – (behavior –
comportamento). Esta Teoria tem grande influência da Psicologia, seguindo o
princípio do estímulo-resposta.
A abordagem comportamental, também denominada orgânica ou humanística,
deu ênfase ao tratamento favorável aos empregados, em vez de só focalizar
seudesempenho ou produtividade (MEGGINSON, MOSLEY & PIETRO JR, 1998, p. 49).
Alguns estudos se destacaram, na análise do comportamento humano na
organização, como Kurt Lewin, Douglas McGregor, Herbert A. Simon, Chirs Argyris,
46
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Frederick Herzberg, Chester Barnard, Abraham H. Maslow, esta criou uma
hierarquia de necessidades,
Apresentaremos os aspectos da teoria da Hierarquia de Necessidades de Maslow.
Fisiológicas - alimento, repouso, abrigo, sexo;
Segurança - segurança, proteção contra o perigo, doença, incerteza,
desemprego;
Auto
Realização
Sociais - relacionamento, amizade, aceitação, afeição,
compreensão, consideração;
Estima
Sociais
Estima - status e prestígio, confiança, progresso, apreciação e
admiração dos colegas. O elogio é a forma mais simples, barata e
eficaz para motivar o funcionário;
De Segurança
Fisiológicas
Auto-Realização – auto-realização e desenvolvimento, excelência
pessoal, competência.
(Adaptado de: CHIAVENATO 2003, p.332)
O que motiva as pessoas são as necessidades insatisfeitas. O progresso
é causado pelo esforço das pessoas para satisfazer às suas necessidades. As
pessoas sempre têm necessidades insatisfeitas. Quando uma necessidade
prioritária é satisfeita, ainda que não o seja à saciedade, outras emergem e
ocupam o primeiro lugar na lista de prioridades (LACOMBE & HEILBORN, 2006, p.
312).
No quadro abaixo, estudaremos os sistemas administrativos, segundo Likert:
Sistemas De Administração
Variáveis
Principais
Processo
decisorial
Sistema
de
Comunicações
Relações
Interpessoais
1
2
3
4
Autoritáriocoercitivo
AutoritárioBenevolente
Consultivo
Participativo
Totalmente
centralizado na
cúpula da
organização.
Centralizado na
cúpula, mas
permite alguma
delegação, de
caráter rotineiro.
Consulta aos
níveis inferiores,
permitindo
participação e
delegação.
Totalmente
descentralizado. A
cúpula define
políticas e controla os
resultados
Muito precário.
Somente
comunicação
verticais e
descendentes
carregando
ordens.
Relativamente
precário,
prevalecendo
comunicações
descendentes sobre
as ascendentes.
A cúpula
procura facilitar
o fluxo no
sentido vertical
(descendente e
ascendente) e
horizontal.
Sistemas de
comunicação
eficientes são
fundamentais para o
sucesso da empresa.
Provocam
São toleradas, com
condescendência.
Organização
informal é
considerada uma
ameaça à
empresa.
Certa confiança
nas pessoas e
nas relações. A
cúpula facilita a
organização
informal sadia.
Trabalho em equipes.
Confiança mútua,
participação e
envolvimento grupal
intensos.
desconfiança.
Organização
informal é vedada
e considerada
prejudicial. Cargos
confinam as
pessoas.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
47
Continuação da tabela
Sistemas De Administração
Variáveis
Sistemas de
Recompensas
e Punições
1
2
3
4
Utilização de
punições e
medidas
disciplinares.
Obediência
estrita aos
regulamentos
Internos. Raras
recompensas
(estritamente
salariais).
Utilização de
punições e
medidas
disciplinares,
mas com
menor
arbitrariedade.
Recompensas
salariais e raras
recompensas
sociais.
Utilização de
recompensas
materiais
(principalment
e salários).
Recompensas
sociais
ocasionais.
Raras punições
ou castigos.
Utilização de
recompensas
sociais e
recompensas
materiais e
salariais.
Punições são
raras e,
quando
ocorrem, são
definidas pelas
equipes.
Fonte: Chiavenato,2003. p.342.
f) Teoria Estruturalista
Você está percebendo a evolução das teorias? Como as contribuições se somam
tornando a empresa mais consistente?
A teoria Estruturalista surgiu a partir de críticas à rigidez e impessoalidade da teoria
da burocracia de Weber, que tendia a transformar uma organização num sistema
fechado. Os estruturalistas, foram precursores da abordagem sistêmica, isto é,
visualização da organização como sistema aberto, em permanente interação
com o ambiente externo no qual está inserida. O principal autor dessa teoria,
Amitai Etzioni, procurou ainda definir tipos de organizações conforme as atividades
executadas (LACOMBE & HEILBORN, 2006).
Os estruturalistas vêem a organização como uma unidade social grande e
complexa, onde interagem muitos grupos sociais (FERREIRA, 2002).
Enfoque no homem organizacional – aquele que executa vários papéis em
diferentes organizações.
Observe o quadro com as principais características do Estruturalismo
Submissão do
indivíduo à
socialização
Conflitos
inevitáveis
48
O desejo de obter recompensas materiais e sociais (como prestígio,
reconhecimento de seus pares, etc) faz com que o indivíduo aceite
desempenhar vários papéis sociais em seu trabalho. Isso é possível
graças à existência de diversos grupos dentro da mesma organização.
Os conflitos entre os interesses dos funcionários e os objetivos da empresa
são inegáveis. Ao considerar os aspectos racionais e irracionais das
necessidades empresariais e individuais, os conflitos podem ser reduzidos,
mas não eliminados. Sua minimização pode tornar o trabalho mais
suportável, apesar de não satisfatório. Por outro lado, se forem disfarçados,
os conflitos se expressarão de outras formas, como abandono do emprego
ou aumento do número de acidentes.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Submissão do
indivíduo à
socialização
O desejo de obter recompensas materiais e sociais (como prestígio,
reconhecimento de seus pares, etc) faz com que o indivíduo aceite
desempenhar vários papéis sociais em seu trabalho. Isso é possível
graças à existência de diversos grupos dentro da mesma organização.
Conflitos
inevitáveis
Os conflitos entre os interesses dos funcionários e os objetivos da
empresa são inegáveis. Ao considerar os aspectos racionais e
irracionais das necessidades empresariais e individuais, os conflitos
podem ser reduzidos, mas não eliminados. Sua minimização pode
tornar o trabalho mais suportável, apesar de não satisfatório. Por outro
lado, se forem disfarçados, os conflitos se expressarão de outras
formas, como abandono do emprego ou aumento do número de
acidentes.
Fonte: Ferreira, 2002, p. 60-61.
“Os conflitos entre os interesses dos funcionários e os objetivos
da empresa são inegáveis”. Por que você pensa que isso
acontece? Cite alguns exemplos.
Segundo a Teoria Estruturalista, há três tipos de poder: o poder legítimo, o poder
referente e o poder do saber. Releia o texto e responda: Você conhece pessoas
que exercem esse tipo de poder? Você já passou por situações nas quais as
pessoas exerceram algum desses tipos de poder? ANOTE.
g) Teoria de Sistemas
Foi lançada pelo biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy em 1937, partindo do
pressuposto que há uma integração entre todos os ramos do conhecimento.
A abordagem sistêmica vê a organização como um todo integrado, constituída
de parte que interagem entre si, e inserida numa ambiente com o qual interage
permanentemente (LACOMBE & HEILBORN, 2006).
As principais características são: homem funcional (os papéis são mais enfatizados
que a pessoa em si), conflitos de papéis (as pessoas não agem em função do que
são, mas em função dos papéis que representam), incentivos mistos (equilíbrio
entre incentivos monetários e não monetários), equilíbrio integrado (dada a
complexidade, qualquer ação sobre uma unidade da empresa atingirá todas as
outras unidades), estado estável - para evitar a entropia, isto é, a tendência ao
desgaste, à desintegração e ao aumento da aleatoriedade) (FERREIRA, 2002)
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
49
Observe o esquema
Economia
Entrada
Processamento
Saídas
Político/Legal
Tecnologia
economia
Feedback
Cultura e Sociedade
Concorrência
Fonte: FERREIRA, 2002, p. 62.
Tipos de Sistemas - Os sistemas podem ser fechados ou abertos. Um sistema
fechado não interage com o ambiente externo e, portanto, não é influenciado
pelo que está ocorrendo nesse ambiente. Por outro lado, um sistema aberto,
como uma organização, tende sempre a ter um relacionamento dinâmico com
seu ambiente, recebendo vários inputs, transformando-os de alguma forma para
chegar ao produto final (outputs).
Receber os inputs na forma de material, energia e informação, levando em conta
a retroinformação em relação ao produto final, permite ao sistema aberto
compensar e evitar o processo de declínio. Além disso, o sistema aberto se adapta
a seu ambiente, mudando o processo de sua estrutura e componentes internos,
assim que surge a necessidade. (Megginson, Mosley & Pietri Jr, 1998, p. 56).
A importância desta teoria na Administração Pública está em
preocupar-se com o resultado; a retroalimentação para a
flexibilização do planejamento; a necessidade da integração,
cooperação, comprometimento das partes, nas quais estas
formam o todo administrativo e o todo organiza as partes na
consecução dos objetivos.
h)Teoria das Contingências
Surgiu em virtude das incertezas provocadas pelo ambiente externo na
organização.
A teoria da contingência enfatiza que não há nada absoluto nas organizações ou
na teoria administrativa; tudo é relativo, tudo depende. A abordagem
contingencial explica que existe uma relação funcional entre as condições do
ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance eficaz dos
objetivos da organização. As variáveis ambientais são as variáveis independentes,
enquanto as técnicas administrativas são as variáveis dependentes, dentro de
uma relação funcional (Ferreira, 2002, p. 101).
A essência dos estudos de Joan Woodward é que não existe uma única maneira
certa de montar a estrutura organizacional; existem sempre várias alternativas, e a
melhor depende de cada caso específico. A conclusão é que, para uma
organização obter bom desempenho, sua estrutura organizacional deve ser
50
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
projetada de modo a se ajustar às demandas situacionais que derivam da
tecnologia que está sendo usada, de sua posição mercadológica, de sua
diversidade de produtos, da velocidade de mudanças, e de seu tamanho
(LACOMBE & HEILBORN, 2006, p. 428).
Tom Burns, apresentou dois tipos de estruturas organizacionais:
Sistema mecânico – é aquele no qual as especializadas funcionais têm uma
classificação rígida, assim como as obrigações, as diversas responsabilidades e
o poder. A hierarquia de comando é bem-definida, sustentando um fluxo de
comunicação que transmite informações de baixo para cima e ordens de
cima para baixo.
Sistema Orgânico – apresenta maior flexibilidade. As atribuições de obrigações,
são responsabilidades e poder mais adaptáveis. A comunicação tende a ser
um fluxo de mão dupla, transmitindo consultas de cima para baixo de baixo
para cima.
Como as empresas estão sujeitas às mudanças ambientais, devem estar
preparadas para se adaptar a elas. Uma organização com sistema mecânico
pode ser adequada a situações ambientais estáveis; já uma organização com
sistema orgânico se mostra mais flexível a novas situações ambientais. As
organizações costumam adotar sistemas que se situam em algum ponto da
escala formada pelos sistemas orgânico e mecânico. (FERREIRA, 2002, p. 103).
“A melhor estrutura de organização é a mais simples possível.
O que torna uma estrutura de organização “boa” são os
problemas que ela não cria. Quanto mais simples for a
estrutura, menos coisas sairão erradas” (Peter F. Drucker).
O que tem de importante esta teoria para a administração
pública?
Seção 3 - Desenvolvimento Organizacional
No decorrer das décadas de 1960 e 1970, foi desenvolvida uma técnica,
denominada desenvolvimento organizacional, com o objetivo de conseguir
implantar mudanças de forma eficaz. Trata-se de complexa estratégia
educacional, baseada na experiência, que emprega os meios mais amplos
possíveis de comportamento, e que tem por finalidade mudar as crenças, as
atitudes, os valores e a estrutura das organizações, de modo que elas possam se
adaptar melhor aos novos mercados, tecnologias e desafios e ao próprio ritmo
vertiginoso de mudança. (LACOMBE & HEILBORN, 2006, p. 423).
A palavra-chave no Desenvolvimento Organizacional é mudança. Se o ambiente
científico-tecnológico e mercadológico fosse estável e previsível, não haveria
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
51
pressões para mudanças. Se os objetivos organizacionais e individuais fossem
integrados, as necessidades de mudanças também seriam minimizadas. Assim, o
desenvolvimento organizacional foi inicialmente visto como uma estratégia ou
programa de ação voltado para gerenciar o processo de mudança
organizacional. (Ferreira, 2002, p.67)
No quadro abaixo os principais pressupostos do Desenvolvimento Organizacional:
Constante e rápida
mutação do ambiente
O mundo moderno caracteriza-se por mudanças rápidas, constantes
e em uma progressão explosiva. Há mudanças científicas,
tecnológicas, econômicas, sociais, políticas, etc.
Necessidade de contínua
adaptação
O indivíduo, o grupo, a organização e a comunidade são sistemas
dinâmicos e vivos de adaptação, ajustamento e reorganização,
como condição básica de sobrevivência em um ambiente em
contínua mudança.
Interação entre indivíduo
e organização.
A organização é um sistema social. O indivíduo pode permanecer
inativo se o contexto em que vive e trabalha lhe é restritivo e hostil,
impedindo o crescimento e a expansão de suas potencialidades. Se
a organização for um ambiente capaz de satisfazer as exigências
dos indivíduos, esses poderão crescer, expandir-se e encontrar
satisfação e auto-realização ao promover os objetivos da
organização.
A mudança deve ser
planejada.
Para mudar uma empresa, é necessário mudar a empresa toda
envolvendo todos os seus membros em compromisso conjunto. É
necessário que aqueles que a dirigem liderem a mudança para que
a atitude positiva à mudança seja comunicada de cima para baixo.
A necessidade de
participação e de
comprometimento.
A mudança planejada é uma conquista coletiva e não o resultado
do esforço de poucas pessoas.
Compreensão da
natureza humana.
As ciências do comportamento permitem localizar e criar o ambiente
de trabalho ótimo, em que cada pessoa possa dar sua melhor
contribuição e, ao mesmo tempo, ter consciência do seu potencial.
A variedade de modelos
e estratégias de DO
Existem vários modelos e estratégias para situações ou problemas em
função do diagnóstico feito.
O DO é uma resposta às
mudanças
É um esforço educacional complexo, destinado a mudar atitudes,
valores, comportamentos e estrutura da organização, de tal maneira
que essa possa se adaptar às demandas ambientais, caracterizadas
por novas tecnologias, novos mercados, novos problemas e desafios.
A qualidade mais importante da organização é a sua sensibilidade: a
capacidade para mudar frente às mudanças de estímulos ou
situações.
Fonte: CHIAVENATO, 2003, p. 381
Motivos de resistência às mudanças: Insegurança, ameaça, predisposição natural,
pontos falhos na proposta de mudança, forma do processo de mudança, falta de
comunicação. (Ferreira, 2002, p. 71-72)
Existem outras teorias da administração que merecem estudo como: A
Administração Estratégica, Administração por Objetivos, Administração
Participativa, Administração Japonesa, Administração Empreendedora,
Administração Virtual, e outras que você poderá pesquisar.
52
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Principais Teorias de seu enfoque
ÊNFASE
TEORIA ADMINISTRATIVA
PRINCIPAIS ENFOQUES
Nas tarefas
Administração Científica
Racionalização do trabalho no nível operacional
Teoria Clássica
Teoria Neoclássica
Organização Formal
Princípios gerais da administração
Funções do Administrador
Na Estrutura
Teoria Burocracia
Teoria Estruturalista
teoria das Relações
Humanas
Operação formal burocrática
Racionalidade organizacional
Múltipla abordagem: Organizacional formal e informal.
Análise intra-organizacional e análise interoganizacional
Organizacional informal
Motivação, liderança, comunicação e dinâmica de grupo
Teoria do comportamento
e individuais
Estilos de administração
Teoria das decisões
Integração dos objetivos organizacionais
Teoria do Desenvolvimento
Organizacional
Mudança organizacional planejada
Abordagem de sistema aberto
Teoria do Desenvolvimento
Operacional
Mudança organizacional planejada
abordagem de sistema aberto
Teoria Estruturalista
Análise intra-organizacional e análise ambiental
Abordagem de sistema aberto
Teoria da Contigência
Análise ambiental (imperativo ambiental)
Abordagem de sistema aberto
Na Tecnologia
Teoria da Contigência
Administração da Tecnologia (imperativo Tecnológico)
Competitividade
Novas Abordagens na
Administração
Caos e complexidade
Aprendizagem organizacional
Capital Intelectual
Nas pessoas
No Ambiente
Ênfases no Estudo da Administração
Ênfase nas tarefas - É a administração voltada para aumentar a eficiência
operacional, através de mudança na forma de realizar a produção. Há
preocupação com a racionalização do trabalho.
Ênfase na estrutura - É o estudo da administração que procura adequar a
estrutura da organização para melhor atender a seus objetivos.
Ênfase nas Pessoas - É a ciência voltada para tornar o ambiente de trabalho
melhor;
Ênfase no ambiente - É o estudo que leva em consideração as influências do
ambiente externo na organização.
Ênfase na Tecnologia - É a ciência que trata da aplicação da tecnologia na
organização, visando o seu melhoramento.
Ênfase na Competitividade - Trata da adaptação organizacional em uma
época de constantes transformações, visando atender às necessidades de
seus consumidores, produtos e serviços com melhor qualidade e preço mais
baixo.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
53
SÍNTESE:
Teoria da Administração Científica – Proposta por Frederick W. Taylor em1911.
Ênfase nas tarefas. Pressupostos básicos:
Seleção Científica do Trabalho;
Tempo padrão;
Plano de incentivo salarial;
Trabalho em conjunto;
Gerentes planejam e operários executam;
Divisão do trabalho;
Supervisão;
Ênfase na eficiência.
Teoria Clássica – Proposta por Henry Fayol em 1914. Ênfase na estrutura.
Pressupostos básicos:
Divisão do trabalho;
Autoridade e responsabilidade;
Disciplina;
Unidade de comando;
Unidade de direção;
Subordinação dos interesses individuais aos gerais;
Remuneração do pessoal;
Centralização;
Cadeia escalar;
Ordem;
Eqüidade;
Estabilidade do pessoal;
Iniciativa;
Espírito de equipe.
Funções nas empresas – Administrativas, técnicas, comerciais, financeiras,
segurança e contábeis.
Teoria das Relações Humanas – Proposta por George Elton Mayo. Ênfase nas
pessoas. Princípios básicos:
O nível de produção é resultante da integração social;
Comportamento social dos empregados;
Recompensas e sanções sociais;
Grupos informais;
Relações humanas;
Importância do conteúdo do cargo;
Ênfase nos aspectos emocionais.
Teoria Burocrática – Aplicação das idéias de Mark Weber. Teoria com maior
aplicação na administração pública. Ênfase na estrutura.
Sociedade – Tradicional, Carismática e Burocrática.
Diferença de autoridade e poder
Poder - é uma faculdade pela qual se exige que alguém faça a sua
vontade, nem que seja contrária a dele. Poder pode ser legítimo,
54
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
referente ou do saber.
Autoridade - é uma habilidade pela qual se motiva as pessoas a fazerem o
que é necessário, de boa vontade, por inspiração e conhecimento de sua
verdadeira finalidade. O resultado, dessa forma, torna-se muito melhor.
O Sistema Burocrático – Características principais:
Subordinação as normas internas da organização;
Cargos preenchidos por mérito;
Divisão do trabalho;
Hierarquia;
Impessoalidade;
Profissionalização;
Competência técnica.
Teoria Comportamental – Aplicação da psicologia baseada no estímulo e
resposta. Ênfase nas pessoas. Ênfase ao tratamento favorável aos empregados,
em vez de só focalizar seu desempenho ou produtividade
Surgimento da hierarquias das necessidades de Maslow:
1 – Fisiológicas;
2 – Segurança;
3 – Sociais;
4 – Estima;
5 – Auto-realização.
Teoria Estruturalista – Apresentada por Amitai Etzioni – Ênfase na estrutura. Premissas
básicas:
Submissão do indivíduo à socialização;
Conflitos inevitáveis;
Hierarquia e comunicações;
Incentivos mistos.
Teoria de Sistemas – Apresentada por Ludwig von Bertalanffy em 1937. Integração
entre todos os ramos do conhecimento. Ênfase nas tarefas. Principais
características:
Homem funcional.
Conflitos de papéis.
Incentivos mistos.
Equilíbrio integrado.
Estado estável (para evitar a entropia – tendência ao desgaste, à
desintegração e ao aumento da aleatoriedade).
Teoria das Contingências – Surgiu pela influência do ambiente externo na
organização. A conclusão é que para uma organização obter bom desempenho,
sua estrutura organizacional deve ser projetada de modo a se ajustar às
demandas situacionais que derivam da tecnologia que está sendo usada, da sua
posição mercadológica, da sua diversidade de produtos, da velocidade de
mudanças, e do seu tamanho.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
55
Desenvolvimento Organizacional – Surgiu com o objetivo de conseguir implantar
mudanças de forma eficaz. A palavra chave é mudança. Principais pressupostos:
Constante e rápida mutação do ambiente;
Necessidade de contínua adaptação;
Integração entre indivíduo e organização;
A mudança deve ser planejada;
A necessidade de participação e comprometimento;
Compreensão da natureza humana;
Variedade de modelos e estratégias;
Resposta às mudanças.
RESPONDA ÀS QUESTÕES ABAIXO E CONFIRA AS
RESPOSTAS, NO GABARITO, NO FINAL DO LIVRO
Havendo dúvida, retorne ao conteúdo.
13 – Qual das alternativas abaixo que trata sobre a Administração não é
verdadeira?
a) A administração como ciência começou a surgir após a Revolução
Industrial, no século XVI;
b) Com o passar do tempo e respeitando as características locais como
aspectos sociais, costumes, cultura, legislação, recursos financeiros e
restrições ambientais, a administração mostrou-se uma poderosa
ferramenta para que o governo atinja seus objetivos institucionais;
c) Sendo a administração pública uma ramificação da administração,
utiliza-se de suas técnicas, porém de uma forma mais adequada às suas
peculiares;
d) O estudo da administração começou a ser realizado a partir das
transformações ocorridas nas relações de produção e trabalho, que
afetaram a vida em sociedade;
e) Conhecer as técnicas de administração é fator essencial para um bom
governo.
14 – Quais são as funções da administração?
I. Planejamento, controle, comando e coordenação.
II. Organização, controle, planejamento e direção.
III. Planejamento, organização, direção e inovação.
IV.Organização, planejamento, precisão e direção.
V. Liderança, motivação, empreendedorismo e controle de qualidade.
Responda:
a) A alternativa I é correta;
b) A alternativa II é correta;
c) A alternativa III está correta;
d) A alternativa IV é correta;
e )A alternativa V está correta.
56
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
15 – Quais das Teorias administrativas abaixo davam ênfase à estrutura
organizacional?
a) Teoria da Administração Científica e Teoria da Administração
Participativa;
b) Teoria Clássica e Teoria Burocrática;
c) Teoria das Relações Humanas e Teoria do Comportamento
Organizacional;
d) Teoria da Contingência e Teoria do Desenvolvimento Organizacional;
e) Teoria da Administração por Objetivos e Teoria da Administração
Estratégica.
16 – Assinale a alternativa que apresenta a definição de uma teoria administrativa
com ênfase nas tarefas:
a) É o estudo da administração que procura adequar a estrutura da
organização para melhor atender a seus objetivos;
b) Tem como foco principal as relações humanas no trabalho. É a ciência
voltada para tornar o ambiente de trabalho melhor;
c) É o estudo que leva em consideração as influências do ambiente externo
na organização;
d) É a administração voltada para aumentar a eficiência operacional,
através de mudança na forma de realizar a produção;
e) Trata da adaptação organizacional em uma época de constantes
transformações, visando atender às necessidades de seus consumidores,
ofertando produtos e serviços com melhor qualidade e preço mais baixo.
17 – Qual das alternativas abaixo não se refere a uma característica da Teoria da
Administração Científica?
a) Seleção científica do trabalhador – cada trabalhador deve desempenhar
a tarefa mais compatível com suas aptidões;
b) Divisão do trabalho - quanto maior e mais simples a tarefa, maior será a
habilidade do operário em desempenhá-la;
c) Ênfase na eficiência - existe uma única maneira certa de executar uma
tarefa, a empresa deve procurar atingir esta maneira;
d) Gerentes planejam e operários executam - o planejamento deve ser de
responsabilidade exclusiva da gerência, enquanto a execução cabe aos
operários e seus supervisores;
e) Tempo Padrão - os interesses dos funcionários (altos salários) e da
administração (baixo custo de produção) podem ser conciliados por
meio da busca do maior grau de eficiência e produtividade.
18 – Com relação à Teoria Clássica, qual alternativa abaixo está correta?
a) Foi apresentada por Henri Fayol, engenheiro francês que expôs os doze
princípios que as empresas devem seguir para melhorar sua eficiência;
b) Um dos princípios diz respeito à cadeia escalar - refere-se à concentração
da autoridade no topo da hierarquia da organização e a escala de
trabalho para os operários;
c) Um dos princípios diz respeito à ordem - um lugar para cada coisa e cada
coisa em seu lugar. É a ordem material e humana;
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
57
d) Unidade de direção - cada empregado deve receber ordens de apenas
um superior. É o princípio da autoridade única;
e) Autoridade e responsabilidade - depende de obediência, aplicação,
energia, comportamento e respeito aos acordos estabelecidos;
19 – Quais são as funções da administração segundo Henry Fayol?
a) Planejamento, organização, direção e controle;
b) Planejamento, coordenação, organização e direção;
c) Previsão, coordenação, direção e controle;
d) Previsão, organização, comando, coordenação e controle;
e) Planejamento, organização, comando, direção e coordenação.
20 – Lendo o texto sobre a Teoria das Relações Humanas, qual a alternativa abaixo
não é verdadeira?
a) É considerado fundador o australiano George Elton Mayo, filósofo e
médico;
b) A Teoria das Relações Humanas surgiu a partir da experiência na cidade
americana de Western, na empresa Hawthorne Eletric;
c) Alguns de seus princípios básicos são: comportamento social dos
empregados, relações humanas, o nível da produção é resultante da
integração social;
d) O princípio da importância do conteúdo do cargo diz que o conteúdo e
a natureza do trabalho têm influência sobre o moral do trabalhador;
e) Um dos princípios ensina que a ênfase nos aspectos emocionais
planejados e irracionais do comportamento humano merecem atenção
especial.
21 – Das alternativas abaixo, qual não é uma característica da Teoria Burocrática?
a) Ênfase nos grupos informais;
b) formalização (obediência a normas, rotinas, regras e regulamentos);
c) divisão do trabalho;
d) impessoalidade;
e) profissionalização e competência técnica dos funcionários.
22 – Qual alternativa é uma desvantagem da burocracia?
a) Rapidez nas decisões (cada um conhece os trâmites);
b) uniformidade de rotinas e procedimentos, favorecendo a padronização,
a redução de custos e erros, pois as rotinas são definidas por escrito;
c) despersonalização do relacionamento;
d) racionalidade para alcançar os objetivos;
e) Confiabilidade, pois as decisões são previsíveis e impessoais (seguem as
normas).
23 – Assinale a alternativa abaixo representa um problema reduzido pela
aplicação da teoria burocrática em uma empresa:
a) Apego excessivo às normas e regulamentos;
58
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
b) imprecisão na definição do cargo e conhecimento dos deveres;
c) dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público;
d) decisão nem sempre tomada por quem mais conhece o assunto;
e) criatividade e liberdade cedem lugar ao estrito cumprimento das regras.
24 – Qual a alternativa que apresenta em ordem crescente a hierarquia das
necessidades de Abraham Maslow?
a) Fisiológicas, sociais, de segurança, estima e auto-realização;
b) sociais, fisiológicas, de segurança, estima e auto-realização;
c) fisiológicas, de segurança, estima, auto-realização e sociais;
d) segurança, fisiológicas, estima, sociais e auto-realização;
e) fisiológicas, de segurança, sociais, estima e auto-realização.
25 – Assinale a alternativa que apresenta a informação correta com relação à
teoria dos sistemas administrativos de Rensis Likert:
a) No sistema autoritário-coercitivo, o sistema de comunicação é
relativamente precário, prevalecendo comunicações descendentes
sobre as ascendentes;
b) No sistema autoritário-benevolente, as relações interpessoais apresentam
certa confiança nas pessoas e nas relações. A cúpula facilita a
organização informal sadia;
c) No sistema consultivo, o processo decisorial realiza consulta aos níveis
inferiores, permitindo participação e delegação;
d) No sistema participativo, há a utilização de punições e medidas
disciplinares. Obediência deve ser estrita aos regulamentos Internos. As
raras recompensas são estritamente salariais;
e) No sistema participativo, com relação à comunicação, a cúpula procura
facilitar o fluxo no sentido vertical (descendente e ascendente) e
horizontal.
26 – De acordo com as características do Estruturalismo, relacione a segunda
coluna com as definições apresentadas na primeira.
a) Submissão do indivíduo
à socialização
(
) sua minimização pode tornar o trabalho mais
suportável, apesar de não satisfatório.
b) Conflitos inevitáveis
(
) suas disfunções são consideradas um custo
inevitável, custo esse que poderá ser reduzido mas
não eliminado
c) Hierarquia e
comunicações
(
) faz com que o indivíduo aceite desempenhar
vários papéis sociais em seu trabalho.
d) Incentivos mistos
(
) os indivíduos, sendo seres complexos, precisam se
realizar em diversos aspectos.
A seqüência correta é:
a)a, b, c, d;
b) b, a, d, c;
c) b, c, a, d;
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
d) c, b, a, d;
e) d, b, c, a.
59
27 – De acordo com o conteúdo que foi estudado sobre as Teorias de Sistemas e
das Contingências, qual alternativa abaixo não é verdadeira?
a) Os sistemas podem ser fechados ou abertos. Um sistema fechado não
interage com o ambiente externo e um sistema aberto tende sempre a
ter um relacionamento dinâmico com seu ambiente;
b) A teoria da contingência enfatiza que não há nada absoluto nas
organizações ou na teoria administrativa; tudo é relativo, tudo depende;
c) O sistema aberto se adapta a seu ambiente, mudando o processo de sua
estrutura e componentes internos, assim que surge a necessidade;
d) Sistema mecânico é aquele no qual as especializadas funcionais têm uma
classificação rígida, assim como as obrigações, as diversas
responsabilidades e o poder;
e) Sistema orgânico apresenta menor flexibilidade, sendo as atribuições de
obrigações, responsabilidades e poder mais rígidos.
28 – Com relação ao Desenvolvimento Organizacional, qual alternativa não é
verdadeira?
a) Para mudar uma empresa, é necessário mudar apenas a direção da
empresa. É necessário que aqueles que a dirigem liderem a mudança.
Mudando a direção, estará a mudança implantada, uma vez que os
subordinados sempre seguem a diretoria.
b) A palavra-chave no Desenvolvimento Organizacional é mudança. Se o
ambiente científico-tecnológico e mercadológico fosse estável e
previsível, não haveria pressões para mudanças;
c) Motivos de resistência às mudanças: insegurança, ameaça, predisposição
natural, pontos falhos na proposta de mudança, forma do processo de
mudança, falta de comunicação;
d) É um esforço educacional complexo, destinado a mudar atitudes, valores,
comportamentos e estrutura da organização, de tal maneira que essa
possa se adaptar às demandas ambientais;
e) O mundo moderno se caracteriza por mudanças rápidas, constantes e
em uma progressão explosiva. Há mudanças científicas, tecnológicas,
econômicas, sociais, políticas, etc.
60
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
UNIDADE
FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO
APLICADAS NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
3
As quatros funções da administração são: Planejamento, Organização, Direção e
Controle. Vamos agora estudar como elas são aplicadas na administração
pública.
Esta função da administração é tão importante que está presente em toda a
legislação que norteia a administração pública, seja com o nome de
Planejamento, Orçamento, seja com algum outro nome técnico utilizado para
traduzir a preocupação do governo com a previsão de utilização de recursos
para o desempenho da difícil missão de gerir os recursos públicos.
Seção 1 - Planejamento
O que é planejamento?
Planejamento é a função da administração que estabelece os objetivos a serem
atingidos e também como fazer para alcançar êxito nesta tarefa.
“Se planejar é sinônimo de conduzir conscientemente, não existirá
então alternativa ao planejamento. Ou planejamos ou somos
escravos da circunstância. Negar o planejamento é negar a
possibilidade de escolher o futuro, é aceitá-lo seja ele qual for.”
(MATUS,1993, p. 14).
Segundo SALDANHA (2006 p. 23), o planejamento geralmente aparece como a
primeira função administrativa, exatamente por ser aquela que serve de base
para as demais. Determinando previamente o que se deve fazer, quais os
objetivos a serem atingidos, quais controles serão adotados e que tipo de
gerenciamento será pertinente para alcançar resultados satisfatórios.
“Trata-se, pois, de um modelo teórico para a ação futura. Começa com a
determinação dos objetivos e detalha os planos necessários para atingi-los da
melhor maneira possível. Planejar é definir os objetivos e escolher
antecipadamente o melhor curso de ação para alcançá-los. O planejamento
define onde se pretende chegar, o que deve ser feito, quando, como e em que
seqüência.” (CHIAVENATO, 2003, p. 167-168).
O planejamento apresenta
uma hierarquia e pode
ocorrer em três níveis distintos
Planejamento Estratégico
Planejamento Tático
Planejamento Operacional
Planejamento Estratégico - É mais abrangente e tem a característica de envolver
toda a organização e ser elaborado para um período longo. Por estabelecer
objetivos gerais, tem um grau de detalhamento menor. Origina os planejamentos
táticos. É um exemplo do Planejamento estratégico o Plano Plurianual (PPA). Que
é uma lei orçamentária elaborada no primeiro ano de mandato com validade até
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
63
o primeiro ano de mandato da próxima gestão. Assim, o chefe do Poder
Executivo em seu primeiro ano de mandato ainda está cumprindo o que foi
planejado no PPA da gestão anterior, cumprindo o princípio da continuidade.
As etapas do planejamento estratégico – para obter êxito na implantação do
planejamento estratégico, a empresa deve seguir uma série de etapas que
assegurem a coerência do processo. Considerando-se que busca partir de uma
situação atual para alcançar uma situação ideal, deve levar em consideração
a conjuntura presente, os objetivos que pretende atingir, os recursos de que
dispõe para tanto, o ambiente em que se encontra, a estratégia que será
adotada para executar a mudança, as formas de mensuração e controle dos
resultados, etc. (FERREIRA, 2002, P. 118).
Quando se fala em planejamento estratégico, é comum, em qualquer literatura
do gênero, a utilização da ferramenta SWOT do inglês (Strenghts, Weaknesses,
Opportunities e Threats) que quer dizer: Pontos Fracos, Pontos Fortes,
Oportunidades e Ameaças. Ou seja, analisar fatores internos e externos, para a
realização do planejamento.
O planejamento estratégico é uma das peças, se não for a principal, da
administração estratégica, mas não pode ser confundido com essa. Pois a
administração estratégica contém o planejamento estratégico, mas o
planejamento não contém a administração. Basta você lembrar que
planejamento é só uma parte da administração.
Planejamento Tático – É o planejamento de médio prazo, geralmente um ano, e
se caracteriza por definir metas departamentais. Procura adequar-se e recebe
orientação do planejamento estratégico e tem grau de detalhamento maior.
São exemplos de planejamento tático a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e
a Lei do Orçamento Anual (LOA). São leis orçamentárias que estimam a
arrecadação e definem onde serão aplicados os recursos.
Planejamento Operacional – É o planejamento de curto prazo, elaborado para
aplicação imediata. Geralmente visa atender a necessidade momentânea,
caracteriza-se no planejamento de tarefas ou atividades. Visa atingir aos
objetivos propostos no planejamento tático. Segundo SALDANHA (2006, P. 35), o
planejamento operacional se utiliza de metas específicas, programas,
procedimentos, métodos ou normas. Na administração pública é comum a
elaboração de decretos, portarias ou leis, para o cumprimento das metas
previstas no planejamento operacional.
SABER M
64
Visite o sítio do município de Vitória no Espírito Santo.
www.vitoria.es.gov.br/orcamento Lá você vai encontrar PPA, LDO, LOA
de vários exercícios, além de outros
documentos interessantes
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Observe um modelo esquematizado de planejamento.
Objetivos gerais
Premissas
Diagnósticos
Estimativas
básicas
(Legislação)
Cenário
Políticas
Planos Estratégicos
Objetivos
(Plano Plurianual)
setoriais
Procedimentos
Plano Tático (LDO)
Orçamento
Plano Operacional
(LOA)
Cronogramas
Programas/projetos
Adaptado de Lacombe & Heilborn, 2006. p. 167.
O planejamento deve levar em consideração alguns fatores:
a)Fatores internos – Estrutura da organização, recursos financeiros disponíveis,
quantidade e qualidade dos funcionários, históricos anteriores, prioridade
dos objetivos a serem alcançados, entre outros.
b)Fatores externos – Legislação vigente, política econômica, condição social
da população, expectativa da população, reivindicações da
comunidade, entre outros.
Há dois grupos de fatores que afetam o processo de planejamento:
1. Fatores incontroláveis, os elementos que não têm uma causa direta e
localizável. Por exemplo: o crescimento da população, o ambiente
político e as pressões sociais.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
65
2. Fatores controláveis, os elementos sobre os quais a organização tem
algum controle por meio das decisões de seus administradores. Por
exemplo: a pesquisa, localização dos edifícios e relações organizacionais.
(MEGGINSON, MOSLEY & PIETRI Jr, 1998, p. 177).
a) Objetivos do Planejamento
Leia e analise:
Muitas vezes, nas críticas da mídia, dos políticos, dos candidatos, dos empresários,
dos trabalhadores e do público em geral, o governo é visto como uma entidade
distante, que “suga os recursos do povo”. Na verdade, porém, o governo é uma
entidade que coleta recursos por meio dos impostos cobrados de uma parte da
população, para transferir esses recursos para outra parte da população
(GIAMBIAGI & ALÉM, 1999, p. 44).
Atualmente, isso ocorre de que maneira? Quais são os programas de governo que
estão em consonância com esta fala? Recentemente, qual foi o centro da
discussão sobre impostos no Brasil? Pense bastante. Converse com outras pessoas
sobre esse tema. Analise as notícias veiculadas pelos meios de comunicação.
Os objetivos de toda política orçamentária são corrigir as falhas de mercado e as
distorções, visando manter a estabilidade, melhorar a distribuição de renda, e
alocar os recursos com mais eficiência. O Orçamento tem a função de também
regular o mercado e coibir abusos, reduzindo falhas de mercado e externas
(fatores adversos causados pela produção, como poluição, problemas urbanos,
etc).
O Orçamento Público funciona como um balizador na Economia. Se há elevados
investimentos governamentais no Orçamento, provavelmente o número de
empregos aumentará, assim como a renda agregada melhorará. Em
compensação, um orçamento restrito em investimentos, provocará desemprego,
desaceleração da economia, e decréscimo no produto interno bruto.
Entre as funções destacadas no Orçamento Público, aparecem:
Função alocativa – É a oferta bens e serviços públicos que não seriam oferecidos
pelo mercado ou seriam em condições ineficientes. Além de criar condições para
que bens privados sejam oferecidos no mercado (alguns produtores poderiam se
sentir desmotivados devido ao alto risco ou custo), por investimentos ou
intervenções, corrigir imperfeições no sistema de mercado (oligopólios ou
monopólios) e corrigir os efeitos negativos da produção.
Função distributiva – Tornar a sociedade menos desigual em termos de renda e
riqueza, mediante a tributação e transferências financeiras, subsídios, incentivos
fiscais, alocação de recursos em camadas mais pobres da população.
Encontrar o equilíbrio neste ponto é difícil, mesmo porque os produtores podem ter
resistência à expansão de suas atividades, por ter parte de sua renda redistribuída
para terceiros.
66
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Função estabilizadora – ajustar o nível geral de preços, nível de emprego,
estabilizar a moeda, mediante instrumentos de política monetária, cambial e
fiscal, ou outras medidas de intervenção econômica (controles por leis, limites).
Para Santos (2006), a principal utilização da função estabilizadora dos gastos
públicos é refletiva com a política de investimentos do governo:
“Em períodos de recessão econômica, tais políticas aumentam
os gastos públicos e os investimentos, diretamente ou pelos
incentivos à iniciativa privada, com o intuito de inverter o ciclo
depressivo da economia de mercado. O Governo intervém de
várias formas no mercado. Por intermédio da política fiscal e da
política monetária, por exemplo, é possível controlar preços,
salários, inflação, impor choques na oferta ou restringir a
demanda.” (SALDANHA, 2006, p. 79).
Seção 2 - Organização do Estado
Para que o Estado possa atender à sua finalidade, necessita organizar-se. Ou seja,
é necessária uma estrutura para que atenda a suas finalidades. Assim, uma das
formas encontradas foi a divisão político-administrativa.
a) Divisão Político-administrativa no Brasil
O Brasil tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados de território, ocupando quase a
metade (47%) da área da América Latina. O País possui 20% da biodiversidade
mundial, sendo exemplo desta riqueza a Floresta Tropical Amazônica, com 3,6
milhões de quilômetros quadrados. A organização político-administrativa
compreende três poderes, o Judiciário, o Executivo e o Legislativo, e o princípio da
autonomia entre União, Distrito Federal, 26 estados e 5.563 municípios (IBGE/2003).
Em quinto lugar entre os países mais populosos do mundo, com 50 milhões de
famílias ou cerca de 180 milhões de brasileiros (2004), 81% dos habitantes ocupam
áreas urbanas. A taxa de fecundidade, que chegou a 6,3 em 1960, é de 2,3 filhos
por casal. Esta queda, associada à melhoria dos indicadores sociais e da
qualidade de vida, fará com que a maioria da população tenha entre 15 e 44
anos nas próximas quatro décadas. Isso representará um dos maiores mercados
de trabalho e de consumo entre os países das Américas.
(http://www.brasil.gov.br/pais/sobre_brasil/).
Você deve estar se perguntando onde encontrei todos esses dados. Entre no site
acima e descubra muito mais informações interessantes sobre nosso país.
Um país com extensão territorial tão grande, precisa ter uma divisão administrativa
para atender aos anseios de sua população.
A divisão político-administrativa é apresentada na Constituição Federal de 1988
Art. 18 - A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
67
República – Forma de governo em que é eleito um representante para ser o
chefe de estado, com característica da eleição periódica deste
representante.
Federação - é o nome atribuído à união de Estados diferentes em torno de
uma administração única, onde cada um dos Estados federados perde a sua
soberania em si, em face de uma soberania de um Estado Federal.
(http://pt.wikipedia.org)
Assim, a administração pública é exercida em cada um dos três níveis, ou seja, a
administração pública pode ser Federal, Estadual ou
Municipal. Para cada um dos níveis de administração há
atribuições gerais e específicas.
Em Nível Federal – É a administração pública realizada pela
União, pessoa jurídica de direito público que representa o
governo federal.
Em Nível Estadual – Administração pública realizada pelos
Estados e o Distrito Federal, pessoas jurídicas de direito público.
Em Nível Municipal – A administração pública realizada pelos poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário, constituídos no Município.
CF/88 - Art. 30 - Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar
suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e
publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de
transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado,
programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental;
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado,
serviços de atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da
ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada
a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
Art. 31 - A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo
Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do
Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
68
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
SABER M
Para aprofundar o conhecimento sobre esse assunto
leia os Artigos 20 a 29 da Constituição Federal de 1988
b) Divisão dos Poderes no Brasil
No Brasil, a separação e independência entre os poderes foi estabelecida, pela
primeira vez, pela Constituição outorgada de 1824, que regeu o País até o fim da
Monarquia (1822-1889). Contudo, além dos três poderes tradicionais, o Legislativo
(dividido em Senado e Câmara), o Executivo e o Judiciário, esta criou um quarto
poder, o Moderador (cujo exercício era privativo do Imperador). Esse poder foi
abolido pela primeira Constituição da República, em 1891. (VOGEL, MARTINS e
XAVIER - O poder legislativo no Brasil, um Estado republicano, democrático e
representativo).
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 assim estabelece:
Art. 2º - São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,
o Executivo e o Judiciário.
Na estrutura do Estado brasileiro, o exercício do poder é atribuído a órgãos
distintos e independentes, cada qual com uma função, prevendo-se ainda um
sistema de controle entre eles, de modo que nenhum possa agir em desacordo
com as leis e a Constituição.
Como atribuição típica, o Poder Legislativo elabora leis; o Poder Executivo
administra, ou seja, realiza os fins do Estado, adotando concretamente as políticas
para este fim; e o Poder Judiciário soluciona conflitos entre cidadãos, entidades e
o Estado.
Vale registrar que o Tribunal de Contas da União, assim como os dos Estados e dos
Municípios, não integra a estrutura do Poder Judiciário. Os Tribunais de Contas são
órgãos auxiliares e de orientação do Poder Legislativo e sua função é auxiliá-lo no
exercício da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial dos órgãos e entes.
Ordem Jurídica
Você acha que o Ministério Público pertence ao Poder Judiciário? Então leia com
atenção o texto abaixo.
A Constituição de 1988 criou, ainda, o Ministério Público com a função de
defender a ordem jurídica e zelar pelo cumprimento da lei. Além de
representação na União, nos Estados e Distrito Federal, atua, também, nas áreas
Militar e do Trabalho. O Ministério Público é um órgão do Poder Executivo, embora
em situação peculiar, devido à independência em relação a este e aos demais
poderes do Estado, tem como função a "defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis".
Fonte: http://www.brasil.gov.br
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
69
PODER LEGISLATIVO – Compõe o Poder Legislativo (art. 44 da Constituição Federal
de 1988) a Câmara dos Deputados (com representantes do povo brasileiro), o
Senado Federal (com representantes dos Estados e do Distrito Federal), e o Tribunal
de Contas da União (órgão que presta auxílio ao Congresso Nacional nas
atividades de controle e fiscalização externa).
O Congresso Nacional tem como principais responsabilidades elaborar as leis e
proceder à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades da Administração direta e indireta.
A organização do Poder Legislativo em duas casas, denominada bicameralismo, é
tradição constitucional brasileira desde o período monárquico (1822-1889). Uma
das funções mais importantes do bicameralismo é permitir que, por meio do
trâmite e da discussão das matérias na Câmara e no Senado, uma Casa possa
revisar e aperfeiçoar os trabalhos da outra. O sistema bicameral adotado pelo
Brasil prevê a manifestação das duas Casas na elaboração das normas jurídicas.
Isto é, se uma matéria tem início na Câmara dos Deputados, o Senado fará a sua
revisão, e vice-versa, à exceção de matérias privativas de cada órgão.
O Papel da Câmara dos Deputados - O Poder Legislativo cumpre papel
imprescindível perante a sociedade do País, visto que desempenha três funções
primordiais para a consolidação da democracia: representar o povo brasileiro,
legislar sobre os assuntos de interesse nacional e fiscalizar a aplicação dos recursos
públicos.
SABER M
Você pode ampliar conhecimentos visitando
os seguintes sítios: www2.camara.gov.br e www.senado.gov.br
Conheça a Constituição Federal de 1988.
Especialmente, os artigos 44 a 75.
PODER EXECUTIVO – No caso do sistema presidencialista de governo adotado pela
Constituição Brasileira de 1988, ao Poder Executivo, exercido pelo presidente da
República com o auxílio dos ministros de Estado, cabe a função de praticar os
atos de chefia. Segundo os arts. 84 e 61 da Constituição Federal, compete
privativamente ao presidente da República, entre outras funções, sancionar,
promulgar e fazer publicar as leis, iniciar o processo legislativo quando se tratar da
criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta ou
autárquica, ou aumento de sua remuneração, dispor sobre a organização e
funcionamento da administração federal e vetar projetos de lei, total ou
parcialmente. O poder de veto é uma prerrogativa do sistema de controle mútuo
entre os Poderes: quando o Presidente considerar um projeto de lei aprovado pelo
Congresso Nacional inconstitucional ou contrário ao interesse público, poderá
vetá-lo total ou parcialmente (por exemplo, excluir um artigo deste). Contudo, o
veto presidencial poderá ser derrubado pelo voto da maioria absoluta dos
deputados e senadores (isto é, 257 deputados e 41 senadores), reunidos em sessão
conjunta, mediante votação secreta.
Entretanto, com o objetivo de assegurar o equilíbrio entre os poderes, o art.85 da
Constituição Federal estabelece que são crimes de responsabilidade os atos do
70
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Entretanto, com o objetivo de assegurar o equilíbrio entre os
poderes, o art.85 da Constituição Federal estabelece que são
crimes de responsabilidade os atos do presidente da República
que atentem contra o livre exercício do Poder Legislativo, do
Poder Judiciário ,do Ministério Público e dos Poderes
constitucionais das unidades da Federação.
SABER M
Para aprofundar conhecimento sobre esse
assunto, visite o sítio www.brasil.gov.br
Leia os Art. 76 a 91 da Constituição Federa
de 1988.
Câmara e Senado)
PODER JUDICIÁRIO
Como funciona o Poder Judiciário?
A República está dividida em três poderes: Legislativo, que cria
as leis; Executivo, que as executa e administra o país; e
Judiciário, incumbido de julgar e garantir o cumprimento
dessas leis.
O Poder Judiciário tem uma estrutura própria, baseada na
hierarquia dos órgãos que o compõem, chamados de
'instâncias'.
A primeira instância é o órgão que primeiro irá julgar a ação
apresentada. Se após o veredito alguma das partes do
processo pedir um reexame do mesmo, a ação poderá ser
submetida a uma instância superior, e ser novamente
apreciada por órgãos colegiados. Mas podem ocorrer casos,
de assuntos específicos, apresentados diretamente a
instâncias superiores.
São essas as instâncias do Poder Judiciário:
Palácio do Planalto.
Foto : Domingos Tadeu - SID/PR I
Edifício do Supremo Tribunal Federal,
com destaque a estátua da Justiça,
de Ceschiatti (1961). Símbolo da justiça.
Supremo Tribunal Federal - STF
É o guardião da Constituição Federal. Tem onze ministros, aprovados pelo Senado
e nomeados pelo Presidente da República, com notável saber jurídico. Entre as
suas competências, está a de julgar causas de violação da Constituição.
O Conselho Nacional de Justiça é o órgão que controla a atuação administrativa
e financeira do Poder Judiciário.
Superior Tribunal de Justiça - STJ
Cuida da guarda da uniformidade da interpretação das leis federais,
harmonizando as decisões dos tribunais regionais federais e dos tribunais estaduais
de segunda instância. Também aprecia recursos especiais cabíveis quando
contrariadas leis federais. Tem, no mínimo, trinta e três ministros, também
nomeados pelo Presidente da República, após aprovação no Senado.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
71
Justiça Federal
A Justiça Federal é constituída pelos Tribunais Regionais Federais (TRFs) e os Juízes
Federais. Julga as ações provenientes dos estados, nas causas em que for parte a
União, autarquia ou empresa pública federal. O Conselho da Justiça Federal é o
órgão que controla a atuação administrativa e financeira da Justiça Federal.
Justiça do Trabalho
A Justiça do Trabalho é formada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), os
Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e os Juízes do Trabalho. Julga as causas
provenientes das relações de trabalho. O Conselho Superior da Justiça do Trabalho
é o órgão que controla a atuação administrativa e financeira da Justiça do
Trabalho.
Justiça Eleitoral
Formada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs),
os Juízes Eleitorais e as Juntas Eleitorais, a Justiça Eleitoral julga as causas relativas à
legislação eleitoral. Além disso, tem o papel de administrar, organizar e normatizar
as eleições no país.
Justiça Militar
É composta pelo Superior Tribunal Militar (STM) e os Tribunais e Juízes Militares. Tem
competência para julgar os crimes militares definidos em lei.
Justiça Estadual
Normalmente, a Justiça Estadual possui duas instâncias: o Tribunal de Justiça (TJ) e
os Juízes Estaduais.
As atribuições dos Tribunais de Justiça dos estados estão definidas na Constituição
Federal e na Lei de Organização Judiciária dos Estados. Mas, basicamente,
apreciam matérias comuns que não se encaixem na competência de justiças
federais especializadas.
Fonte: Conselho Nacional de Justiça - www.cnj.gov.br, acesso em 25/04/2008.
Observe no quadro a estrutura dos poderes e seus níveis:
Poderes/Nível
Legislativo
72
Federal
Congresso Nacional
(Câmara dos deputados –
Deputados Federais e
Senado Federal - Senadores)
Executivo
Presidente da República,
Vice-presidente e Ministros
Judiciário
Supremo Tribunal Federal
Superior Tribunal de Justiça,
Tribunais e juizes federais
Estadual
Assembléia
Legislativa
(deputados
estaduais)
Governador,
Vice-Governador e
Secretários
Tribunais e juízes
Municipal
Câmara Municipal
(vereadores)
Prefeito,
Vice-Prefeito e
Secretariado
Juiz
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Geralmente, na Administração Pública, além das divisões já mencionadas, há
níveis dentro da estrutura dos poderes, como: secretaria (Ministério), conselho,
coordenação, diretoria, divisão, departamento, setor, unidade, seção, etc. Isto é
conhecido como Organização ou Estrutura do Poder.
c) Divisão no Brasil para execução da Administração Pública
Outra divisão interessante diz respeito à estrutura utilizada por esta administração
para a realização dos serviços públicos, que poderá ser de forma direta ou
indireta:
a) Administração pública direta ou centralizada: São aquelas que possuem
autonomia política, financeira e administrativa. São realizadas diretamente pela
estrutura do governo. No âmbito nacional, é o presidente da República auxiliado
pelos Ministros de Estado, conforme Art. 76 da Constituição Federal de 1988; Nos
estados e distrito federal é o Governador auxiliado pelas Secretarias de Estado;
Nos municípios é o Prefeito e as secretarias municipais. Ou seja, tem vínculo direto
com o chefe do Poder Executivo em todos os níveis de governo.
b) Administração pública indireta ou descentralizada: Ocorre quando há uma lei,
em que a administração direta delega competências a outras pessoas jurídicas.
Possuem autonomia financeira e administrativa, mas não política, estando sempre
vinculados ao órgão de Estado que as criou. São aquelas que a administração
direta instituí ou autoriza a criação, para a execução de serviços públicos ou de
interesse público. Podem ser Autarquias, Fundações ou Entidades Paraestatais,
como empresas públicas, sociedades de economia mista, caracterizando-se
como pessoas jurídicas de direito público ou privado e as agências reguladoras.
Pesquise em seu Município se há administração indireta e que
serviços são prestados através da administração indireta. Qual
sua opinião sobre isso?
d) Divisão de Trabalho ou Especialização
O objetivo de uma organização é algo que os indivíduos não conseguem atingir
sozinhos. Grupos de duas ou mais pessoas, trabalhando juntas de forma
coordenada e cooperativa, podem realizar mais do que qualquer uma delas o
faria isoladamente (sinergia). O alicerce da organização é a divisão do trabalho –
o princípio que estabelece que dividir o trabalho em seus componentes e designálos aos membros de um grupo permite realizar mais do que se cada pessoa
tentasse realizar sozinho o trabalho todo. Para ter sucesso, a divisão do trabalho
exige a especialização, pela qual os empregados (e administradores) executam
as atividades em que são mais qualificados e competentes. (Megginson, Mosley &
Pietri Jr, 1998, p. 225).
Podemos descrever a organização como um processo composto de cinco passos:
1 – Elaborar os detalhes do trabalho que precisa ser feito para atingir os
objetivos da organização;
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
73
2 – Dividir o trabalho em atividades que possam, lógica e comodamente, ser
executadas por uma pessoa ou por um grupo;
3 – Combinar o trabalho dos membros de uma organização de maneira
lógica e eficiente. À medida que uma empresa vai aumentando de
tamanho e contratando mais empregados para executar diversas
atividades, vai sendo necessário agrupar as pessoas com tarefas
relacionadas, criando-se outras estruturas departamentais;
4 – Criar um mecanismo de coordenação do trabalho dos membros da
organização em um todo unificado e harmonioso;
5 – Acompanhar a eficácia da organização e ajustes para mantê-la e
aumentá-la.
(SANTOS, 2006, p. 40-41).
Tipos de Organização
O desenho organizacional é a forma como a empresa monta sua estrutura para
atingir os objetivos propostos. Os tipos mais comuns são: organização em linha,
funcionais e linha-assessoria (staff).
1 – Organização em Linha – Quando há uma única linha de autoridade e
responsabilidade entre o superior e o subordinado. É a mais comum na
administração pública.
2 – Organização Funcional – A autoridade é o conhecimento. É possível
haver muitos superiores para um único subordinado. Quando por
exemplo, para a realização de sua tarefa, ele necessita do auxílio de
superiores de diversas áreas.
3 – Organização Linha - Assessoria (Linha – Staff) – Elaborado de acordo com
os objetivos organizacionais.
Os órgãos de linha têm autoridade para decidir e executar as atividades principais
ou vinculadas aos objetivos da organização (autoridade linear). Os órgãos de
staff, por seu lado, têm autoridade de assessoria, de planejamento e controle, de
consultoria e recomendação (autoridade funcional). (CHIAVENATO, 2003)
Observe o esquema a seguir:
Estrutura Linear
Diretor
Estrutura Funcional
Estrutura Linha -Staff
Diretor
Gerência
Gerência
Gerência
Gerência
Execução
Execução
Execução
Execução
Diretor
Staff
Assessoria
Gerência
Execução
Fonte: CHIAVENATO. 2003, p.197.
74
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Às vezes, a burocracia e má distribuição de funções são tão grande que ouvimos
dos empregados: “Aqui tem mais cacique do que índios”, ou seja, aqui tem mais
chefe do que servidor. Você já ouviu esta expressão em seu município?
Em certas ocasiões, a burocracia e a má distribuição de funções
são tão grande que ouvimos a seguinte frase de empregados e
funcionários: “Aqui tem muito cacique para pouco índio”.
Você conhece alguma situação, a qual se refere a frase citada?
Seção 3 - Direção e Execução na Administração Pública
Para facilitar a compreensão desta função da Administração, imagine que o
planejamento e a organização já foram feitos. O que está faltando? Claro, falta a
execução!
Direção é a execução. Direção é condução, e traduz-se em ação! Então é a
execução das atividades governamentais com o desejo de promover o bem
comum.
A direção é o processo administrativo que conduz e coordena o pessoal na
execução das tarefas antecipadamente planejadas. Dirigir uma organização
pública significa conseguir que os agentes públicos executem as tarefas pelas
quais respondem.
Portanto, um ótimo planejamento e uma boa organização não são suficientes
para uma boa gestão pública. É necessário que haja uma direção que coloque a
organização em marcha e execute os planos para atingir os objetivos do governo.
(SALDANHA, 2006, p. 51).
Silva (2004, p. 25), em seu livro Contabilidade Governamental, propõe:
Para atingir a plena satisfação das necessidades da população, a administração
pública é dividida, segundo as atividades que exerce, em:
Atividades-Meio –
Envolvem o próprio
papel do Estado e sua
estrutura para atender
às necessidades da
população;
Atividades-Fim – Estão
voltadas para o
efetivo atendimento
das demandas da
população.
Observe o quadro ao
lado:
Políticas e Estratégias
Justiça
Planejamento
Segurança Pública
Orçamento
Defesa Nacional
Recursos Humanos
Controle Interno Integrado
Atividade-Fim
Atividades-Meio
Educação
Material e Patrimônio
Saúde-Saneamento
Documentação
Transporte
Serviços gerais
Urbanismo
Controle interno de cada
Agricultura
Poder
Gestão Ambiental etc.
Administrativas e de Apoio
Fonte: SILVA. 2004.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
75
A ação governamental se dá por intermédio da aplicação de recursos em áreas
de interesse público. A aplicação de recursos é feita por meio de programas em
áreas de atuação divididas em funções essenciais, conforme as abaixo
relacionadas:
1. Legislativa
2. Justiça
3. Essencial à Justiça
4. Administração
5. Defesa Nacional
6. Segurança Pública
7. Relações Exteriores
8. Assistência Social
9. Previdência Social
10. Saúde
11. Trabalho
12. Educação
13. Cultura
14. Direitos da Cidadania
15. Urbanismo
16. Habitação
17. Saneamento
18. Gestão Ambiental
19. Ciência e Tecnologia
20. Agricultura
21. Organização Agrária
22. Indústria
23. Comércio e Serviços
24. Comunicações
25. Energia
26. Transporte
27. Desporto e Lazer
28. Encargos Especiais
Fonte: Portaria 117 /1998 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Portaria 117/1998
Art. 1º... § 1º Como função, deve entender-se o maior nível de agregação
das diversas áreas que competem ao setor público.
§ 2º A função "Encargos Especiais" engloba as ações em relação às
quais não se possa associar um bem ou serviço a ser gerado no
processo produtivo corrente, tais como: dívidas, transferências,
ressarcimentos, indenizações e outras afins, representando,
portanto, uma agregação neutra.
§ 3º A subfunção representa uma partição da função, visando a
agregar determinado subconjunto do setor público.
Art. 2º Para os efeitos da presente Portaria, entendem-se por:
a) Programa, o instrumento de organização da ação governamental
visando à concretização dos objetivos pretendidos, sendo mensurado por
metas estabelecidas no plano plurianual;
b) Projeto, um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um
programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo,
das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o
aperfeiçoamento da ação do Governo;
c) Atividade, um instrumento de programação para alcançar o objetivo de
um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de
modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à
manutenção da ação do Governo;
d) Operações Especiais, as despesas que não contribuem para a
manutenção das ações de governo, das quais não resulta um produto, e
não geram contraprestação sob a forma de bem ou serviço,
representando, basicamente, o detalhamento da função "Encargos
Especiais" a que se refere o § 2º do art. 1º.
76
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Seção 4 - Financiamento do Governo
Você deve ter imaginado que toda realização governamental tem um custo. E
como sempre acontece, somos mais que convidados, somos compulsoriamente
transformados nos patrocinadores do governo por meio de tributos.
“Impostos são o preço a pagar por uma sociedade civilizada” - Oliver Wendell
Holmes.
Para poder arcar com as funções em outra passagem descritas, o governo precisa
gerar recursos. A principal fonte de receita do setor público é a arrecadação
tributária. Com a finalidade de aproximar um sistema tributário do “ideal”, é
importante que alguns aspectos principais sejam levados em consideração: a) o
conceito da eqüidade, ou seja, a idéia de que a distribuição do ônus tributário
deve ser eqüitativa entre os diversos indivíduos de uma sociedade; b) o conceito
de progressividade, isto é, o princípio de que se deve tributar mais quem tem uma
renda mais alta; c) o conceito de neutralidade, pelo qual os impostos devem ser
tais que minimizem os possíveis impactos negativos da tributação sobre a
eficiência econômica e d) o conceito da simplicidade, segundo o qual o sistema
tributário deve ser de fácil compreensão para o contribuinte e de fácil
arrecadação para o governo. (Giambiagi & Além. 1999, p. 32).
A tributação pode ser direta ou indireta. Os impostos diretos incidem sobre o
indivíduo e, por isso, estão associados à capacidade de pagamento de cada
contribuinte. Os impostos indiretos, por sua vez, incidem sobre atividades ou
objetos, ou seja, sobre o consumo, vendas ou posse de propriedades,
independentemente das características do indivíduo que executa a transação ou
que é o proprietário. As bases de incidência dos impostos são a renda, o
patrimônio e o consumo (Giambiagi & Além. 1999, p.35).
SABER M
Consulte http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5172.htm
(Código Tributário Nacional)
Leia e analise a seguinte frase:
“Muitas vezes, nas críticas da mídia, dos políticos, dos
candidatos, dos empresários, dos trabalhadores e do público
em geral, o governo é visto como uma entidade que “suga os
recursos do povo” (...) governo é uma entidade que coleta
recursos por meio dos impostos cobrados de uma parte da
população para transferir esses recursos para outra parte da
população.”.
Quais são os impostos que você conhece? Quais são os
programas de governo que estão em consonância com esta
fala? Em 2008, qual foi o centro da discussão sobre impostos no
Brasil? Pense bastante! Converse com outras pessoas sobre esse
tema. Analise as notícias veiculadas pelos meios de
comunicação. ANOTE
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
77
Quais são os impostos que você paga? ANOTE
Os impostos pagos pelos cidadãos são canalizados pelo governo
para o bem social?
Atente para o noticiário nos meios de comunicação e verifique
se isto está acontecendo. ANOTE.
O País talvez esteja passando por períodos de descrença e desrespeito para com
o patrimônio público, à medida que parece que a separação entre o bem
comum e o bem privado deixa de existir ou pelo menos de ser respeitada. Essa
descrença talvez seja resultado de um processo de décadas de injustiça social e
de negação da identidade cidadã. Uma nação constituída por pessoas que
defendem e honram seus direitos e deveres tem melhores condições de diminuir as
injustiças sociais, entre elas as causadas pela corrupção, e aumentar o nível de
desenvolvimento e progresso. (www.receita.fazenda.gov.br/EducaFiscal/)
A história do fisco brasileiro começou em 1534 com a criação
das Provedorias da Fazenda Nacional. Conheça essa história
acessando www.receita.fazenda.gov.br
SABER M
Leia no sítio
http://www.fazenda.mg.gov.br/cidadaos/educacao_fiscal/ a
Cartilha da Turma da Cidadania.
Seção 5 - Políticas Públicas - Instrumento de Ação
Você é político? Não se apresse em dizer não!
As frases de Aristóteles são conhecidas por todos: “O homem é um animal
político”; “Política é a arte de governar os povos”. Como quem dissesse: nossa
única diferença para os demais animais, é que nós sabemos fazer política.
Em compensação, Lao-Tsé (século VII a.C.), filósofo chinês, fez a seguinte citação:
“A política dos governantes sábios consiste em esvaziar a mente dos homens e
encher-lhes o estômago. Um povo que sabe demais é difícil de governar. Aqueles
que julgam promover o bem-estar de uma nação, espalhando nela a instrução,
enganam-se e arruínam a nação. Manter o povo na ignorância: eis o caminho da
salvação”.
78
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Leia a frase de Lao-Tsé, escrita no século VII a.C. “Um povo que
sabe demais é difícil de governar”.
O que essa frase tem a ver com nossa atualidade?
Para você não confundir política com politicagem, vamos diferenciar os dois
conceitos.
O que é politicagem?
Politicagem é a manipulação de pessoas para lograr proveito pessoal.
O termo Política é derivado do grego antigo ðïëéôåßá (politéia), que indicava
todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Na filosofia
aristotélica, a política é a ciência que tem por objeto a felicidade humana e
se divide em ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem
na pólis) e na política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade
coletiva da pólis). Por isso mesmo, política se situa no âmbito das ciências
práticas, ou seja, as ciências que buscam o conhecimento como meio para
ação.
O que é política?
Política é um conjunto de declarações escritas a respeito das intenções das
instituições em relação a determinado assunto. As políticas indicam os
meios e a forma para atingir os objetivos principais. São formuladas, em
geral, de forma ampla e proporcionam as linhas mestras para orientar as
decisões mais importantes e a formulação dos objetivos setoriais e das
normas. Ela também pode significar o conjunto de guias e intenções que
traçam o rumo de uma instituição e governam suas atividades e decisões
para atingir o objetivo geral para o qual a instituição foi criada. (LACOMBE
& HEILBORN, 2006, p. 170)
Dentro de uma organização, as políticas existem, em todas sem exceção, mesmo
que a política da instituição seja não fazer política. E elas podem ser implícitas ou
explícitas.
Políticas Implícitas – São práticas genéricas correntes na empresa, não
oficializadas nem escritas, que orientam as decisões dos administradores. Na
maioria dos casos, as políticas são implícitas porque ninguém se deu ao trabalho
de escrevê-las. No entanto, algumas vezes, as políticas são implícitas porque
refletem práticas ilegais ou antiéticas. Existe ainda a possibilidade de a empresa
ter uma política oficial, documentada e divulgada, mas seguir práticas diferentes
das que estão explicitamente estabelecidas. (LACOMBE & HEILBORN, 2006, 171)
Políticas Explícitas – São as políticas expressas da empresa. Aquelas regras de
conduta, regras de ação. Elas não prevalecem sobre as políticas implícitas,
aocontrário, principalmente na administração pública, a política expressa é de
ideologias pautadas em princípios éticos e morais, mas nem sempre a prática
segue estes pressupostos.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
79
Políticas Explícitas – São as políticas expressas da empresa. Aquelas regras de
conduta, regras de ação. Elas não prevalecem sobre as políticas implícitas, ao
contrário, principalmente na administração pública, a política expressa é de
ideologias pautadas em princípios éticos e morais, mas nem sempre a prática
segue estes pressupostos.
Deixando de lado questões políticas e ideológicas, a existência do governo é
necessária para guiar, corrigir e complementar o sistema de mercado que,
sozinho, não é capaz de desempenhas todas as funções econômicas. (GIAMBIAGI
& ALÉM, 1999, p. 10).
Algumas políticas importantes:
Política Fiscal - envolve a administração e a geração de receitas. Além do
cumprimento de metas e objetivos governamentais no orçamento, é utilizada
para a alocação, distribuição de recursos e estabilização da economia. É possível,
com a política fiscal, aumentar a renda e o PIB, e aquecer a economia, com
melhor distribuição de renda.
Política Regulatória - envolve o uso de medidas legais como decretos, leis,
portarias, expedidas como alternativa para alocar, distribuir os recursos e
estabilizar a economia. Com o uso das normas, diversas condutas podem ser
banidas, como a criação de monopólios, cartéis, práticas abusivas, aumento da
poluição, entre outras
Política Monetária – envolve o controle da oferta de moeda, da taxa de juros e do
crédito em geral, para efeito de estabilização da economia e influência na
decisão de produtores e consumidores. Com a política monetária, pode-se
controlar a inflação, preços, restringir a demanda, entre outros.
Seção 6 - Habilidades Necessárias ao Administrador
Habilidades são características pessoais que devem ser conquistadas.
Habilidades conceituais – Segundo CHIAVENATO (2003, p. 3).,as habilidades
conceituais têm relação com o pensar, raciocinar, diagnosticar a situação e
formular alternativas para resolver o problema.
Habilidade conceitual ou visão sistêmica envolve a habilidade para visualizar a
organização (instituição, empresa ou grupo de empresas) como um conjunto
integrado. A habilidade conceitual implica a capacidade de se posicionar no
ponto de vista da organização, perceber como as várias funções são
interdependentes e como uma alteração em uma delas afeta todas as demais.
Requer ainda a capacidade de visualizar a organização dentro de seu ambiente
externo e compreender as forças políticas, econômicas e sociais que atuam sobre
ela. (LACOMBE & HEILBORN, 2006).
As habilidades conceituais, que incluem a de diagnóstico, são as habilidades
80
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
mentais necessárias para obter, analisar e interpretar informações recebidas de
várias fontes e, a partir daí, tomar decisões complexas. Isso envolve a habilidade
para compreender a relação das partes com o todo e, reciprocamente,
compreender o todo separando-o em partes. (MEGGINSON, MOSLEY & PIETRI JR,
1998, p. 10)
Habilidades técnicas – Envolve conhecimento especializado, habilidade analítica
dentro da especialidade e facilidade no uso das técnicas e do instrumental da
disciplina específica... A habilidade técnica é adquirida por meio de experiência,
educação e treinamento profissional. (LACOMBE & HEILBORN, 2006, p. 10)
Segundo CHIAVENATO (2003, p. 3), envolvem o uso de conhecimento
especializado e facilidade na execução de técnicas relacionadas com o trabalho
e com os procedimentos de realização.
Habilidades humanas – Os administradores precisam de uma rede de contatos e
relacionamentos humanos para, usando os esforços de várias pessoas, atingir os
objetivos organizacionais. Portanto, eles precisam ter várias habilidades
comportamentais e analíticas para se relacionar com pessoas, dentro e fora da
organização. (MEGGINSON, MOSLEY & PIETRI Jr, 1998, p. 28).
Habilidades administrativas - Tem relação com a capacidade do administrador de
planejar, organizar, dirigir e controlar.
Essas habilidades incluem a capacidade do administrador para se adaptar a
diretrizes e procedimentos, para processar os papéis de forma ordenada, e
equilibrar as despesa dentro dos limites do orçamento. (MEGGINSON, MOSLEY &
PIETRI JR, 1998, 28).
Saber dar ordens é fundamental: a ordem deve ter, pelo menos, quatro qualidades
1 Ser clara: uma comunicação que não pode ser compreendida não pode
ter nenhuma autoridade;
2 Não ser incompatível com o propósito da organização: a tendência é no
sentido de essas ordens não serem executadas ou serem de forma
inadequada;
3 Não ser totalmente incompatível com o interesse do subordinado em seu
todo: Se uma ordem representa ônus inconcebíveis, ela será burlada, ou a
pessoa abandona a organização;
4 O subordinado deve estar mental e fisicamente preparado para
concordar com a ordem: o erro mais comum é o dar ordem para que uma
pessoa realize coisas superiores à sua capacidade. (LACOMBE & HEILBORN,
2006, p. 86).
Com relação à execução das atividades governamentais, pode-se levantar
muitas questões, como ética, estilo de liderança, inteligência emocional,
motivação, atendimento público, qualidade total na administração pública,
administração de conflitos, marketing, o patrimônio maior de qualquer
organização (os funcionários), políticas públicas e setoriais, comunicação interna e
externa, formal e informal, cultura organizacional, privatização, terceirização,
parcerias, entre outros temas importantes. Enfim, são muitos assuntos que
merecem a atenção do administrador, quer seja público quer seja privado.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
81
Assim, chamo a sua atenção para o estudo. Quanto mais você acompanhar as
ações governamentais, mais vai aprender e poderá contribuir com a
Você já acompanhou uma sessão legislativa na Câmara Municipal?
Você já participou de alguma audiência pública para discussão
do Orçamento Público ou prestação de contas públicas?
Você conhece o Plano Diretor de sua cidade? Participou de sua
elaboração?
Um amigo meu tinha sobre sua mesa a seguinte frase:
“Se você está chegando agora para criticar o que está feito,
deveria ter aparecido na hora de fazer! Assinado: quem fez
quando ninguém sabia como fazer.”
Por que a participação do cidadão é fator primordial para a
elaboração das políticas públicas?
Seção 7 - Controle
Você sabe o que é fiscalização? É uma forma de controle. O controle é essencial!
A falta de controle nos gastos governamenais cria a possibilidade de mau uso dos
recursos públicos.
O que é controle?
Controle é a função administrativa que visa a assegurar se o que foi planejado,
organizado e dirigido realmente cumpriu os objetivos pretendidos. O controle é
constituído por quatro fases: estabelecimento de critérios ou padrões,
observação do desempenho, comparação do desempenho com o padrão
estabelecido e ação corretiva para eliminar os desvios ou variações. Quanto à
sua abrangência, o controle pode ocorrer em três níveis: estratégico, tático e
operacional. (CHIAVENATO, 2003, p. 176-178).
A Constituição Federal nos trouxe inovações na Administração Pública,
especialmente na área de controle. A Lei de Responsabilidade Fiscal – LC no.
101/2000 - apresenta mecanismos para planejamento e controle mais rigorosos. Há
clara preocupação na transparência das contas públicas, que deveria ser de
conhecimento de toda a população. Infelizmente falta conhecimento ao povo.
Algo que deveria ser instruído já no ensino fundamental e médio. Nossos alunos
aprendem um pouco de Língua Portuguesa, Física, Química, Matemática, História,
mas não aprendem como devem ser comportar na sociedade, não aprendem a
ser cidadãos, não aprendem como medir a eficiência e acompanhar os gastos e
aplicação dos recursos governamentais.
CF/88, Art. 74 - Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma
integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a
execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como da aplicação de
82
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem
como dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º.Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de
qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal
de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º.Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades
perante o Tribunal de Contas da União.
a) Critérios para Classificação do Controle
Existem vários critérios para a classificação do controle.
Com relação ao órgão que o exerce, o controle pode ser administrativo,
legislativo ou judicial.
Quanto ao momento em que se efetua, pode ser prévio, concomitante ou
posterior. Exemplo de controle prévio é a previsão constitucional de necessidade
de autorização ou aprovação prévia do Congresso Nacional para determinados
atos do Poder Executivo (art. 49, II, III, XV, XVI e XVII; art. 52, III, IV e V). Exemplo de
controle concomitante é o acompanhamento da execução orçamentária pelo
sistema de auditoria. Exemplo de controle posterior é a anulação de um ato
administrativo ilegal ou a prestação de contas dos recursos já utilizados.
O controle ainda pode ser interno ou externo. É interno o controle que cada um
dos poderes exerce sobre seus próprios atos e agentes. É externo o controle
exercido por um dos poderes sobre o outro, como também o controle da
Administração Direta sobre a Indireta.
A Constituição Federal prevê o controle externo a cargo do Congresso Nacional,
com o auxílio do Tribunal de Contas (art. 71) e o controle interno que cada poder
exercerá sobre seus próprios atos (arts. 70 e 74). No artigo 74, é prevista a
responsabilidade solidária dos responsáveis pelo controle quando, ao tomarem
conhecimento de irregularidade, deixarem de dar ciência ao Tribunal de Contas.
O controle ainda pode ser de legalidade ou de mérito. O primeiro pode ser
exercido pelos três poderes, enquanto o segundo cabe à própria Administração.
(http://www.ite.edu.br/apostilas/Controle)
O fundamento do controle interno na Administração Pública Brasileira está no
artigo 76 da Lei 4.320/64, o qual estabelece que o Poder Executivo exercerá os
três tipos de controle da execução orçamentária: 1) legalidade dos atos que
resultem da arrecadação da receita ou da realização da despesa, do
nascimento ou da extinção de direitos e obrigações; 2) a fidelidade funcional dos
agentes da administração responsáveis por bens e valores públicos; e 3) o
cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e em
termos de realização de obras e prestação de serviços.
A seguir, relacionam-se algumas características da Administração Pública que
dificultam a implantação de dispositivos de controles e de mudanças
comportamentais:
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
83
dificuldade para medir resultados, pela falta de parâmetros externos;
não há risco de descontinuidade, porque a organização pública é essencial e
não está sujeita a falências;
relativa estabilidade funcional dos agentes, que só perdem o emprego em
situações especialíssimas;
grande rotatividade das funções da alta administração (agentes políticos) por
conta da vinculação político-partidária, que pode mudar a cada quatro anos;
não há risco financeiro ou patrimonial para os administradores,, o investimento
vem do povo. (http://www.ufrgs.br/necon/pciap.pdf)
b) Significados do Controle
1 – Controle como função restritiva
Utilizado para coibir ou limitar desvios indesejáveis ou comportamentos não
aceitos;
2 – Controle como sistema automático de regulação
O mecanismo detecta possíveis desvios ou irregularidades e faz o ajuste para que
o sistema volte a funcionar normalmente;
3 – Controle como função administrativa
Tem a finalidade de assegurar que os resultados do que foi planejado, organizado
e dirigido se ajustem aos objetivos previamente estabelecidos. (CHIAVENATO,
2003).
Verifica-se que a idéia de controle está ligada ao princípio administrativo da
delegação de competência e, por este aspecto, objetiva o registro, a
comparação, o confronto e a inspeção, na verdade um processo de
comparação e segurança (PEIXE, 2002).
A necessidade de registro e controles aumenta à medida que a atividade
econômica de um indivíduo ou grupo cresce, tendo em vista que o
desenvolvimento ocorrido não pode mais ser diretamente administrado pelos
próprios interessados, sendo necessário o uso cada vez mais intenso dos registros
sistemáticos e do controle. Na organização do Estado, as coisas ocorrem no
mesmo enfoque, embora exista um atraso grande no desenvolvimento técnico
dos controles, em face da complexidade da atividade governamental em todas
as esferas (PEIXE, 2002).
c) Fases do Controle
1 – Estabelecimento de padrões ou critérios.
Podem ser padrões de: quantidade, qualidade, de tempo e de custo.
2 – Observação do desempenho.
A fim de buscar informações a respeito do que está sendo controlado.
84
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
3. Comparação do desempenho com o padrão estabelecido.
Toda atividade proporciona algum tipo de variação, erro ou desvio. É importante
determinar os limites de variação.
4. Ação corretiva.
Com o objetivo de manter as operações dentro dos padrões estabelecidos.
(CHIAVENATO, 2003, p. 177-178).
Vamos visualizar no esquema as fases e níveis do controle como função
administrativa
Fases do controle
Estabelecimento
de
Critério padrão
Observação
do
desempenho
Comparação do desempenho
com o padrão
estabelecido
Ação corretiva para
eliminar os desvios ou
variações
Níveis de abrangência
Estratégico
Tático
Operacional
Planejar é definir os objetivos e escolher antecipadamente o
melhor curso de ação para alcançá-los. O planejamento define
onde se pretende chegar, o que deve ser feito, quando, como e
em que seqüência.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
85
Planejamento Estratégico – É mais abrangente e tem a característica de envolver
toda a organização e ser elaborado para um período longo. Exemplo na gestão
pública:
PPA (Plano Plurianual).
Planejamento Tático – Planejamento de médio prazo, geralmente um ano,
caracteriza-se por definir metas departamentais. Exemplo na gestão pública: LDO
(lei de diretrizes orçamentárias) e LOA (lei do orçamento anual).
Planejamento Operacional – Planejamento de curto prazo, elaborado para
aplicação imediata. Caracteriza-se no planejamento de tarefas ou atividades.
Utiliza-se de metas específicas, programas, procedimentos, métodos ou normas.
Na administração pública é comum a elaboração de Decretos, Portarias ou Leis.
Divisão para execução da Administração Pública:
Administração Pública direta ou centralizada, feita pela própria estrutura do
governo;
Administração Pública indireta ou descentralizada, feita por autarquias,
fundações ou entidades paraestatais como: empresas públicas, sociedades
de economia mista.
Grupos de duas ou mais pessoas trabalhando juntas de forma coordenada e
cooperativa, podem realizar mais do que qualquer uma delas o faria
isoladamente (sinergia). O alicerce da organização é a divisão do trabalho.
Para arcar com as funções anteriormente descritas, o governo precisa gerar
recursos. A principal fonte de receita do setor público é a arrecadação tributária.
A tributação pode ser direta ou indireta. Os impostos diretos incidem sobre o
indivíduo e, por isso, estão associados à capacidade de pagamento de cada
contribuinte. Os impostos indiretos, por sua vez, incidem sobre atividades ou
objetos, ou seja, sobre o consumo, vendas ou posse de propriedades,
independentemente das características do indivíduo que executa a transação ou
que é o proprietário. As bases de incidência dos impostos são: a renda, o
patrimônio e o consumo.
Política - é a ciência que tem por objeto a felicidade humana e divide-se em ética
(que se preocupa com a felicidade individual do homem na pólis) e na política
propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva da pólis). Por isso
mesmo, política situa-se no âmbito das ciências práticas, ou seja, as ciências que
buscam o conhecimento como meio para ação.
Políticas importantes:
Política Fiscal - envolve a administração e a geração de receitas, além do
cumprimento de metas e objetivos governamentais no orçamento é utilizada para
a alocação, distribuição de recursos e estabilização da economia.
Política Regulatória - envolve o uso de medidas legais como decretos, leis,
portarias, expedidas como alternativa para se alocar, distribuir os recursos e
estabilizar a economia.
86
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Política Monetária – envolve o controle da oferta de moeda, da taxa de juros e do
crédito em geral, para efeito de estabilização da economia e influência na
decisão de produtores e consumidores. Com a política monetária, pode-se
controlar a inflação, preços, restringir a demanda, entre outros.
O Controle na Administração Pública
Controle é a função administrativa que visa a assegurar se o que foi planejado,
organizado e dirigido realmente cumpriu os objetivos pretendidos.
A Constituição Federal nos trouxe inovações na Administração Pública,
especialmente na área de controle. A Lei de Responsabilidade Fiscal – LC nº
101/2000 apresenta mecanismos para planejamento
Você conhece o teor da Lei de Responsabilidade Fiscal – LC nº.
101/2000? Pesquise sobre essa lei.
Constantemente ouvimos nos jornais e na TV sobre problemas
com má utilização do dinheiro público por instâncias
governamentais. Comente sobre esses casos.
Responda às questões abaixo e confira as respostas, no gabarito, no
final do livro
29 – Assinale a alternativa correta com relação ao planejamento:
a) O planejamento geralmente aparece como a terceira função
administrativa, porque primeiro é necessário haver organização, sua
direção (governo), para então ser realizado o planejamento;
b) O planejamento não possui hierarquia, e pode ocorrer em três níveis
distintos; o planejamento operacional, tático e estratégico;
c) Por estabelecer objetivos gerais, tem um grau de detalhamento menor.
Origina os planejamentos táticos. É um exemplo do planejamento
estratégico o Plano Plurianual (PPA);
d) O planejamento operacional se caracteriza por definir metas
departamentais. Procura adequar-se. Recebe orientação do
planejamento estratégico e tem um grau de detalhamento maior;
e) O planejamento tático geralmente visa atender à necessidade
momentânea, caracteriza-se no planejamento de tarefas ou atividades.
30 – Quais as funções do orçamento que mais se destacam?
a) Alocativa, distributiva e financeira;
b) Reflexiva, estabilizadora e de segurança;
c) Interesse público, reguladora, financeira;
d) Alocativa, distributiva e estabilizadora;
e) Legalidade, moralidade e impessoalidade.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
87
31 – Com relação a divisão político-administrativa no Brasil, apenas uma das
alternativas abaixo não é verdadeira. Assinale esta alternativa.
a) A divisão político-administrativa é apresentada na Constituição Federal
de 1988 no art. 22;
b) A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos da Constituição;
c) A administração pública é exercida em cada um dos três níveis, ou seja, a
administração pública pode ser Federal, Estadual ou Municipal. Para
cada um dos níveis de administração há atribuições gerais e específicas;
d) A administração federal é a administração pública realizada pela União,
pessoa jurídica de direito público que representa o governo federal;
e) A administração estadual é a administração pública realizada pelos
Estados e o Distrito Federal, pessoas jurídicas de direito público.
32 – Assinale a alternativa relativa à seqüência correta dos artigos na Constituição
Federal de 1988, de acordo com o apresentado no texto, referente a
competências em nível federal, estadual e municipal, respectivamente:
a) Federal: art. 21 a 25; Estadual: art. 23 a 28; Municipal: Art. 23, 24. 29 a 31;
b) Federal: art. 20 a 24; Estadual: art. 23 a 28; Municipal: Art. 24, 29 a 31;
c) Federal: art. 19 a 24; Estadual: art. 25 a 28; Municípal: Art. 29 a 31;
d) Federal: art. 29 a 31; Estadual: art. 25 a 28; Municipal: Art. 19 a 24;
e) Federal: art. 20 a 25; Estadual: art. 26 a 28; Municipal: Art. 29 a 31.
Observação: Para responder às duas próximas questões, pode ser necessário ler o
texto e os artigos da Constituição Federal de 1988 referente ao tema.
33 – Qual das alternativas abaixo não é uma das competências da Administração
Pública em nível municipal:
a) Legislar sobre assuntos de interesse local;
b) A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo
Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno
do Poder Executivo Municipal, na forma da lei;
c) Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a
legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual;
d) Legislar sobre direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico;
e) Manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado,
programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental.
88
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
34 – Observe as competências abaixo e as classifique na coluna ao lado, em nível
Federal, Estadual e Municipal, comum aos três níveis e comum à Federação e
aos Estados, de acordo com a determinação legal.
Competências
Nível
a) Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da
ocupação do solo urbano;
b) Seguridade social;
c) Organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis;
d) Combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
e) mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas
de interesse comum.
A classificação correta é:
a) Federal, Municipal, comum aos três níveis, comum à Federação e Estados,
Estadual;
b) Federal, Estadual, comum à Federação e Estados, comum aos três níveis,
Municipal;
c) Municipal, Federal, comum à Federação e Estados, comum aos três níveis,
Estadual;
d) Comum aos três níveis, Federal, comum à Federação e Estados,
Municipal, Estadual;
e) Comum aos três níveis, Estadual, comum à Federação e Estados, Federal,
Municipal.
35 – Com relação à Administração Pública Direta e Indireta, assinale a verdadeira:
a) A administração pública direta é aquela que não possui autonomia
política, financeira e administrativa;
b) Administração pública indireta é aquela que possui autonomia financeira
e administrativa e também política, estando sempre vinculada ao órgão
de Estado que a criou;
c) A administração pública direta ocorre quando há uma lei, em que a
administração direta delega competências a outras pessoas jurídicas;
d) A administração pública direta é realizada pela própria estrutura
administrativa do governo;
e) A administração pública direta é realizada por Autarquias, Fundações ou
Entidades Paraestatais.
36- Assinale a alternativa verdadeira com relação a atividades-meio e atividadesfim:
a)As atividades-fim envolvem o próprio papel do Estado e sua estrutura para
atender às necessidades da população;s
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
89
b) As atividades-meio estão voltadas para o efetivo atendimentos
dademandas da população;
c) Exemplos de atividades-fim: documentação planejamento, controle
interno de cada poder;
d) Exemplos de atividades-fim: recursos humanos, serviços gerais, orçamento;
e) anto as atividades-meio como as atividades-fim são importantes na
administração pública.
37 - Segundo o que foi apresentado no texto, para que o sistema tributário se
aproxime do ideal, ele deve atender a alguns aspectos. Assinale a alternativa
que não apresenta um dos aspectos importantes citados no texto:
a) O conceito de neutralidade, pelo qual os impostos devem ser tais que
minimizem os possíveis impactos negativos da tributação sobre a
eficiência econômica;
b) O conceito da eqüidade, ou seja, a idéia de que a distribuição do ônus
tributário deve ser eqüitativa entre os diversos indivíduos de uma
sociedade;
c) O conceito da seletividade, pelo qual é selecionado o conjunto de
contribuintes que tem condições de arrecadar tributos em virtude de sua
situação financeira privilegiada;
d) O conceito de progressividade, isto é, o princípio de que se deve tributar
mais quem tem uma renda mais alta;
e) O conceito da simplicidade, segundo o qual o sistema tributário deve ser
de fácil compreensão para o contribuinte e de fácil arrecadação para o
governo.
38 – De acordo com o que foi estudado sobre Política, qual alternativa abaixo não
é verdadeira?
a) Política é um conjunto de declarações escritas a respeito das intenções
das instituições em relação a determinado assunto;
b) As políticas indicam os meios e a forma para se atingir os objetivos
principais;
c) Política pode significar o conjunto de guias e intenções que traçam o
rumo de uma instituição e governam suas atividades e decisões para
atingir o objetivo geral para o qual a instituição foi criada
d As políticas podem ser implícitas e explícitas;
e) As políticas implícitas são as regras de conduta, regras de ação
39 – Quais são as políticas importantes mencionadas no texto?
a) Política monetária, política externa e política interna;
b) Política fiscal, política monetária e política regulatória;
c) Política educacional, política de seguridade social e política tributária;
d) Política ambiental; política social e política econômica;
e) Política organizacional, política externa e política social.
tomar decisões complexas;
90
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
40 - Assinale a alternativa verdadeira com relação às habilidades necessárias ao
administrador:
a) Habilidades humanas são as habilidades mentais necessárias para obter,
analisar e interpretar informações recebidas de várias fontes e a partir daí,
b) Habilidades técnicas são adquiridas por meio de experiência, educação
e treinamento profissional;
c) Habilidades conceituais incluem a capacidade do administrador para se
adaptar a diretrizes e procedimentos, para processar os papéis de forma
ordenada, e equilibrar as despesa dentro dos limites do orçamento;
d) Habilidades administrativas têm relação com o pensar, raciocinar,
diagnosticar a situação e formular alternativas para resolver o problema;
d) Habilidades administrativas ou visão endêmica envolve a habilidade para
visualizar a organização (instituição, empresa ou grupo de empresas)
como um conjunto integrado.
41 - Qual das alternativas abaixo não é uma das finalidades do sistema de
controle interno para os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, de acordo
com o art. 74 da CF/88:
a) Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional;
b) Avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a
execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;
c) Coibir ou limitar desvios indesejáveis ou comportamentos não aceitos;
d) Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado;
e) Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem
como dos direitos e haveres da União.
42 - Qual das alternativas abaixo não é uma das fases do controle?
a) Estabelecimento de padrões ou controle;
b) Estratégia de ação em virtude do desempenho;
c) Observação do desempenho;
d) Ação corretiva;
e) Comparação do desempenho com o padrão estabelecido.
43 - Qual afirmação abaixo está em conflito com relação ao texto: as três formas
de administração pública:
a) À medida que o Estado assumia a responsabilidade pela defesa dos
direitos sociais e crescia em dimensão, foi se percebendo que os custos
dessa defesa podiam ser mais
b) altos que os benefícios do controle;A reforma do aparelho do Estado
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
91
ser concebida sem considerar a perspectiva de redefinição do papel do
Estado;
c) A reforma do aparelho do Estado no Brasil significará, fundamentalmente,
a introdução na Administração Pública da cultura e das técnicas
gerenciais modernas;
d) Os princípios e características da Administração Pública não devem ser
confundidos com os da administração das empresas privadas;
e) As três formas de Administração Pública se sucederam no tempo, sem
que, no entanto, qualquer uma delas seja inteiramente abandonada.
44 - Com relação à evolução histórica das reformas administrativas no Brasil, qual
alternativa abaixo não é verdadeira?
a) Foi criado, em 1938, o DASP - Departamento Administrativo de Serviço
Público;
b) Em 1993, passou a vigorar a Lei no. 8.666, instituindo normas para
licitações e contratos da Administração Pública;
c) Em 2000, foi aprovada a Lei Complementar no. 101 – Lei de
Responsabilidade Fiscal, estabelecendo normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal
d) Em 1995, foi aprovada a Lei Federal no. 8.987, importante passo para a
participação do capital privado na infra-estrutura nacional, ao dispor
sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços
públicos, conforme previsão do art. 175 da CF/88;
e) Em 1967, passou a vigorar o Decreto-Lei no. 200, que dispõe sobre a
organização da Administração Federal e estabeleceu diretrizes para a
Reforma Administrativa;
92
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
UNIDADE
TEMAS PARA REFLEXÃO E DISCUSSÃO
4
Nesta unidade vamos abordar temas que são importantíssimos para a
administração pública e que devem ser discutidos em sala de aula. Quanto maior
for a sua participação e dos colegas, maior será o aprendizado e mais
interessante ficará a aula.
Seção 1 - As Três Formas de Administração Pública
No plano administrativo, a administração pública burocrática surgiu no século
passado juntamente com o Estado liberal, exatamente como forma de defender
a coisa pública contra o patrimonialismo. À medida, porém, que o Estado assumia
a responsabilidade pela defesa dos direitos sociais e crescia em dimensão, foi se
percebendo que os custos dessa defesa podiam ser mais altos que os benefícios
do controle. Por isso, neste século, as práticas burocráticas vêm sendo substituídas
por um novo tipo de administração: a administração gerencial.
A reforma do aparelho do Estado não pode ser concebida fora da perspectiva de
redefinição do papel do Estado e, portanto, pressupõe o reconhecimento prévio
das modificações observadas em suas atribuições ao longo do tempo. Dessa
forma, partindo-se de uma perspectiva histórica, verificamos que a administração
pública - cujos princípios e características não devem ser confundidos com os da
administração das empresas privadas - evoluiu por meio de três modelos básicos:
a administração pública patrimonialista, a burocrática e a gerencial.
Essas três formas se sucedem no tempo, sem que, no entanto, qualquer uma delas
seja inteiramente abandonada.
1) Administração Pública Patrimonialista - No patrimonialismo, o aparelho do
Estado funciona como uma extensão do poder do soberano, e seus auxiliares,
servidores, possuem status de nobreza real. Os cargos são considerados
prebendas. A res publica não é diferenciada da res principis. Em
conseqüência, a corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de
administração. No momento em que o capitalismo e a democracia se
tornam dominantes, o mercado e a sociedade civil passam a se distinguir do
Estado. Neste novo momento histórico, a administração patrimonialista se
torna uma excrescência inaceitável.
2) Administração Pública Burocrática - Surge na segunda metade do século XIX,
na época do Estado liberal, como forma de combater a corrupção e o
nepotismo patrimonialista. Constituem princípios orientadores de seu
desenvolvimento a profissionalização, a idéia de carreira, a hierarquia
funcional, a impessoalidade, o formalismo, em síntese o poder racional legal.
Os controles administrativos visando evitar a corrupção e o nepotismo são
sempre a priori. Parte-se de uma desconfiança prévia nos administradores
públicos e nos cidadãos que a eles dirigem demandas. Por isso, são sempre
necessários controles rígidos dos processos, como na admissão de pessoal,
nas compras e no atendimento a demandas.
Por outro lado, o controle - a garantia do poder do Estado - transforma-se na
própria razão de ser do funcionário. Em conseqüência, o Estado se volta para si
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
95
mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade. A
qualidade fundamental da administração pública burocrática é a efetividade no
controle dos abusos; seu defeito, a ineficiência, a auto-referência, a
incapacidade de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistos como clientes. Esse
defeito, entretanto, não se revelou determinante na época do surgimento da
administração pública burocrática porque os serviços do Estado eram muito
reduzidos. O Estado se limitava a manter a ordem e a administrar a justiça, a
garantir os contratos e a propriedade.
Pesquise o significado da palavra NEPOTISMO.
3) Administração Pública Gerencial - Emerge na segunda metade do século
XX, como resposta, de um lado, à expansão das funções econômicas e
sociais do Estado e, de outro, ao desenvolvimento tecnológico e à
globalização da economia mundial, uma vez que ambos deixaram à
mostra os problemas associados à adoção do modelo anterior. A
eficiência da administração pública - a necessidade de reduzir custos e
aumentar a qualidade dos serviços, tendo o cidadão como beneficiário torna-se então essencial. A reforma do aparelho do Estado passa a ser
orientada predominantemente pelos valores da eficiência e qualidade
na prestação de serviços públicos e pelo desenvolvimento de uma
cultura gerencial nas organizações.
A administração pública gerencial constitui avanço e até certo ponto,
rompimento com a administração pública burocrática. Isso não significa,
entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a administração
pública gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva, mesmo
flexibilizando, alguns de seus princípios fundamentais, como a admissão segundo
rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e universal de
remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o
treinamento sistemático. A diferença fundamental está na forma de controle, que
deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não na
rigorosa profissionalização da administração pública, que continua um princípio
fundamental.
Na administração pública gerencial a estratégia se volta: (1) para a definição
precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade;
(2) para a garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos
humanos, materiais e financeiros que lhe forem postos à disposição para que
possa atingir os objetivos contratados; e (3) para o controle ou cobrança a
posteriori dos resultados.
Adicionalmente, pratica-se a competição administrada no interior do próprio
Estado, quando há a possibilidade de estabelecer concorrência entre unidades
internas. No plano da estrutura organizacional, a descentralização e a redução
dos níveis hierárquicos se tornam essenciais. Em suma, afirma-se que a
administração pública deve ser permeável à maior participação dos agentes
96
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
privados e/ou das organizações da sociedade civil e deslocar a ênfase dos
procedimentos (meios) para os resultados (fins)...
Neste último ponto, como em muitos outros (profissionalismo, impessoalidade), a
administração pública gerencial não se diferencia da administração pública
burocrática. Na burocracia pública clássica, existe uma noção muito clara e forte
do interesse público. A diferença, porém, está no entendimento do significado do
interesse público, que não pode ser confundido com o interesse do próprio Estado.
Para a administração pública burocrática, o interesse público é freqüentemente
identificado com a afirmação do poder do Estado. Ao atuarem por esse princípio,
os administradores públicos terminam por direcionar uma parte substancial das
atividades e dos recursos do Estado para o atendimento das necessidades da
própria burocracia, identificada com o poder do Estado. O conteúdo das políticas
públicas é relegado a um segundo plano. A administração pública gerencial
nega essa visão do interesse público, relacionando-o com o interesse da
coletividade, e não com o do aparato do Estado.
A administração pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos e
como cliente de seus serviços. Os resultados da ação do Estado são considerados
bons, não porque os processos administrativos estão sob controle e são seguros,
como quer a administração pública burocrática, mas porque as necessidades do
cidadão-cliente estão sendo atendidas.
O paradigma gerencial contemporâneo, fundamentado nos princípios da
confiança e da descentralização da decisão, exige formas flexíveis de gestão,
horizontalização de estruturas, descentralização de funções, incentivos à
criatividade. Contrapõe-se à ideologia do formalismo e do rigor técnico da
burocracia tradicional. À avaliação sistemática, à recompensa pelo desempenho,
e à capacitação permanente, que já eram características da boa administração
burocrática, acrescentam-se os princípios da orientação para o cidadão-cliente,
do controle por resultados, e da competição administrada.
No presente momento, uma visão realista da reconstrução do aparelho do Estado
em bases gerenciais deve levar em conta a necessidade de equacionar as
assimetrias decorrentes da persistência de aspectos patrimonialistas na
administração contemporânea, bem como dos excessos formais e anacronismos
do modelo burocrático tradicional. Para isso, é fundamental ter clara a dinâmica
da administração racional-legal ou burocrática. Não se trata simplesmente de
descartá-la, mas, sim, de considerar os aspectos em que está superada e as
características que ainda se mantêm válidas como forma de garantir efetividade
à administração pública.
O modelo gerencial se tornou realidade no mundo desenvolvido quando,
mediante a definição clara de objetivos para cada unidade da administração, a
descentralização, a mudança de estruturas organizacionais e a adoção de
valores e de comportamentos modernos no interior do Estado, se revelou mais
capaz de promover o aumento da qualidade e da eficiência dos serviços sociais
oferecidos pelo setor público. A reforma do aparelho do Estado no Brasil
significará, fundamentalmente, a introdução na administração pública da cultura
e das técnicas gerenciais modernas.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
97
(Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado apresentado pelo Ministério da
Administração Federal e Reforma do Estado - MARE, e aprovado no final de 1995 pela
Câmara da Reforma do Estado do Conselho de Governo. A integra do texto está disponível
na internet no endereço:www.planalto.gov.br/publi_04/COLECAO/PLANDI2.HTM)
Qual sua opinião sobre o texto acima? Discuta com seus
colegas de turma e dê sua opinião sobre a atual administração
pública e sua semelhança com os três modelos apresentados.
Seção 2 - Evolução Histórica das Reformas Administrativas
no Brasil
A discussão sobre a reforma do Estado precisa se dar pelo enfoque de sua
finalidade: para quê, qual o sentido de se reformar e qual o resultado final que se
quer obter, uma vez que o Estado esteja reformado? A partir daí, sabe-se o que se
deseja.(PRATES, 2000).
Conheceremos, a seguir, aspectos históricos das reformas administrativas no Brasil.
1936 – Criação do DASP – Departamento Administrativo de Serviço Público;
1964 – Lei no. 4.320 (estabelece Normas Gerais de Direito Financeiro,
Orçamentos e Balanços da União, dos Estados, Municípios e do Distrito
Federal; Lei 4.401 (Instituto das Licitações Públicas no Brasil);
1967 – Decreto-Lei no. 200 – Organização da Administração Federal,
estabelece diretrizes para reforma Administrativa; Decreto-Lei no.201 –
Dispõe sobre a responsabilidade dos prefeitos e vereadores;
1986 – Decreto-lei no. 2.300 – Considerado o Estatuto Jurídico das Licitações e
Contratos administrativos; Criação do SIAFI – Sistema Integrado de
Administração Financeira Federal;
1988 – Constituição Federal;
1993 – Lei no. 8.666 – regulamenta o art. 37, inc. XXI da Constituição Federal,
institui normas para licitações e contratos da Administração Pública;
1995 – Reforma Administrativa. Criação do MARE – Ministério da Administração
e Reforma do Estado, responsável pela última Reforma Administrativa
Gerencial.
1998 –Emenda Constitucional no.19 – Modifica o regime e dispõe sobre
princípios da Administração Pública, servidores e agentes políticos,
controle de despesas e finanças públicas e custeio de atividades a
cargo do Distrito Federal; Projeto Piloto TCU – dando seqüência ao
projeto iniciado com a EBAPE/FGV, e outras instituições o TCU
desenvolve os primeiros trabalhos de Auditoria de Desempenho
Governamental, por meio de projetos-piloto;
2000 – Lei Complementar no. 101 – Lei de Responsabilidade Fiscal, estabelece
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na
gestão fiscal; Lei no. 10.028 – Acrescenta os art. 359-A a 359-H, ao
98
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Código Penal brasileiro, tipificando os crimes de responsabilidade fiscal
praticados contra a Administração Pública; Plano Avança Brasil – Lei do
Plano Plurianual, incorpora os projetos e investimentos previstos de
realização, segundo os preceitos definidos pela Reforma Administrativa
Gerencial;
2001 – Instrução Normativa n. 01/2001 – Define as Normas de Auditoria e
Fiscalização, sob a responsabilidade da Secretaria Federal de Controle,
jurisdicionada ao Ministério da Fazenda, visando à auditoria dos gastos
públicos realizados pelo Governo Federal.
Fonte: JUND, 2002, p. 21.
Estamos fazendo a reforma do Estado. Quantas vezes se vê, de mentes
desavisadas, a cobrança sobre a reforma do Estado, confundindo a reforma do
Estado com a diminuição do número de funcionários, como se essa fosse a
grande questão, quando não é. A grande questão é, realmente, uma
revolução na maneira pela qual a administração pública se organiza. Essa
revolução está em marcha. Ela não é visível. Ela não dá manchete porque é
uma revolução de mentalidade, é uma revolução de práticas cotidianas, e
uma revolução no modo pelo qual o governo se relaciona com a sociedade, e
o Estado se reestrutura para que possa cumprir essas novas funções. (Prates,
2000).
Na sua concepção deve haver uma nova reforma
administrativa no Brasil? O que precisa mudar para que o nosso
país seja melhor?
Seção 3 - Que Tamanho Deve Ter o Estado?
Esta pergunta pode ter várias respostas e foi o que aconteceu no decorrer da
história: o Estado já ocupou espaços diferentes na vida de seu povo. Assim,
podemos perguntar: até onde o Estado deve interferir na vida do cidadão? E ao
responder esta pergunta, estaremos posicionando o tamanho do Estado que
ficará entre o Estado máximo e o Estado Mínimo.
Thomas Hobbes (1588-1679), inglês, no livro Leviatã, defendeu o Estado como o
protetor da humanidade, já que o homem tem uma natureza má. Para dirimir os
conflitos, os homens abdicam de seus direitos naturais para um governo que
preserva a segurança e ordem pública. Porém mais tarde Jean-Jacques Rousseau
(1712-1778) escreveu o Contrato Social, onde o homem é visto como bom
naturalmente, e que a vida em sociedade requer um acordo mútuo para que o
governo possa estabelecer regras mais justas de convivência.
No Estado totalitário, toda a sociedade está resolvida no Estado, na organização
do poder político que reúne em si o poder ideológico e o poder econômico. Não
há espaço para o não-Estado. O Estado totalitário representa um caso-limite, já
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
99
que o Estado na sua acepção mais larga, que compreende inclusive a polis
grega, viu-se sempre diante do não-Estado, na dupla dimensão da esfera religiosa
(no sentido mais amplo da palavra) e da esfera econômica. (Norberto Bobbio –
Estado,Governo, Sociedade - Para uma teoria geral da política). O autor cita o
Estado cristão como Estado máximo, e o estado burguês como Estado mínimo.
Esta discussão entra no campo ideológico e foram propulsoras de revoluções
marcantes na história da humanidade. Adam Smith, autor do Livro A Riqueza das
Nações (1776), por exemplo, costumava dizer que havia uma mão invisível que
governava o mercado e devia o governo proporcionar condições favoráveis a
esta competição. Discussões como essas fizeram surgir regimes como o socialismo
e o capitalismo. Alguns defendendo a implantação de um regime socialista,
baseado na produção coletiva e distribuição igualitária de renda onde o Estado
assume o papel de garantir a produção coletiva, desaparecendo o
individualismo. Outros, o capitalismo, definido como um sistema econômico ou
socioeconômico baseado na propriedade privada dos meios de produção, no
lucro, nas decisões quanto ao investimento de capital feitas pela iniciativa privada
e com a produção, distribuição e preços dos bens, serviços e mão-de-obra
afetados pelas forças da oferta e da procura.
Essa discussão relativa à reforma do Estado e à conseqüente definição do que
fazer está relacionada como o próprio debate sobre o papel do Estado. Apesar
de antiga – porque a sociedade e o mundo têm mudado muito rapidamente –
essa é uma questão que ainda hoje continua importante. Tanto que existe uma
agenda de consenso mundial sobre o tema, isto é, o mundo inteiro está ocupado
em consolidar o processo democrático e, ao mesmo tempo, reduzir os
desequilíbrios e conciliar a estabilidade econômica, o desenvolvimento
sustentável e a justiça social (PRATES, 2000).
Há tempos, os conservadores argumentam que os governos deveriam transferir
grande parte de suas funções para o setor privado – abandonando algumas
delas, vendendo outras, e contratando empresas para executar ainda outras. É
óbvio que, em muitos casos, essa recomendação faz todo sentido. A privatização
é um dos instrumentos à disposição do governo (OSBORNE & GAEBLEr, 1994).
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso citou: “... porque não basta dizer: o
setor privado faz. Não. O setor privado sozinho não faz ou, se o fizer, pode ser
algumas vezes em detrimento da sociedade. É, portanto, necessário que haja um
Estado capaz de regular, de fiscalizar e de defender o cidadão, o consumidor, o
povo do País”.
Com efeito, a privatização é simplesmente o ponto de partida errado para discutir
o papel do governo. Serviços podem ser contratados, ou transferidos para o setor
privado, mas o mesmo não acontece com a orientação governamental. É
verdade que podemos privatizar certas funções tópicas de orientação, mas não o
processo geral. Se o fizéssemos, não disporíamos de um mecanismo para tomar
decisões coletivas, de um modo de estabelecer as regras do mercado, de meios
para aplicar as regras de conduta. Perderíamos todo sentido de eqüidade e de
altruísmo: seria difícil manter os serviços que não gerassem lucros – tais como a
construção de casas para os sem-tetos ou o atendimento médico aos pobres. As
organizações do terceiro setor não teriam a capacidade de suportar toda a
100
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
carga que recairia sobre elas (OSBORNE & GAEBLER, 1994).
Longe de esgotar o debate sobre as formas de atuação do Estado e a gestão das
organizações públicas, o que se denota, em algum conteúdo da reforma, é a
saída do Estado da condição de provedor de produtos e/ou serviços para a
posição de regulador. Nessa mudança, a função de controlar os novos
provedores de serviços públicos se torna condição fundamental para garantir a
prestação desses serviços, com preços justos e qualidade (SALDANHA, 2006, p. 6).
Antes da globalização, alguns países tinham a preocupação de proteger o
mercado nacional da competição internacional. Com a aceleração no processo
industrial e redução das fronteiras que a tecnologia está proporcionando, o foco
passou a ser permitir que a economia nacional torne-se competitiva
internacionalmente.
Segundo SALDANHA(2006, p. 3), a aprovação da Lei Federal no. 8.987/1995 foi
importante passo para a participação do capital privado na infra-estrutura
nacional, ao dispor sobre o regime de concessão e permissão da prestação de
serviços públicos, conforme previsão do art. 175 da CF/88. Cita ainda que a Lei
Federal no. 9.074/1995, que estabelece normas para outorga e prorrogações das
concessões e permissões de serviços públicos.
Vivemos numa era de mudanças rápidas; num mercado global, que impõe
enorme pressão competitiva às nossas instituições econômicas. Vivemos na
sociedade da informação, em que o povo tem acesso às informações quase tão
depressa quanto seus líderes. Vivemos numa economia baseada no
conhecimento, onde trabalhadores de bom nível educacional resistem aos
comandos e exigem autonomia. Vivemos numa era de nichos de mercado, com
consumidores habituados a uma alta qualidade e ampla escolha (OSBORNE &
GAEBLER, 1994).
Com o recuo do governo de seu papel tradicional de provedor de última
instância, apenas um esforço organizado encabeçado pelo terceiro setor e
adequadamente apoiado pelo setor público será capaz de prestar os serviços
sociais básicos – alimentação, assistência à saúde, educação, moradia,
segurança e proteção ao meio ambiente – e começar o processo de
revitalização da economia social e da vida cívica de cada país (FERREIRA, 2002, p.
229).
A reengenharia do setor público também é defendida por Drucker, diante do
internacionalismo de uma economia global em que dinheiro e informação não
têm pátria, do regionalismo com a formação dos blocos econômicos do
tribalismo, por força da necessidade de as pessoas criar raízes e conviver em
comunidade. Drucker argumenta que a nova estrutura social é uma sociedade de
organização, cuja função é tornar produtivo o conhecimento. Este passa a ser o
fator de produção decisivo, o recurso realmente controlador, superando os fatores
tradicionais: capital, terra e mão-de-obra. Nesta sociedade pós-capitalista, as
pessoas são donas do principal fator de produção, o conhecimento. Entretanto,
sua capacidade de fazer uma contribuição depende de elas terem acesso a uma
organização. Segundo o autor, o investimento no setor de serviços comunitários
também é a alternativa. Num primeiro momento, para minimizar o impacto sobre
as vítimas das mudanças; posteriormente, este setor será, provavelmente, um dos
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
101
verdadeiros setores em crescimento das economias desenvolvidas, ao passo que
a necessidade de caridade irá declinar (FERREIRA, 2002, p. 229).
Assim, não causa surpresa que a reengenharia, apesar de tão criticada no meio
empresarial privado, seja apontada por estes e outros autores como a alternativa
necessária para as organizações do setor público, pois exigem-se mudanças
radicais. Estas mudanças começam com a redefinição da missão, visam à
elevação da produtividade dos serviços e à criação de organizações
transnacionais para enfrentar os desafios que não reconhecem fronteiras, tais
como desastres ambientais, terrorismo, drogas, exportação de criminalidade e
prostituição, armamento bélico, direitos humanos, abismos existentes nas
condições de trabalho entre regiões, etc.
A discussão sobre o papel do setor público não é sem motivo, pois se trata do
poder legitimamente constituído. Ele é capaz de direcionar todos os esforços no
sentido de dar robustez ao setor de serviços comunitários, amortecendo os
impactos da era da informação (FERREIRA, 2002, p. 229-230).
Outra prática comum no meio empresarial é o Downsizing, um achatamento da
estrutura organizacional, diminuindo níveis hierárquicos. É um enxugamento da
máquina, reduzindo a quantidade de funcionários e funções, sem diminuir a
produtividade e eficiência.
Estado grande ou pequeno?
ou
Privatizar?
Estatizar?
Terceirizar?
Reengenharia?
Downsizing
Parcerias?
Que tamanho deve ter o Estado?
Em que áreas a participação do Estado é fundamental?
Em que áreas a atuação do Estado é prejudicial?
Reflita sobre as questões acima e discuta com seus colegas de
turma. Você verá que surgirão opiniões diferentes sobre o
assunto.
Pesquise o significado das palavras Rengenharia e Downsizing.
ANOTE
102
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Seção 4 - Desburocratizando a Administração Pública
Você já deve ter reclamado muitas vezes da burocracia inútil. Aquele caso em
que morre o paciente sem o atendimento, porque primeiro tem de preencher o
formulário.
Desburocratizar é administrar de forma mais humana e eficaz, confiando mais e
punindo os que não correspondem à confiança, dando mais valor às palavras e
aos fatos do que aos documentos (LACOMBE & HEILBORN, 2006).
Hoje, isto não é fácil de imaginar, mas há cem anos a palavra burocracia tinha um
sentido positivo. Designava um método de organização racional e eficiente, para
substituir o exercício arbitrário do poder pelos regimes autoritários (OSBORNE &
GAEBLER, 1994).
A desburocratização pode ter vários propósitos. Por exemplo, ela pode:
Reduzir custos com procedimentos, papéis e atividades inúteis;
Reduzir controles cujo custo seja superior ao custo do que é controlado;
Melhorar o atendimento aos usuários ou consumidores;
Proporcionar aos funcionários a oportunidade de mostrar sua iniciativa e
criatividade;
Agilizar o processo administrativo, por meio da descentralização de
autoridade (LACOMBE & HEILBORN, 2006, p. 476).
Nossa tese é simples: o tipo de governo que se desenvolveu durante a era
industrial, com sua burocracias lenta e centralizada, preocupado com normas e
regulamentos, sujeito a cadeias de comando hierárquicas, deixou de funcionar
bem. Na sua época, esses governos foram capazes de grandes realizações, mas
ao longo do tempo se afastaram de nossas necessidades. Tornaram-se inchados,
ineficientes, funcionando com desperdício. E quando o mundo começou a
mudar, não acompanharam essas mudanças. As burocracias hierárquicas,
centralizadas, concebidas nas décadas de 30 e 40, simplesmente não funcionam
bem no quadro altamente mutável da sociedade e da economia dos anos 90,
rico de informações e conhecimento. São como transatlânticos de luxo numa era
de jatos supersônicos: grandes, caros e pouco ágeis. Gradualmente, estão sendo
substituídos por novas modalidades de instituições públicas (OSBORNE & GAEBLER,
1994).
A Desburocratização no Brasil
SABER M
Acesse: www.desburocratizar.org.br
Uma referência nacional
sobre o tema foi Hélio Beltrão,
que costumava dizer:
“Desburocratizar é humanizar”.
Este tema é tão importante, que foi abordado pelos dos últimos governos.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
103
Governo lula
DECRETO no. 5.378 DE 23 DE FEVEREIRO DE 2005. Art. 1o Fica instituído o Programa
Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GESPÚBLICA, com a finalidade
de contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados aos
cidadãos e para o aumento da competitividade do País.
(https://www.planalto.gov.br)
Governo FHC
DECRETO no. 3.335, DE 11 DE JANEIRO DE 2000. Art. 1o Ficam instituídos o Comitê
Interministerial de Desburocratização, no âmbito do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, e os Comitês Executivos Setoriais de Desburocratização,
para dar continuidade às ações do Programa Nacional de Desburocratização,
instituído pelo Decreto no. 83.740, de 18 de julho de 1979, tendo como atribuições
essenciais:
I - a redução da interferência do Governo na vida do cidadão e nas
atividades das empresas e outras entidades organizadas, com vistas a
abreviar a solução dos casos em que essa interferência se fizer
necessária;
II - a redução de custos;
III - a contribuição para a melhoria do atendimento ao público nos órgãos e
nas entidades da Administração Pública Federal.
(https://www.planalto.gov.br)
Seção 5 - É Possível Governar Como Quem Administra
Uma Empresa?
É possível que você já tenha feito esta pergunta para alguém, ou refletiu sobre
este tema. No livro, Reinventando o Governo – como o espírito empreendedor
está transformando o setor público, de David Osborne e Ted Gaebler, leitura
recomendada para quem está investido na função ou tem interesse em aprender
mais sobre a eficiência no setor público, podemos encontrar algumas explicações
como estas: enquanto a iniciativa privada busca o lucro, recebe seus recursos dos
clientes e presta serviços em livre concorrência, necessitando melhorar processos,
reduzir custos e treinar os funcionários para atender bem ao cliente, por estar em
um ambiente de alta competitividade. Na administração pública, o foco é a
popularidade do administrador, que recebe os recursos dos contribuintes, nem
sempre a preocupação é a redução de custos e melhoria do processo (para não
dizer raramente). Apesar de existir no quadro ótimos funcionários, também há
funcionários desmotivados e sem preocupação com a qualidade do serviço
prestado ao contribuinte, além de que a administração trabalha em um
monopólio, pois não tem concorrentes nos serviços que presta.
Não podemos esquecer que há farta legislação a ser cumprida que impede a
administração pública de ter a mesma agilidade que a administração privada.
Como ensina o Professor Meirelles: “Enquanto na administração particular é lícito
fazer tudo que a lei não proíbe, na administração pública só é permitido fazer o
que a lei autoriza” (MEIRELLES,1985, p. 82).
104
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
É verdade que há uma legislação regulando toda a ação do Estado, que
sofremos com falta de recursos, que temos problemas sérios para resolver. Mas é
possível melhorar muito.
Algumas sugestões extraídas do livro Reinventando o Governo:
Reduzir a burocracia; descentralizar a autoridade, reduzir a hierarquia, privilegiar a
qualidade, aproximar-se dos clientes, administrar mais e executar menos, competir
com o mercado, ter flexibilidade, inovar, empreender, buscar resultados, avaliar
desempenhos, gerar receita ao invés de despesas, planejamento para governar
com previsibilidade, governo orientado para o mercado, administração
participativa, mais profissionalismo e menos influência política, investir nos
funcionários, dar poder e responsabilidade aos cidadãos em lugar de
simplesmente servi-los, estar voltado às reestruturações exigidas pelo mercado,
novos modelos e alternativas.
Brasil: um país de todos
A diversidade é a marca do Brasil. Em quinhentos anos de História, construiu-se
uma nação formada por vários povos, dona de uma cultura variada e de um
vasto território, atualmente dividida em 26 estados, um Distrito Federal e 5.563
municípios. Sendo uma democracia, o exercício do Poder é atribuído a órgãos
distintos e independentes, cada qual com uma função, prevendo-se ainda um
sistema de controle entre eles, de modo que nenhum possa agir em desacordo
com as leis e a Constituição.
A geografia do País mostra forte concentração das atividades econômicas e da
população sobre uma parcela menor do espaço brasileiro; fatores que
influenciam na concentração da renda e da riqueza e na exclusão social. Interferir
nesse cenário e construir um país de oportunidades iguais são os desafios que
fundamentam o exercício da cidadania e as políticas públicas.
(http://www.brasil.gov.br/pais/)
"O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos
corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O
que mais preocupa é o silêncio dos bons ."
Martin Luther King
Qual a sua opinião sobre a frase acima?
Você quer melhorar o local onde vive? É preciso participar do processo de
mudança. Tem muita gente ruim participando da gestão pública? Mas onde
estão os bons? Em silêncio? O seu silêncio é o que mais preocupa.
Precisamos agir, fazer a nossa parte e motivar outros a fazer o mesmo. Vamos
formar uma corrente dos bons para melhorar a administração pública em nosso
país.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
105
Vamos relembrar as três formas de Administração Pública:
Administração Pública Patrimonialista - O aparelho do Estado funciona como uma
extensão do poder do soberano, e os seus auxiliares, servidores, possuem status de
nobreza real. Os cargos são considerados prebendas. A rés publica não é
diferenciada da rés principis. Em conseqüência, a corrupção e o nepotismo são
inerentes a esse tipo de administração.
Administração Pública Burocrática - Princípios orientadores do seu
desenvolvimento a profissionalização, a idéia de carreira, a hierarquia funcional, a
impessoalidade, o formalismo, em síntese, o poder racional legal. Os controles
administrativos visando evitar a corrupção e o nepotismo são sempre a priori. O
Estado volta-se para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é
servir à sociedade. A qualidade fundamental da administração pública
burocrática é a efetividade no controle dos abusos; seu defeito, a ineficiência, a
auto-referência, a incapacidade de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistos
como clientes.
Administração Pública Gerencial – Surge como resposta, de um lado, à expansão
das funções econômicas e sociais do Estado e, de outro, ao desenvolvimento
tecnológico e à globalização da economia mundial, uma vez que ambos
deixaram à mostra os problemas associados à adoção do modelo anterior. A
eficiência da administração pública - a necessidade de reduzir custos e aumentar
a qualidade dos serviços, tendo o cidadão como beneficiário - torna-se então
essencial. A reforma do aparelho do Estado passa a ser orientada
predominantemente pelos valores da eficiência e qualidade na prestação de
serviços públicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas
organizações.
Até onde o Estado deve interferir na vida do cidadão?
O Estado cristão é exemplo de Estado máximo e o Estado burguês como exemplo
de estado mínimo.
Discussões como essa fez surgir regimes como o socialismo e o capitalismo. Alguns
defendendo a implantação de um regime socialista, baseado na produção
coletiva e distribuição igualitária de renda onde o Estado assume o papel de
garantir a produção coletiva, desaparecendo o individualismo. Outros o
capitalismo definido como um sistema econômico ou sócio-econômico baseado
na propriedade privada dos meios de produção, no lucro, nas decisões quanto ao
investimento de capital feitas pela iniciativa privada e com a produção,
distribuição e preços dos bens, serviços e mão-de-obra afetados pelas forças da
oferta e da procura.
A discussão sobre o papel do setor público não é sem motivo, pois trata-se do
poder legitimamente constituído. Ele é capaz de direcionar todos os esforços no
sentido de dar robustez ao setor de serviços comunitários, amortecendos impactos
da era da informação.
106
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
Responda às questões abaixo e confira as respostas, no gabarito, no
final do livro
45 – Leia o texto Que tamanho deve ter o Estado? E associe a segunda coluna de
acordo com a primeira:
1 – Hobbes
(
) O Estado cristão é exemplo de estado máximo, e o
estado burguês exemplo de estado mínimo.
2 – Rousseau
(
) É necessário um Estado capaz de regular, de fiscalizar e
de defender o cidadão, o consumidor, o povo do país.
3 – Bobbio
(
) O homem é bom naturalmente, e a vida em sociedade
requer um acordo mútuo para que o governo possa
estabelecer regras mais justas de convivência.
4 – Smith
(
)
5 – FHC
(
) Há uma mão invisível que governa o mercado, e o
O Estado é protetor da humanidade, já que o homem
tem uma natureza má.
governo deve proporcionar condições favoráveis a esta
competição
A Seqüência correta é:
a) 3, 2, 4, 1, 5; b) 2, 3, 5, 1,4; c) 3, 5, 2, 1, 4; d) 5, 1, 3, 2, 4;
e) 4, 3, 1, 2, 5.
46 – Assinale a alternativa que não representa um dos propósitos da
desburocratização:
a) Redução de controles cujo custo seja superior ao custo do que é
controlado.
b) Agilização do processo administrativo, por meio da centralização de
autoridade.
c) Redução de custos com procedimentos, papéis e atividades inúteis.
d) Proporcionar aos funcionários a oportunidade de mostrar sua iniciativa e
criatividade.
e) Melhorar o atendimento aos usuários ou consumidores.
47 – Qual das alternativas abaixo não representa uma dificuldade para que a
administração pública seja administrada como uma empresa privada?
a)Na administração pública, o foco é a popularidade do administrador, que
recebe os recursos dos contribuintes e nem sempre a preocupação é a
redução de custos e a melhoria do processo.
b)Apesar de existir no quadro ótimos funcionários, também há funcionários
desmotivados e sem preocupação com a qualidade do serviço prestado
ao contribuinte.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
107
c) Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não
proíbe, na administração pública só é permitido fazer o que a lei autoriza.
d) Troca do administrador principal da empresa a cada período eleitoral.
e) A legislação a ser cumprida, que impede a administração pública de ter
a mesma agilidade que a administração privada.
48 – Qual das alternativas abaixo não é uma sugestão apresentada no livro
Reinventando o Governo, de David Osborne e Ted Gaebler:
a) Avaliação de desempenho, redução da burocracia, busca de
resultados.
b) Descentralização da autoridade, redução de hierarquia, flexibilidade.
c) Privatização, governo orientado à estrutura, preocupação ambiental.
d) Aproximação dos clientes, competir com o mercado, empreender.
e) administração participativa, gerar receita ao invés de despesas, inovar.
49 - A geografia do País mostra forte concentração das atividades econômicas e
da população sobre uma parcela menor do espaço brasileiro, fatores que
influenciam na concentração da renda e da riqueza, e na exclusão social.
Qual é o desafio que fundamenta o exercício da cidadania e as políticas
públicas (de acordo com o texto)?
a)Conscientizar a população para a busca de alternativas melhores para
sua família em outras regiões mais desenvolvidas.
b)Conscientizar a população para a responsabilidade na eleição de
representantes mais comprometidos com o desenvolvimento regional.
c)Interferir no cenário e construir um país de oportunidades iguais.
d)Investir na educação permitindo a toda população acesso ao ensino
público gratuito e de qualidade.
e)Redução da inflação e erradicação da fome e da pobreza no país.
108
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
RETOMANDO ACONVERSA
CONVERSAINICIAL
INICIAL
Prezado(a) aluno(a)
Agora que nossa disciplina chega ao final, lembrei-me
Prezado(a)de
aluno
(a)
um trecho
da música de composição de Roberto e
Erasmo Carlos chamada “Eu quero apenas”. Este
trecho diz assim: “Eu quero ter um milhão de amigos e
Você estábem
iniciando
o Curso
Técnico
em Gestão Pública e talvez seja seu
mais forte
poder
cantar...”
primeiro curso na modalidade a distância. Nesta modalidade de ensino, sua
Parafraseando:
ver um Brasil unido e
dedicação
e participação“Eu
sãoquero
importantíssimas.
esclarecido, o país mudar...”
Este material didático tem o objetivo de lhe ajudar a compreender o
surgimento e desenvolvimento da gestão pública. O conteúdo cuida de
conceitos e temas relevantes que possibilitam visão l da administração pública
e suas principais temáticas. Aqui você encontrará um orientador de estudos
que, além de informar, indica onde poderá ser encontrado material
complementar de estudo.
Neste fascículo, a administração pública é retratada em seus aspectos gerais,
possibilitando a utilização deste material de estudo em todo o território
nacional. Os assuntos foram desenvolvidos de forma simples, utilizando
linguagem de fácil entendimento, da mesma forma como foi selecionada a
bibliografia.
Parabéns pela iniciativa e decisão de fazer o curso. Este é o primeiro passo,
agora vamos ao conteúdo...
BONS ESTUDOS!
Prof. Ciro Bächtold.
Figura disponível no sítio: http://www.brasil.gov.br/pais/
Noções de Administração Púlbica - Ciro Bächtold
109
Referências
Bibliográficas
JUND, Sergio. As novas doutrinas de Administração Pública e os seus reflexos nos
controles e na Auditoria de Desempenho dos Programas Governamentais.
Dissertação de Mestrado, EBAPE/FGV, 2002.
LACOMBE, Francisco José Masset & HEILBORN, Gilberto Luiz. Administração,
princípios e tendências. São Pualo : Saraiva, 2006.
LÁZARE, Natalino. Servidor Público : Uma luz no fim do túnel. 2 Ed., Santa Catarina :
Perfil Brasileiro. 1995.
MATUS, Carlos. Política, planejamento & governo. Brasília : IPEA, 1993.
MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Introdução à administração. 6. ed. São Paulo :
Atlas, 2004.
MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Introdução à Administração. São Paulo: Atlas,
2000.
MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Teoria Geral da Administração: da escola
científica à competitividade na economia globalizada. São Paulo: Atlas, 2000.
MEGGINSON, Leon C., MOSLEY, Donald C. & PETRY, Paul H. Jr. Administração
Conceitos e Aplicações. São Paulo : Harbra, 1998.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. São Paulo : RT, 1985.
NEVES, Amajari Grangeiro. Poder X Autoridade: Parte I. folha de Boa vista. 23-042008.
OSBORN, David e GAEBLER, TED. Reinventando o Governo; como o espírito
empreendedor está transformando o setor público. Trad. De Sérgio Fernando
Guarischi Bath e Ewandro Magalhães Jr. 2 Ed. Brasília : MH Comunicação, 1994.
PAZZINATO, Alceu Luiz & SENISE, Maria Helena Valente. História Moderna e
Contemporânea. 2 Ed., São Paulo, Àtica S.A., 1992.
PEDRO, Antonio. História Geral: compacto, 2º grau, São Paulo, FTD, 1995.
PEIXE, Blênio César Severo. Finanças Públicas – Controladoria governamental.
Curitiba : Juruá, 2002.
PRATES, Ceres Alves - Secretária de Gestão do Ministério do Planejamento,
Orçamento qual reforma deve ser feita e de que maneira deve ocorrer a
transição do Estado que se tem para o Estado e Gestão – 2000.
SANTOS, Clézio Saldanha dos. Introdução à Gestão Pública. São Paulo: Saraiva,
2006.
Seminário Balanço da Reforma do Estado no Brasil (2002 : Brasília, DF).
SILVA, Lino Martins da. Contabilidade Governamental : Um enfoque administrativo.
7 Ed. São Paulo : Atlas, 2004.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
113
AZAMBUJA, Darcy. Teoria geral do Estado. Porto Alegre : Globo, 1959.
BATEMAN, T.S. & SNEL, S.A. Administração: Construindo a Vantagem Competitiva.
São Paulo: Atlas, 1998.
BOBBIO, Norberto. Estado,Governo, Sociedade- Para uma teoria geral da política.
Trad. Marco Aurelio Nogueira. 3. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 1988.
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
BRESSER PEREIRA, Luiz Carlos. Administração pública gerencial:estratégia e estrutura
para um novo estado. Brasília: Enap, 1996.
CACERES, Florival, História do Brasil, São Paulo, Moderna, 1993.
CARDOSO, Ciro Flamarion S. O Egito Antigo, 1 Ed., São Paulo, Brasiliense, 1988.
CARNEGIE, Dale. Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas. São Paulo. Educador,
2000.
CARNEY, Martin. Estado e teoria política. 4 Ed. Campinas : Papirus, 1994.
CATANI, Afrânio M. O Que é Capitalismo. 7 Ed. São Paulo, Brasiliense, 1981.
CHIAVENATO, Idalbert. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7ª ed. revista e
atualizada. Rio de Janeiro : Elsevier, 2003.
COTRIM, Gilberto. História e Consciência do Mundo, 1 Ed. São Paulo, Saraiva, 1994.
DALLARI, D. A. Direitos Humanos e Cidadania. 1.ed. São Paulo: Moderna, 1998.
FERREIRA, Ademir Antonio. REIS, Ana Carla Fonseca e PEREIRA, Maria Isabel. Gestão
Empresarial: de Taylor aos nossos dias. São Paulo : Pioneira, 2002.
FLEIUSS, Max, História Administrativa do Brasil, 2 Ed., pág. 10.
GEORGE, Pierre. Geografia da População, Tradução de Miguel Urbano Rodrigues,
4 Ed., São Paulo, Difel, 1975.
GIAMBIAGI, Fabio & ALÉM, Ana Cláudia Duarte . Finanças Públicas : teoria e
prática. Rio de Janeiro : Campos, 1999.
GUARESCHI, Pedrinho A. Sociologia crítica: alternativas de mudança. Porto Alegre,
Mundo Jovem, 1998.
GUIMARÃES, Alberto Passos. Quatro Séculos de Latifúndio. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1968.
JAMESON, Samuel H. Que é Administração Pública? Fundação Getúlio Vargas.
1962.
114
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
SILVA, Pedro Gabril Kenne da - O papel do controle interno na administração
pública. Disponível no site www.ufrgs.br/necon/pciap.pdf
SINGER, Paul. O Capitalismo: sua evolução, sua lógica e sua dinâmica. São Paulo,
Moderna, 1987.
VIZENTINI, Paulo Gilberto Fagundes. Os Liberais e a Crise da República Velha, 1 ed.,
São Paulo, Brasiliense, 1983.
VOGEL, Luiz Henriquie, MARTINS, Ricardo e XAVIER, Rejane - O Poder Legislativo no
Brasil, um estado republicano, democrático e representativo.
WELLS, H.G. História Universal, Tradução de Anísio Teixeira, 7 Ed., São Paulo,
Companhia Nacional, 1968.
WILLIAMS, Raymond – Cultura e Sociedade, 1780-1950, São Paulo: Nacional, 1969.
GABARITO
1.c
2.e
3.b
4.a
5.d
6.e
7.a
8.d
9.b
10.c
11.c
12.c
13.a
14.b
15.b
16.d
17.e
18.c
19.d
20.b
21.a
22.c
23.b
24a.
25.c
26c.
27.e
28.a
29.c
30.a
31.a
31.b
33.d
34.c
35.d
36.e
37.c
38.e
39.b
40.b
41.c
42.b
43.b
44.a
45.
46.
47.
48.
49.
50.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
115
O AUTOR
CIRO BÄCHTOLD – Especialista em Administração Pública pelo Complexo de Ensino
Superior do Brasil (UNIBRASIL), pós-graduado em Contabilidade e Finanças pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR), bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade
Católica de Administração e Economia (FAE), técnico em Administração de Empresas pelo
Colégio Estadual Campos Sales. Trabalhou durante 18 anos na Prefeitura Municipal de
Campina Grande do Sul, ocupando diversos cargos entre eles: Secretário Municipal de
Governo, Diretor de Tributação, Contador, Fiscal de Tributos e Oficial de Administração. Na
Prefeitura Municipal de Campina Grande do Sul, fez parte do Conselho Municipal de
Segurança, do Conselho Municipal da Assistência Social e do Conselho Municipal da
Criança e do Adolescente.
Atualmente é professor da Universidade Federal do Paraná (ET/UFPR) e representante dos
professores no Conselho Diretor da Escola Técnica da UFPR. Ocupa os cargos de vicecoordenador do curso de Contabilidade no ensino presencial e coordenador do Curso de
Gestão Pública e também do curso Tecnólogo em Gestão Pública no ensino a distância da
Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná (ET/UFPR).
No ensino presencial leciona as disciplinas de Contabilidade de Custos, Administração de
Custos, Análise das Demonstrações Contábeis, Contabilidade Introdutória, Contabilidade
Empresarial e Administração Financeira.
No ensino a distância nos Cursos Técnicos da ET/UFPR. Foi professor das disciplinas de
Noções de Administração Pública e Noções de Contabilidade Pública para o Curso
Técnico em Gestão Pública, Teoria Geral da Administração, Contabilidade Empresarial e
Contabilidade de Custos para o Curso Técnico em Gestão Pública, Contabilidade de
Custos I e II, Análise das Demonstrações Contábeis I e II para o Curso Técnico em
Contabilidade. Foi professor-autor do material didático das disciplinas: Noções de
Administração Pública para o Curso Técnico em Gestão Pública, Contabilidade de Custos
para o Curso Técnico em Administração e Contabilidade de Custos I e II, Análise das
Demonstrações Contábeis I e II para o Curso Técnico em Contabilidade. Atuou como
professor tutor das disciplinas: Noções de Administração Pública, Tributos e Contribuições, e
Responsabilidade Fiscal para o Curso Técnico em Gestão Pública, Teoria Geral da
Administração, Contabilidade Empresarial e Contabilidade de Custos para o Curso Técnico
em Administração, Contabilidade Básica para o Curso Técnico em Secretariado,
Contabilidade de Custos I e II, Análise das Demonstrações Contábeis I e II e Contabilidade
Pública para o Curso Técnico em Contabilidade.
Noções de Administração Pública - Ciro Bächtold
117