D E S TA Q U E S
da American Heart Association 2015
Atualização das Diretrizes de RCP e ACE
Índice
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Questões Éticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Sistemas de Atendimento e Melhoria Contínua da Qualidade . . . . . . . . . . . . . 3
Suporte Básico de Vida para Adultos e Qualidade da RCP:
RCP Aplicada por Socorrista Leigo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Suporte Básico de Vida para Adultos e Qualidade da RCP:
SBV Aplicado por Profissionais de Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Técnicas Alternativas e Dispositivos Auxiliares para RCP . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Suporte Avançado de Vida Cardiovascular para Adultos . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Cuidados Pós-PCR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Síndromes Coronárias Agudas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Situações Especiais em Ressuscitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Suporte Básico de Vida em Pediatria e Qualidade da RCP . . . . . . . . . . . . . . . 20
Suporte Avançado de Vida em Pediatria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Ressuscitação Neonatal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Primeiros Socorros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Agradecimentos
A American Heart Association agradece as seguintes pessoas pela contribuição que izeram para o desenvolvimento desta publicação:
Mary Fran Hazinski, RN, MSN; Michael Shuster, MD; Michael W. Donnino, MD; Andrew H. Travers, MD, MSc; Ricardo A. Samson, MD;
Steven M. Schexnayder, MD; Elizabeth H. Sinz, MD; Jeff A. Woodin, NREMT-P; Dianne L. Atkins, MD; Farhan Bhanji, MD;
Steven C. Brooks, MHSc, MD; Clifton W. Callaway, MD, PhD; Allan R. de Caen, MD; Monica E. Kleinman, MD; Steven L. Kronick, MD, MS;
Eric J. Lavonas, MD; Mark S. Link, MD; Mary E. Mancini, RN, PhD; Laurie J. Morrison, MD, MSc; Robert W. Neumar, MD, PhD;
Robert E. O’Connor, MD, MPH; Eunice M. Singletary, MD; Myra H. Wyckoff, MD; e a equipe do Projeto de Destaques das Diretrizes da AHA.
Edição em português: Hélio Penna Guimarães, MD, PhD, FAHA e a equipe do Projeto de Destaques das Diretrizes da AHA.
© 2015 American Heart Association
Introdução
Esta publicação com os “Destaques das Diretrizes” resume
os principais pontos de discussão e alterações feitas na
Atualização das Diretrizes de 2015 da American Heart
Association (AHA) para Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP)
e Atendimento Cardiovascular de Emergência (ACE). Ela
foi desenvolvida para que os proissionais que executam
a ressuscitação e os instrutores da AHA possam focar
na ciência da ressuscitação e nas recomendações MAIS
importantes das diretrizes, ou controversas ou que resultem
em mudanças na prática ou treinamento da ressuscitação.
Além disso, explica o raciocínio adotado nas recomendações.
Como esta publicação foi concebida como um resumo, ela não
menciona os estudos de referência publicados e não informa
Classes de Recomendações ou Níveis de Evidência. Para
obter informações e referências mais detalhadas, incentivamse a leitura da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para
RCP e ACE, inclusive o Resumo Executivo1, publicado na
Circulation em outubro de 2015, e a consulta ao resumo
detalhado da ciência da ressuscitação no Consenso Científico
Internacional de 2015 sobre RCP e ACE, com recomendações
de tratamento, publicado, simultaneamente, na Circulation2
e na Resuscitation.3
A Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE se
baseia em um processo internacional de avaliação de evidências
que envolveu 250 revisores de 39 países. O processo da revisão
sistemática de 2015 do International Liaison Committee on
Resuscitation (ILCOR) foi bastante diferente quando comparado
com o processo utilizado em 2010. No processo de revisão
sistemática de 2015, as forças-tarefa do ILCOR priorizaram
tópicos para revisão, selecionando aqueles em que havia novos
conhecimentos e controvérsias suicientes para suscitar uma
revisão sistemática. Em consequência dessa priorização, foram
realizadas menos revisões em 2015 (166) do que em 2010 (274).
Figura 1
Novo sistema de classiicação da AHA para as classes de recomendação e nível de evidências*
CLASSE (INTENSIDADE) DA RECOMENDAÇÃO
NÍVEL (QUALIDADE) DAS EVIDÊNCIAS‡
CLASSE I (FORTE)
NÍVEL A
Benefício >>> Risco
Sugestões de frases para recomendações:
◾ É recomendado
◾ É indicado/útil/eicaz/benéico
◾ Deve ser realizado/administrado/outro
◾ Frases de eicácia comparativa†:
• Recomenda-se/indica-se o tratamento/estratégia A
em relação ao tratamento B
• Preira o tratamento A ao B
CLASSE IIa (MODERADA)
Benefício >> Risco
Sugestões de frases para recomendações:
◾ É aconselhável
◾ Pode ser útil/eicaz/benéico
◾ Frases de eicácia comparativa†:
• O tratamento/estratégia A é provavelmente
recomendado/indicado em relação ao tratamento B
• É aconselhável preferir o tratamento A ao B
CLASSE IIb (FRACA)
Benefício ≥ Risco
Sugestões de frases para recomendações:
◾ Pode ser aconselhável
◾ Pode-se considerar
◾ A utilidade/eicácia é desconhecida/indeinida/incerta
ou não muito bem estabelecida
CLASSE III: Nenhum benefício (MODERADA) Benefício = Risco
(Geralmente, somente uso de NE A ou B)
Sugestões de frases para recomendações:
◾ Não é recomendado
◾ Não é indicado/útil/eicaz/benéico
◾ Não deve ser realizado/administrado/outro
CLASSE III: Danos (FORTE)
Risco > Benefício
Sugestões de frases para recomendações:
◾ Possivelmente prejudicial
◾ Causa danos
◾ Associado a morbidade/mortalidade excessiva
◾ Não deve ser realizado/administrado/outro
◾ Evidências de alta qualidade‡ de mais de um 1 ensaio
randomizado controlado
◾ Meta-análises de ensaios randomizados controlados
de alta qualidade
◾ Um ou mais ensaios randomizados controlados,
corroborados por estudos de registro de alta qualidade
NÍVEL B-R
(Randomizado)
◾ Evidências de qualidade moderada‡ de 1 ou mais ensaios
randomizados controlados
◾ Meta-análises de ensaios randomizados controlados
de qualidade moderada
NÍVEL B-NR
(Não randomizado)
◾ Evidências de qualidade moderada‡ de 1 ou mais ensaios
não randomizados, estudos observacionais ou estudos
de registro bem elaborados e executados
◾ Meta-análises desses tipos de estudos
NÍVEL C-LD
(Dados limitados)
◾ Estudos observacionais e de registro randomizados ou não,
com limitações de método e execução
◾ Meta-análises desses tipos de estudos
◾ Estudos isiológicos ou mecanísticos em seres humanos
NÍVEL C-EO
(Opinião de especialista)
Consenso de opinião de especialistas com base em
experiência clínica.
O CR (classe de recomendação) e o NE são determinados de forma independente
(qualquer CR pode ser combinado com qualquer NE).
Uma recomendação com NE C não implica que a recomendação seja fraca. Muitas
questões clínicas importantes abordadas nas diretrizes não se prestam a ensaios
clínicos. Embora não haja ensaios randomizados controlados disponíveis, pode existir
um consenso clínico muito claro de que um determinado exame ou tratamento seja
útil ou eicaz.
* O desfecho da intervenção deve ser especiicado (melhor desfecho clínico ou aumento
da precisão do diagnóstico ou mais informações de prognóstico).
† Para recomendações sobre a eicácia comparativa (CR I e IIa; somente NE A e B),
estudos que defendem o uso de verbos de comparação devem envolver comparações
diretas dos tratamentos ou estratégias que estão sendo avaliados.
‡ O método de avaliação da qualidade está evoluindo, inclusive a aplicação de
ferramentas padronizadas, amplamente utilizadas e preferencialmente validadas para
a classiicação das evidências; e para revisões sistemáticas, a incorporação de uma
Comitê de Revisão de Evidências.
CR indica classe de recomendação; EO, opinião de especialistas; LD, dados limitados;
NE, Nível de evidência; e NR, não randomizado.
Destaques
Destaques
da Atualização
da Atualização
dasdas
Diretrizes
Diretrizes
da AHA
da AHA
2015
2015
para
para
RCPRCP
e ACE
e ACE
1 1
Uma vez selecionados os tópicos, houve duas adições
importantes ao processo de revisão de 2015. Em primeiro
lugar, os revisores utilizaram o Grading of Recommendations
Assessment, Development, and Evaluation (GRADE;
www.gradeworkinggroup.org), um sistema de revisão de
evidências altamente estruturado e replicável, para melhorar
a consistência e a qualidade das revisões sistemáticas de 2015.
Em segundo lugar, revisores de todas as partes do mundo
puderam trabalhar juntos, virtualmente, para concluir as revisões
sistemáticas. Eles utilizaram a Systematic Evidence Evaluation
and Review System (SEERS), uma plataforma na Internet
desenvolvida especialmente pela AHA com o objetivo de auxiliar
em várias das etapas do processo de avaliação. O site da
SEERS foi utilizado para divulgar publicamente os rascunhos do
Consenso Internacional de 2015 sobre a Ciência da RCP e do
ACE com Recomendações de Tratamento do ILCOR e receber
comentários do público. Para saber mais sobre a SEERS
e veriicar a lista completa de todas as revisões sistemáticas
realizadas pelo ILCOR, acesse www.ilcor.org/seers.
A Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP
e ACE é bem diferente das edições anteriores das Diretrizes
da AHA para RCP e ACE. O Comitê de ACE determinou
que esta versão da 2015 seria uma atualização, que trataria
somente dos tópicos abordados pela revisão de evidências do
ILCOR 2015 ou daqueles solicitados pela rede de treinamento.
Essa decisão é garantia de termos apenas um padrão para
avaliação de evidências, que é o processo criado pelo ILCOR.
Em decorrência disso, a Atualização das Diretrizes da AHA
2015 para RCP e ACE não constitui uma revisão completa das
Diretrizes da AHA 2010 para RCP e ACE. A versão integrada
está disponível on-line em ECCguidelines.heart.org.
A publicação do Consenso Internacional de 2015 sobre
a Ciência da RCP e do ACE com Recomendações de
Tratamento dá início a um processo de revisões contínuas
da ciência da ressuscitação. Os tópicos revisados em 2015
serão atualizados conforme necessário, com a adição
de novos tópicos. Os leitores devem monitorar o site da
SEERS para manter-se atualizados sobre os mais recentes
conhecimentos em ressuscitação e sobre a avaliação desse
conhecimento pelo ILCOR. Quando surgirem evidências
suicientes que indiquem a necessidade de alterar as
Diretrizes da AHA para RCP e ACE, as alterações serão feitas
e comunicadas aos médicos e à rede de treinamento.
Na Atualização das Diretrizes de 2015, foi utilizada a versão
mais recente das deinições da AHA para as Classes de
Recomendações e Níveis de Evidência (Figura 1). Os leitores
notarão que essa versão contém uma modiicação na
recomendação da Classe III: Nenhum benefício — a ser utilizada
com pouca frequência quando for demonstrado, segundo
evidências observadas em um estudo de qualidade alta ou
moderada (nível de evidência (NE) A ou B, respectivamente),
que uma determinada estratégia não chega a ser melhor que
o controle. Os níveis de evidência também foram modiicados.
O NE B é agora dividido em NE B-R (estudos randomizados)
e NE B-NR (estudos não randomizados). O NE C agora
é dividido em NE C-LD (dados limitados) e C-EO (opinião
do especialista).
Conforme apresentado no recém-publicado relatório4 do Instituto
de Medicina e na Resposta da AHA ao Consenso do ACE a esse
relatório,5 é necessário fazer muito mais para avançar a ciência
e a prática da ressuscitação. É preciso um esforço conjunto para
inanciar pesquisas sobre ressuscitação por PCR semelhantes
às que têm impulsionado as pesquisas sobre câncer e AVC nas
duas últimas décadas. As lacunas existentes na ciência são
claras quando se analisam as recomendações que constam
na Atualização das Diretrizes de 2015 (Figura 2). Coletivamente,
os níveis de evidência e as classes de recomendação em
2
American Heart Association
Figura 2
Distribuição de classes de
recomendação e nível de
evidências, em porcentagem, do total de 315
Recomendações para
Atualização das Diretrizes da AHA 2015
Classes de recomendação de 2015
Classe III: Danos
5%
Classe III: Nenhum
benefício
2%
Classe I
25%
Classe IIb
45%
Classe IIa
23%
Níveis de Evidência
NE A
1%
NE C-EO
23%
NE B-R
15%
NE B-NR
15%
NE C-LD
46%
Porcentagem de 315 recomendações.
ressuscitação são baixos, sendo apenas 1% do total das
recomendações de 2015 (3 de 315) baseado no maior nível de
evidência (NE A) e apenas 25% das recomendações (78 de 315)
designadas como de Classe I (recomendação forte). A maioria
(69%) das recomendações da Atualização das Diretrizes de 2015
se respalda em baixos níveis de evidência (NE C-LD ou C-EO),
e quase a metade (144 de 315; 45%) é classiicada como de
Classe IIb (recomendação fraca).
Durante todo o processo de avaliação de evidências do ILCOR
e o desenvolvimento da Atualização das Diretrizes de 2015,
os participantes aderiram rigorosamente às exigências de
declaração de conlitos de interesse da AHA. A equipe da AHA
processou mais de 1000 declarações de conlitos de interesse,
de todos os coordenadores do grupo de redação das Diretrizes
e pelo menos 50% dos membros desse grupo não podiam
apresentar conlitos de interesse relevantes.
Questões Éticas
Com a evolução da prática da ressuscitação, é preciso também
reavaliar as considerações éticas. É um desaio, sob vários
pontos de vista, gerenciar as muitas decisões associadas
à ressuscitação, sobretudo quando os proissionais de
saúde lidam com questões éticas ao decidir sobre fornecer
ou não intervenções cardiovasculares de emergência.
As questões éticas que envolvem a decisão sobre quando
iniciar ou inalizar uma RCP são complexas e podem variar
em diferentes contextos (dentro ou fora do hospital), entre
proissionais (suporte básico ou avançado) e a população
de pacientes (neonatal, pediátrico, adulto). Embora os
princípios éticos não tenham mudado desde a publicação
das Diretrizes de 2010, os dados que servem de base para
muitas discussões éticas foram atualizados pelo processo de
revisão de evidências. O processo de revisão de evidências
do ILCOR 2015 e a consequente Atualização das Diretrizes
da AHA incluem várias atualizações do conhecimento que têm
implicações nas decisões éticas referentes a pacientes antes,
durante e depois da PCR.
Recomendações importantes, novas
e atualizadas, que podem servir de
base para decisões éticas
• Uso de RCP extracorpórea (ECPR) para PCR
• Fatores prognósticos durante a PCR
• Revisão de evidências sobre os escores do prognóstico para
bebês prematuros
• Prognóstico para crianças e adultos após PCR
• Função de órgãos transplantados recuperados após a PCR
Há uma maior consciência de que, embora as crianças e os
adolescentes não possam tomar decisões legalmente válidas,
é preciso compartilhar as informações com eles na medida
do possível, utilizando linguagem e informações adequadas
em nível de desenvolvimento de cada paciente. Além disso,
o termo limitação dos cuidados foi alterado para limitação de
intervenções, e há maior disponibilidade do formulário POLST
(Physician Orders for Life-Sustaining Treatment, ou ordem do
médico para tratamento de suporte de vida), um novo método
legal de identiicação das pessoas que apresentam limitações
especíicas nas intervenções de inal da vida, tanto dentro
como fora das unidades de saúde. Mesmo com os novos
dados de que o sucesso dos transplantes renais e hepáticos
obtidos de doadores adultos não está relacionado ao fato de o
doador receber manobra de RCP, a doação de órgãos após a
ressuscitação permanece controversa. Os pontos de vista sobre
várias questões éticas importantes, que são temas de debate
contínuo sobre a doação de órgãos no cenário de emergência,
estão resumidos na "Parte 3: Questões Éticas" da Atualização
das Diretrizes de 2015.
Sistemas de Atendimento e
Melhoria Contínua da Qualidade
A Atualização das Diretrizes de 2015 fornece às partes
interessadas uma nova perspectiva sobre os sistemas de
atendimento, diferenciando as PCR ocorridas no ambiente
hospitalar (intra-hospitalares) (PCRIH) das PCR extrahospitalares (PCREH). Os principais destaques são:
• Uma taxonomia universal para os sistemas de atendimento
• Separação da Cadeia de sobrevivência do adulto da AHA em duas:
uma para sistemas de atendimento intra-hospitalar e outra para
o ambiente extra-hospitalar
• Revisão das melhores evidências sobre como esses sistemas
Novas estratégias de ressuscitação, como a ECPR, tornaram
de atendimento de PCR são reavaliados, com foco em PCR,
mais complicadas as decisões sobre a suspensão das medidas
infarto do miocárdio com supradesnivelamento do segmento
de ressuscitação (consulte a seção Suporte Avançado de Vida
ST (IAMST) e acidente vascular cerebral (AVC)
Cardiovascular nesta publicação). A compreensão do uso
adequado, das implicações e dos benefícios prováveis
relacionados a esses novos tratamentos terá impacto na
decisão. Há novas informações sobre o prognóstico para
neonatos, crianças e adultos durante e após a PCR (consulte
Ressuscitação neonatal,
Suporte avançado de
vida em pediatria e
Figura 3
Cuidado pós-parada
cardíaca). O aumento
Taxonomia dos sistemas de atendimento: SPSO
da utilização do CDT
(controle direcionado
de temperatura) levou
Estrutura Processo Sistema Desfecho
a novos desaios para
prever desfechos
neurológicos em
Satisfação
Pessoas
Protocolos
Programas
pacientes comatosos
Educação
Políticas
Organizações
após a PCR. Os
Equipamentos
Cultura
Procedimentos
dados mais recentes
sobre a utilidade de
determinados exames
Evolução
Estrutura
Processo
Sistema
e estudos devem servir
do paciente
de base para decisões
sobre metas de
tratamento e a limitação
Qualidade
Segurança
de intervenções.
Melhoria contínua da qualidade
Integração, Colaboração, Medição, Avaliação Comparativa, Feedback
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
3
Componentes de um sistema de atendimento
2015 (Novo): Identiicou-se que os elementos universais de um
sistema de atendimento oferecem às partes interessadas uma
estrutura comum com a qual é possível montar um sistema
integrado de ressuscitação (Figura 3).
Por quê: Os cuidados com a saúde exigem uma estrutura (por
exemplo, pessoas, equipamentos, treinamento) e processos
(por exemplo, políticas, protocolos, procedimentos) que, quando
integrados, produzam um sistema (por exemplo, programas,
organizações, culturas) que otimize os desfechos (por exemplo,
sobrevivência e segurança dos pacientes, qualidade, satisfação).
Um sistema de atendimento eicaz compreende todos estes
elementos - estrutura, processos, sistema e desfechos do
paciente - numa estrutura de melhoria contínua da qualidade.
Cadeias de sobrevivência
2015 (Novo): É recomendado o uso de cadeias de
sobrevivência distintas (Figura 4) que identiiquem as diferentes
vias de cuidado dos pacientes que sofrem uma PCR no hospital
ou no ambiente extra-hospitalar.
Por quê: O atendimento de todos os pacientes após a PCR,
independentemente de onde esta ocorra, converge ao hospital,
geralmente numa unidade de cuidados intensivos onde são
fornecidos os cuidados pós-PCR. Os elementos da estrutura
e os processos necessários antes dessa convergência são
muito diferentes para os dois ambientes. Pacientes que têm uma
PCREH dependem da assistência da comunidade. Os socorristas
leigos precisam reconhecer a PCR, pedir ajuda, iniciar a RCP e
aplicar a desibrilação (ou seja, ter acesso público à desibrilação
(APD) até que um time de serviço médico de emergência (SME)
com formação proissional assuma a responsabilidade e, em
seguida, transporte o paciente para um pronto-socorro e/ou um
laboratório de hemodinâmica. O paciente é inalmente transferido
para uma unidade de cuidados intensivos, onde se dará
continuidade ao tratamento. Por outro lado, pacientes que têm
uma PCRIH dependem de um sistema de vigilância adequado
(por exemplo, resposta rápida ou sistema de alerta imediato) para
evitar a PCR. Ao ocorrer uma PCR, os pacientes dependem da
interação harmoniosa dos vários departamentos e serviços da
instituição e de um time multidisciplinar de proissionais, que inclua
médicos, enfermeiros, isioterapeutas, entre outros.
Uso da mídia social para convocar socorristas
2015 (Novo): Nas comunidades, pode ser viável incorporar
tecnologias de mídia social que convoquem socorristas que
estejam nas proximidades de uma vítima com suspeita de
PCREH e que estejam dispostos e possam realizar a RCP.
Por quê: Há evidências limitadas que justiiquem o uso das
mídias sociais pelos atendentes para notiicar socorristas sobre
uma possível PCR nas proximidades, e a ativação das mídias
sociais não mostrou melhorar a sobrevivência nos casos de
PCREH. No entanto, em um estudo recente, realizado na
Suécia, houve um aumento signiicativo na taxa de RCP iniciada
por transeuntes quando se utilizava um sistema de atendimento
por telefone celular.6 Dados o baixo risco e os possíveis
benefícios, bem como a onipresença dos dispositivos digitais,
os municípios poderiam considerar a incorporação dessas
tecnologias nos sistemas de atendimento de PCREH.
Figura 4
Cadeias de sobrevivência de PCRIH e PCREH
PCRIH
Vigilância e prevenção
Reconhecimento e
acionamento do serviço
médico de emergência
RCP imediata de
alta qualidade
Profissionais de saúde básica
Rápida desibrilação
Suporte avançado de vida
e cuidados pós-PCR
Lab. de
hemod.
Equipe de
ressuscitação
UTI
PCREH
Reconhecimento e
acionamento do serviço
médico de emergência
RCP imediata de
alta qualidade
Socorristas leigos
4
American Heart Association
Rápida desibrilação
Serviços médicos
básicos e avançados
de emergências
SME
Suporte avançado de vida
e cuidados pós-PCR
Depto. de
Emergência
Lab. de
hemod.
UTI
Time de ressuscitação: Sistemas de sinais
de alerta iniciais, times de resposta rápida
e sistemas de times de emergência médica
2015 (Atualizado): Para pacientes adultos, os sistemas de
times de resposta rápida (TRR) ou de times de emergência
médica (TEM) podem ser eicazes na redução da incidência de
PCR, especialmente nos setores de cuidados gerais. Sistemas
de TEM/TRR pediátricos podem ser considerados em
instalações em que crianças com doenças de alto risco
são atendidas em unidades gerais de internação. Pode-se
considerar a utilização de sistemas de sinais de alerta iniciais
para adultos e crianças.
2010 (Antigo): Embora existam evidências conlitantes,
o consenso entre especialistas recomenda a identiicação
sistemática de pacientes com risco de PCR, resposta
organizada a esses pacientes e a avaliação dos desfechos
para promover a melhoria contínua da qualidade.
Por quê: TRRs ou TEMs foram estabelecidos para fornecer
intervenção inicial em pacientes com deterioração clínica,
com o objetivo de prevenir a PCRIH. As equipes podem ser
compostas por diversas combinações de médicos, enfermeiros
e isioterapeutas. Essas equipes são geralmente convocadas
ao leito do paciente quando a equipe do hospital identiica
uma deterioração aguda. O time, normalmente, traz consigo
equipamentos e medicamentos para monitoramento de
emergência e ressuscitação. Embora as evidências ainda
estejam em evolução, há uma nítida validade no conceito de
ter equipes treinadas na complexa coreograia da ressuscitação.
Melhoria contínua da qualidade dos programas
de ressuscitação
2015 (Reconirmação de 2010): Os sistemas de ressuscitação
devem estabelecer a avaliação contínua e a melhoria dos
sistemas de atendimento.
Por quê: Há evidências de considerável variação regional nas
incidências e nos desfechos de PCR relatados nos Estados
Unidos. Essa variação destaca a necessidade de que as
comunidades e os sistemas identiiquem cada ocorrência de
PCR tratada e registrem os desfechos. É provável que haja
oportunidades de melhorar a probabilidade de sobrevivência
em muitas comunidades.
Programas de ressuscitação comunitários e em hospitais devem
monitorar sistematicamente as PCRs, o nível do suporte de
ressuscitação fornecido e o desfecho. A melhoria contínua da
qualidade inclui avaliação sistemática e feedback, medição
ou avaliação comparativa e análise. São necessários esforços
contínuos para otimizar o atendimento de ressuscitação
para que se possam reduzir as lacunas existentes entre
o desempenho ideal e real durante a ressuscitação.
Por quê: Por centro de ressuscitação cardíaca, entende-se
um hospital que oferece atendimento baseado em evidências
durante a ressuscitação e nos cuidados pós-PCR, inclusive
a capacidade de intervenção coronária percutânea (ICP)
24 horas por dia, 7 dias por semana, controle direcionado
de temperatura com um volume anual adequado de casos
e compromisso com a melhoria contínua do desempenho,
que inclua medição, avaliação comparativa, feedback
e alterações nos processos. Espera-se que os sistemas
de atendimento de ressuscitação aumentem a probabilidade
de sobrevivência observada após a implantação de outros
sistemas de atendimento, como em traumatologia.
Suporte Básico de Vida para Adultos
e Qualidade da RCP: RCP
Aplicada por Socorrista Leigo
Resumo dos principais pontos de discussão
e alterações
Entre as principais questões e alterações feitas nas
recomendações da Atualização das Diretrizes de 2015 para
RCP de adultos, realizada por socorristas leigos, estão:
• Os elos fundamentais da cadeia de sobrevivência de adultos no
ambiente extra-hospitalar permaneceram inalterados com relação
a 2010, com ênfase contínua no algoritmo universal simpliicado
do Suporte Básico de Vida (SBV) para adultos.
• O Algoritmo do SBV/Adulto foi modiicado de modo a reletir o fato
de que os socorristas podem ativar o serviço de médico emergência
(ou seja, via telefone celular) sem sair do lado da vítima.
• Recomenda-se que as comunidades que têm pessoas com risco de
PCR implantem programas de acesso público à desibrilação (APD).
• As recomendações foram reforçadas com objetivo de incentivar
o reconhecimento imediato da ausência de resposta, o acionamento
do serviço médico de emergência e o início da RCP, caso o socorrista
leigo encontre uma vítima que não responde que não esteja respirando
ou que não respire normalmente (por exemplo, com gasping).
• Deu-se mais ênfase à rápida identiicação de possível PCR por parte
dos atendentes, com disponibilização imediata das instruções de RCP
para a pessoa ao telefone (ou seja, RCP orientada pelo atendente).
• A sequência recomendada para um único socorrista foi conirmada:
o único socorrista deve iniciar as compressões torácicas antes
de aplicar as ventilações de resgate (C-A-B em vez de A-B-C),
para reduzir o tempo até a primeira compressão. O único socorrista
deve iniciar a RCP com 30 compressões torácicas seguidas por
duas respirações.
• Tem-se dado ênfase permanente nas características de uma RCP
de alta qualidade: comprimir o tórax com frequência e profundidade
adequadas, permitir o retorno total do tórax após cada compressão,
minimizar interrupções nas compressões e evitar ventilação excessiva.
Regionalização do atendimento
• A velocidade recomendada para as compressões torácicas
é de 100 a 120/min (atualizada em relação ao mínimo de 100/min).
2015 (Reconirmação de 2010): Pode-se considerar uma
abordagem regionalizada para a ressuscitação por PCREH
que inclua a utilização de centros de ressuscitação cardíaca.
• A recomendação conirmada para a profundidade das compressões
torácicas em adultos é de, pelo menos, 2 polegadas (5 cm), mas não
superior a 2,4 polegadas (6 cm).
• Pode-se considerar a administração de naloxona por transeuntes,
em casos de suspeita de emergências potencialmente fatais
associadas a opioides.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
5
Estas alterações têm como objetivo simpliicar o treinamento
de socorristas leigos e enfatizar a necessidade de aplicar
compressões torácicas o quanto antes em vítimas de PCR. Mais
informações sobre estas alterações encontram-se abaixo.
Nos tópicos a seguir, as alterações ou os pontos a enfatizar para
socorristas leigos que sejam semelhantes aos utilizados para
proissionais de saúde estão indicados com um asterisco (*).
Programas comunitários de DEAs para
socorristas leigos
2015 (Atualizado): Recomenda-se implantar os programas
de APD para pacientes com PCREH em locais públicos onde
haja uma probabilidade relativamente alta de PCR presenciada
(por exemplo, aeroportos, cassinos, instalações esportivas).
2010 (Antigo): A RCP e o uso de desibriladores externos
automáticos (DEAs) por primeiros socorristas socorristas de
segurança pública foram recomendados por aumentarem
a probabilidade de sobrevivência em casos de PCR extrahospitalar. As Diretrizes de 2010 recomendavam estabelecer
programas de DEAs em locais públicos nos quais exista
probabilidade relativamente alta de PCR presenciada (por
exemplo, aeroportos, cassinos, instituições esportivas).
Por quê: Há evidências claras e consistentes de uma maior
sobrevivência à PCR quando a pessoa presente no local realiza
a RCP e rapidamente usa um DEA. Assim, o acesso imediato
a um desibrilador é um componente fundamental do sistema
de atendimento. A implantação de um programa de APD envolve
quatro componentes essenciais: (1) uma resposta prática
e planejada, que, preferencialmente, inclua a identiicação dos
locais e bairros onde haja alto risco de PCR, a disponibilização
e informação da localização dos DEAs para as pessoas presentes
no local, e, normalmente, supervisão por um proissional de
saúde; (2) treinamento dos possíveis socorristas em RCP e na
utilização do DEA; (3) contato integrado com o serviço médico de
emergência local; e (4) um programa de melhoria contínua
da qualidade.
A abordagem do sistema de atendimento para casos de
PCREH pode incluir políticas públicas que vinculem os locais de
DEAs aos pontos de acesso A serviços públicos (PASP, o ponto
de acesso a serviços públicos substituiu ponto menos preciso
ponto de atendimento como a central de SME). Com essas
políticas, os PASPs poderiam orientar as pessoas presentes no
local a buscar os DEAs próximos e ajudá-las a utilizá-los quando
da ocorrência de um PCREH. Muitas cidades, bem como o
governo federal dos EUA, aprovaram leis para disponibilizar
DEAs em edifícios municipais, grandes locais públicos,
aeroportos, cassinos e escolas. Para os 20% de casos de
PCREH que ocorrem em espaços públicos, esses programas
comunitários representam um elo importante na cadeia de
sobrevivência entre o reconhecimento e o acionamento dos
PASPs. Essas informações são mais detalhadas na "Parte 4:
Sistemas de Atendimento e Melhoria Contínua da Qualidade"
na Atualização das Diretrizes de 2015.
Existe pouca evidência para recomendações pró ou contra
a implementação de DEAs em domicílios. Vítimas de PCREH
que ocorrem em residências particulares têm muito menos
probabilidade de receber compressões torácicas do que
pacientes que sofrem PCR em locais públicos. Instruções
em tempo real, fornecidas pelos atendentes de emergências,
podem ajudar os possíveis socorristas, no ambiente domiciliar,
a iniciar a ação. Programas arrojados de treinamento em PCR
para as comunidades, juntamente com protocolos eicazes
de atendimento antes da chegada dos proissionais de saúde,
podem melhorar os desfechos.
6
American Heart Association
Identificação de gasping pelo
atendente/operador
As vítimas de PCR podem apresentar atividade semelhante
a convulsão ou gasping, o que pode confundir os possíveis
socorristas. Os atendentes devem ser treinados especiicamente
para identiicar essas apresentações de PCR e possibilitar
o reconhecimento e a aplicação imediatos da RCP orientada
por eles.
2015 (Atualizado): Para ajudar as pessoas presentes no local
a reconhecer a PCR, os atendentes devem perguntar sobre
a ausência de resposta da vítima e a qualidade da respiração
(normal ou anormal). Se a vítima não responder e não respirar,
ou apresentar respiração anormal, o socorrista e o atendente
devem presumir que a vítima esteja sofrendo uma PCR.
Os atendentes devem ser treinados para identiicar a ausência
de resposta com gasping ou respiração agônica em várias
apresentações e descrições clínicas.
2010 (Antigo): Para ajudar as pessoas presentes
a reconhecerem a PCR, os atendentes devem perguntar
sobre a capacidade de resposta da vítima adulta, se a vítima
está respirando e se a respiração está normal, na tentativa de
distinguir vítimas com gasping (ou seja, que necessitam de RCP)
de vítimas que respiram normalmente e que não necessitam
de RCP.
Por quê: Essa alteração em relação às Diretrizes de 2010
enfatiza a função do atendente de emergência em ajudar
o socorrista leigo a reconhecer a ausência ou a anormalidade
da respiração.
Os atendentes devem ser especiicamente treinados para
ajudar as pessoas presentes a entender que o gasping é um
sinal de PCR. Os atendentes/operadores também devem estar
cientes de que convulsões breves e generalizadas podem ser
a primeira manifestação da PCR. Em suma, além de acionar
os proissionais do serviço de emergência, o atendente deve
fazer perguntas claras e diretas sobre se o paciente está
respondendo e se a respiração está normal ou anormal, a im
de identiicar pacientes com possível PCR e possibilitar a RCP
orientada pelo próprio atendente.
Ênfase nas compressões torácicas*
2015 (Atualizado): Socorristas leigos sem treinamento devem
fornecer RCP somente com as mãos, com ou sem orientação
de um atendente, para adultos vítimas de PCR. O socorrista
deve continuar a RCP somente com compressão até a chegada
de um DEA ou de socorristas com treinamento adicional. Todos
os socorristas leigos devem, no mínimo, aplicar compressões
torácicas em vítimas de PCR. Além disso, se o socorrista leigo
treinado puder realizar ventilações de resgate, as compressões
e as ventilações devem ser aplicadas na proporção de
30 compressões para cada 2 ventilações. O socorrista deve
continuar a RCP até a chegada e a preparação de um DEA para
uso, ou até que os proissionais do SME assumam o cuidado
da vítima ou que a vítima comece a se mover.
2010 (Antigo): Se a pessoa presente não tiver treinamento em
RCP, ela deverá aplicar a RCP somente com compressão na
vítima adulta que apresentar colapso súbito, com ênfase em
"comprimir com força e rapidez" no centro do tórax, ou seguir
as instruções do atendente do SME. O socorrista deve continuar
a RCP somente com compressão até a chegada e a preparação
de um DEA para uso ou até que os proissionais do SME
assumam o cuidado da vítima. Todos os socorristas leigos
treinados devem, no mínimo, aplicar compressões torácicas em
vítimas de PCR. Além disso, se o socorrista leigo treinado puder
realizar ventilações de resgate, as compressões e as ventilações
devem ser aplicadas na relação de 30 compressões para cada
2 ventilações. O socorrista deve continuar a RCP até a chegada
e preparação de um DEA para uso ou até que os proissionais
do SME assumam o cuidado da vítima.
Por quê: A RCP somente com compressão é mais fácil de
ser executada por um socorrista não treinado e pode ser
prontamente orientada por telefone pelos atendentes.
Além disso, a probabilidade de sobrevivência às PCRs
de etiologia cardíaca em adultos é semelhante para a RCP
somente com compressão e a RCP com compressões
e ventilação de resgate, quando aplicada antes da chegada
do SME. No entanto, para o socorrista leigo treinado e capaz,
a recomendação continua sendo a de aplicar compressões
e ventilações.
Frequência das compressões torácicas*
2015 (Atualizado): Em vítimas adultas de PCR, o correto
é que os socorristas apliquem compressões torácicas a uma
frequência de 100 a 120/min.
2010 (Antigo): É sensato que os socorristas leigos e
proissionais de saúde realizem compressões torácicas a uma
frequência mínima de 100 compressões por minuto.
Por quê: O número de compressões torácicas aplicadas por
minuto durante a RCP é um fator determinante importante do
retorno da circulação espontânea (RCE) e da sobrevivência
com boa função neurológica. O número real de compressões
torácicas aplicadas por minuto é determinado pela frequência
das compressões torácicas e o número e a duração das
interrupções nas compressões (para, por exemplo, abrir a via
aérea, administração de ventilação de resgate, permitir análise
DEA). Na maioria dos estudos, a aplicação de mais compressões
está associada a maiores taxas de sobrevivência, ao passo
que a aplicação de menos compressões está associada a uma
menor sobrevivência. A aplicação de compressões torácicas
adequadas exige ênfase não somente na frequência adequada de
compressões, mas também em minimizar interrupções a este
Quadro 1
Número de compressões
aplicadas, afetadas
pela frequência de compressão
e por interrupções
• O número total de compressões aplicadas durante a ressuscitação é um fator
determinante importante da sobrevivência em PCR.
• O número de compressões aplicadas é afetado pela frequência (das compressões
(por minuto) e pela fração das compressões (a porção do tempo total da RCP
durante o qual as compressões são realizadas). Qualquer aumento na frequência
e na fração das compressões gera um aumento no número total de compressões
aplicadas. Para melhorar a fração das compressões, deve-se reduzir o número
e a duração das interrupções das compressões.
• Podemos encontrar uma analogia em uma viagem de automóvel. Ao viajar de
automóvel, o número de quilômetros percorridos em um dia é afetado não somente
pela velocidade (taxa de deslocamento), mas também pelo número e pela duração
das paradas feitas (interrupções do deslocamento). Um deslocamento a 60 km/h,
sem interrupções, traduz-se numa distância percorrida real de 60 quilômetros
em uma hora. Um deslocamento a 60 km/h, com exceção de uma parada de
10 minutos, traduz-se numa distância percorrida real de 50 quilômetros em
uma hora. Quanto mais frequentes e mais prolongadas forem as paradas,
menos quilômetros serão realmente percorridos.
componente crítico da RCP. Uma frequência de compressão
inadequada ou interrupções frequentes (ou ambas) reduzirão
o número total de compressões aplicadas por minuto. Uma
novidade na Atualização das Diretrizes de 2015 são os limites
superiores recomendados para a frequência das compressões
e a de profundidade das compressões, com base em dados
preliminares que sugerem que o excesso na frequência e na
profundidade das compressões afetar negativamente os desfechos.
A adição de um limite superior para a frequência das compressões
se baseia na análise de um grande estudo de registro que associa
taxas de compressão extremamente altas (superiores a 140/
min) à profundidade de compressão incorreta. O Quadro 1 usa a
analogia de uma viagem de automóvel para explicar o efeito da
frequência das compressões e das interrupções no número total
de compressões aplicadas durante a ressuscitação.
Profundidade das compressões torácicas*
2015 (Atualizado): Durante a RCP manual, os socorristas
devem aplicar compressões torácicas até uma profundidade
de, pelo menos, 2 polegadas (5 cm) para um adulto médio,
evitando excesso na profundidade das compressões torácicas
(superiores a 2,4 polegadas (6 cm)).
2010 (Antigo): O esterno adulto deve ser comprimido,
no mínimo, 2 polegadas (5 cm).
Por quê: As compressões geram luxo sanguíneo,
principalmente, por aumentar a pressão intratorácica
e comprimir diretamente o coração, o que, por sua vez, gera
um luxo sanguíneo crítico e fornece oxigênio para o coração
e o cérebro. Muitas vezes, os socorristas não comprimem o
tórax com profundidade suiciente, apesar da recomendação
de "comprimir com força". Embora se recomende uma
profundidade de compressão de pelo menos 2 polegadas
(5 cm), a Atualização das Diretrizes de 2015 inclui novas
evidências sobre o potencial de um limite máximo para a
profundidade das compressões (superior a 2,4 polegadas
(6 cm)), além do qual podem ocorrer complicações. Pode
ser difícil julgar a profundidade de compressão sem o uso de
dispositivos de feedback. A identiicação dos limites superiores
da profundidade de compressão também pode ser um desaio.
É importante que os socorristas saibam que a recomendação
sobre o limite superior da profundidade de compressão se
baseia em um único estudo muito pequeno que demonstrou
uma associação entre a profundidade de compressão
excessiva e lesões não potencialmente fatais. Grande parte
do monitoramento feito por dispositivos de feedback para
RCP sugere que as compressões são frequentemente mais
supericiais do que profundas.
Naloxona administrada por transeunte
presente no local em casos de emergências
potencialmente fatais associadas a opioides*
2015 (Novo): Em pacientes com dependência de opioides,
conhecida ou suspeita, que não respondem, apresentam
respiração anormal, mas têm pulso, é adequado que
socorristas leigos devidamente treinados e proissionais de
saúde capacitados para SBV, além da prestação dos cuidados
básicos, administrem naloxona por via intramuscular (IM) ou
intranasal (IN). Pode-se considerar o treinamento em resposta
à overdose de opioides, com ou sem distribuição de naloxona,
para pessoas com risco de overdose em qualquer ambiente.
Este tópico também é abordado na seção Situações Especiais
em Ressuscitação.
• Durante uma RCP, os socorristas precisam aplicar compressões eicazes a uma
frequência (100 a 120/minuto) e profundidade apropriadas, minimizando o número
e a duração das interrupções nas compressões torácicas. Outros componentes de
uma RCP de alta qualidade compreendem obter o retorno total do tórax após cada
compressão e evitar ventilação excessiva.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
7
Por quê: Há dados epidemiológicos substanciais que
demonstram a grande carga de doenças oriunda de overdoses
de opioides letais, bem como alguns casos de sucesso
documentados em estratégias nacionais direcionadas para
a administração de naloxona por transeuntes em pessoas sob
risco. Em 2014, o autoinjetor de naloxona foi aprovado pela Food
and Drug Administration dos EUA para uso por socorristas leigos
e proissionais de saúde.7 A rede de treinamento em ressuscitação
solicitou informações sobre a melhor maneira de incorporar esse
dispositivo nas diretrizes e no treinamento de SBV para adultos.
Essa recomendação inclui o tratamento recém-aprovado.
Suporte Básico de Vida para
Adultos e Qualidade da
RCP: SBV Aplicado por Profissionais
de Saúde
Resumo dos principais pontos de discussão
e alterações
Entre as principais questões e alterações feitas nas
recomendações da Atualização das Diretrizes de 2015 para
proissionais de saúde estão:
• Estas recomendações permitem lexibilidade no acionamento
do serviço médico de emergência para corresponder melhor
ao ambiente clínico do proissional de saúde.
• Socorristas treinados são encorajados a executar simultaneamente
algumas etapas (ou seja, veriicar se há respiração e pulso ao
mesmo tempo), na tentativa de reduzir o tempo até a primeira
compressão torácica.
• Os critérios para minimizar as interrupções são esclarecidos, com
a maior meta possível na fração de compressões torácicas, com alvo
de pelo menos 60%.
• Em locais onde os sistemas de SME já adotaram conjuntos de
procedimentos que envolvem compressões torácicas contínuas,
o uso de técnicas de ventilação passiva pode ser considerado
parte desse conjunto para vítimas de PCREH.
• Em pacientes com RCP em curso e uma via aérea avançada
instalada, recomenda-se uma frequência de ventilação simpliicada
de 1 respiração a cada 6 segundos (10 respirações por minuto).
Estas alterações foram concebidas para simpliicar o treinamento
do proissional de saúde e continuar enfatizando a necessidade
de aplicar uma RCP de alta qualidade, o quanto antes, em vítimas
de PCR. Mais informações sobre estas alterações encontram-se
a seguir.
Nos tópicos a seguir, destinados a proissionais de saúde,
o sinal de asterisco (*) indica aqueles que são semelhantes
para proissionais de saúde e socorristas leigos.
Reconhecimento imediato e acionamento do
serviço médico de emergência
2015 (Atualizado): Os proissionais de saúde devem pedir
ajuda nas proximidades ao encontrarem uma vítima que não
responde, mas seria bastante prático o proissional de saúde
continuar a avaliar a respiração e o pulso simultaneamente antes
de acionar totalmente o serviço médico de emergência
(ou telefonar para pedir apoio).
• Equipes integradas por socorristas bem treinados podem usar uma
abordagem coreografada que execute várias etapas e avaliações
simultaneamente, em vez do modo sequencial, utilizado por
socorristas individuais (por exemplo, um socorrista ativa o serviço
médico de emergência, enquanto outro começa as compressões
torácicas, e um terceiro fornece ventilação ou busca o dispositivo
bolsa-válvula-máscara para ventilações de resgate, e um quarto
busca e prepara o desibrilador).
2010 (Antigo): O proissional de saúde deve veriicar se há
resposta, olhando para o paciente, para determinar se a respiração
está anormal ou ausente.
• Tem-se dado maior ênfase em RCP de alta qualidade, que utiliza
metas de desempenho (com frequência e profundidade de
compressão torácica adequadas, permitindo retorno total do tórax
entre as compressões, minimizando interrupções nas compressões
e evitando ventilação excessiva). Consulte a Tabela 1.
Ênfase nas compressões torácicas*
• A frequência das compressões foi modiicada para o intervalo
de 100 a 120/min.
• A profundidade das compressões em adultos foi modiicada
para pelo menos 2 polegadas (5 cm), mas não deve ser superior
a 2,4 polegadas (6 cm).
Tabela 1
Por quê: A intenção das alterações feitas nas recomendações
é minimizar atrasos e incentivar a rapidez e a eiciência na
avaliação e na resposta simultâneas, em vez de uma abordagem
lenta, metódica, passo a passo.
2015 (Atualizado): É sensato que os proissionais de saúde
apliquem compressões torácicas e ventilação em todos os
pacientes adultos com PCR, seja por uma causa cardíaca ou não
cardíaca. Além disso, os proissionais de saúde podem adaptar a
sequência de ações de resgate à causa mais provável da PCR.
2010 (Antigo): É esperado que o SME e os socorristas
proissionais nos hospitais apliquem compressões torácicas
e ventilações de resgate em vítimas de PCR.
O que fazer e o que não fazer no SBV para obter uma RCP de alta qualidade para adultos
Os socorristas devem
8
• Para que haja retorno total da parede do tórax após cada compressão,
os socorristas devem evitar apoiar-se no tórax entre as compressões.
Os socorristas não devem
Realizar compressões torácicas a uma frequência de 100 a 120/min
Comprimir a uma frequência inferior a 100/min ou superior a 120/min
Comprimir a uma profundidade de pelo menos 2 polegadas (5 cm)
Comprimir a uma profundidade inferior a 2 polegadas (5 cm) ou superior
a 2,4 polegadas (6 cm)
Permitir o retorno total do tórax após cada compressão
Apoiar-se sobre o tórax entre compressões
Minimizar as interrupções nas compressões
Interromper as compressões por mais de 10 segundos
Ventilar adequadamente (2 respirações após 30 compressões, cada respiração
administrada em 1 segundo, provocando a elevação do tórax)
Aplicar ventilação excessiva (ou seja, uma quantidade excessiva
de respirações ou respirações com força excessiva)
American Heart Association
Por quê: A RCP somente com compressão é recomendada
para socorristas não treinados, pois é relativamente fácil para os
atendentes orientá-los com instruções por telefone. Espera-se
que os proissionais de saúde sejam treinados em RCP
e possam executar compressões e ventilações com eiciência.
No entanto, a prioridade do proissional, sobretudo se atuando
sozinho, ainda deve ser ativar o serviço médico de emergência
e aplicar compressões torácicas. Pode haver circunstâncias que
justiiquem uma alteração na sequência, como a disponibilidade
de um DEA que o proissional possa rapidamente buscar e usar.
Choque primeiro versus RCP primeiro
2015 (Atualizado): Em PCR de adultos presenciada, quando há
um DEA disponível imediatamente, deve-se usar o desibrilador
o mais rapidamente possível. Em adultos com PCR sem
monitoramento ou quando não houver um DEA prontamente
disponível, deve-se iniciar a RCP enquanto o desibrilador
é obtido e aplicado e tentar a desibrilação, se indicada,
assim que o dispositivo estiver pronto para uso.
2010 (Antigo): Ao presenciar uma PCR extra-hospitalar
e havendo um DEA prontamente disponível no local, o socorrista
deverá iniciar a RCP com compressões torácicas e usar o DEA
o quanto antes. Proissionais de saúde que tratem de um PCR
em hospitais ou outras instituições com DEAs ou desibriladores
no local devem aplicar a RCP imediatamente e usar o DEA/
desibrilador tão logo o equipamento esteja disponível. Estas
recomendações foram concebidas como apoio à RCP precoce
e à desibrilação inicial, em particular quando há um DEA ou
um desibrilador disponível instantes após o ataque da PCR.
Quando a PCREH não for presenciada pelo pessoal do SME,
o SME poderá iniciar a RCP enquanto veriica o ritmo com
o DEA ou no ECG e se prepara para a desibrilação. Em tais
circunstâncias, podem-se considerar de 1½ a 3 minutos de
RCP antes da tentativa de desibrilação. Quando houver dois
ou mais socorristas presentes, aplique a RCP enquanto se
busca o desibrilador.
Por exemplo, a proporção de compressões de profundidade
inadequada era de cerca de 35%, para uma frequência de
compressões de 100 a 119/min, mas aumentava com
profundidade inadequada em 50% das compressões, quando a
frequência das compressões era de 120 a 139/min, e com uma
profundidade inadequada em 70% das compressões, quando a
frequência de compressões era superior a 140/min.
Profundidade das compressões torácicas*
2015 (Atualizado): Durante a RCP manual, os socorristas
devem aplicar compressões torácicas até uma profundidade
de, pelo menos, 2 polegadas (5 cm) para um adulto médio,
evitando excesso na profundidade das compressões torácicas
(superiores a 2,4 polegadas (6 cm)).
2010 (Antigo): O esterno adulto deve ser comprimido, no
mínimo, 2 polegadas (5 cm).
Por quê: A profundidade das compressões, de
aproximadamente 5 cm, está associada a uma maior
probabilidade de desfechos favoráveis em comparação
com compressões menos profundas. Embora haja menos
evidências sobre a existência de um limite superior além do qual
as compressões poderiam ser demasiadamente profundas,
um recente pequeno estudo sugere possíveis lesões (não
potencialmente fatais) causadas pelo excesso de profundidade
das compressões torácicas (superior a 2,4 polegadas (6 cm).
Pode ser difícil julgar a profundidade de compressão sem o
uso de dispositivos de feedback. A identiicação dos limites
superiores da profundidade de compressão também pode
ser um desaio. É importante que os socorristas saibam que a
profundidade das compressões torácicas é geralmente mais
supericial do que profunda demais.
Retorno do tórax*
2015 (Atualizado): Os socorristas devem evitar apoiar-se sobre
o tórax entre as compressões, para permitir o retorno total da
parede do tórax em adultos com PCR.
Em PCR no hospital, há pouca evidência para sustentar ou
refutar a RCP antes da desibrilação. Contudo, em pacientes
monitorados, o tempo desde a ibrilação ventricular (FV) até
a administração do choque deve ser inferior a 3 minutos,
devendo-se aplicar a RCP enquanto o desibrilador é preparado.
2010 (Antigo): Cabe aos socorristas permitir o retorno total
do tórax após cada compressão, para que o coração se encha
completamente antes da próxima compressão.
Por quê: Embora inúmeros estudos tenham se dedicado
a saber se há algum benefício obtido com a aplicação
de compressões torácicas por um determinado período
(normalmente, 1,5 a 3 minutos) antes da administração do
choque, não se observou nenhuma diferença no desfecho
quando comparado com a administração do choque tão logo
o DEA esteja pronto. A RCP deve ser administrada enquanto
as pás do DEA são aplicadas e até que o DEA esteja pronto
para analisar o ritmo.
Por quê: O retorno total da parede do tórax ocorre quando
o esterno retorna à posição natural ou neutra durante a fase
de descompressão da RCP. O retorno da parede do tórax
cria uma pressão intratorácica negativa relativa que promove
o retorno venoso e o luxo sanguíneo cardiopulmonar. Ao apoiarse sobre a parede torácica entre as compressões, impede-se
o retorno total da parede do tórax. Quando incompleto,
o retorno aumenta a pressão intratorácica e reduz o retorno
venoso, a pressão de perfusão coronária e o luxo sanguíneo do
miocárdio, podendo inluenciar os desfechos da ressuscitação.
Velocidade das compressões torácicas:
100 a 120/min*
Minimização de interrupções nas
compressões torácicas*
2015 (Atualizado): Em vítimas adultas de PCR, o correto
é que os socorristas apliquem compressões torácicas
a uma frequência de 100 a 120/min.
2015 (Reconirmação de 2010): Os socorristas devem tentar
minimizar a frequência e a duração das interrupções das
compressões, para maximizar o número de compressões
aplicadas por minuto.
2010 (Antigo): É sensato que os socorristas leigos e
proissionais de saúde realizem compressões torácicas a uma
frequência mínima de 100 compressões por minuto.
Por quê: A frequência mínima recomendada para as
compressões continua sendo de 100/min. O limite superior de
120/min para a frequência foi adicionado porque, segundo uma
série ampla de registros, à medida que a frequência das
compressões aumenta e ultrapassa 120/min, a profundidade das
compressões diminui de forma dependente da dose.
2015 (Novo): Para adultos em PCR que recebem RCP sem
via aérea avançada, pode-se realizar a RCP com a intenção
de obter uma fração de compressão torácica tão alta quanto
possível, tendo como meta pelo menos 60%.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
9
Tabela 2
Resumo dos componentes de um RCP de alta qualidade para proissionais do SBV
Componente
Segurança do local
Reconhecimento
de PCR
Bebês
Crianças
Adultos e adolescentes
(menos de 1 ano de idade,
excluindo recém-nascidos)
(1 ano de idade à puberdade)
Veriique se o local é seguro para os socorristas e a vítima
Veriique se a vítima responde
Ausência de respiração ou apenas gasping (ou seja, sem respiração normal)
Nenhum pulso deinido sentido em 10 segundos
(A veriicação da respiração e do pulso pode ser feita simultaneamente, em menos de 10 segundos)
Acionamento do
serviço médico
de emergência
Relação
compressãoventilação sem via
aérea avançada
Relação
compressãoventilação com via
aérea avançada
Se estiver sozinho, sem acesso a um
telefone celular, deixe a vítima e acione
o serviço de médico de emergência
e obtenha um DEA, antes de iniciar a RCP
Colapso presenciado
Sigas as etapas utilizadas em adultos e adolescentes, mostradas à esquerda
Do contrário, peça que alguém acione
o serviço e inicie a RCP imediatamente;
use o DEA assim que ele
estiver disponível
Deixe a vítima para acionar o serviço médico de emergência e buscar o DEA
1 ou 2 socorristas
30:2
1 socorrista
30:2
Posicionamento
das mãos
Retorne à criança ou ao bebê e reinicie a RCP;
use o DEA assim que ele estiver disponível
2 ou mais socorristas
15:2
Compressões contínuas a uma frequência de 100 a 120/min
Administre 1 ventilação a cada 6 segundos (10 respirações/min)
Frequência
de compressão
Profundidade
da compressão
Colapso não presenciado
Execute 2 minutos de RCP
100 a 120/min
No mínimo, 2 polegadas (5 cm)*
2 mãos sobre a metade inferior
do esterno
Pelo menos um terço do diâmetro AP
do tórax
Pelo menos um terço do diâmetro AP
do tórax
Cerca de 2 polegadas (5 cm)
Cerca de 1½ polegada (4 cm)
2 mãos ou 1 mão (opcional para
crianças muito pequenas) sobre
a metade inferior do esterno
1 socorrista
2 dedos no centro do tórax, logo abaixo da
linha mamilar
2 ou mais socorristas
Técnica dos dois polegares no centro do
tórax, logo abaixo da linha mamilar
Retorno do tórax
Minimizar interrupções
Espere o retorno total do tórax após cada compressão; não se apoie sobre o tórax após cada compressão
Limite as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10 segundos
*A profundidade da compressão não deve exceder 2,4 polegadas (6 cm).
Abreviações: DEA, desibrilador automático externo; AP, anteroposterior; RCP, ressuscitação cardiopulmonar.
10
American Heart Association
Por quê: As interrupções das compressões torácicas podem
ser propositais, como parte dos cuidados necessários (ou seja,
análise do ritmo e ventilação), ou involuntárias (isto é, distração
do socorrista). A fração das compressões torácicas é uma medida
da proporção do tempo total de ressuscitação durante o qual
são executadas as compressões. Para aumentar a fração de
compressões torácicas, devem-se minimizar as pausas.
A meta ideal de fração das compressões torácicas ainda não
foi deinida. A adição de uma meta na fração das compressões
visa limitar as interrupções das compressões e maximizar
a perfusão coronária e o luxo sanguíneo coronário durante a RCP.
Comparação dos principais elementos do SBV
em adultos, crianças e bebês
A Tabela 2 apresenta os principais elementos do SBV para
adultos, crianças e bebês de 2015 (excluindo-se a RCP para
bebês recém-nascidos).
dividida em diversas camadas, em comunidades urbanas
e rurais, e que oferecem um pacote de serviços de atendimento
que incluam até 3 ciclos de insulação passiva de oxigênio,
inserção de equipamentos acessórios para vias aéreas e 200
compressões torácicas contínuas com choques interpostos,
mostraram melhora da sobrevivência, com estado neurológico
favorável, para vítimas com PCR presenciada ou ritmo chocável.
Ventilação durante a RCP com via aérea
avançada
2015 (Atualizado): O socorrista pode administrar 1 ventilação
a cada 6 segundos (10 respirações por minuto), enquanto são
aplicadas compressões torácicas contínuas (ou seja, durante
a RCP com via aérea avançada).
Feedback das compressões torácicas
2010 (Antigo): Quando houver uma via aérea avançada (ou seja,
tubo endotraqueal, tubo esofagotraqueal ou máscara laríngea)
durante uma RCP com 2 pessoas, administre 1 ventilação a cada
6 a 8 segundos, sem tentar sincronizar as respirações entre as
compressões (o que se traduz em 8 a 10 ventilação por minuto).
2015 (Atualizado): É aceitável utilizar dispositivos de feedback
audiovisuais durante a RCP, para otimizar, em tempo real,
o desempenho da RCP.
Por quê: Essa proporção única e simples para adultos,
crianças e bebês, em vez de um intervalo de ventilações por
minuto, é mais fácil de aprender, memorizar e realizar.
2010 (Antigo): Novos dispositivos de feedback para RCP
podem ser úteis no treinamento de socorristas e como parte
de uma estratégia geral para melhorar a qualidade da RCP em
ressuscitações reais. O treinamento da complexa combinação
de habilidades necessária para a adequada execução de
compressões torácicas deve se concentrar em demonstrar perícia.
Por quê: A tecnologia permite o monitoramento em tempo real,
a gravação e o feedback da qualidade da RCP, incluindo
parâmetros isiológicos do paciente e de desempenho do
socorrista. Esses dados importantes podem ser usados
em tempo real durante a ressuscitação, em reuniões de
consolidação após a ressuscitação e em programas de melhoria
da qualidade que abranjam todo o sistema. Manter o foco
durante a RCP nas características da taxa das compressões,
na profundidade e no retorno do tórax, minimizando
simultaneamente as interrupções, é um desaio complexo,
mesmo para proissionais altamente treinados. Há algumas
evidências de que o feedback da RCP pode ser eicaz no
sentido de modiicar a taxa das compressões torácicas quando
forem muito altas. Há também evidências separadas de que
o feedback da RCP diminui a força de apoio durante as
compressões torácicas. No entanto, até o momento, nenhum
estudo demonstrou nenhuma melhoria signiicativa no desfecho
neurológico favorável ou na sobrevivência à alta hospitalar com
o uso de dispositivos de feedback para RCP durante eventos
reais de PCR.
Atraso na ventilação
2015 (Novo): Em PCREH presenciada, com ritmo chocável,
os sistemas de SME, que atendem com base na prioridade
e cuja resposta é dividida em diversos níveis, podem atrasar
a ventilação com pressão positiva (PPV), utilizando uma
estratégia de até 3 ciclos de 200 compressões contínuas com
insulação de oxigênio passiva e equipamentos acessórios para
vias aéreas.
Por quê: Vários sistemas de SME têm testado a estratégia de
aplicar compressões torácicas iniciais contínuas com atraso
na PPV em adultos que sejam vítimas de PCREH. Em todos
esses sistemas de SME, os proissionais recebem treinamento
adicional, com ênfase na aplicação de compressões torácicas
de alta qualidade. Três estudos realizados em sistemas que
utilizam atendimento baseado em prioridade, com resposta
Time de ressuscitação: Princípios básicos
2015 (Novo): Para proissionais de saúde, a Atualização
das Diretrizes de 2015 proporciona lexibilidade para acionar
o serviço médico de emergência e para o controle subsequente,
a im de melhor corresponder ao ambiente clínico do proissional
(Figura 5).
Por quê: As etapas do algoritmo de SBV são tradicionalmente
apresentadas como uma sequência, para ajudar o socorrista
que atua sozinho a priorizar as ações. No entanto, existem
vários fatores em qualquer ressuscitação (por exemplo, tipo
de PCR, localização, presença de proissionais treinados nas
proximidades, necessidade de o socorrista deixar a vítima
para ativar o serviço médico de emergência) que podem exigir
modiicações na sequência do SBV. Os algoritmos de SBV
atualizados para proissionais de saúde têm o objetivo de
comunicar quando e onde cabe haver lexibilidade na sequência.
Técnicas Alternativas e Dispositivos
Auxiliares para RCP
Resumo dos principais pontos de discussão
e alterações
A RCP convencional, que consiste em compressões torácicas
manuais intercaladas com ventilação de resgate, é ineiciente,
de forma inerente, no que diz respeito à geração de débito
cardíaco signiicativo. Várias alternativas e adjuntos para a RCP
convencional foram desenvolvidos com o objetivo de aumentar
o débito cardíaco durante a ressuscitação por PCR. Desde a
publicação das Diretrizes de 2010, diversos ensaios clínicos têm
fornecido novos dados sobre a eicácia dessas alternativas.
Em comparação com a RCP convencional, muitas dessas
técnicas e dispositivos requerem equipamento e treinamento
especializados. Quando os socorristas ou os sistemas de
saúde estão considerando a implantação, deve-se salientar que
algumas técnicas e dispositivos foram testados somente em
subgrupos altamente seletos de pacientes com PCR.
• Não se recomenda o uso rotineiro do dispositivo de limiar de
impedância (DLI) como adjunto à RCP convencional.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
11
Figura 5
Algoritmo de PCR em adultos para proissionais da saúde de SBV - Atualização de 2015
Verifique a segurança do local.
Vítima não responde.
Grite por ajuda para alguém próximo
Acione o serviço médico de emergência
por telefone celular (se apropriado).
Obtenha um DEA e equipamentos de
emergência (ou peça para alguém fazê-lo).
Monitore até
a chegada
do serviço
de emergência.
Respiração
normal,
com pulso
Sem respiração
Verifique se não há
normal,
respiração ou se há
com pulso
somente gasping e verifique
o pulso (simultaneamente).
É possível sentir
definitivamente o pulso
em 10 segundos?
Sem respiração ou
apenas com gasping,
sem pulso
RCP
Inicie ciclos de 30 compressões
e 2 ventilações.
Use o DEA assim que ele estiver disponível.
Administre ventilações de
resgate: 1 respiração a cada
5 a 6 segundos, ou cerca de
10 a 12 respirações/min.
• Ative o serviço médico
de emergência (caso ainda
não o tenha feito) após
2 minutos.
• Continue as ventilações
de resgate; verifique
o pulso a cada 2 minutos.
Na ausência de pulso,
inicie a RCP (vá para
o quadro “RCP”).
• Em caso de possível
overdose de opioides,
administre naloxona,
se disponível, de acordo
com o protocolo.
A essa altura, em todos os cenários,
o serviço médico de emergência ou
o apoio já foram acionados, e o DEA
e os equipamentos de emergência já
foram buscados ou estão a caminho.
O DEA chega.
Sim,
chocável
Verifique o ritmo.
Ritmo chocável?
Aplique 1 choque. Reinicie a RCP
imediatamente por cerca de
2 minutos (até avisado pelo DEA
para a verificação do ritmo).
Continue até que o pessoal de SAV
assuma ou até que a vítima comece
a se MOVIMENTAR.
12
American Heart Association
Não,
não chocável
Reinicie a RCP imediatamente por
cerca de 2 minutos (até avisado
pelo DEA para a verificação do
ritmo). Continue até que o pessoal
de SAV assuma ou até que a vítima
comece a se MOVIMENTAR.
• Um recente estudo randomizado e controlado sugere que o uso do
DLI junto com uma RCP de compressões-descompressões ativas está
associado à melhora da sobrevivência neurologicamente intacta de
pacientes com PCREH.
• Não se recomenda o uso rotineiro de dispositivos mecânicos para
compressões torácicas, mas são identiicados ambientes especíicos,
nos quais essa tecnologia pode ser útil.
• O uso de ECPR pode ser considerado para determinados pacientes
em ambientes onde haja suspeita de uma causa reversível de PCR.
Dispositivos de limiar de impedância
2015 (Atualizado): Não se recomenda o uso rotineiro do DLI
como adjuvante durante a RCP convencional. A combinação
do DLI com uma RCP de compressões-descompressões ativas
pode ser uma alternativa razoável para a RCP convencional
em ambientes com equipamentos disponíveis e pessoal
devidamente treinado.
2010 (Antigo): O uso do DLI pode ser considerado por pessoal
treinado como adjunto à RCP em uma PCR de adultos.
Por quê: Dois grandes ensaios randomizados e controlados
forneceram novas informações sobre o uso do DLI na PCREH.
Um grande ensaio clínico randomizado e multicêntrico não
conseguiu demonstrar nenhuma melhoria associada ao uso
de um DLI (em comparação com um dispositivo simulado)
como adjunto à RCP convencional. Outro ensaio clínico
demonstrou algum benefício no uso da RCP com compressõesdescompressões ativas e o DLI, quando comparado com a RCP
convencional e a ausência de um DLI. No entanto, os intervalos
de coniança em torno do ponto estimado como desfecho
primário foram muito amplos. Além disso, há um alto risco de
tendenciosidade com base em cointervenções (o grupo que
recebeu a RCP com compressões-descompressões ativas
e o DLI também recebeu a RCP por dispositivos de feedback
da qualidade da RCP, enquanto o grupo de controle não utilizou
esses dispositivos de feedback).
Dispositivos mecânicos para
compressões torácicas
2015 (Atualizado): As evidências não demonstram nenhum
benefício no uso de dispositivos mecânicos com pistão para
compressões torácicas em comparação com as compressões
torácicas manuais, em pacientes com PCR. As compressões
torácicas manuais continuam sendo o tratamento padrão para
a PCR. No entanto, esse dispositivo pode ser uma alternativa
razoável para a RCP convencional em ambientes especíicos
em que a administração de compressões manuais de alta
qualidade pode ser um desaio ou perigosa para o proissional
(por exemplo, disponibilidade limitada de socorristas,
RCP prolongada, RCP durante PCR hipotérmica, RCP em
ambulância em movimento, RCP na sala de angiograia, RCP
durante a preparação para ECPR).
2010 (Antigo): Pode-se considerar o uso de dispositivos
mecânicos com pistão por pessoal devidamente treinado,
em ambientes especíicos, para o tratamento da PCR de
adultos em circunstâncias (por exemplo, durante procedimentos
de diagnóstico e de intervenção) que diicultem a ressuscitação
manual. Pode-se considerar o uso da faixa de distribuição
de carga por pessoal devidamente treinado, em ambientes
especíicos, para o tratamento da PCR.
Por quê: Três grandes ensaios randomizados e controlados
que compararam dispositivos mecânicos para de compressões
torácicas não demonstraram melhores desfechos para pacientes
com PCREH quando comparados com as compressões
torácicas manuais. Por essa razão, as compressões torácicas
manuais continuam sendo o tratamento padrão.
Técnicas extracorpóreas e dispositivos
invasivos de perfusão
2015 (Atualizado): A ECPR pode ser uma alternativa para
a RCP convencional para determinados pacientes que
tenham uma PCR e para os quais a etiologia suspeita seja
potencialmente reversível.
2010 (Antigo): Não há evidências suicientes para recomendar
o uso rotineiro da ECPR em pacientes com PCR. No entanto,
em locais onde a ECPR esteja prontamente disponível, pode-se
considerá-la quando o tempo sem luxo sanguíneo for curto
e o quadro que levou à PCR for reversível (por exemplo,
hipotermia acidental, intoxicação por drogas) ou passível
de transplante cardíaco (por exemplo, miocardite) ou
revascularização (por exemplo, infarto agudo do miocárdio).
Por quê: O termo RCP extracorpórea é usado para descrever
o início da circulação extracorpórea e da oxigenação durante
a ressuscitação de um paciente em PCR. A ECPR envolve
a canulação de emergência de uma grande veia e artéria
(por exemplo, vasos femorais). O objetivo da ECPR é auxiliar
os pacientes em PCR enquanto os quadros potencialmente
reversíveis são tratados. A ECPR é um processo complexo
que requer um time altamente treinada, equipamentos
especializados e suporte multidisciplinar dentro do sistema de
saúde local. Não há ensaios clínicos sobre a ECPR. As séries
publicadas disponíveis utilizam critérios de inclusão e exclusão
rigorosos para selecionar pacientes para a ECPR. Embora
esses critérios de inclusão sejam muito variáveis, a maioria
inclui apenas pacientes com idades entre 18 a 75 anos, com
comorbidades limitadas, com a parada de origem cardíaca,
após a RCP convencional, por mais de 10 minutos sem RCE.
Esses critérios de inclusão devem ser considerados pelo
proissional ao escolher possíveis candidatos à ECPR.
Suporte Avançado de Vida
Cardiovascular para Adultos
Resumo dos principais pontos de discussão
e alterações
Entre as principais questões e alterações feitas nas recomendações
da Atualização das Diretrizes de 2015 para o suporte avançado de
vida cardíaco estão:
• O uso combinado de vasopressina e epinefrina não oferece nenhuma
vantagem em comparação ao uso da dose padrão de epinefrina em
PCR. Além disso, a vasopressina não oferece nenhuma vantagem
sobre o uso isolado de epinefrina. Portanto, para simpliicar
o algoritmo, a vasopressina foi removida na Atualização de 2015
do Algoritmo de PCR em adultos.
• O baixo teor de dióxido de carbono ao inal da expiração (ETCO2)
em pacientes intubados, após 20 minutos de RCP, está associado
a uma probabilidade muito baixa de ressuscitação. Embora esse
parâmetro não deva ser utilizado isoladamente para tomar decisões,
os proissionais podem considerar o ETCO2 baixo após 20 minutos
de RCP em conjunto com outros fatores, para ajudar a determinar
quando terminar a ressuscitação.
• Esteroides podem conferir algum benefício quando administrados junto
com vasopressina e epinefrina no tratamento da PCRIH. Embora não se
recomende o uso rotineiro de acordo os estudos de acompanhamento,
seria razoável o proissional administrar o conjunto em PCRIH.
• Quando providenciada rapidamente, a ECPR pode prolongar
a viabilidade, por proporcionar tempo para tratar quadros
potencialmente reversíveis ou organizar o transplante cardíaco
em pacientes que não são ressuscitados por RCP convencional.
• Em pacientes com PCR, com ritmo não chocável e que, de alguma
forma, estejam recebendo epinefrina, sugere-se um rápido
provisionamento de dose adicional de epinefrina.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
13
• Estudos sobre o uso da lidocaína após a RCE são conlitantes,
e não se recomenda o seu uso de rotina. No entanto, pode-se
considerar o início ou a continuação da lidocaína imediatamente
após a RCE após uma PCR em FV/TVSP.
• Um estudo observacional sugere que o uso de ß-bloqueadores após
a PCR pode estar associado a melhores desfechos do que quando
não se utilizam ß-bloqueadores. Embora esse estudo observacional
não constitua evidência suicientemente forte para recomendar
o uso rotineiro, pode-se considerar o início ou a continuação de
um ß-bloqueador oral ou endovenoso imediatamente após
a hospitalização por PCR devida a FV/TVSP.
Vasopressores para ressuscitação: Vasopressina
2015 (Atualizado): A vasopressina em combinação com
a epinefrina não oferece nenhuma vantagem como substituto
da dose padrão de epinefrina em PCR.
2010 (Antigo): Uma dose de 40 unidades EV/IO de
vasopressina pode substituir a primeira ou a segunda dose de
epinefrina no tratamento da PCR.
Por quê: A administração de epinefrina e vasopressina durante
a PCR mostrou melhorar a RCE. A análise das evidências
disponíveis mostra que a eicácia das 2 drogas é semelhante
e que não há benefício comprovado de administrar a epinefrina
junto com a vasopressina, em comparação com a epinefrina
isoladamente. Em prol da simplicidade, a vasopressina foi
removida do Algoritmo de PCR em adultos.
Vasopressores para ressuscitação: Epinefrina
2015 (Novo): Pode-se administrar epinefrina, tão logo possível,
após o início da PCR devido a um ritmo inicial não chocável.
Por quê: Em um grande estudo observacional sobre PCR com
ritmo não chocável, comparou-se a administração de epinefrina
no período de 1 a 3 minutos com a administração de epinefrina
em 3 intervalos posteriores (4 a 6, 7 a 9 e superior a 9 minutos).
No estudo, constatou-se uma associação entre a administração
precoce de epinefrina e o aumento da RCE, da sobrevivência
à alta hospitalar e da sobrevivência neurologicamente intacta.
ETCO2 para previsão do fracasso
da ressuscitação
2015 (Novo): Em pacientes intubados, a incapacidade de
obter um ETCO2 superior a 10 mmHg por capnograia com
forma de onda após 20 minutos de RCP pode ser considerada
um componente de uma abordagem multimodal para decidir
quando terminar os esforços de ressuscitação, mas não deve
ser utilizada isoladamente.
Por quê: A incapacidade de obter um ETCO2 igual a 10 mmHg
por capnograia com forma de onda após 20 minutos de
ressuscitação foi associada a pouquíssima chance de RCE
e sobrevivência. No entanto, os estudos realizados até a
presente data são limitados, por apresentarem possíveis fatores
de confusão e incluírem um número relativamente pequeno de
pacientes. Por isso, não é aconselhável coniar unicamente no
ETCO2 para determinar quando terminar a ressuscitação.
RCP extracorpórea
2015 (Novo): A ECPR pode ser considerada entre
determinados pacientes com PCR que não tenham respondido
à RCP convencional inicial, em ambientes em que se possa
implementá-la rapidamente.
Por quê: Embora nenhum estudo de alta qualidade tenha
comparado a ECPR com a RCP convencional, vários estudos
de menor qualidade sugerem melhora da sobrevivência, com
bons desfechos neurológicos para determinadas populações
de pacientes. Como a ECPR requer muitos recursos e é cara,
considere-a apenas quando o paciente tiver uma probabilidade
razoavelmente alta de benefícios - em casos em que o paciente
tiver uma doença potencialmente reversível ou como apoio
a pacientes que esperam por um transplante cardíaco.
Tratamento medicamentoso pós-PCR: Lidocaína
2015 (Novo): Não há evidências adequadas que respaldem
o uso rotineiro de lidocaína após a PCR. No entanto, pode-se
considerar o início ou a continuação da lidocaína imediatamente
após a RCE causada por uma PCR devida a FV/TVSP.
Por quê: Embora estudos anteriores tenham mostrado
associação entre a administração de lidocaína após o infarto
do miocárdio e o aumento da mortalidade, um estudo recente
sobre lidocaína, feito com sobreviventes de PCR, mostrou uma
diminuição na incidência de FV/TVSP recorrente, mas sem
benefícios nem danos no longo prazo.
Tratamento medicamentoso
pós-PCR: ß-bloqueadores
2015 (Novo): Não há evidências adequadas que respaldem o
uso rotineiro de ß-bloqueadores após a PCR. No entanto, pode-se
considerar o início ou a continuação de um ß-bloqueador oral ou
EV imediatamente após a hospitalização causada por uma PCR
devida a FV/TVSP.
Por quê: Em um estudo observacional com pacientes que
tiveram RCE após uma PCR por FV/TVSP, a administração
de um ß-bloqueador foi associada à maior probabilidade de
sobrevivência. No entanto, esta constatação é apenas uma
relação associativa. O uso rotineiro de ß-bloqueadores após
a PCR é potencialmente perigoso, pois os ß-bloqueadores
podem causar ou agravar a instabilidade hemodinâmica,
exacerbar a insuiciência cardíaca e causar bradiarritmias.
Portanto, os proissionais devem avaliar os pacientes
individualmente para saber se eles estão aptos para receber
ß-bloqueadores.
Cuidados Pós-PCR
Resumo dos principais pontos de discussão
e alterações
Entre as principais questões e alterações feitas nas recomendações
da Atualização das Diretrizes de 2015 para o tratamento da
PCR estão:
• A angiograia coronária de emergência é recomendada para todos
os pacientes que apresentem supradesnivelamento do segmento
ST e para pacientes hemodinâmica ou eletricamente instáveis sem
supradesnivelamento do segmento ST, para os quais haja suspeita
de lesão cardiovascular.
• As recomendações de controle direcionado de temperatura foram
atualizadas com novas evidências que sugerem ser aceitável uma
faixa de temperatura que deve ser atingida no período pós-PCR.
• Finalizado o controle direcionado de temperatura, o paciente pode
apresentar febre. Embora haja dados observacionais conlitantes
sobre os danos causados pela febre após o controle direcionado
de temperatura, a sua prevenção é considerada benigna e, portanto,
deve ser almejada.
• A identiicação e a correção da hipotensão são recomendadas no
período imediatamente após a PCR.
14
American Heart Association
• Atualmente, recomenda-se o prognóstico em um prazo superior
a 72 horas após a conclusão do controle direcionado de temperatura;
nos casos em que não há esse tipo de controle, recomenda-se
avaliar o prognóstico em um prazo superior a 72 horas após a RCE.
• Todos os pacientes que evoluírem para morte cerebral ou circulatória
após a PCR inicial devem ser considerados possíveis doadores
de órgãos.
Angiografia coronária
2015 (Atualizado): A angiograia coronária deve ser realizada
em caráter de emergência (em vez de ao inal do período de
internação ou de simplesmente não realizá-la) para pacientes
com PCREH com suspeita de PCR de etiologia cardíaca
e supradesnivelamento do segmento ST no ECG. A angiograia
coronária de emergência é aconselhada para determinados
pacientes adultos (por exemplo, elétrica ou hemodinamicamente
instáveis) que estejam em coma após uma PCREH com
suspeita de origem cardíaca, mas sem supradesnivelamento do
segmento ST no ECG. A angiograia coronária é aconselhada
em pacientes pós-PCR para os quais haja indicação desse tipo
de procedimento, independentemente de o paciente estar em
coma ou acordado.
2010 (Antigo): A ICP primária (ICPP) após a RCE em indivíduos
com PCR de etiologia presumidamente isquêmica cardíaca pode
ser administrada, mesmo na ausência de um IAMST claramente
deinido. O tratamento adequado das síndromes coronárias
agudas (SCA) ou do IAMST, inclusive ICP ou ibrinólise,
deve ser iniciado independentemente do estado de coma.
Por quê: Vários estudos observacionais constataram
associações positivas entre a revascularização coronária de
emergência e a sobrevivência e desfechos funcionais favoráveis.
Na ausência de PCR, as diretrizes já recomendam o tratamento
de emergência do IAMST e da SCA sem supradesnivelamento do
segmento ST com instabilidade hemodinâmica ou elétrica. Por
ser possível melhorar o desfecho do coma com a correção da
instabilidade cardíaca, e como o prognóstico do coma não pode
ser determinado de forma coniável nas primeiras horas após a
PCR, o tratamento de emergência de pacientes pós-PCR deve
seguir diretrizes idênticas.
Controle direcionado da temperatura
2015 (Atualizado): Todos os pacientes adultos comatosos
(ou seja, sem resposta sensata a comandos verbais) com
RCE após a PCR devem ser submetidos ao CDT (controle
direcionado de temperatura), tendo como temperatura-alvo
entre 32 °C e 36 °C, mantida constantemente durante pelo
menos 24 horas.
2010 (Antigo): Pacientes adultos comatosos (isto é, sem
resposta adequada a comandos verbais) com RCE após
PCR por FV extra-hospitalar devem ser resfriados até 32°C
a 34 °C durante 12 a 24 horas. Pode-se também considerar
a hipotermia induzida em pacientes adultos comatosos com
RCE após uma PCRIH, com qualquer ritmo inicial, ou após
uma PCREH com ritmo inicial de atividade elétrica sem pulso
ou assístole.
Por quê: Estudos preliminares sobre o CDT examinaram
o resfriamento a temperaturas entre 32 °C e 34 °C,
em comparação com a ausência de um CDT bem deinido.
Constatou-se melhora no desfecho neurológico nos pacientes
em que a hipotermia foi induzida. Um recente estudo de alta
qualidade comparou o controle da temperatura a 36 °C e a
33 °C, obtendo-se desfechos semelhantes em ambos.
Analisados em conjunto, os estudos iniciais sugerem que
o CDT é benéico. Portanto, continua valendo a recomendação
de selecionar uma única temperatura-alvo e aplicar o CDT.
Tendo em vista que 33 °C não é melhor que 36 °C, os clínicos
podem escolher entre uma ampla faixa de temperaturas-alvo.
A temperatura escolhida pode ser determinada com base na
preferência do médico ou em fatores clínicos.
Continuação do controle de temperatura além
de 24 horas
2015 (Novo): É aconselhável evitar ativamente a febre em
pacientes comatosos após o CDT.
Por quê: Em alguns estudos observacionais, a febre, após
o reaquecimento com relação ao CDT, está associada ao
agravamento dos danos neurológicos, embora os estudos
sejam conlitantes. Como a prevenção da febre após o CDT
é relativamente benigna, e a febre pode estar associada
a danos, a indicação é a de prevenir a febre.
Resfriamento extra-hospitalar
2015 (Novo): Não é recomendado o resfriamento pré-hospitalar
rotineiro de pacientes com infusão rápida de luidos EV frios
após a RCE.
Por quê: Antes de 2010, o resfriamento de pacientes no
ambiente pré-hospitalar ainda não tinha sido extensamente
avaliado. Presumia-se que o início precoce do resfriamento
pudesse proporcionar outros benefícios e, também, que
o início pré-hospitalar pudesse facilitar e incentivar o
resfriamento contínuo no ambiente hospitalar. Estudos
de alta qualidade recém-publicados não demonstraram
nenhum benefício no resfriamento pré-hospitalar. Além
disso, identiicaram possíveis complicações ao usar
luidos EV frios para resfriamento pré-hospitalar.
Metas hemodinâmicas após a ressuscitação
2015 (Novo): É aconselhável evitar e corrigir imediatamente
a hipotensão (pressão arterial sistólica inferior a 90 mmHg,
pressão arterial média inferior a 65 mmHg) durante os
cuidados pós-PCR.
Por quê: Em estudos sobre pacientes após a PCR, constatouse que a pressão arterial sistólica inferior a 90 mmHg ou
a pressão arterial média inferior a 65 mmHg está associada
ao aumento da mortalidade e à redução da recuperação
funcional, enquanto a pressão arterial sistólica superior a 100
mmHg está associada a uma melhor recuperação. Embora
valores de pressão mais elevados pareçam melhores, não foi
possível identiicar os alvos especíicos das pressões arteriais
sistólica e média, já que nos ensaios, normalmente, estudouse um conjunto de várias intervenções, inclusive o controle
hemodinâmico. Além disso, como a pressão arterial basal
varia de paciente para paciente, diferentes pacientes podem
apresentar diferentes necessidades para manter a perfusão
ideal dos órgãos.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
15
Prognóstico após PCR
Doação de órgãos
2015 (Novo): O período mínimo para avaliar o prognóstico de
um desfecho neurológico ruim por meio de exame clínico em
pacientes não tratados com CDT é de 72 horas após a PCR,
mas esse período pode ser ainda maior após a PCR se houver
suspeita de que o efeito residual da sedação ou paralisia possa
confundir o exame clínico.
2015 (Atualizado): Todos os pacientes que são ressuscitados
de uma PCR, mas que posteriormente evoluem para morte
ou morte cerebral, devem ser avaliados como possíveis
doadores de órgãos. Pacientes que não obtêm a RCE e que,
de alguma forma, teriam a ressuscitação interrompida, podem
ser considerados como possíveis doadores de rim ou fígado em
ambientes onde haja programas de rápida obtenção de órgãos.
2015 (Atualizado): Em pacientes tratados com CDT, em que
a sedação ou a paralisia possa confundir o exame clínico,
é aconselhável aguardar até 72 horas após o retorno
à normotermia para só então prever o desfecho.
2010 (Antigo): Embora tenham sido identiicados os períodos
de utilidade de exames especíicos, nenhuma recomendação
geral especíica foi feita sobre o prazo para o prognóstico.
Por quê: Achados clínicos, modalidades eletroisiológicas de
avaliação, diagnósticos por imagem e marcadores sanguíneos
são úteis para avaliar o desfecho neurológico em pacientes
comatosos, mas cada constatação, teste e marcador é afetado
de forma diferente pela sedação e pelo bloqueio neuromuscular.
Além disso, o cérebro comatoso pode ser mais sensível
a medicamentos, e os medicamentos podem demorar mais
para serem metabolizados após a PCR.
Nenhuma constatação física ou exame pode prever, com 100%
de certeza, a recuperação neurológica após a PCR. Várias
modalidades de exames utilizadas em conjunto para prever
o desfecho após o desaparecimento dos efeitos da hipotermia
e dos medicamentos, provavelmente, fornecerão uma previsão
precisa do desfecho (Quadro 2).
Quadro 2
Achados clínicos úteis associados
a mau prognóstico neurológico*
• Ausência de relexo pupilar à luz, 72 horas ou mais após a PCR
• Presença de estado mioclônico (diferente de mioclonias isoladas)
durante as primeiras 72 horas após a PCR
• Ausência da onda cortical do potencial somatossensorial evocado N20,
24 a 72 horas após a PCR ou após o reaquecimento
• Presença de acentuada redução do relação cinza-branco em TC do
cérebro obtida até 2 horas após a PCR
• Ampla restrição da difusão na ressonância magnética cerebral no prazo
de 2 a 6 dias após a PCR
• Ausência persistente de reatividade no EEG a estímulos externos,
72 horas após a PCR
• Supressão dos surtos persistentes ou estado intratável de mal
epiléptico no EEG após o reaquecimento
Ausência de movimentos, a postura em extensão ou o estado mioclônico não
devem ser usados isoladamente para prever o resultado.
*Choque, temperatura, desordens metabólicas, sedativos anteriores
ou bloqueadores neuromusculares e outros fatores clínicos devem ser
considerados com cuidado, pois podem afetar os resultados ou a interpretação
de alguns exames.
Abreviações: TC, tomograia computadorizada; EEG, eletroencefalograma.
2010 (Antigo): Pacientes adultos que evoluírem para morte
cerebral após a ressuscitação de uma PCR devem ser
considerados para doação de órgãos.
Por quê: Não há relatos de diferença na função imediata ou
de longo prazo de órgãos obtidos de doadores que têm morte
cerebral depois de uma PCR, em comparação com doadores
que têm morte cerebral por outras causas. Órgãos transplantados
desses doadores têm probabilidade de sucesso comparável
à de órgãos obtidos de doadores semelhantes, com outros
quadros clínicos.
Síndromes Coronárias Agudas
A Atualização das Diretrizes de 2015 deine uma alteração no
escopo das diretrizes da AHA para a avaliação e o tratamento
da SCA. A partir desta atualização, as recomendações se
limitarão às fases de atendimento pré-hospitalares e no
serviço de emergência. Os cuidados no ambiente hospitalar
são abordados nas diretrizes para o tratamento do infarto do
miocárdio, publicadas conjuntamente pela AHA e pela American
College of Cardiology Foundation.
Resumo dos principais pontos de discussão
e alterações
Entre as principais questões e alterações feitas nas
recomendações da Atualização das Diretrizes de 2015 para
SCA estão:
• Exame de ECG pré-hospitalar e respectiva interpretação
• Escolha de uma estratégia de reperfusão quando houver
possibilidade de ibrinólise pré-hospitalar
• Escolha de uma estratégia de reperfusão em um hospital sem
capacidade de realizar ICP
• Troponina para identiicar pacientes que possam receber alta do
serviço de emergência com segurança
• Intervenções que podem ou não ser benéicas, se aplicadas antes
da chegada ao hospital
Exame de ECG pré-hospitalar
e respectiva interpretação
2015 (Novo): O ECG pré-hospitalar de 12 derivações deve ser
realizado imediatamente em pacientes com possível SCA.
2015 (Novo): Proissionais treinados não médicos, podem fazer
a interpretação do ECG para determinar se o traçado mostra
evidências de IAMST.
2015 (Atualizado): Pode-se usar a interpretação do ECG
assistida por computador em conjunto com a interpretação por
um médico ou proissional treinado para reconhecer o IAMST.
2015 (Atualizado): A notiicação do hospital receptor e/ou
a ativação pré-hospitalar do laboratório de hemodinâmica
devem ocorrer para todos os pacientes com IAMST que
tenham sido identiicados no ECG pré-hospitalar.
16
American Heart Association
2010 (Antigo): Se os proissionais não forem treinados
para interpretar o ECG de 12 derivações, recomenda-se
a transmissão em campo do ECG (telemedicina) ou um
relatório automatizado para o hospital receptor.
2010 (Antigo): O hospital receptor deve ser notiicado sobre os
pacientes que foram identiicados com IAMST.
Por quê: O ECG de 12 derivações é um exame barato, de fácil
execução, e pode rapidamente demonstrar as evidências de
supradesnivelamento agudo do ST. A preocupação de que
a interpretação de ECGs, feita por proissionais que não são
médicos, possa levar a um sobrediagnóstico, com consequente
uso excessivo de recursos ou, por outro lado, a um subdiagnóstico,
que possa provocar atraso no tratamento, tem inibido a expansão
dos programas de ECG para sistemas de SME. Preocupações
semelhantes existiam com relação à interpretação automatizada
de ECGs por computador. Uma revisão da literatura mostra que,
quando a ibrinólise não é administrada no cenário pré-hospitalar,
a notiicação imediata do hospital sobre a chegada iminente de um
paciente com supradesnivelamento do segmento ST ou a ativação
pré-hospitalar do laboratório de hemodinâmica reduz o tempo de
reperfusão, a morbidade e a mortalidade. Como pode demorar
um pouco para que um proissional inexperiente desenvolva
habilidade para interpretar ECGs de 12 derivações, a interpretação
automarizada provavelmente aumenta a precisão da interpretação
quando usada em conjunto com a interpretação por um proissional
treinado que não seja médico.
Reperfusão
2015 (Novo): Quando a ibrinólise pré-hospitalar estiver
disponível nas unidades de tratamento do IAMST e for possível
fazer o transporte direto a um centro de ICP, deve-se dar
preferência à triagem pré-hospitalar e ao transporte direto
ao centro de ICP, por haver uma pequena relativa redução
na incidência de hemorragia intracraniana. Não há, contudo,
nenhuma evidência de benefícios de uma terapia sobre a outra
em termos de mortalidade.
2015 (Novo): Em pacientes adultos que apresentam IAMST
no serviço de emergência de um hospital sem capacidade
de realizar ICP, recomenda-se a transferência imediata, sem
ibrinólise, para um centro de ICP, ao invés da ibrinólise
imediata no hospital inicial com posterior transferência para ICP
motivadas por isquemia.
2015 (Novo): Quando não for possível transferir, em tempo
hábil, pacientes com IAMST para um hospital com capacidade
de realizar ICP, o tratamento ibrinolítico com posterior
transferência de rotina para angiograia (veja abaixo) pode ser
uma alternativa aceitável comparada à transferência imediata
para ICP primária.
2015 (Novo): Ao administrar o tratamento ibrinolítico em
um paciente com IAMST em um hospital sem capacidade de
realizar ICP, aconselha-se transportar todos os pacientes após
a ibrinólise para a realização imediata de uma angiograia de
rotina nas primeiras 3 a 6 horas e até 24 horas, em vez de
transportá-los apenas quando for necessária uma angiograia
motivada por isquemia.
2010 (Antigo): É aconselhável transferir pacientes de alto
risco que tenham recebido reperfusão primária com tratamento
ibrinolítico.
Por quê: A ibrinólise tem sido o tratamento padrão para
IAMST há mais de 30 anos. Nos últimos 15 anos, a ICP
tornou-se mais disponível na maior parte da América do
Norte e mostrou melhorar modestamente os resultados, em
comparação com a ibrinólise, quando fornecida em tempo
hábi e por proissionais experientes. No entanto, quando há
atraso da ICPP, dependendo da extensão desse atraso, a
ibrinólise imediata pode superar qualquer benefício adicional
obtido com a ICP. A transferência direta para um hospital com
capacidade de realizar ICP, em comparação com a ibrinólise
pré-hospitalar, não gera nenhuma diferença na mortalidade,
mas gera uma pequena redução relativa na incidência de
hemorragia intracraniana. Um novo olhar sobre as evidências
possibilitou a estratiicação das recomendações de tratamento
de acordo com o tempo decorrido desde o início do sintoma e o
atraso previsto na ICPP, o que permitiu elaborar recomendações
especiicamente para médicos que atuam em hospitais sem
capacidade de realizar ICP. A ICP imediata, após o tratamento
com ibrinólise, não proporciona nenhum benefício adicional,
mas a angiograia de rotina, realizada nas primeiras 24 horas
após a ibrinólise, reduz a reincidência de infarto.
Troponina para identificar pacientes
que possam receber alta do serviço
de emergência com segurança
2015 (Novo): A troponina T e a troponina I de alta sensibilidade,
medidas no início e duas horas depois (sem realizar
a estratiicação do risco clínico) não devem ser usadas
isoladamente para excluir o diagnóstico de SCA, mas as medidas
de troponina I de alta sensibilidade inferiores ao 99º percentil
podem ser usadas em conjunto com escores de estratiicação
de baixo risco (TIMI com Escore de 0 ou 1, ou de baixo risco)
para prever uma chance inferior a 1% de evento cardíaco adverso
maior (major adverse cardiac event, MACE) em 30 dias. Além
disso, as medidas negativas de troponina I ou troponina T no
início e entre 3 e 6 horas podem ser utilizadas em conjunto com
a estratiicação de risco muito baixo (TIMi com score 0, score
de risco baixo segundo a regra de Vancouver, score 0 segundo
a Escala de Dor Torácica Norte-Americana e idade inferior a 50
anos, ou score HEART de baixo risco) para prever uma chance
inferior a 1% de MACE em 30 dias.
2010 (Antigo): Se os biomarcadores forem inicialmente
negativos nas seis primeiras horas após o início dos sintomas,
recomenda-se que os biomarcadores sejam novamente
dosados entre 6 a 12 horas após o início dos sintomas.
Por quê: Um resultado negativo no teste da troponina,
se avaliado isoladamente ou em conjunto com uma avaliação
de risco não estruturado, gera uma taxa inaceitavelmente
elevada de MACE em 30 dias. No entanto, previsões baseadas
em resultados negativos nos testes de troponina, aliadas
a uma avaliação de risco estruturada, implicam um risco inferior
a 1% de MACE em 30 dias.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
17
Outras intervenções
Quando um medicamento reduz a morbidade ou a mortalidade,
Sua administração pré-hospitalar em comparação
a administração intra- hospitalar antecipa a ação e pode diminuir
ainda mais a morbidade ou a mortalidade. No entanto, quando
o tempo de resposta e de transporte do SME em ambiente
urbano é curto, a chance de efeito benéico do medicamento
pode não ser grande. Além disso, a adição de medicamentos
aumenta a complexidade dos cuidados pré-hospitalares,
o que pode, por sua vez, produzir efeitos negativos.
• A inibição de difosfato de adenosina para pacientes hospitalizados
com suspeita de IAMST tem sido recomendada há muitos anos.
A administração de um inibidor de difosfato de adenosina no ambiente
pré-hospitalar não proporciona nenhum benefício adicional nem
danos em comparação com a espera para administrá-lo no hospital.
• A heparina não fracionada (HNF), administrada em pacientes com
IAMST no ambiente pré-hospitalar, não mostrou oferecer benefícios
adicionais em comparação com sua administração no hospital. Em
sistemas em que a administração pré-hospitalar de HNF já ocorre, é
aconselhável continuar a usá-la. Quando não for utilizada no contexto
pré-hospitalar, é aconselhável esperar para administrar a HNF quando
da chegada ao hospital.
• Antes das recomendações 2010, administrava-se oxigênio
rotineiramente em todos os pacientes com suspeita de SCA,
independentemente da saturação de oxigênio ou do quadro
respiratório. Em 2010, as fracas evidências de nenhum benefício
e de possíveis danos levaram à recomendação de que não era
necessário fornecer oxigênio suplementar para pacientes com SCA
que apresentassem saturação de oxi-hemoglobina igual a 94% ou
superior (ou seja, sem hipoxemia) e nenhuma evidência de desconforto
respiratório. Outras evidências de que a administração rotineira de
oxigênio suplementar pode ser prejudicial, respaldadas por um estudo
multicêntrico randomizado e controlado, publicado desde a revisão
sistemática de 2015,8 reforça a recomendação de que o oxigênio seja
suspenso de pacientes com possível SCA que apresentem saturação
de oxigênio normal (ou seja, que não apresentem hipoxemia).
• Em pacientes com IAMST, aconselha-se a administração préhospitalar de HNF ou bivalirudina.
• Em caso de pacientes com suspeita de IAMST que sejam transferidos
para ICPP, a enoxaparina é uma alternativa à HNF.
Situações Especiais
em Ressuscitação
Resumo dos principais pontos de discussão
e alterações
• A experiência no tratamento de pacientes com suspeita ou
diagnóstico de overdose de opioides tem demonstrado que
a naloxona pode ser administrada com aparente segurança
e eicácia no contexto de primeiros socorros e de SBV. Por esse
motivo, recomenda-se agora a administração de naloxona por
socorristas leigos e proissionais de saúde. Um treinamento
simpliicado já é oferecido. Além disso, é fornecido um novo
algoritmo para o tratamento de vítimas que não respondem
e que apresentam suspeita de overdose de opioides.
• Pode-se considerar o uso de emulsão lipídica intravenosa (ELI)
para o tratamento de toxicidade sistêmica por anestésico local.
Além disso, há uma nova recomendação que defende uma possível
função da ELI em pacientes que têm PCR e não respondem às medidas
de ressuscitação convencionais em decorrência de toxicidade por
drogas, e não de toxicidade sistêmica por anestésico local.
• A importância da RCP de alta qualidade durante qualquer PCR levou
à reavaliação das recomendações sobre o alívio da compressão
aortocava em uma PCR durante a gravidez. Com essa reavaliação,
reinaram-se as recomendações sobre as estratégias para
deslocamento uterino.
18
American Heart Association
Educação sobre overdose de opioides
e treinamento e distribuição de naloxona
2015 (Novo): É adequado oferecer educação sobre resposta
à overdose de opioides, isoladamente ou em conjunto com
treinamento e distribuição de naloxona, para pessoas sob risco
de overdose de opioides (ou que vivam ou estejam em contato
frequente com essas pessoas). É aconselhável basear o treinamento
nas recomendações de primeiros socorros e de SBV prestado por
pessoas que não são proissionais de saúde, em vez de em práticas
mais avançadas destinadas a proissionais de saúde.
Tratamento da overdose de opioides
2015 (Novo): A administração empírica de naloxona IM ou IN
em todas as vítimas que não respondem em uma emergência
potencialmente fatal, possivelmente associada a opioides,
pode ser adequada como complemento aos protocolos
convencionais de primeiros socorros e de SBV prestado por
pessoas que não são proissionais de saúde. Em pacientes com
suspeita ou diagnóstico de overdose de opioides que tenham
pulso presente, mas sem respiração normal ou somente com
gasping (ou seja, uma parada respiratória), além de prestar
os cuidados convencionais, os socorristas adequadamente
treinados devem administrar naloxona IM ou IN em pacientes
com emergência respiratória associada a opioides (Figura 6).
Os atendentes não devem retardar o acesso a serviços médicos
mais avançados enquanto aguardam resposta do paciente
à naloxona ou a outras intervenções.
A administração empírica de naloxona IM ou IN em todos os
pacientes que não respondem à ressuscitação em emergência
associada a opioides pode ser adequada como complemento
aos protocolos convencionais de primeiros socorros e de SBV
prestado por pessoas que não são proissionais de saúde. Os
procedimentos de ressuscitação convencionais, inclusive a
ativação do SME, não devem ser adiados para a administração
de naloxona.
PCR em pacientes com suspeita ou diagnóstico
de overdose de opioides
2015 (Novo): Pacientes sem pulso deinido podem estar
sofrendo uma PCR ou ter pulso fraco ou lento não detectado.
Esses pacientes devem ser tratados como pacientes com PCR.
As medidas de ressuscitação convencionais devem ter prioridade
sobre a administração de naloxona, com foco em uma RCP de
alta qualidade (compressões mais ventilação). Pode ser adequado
administrar naloxona IM ou IN com base na possibilidade de o
paciente estar sofrendo uma parada respiratória, e não uma PCR.
Os atendentes não devem retardar o acesso a serviços médicos
mais avançados enquanto aguardam resposta do paciente à
naloxona ou a outras intervenções.
Por quê: Anteriormente, a administração de naloxona não era
recomendada para prestadores de primeiros socorros, pessoas
que não são proissionais de saúde ou proissionais de SBV.
No entanto, há atualmente dispositivos aprovados para
administração de naloxona, destinados à utilização por
socorristas leigos, disponíveis para uso nos Estados Unidos.
O sucesso na implantação de programas de naloxona para
socorristas leigos tem sido destacado pelos Centros de Controle
de Doenças.9 Embora não se espere que a naloxona seja
benéica na PCR, independentemente de causa ser ou não
overdose de opioides, reconhece-se que pode ser difícil distinguir
a PCR da depressão respiratória intensa em vítimas de overdose
de opioides. Embora não haja evidências de que a administração
de naloxona ajude o paciente em PCR, pode, no entanto,
auxiliar em pacientes que não respondem, apresentam intensa
depressão respiratória, que apenas pareçam estar sofrendo uma
PCR (isto é, é difícil determinar se o pulso está presente).
Figura 6
Algoritmo de emergências potencialmente
fatais associadas a opioides (para adultos) - Novo em 2015
Avalie e ative.
Verifique se a vítima não responde e peça ajuda nas
proximidades. Peça alguém para ligar para ligar para
o serviço de emergência 9-1-1 e buscar um DEA e naloxona.
Verifique se há ou não respiração ou apenas gasping.
Inicie a RCP.
Se a vítima não responder e não respirar,
ou apresentar somente gasping, inicie a RCP.*
Se sozinho, administre a RCP por cerca de 2 minutos
e só depois disso deixe a vítima para ligar para o número
de emergência 9-1-1 e obter naloxona e o DEA.
Administre a naloxona.
Administre a naloxona assim que ela estiver disponível.
2 mg intranasal ou 0,4 mg intramuscular.
Pode ser repetida após 4 minutos
A pessoa
responde?
A qualquer momento, a pessoa se
movimenta propositalmente, respira regularmente, geme ou, de
alguma forma, responde?
Estimule e reavalie.
Sim
Continue a verificar se a pessoa
responde e respira até a chegada
de ajuda do suporte avançado.
Se a pessoa parar de responder,
inicie a RCP e repita a naloxona.
Não
Continue a RCP e use o DEA
assim que ele estiver disponível.
Continue até a pessoa responder
ou até a chegada de ajuda avançada.
*Técnica de RCP baseada no nível de treinamento do socorrista.
Emulsão lipídica intravenosa
2015 (Atualizado): É possível administrar ELI, concomitante
com os cuidados de ressuscitação convencionais, em
pacientes que tenham neurotoxicidade previsível ou PCR
devida à toxicidade do anestésico local. É possível também
administrar ELI em pacientes com outras formas de toxicidade
medicamentosa que não respondem às medidas de
ressuscitação convencionais.
2010 (Antigo): Pode-se considerar a ELI para a toxicidade do
anestésico local.
Por quê: Desde 2010, estudos publicados, feitos com animais,
e relatos de casos humanos têm examinado o uso da ELI
em pacientes com toxicidade medicamentosa não oriunda
da infusão de anestésico local. Embora os resultados
desses estudos e relatos sejam diversos, pode haver
melhoria clínica após a administração da ELI. Como o
prognóstico dos pacientes que não respondem às medidas
de ressuscitação convencionais é muito ruim, a administração
empírica de ELI nesta situação pode ser aceitável,
apesar das evidências bastante fracas e conlitantes.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
19
PCR durante a gravidez: Administração de RCP
Sequência C-A-B
2015 (Atualizado): As prioridades para as mulheres grávidas em
PCR são a administração de RCP de alta qualidade e o alívio
da compressão aortocava. Se a altura do fundo for igual ou
superior ao nível do umbigo, o deslocamento manual do útero
para a esquerda pode ser benéico para o alívio da compressão
aortocava durante as compressões torácicas.
2015 (Atualizado): Embora a quantidade e a qualidade dos
dados de apoio sejam limitadas, é aconselhável manter
a sequência das Diretrizes de 2010, iniciando a RCP com
C-A-B em vez de A-B-C. Existem lacunas no conhecimento,
e são necessárias pesquisas especíicas para examinar a melhor
sequência de RCP em crianças.
2010 (Antigo): Para aliviar a compressão aortocava durante
as compressões torácicas e otimizar a qualidade da RCP,
é aconselhável realizar o deslocamento manual do útero para
a esquerda na posição supina, em primeiro lugar. Se essa
técnica não surtir efeito, e houver uma cunha adequada
prontamente disponível, os proissionais podem tentar colocar
o paciente a uma inclinação lateral de 27° a 30° para
a esquerda, utilizando uma cunha irme para apoiar a pelve
e o tórax.
2010 (Antigo): Iniciar a RCP em bebês e crianças com
compressões torácicas, em vez de ventilações de resgate
(C-A-B, em vez de A-B-C). Inicie a RCP com 30 compressões
(socorrista atuando sozinho) ou 15 compressões (para
a ressuscitação de bebês e crianças por dois proissionais
de saúde), em vez de 2 ventilações.
Por quê: O reconhecimento da extrema importância da RCP
de alta qualidade e a incompatibilidade da inclinação lateral
com estas manobras levaram à eliminação da recomendação
de uso da inclinação lateral e ao reforço da recomendação de
deslocamento lateral do útero.
PCR durante a gravidez: Cesariana
de emergência
Novos algoritmos para RCP administrada por
profissionais de saúde com um socorrista ou
vários socorristas
2015 (Atualizado): Em situações como trauma materno
sem chance de sobrevivência ou ausência de pulso materno
prolongada, em que os esforços de ressuscitação da mãe são,
obviamente, inúteis, não há nenhuma razão para retardar
a realização de uma cesariana perimorte (CPM). A CPM deve ser
considerada aos 4 minutos após o início da PCR materna ou dos
esforços de ressuscitação (para PCR não presenciada) se não
houver RCE materna. A decisão clínica de realizar uma CPM,
e o prazo em relação à PCR materna, é complexa por causa da
variabilidade do nível de treinamento do proissional e da equipe,
de fatores relativos ao paciente (por exemplo, etiologia da PCR,
idade gestacional do feto) e dos recursos do sistema.
Os algoritmos de RCP pediátrica administrada por proissionais
de saúde com um socorrista ou vários socorristas foram
separados (Figuras 7 e 8) para melhor orientar os socorristas
nas etapas iniciais da ressuscitação numa época em que são
comuns os telefones celulares portáteis com alto-falantes.
Com esses dispositivos, um único socorrista pode ativar
o serviço médico de emergência enquanto inicia a RCP;
o socorrista pode continuar a conversa com o atendente
durante a RCP. Esses algoritmos continuam a enfatizar a alta
prioridade de uma RCP de alta qualidade e, no caso de colapso
súbito presenciado, da obtenção imediata de um DEA, já que
um evento como esse provavelmente tem etiologia cardíaca.
2010 (Antigo): A cesariana de emergência pode ser considerada
aos 4 minutos após o início da PCR materna, se não houver RCE.
Profundidade das compressões torácicas
Por quê: A CPM oferece a oportunidade de ressuscitação
separada do feto, ainda com chance de vida, e de alívio da
compressão aortocava, o que pode melhorar os desfechos de
ressuscitação materna. O cenário clínico e as circunstâncias da
PCR devem servir de base para a decisão inal sobre o tempo
a esperar para a cesariana de emergência.
Suporte Básico de Vida em Pediatria
e Qualidade da RCP
Resumo dos principais pontos de discussão
e alterações
As alterações no SBV pediátrico são semelhantes às do SBV
adulto. Os tópicos analisados aqui incluem:
• Conirmação da sequência C-A-B como a sequência preferida para
RCP pediátrica
• Novos algoritmos RCP pediátrica administrada por proissionais de saúde
com um socorrista ou vários socorristas na era da telefonia celular
• Estabelecimento do limite máximo de 6 cm de profundidade para as
compressões torácicas em adolescentes
• Adoção da velocidade recomendada para as compressões torácicas
no SBV adulto de 100 a 120/min
• Reiteração da necessidade de compressões e ventilação
no SBV pediátrico
20
Por quê: Na ausência de novos dados, a sequência de 2010
não foi alterada. A consistência na ordem de compressões,
vias aéreas e respiração para a RCP em vítimas de todas as
idades pode ser de mais fácil memorização e execução por
socorristas que tratam de pessoas de todas as idades.
O uso da mesma sequência para adultos e crianças
proporciona consistência no aprendizado.
American Heart Association
2015 (Atualizado): É aconselhável que os socorristas forneçam
compressões torácicas que comprimam, pelo menos, um terço
do diâmetro anteroposterior do tórax de pacientes pediátricos
(bebês (com menos de 1 ano) e crianças até o início da
puberdade). Isso equivale a cerca de 1,5 polegada (4 cm) em
bebês até 2 polegadas (5 cm) em crianças. Uma vez que as
crianças tenham atingido a puberdade (isto é, adolescentes),
utiliza-se a profundidade recomendada para as compressões
em adultos de, pelo menos, 2 polegadas (5 cm), mas não
superior a 2,4 polegadas (6 cm).
2010 (Antigo): Para obter compressões torácicas eicazes,
os socorristas devem comprimir, pelo menos, um terço
do diâmetro anteroposterior do tórax. Isto corresponde,
aproximadamente, a 1,5 polegada (cerca de 4 cm),
na maioria dos bebês, e cerca de 2 polegadas (5 cm),
na maioria das crianças.
Por quê: Em um estudo realizado com adultos, observou-se que
compressões torácicas com profundidade superior a 2,4 polegadas
(6 cm) podem ser prejudiciais. Essa constatação resultou na alteração
da recomendação de SBV adulto, de modo a incluir um limite superior
para a profundidade das compressões torácicas; especialistas
pediátricos aceitaram essa recomendação para adolescentes além
da puberdade. Em um estudo pediátrico, observou-se melhora da
sobrevivência de 24 horas quando a profundidade da compressão
era superior a 2 polegadas (51 mm). A detecção da profundidade de
compressão é difícil à beira do leito. Se disponível, um dispositivo de
feedback que forneça essa informação pode ser útil.
Figura 7
Algoritmo de PCR em pediatria para proissionais da saúde de SBV Atualização de 2015
Verifique a segurança do local.
Vítima não responde.
Grite por ajuda para alguém próximo
Acione o serviço médico de emergência
por telefone celular (se apropriado).
Ative o serviço
médico de
emergência
(caso ainda não
o tenha feito).
Retorne à vítima
e monitore até
a chegada do
serviço médico
de emergência.
Respiração
normal,
com pulso
Sem respiração
Verifique se não há
normal,
respiração ou se há
com pulso
somente gasping e verifique
o pulso (simultaneamente).
É possível sentir
definitivamente o pulso
em 10 segundos?
Sem respiração
ou apenas com
gasping, sem pulso
Colapso
súbito presenciado?
Sim
Não
Administre ventilações de
resgate: 1 ventilação a cada
3 a 5 segundos, ou cerca de
12 a 20 ventilações/min
• Execute compressões se
o pulso permanecer
≤60/min com sinais de
perfusão inadequada.
• Ative o serviço médico
de emergência (caso ainda
não o tenha feito) após
2 minutos.
• Continue aS ventilaçÕES
de resgate; verifique o
pulso a cada 2 minutos.
Na ausência de pulso,
inicie a RCP (vá para o
quadro “RCP”).
Ative o serviço médico
de emergência (caso ainda
não o tenha feito) e busque
o DEA/desfibrilador.
RCP
1 socorrista: Inicie ciclos de
30 compressões e 2 ventilações.
(Use a relação de 15:2 se o segundo socorrista chegar.)
Use o DEA assim que ele estiver disponível.
Após cerca de 2 minutos, se ainda sozinho,
acione o serviço médico de emergência e
busque o DEA (se isto ainda não tiver sido feito).
Sim,
chocável
O DEA analisa o ritmo.
Ritmo chocável?
Aplique 1 choque. Reinicie a
RCP imediatamente por cerca
de 2 minutos (até avisado pelo
DEA para a verificação do ritmo).
Continue até que o pessoal de
SAV assuma ou até que a vítima
comece a se MOVIMENTAR.
Não,
não chocável
Reinicie a RCP imediatamente por cerca de 2 minutos (até
avisado pelo DEA para a verificação do ritmo). Continue até
que o pessoal de SAV assuma
ou até que a vítima comece
a se MOVIMENTAR.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
21
Taxa das compressões torácicas
2015 (Atualizado): Para maximizar a simplicidade do
treinamento em RCP, na ausência de evidências pediátricas
suicientes, aconselha-se usar em bebês e crianças a
velocidade de compressões torácicas recomendada para
adultos de 100 a 120/min.
2010 (Antigo): “Comprima rápido”: comprima a uma frequência
de, pelo menos, 100 compressões por minuto.
Por quê: Um estudo de registro de adultos demonstrou que
a profundidade da compressão torácica é inadequada quando
submetida a uma frequência extremamente alta. Para maximizar
a consistência e a retenção do aprendizado, na ausência de
dados em crianças, os especialistas em pediatria adotam
a mesma recomendação de frequência das compressões
utilizada no SBV adulto. Para obter mais detalhes, consulte
a seção Qualidade do SBV Adulto e da RCP desta publicação.
Figura 8
Algoritmo de PCR em pediatria para proissionais da saúde de SBV - Atualização de 2015
Verifique a segurança do local.
Vítima não responde.
Grite por ajuda para alguém próximo
O primeiro socorrista
permanece com a vítima.
O segundo socorrista ativa
o serviço médico de emergência
e busca um DEA e equipamentos
de emergência.
Monitore até
a chegada
do serviço
de emergência.
Respiração
normal,
com pulso
Sem respiração
Verifique se não há
normal,
respiração ou se há
com pulso
somente gasping e verifique
o pulso (simultaneamente).
É possível sentir
definitivamente o pulso
em 10 segundos?
Sem respiração
ou apenas com
gasping, sem pulso
RCP
O primeiro socorrista inicia a RCP com a relação
de 30:2 (compressões para ventilações).
Quando o segundo socorrista retornar, use
a relação de 15:2 (compressões para ventilações).
Use o DEA assim que ele estiver disponível.
Administre ventilações de
resgate: 1 ventilação a cada
3 a 5 segundos, ou cerca de
12 a 20 ventilações/min
• Execute compressões
se o pulso permanecer
≤60/min com sinais de
perfusão inadequada.
• Ative o serviço médico de
emergência (caso ainda
não o tenha feito) após
2 minutos.
• Continue as ventilações de
resgate; verifique
o pulso a cada 2 minutos.
Na ausência de pulso,
inicie a RCP (vá para
o quadro “RCP”).
O DEA analisa o ritmo.
Ritmo chocável?
Sim, chocável
Aplique 1 choque. Reinicie a
RCP imediatamente por cerca de
2 minutos (até avisado pelo DEA
para a verificação do ritmo).
Continue até que o pessoal de
SAV assuma ou até que a vítima
comece a se MOVIMENTAR.
22
American Heart Association
Não, não chocável
Reinicie a RCP imediatamente por
cerca de 2 minutos (até avisado
pelo DEA para a verificação
do ritmo). Continue até que
o pessoal de SAV assuma
ou até que a vítima comece
a se MOVIMENTAR.
RCP somente com compressão
2015 (Atualizado): A RCP convencional (ventilações de resgate
e compressões torácicas) deve ser fornecida para bebês
e crianças em PCR. A asixia comum a maioria das PCRs
pediátricas exige ventilação como parte de uma RCP eicaz.
No entanto, como a RCP somente com compressão pode
ser eicaz em pacientes com PCR, se os socorristas estiverem
relutantes ou não forem capazes de administrar ventilações,
recomenda-se que a RCP somente com compressão seja
aplicada em bebês e crianças em PCR.
2010 (Antigo): A RCP ideal para bebês e crianças inclui
compressões e ventilações, mas a aplicação apenas de
compressões é preferível a nenhuma RCP.
Por quê: Registros demonstraram piores desfechos para PCRs
pediátricas presumidamente por asixia (que compõem a grande
maioria das PCRs pediátricas extra-hospitalares) tratadas com
RCP somente com compressão. Em dois estudos, quando
a RCP convencional (compressões mais respirações) não foi
aplicada em PCR por presumida asixia, os desfechos não
demonstraram nenhuma diferença em comparação com vítimas
que não receberam nenhuma RCP realizada por transeuntes.
Mediante uma suposta etiologia cardíaca, os desfechos foram
semelhantes independentemente de a RCP aplicada ser
convencional ou somente com compressão.
Suporte Avançado de Vida em Pediatria
Resumo dos principais pontos de discussão
e alterações
Muitas questões importantes na revisão da literatura
sobre suporte avançado de vida em pediatria levaram ao
reinamento das recomendações existentes, em vez de novas
recomendações. Novas informações ou atualizações são
fornecidas sobre a ressuscitação com luidos em doenças
febris, o uso de atropina antes da intubação traqueal, o uso de
amiodarona e lidocaína em FV refratária ao choque/TVSP,
CDT após ressuscitação de PCR em bebês e crianças,
e controle da pressão arterial pós-PCR.
• Em cenários especíicos, ao tratar pacientes pediátricos com doenças
febris, o uso de volumes restritivos de cristaloide isotônico melhora
a sobrevivência. Isto contrasta com a visão tradicional de que
é benéica a ressuscitação com volumes agressivos de rotina.
• O uso rotineiro de atropina como pré-medicação para intubação traqueal
de emergência em não neonatos, especiicamente para prevenir
arritmias, é controverso. Além disso, há dados que sugerem não haver
uma dose mínima de atropina necessária para essa indicação.
• Se houver monitoração invasiva da pressão arterial, esta pode
ser usada para ajustar a RCP e atingir alvos de pressão arterial
especíicos para crianças em PCR.
• A amiodarona ou a lidocaína são agentes antiarrítmicos aceitáveis
para a FV pediátrica refratária ao choque e TVSP em crianças.
• A epinefrina continua sendo recomendada como um vasopressor na
PCR em pediatria.
• Em pacientes pediátricos com cardiopatias e PCRIH em locais onde
existem protocolos de oxigenação extracorpórea por membrana,
pode-se considerar a ECPR.
• Evite a febre ao cuidar de crianças comatosas com RCE após uma
PCREH. Um grande estudo randomizado sobre hipotermia terapêutica
para crianças com PCREH não mostrou nenhuma diferença nos
desfechos quando se instalou um período de hipotermia terapêutica
moderada (com temperatura mantida de 32 °C a 34 °C) ou
a manutenção estrita de normotermia (com temperatura mantida
de 36 °C a 37,5 °C).
• Muitas variáveis clínicas durante e após a PCR foram avaliadas
quanto à relevância prognóstica. Não se identiicou nenhuma variável
como suicientemente coniável para prever desfechos. Portanto,
os responsáveis pelo tratamento devem considerar vários fatores na
tentativa de prever os desfechos durante a PCR e no contexto pós-RCE.
• Após o RCE, use luidos e infusões vasoativas para manter a pressão
arterial sistólica acima do 5º percentil para a idade.
• Após o RCE, tente atingir a normoxemia. Se o equipamento
necessário estiver disponível, reduza a administração de oxigênio
até atingir uma saturação de oxi-hemoglobina de 94% a 99%.
Evite a hipoxemia, a todo custo. Preferencialmente, titule o oxigênio
até um valor adequado ao quadro especíico do paciente. Da mesma
forma, após o RCE, obtenha um nível de PaCO2 da criança adequado
ao quadro de cada paciente. Evite exposição à hipercapnia ou
hipocapnia intensa.
Recomendações para ressuscitação com fluidos
2015 (Novo): A administração EV rápida de luidos isotônicos,
o quanto antes, é amplamente aceita como pedra angular do
tratamento de choque séptico. Recentemente, um grande ensaio
randomizado e controlado sobre ressuscitação com luidos,
realizado em crianças com doenças febris graves, em ambiente
com limitação de recursos, constatou que desfechos piores
estavam associados a bolus de luido EV. Para crianças em
choque, aconselha-se um bolus de luido inicial de 20 mL/kg.
No entanto, em crianças com doença febril em locais com
acesso limitado a recursos de cuidados intensivos (ou seja,
ventilação mecânica e suporte inotrópico), a administração
de bolus de luido EV deve ser feita com extremo cuidado,
pois pode ser prejudicial. É importante enfatizar o tratamento
individualizado e reavaliações clínicas frequentes.
Por quê: Esta recomendação continua a enfatizar a administração
de luidos EV em crianças com choque séptico. Além disso,
é importante enfatizar planos de tratamento individualizado
para cada paciente, com base em avaliações clínicas frequentes,
antes, durante e após a luidoterapia. Pressupõe-se também
a disponibilidade de outros tratamentos de cuidados intensivos.
Em certos ambientes com recursos limitados, o excesso de bolus
de luidos administrados em crianças febris pode levar
a complicações, quando o equipamento e a experiência técnica
adequada não estiverem presentes para resolvê-las de forma eicaz.
Atropina para intubação endotraqueal
2015 (Atualizado): Não há nenhuma evidência que respalde
o uso rotineiro de atropina como pré-medicação para evitar
bradicardia em intubações pediátricas de emergência. Podese considerá-la em situações em que haja maior risco de
bradicardia. Não há nenhuma evidência que respalde uma dose
mínima de atropina, quando utilizada como pré-medicação para
intubação de emergência.
2010 (Antigo): A dose mínima de 0,1 mg de atropina EV foi
recomendada por causa de relatos de bradicardia paradoxal
que ocorre em bebês muito pequenos que receberam baixas
doses de atropina.
Por quê: As evidências recentes são conlitantes quanto ao fato
de a atropina impedir a bradicardia e outras arritmias durante
a intubação de emergência em crianças. No entanto, esses
estudos recentes utilizaram doses de atropina inferiores a 0,1 mg
sem que houvesse aumento da probabilidade de arritmias.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
23
Monitoramento hemodinâmico invasivo durante
a RCP
2015 (Atualizado): Se houver monitoramento hemodinâmico
invasivo no momento da PCR em uma criança, pode-se usá-lo
para manter a qualidade da RCP.
2010 (Antigo): Se o paciente tiver um cateter arterial permanente,
use a forma de onda como feedback para avaliar a posição das
mãos e a profundidade das compressões torácicas. A compressão
até obter uma pressão arterial sistólica especíica ainda não foi
estudada em seres humanos, mas pode melhorar os desfechos
em animais.
Por quê: Dois estudos randomizados e controlados, realizados
em animais, constataram melhora no RCE e na sobrevivência
até a conclusão do experimento, quando a técnica de RCP era
ajustada com base no monitoramento hemodinâmico invasivo.
No entanto, ainda é necessário realizar estudos em humanos.
Medicamentos antiarrítmicos para FV refratária
ao choque ou TV sem pulso
2015 (Atualizado): A amiodarona ou a lidocaína são igualmente
aceitáveis para o tratamento da FV refratária ao choque ou da
TVSP em crianças.
2010 (Antigo): A amiodarona foi recomendada para a
FV refratária ao choque ou a TVSP. A lidocaína pode ser
administrada se a amiodarona não estiver disponível.
Por quê: Um registro retrospectivo recente, com o envolvimento
de várias instituições, sobre a PCR em pediatria no ambiente de
internação, mostrou que, em comparação com a amiodarona,
a lidocaína foi associada a maiores taxas de RCE e sobrevivência
de 24 horas. No entanto, nem a administração de lidocaína nem
a de amiodarona foi associada a uma melhor sobrevivência
à alta hospitalar.
Vasopressores para ressuscitação
2015 (Atualizado): É aconselhável administrar epinefrina
durante uma PCR.
2010 (Antigo): Administre epinefrina em PCR sem pulso.
Por quê: A classe de recomendação sobre a administração
de epinefrina durante a PCR foi ligeiramente rebaixada. Não há
estudos pediátricos de alta qualidade que mostrem a eicácia de
vasopressores na PCR. Dois estudos observacionais pediátricos
foram inconclusivos. Um estudo randomizado sobre adultos
em ambiente extra-hospitalar constatou que a epinefrina estava
associada a uma melhora do RCE e da sobrevivência à admissão
hospitalar, mas não à alta hospitalar.
ECPR comparada com a ressuscitação padrão
2015 (Atualizado): A ECPR pode ser considerada para crianças
com quadros cardíacos de base que tenham uma PCRIH,
desde que estejam disponíveis protocolos, experiência
e equipamentos adequados.
2010 (Antigo): Considere acionar, o quanto antes, o suporte
de vida extracorpóreo para uma PCR que ocorra em ambiente
altamente supervisionado, como uma unidade de cuidados
intensivos, com protocolos clínicos, experiência e equipamentos
disponíveis para iniciá-la rapidamente. Considere o suporte de
vida extracorpóreo apenas para crianças em PCR refratária às
tentativas de ressuscitação padrão, cuja causa da PCR seja
potencialmente reversível.
24
American Heart Association
Por quê: Não se considerou aqui a PCREH em crianças.
No caso de uma PCRIH pediátrica, não houve diferença
na sobrevivência global ao comparar a ECPR com a RCP
sem oxigenação extracorpórea por membrana. Uma revisão
retrospectiva de registros mostrou melhores desfechos com
a ECPR para pacientes com doença cardíaca do que para
aqueles com doença não cardíaca.
Controle direcionado da temperatura
2015 (Atualizado): Em crianças comatosas nos primeiros dias
após a PCR (intra-hospitalar ou extra-hospitalar), monitore
a temperatura continuamente e trate a febre agressivamente.
Em crianças comatosas ressuscitadas de uma PCREH,
os responsáveis pelo tratamento devem manter 5 dias de
normotermia (36 °C a 37,5 °C) ou 2 dias de hipotermia contínua
inicial (32 °C a 34 °C), seguido de 3 dias de normotermia.
Para crianças que permanecerem comatosas após uma PCRIH,
não há dados suicientes para que se possa recomendar
a hipotermia sobre a normotermia.
2010 (Antigo): A hipotermia terapêutica (32 °C a 34 °C) também
pode ser considerada para crianças que permaneçam comatosas
após a ressuscitação de uma PCR. É aceitável para adolescentes
ressuscitados de uma PCR com FV presenciada em ambiente
extra-hospitalar.
Por quê: Um estudo prospectivo e multicêntrico sobre vítimas
pediátricas de PCREH randomizadas para receberem hipotermia
terapêutica (32 °C a 34 °C) ou normotermia (36 °C a 37,5 °C)
não mostrou nenhuma diferença no desfecho funcional no
1º ano entre os dois grupos. Este e outros estudos
observacionais não demonstraram nenhuma outra complicação
no grupo tratado com hipotermia terapêutica. Há resultados
pendentes de um grande estudo multicêntrico, randomizado
e controlado sobre hipotermia terapêutica para pacientes
comatosos após o RCE seguinte a uma PCRIH pediátrica
(consulte o site Hipotermia Terapêutica Depois da PCR em
pediatria: www.THAPCA.org).
Fatores prognósticos durante e após a PCR
2015 (Atualizado): Vários fatores precisam ser considerados
ao tentar prever os desfechos de uma PCR. Diversos fatores
inluenciam na decisão de continuar ou terminar os esforços de
ressuscitação durante a PCR e na estimativa do potencial de
recuperação após a PCR.
2010 (Antigo): Os médicos devem levar em conta muitas
variáveis para prever os desfechos e usar o discernimento para
ponderar os esforços adequadamente.
Por quê: Não se constatou nenhuma variável durante ou após
a PCR que preveja, de forma coniável, desfechos favoráveis
ou ruins.
Fluidos e inotrópicos pós-PCR
2015 (Novo): Após o RCE, use luidos e inotrópicos/
vasopressores para manter a pressão arterial sistólica acima
do 5º percentil para a idade. Use o monitoramento da pressão
intra-arterial para controlar continuamente a pressão arterial
e identiicar e tratar a hipotensão.
Por quê: Não foi identiicado nenhum estudo que avaliasse
agentes vasoativos especíicos em pacientes pediátricos após
o RCE. Estudos observacionais recentes revelaram que as
crianças que apresentavam hipotensão após o RCE tinham uma
pior sobrevivência à alta hospitalar e pior desfecho neurológico.
PaO2 e PaCO2 pós-PCR
2015 (Atualizado): Após o RCE em crianças, os socorristas
podem titular a administração de oxigênio para atingir
a normoxemia (saturação de oxi-hemoglobina de 94% ou
superior). Se o equipamento necessário estiver disponível,
reduza o oxigênio até atingir uma saturação de oxi-hemoglobina
de 94% a 99%. O objetivo é o de evitar estritamente
a hipoxemia, mantendo a normoxemia. Da mesma forma,
as estratégias de ventilação após o RCE crianças devem
procurar atingir um PaCO2 adequado a cada paciente,
evitando extremos de hipercapnia ou hipocapnia.
2010 (Antigo): Uma vez restaurada a circulação, se houver
equipamentos adequados, pode-se reduzir gradativamente
a fração de oxigênio inspirado para manter uma saturação
de oxi-hemoglobina igual a 94% ou superior. Não foram feitas
recomendações sobre o PaCO2.
Por quê: Um grande estudo observacional pediátrico sobre
a PCRIH e a PCREH revelou que a normoxemia (deinida
como PaO2 60 a 300 mmHg) estava associada a uma melhor
sobrevivência após a alta da unidade de cuidados intensivos
pediátricos, em comparação com a hiperoxemia (PaO2 superior
a 300 mmHg). Estudos com adultos e animais mostram
aumento da mortalidade associado à hiperoxemia. Da mesma
forma, estudos realizados em adultos após o RCE demonstram
uma pior evolução do paciente associada à hipocapnia.
Ressuscitação Neonatal
Resumo dos principais pontos de discussão
e alterações
A PCR neonatal é predominantemente por asixia. Por isso,
a ventilação continua a ser o foco da ressuscitação inicial.
Os principais tópicos neonatais em 2015 foram os seguintes:
• A ordem das três perguntas de avaliação mudou para (1) gestação
a termo? (2) bom tônus? e (3) respira ou chora?
• A marca do minuto de ouro (60 segundos) para concluir os passos
iniciais, reavaliar e iniciar a ventilação (se necessária) foi mantida para
enfatizar a importância de evitar atrasos desnecessários no início da
ventilação, o passo mais importante para o sucesso da ressuscitação
do recém-nascido que não responder aos passos iniciais.
• Há uma nova recomendação de que o atraso na clipagem do
cordão por mais de 30 segundos é aceitável para bebês a termo
e prematuros que não necessitam de ressuscitação ao nascimento,
mas não há evidências suicientes para recomendar uma abordagem
para a clipagem do cordão para bebês que necessitam de
ressuscitação ao nascimento. Há também uma sugestão contra
o uso rotineiro da ordenha do cordão umbilical (fora de um cenário
de pesquisa) para bebês nascidos com menos de 29 semanas de
gestação, até que se saiba mais sobre os risco e benefícios.
• A temperatura deve ser registrada como fator de previsão dos
desfechos e como indicador de qualidade.
• A temperatura de bebês recém-nascidos não asixiados deve
ser mantida entre 36,5 °C e 37,5 °C após o nascimento, desde
a admissão até a estabilização.
• Várias estratégias (berços aquecidos (aquecedores radiantes),
capa plástica com capuz/toca, colchão térmico, gases umedecidos
aquecidos e aumento da temperatura ambiente mais capa mais
colchão térmico) podem ser utilizadas para evitar a hipotermia em
bebês prematuros. A hipertermia (temperatura superior a 38 °C deve
ser evitada, pois apresenta possíveis riscos associados.
• Se o bebê nascer com líquido amniótico meconial e apresentar
tônus muscular insatisfatório e esforços respiratórios inadequados,
coloque-o em um berço aquecido e inicie uma VPP, se necessário.
A intubação de rotina para aspiração traqueal não é indicada, pois
não há evidências suicientes que justiiquem essa recomendação.
Inicie a intervenção adequada para ajudar na ventilação e na
oxigenação, conforme indicado especiicamente para cada bebê.
A intervenção pode incluir intubação e aspiração, se a via aérea
estiver obstruída.
• A avaliação da frequência cardíaca continua sendo fundamental
durante o primeiro minuto de ressuscitação. O uso de um ECG
de 3 derivações é aconselhável, pois os proissionais podem não
conseguir avaliar com precisão a frequência cardíaca por ausculta
ou palpação e a oximetria de pulso pode subestimar a frequência
cardíaca. A utilização do ECG não elimina a necessidade de oximetria
de pulso para avaliar a oxigenação do recém-nascido.
• Inicie a ressuscitação de bebês prematuros com menos de
35 semanas de gestação com pouco oxigênio (21% a 30%). Titule o
oxigênio até atingir a saturação de oxigênio pré-ductal e aproximarse do intervalo alcançado em bebês saudáveis nascidos a termo.
• Não há dados suicientes sobre a segurança e o método de aplicação
da insulação contínua com mais de 5 segundos de duração para
o recém-nascido em transição.
• Pode-se considerar o uso de uma máscara laríngea como alternativa
à intubação traqueal, caso não se obtenha êxito na ventilação
com máscara facial. A máscara laríngea é recomendada durante
a ressuscitação de recém-nascidos com 34 semanas ou mais de
gestação, quando a intubação traqueal não surte efeito ou é inviável.
• Bebês prematuros que respiram espontaneamente, com desconforto
respiratório, podem ser inicialmente auxiliados com pressão positiva
contínua nas vias aéreas em vez de com intubação de rotina para
a administração de PPV.
• As recomendações da técnica de compressão torácica (técnica
dos dois polegares) e a relação compressão-ventilação (3:1 com
90 compressões e 30 respirações por minuto) permanecem
inalteradas. Como nas recomendações de 2010, os socorristas
podem considerar relações mais altas (por exemplo, 15:2), caso
acreditem que a parada tenha origem cardíaca.
• Embora não existam estudos clínicos disponíveis sobre o uso
de oxigênio durante a RCP, o grupo de redação das Diretrizes
Neonatais continua a endossar o uso de oxigênio a 100% sempre
que foram aplicadas compressões torácicas. É aconselhável reduzir
gradativamente a concentração de oxigênio, logo que a frequência
cardíaca se recuperar.
• As recomendações sobre o uso de epinefrina durante a RCP
e a administração de volume não foram revisadas em 2015,
de modo que as recomendações de 2010 permanecem em vigor.
• Em áreas com abundância de recursos, a hipotermia terapêutica
induzida para bebês com mais de 36 semanas de gestação, com
evolução moderada a intensa de encefalopatia hipóxico-isquêmica,
não foi revisada em 2015, de modo que as recomendações de 2010
permanecem em vigor.
• Em ambientes com recursos limitados, a hipotermia terapêutica deve
ser administrada mediante protocolos claramente deinidos, similares
aos utilizados nos ensaios clínicos e nas instituições com recursos
para tratamento e acompanhamento multidisciplinar.
• Em geral, não foram publicados novos dados que justiiquem uma
mudança nas recomendações de 2010 sobre manter ou suspender
a ressuscitação. Um score de Apgar de 0 a 10 minutos é um forte
fator de previsão de mortalidade e morbidade em bebês prematuros
e nascidos a termo, mas a decisão sobre manter ou suspender os
esforços de ressuscitação deve ser individualizada.
• Sugere-se que o treinamento de ressuscitação neonatal ocorra com
mais frequência do que o intervalo atual de 2 anos.
• Em ambientes com recursos limitados, medidas simples para
prevenir a hipotermia nas primeiras horas de vida (uso de capas
plásticas, contato pele a pele e até mesmo colocar o bebê, depois
de seco, em um saco plástico para alimentos, até o pescoço) podem
reduzir a mortalidade.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
25
Tratamento do cordão umbilical: Clipagem
retardada do cordão
2015 (Atualizado): A clipagem retardada do cordão após
30 segundos é indicada para bebês prematuros e nascidos
a termo que não necessitam de ressuscitação ao nascimento.
Não há evidências suicientes para recomendar a clipagem
do cordão em crianças que necessitam de ressuscitação
ao nascimento.
2010 (Antigo): Há cada vez mais evidências do benefício de
se retardar a clipagem do cordão umbilical por, pelo menos,
1 minuto, em bebês prematuros ou nascidos a termo que não
necessitem de ressuscitação. Há evidências insuicientes para
sustentar ou refutar a recomendação de retardar a clipagem do
cordão umbilical em bebês que necessitem de ressuscitação.
Por quê: Em bebês que não necessitam de ressuscitação,
a clipagem retardada do cordão está associada a menos
hemorragia intraventricular, aumento da pressão arterial
e do volume sanguíneo, menor necessidade de transfusão
após o nascimento e menos enterocolite necrosante. A única
consequência adversa encontrada foi o ligeiro aumento do nível
de bilirrubina, associado à maior necessidade de fototerapia.
Aspiração de bebês não vigorosos com líquido
amniótico meconial
2015 (Atualizado): Se o bebê nascer com líquido amniótico
meconial e apresentar tônus muscular insatisfatório e esforços
respiratórios inadequados, os passos iniciais da ventilações
devem ser realizados no berço aquecido. Inicie a PPV se o bebê
não estiver respirando ou se a frequência cardíaca for inferior
a 100/min, após a realização dos passos iniciais. A intubação
de rotina para aspiração traqueal neste cenário não é indicada,
pois não há evidências suicientes que justiiquem continuar
a recomendar essa prática. No entanto, um time que inclua
proissional especializado em intubação de recém-nascidos
deve permanecer presente na sala de parto.
2010 (Antigo): As evidências eram insuicientes para
recomendar alguma alteração na prática atual de realização da
aspiração endotraqueal em bebês não vigorosos com líquido
amniótico meconial.
Por quê: A revisão das evidências sugere que a ressuscitação
siga os mesmos princípios para bebês com líquido meconial ou
com líquido claro, ou seja, se forem observados tônus muscular
insatisfatório e esforços respiratórios inadequados, os passos
iniciais da ressuscitação (aquecer e manter a temperatura,
posicionamento do bebês, aspiração de secreções na via aérea,
se necessário, secagem e estimulação do bebê) devem ser
realizados em berço aquecido. Inicie a PPV se o bebê não estiver
respirando ou se a frequência cardíaca for inferior a 100/min,
após a realização dos passos iniciais. Os especialistas deram
mais valor a evitar-se danos (ou seja, atrasos na aplicação de
ventilação com bolsa-máscara, possíveis danos causados pelo
procedimento) do que ao benefício incerto da intervenção com
intubação traqueal de rotina e aspiração. Inicie a intervenção
adequada para ajudar na ventilação e na oxigenação, conforme
indicado especiicamente para cada bebê. A intervenção pode
incluir intubação e aspiração, se a via aérea estiver obstruída.
Avaliação da frequência cardíaca: Utilização de
ECG de três derivações
2015 (Atualizado): Durante a ressuscitação de bebês
prematuros e nascidos a termo, pode ser útil o uso do ECG de
três derivações para medir, com rapidez e precisão, a frequência
cardíaca do recém-nascido. A utilização do ECG não elimina
a necessidade de oximetria de pulso para avaliar a oxigenação
do recém-nascido.
26
American Heart Association
2010 (Antigo): Embora o uso do ECG não tenha sido
mencionado em 2010, a questão de como avaliar a frequência
cardíaca foi abordada: A avaliação da frequência cardíaca deve
ser feita por ausculta intermitente do pulso precordial. Quando
o pulso for detectável, a palpação do pulso umbilical também
pode fornecer uma estimativa rápida de pulso e é mais precisa
que a palpação em outros locais. Um oxímetro de pulso pode
fornecer uma avaliação contínua do pulso, sem interrupção
de outras medidas de ressuscitação, mas o dispositivo demora
de 1 a 2 minutos para ser aplicado e pode não funcionar sob
estados de débito cardíaco ou perfusão muito ruins.
Por quê: Constatou-se que a avaliação clínica da frequência
cardíaca na sala de parto não é coniável nem precisa.
A frequência cardíaca SUBESTIMADA pode levar a uma
ressuscitação desnecessária. Constatou-se que o ECG
exibe uma frequência cardíaca precisa mais rapidamente
que a oximetria de pulso. É mais comum a oximetria de pulso
exibir uma frequência mais baixa nos primeiros 2 minutos
de vida, muitas vezes em níveis que sugerem a necessidade
de intervenção.
Administração de oxigênio em recémnascidos prematuros
2015 (Atualizado): Inicie a ressuscitação de bebês prematuros
com menos de 35 semanas de gestação com pouco oxigênio
(21% a 30%). Titule a concentração de oxigênio até atingir uma
saturação de oxigênio pré-ductal que se aproxime do intervalo
interquartil medido em bebês saudáveis nascidos a termo após
um parto vaginal ao nível do mar. Não é recomendado iniciar
a ressuscitação de recém-nascidos prematuros com alta taxa
de oxigênio (65% ou superior). Essa recomendação relete
uma preferência por não expor recém-nascidos prematuros
a oxigênio adicional, sem que os dados demonstrem um
benefício comprovado para os desfechos importantes.
2010 (Antigo): Pode-se iniciar a ressuscitação com ar (21% de
oxigênio no nível do mar). Pode-se administrar e titular oxigênio
suplementar para atingir uma saturação de oxigênio pré-ductal
que se aproxime do intervalo interquartil medido em bebês
saudáveis nascidos a termo após um parto vaginal no nível
do mar. A maioria dos dados era de bebês nascidos a termo,
não durante a ressuscitação, com um único estudo sobre
bebês prematuros durante a ressuscitação.
Por quê: Atualmente, há dados fornecidos por uma meta-análise
de sete estudos randomizados que não demonstraram nenhum
benefício para a sobrevivência à alta hospitalar, prevenção
de displasia broncopulmonar, hemorragia intraventricular ou
retinopatia da prematuridade, quando recém-nascidos prematuros
(menos de 35 semanas de gestação) foram ressuscitados com
alta concentração de oxigênio (65% ou superior) em comparação
com uma baixa (21% a 30%) concentração.
Hipotermia terapêutica pós-ressuscitação:
Ambientes com recursos limitados
2015 (Atualizado): Sugere-se que o uso da hipotermia
terapêutica em ambientes de recursos limitados (ou seja,
ausência de pessoal qualiicado, equipamentos inadequados
etc.) possa ser considerado e oferecido mediante protocolos
claramente deinidos semelhantes aos utilizados em ensaios
clínicos publicados e em instalações com capacidade para
atendimento multidisciplinar e acompanhamento longitudinal.
2010 (Antigo): Recomenda-se que bebês nascidos com
36 semanas de gestação ou mais, com encefalopatia
hipóxico-isquêmica de moderada a grave, recebam hipotermia
terapêutica. A hipotermia terapêutica deve ser administrada
mediante protocolos claramente deinidos, similares aos utilizados
nos ensaios clínicos publicados e nas instituições com recursos
para tratamento multidisciplinar e acompanhamento longitudinal.
Por quê: Embora se mantenha inalterada a recomendação de
hipotermia terapêutica no tratamento da encefalopatia hipóxicoisquêmica de moderada a grave em ambientes com abundância
de recursos, adicionou-se uma recomendação para orientar
o uso dessa modalidade em ambientes onde os recursos
possam limitar as opções de alguns tratamentos.
Educação
Apesar dos avanços cientíicos signiicativos no atendimento
de vítimas de PCR, ainda há uma considerável variabilidade
na probabilidade de sobrevivência que não pode ser atribuída
exclusivamente às características do paciente. Para otimizar
a probabilidade de que as vítimas de PCR recebam cuidados
da mais alta qualidade, baseados em evidências, é preciso que
o treinamento em ressuscitação utilize princípios educacionais
respaldados por pesquisas que traduzam o conhecimento
cientíico em prática. Embora as diretrizes educacionais da
AHA 2010 incluíssem a implementação e as equipes nas
recomendações, as diretrizes educacionais da AHA 2015
agora se concentram estritamente na educação, sendo a
implementação e as equipes incluídas em outras partes da
Atualização das Diretrizes de 2015.
Resumo dos principais pontos de discussão
e alterações
Principais recomendações e pontos de ênfase:
• O uso de um dispositivo de feedback para RCP é recomendado
para ajudar na aprendizagem da habilidade psicomotora da RCP.
Dispositivos que fornecem feedback corretivo sobre o desempenho
têm preferência sobre os que fornecem apenas comandos
(como um metrônomo).
• O uso de manequins de alta idelidade é incentivado para programas
que tenham infraestrutura, pessoal treinado e os recursos
necessários para manter o programa. Os manequins padrão
continuam a ser uma escolha adequada para organizações que
não têm essa capacidade.
• As habilidades de SBV parecem ser aprendidas com a mesma
facilidade por autoaprendizagem (em vídeo ou computador) e com
a prática, em comparação com os cursos tradicionais ministrados
por instrutores.
• Embora o treinamento prévio em RCP não seja essencial para que os
possíveis socorristas iniciem a RCP, o treinamento ajuda as pessoas
a aprender as habilidades e a desenvolver a coniança necessária
para aplicar a RCP quando se deparam com uma vítima de PCR.
• Para minimizar o tempo de desibrilação em vítimas de PCR, o uso
do DEA não deve se limitar a indivíduos treinados (embora ainda se
recomende o treinamento).
• Uma combinação de autoaprendizagem e cursos ministrados por
instrutores com treinamento prático pode ser considerada como
alternativa aos tradicionais cursos conduzidos por instrutores para
socorristas leigos.
• A preparação pré-curso, que inclui revisão adequada de informações
do conteúdo, testes on-line/pré-curso e/ou a prática das habilidades
técnicas pertinentes, pode otimizar a aprendizagem dos cursos de
suporte avançado de vida em pediatria e para adultos.
• Dada a importância da dinâmica da equipe para a ressuscitação,
o treinamento com foco nos princípios de liderança e trabalho em
equipe deve ser incorporado aos cursos de suporte avançado de vida.
• As comunidades podem considerar o treinamento de pessoas em
RCP somente com compressão, para casos de PCREH de adultos,
como alternativa ao treinamento em RCP convencional.
• Ciclos de requaliicação a cada dois anos não são ideais.
O treinamento mais frequente nas habilidades de suporte básico
e avançado de vida pode ser útil para proissionais que tenham
probabilidade de se deparar com PCRs.
O grupo de redação das Diretrizes de Educação em ACE da
AHA 2015 concordou em vários conceitos básicos para orientar
o desenvolvimento de cursos e materiais de curso (Tabela 3).
Dispositivos de feedback para RCP
2015 (Atualizado): A utilização de dispositivos de feedback
pode ser eicaz para melhorar o desempenho da RCP durante
o treinamento.
2015 (Novo): Se não houver dispositivos de feedback, podese considerar a utilização de orientação auditiva (por exemplo,
metrônomo, música) para melhorar a adesão às recomendações
referentes à velocidade das compressões torácicas.
2010 (Antigo): O uso de um dispositivo de feedback para RCP
pode ser eicaz para o treinamento.
Por quê: Novas evidências diferenciam o benefício de
diferentes tipos de feedback para o treinamento, com uma
ligeira vantagem para um feedback que seja mais abrangente.
Uso de manequins de alta fidelidade
2015 (Atualizado): O uso de manequins de alta idelidade em
treinamentos sobre suporte avançado de vida pode ser benéico
para melhorar o desempenho das habilidades na conclusão
do curso.
2010 (Antigo): Manequins realistas podem ser úteis
para integrar os conhecimentos, as habilidades e os
comportamentos no treinamento em suporte avançado de vida.
Por quê: Na revisão de evidências de 2010, não houve
evidências suicientes para recomendar o uso rotineiro
de manequins mais realistas com o objetivo de melhorar
o desempenho das habilidades em ressuscitações reais,
sobretudo em vista dos custos e dos recursos adicionais
necessários. Considerando o possível benefício de ter
manequins mais realistas e o aumento dos custos e dos
recursos envolvidos, a literatura recém-publicada defende o uso
de manequins de alta idelidade, sobretudo em programas em
que os recursos (por exemplo, recursos humanos e inanceiros)
já existem no local.
Formatos de aprendizagem misturados
2015 (Atualizado): A autoaprendizagem de RCP por meio de
vídeos e/ou módulos em computador com prática real pode ser
uma alternativa razoável aos cursos ministrados por instrutores.
2015 (Novo): É possível utilizar modalidades de ensino
alternativas para suporte básico e avançado de vida em
ambientes com recursos limitados.
2010 (Antigo): Instruções em vídeos curtos, aliadas à prática
real sincronizada, são uma alternativa eicaz aos cursos de SBV
ministrados por instrutores.
Por quê: Os desfechos obtidos pelos alunos são mais
importantes do que os formatos de curso. A aquisição
e a retenção de conhecimento e habilidades e, em última
análise, o desempenho clínico e a evolução do paciente devem
orientar o aprendizado de ressuscitação. Há novas evidências
de que formatos especíicos, como autoaprendizagem em
RCP por meio de vídeos ou módulos em computador,
podem proporcionar desfechos semelhantes aos dos cursos
ministrados por instrutores. A capacidade de usar efetivamente
formatos de curso alternativos é especialmente importante
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
27
Tabela 3
Principais conceitos educacionais em ACE da AHA
Simplificação
O conteúdo do curso deve ser simpliicado na apresentação e na abrangência para facilitar a realização dos objetivos do curso.10,11
Consistência
O conteúdo do curso e as demonstrações de habilidade deve ser apresentados de forma consistente. Instruções intermediadas
por vídeo, do tipo pratique enquanto assiste, são o método preferido para o treinamento básico em habilidades psicomotoras,
pois reduzem a intervenção de instrutores, que podem desviar da programação pretendida para o curso.11-14
Contextual
Os princípios de aprendizagem de adultos15 devem ser aplicados a todos os cursos de ACE, com ênfase na criação de cenários de
treinamento relevantes que possam ser aplicados de forma prática ao ambiente dos alunos no mundo real, como, por exemplo,
pedir que os alunos em ambiente hospitalar pratiquem a RCP no leito, em vez de sobre o chão.
Prática real
É necessário praticar substancialmente para que se possam atingir os objetivos de habilidade e desempenho psicomotor e de
liderança não técnica.11,12,16-18
Praticar até dominar
Os alunos deverão ter a oportunidade de repetir a execução das principais habilidades, juntamente com rigorosa avaliação
e feedback em ambiente controlado.19-22 Essa prática proposital deve basear-se em objetivos claramente deinidos23-25
e não no tempo gasto, para que o aluno SE desenvolva e domine a técnica.26-30
Reunião
de Consolidação
O fornecimento de feedback e/ou debrieing são um componente essencial do aprendizado experimental.31 O feedback
e debrieing depois da prática e das simulações de habilidades permitem que os alunos (e grupos de alunos) tenham
a oportunidade de reletir sobre o seu desempenho e receber feedback estruturado sobre como melhorar seu desempenho futuro.32
Avaliação
A avaliação da aprendizagem em cursos de ressuscitação serve para garantir a obtenção da competência necessária e fornecer
os parâmetros que os alunos precisam atingir. A avaliação também fornece a base para o feedback dos alunos (avaliação da
aprendizagem). As estratégias de avaliação devem se concentrar nas competências e na promoção da aprendizagem.
Os objetivos de aprendizagem33 devem ser claros e mensuráveis e servir de base para a avaliação.
Avaliação do
curso/programa
Este é um componente que faz parte da educação sobre ressuscitação, com a avaliação de cursos , que incluI o desempenho do
aluno, de cada instrutor, do curso e do programa.34 As organizações responsáveis pelo treinamento devem usar essas informações
como base para o processo de melhoria contínua da qualidade.
Abreviações: AHA, American Heart Association; RCP, ressuscitação cardiopulmonar.
em ambientes com recursos limitados, nos quais o custo dos
cursos conduzidos por instrutores pode ser um empecilho.
Cursos de autoaprendizagem oferecem a oportunidade de
treinar muito mais indivíduos em RCP, reduzindo o custo
e os recursos necessários para o treinamento, fatores estes
que são importantes quando se considera a grande população
de possíveis socorristas a serem treinados.
Treinamento direcionado
2015 (Novo): É uma boa ideia treinar cuidadores primários
e/ou familiares de pacientes de alto risco.
Por quê: Estudos mostram consistentemente altos escores
de desempenho das RCPs realizadas por familiares e/ou
cuidadores treinados de pacientes cardíacos de alto risco,
em comparação com aqueles que não receberam treinamento.
Treinamento ampliado para DEAs
2015 (Atualizado): Pode-se considerar uma combinação de
autoaprendizagem e ensino ministrado por instrutores, com
treinamento prático, como alternativa aos tradicionais cursos
conduzidos por instrutores para socorristas leigos. Se não
for possível ministrar o treinamento com instrutores, pode-se
considerar o treinamento autodirigido para socorristas leigos
que estejam aprendendo as habilidades com um DEA.
2015 (Novo): Métodos autodirigidos podem ser utilizados para
proissionais de saúde que estejam aprendendo as habilidades
com um DEA.
28
American Heart Association
2010 (Antigo): Como o treinamento sobre o uso de um DEA,
por mínimo que seja, demonstrou melhorar o desempenho em
PCRs simuladas, devem-se oferecer e promover oportunidades
de treinamento para socorristas leigos.
Por quê: É possível operar um DEA corretamente sem nenhum
treinamento prévio: Não há necessidade de treinamento sobre
a utilização de DEAs pelo público. No entanto, o treinamento,
por mínimo que seja, melhora o desempenho, a prontidão
e a eicácia. O treinamento autodirigido amplia as oportunidades
de treinamento de socorristas leigos e proissionais de saúde.
Trabalho em equipe e liderança
2015 (Atualizado): Dado o pequeno risco de danos e o possível
benefício do trabalho em equipe e do treinamento em liderança,
a inclusão desse tipo de treinamento como parte do treinamento
em suporte avançado de vida é aconselhável.
2010 (Antigo): O treinamento nas habilidades de trabalho em
equipe e liderança deve ser incluído nos cursos de suporte
avançado de vida.
Por quê: A ressuscitação é um processo complexo que
envolve, muitas vezes, a cooperação de muitos indivíduos. O
trabalho em equipe e a liderança são importantes componentes
para uma ressuscitação eicaz. Apesar da importância desses
fatores, há evidências limitadas de que o trabalho em equipe
e o treinamento em liderança afetem a evolução do paciente.
RCP somente com compressão
2015 (Novo): As comunidades podem considerar o treinamento
de pessoas em RCP somente com compressão, para casos
de PCREH de adultos, como alternativa ao treinamento em
RCP convencional.
Por quê: A RCP somente com compressão é mais
simples para os socorristas leigos aprenderem do que a
RCP convencional (compressões com respirações) e pode
até mesmo ser orientada por um atendente durante uma
emergência. Estudos realizados após uma campanha educativa
estadual para RCP somente com compressão, realizada
por pessoas presentes no local, mostraram um aumento na
prevalência da RCP geral e na RCO somente com compressão
aplicada por essas pessoas.
Intervalos de reciclagem em SBV
2015 (Atualizado): Dada a rapidez com que as habilidades em
SBV pioram após o treinamento, além da melhora observada
nas habilidades e na coniança dos alunos que treinam com
mais frequência, acredita-se que a reciclagem em SBV deva
ser realizada com mais frequência por indivíduos que tenham
probabilidade de se deparar com situações de PCR.
2015 (Novo): Em vista dos possíveis benefícios educacionais
obtidos com sessões de reciclagem curtas e frequentes,
juntamente com o potencial de redução de custos por conta da
redução do tempo de treinamento e da remoção de pessoal do
ambiente clínico para cursos de reciclagem padrão, é justiicável
que indivíduos com probabilidade de se deparar com vítimas
de PCR realizem reciclagens mais frequentes baseadas em
manequins. Não há evidências suicientes para recomendar
o intervalo de tempo ideal.
2010 (Antigo): O desempenho das habilidades deve ser
avaliado durante a certiicação de 2 anos, fornecendo-se
reforço, se necessário.
Por quê: Embora o número cada vez maior de evidências
continue a mostrar que a recertiicação em suporte básico
e avançado de vida a cada 2 anos é inadequada para a maioria
das pessoas, ainda não se determinou o prazo ideal para
a reciclagem. Entre os fatores que afetam a determinação do
intervalo de reciclagem ideal estão a qualidade do treinamento
inicial, o fato de que algumas habilidades podem ser mais
propensas a piorar do que outras e a frequência com que as
habilidades são usadas na prática clínica. Embora os dados
sejam limitados, observa-se uma melhora nas habilidades e na
coniança entre os alunos que recebem treinamento com mais
frequência. Além disso, reciclagens frequentes com simulação
baseada em manequins podem reduzir custos por diminuir
o tempo total necessário para a reciclagem, em comparação
com os intervalos usuais de reciclagem.
Primeiros Socorros
A Atualização das Diretrizes da AHA e da American Red Cross
de 2015 para Primeiros Socorros conirmam as metas de
primeiros socorros: reduzir a morbidade e a mortalidade
com o alívio do sofrimento, a prevenção de mais doenças ou
lesões e a promoção da recuperação. O escopo dos primeiros
socorros foi ampliado. Os primeiros socorros pode ser iniciados
por qualquer pessoa, em qualquer situação, e incluem
o autoatendimento.
Resumo dos principais pontos de discussão
e alterações
• O uso de sistemas de avaliação de AVC pode ajudar os prestadores
de primeiros socorros a identiicar sinais e sintomas de acidente
vascular cerebral.
• Embora a preferência seja por comprimidos de glicose para
o tratamento da hipoglicemia branda, eles podem não ser facilmente
obtidos. Nesses casos, constatou-se que outras formas de açúcar
encontradas em produtos alimentares comuns são alternativas
aceitáveis aos comprimidos de glicose para diabéticos com
hipoglicemia sintomática leve, que estejam conscientes e sejam
capazes de engolir e seguir comandos.
• É aceitável que um prestador de primeiros socorros deixe um
ferimento no tórax aberto e descoberto. Se um curativo e a aplicação
de pressão direta forem necessários para controlar a hemorragia,
deve-se tomar cuidado para que o curativo não se transforme,
inadvertidamente, em um curativo oclusivo.
• Não há sistemas simples de avaliação para ajudar os prestadores de
primeiros socorros a reconhecer uma concussão.
• Quando for necessário retardar o reimplante de um dente
avulsionado, o armazenamento temporário do dente em uma solução
adequada pode ajudar a prolongar sua viabilidade.
• O ensino de primeiros socorros oferecido em campanhas de
saúde pública, com tópicos direcionados ou em cursos que deem
certiicação pode aumentar a probabilidade de sobrevivência,
diminuir a gravidade da lesão e o tempo de hospitalização em
enfermos ou traumatizados.
• Ao cuidar de uma pessoa que não responde, mas que respira
normalmente, e na ausência de grandes traumas, como na coluna
vertebral ou na pelve, pode-se melhorar a mecânica das vias aéreas
colocando a pessoa deitada de lado. Não é mais recomendada
a posição de recuperação HAINES (High Arm in Endangered Spine,
ou braço suspenso com coluna em risco).
• Continua não havendo indicação para a administração rotineira de
oxigênio suplementar por prestadores de primeiros socorros. Para
prestadores de primeiros socorros com treinamento especializado no
uso de oxigênio suplementar, a administração de oxigênio pode ser
benéica para pessoas com lesão de descompressão. Entre outras
situações em que se pode considerar a administração estão a suspeita
de envenenamento por monóxido de carbono e em pacientes com
câncer de pulmão que apresentem dispneia com hipoxemia.
• As recomendações ainda airmam que, enquanto se aguarda
a chegada dos proissionais do SME, o prestador de primeiros
socorros pode incentivar uma pessoa com dor torácica a mascar
uma aspirina, se os sinais e sintomas sugerirem que a pessoa
esteja tendo um ataque cardíaco e se a pessoa não tiver alergia
ou contraindicação, como em uma hemorragia recente. No entanto,
a atualização desta recomendação observa que, se uma pessoa
apresentar dor torácica que não sugira que a causa tenha origem
cardíaca, ou se o prestador de primeiros socorros estiver em dúvida
sobre a causa da dor torácica ou se sentir desconfortável com
a administração de aspirina, não deve incentivar a pessoa a tomá-la.
• A aplicação de epinefrina é recomendada para a situação
potencialmente fatal de anailaxia. As pessoas em risco,
normalmente, portam autoinjetores de epinefrina, muitas vezes,
em embalagem com duas doses. Quando os sintomas de anailaxia
não se resolverem com uma dose inicial de epinefrina, e a chegada
do SME exceder de 5 a 10 minutos, pode-se considerar uma segunda
dose de epinefrina.
• O método principal para controlar a hemorragia é a aplicação de
pressão irme e direta. Quando a aplicação de pressão direta não for
eicaz para uma hemorragia intensa ou potencialmente fatal, podese considerar o uso de um curativo hemostático com aplicação de
pressão direta, embora seja necessário treinamento na forma correta
de aplicação e nas indicações de uso.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
29
• O uso de colares cervicais por prestadores de primeiros socorros não
é recomendado. Para pessoas feridas que satisfaçam os critérios de
alto risco para lesões na coluna, o método ideal a ser aplicado pelo
prestador de primeiros socorros com o objetivo de ajudar a impedir
o movimento da coluna requer um estudo mais aprofundado, mas
pode incluir comandos verbais ou estabilização manual, enquanto se
aguarda a chegada de proissionais avançados.
• Os tópicos abordados na Atualização das Diretrizes de 2015 que não
trazem novas recomendações em relação às de 2010 incluem o uso de
broncodilatadores para asma com falta de ar, lesões oculares tóxicas,
controle de hemorragia, uso de torniquetes, tratamento de suspeitas
de fraturas de ossos longos, resfriamento de queimaduras térmicas,
curativos para queimaduras e restrição de movimento da coluna.
Reconhecimento de um AVC
2015 (Novo): Recomenda-se o uso de um sistema de
avaliação de AVE pelos prestadores de primeiros socorros.
Em comparação com sistemas de avaliação de AVC que
não necessitam da medição da glicose, os de sistemas de
avaliação que incluem a medição de glicose têm sensibilidade
semelhante, mas maior especiicidade para o reconhecimento
de um AVC. Os sistemas de avaliação de AVC Face, Arm,
Speech, Time (FAST) ou Cincinnati Prehospital Stroke Scale
(CPSS) são os mais simples para utilização por prestadores de
primeiros socorros, com alta sensibilidade para a identiicação
de um AVC.
Por quê: As evidências mostram que o reconhecimento
precoce de um AVC com o uso de um sistema de avaliação
adequado diminui o intervalo entre o momento do início
dos sinais e sintomas do AVC e a chegada a um hospital e
o tratamento deinitivo. Em um estudo, mais de 94% dos
socorristas leigos treinados em algum sistema de avaliação
de AVC conseguiram reconhecer os sinais e sintomas de
um AVC, e essa capacidade persistiu por três meses após
o treinamento.35,36
Hipoglicemia
2015 (Novo): Para diabéticos com hipoglicemia sintomática leve,
capazes de seguir comandos e engolir com segurança,
a utilização de glicose por via oral sob a forma de comprimidos
proporciona alívio clínico mais rápido em comparação com outras
formas de açúcar encontradas em produtos alimentares comuns.
Se disponíveis, use os comprimidos de glicose para resolver a
hipoglicemia nesses indivíduos. Se não estiverem disponíveis
comprimidos de glicose, outras formas especiicamente avaliadas
de alimentos e líquidos que contêm açúcar, tais como sacarose,
frutose e oligossacáridos, podem ser alternativas eicazes para
reverter a hipoglicemia sintomática leve.
Por quê: A hipoglicemia é um quadro comum encontrado pelos
prestadores de primeiros socorros. O tratamento precoce da
hipoglicemia leve pode prevenir a progressão para hipoglicemia
grave. A hipoglicemia grave pode provocar perda de consciência
ou convulsões e, normalmente, requer atendimento pelo SME.
Tratamento de lesões torácicas abertas
2015 (Novo): O prestador de primeiros socorros, ao atender um
indivíduo com lesão torácica aberta, pode deixá-la como está. Se
for necessário um curativo e ou a aplicação de pressão direta para
conter a hemorragia, deve-se tomar cuidado para que o curativo,
saturado de sangue, não se torne oclusivo, inadvertidamente.
Por quê: O uso indevido de um curativo ou dispositivo oclusivo
em lesões torácicas abertas pode levar ao desenvolvimento de um
pneumotórax por tensão potencialmente fatal, não reconhecido.
Não existem estudos humanos que comparem a aplicação de um
curativo ou dispositivo oclusivo com um curativo ou dispositivo não
oclusivo. Apenas um único estudo com animais mostrou benefício
30
American Heart Association
com o uso de um dispositivo não oclusivo. Por causa da falta de
evidências sobre o uso de um dispositivo oclusivo, e considerando
o risco de pneumotórax por tensão não reconhecido, não
é recomendada a aplicação de um curativo ou dispositivo oclusivo
por prestadores de primeiros socorros em indivíduos com lesões
torácicas abertas.
Concussão
2015 (Novo): O proissional de saúde deve avaliar qualquer
pessoa que apresente traumatismo craniano que gere alguma
alteração do nível de consciência, desenvolvimento progressivo
de sinais ou sintomas de concussão ou outras causas de
preocupação para o prestador de primeiros socorros.
A avaliação deve ocorrer o mais rapidamente possível.
Por quê: Os prestadores de primeiros socorros muitas vezes
encontramos indivíduos com traumatismo craniano leve
e possível concussão (lesão cerebral traumática leve).
A variedade de sinais e sintomas de concussão pode tornar
o reconhecimento dessa lesão um desaio. Além disso,
no longo prazo, as consequências de uma concussão não
reconhecida podem ser consideráveis. Embora um sistema
simples e validado de classiicação de concussões, composto
por uma única fase, pudesse ajudar os prestadores de primeiros
socorros a reconhecer uma concussão, esse tipo de sistema
de avaliação ainda não existe. Ferramentas de avaliação de
concussões esportivas, utilizadas por proissionais de saúde
que necessitam de uma avaliação dividida em duas fases
(antes da competição e depois da concussão), não são
adequadas como ferramenta de avaliação única para os
prestadores de primeiros socorros.
Avulsão dentária
2015 (Atualizado): Os prestadores de primeiros socorros podem
não ser capazes de reimplantar um dente avulsionado devido
à ausência luvas de proteção medicinais, treinamento
e habilidades ou medo de causar dor. Quando não for possível
realizar o reimplante imediatamente, pode ser benéico armazenar
temporariamente o dente avulsionado numa solução que,
comprovadamente, prolongue a viabilidade das células dentárias
(em comparação com a saliva). Entre as soluções com eicácia
comprovada em prolongar a viabilidade das células dentárias,
no período de 30 a 120 minutos, estão a solução salina equilibrada
de Hank (que contém cálcio, cloreto de potássio e fosfato, cloreto
de magnésio e sulfato, cloreto de sódio, bicarbonato de sódio,
fosfato de sódio dibásico e glicose), própolis, clara de ovo, água
de coco, Ricetral ou leite integral.
2010 (Antigo): Coloque o dente no leite ou em água limpa,
caso não haja leite disponível.
Por quê: A avulsão dentária pode provocar perda permanente
do dente. A comunidade odontológica concorda que o
reimplante imediato do dente avulsionado oferece mais chance
de sobrevivência do dente, mas esta pode não ser uma opção.
Em caso de adiamento do reimplante, o armazenamento
temporário do dente avulsionado em solução adequada
pode melhorar a chance de sobrevivência do dente.
Educação em primeiros socorros
2015 (Novo): A educação e o treinamento em primeiros
socorros pode ser útil para melhorar a morbidade e a mortalidade
por lesões e doenças. A recomendação é a de que ambos sejam
universalmente disponíveis.
Por quê: As evidências mostram que a educação em primeiros
socorros pode aumentar a probabilidade de sobrevivência,
melhorar o reconhecimento de doenças agudas e auxiliar
a resolução dos sintomas.
Posicionamento de uma pessoa enferma
ou ferida
não tiver alergia ou outra contraindicação à aspirina,
como evidência de algum AVC ou hemorragia recente.
2015 (Atualizado): A posição de recuperação recomendada
mudou da posição supina para a posição deitada lateralmente
para pacientes sem suspeita de lesão da coluna, quadril ou
pelve. Há poucas evidências que sugiram que qualquer outra
posição de recuperação ofereça mais benefício para um
indivíduo que não responda, mas respire normalmente.
Por quê: A administração de aspirina diminui signiicativamente
a mortalidade por infarto do miocárdio, mas não há nenhuma
evidência que respalde o uso de aspirina para a dor torácica não
diferenciada. Veriica-se também uma redução da mortalidade
ao se comparar a administração "precoce" de aspirina (ou seja,
nas primeiras horas após o início dos sintomas de infarto do
miocárdio) com a administração "tardia" (ou seja, depois da
chegada ao hospital) de aspirina para a dor torácica causada
para infarto agudo do miocárdio. Todavia, ainda não se sabe
ao certo se os prestadores de primeiros socorros podem
reconhecer os sinais e sintomas de infarto do miocárdio,
e é possível que o uso da aspirina para causas não cardíacas de
dor torácica cause danos. Embora a dose e a forma da aspirina
utilizadas para a dor torácica não tenham sido especiicamente
reavaliadas pela força-tarefa em primeiros socorros do ILCOR,
a biodisponibilidade da aspirina com revestimento entérico
é semelhante à da não revestida entericamente quando
mastigada e engolida.36 Assim, não existe mais a restrição
à utilização de aspirina sem revestimento entérico, desde que
a aspirina seja mastigada antes de engolir.
2010 (Antigo): Se a vítima estiver de bruços, sem responder,
vire-a de barriga para cima. Se a vítima tiver diiculdade para
respirar por causa de excesso de secreção ou vômito,
ou se você estiver sozinho e tiver de deixar a vítima,
que não responde, para obter ajuda, coloque-a na
posição de recuperação de HAINES modiicada.
Por quê: Estudos que mostram que há alguma melhora no
padrão respiratório quando a vítima está na posição lateral,
em comparação com a posição supina, levaram a uma
alteração na recomendação para pacientes sem suspeita de
lesão na coluna, quadril ou pelve. A posição de HAINES não
é mais recomendada, devido à escassez e à qualidade muito
baixa de evidências a seu favor.
Uso de oxigênio em primeiros socorros
2015 (Atualizado): Não há nenhuma evidência que defenda
a administração rotineira de oxigênio suplementar por
prestadores de primeiros socorros. O oxigênio suplementar
pode ser benéico em apenas algumas situações especíicas,
como lesão de descompressão, e quando administrado por
prestadores com treinamento em sua utilização.
2010 (Antigo): Não há nenhuma evidência a favor ou contra
o uso rotineiro de oxigênio como medida de primeiros socorros
para vítimas que apresentem falta de ar ou dor torácica.
O oxigênio pode ser benéico para os primeiros socorros
em mergulhadores com lesão por descompressão.
Por quê: Evidências mostram benefício com o uso de oxigênio
para doença descompressiva por prestadores de primeiros
socorros que izeram curso sobre oxigênio para primeiros
socorros em mergulho. Evidências limitadas também mostram
que o oxigênio suplementar é eicaz para o alívio da dispneia
em pacientes com câncer de pulmão avançado e hipoxemia
associada, mas não para pacientes semelhantes que não
apresentam sem hipoxemia. Embora não tenha sido identiicada
nenhuma evidência que respalde o uso de oxigênio, quando
pacientes expostos a monóxido de carbono respiram
espontaneamente, pode-se fornecer oxigênio enquanto
se espera por cuidado médico avançado.
Dor torácica
2015 (Atualizado): Enquanto se espera pela chegada do SME,
o prestador de primeiros socorros pode incentivar a pessoa que
apresenta dor torácica a mascar 1 aspirina para adultos ou
2 aspirinas de baixa dose, se os sinais e sintomas sugerirem
que a pessoa esteja tendo um infarto do miocárdio e se
a pessoa não tiver alergia ou outra contraindicação à aspirina.
Se uma pessoa apresentar dor torácica que não sugira origem
cardíaca, ou se o prestador de primeiros socorros estiver em
dúvida sobre a causa da dor ou se sentir desconfortável em
administrar a aspirina, aconselha-se não incentivar a pessoa
a tomar a aspirina, devendo-se adiar a decisão de administrar
a aspirina até a chegada de um proissional do SME.
2010 (Antigo): Enquanto se espera pela chegada do SME,
o prestador de primeiros socorros pode incentivar a vítima
a mascar e engolir 1 aspirina para adulto (sem revestimento
entérico) ou 2 aspirinas infantis de dose baixa, se o paciente
Anafilaxia
2015 (Atualizado): Quando uma pessoa com anailaxia não
responder à dose inicial de epinefrina, e a chegada de cuidados
avançados for superior a 5 a 10 minutos, pode-se considerar
a repetição da dose.
2010 (Antigo): Em circunstâncias pouco comuns, quando
não houver assistência médica disponível, pode-se
administrar uma segunda dose de epinefrina se os sintomas
de anailaxia persistirem.
Por quê: As Diretrizes de 2010 recomendavam que os
prestadores de primeiros socorros ajudassem a administrar ou
administrassem epinefrina (da própria vítima) em pessoas com
sintomas de anailaxia. As evidências defendem a necessidade
de uma segunda dose de epinefrina para anailaxia aguda
em pessoas que não respondem à primeira dose; a revisão
das diretrizes oferecem esclarecimento sobre o prazo para se
considerar uma segunda dose de epinefrina.
Curativos hemostáticos
2015 (Atualizado): Prestadores de primeiros socorros podem
considerar o uso de curativos hemostáticos quando as medidas
usuais de controle da hemorragia (com pressão direta, com
ou sem gaze ou curativo de tecido) não forem eicazes para
hemorragias graves ou potencialmente fatais.
2010 (Antigo): O uso rotineiro (de agentes hemostáticos) em
primeiros socorros não pode ser recomendado por enquanto,
por causa da considerável variação na eicácia de diferentes
agentes e do potencial de efeitos adversos, que incluem
destruição do tecido com indução de estado proembólico
e possível lesão térmica.
Por quê: A aplicação de pressão irme e direta na lesão ainda
é considerado o principal meio de controle de hemorragias.
Quando a aplicação de pressão direta falhar para controlar
uma hemorragia grave ou potencialmente fatal, os prestadores
de primeiros socorros que tiverem treinamento especíico na
indicação e no uso de curativos hemostáticos poderão usá-los.
Curativos impregnados de agente hemostático, de geração
mais recente, demonstraram causar menos complicações
e efeitos adversos do que os agentes hemostáticos mais
antigos e são eicazes em proporcionar hemostase em até
90% dos indivíduos.
Destaques da Atualização das Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE
31
Restrição de movimento da coluna
2015 (Atualizado): Com o crescente conjunto de evidências
que mostram danos e a ausência de boas evidências
que mostrem benefícios óbvios, a aplicação de rotina de
colares cervicais por prestadores de primeiros socorros não
é recomendada. O prestador de primeiros socorros que
suspeitar de lesão na coluna deve fazer com que a pessoa
ferida permaneça o mais imóvel possível, enquanto aguarda a
chegada dos proissionais do SME.
2010 (Antigo): Prestadores de primeiros socorros não devem
usar dispositivos de imobilização, pois o benefício deles em
primeiros socorros não foi comprovado e pode ser prejudicial.
Mantenha a restrição de movimento da coluna por estabilização
manual da cabeça de modo a minimizar o movimento da
cabeça, do pescoço e da coluna.
Por quê: Na reavaliação sistemática do ILCOR de 2015,
a utilização de colares cervicais como componente de restrição
do movimento da coluna para traumas sem corte/penetração,
nenhuma evidência mostrou redução da lesão neurológica com
a utilização de colares cervicais. De fato, os estudos demonstraram
efeitos adversos reais ou possíveis, tais como aumento da pressão
intracraniana e comprometimento das vias aéreas com o uso de
um colar cervical. A técnica adequada para a aplicação do colar
cervical em indivíduos de alto risco exige treinamento e prática
intensivos para ser realizada corretamente. A aplicação de colares
cervicais não é uma habilidade de primeiros socorros. A revisão
desta diretriz relete uma mudança na classe de recomendação,
para Classe III: Danos devidos ao potencial de efeitos adversos.
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7272 Greenville Avenue
Dallas, Texas 75231-4596, EUA
www.heart.org
Para obter mais informações sobre os
programas e cursos de salvamento de vidas
da American Heart Association, acesse:
www.international.heart.org
JN-0283
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