Editora Poisson
Gestão pela Qualidade
Volume 1
1ª Edição
Belo Horizonte
Poisson
2018
Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade
Conselho Editorial
Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais
Dra. Cacilda Nacur Lorentz – Universidade do Estado de Minas Gerais
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
G393
Gstão pela Qualidade – Volume 1/
Organização Editora Poisson – Belo
Horizonte - MG : Poisson, 2018
199P
Formato: PDF
ISBN: 978-85-93729-80-5
DOI: 10.5935/978-85-93729-80-5.2018B001
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
1. Gestão 2. Qualidade. 3. Melhoria
I. Título
CDD-658.8
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são
de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.
www.poisson.com.br
[email protected]
SUMÁRIO
Capítulo 1: Ferramentas do lean manufacturing como diferencial na redução
de custos em estoques e na eliminação de desperdícios ...................................
6
Jonatan Messias Oliveira, Guilherme Ferreira Bezerra, Marcus Vinícius Barbosa, Salete
Leone Ferreira
Capítlulo 2: Gestão da qualidade e produtividade no transporte rodoviário
como diferencial competitivo: estudo de caso Della Volpe S/A ........................... 17
Emerson Teixeira Flausino, Adival de Sousa Monteiro, Marcus Vinícius Barbosa, Salete Leone
Ferreira, Claudio Alvares Menchise
Capítlulo 3: Melhorias na gestão acadêmica a partir do mapeamento de
processos: um estudo de caso em uma universidade pública. .......................... 27
Igor de F. Medeiros, Rubens H. Gutierrez
Capítlulo 4: Fatores críticos para acreditação e manutenção da acreditação
segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17025 em um Laboratório Central de Saúde
Pública: o caso do LACEN MG ............................................................................ 33
Marcelo Pimenta de Amorim, Renata Almeida de Souza
Capítlulo 5: Restruturação do sistema integrado de gestão: um estudo de
caso da Unimed-BH. ............................................................................................ 46
Ana Cláudia Mendes, Francisco Junior, Thais Simões
Capítlulo 6: Utilização da NBR iso 9001:2008 como ferramenta estratégica de
avaliação da eficácia na qualidade dos serviços em um Hospital Escola do
SUS ...................................................................................................................... 53
Eder Júlio Rocha de Almeida, Nathália Stephanie Costa, Juliana Silveira Teixeira, Kehone
Oliveira Miranda, Arthur Guimarães G. dos Santos, Júnia Cordeiro dos Santos, Maria De
Fatima S. Castro
Capítlulo 7: Qualidade na prestação de serviços: aplicação do modelo
servqual para medir a qualidade dos serviços prestados por uma empresa
de locação de máquinas...................................................................................... 65
Olímpio Jayme Neto, Lúcia A. M. Abrantes
Capítulo 8: Aspectos estruturais e funcionais da gestão pela qualidade total
dos processos para a emissão de certificações: um estudo de caso em uma
instituição. ............................................................................................................ 77
Theresa Cristina da Silva Cavalcanti, Maria Angélica Miranda Guimarães, Suzana Carneiro
Oliveira, Ana Paula Nunes Vieira
Capítlulo 9: A pesquisa sobre o clima organizacional em uma organização
militar da Marinha do Brasil.................................................................................. 90
Hercules Guimarães Honorato, Helga Campos de Azevedo Guimarães
SUMÁRIO
Capítlulo 10: Aplicabilidade do software Net Project na melhoria do processo
da execução de obras públicas .......................................................................... 101
Luana Maris Pedrosa Cruz, Carmen Couto Ribeiro, Danielle Oliveira Meireles, Sidnea Eliane
Campos Ribeiro, Tadeu Starling
Capítulo 11: Aplicação da estratégia, do empreendedorismo e da inovação
para atenuar os efeitos da crise econômica brasileira no período 2014/2016
sobre as MPE’S .................................................................................................... 112
Mauro Soares Marinho
Capítlulo 12: Dimensões para a escolha de pontos de atendimento presencial
pós- venda de organizações de serviços - um estudo teórico ............................ 123
Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, Ronaldo Augusto Granha
Capítlulo 13: Matriz GUT como alternativa para priorização de requisitos no
desenvolvimento de software............................................................................... 137
Geovana da Silva Batista, Frederico Cordeiro Freitas, Raísa Moreira de Lemos
Aline Pires Vieira de Vasconcelos
Capítlulo 14: Proposta de integração intersetorial para gerenciamento de
projetos de novos produtos através de indicadores de desempenho no
modelo de gestão de gerenciamento pelas diretrizes (GPD) .............................. 147
Diego Washington de Brito Chaves
Capítlulo 15: A relação entre gestão pública e uma escola de qualidade: um
estudo de caso no Campus Realengo I do Colégio Pedro II ............................... 158
Ana Lúcia Sênos de Mello
Capítlulo 16: Relação entre a compatibilização projetual e os custos de
intervenções no processo construtivo.................................................................. 169
Tadeu Starling, Luciana Dias Martins da Costa, Carmen Couto
Autores: ........................................................................................................ 181
Capítulo 1
Jonatan Messias Oliveira
Guilherme Ferreira Bezerra
Marcus Vinícius Barbosa
Salete Leone Ferreira
Resumo: Este estudo pretende responder como um metodologia enxuta e suas
ferramentas podem contribuir na eliminação de desperdicios e na redução de
custos em estoques. Acredita-se que a Implementação das ferramentas do lean
manufacturing permitirá que a empresa trabalhe com mais eficiência e tenha
melhores resultados nas áreas implantadas. Como metodologia, utilizou-se de uma
pesquisa bibliográfica e estudo de caso da empresa intitulada Hospital Viva Mais,
situada na Região Sul Fluminense no Estado do Rio de Janeiro. Após o estudo de
caso apresentado, constatou-se como que empresas que optam por essa
ferramenta podem alcançar bom desempenho e resultados.
Palavras-chave: Lean Manufacturing ; Ferramenta; Redução de Custos; Estoque;
Desperdicios.
7
1. INTRODUÇÃO
A metodologia Lean visa combater qualquer
desperdício ou atividade que absorve
recursos, mas não gera valor para a empresa,
como: produzir itens que ninguém deseja;
movimentar mercadorias sem propósito ou
erros que exijam retrabalhos, representa
alguns exemplos inadequados do controle
dos
estoques
contribuindo
para
os
desperdícios e excessos de produtos
estocados. Assim quando há muitos produtos
em estoque e seu consumo não ocorre no
devido tempo, não agrega valor para a
empresa e seus processos. Entende-se que,
Lean Manufacturing representa fazer mais
com menos, ou seja, eliminar os desperdícios
e consequentemente excluir o que não tem
valor para o cliente final, imprimindo
velocidade nos processos e melhorando o
nível de serviço da empresa.
Para a realização deste trabalho, será
utilizada
pesquisa
bibliográfica,
com
abordagem do Estudo de Caso referente à
implantação do Lean em um hospital privado
da região Sul Fluminense, no Estado do Rio
de Janeiro, visando a obtenção de dados
para o auxílio na construção do mesmo. A
pedido da empresa, neste estudo, será
identificada como Hospital Viva Mais.
2. GESTÃO DE ESTOQUE
Neste capitulo será abordada a principal
função da gestão de estoque que é otimizar
os processos envolvidos na área logística da
empresa, controlando seus níveis de estoque
e evitando custos desnecessários.
2.1-CONCEITO DE GESTÃO DE ESTOQUE
De acordo com Slack (1997, apud, Shing,
2010, p.18):
[...] esse conceito originou-se de função
de
compras
em
empresas
que
compreenderam a importância de integrar
o fluxo de materiais a suas funções de
suporte, tanto por meio do negócio, como
por meio do fornecimento aos clientes
imediatos. Isso inclui a função de compras,
de
acompanhamento,
gestão
de
armazenagem, planejamento e controle de
produção e gestão de distribuição física.
redução de sete grandes desperdícios nas
hoje as ferramentas do Lean reduz esses
problemas agregando valor ao negocio das
organizações.
Diante do exposto o objetivo deste trabalho
consiste em apresentar as ferramentas da
metodologia Lean como diferencial na
redução de custos em estoques e na
eliminação de desperdícios. Dessa forma,
visa-se responder: Como a metodologia Lean
e suas ferramentas podem contribuir na
eliminação de desperdícios e redução de
custos?
Como pressuposto, acredita-se que a filosofia
O estoque compreende uma série de
atividades que são interligadas e sua correta
gestão contribui para um efetivo controle da
quantidade necessária de material bem como
sua distribuição de forma a evitar desperdício
e consequentemente falta.
2.2-OBJETIVOS DA GESTÃO DE ESTOQUE
Tem como principais objetivos planejar o
estoque, as quantidades de materiais que
entram e saem, as datas de entradas e
saídas, o tempo decorrente entre as datas e
os pontos de pedidos dos materiais. Tais
objetivos podem ser alcançados pelas
seguintes funções básicas: fazer o cálculo do
estoque mínimo; fazer o cálculo do estoque
máximo; manter atualizada a ficha de
estoque; planejar os dados quando houver
razões para modificações; receber o material
do fornecedor; identificar o material e
armazená- lo; conservar o material em
condições adequadas; entregar o material
mediante requisição; atualizar a ficha de
estoque e guardar a documentação de
movimentação do material e organizar o
almoxarifado mantendo sua organização
(CHING, 2010).
Conforme Ching (2010) deve-se fazer
estoque, pois existe uma grande diferença de
ritmo ou de taxa entre fornecimento e
demanda. Se não ocorresse qualquer
imprevisto entre ambos, não haveria
necessidade de estocagem.
3 .LEAN MANUFACTURING
3.1 LEAN MANUFACTURING - CONCEITOS
Lean Manufacturing consiste em uma filosofia
de gestão criada pela Toyota com foco na
organizações, sendo eles: super-produção,
Gestão pela Qualidade - Volume 1
8
tempo de espera, transporte, excesso de
processamento, inventário, movimento e
defeitos. O Lean entende que concentrar
esforços na redução ou na eliminação de
cada um destes desperdícios gera valores
nos quesitos de qualidade, custo ou entrega
das empresas e reduz a quantidade de
atividades que não agregam valor ao produto
ou serviço. (WERKEMA, 2011).
(WOMACK; JONES; ROOS, 1992).
As tarefas gerenciais permitem que a Cadeia
de Valor seja subdividida em três tipos de
processo, os que agregam valor ao cliente; os
que não agregam valor, mas são importantes
para a manutenção dos processos e; aqueles
que não agregam valor e devem ser
eliminados
imediatamente
(WOMACK,
JONES, 2004).
De acordo com Womack e Jones (2004, p: 8):
3.2
O
SURGIMENTO
MANUFACTURING
DO
LEAN
O Sistema Toyota de Produção surgiu logo
após a Segunda Guerra Mundial, época em
que as indústrias japonesas estavam
passando
por
momentos
de
baixa
produtividade. A criação do sistema se deve
principalmente a três pessoas: o fundador da
Toyota, Sakichi Toyoda, seu filho Kiichiro
Toyoda e o engenheiro Taiichi Ohno. O
Sistema Toyota de Produção objetiva
aumentar a eficiência da produção pela
eliminação contínua de desperdícios. (OHNO,
1997)
3.3 PRINCÍPIOS DA PRODUÇÃO ENXUTA
Segundo Womack e Jones (2004), a
produção enxuta possui cinco princípios
básicos que têm como objetivo ajudar as
empresas a se tornarem mais flexíveis e
capazes de responder com mais rapidez as
necessidades
do
mercado,
consequentemente
melhorando
o
atendimento ao cliente. São eles: Valor;
Cadeia ou Fluxo de valor; Fluxo; Produção
puxada e; Buscar a perfeição.
O princípio denominado Valor, refere-se ao
ponto de partida fundamental para o
pensamento enxuto, pois ele determina o que
é valor sob as perspectiva do cliente, ou seja,
só é significativo quando expresso em termos
de um produto ou um serviço específico que
atenda
as
necessidades
do
cliente
(WOMACK; JONES; ROOS, 1992).
Já o princípio produção enxuta é a Cadeia,
também conhecida como Fluxo de Valor,
refere-se a um conjunto de atividades
necessárias para se constituir um elo entre as
três funções tarefas gerenciais - solução de
problemas (concepção ao lançamento do
produto); gerenciamento da informação
(recebimento do pedido a entrega) e; tarefa
de transformação física (da matéria-prima ao
produto acabado nas mãos do cliente),
[...] a identificação do fluxo de valor inteiro
para cada produto (ou em alguns casos
para cada família de produtos) é o próximo
passo no pensamento enxuto, um passo
que as empresas raramente tentaram dar,
mas
que
quase
sempre
expõe
quantidades
enormes,
e
até
surpreendentes, de desperdício.
O princípio conhecido como Fluxo contínuo,
consiste em possibilitar que as etapas
criadoras de valor funcionem de forma
fluente, sem gargalos, uma vez que o valor
tenha sido especificado com precisão
conforme o primeiro principio. O fluxo
contínuo é a condição em que o produto
passa desde o meu fornecedor até o meu
consumidor final, por várias tarefas ao longo
do fluxo de valor sem atrasos, estoques
intermediários, defeitos e retrabalhos. (OHNO,
1997/ WOMACK; JONES, 2004).
O princípio da Produção Puxada, foca na
produção da quantidade de produtos para
atender a demanda do cliente no momento
certo, desta forma, evita a superprodução e
faz com que o produto seja “puxado”,
minimizando
os
desperdícios
que
normalmente são encontrados nos sistemas
empurrados.
4.
FERRAMENTAS
MANUFACTURING
DO
LEAN
4.1 MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR
Entende-se como mapeamento do fluxo de
valor um complexo sistema que visa
proporcionar a empresa um mapeamento
completo da realização das tarefas ao longo
da cadeia de valor, sem interrupções.
(DENNIS, 2008, p.104) “[...] define o
mapeamento de fluxo de valor como uma
ferramenta valiosa que nos ajuda a entender
Gestão pela Qualidade - Volume 1
9
nossa situação atual e
oportunidades de melhorias.
a
identificar
Segundo Rother e Shook (2009) o
Mapeamento de Fluxo de Valor - MFV trata-se
de uma ferramenta que utiliza papel e lápis e
nos faz enxergar e compreender tanto o fluxo
de material como o fluxo de informação na
medida em que o produto segue o fluxo de
valor, ou seja; para realizar o mapeamento do
fluxo de valor deve-se apenas seguir o
caminho da produção de um produto desde o
consumidor até o fornecedor.
Tapping e Shuker (2010, p.63) “[...] conclui
que o mapeamento do processo dá a você
uma idéia clara dos desperdícios que inibem
o fluxo. A eliminação de desperdícios torna
possível reduzir tempo de processos, que o
ajudará consistentemente a satisfazer a
demanda do cliente.
4.2 MAPA DO ESTADO ATUAL
De acordo com Rother e Shook (2009) para
realizar um estado futuro, é necessário fazer
uma análise da situação atual dos processos.
Segundo os autores acima, é preciso esboçar
cada etapa do processo produtivo no papel
para que se possa visualizar completamente
como os setores estão interligados.
Após conseguir esta visualização, então
pode-se mudar o nível de amplitude, dando a
devida atenção ao mapeamento de cada
etapa individualmente, para saber qual etapa
existe problemas, permitindo assim trabalhar
na construção do mapeamento do estado
futuro.
4.3 MAPA DO ESTADO FUTURO
Segundo Tapping e Shuker (2003) após o
mapeamento
do
estado
presente,
desempenha-se uma avaliação e escolhe as
métricas do Lean que serão utilizadas no fluxo
de valor. Desenha-se uma nova cadeia de
valor esperada onde é apresentada as ações
a serem tomadas para eliminar desperdícios e
melhorar os fluxos através do mapa do estado
futuro, como: A3, Kaizen, diretrizes do Kaizen
e 5S.
4.4 GESTÃO VISUAL
Entende-se que a gestão visual corresponde
a uma ferramenta que permiti a todos
compreenderem como andam as coisas, sem
ter a necessidade de perguntar a ninguém ou
ligar um único computador. Pode-se definir a
gestão visual como um sistema de
planejamento, melhoria continua e controle
que possui ferramentas visuais como quadros
informativos e identificações simples que
através de uma pequena olhada perceba-se a
situação atual dos processos no ambiente de
trabalho, ajudando a focalizar nos processos
e não em pessoas.
O uso da gestão visual resulta nos seguintes
benefícios para a empresa: Aumento da
rapidez de resposta na ocorrência de
anomalias; Melhoria da compreensão sobre o
funcionamento da produção; Visualização
imediata do alcance- ou- não da meta
estabelecida para a performance diária dos
processos; Aumento da conscientização para
eliminação de desperdícios; Melhoria da
capacidade de estabelecer e apresentar
prioridades de trabalho e Visualização
imediata dos procedimentos operacionais
padrão utilizados. (WERKEMA, 2011)
4.5 PADRONIZAÇÃO
A padronização é um método indicativo de
procedimentos para executar as tarefas de
um processo, de modo que os objetivos
visados sejam alcançados e conservados. É
importante ressaltar que processos produtivos
podem ser padronizados para redução de
defeitos, diminuição dos desperdícios,
aumento da segurança no trabalho, melhoria
do espaço nas instalações e melhoria nos
atendimentos.
Segundo Costa Junior (2005) O kanban
consiste em um dispositivo sinalizador que
autoriza e dá instruções para a produção ou
para a retirada de itens em um sistema
puxado, sendo considerado a ferramenta
essencial ao sistema de produção toyota.
Pode-se dizer também que o kanban foi
desenvolvido a partir de um conceito simples
de aplicação da gestão visual no controle de
produção e estoques.
De acordo com Werkema (2011, p: 57):
[...] os cartões Kanban são o exemplo mais
conhecido e comum de sinalização. Com
frequência, são simples cartões de
papelão, às vezes protegidos por
envelopes
de
plástico,
contendo
informações como nome e número da
peça, fornecedor externo ou processo
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10
fornecedor
interno,
local
de
armazenamento e local do processo de
consumo. Um código de barras pode ser
impresso no cartão com a finalidade de
rastreabilidade ou cobrança automática.
Além de cartões, o Kanban pode ser uma
placa triangular de metal, bolas coloridas,
sinais eletrônicos ou qualquer outro
dispositivo que forneça as informações
necessárias, evitando a entrada de
instruções erradas.
Independente do modelo, o cartão kanban é
uma ferramenta de extrema utilidade no
controle e padronização do estoque.
5. RELATO DO CASO
5.1 CAMINHO METODOLÓGICO
A metodologia utilizada neste trabalho teórico
foi realizada através de pesquisa de campo
no hospital privado da região Sul fluminense
intitulado como Hospital Viva Mais, por meio
de
entrevistas
com
o
Coordenador
responsável pelo setor de Abastecimento
Farmacêutico e o Supervisor responsável pelo
setor de almoxarifado que têm a função de
abastecer todos os setores do hospital.
5.2 CARACTERIZAÇÕES DA EMPRESA
O Hospital Viva Mais, situado no estado do
Rio de Janeiro, desponta como um dos
destaques no setor hospitalar, pois apenas
com 4 anos de existência tornou-se um
hospital com certificação ONA (Organização
Nacional de Acreditação), além de possuir
uma estrutura com cerca de 140 leitos para
internação, salas de cirurgia, centros de
imagem e hemodinâmica e laboratório
próprio.
O estudo de caso escolhido, foi desenvolvido
neste Hospital, e mostra claramente como
pode ser aplicada a manufatura enxuta no
setor de Almoxarifado e na Central de
abastecimento farmacêutico que utilizam as
ferramentas do sistema Lean desenvolvido
pela Toyota.
O hospital está sempre em busca da
otimização de seus processos visando a
entrega rápida e com qualidade de seus
serviços ao cliente e consequentemente
eliminar desperdícios que possam impactar
negativamente na prestação de serviços ou
nos resultados da empresa.
5.3 RELATO DO CASO
O presente estudo foi realizado através de
visita técnica com o auxilio do Coordenador e
Supervisor das áreas citadas com inicio em
setembro de 2014 e encerrado em outubro do
mesmo
ano.
As
informações
foram
elaboradas com base em observações
efetuadas durante as visitas técnicas e
também no relato dos entrevistados.
O Hospital Viva Mais, assim como outros
hospitais de grande porte, necessitam de um
setor de almoxarifado para armazenagem de
insumos médico-hospitalares para atender os
setores com materiais de centro de custo, ou
seja, materiais que são utilizados no dia a dia
do setor, como por exemplo: luvas, algodão,
esparadrapo, álcool, etc.
Todo hospital necessita, de uma Central de
Abastecimento Farmacêutico (CAF) que
atende as prescrições eletrônicas feitas por
pacientes e abastece as farmácias satélites,
realizando a distribuição de medicamentos e
materiais, como: kits de cirurgia cardíaca,
cloreto de sódio, dieta oral para pacientes,
etc.
As farmácias satélites que ficam localizadas
dentro de setores críticos do hospital que
precisam oferecer um atendimento rápido ao
paciente, são responsáveis pela distribuição
de alguns materiais pra determinados setores,
como: centro cirúrgico e pronto atendimento.
Por ser uma unidade de saúde creditada pela
ONA e por se tratar de um hospital de alta
complexidade que se encontra em expansão,
o Hospital Viva Mais trabalha com as
ferramentas da metodologia Lean para obter
vantagem competitiva e está sempre em
busca da otimização de seus processos
visando a entrega rápida e com qualidade de
seus serviços ao cliente e consequentemente
eliminar desperdícios que possam impactar
negativamente na prestação de serviços ou
nos resultados da empresa. Assim, utilizam as
ferramentas: 5s, Gestão visual, Kanban,
Documento A3 e Kaizen.
Para eliminar do espaço de trabalho o que
seja inútil, organizar o espaço de trabalho de
forma eficaz, melhorar o nível de limpeza,
seguir padrões saudáveis de uso, ordem e
limpeza e incentivar a melhoria continua,
seguimos a cultura 5s que têm como objetivo
inserir a organização e a disciplina no local de
trabalho.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
0
11
Com a realização do 5s gerou-se maior
produtividade pela redução da perda de
tempo procurando por objetos, melhor
aproveitamento de materiais, melhoria da
qualidade de produtos e serviços e menos
acidentes no trabalho, que proporcionou a
eliminação de desperdícios de tempo e de
produtos desnecessários.
Figura 1 – Almoxarifado sem o 5S
Figura 2 – Almoxarifado com o 5S
Fonte: Ferreira (2010)
Fonte: Foto fornecida por HVV
O kanban serve como controle de estoques
medida que vai havendo consumo de
apresentando também uma gestão visual,
materiais e medicamentos no hospital, vai
onde o foco esta nos processos e não em
diminuindo o estoque da CAF e é disparado
pessoas. No kanban utilizamos cartões para
os Kanbans para o almoxarifado, onde
controlar a produção dos produtos, na
atendemos as requisições.
quantidade e no momento necessário
Sendo assim, o almoxarifado e a CAF
conforme mostra a figura abaixo. No cartão
trabalham com o sistema puxado através da
verde a situação está normal; no cartão
ferramenta kanban, onde os produtos estão
amarelo a situação se encontra média, ou
na quantidade e no momento certo para
seja, o material já está trabalhando na
serem utilizados ou consumidos, sem ocorrer
porcentagem do ponto de pedido. E por
á falta e excesso do produto em estoque.
último o cartão vermelho onde a situação está
Os gráficos abaixo mostram após a
crítica e seu estoque esta mínimo podendo
implantação do kanban as metas e resultados
zerar a qualquer momento. Na redução de
custos em estoques a principal ferramenta é o
obtidos em relação à redução de custo em
estoques e a duração de estoques em dias
kanban. Para se obter esta redução o
almoxarifado abastece o estoque da CAF com
durante o período de janeiro a setembro de
2014.
transferências duas vezes ao dia, ou seja, á
Figura 3 – Duração de estoque da CAF
Gestão pela Qualidade - Volume 1
1
12
Na figura 3 é possível verificar que apósa
verificação do Kanbam na CAF a duração
mensal em seu estoque reduziu ao
longodosperíodos apresentados de 13 dias
para o mínimo de 4 dias.
Figura 4 - Custo de estoque da CAF
Fonte: Dados fornecidos por HVV
Na figura 4, verifica-se a redução de custo ao
longo dos períodos utilizando a ferramenta
kanban, onde a CAF reduziu a quantidade de
estoques que havia no setor, eliminando
estoques desnecessários, diferente do
almoxarifado hospitalar que não obteve
redução de custo considerável em seu
estoque
pelos
motivos
relatados
e
demonstrados na figura 5.
Figura 5 – Duração de estoque do Almoxarifado
No almoxarifado não houve uma redução de
custo considerável no estoque, pois o setor
passou a funcionar como “pulmão” de toda
cadeia
de
materiais,
armazenando
controlando e atendendo as requisições dos
setores com mais frequência. Os setores que
antes estocavam materiais em excesso como
a CAF, passaram a estocar somente o
necessário, sendo assim devolvendo alguns
materiais ao almoxarifado e fazendo com que
centralizasse os mesmos.
Outro motivo do almoxarifado não obter uma
redução de custos neste período foi devido á
expansão do hospital, pois com a
inauguração de novos leitos e setores, houve
mudança de local do seu estoque para uma
área maior o que gerou a necessidade de
comprar e padronizar novos materiais para
atender a outros setores.
O kaizen também integra o ciclo PDCA,
porém para problemas mais simples, onde
Gestão pela Qualidade - Volume 1
2
13
também identificamos o problema, traçamos o
plano de ação e medimos o resultado.
Segue abaixo dados fornecidos pelo Hospital
Viva Mais de um Kaizen realizado no
almoxarifado: Com o aumento da frequência
de compras de material e medicamento, o
recebimento
do
almoxarifado
ficou
congestionado, gerando constantes atrasos
na entrada de Notas Fiscais, causados pelo
recebimento de materiais sem a conferência
no ato da entrega, constatação posterior de
notas fiscais com divergência seja por erro do
fornecedor ou na ordem de compra.
Melhorar o fluxo de recebimento de mat/med
para a redução do tempo de digitação das
notas fiscais e permitir a priorização dos itens
críticos no estoque do almoxarifado.
5.4 SITUAÇÃO ATUAL:
1. Dois funcionários responsáveis por
receber o fornecedor de materiais e outro
de medicamentos, sendo que cada um
deveria conferir, digitar as notas e tratar
os problemas identificados;
2. Nos momentos de pico, ocorriam aceites
de produtos sem a conferência no ato do
recebimento,
cujas
divergências
acabavam
ficando
sob
a
responsabilidade do próprio recebedor
de dar solução (devolver ao fornecedor,
solicitar ao comprador a regularização da
ordem de compras e solicitar o envio do
produto correto);
3. Acúmulo de produtos no palet de entrada
indisponíveis para guarda;
4. Excesso
de
movimentação
do
colaborador
responsável
pelo
recebimento para tratar as divergências;
Figura 6- Área de recebimento do Almoxarifado antes do evento kaizen
Fonte: Foto fornecida por HVV
5.5 DEPOIS (SITUAÇÃO FUTURA)
digitação;
1. Revisão
do
fluxo
do
recebimento/conferência, a fim de garantir
que todos os produtos sejam conferidos
no ato da entrega, sendo devolvidos
todos os produtos com divergência;
3. Adequação da estrutura física, com a
instalação
de
outro
computador,
modificação da porta para balcão
impedindo a descarga de produtos com
falhas;
2. Reestruturação da equipe de recebimento
que ficou da seguinte forma: 2
colaboradores
para
recebimento/conferência e apenas 1 na
4. Identificação
visual
dos
produtos
disponíveis para etiquetagem e/ou guarda
5. Priorizar a entrada das notas fiscais de
produtos críticos (kanban vermelho);
Gestão pela Qualidade - Volume 1
3
14
Figura 7 – Área de recebimento do almoxarifado após o evento kaizen
Fonte: Foto fornecida por HVV
6. RESULTADOS:
8. DESVANTAGENS
1) A identificação da divergência entre a
Custos com novos funcionários
Resultados esperados a médio ou longo
prazo
Adaptação ás ferramentas e a filosofia
lean a médio ou longo prazo
nota fiscal e a ordem de compras antes
do recebimento físico, eliminou a
descarga destes produtos resultando em
devolução imediata ao fornecedor;
2) A relocação de um dos colaboradores
para ajudar no recebimento, permitiu uma
conferência mais rápida e ao digitador
maior agilidade, uma vez que todas as
notas fiscais disponíveis para entrada no
sistema estavam sem erros;
3) A instalação de outro computador
contribuiu para a redução da
movimentação dos colaboradores dentro
do almoxarifado;
4) A modificação da porta para balcão
coibiu a entrada de fornecedores sem
autorização de acesso;
5) Eliminação de materiais no palete, sem
condições de entrada no sistema e
utilização;
Vantagem competitiva
Minimização do desperdício
Segurança e flexibilidade nos processos
Melhoria continua
No presente estudo de caso apresentou-se o
funcionamento das ferramentas do Lean
manufacturing para a redução de custo em
estoque, eliminação de desperdícios e suas
vantagens e desvantagens, mostrando como
foram desenvolvidas as ferramentas no
hospital.
Após a visita foi possível perceber que o
hospital aplica a ferramenta 5s como uma
forma de facilitar seu trabalho, os locais de
armazenagem
estão
sempre
bem
organizados e todo o ambiente tem ordem e
limpeza para eliminando o retrabalho.
A segunda ferramenta verificada, foi a gestão
visual onde possibilitava todos os funcionários
a compreender como é dividido as áreas
dentro do almoxarifado e que facilitava no
entendimento dos processos realizado no
local de trabalho.
7. VANTAGENS
Menores custos de produção
9. ANÁLISE CRÍTICA
Foi possível verificar através do kanban que a
terceira ferramenta a ser abordada, como a
principal para a redução de custo em
estoques, pois tem como função controlar a
produção de produtos, pedindo a quantidade
necessária e no momento certo evitando
estoques desnecessários e trabalhando
conforme a demanda do seu cliente e não
Gestão pela Qualidade - Volume 1
4
15
com produção de grandes lotes pensando em
previsões futura de demanda para determinar
a escala de produção.
Já a quarta ferramenta utilizada foi possível
identifica-la como principal ferramenta do
Lean utilizada no hospital, pois através do
relatório A3 identificam-se os problemas nos
setores, faz um plano de ação sobre os
problemas, executa-os e depois acompanha
os resultados adquiridos através de
indicadores. O documento A3 fica exposto ao
quadro de informação do setor até a
conclusão total do mesmo.
A quinta e última ferramenta utilizada foi o
kaizen onde também é identificado
problemas, traçado um plano de ação e
mede-se o resultado, porém é realizado para
problemas mais simples e específico, como
relata o kaizen do recebimento no presente
estudo de caso, onde facilitou o recebimento
de materiais mantendo o setor mais limpo e
organizado. O kaizen esta sempre em busca
de melhoria nos pequenos processos.
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este
estudo
buscou
apresentar
as
ferramentas da metodologia Lean como
diferencial na redução de custo em estoques
e na eliminação de desperdícios, contribuindo
positivamente para o bom desempenho e
crescimento da organização que dispôs
utilizá-la.
Durante o desenvolvimento do trabalho
percebeu-se que os princípios da produção
enxuta e suas ferramentas são de suma
importância para as organizações, ajudandoas a eliminar desperdícios, diminuindo o custo
de produção e elevando o seu nível de
poderiam ser utilizadas.
REFERÊNCIAS
No estudo de caso abordado neste trabalho,
pode-se concluir que através da utilização
das
ferramentas
5s,
Gestão
visual,
Sistemática A3, Kaizen e Kanban teve-se uma
boa avaliação de desempenho no que se
refere a eliminação de desperdícios no setor
de almoxarifado hospitalar e na redução de
custo no estoque da farmácia central, através
da organização geral do ambiente de
trabalho, aplicação de ferramentas visuais ao
funcionários do setor, otimização de
processos,
flexibilidade,
redução
de
desperdício de horas trabalhadas que não
agregavam valor a organização, e por último
a melhoria continua.
Quanto a redução de custo em estoque a
principal ferramenta utilizada foi o Kanban,
que permite se trabalhar com o sistema
puxado, ou seja, os produtos são retirados
pelo cliente final sendo produzidos na
quantidade e no momento certo para serem
utilizados, ou consumidos, sem ocorrer a falta
e excesso do produto em estoque.
Ficou claro que a utilização das ferramentas
do Lean pode servir de grande ajuda na
logística da gestão de materiais, não apenas
nas linhas de produção industrial mais
também em ambientes de prestação de
serviços, como foi o caso do hospital
estudado.
Finalizando o trabalho, sentimo-nos realizados
por desenvolver o estudo sobre um tema tão
importante para a Logística, deixando como
sugestão de que seja estudada a
possibilidade de aprofundar este estudo a
outros setores dentro de um Hospital, que de
acordo com suas necessidades particulares
de
cada
setor,
outras
ferramentas
[5]
[1]
Costa Junior, E.L. Gestão em processos
produtivos. Curitiba. Ibepex, 2005;
[2]
Corrêa, H.L; Gianesi, I.G.N. Just in time,
Mrp E Opt: um enfoque estratégico. Atlas S.A. São
Paulo. 1996;
Ching, hong Yuh. Gestão de estoques na
cadeia de logística integrada. 4° edição, editora
Atlas S.A, 2010;
[4]
Dennis,
Pascal.
Produção
Lean
Simplificada. 2° edição – Porto Alegre: Bookman,
2008; BARBOSA, F. G. Melhoria de processo
produtivo pela aplicação de conceitos lean: Um
estudo de caso. Trabalho de Conclusão de curso –
Escola de engenharia de São Carlos – USP, 2011;
[3]
serviço.
Figuras
do
Estudo
de
Caso
http://4.bp.blogspot.com/-RnmHavZIH0/UVxBJWeJ_OI/AAAAAAAADqQ/sb429NEfL
8U/s640/SAM_1732.JPG figura- almoxarifado sem
5s – Almoxarifado central da farmácia básica do
município de Coelho Neto;
[6]
Foto
Cleiton
Borges,
www.correiodeuberlandia.com.br publicação da
matéria no site: 08 de agosto de 2013.
http://static.correiodeuberlandia.com.br/wpcontent/uploads/2014/07/mesa-bagun%C3%A7atrabalho.jpg;
[7]
http://images.slideplayer.com.br/1/84733/s
lides/slide_22.jpgTrabalho: planejamento e controle
just in time, alunos: Bruno, Fernando Gonçalves e
Lucélia. Publicado em 2009 por Alana Atilano.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
5
16
Figura Kanban;
[8]
Gestão visual para apoiar trabalho padrão.
São Paulo, Lean Institute Brasil, Lean mail
publicado em julho de 2009 – acesso em
06/11/2014, disponível em: www.lean.org.br.
Acessado em 15 de outubro de 2014;
[9]
Ohno, Taiichi. O sistema toyota de
produção: Além da produção em larga escala.
Taiichi Ohno. Bookman, 1997;
[10]
Pozo,
Hamilton.
Administração
de
recursos materiais e patrimoniais: Uma abordagem
logística. 6° edição, São Paulo: Atlas, 2010;
[11] Rother, M.; Shook, J. Aprendendo a
enxergar: Mapeando o fluxo de valor para agregar
valor e eliminar desperdícios. São Paulo: Lean
institute Brasil,2003. www.lean.org.br acesso em 16
de outubro de 2014;
[12]
Shook, J. 2008. Gerenciamento para o
aprendizado: Aprendendo o processo A3,
www.lean.org.br, acesso em 10 de outubro de
2014;
[13] Tapping.D; Shuker.T. Lean Office:
Gerenciamento do fluxo de valor para áreas
administrativas. 1° edição. São Paulo:Leopardo
editora, 2010;
[14]
Werkema, Cristina. Lean Seis Sigma:
Introdução as ferramentas do Lean Manufacturing,
2°edição – Rio de janeiro : Editora Elsevier , 2011;
[15] Womack, J. P; Jones, D.T. A mentalidade
enxuta nas empresas: Elimine o desperdício e crie
riqueza. 4° edição, Rio de Janeiro, 2004;
[16] Womack, J. P; Jones, D.T; ROOS, D.A. A
máquina que mudou o mundo. São Paulo: Campos,
Gestão pela Qualidade - Volume 1
6
17
Capítulo 2
Emerson Teixeira Flausino
Adival de Sousa Monteiro
Marcus Vinícius Barbosa
Salete Leone Ferreira
Claudio Alvares Menchise
Resumo: Este estudo busca responder como a gestão da qualidade e
produtividade pode auxiliar na eficácia dos serviços prestados pelo transporte
rodoviário. Acredita-se que a utilização das ferramentas de gestão da qualidade e
produtividade por parte das empresas do ramo de transporte rodoviário implicam
em inovações tecnológicas que permitirão reclassificar e pontuar a empresa
através de índices comparativos de qualidade na cadeia de suprimentos e
atendimento ao cliente final. Desse modo, o objetivo geral consiste em identificar a
importância dos fatores de qualidade e produtividade para a efetiva prestação de
serviço do modal rodoviário. Metodologicamente, utilizou-se de pesquisa
bibliográfica, fundamentada em Cervo, et al, (2007) em estudo de caso empresa
Della Volpe S/A, através de informações contidas em seu website, bem como
informações colhidas junto ao seu Relatório de Administração relativo aos anos de
2012 e 2013, para delineamento do estado do produto, conforme Novikoff e
Coutinho (2013). Concluiu-se que as estratégias empresariais, quando bem
implementadas tendem a se constituir em vantagem competitiva, onde ao
incorporarem a alta tecnologia possibilitam redução em seus custos, simplicidade
do processo produtivo e preços competitivos dos produtos ou serviços. Outrossim,
ao investir em qualificação dos funcionários, ocorre diminuição do grau de dúvidas
que prejudicam o custo e a imagem da empresa no oferecimento de serviços.
Palavras-chave: Gestão da Qualidade; Produtividade; Diferencial Competitivo;
Transporte Rodoviário.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
7
18
1. INTRODUÇÃO
Dado ao grande número de empresas que
realizam negócios entre si, e que muitas das
vezes efetivam-se por meio do transporte,
atribuindo à logística maior importância,
tornando-a indispensável por estar presente
em toda a extensão da cadeia, desde o
atendimento ao suprimento. Diante dessa
importância, a logística precisa primar por
oferecer atendimento satisfatório aos clientes,
com baixo custo financeiro, agilidade e
segurança na prestação de serviço.
Com vias a esse atendimento, o transporte
rodoviário bem administrado resulta em
elevada qualificação e produtividade para o
sistema logístico. A gestão da qualidade e
produtividade
pode
auxiliar
o
ramo
empresarial logístico, como uma ferramenta
importante
propiciando
diferencial
na
prestação de serviço no setor.
Embora os benefícios da qualidade e
produtividade para o setor rodoviário, por
diversas vezes, têm sido mantidos em
segundo plano, assim o setor apresenta
modelos antigos de gestão empresarial que
dificultam a implantação de novas estratégias
(VALENTE et al, 2012). A falta de um sistema
diferenciado como: monitoramento, controle
de desempenho operacional, ausência de
indicadores que apontam o grau de eficiência
do setor e controle gerencial, referenciam
articuladores e controladores de um
desempenho estratégico diferente dos
existentes, sendo sua implementação por
vezes inovadora, no entanto, vital para
aprovação dos clientes que exigem
pontualidade, confiabilidade, segurança e
integridade de seus produtos.
Uma gestão eficaz, inovadora, no transporte
rodoviário, especialmente no que concerne ao
conhecimento dos custos, otimização e
gestão de processos, torna-se necessária
para que se alcance maior qualidade na
busca contínua para excelência dos serviços
prestados, bem como a obtenção de
melhores resultados. Desse modo, o presente
trabalho objetivo identificar a importância dos
fatores qualidade e produtividade para a
eficácia da prestação de serviço do modal
rodoviário.
Metodologicamente, utilizar-se-á de pesquisa
bibliográfica, fundamentada em Cervo, et al,
(2007) e estudo de caso empresa Della Volpe
S/A, Novikoff (2012) e Novikoff e Coutinho
(2013), através de informações contidas em
seu website, bem como informações colhidas
junto ao seu Relatório de Administração
relativo aos anos de 2012 e 2013, para
delineamento do estado do produto.
Este trabalho foi dividido em quatro capítulos:
o capítulo um destaca a introdução do
estudo, o capítulo dois, sintetiza os temas
gestão,
conceituando
qualidade
e
produtividade no transporte rodoviário, no
capítulo três, enfatiza a gestão da qualidade e
produtividade e no capítulo quatro, aborda o
estudo de caso da Empresa Della Volpe S. A.
do segmento do transporte rodoviário de
cargas.
2.
GESTÃO DA QUALIDADE
FERRAMENTAS
E
SUAS
O termo gestão vem do latim “gestiogestionis”, que significa executar, obter
resultados através de caminhos adequados,
com boa qualidade e comprometimento,
alcançando êxito em tudo o que se apresente
na vida. Trabalhar com pessoas procurando
integração nos setor com possibilidade e
alcance de objetivos bem definidos num grau
de eficiência aceitável. O conceito sobre
gestão torna-se um conceito comum e de fácil
entendimento, que o mesmo refere-se ao fato
de ativo e com efeito de administrar ou dirigir
um
determinado
negócio,
alcançando
resultados almejados e esperados antes,
durante e depois do processo gerencial.
Segundo Ficher (1998 p. 27) “[...] obtenhamse através da gestão diversificada diligências
que destacarão ao cumprimento de um
objetivo traçado de um negócio ou de um
simples desejo almejado e tão esperado.”
Dessa forma, a gestão tem como foco
principal o gerenciamento e a administração,
onde existe uma instituição, uma empresa,
uma entidade social de pessoas, a ser gerida
ou administrada, tanto no âmbito estratégico
setorial ou pessoal. De acordo com Lana
(2007, p: 37):
[...] referir-se a gestão destaca a tarefa
esforçada pelos envolvidos, atrelados ao
esforço de recursos, consciência e boa
vontade para que possa finalizar tal tarefa.
Alcançando soluções para orientar e
finalizar problema específico no setor
utilizado e concretizar o projeto trabalhado.
Definido também como um conjunto de regras
que sejam colocadas com grande eficiência
na negociação; eficácia de um projeto na
Gestão pela Qualidade - Volume 1
19
obtenção de resultados qualitativos e
quantitativos no empreendimento econômico,
financeiro e político (FOLTRAN, 2012).
Gestão tem como foco principal o trabalho e a
interação participativa nas organizações,
contudo um de seus pontos relevante e
essencial é a cooperação das pessoas, que
devem ser direcionadas e bem capacitadas
para colocar em prática toda teoria
apreendida sobre gestão em prática.
(FICHER, 1998).
A gestão está presente em toda parte
administrativa da empresa e no dia-a-dia do
ser humano. Na qual trabalha as pessoas
como centralização de ações pensantes que
formulam estratégias diferenciadas,porém
unificadas na execução do trabalho, com
participação efetiva de toda estrutura
gerencial e organizacional de um setor.
Consiste na busca contínua pela excelência
na realização do trabalho. (LANA, 2007)
3. CONCEITO DE QUALIDADE
Definir qualidade não se torna tarefa simples
e fácil, no entanto, quando se almeja um
suporte dos conceitos atuais, percebe-se que
se trata de algo imensurável e abstrato, com
alcance pré-estabelecido e desejado. Algo
perfeito que reflita uma realidade a ser
alcançada numa escala máxima não podendo
sofrer alterações, porém pode ser melhorada.
Tal característica tem irregularidades por ser
usada como fator comum na linguagem
popular e com isso, utilizada e classificada
incorretamente em determinados setores da
empresa gerando divergências no que tange
qualificar algo ou pessoa especificamente.
Torna-se um conceito definitivo e imutável, ou
seja, nunca muda. Conforme Paladini (2012,
p: 2):
[...] os conceitos usados para definir
qualidade nem sempre são corretos: ou,
melhor, com frequência são incorretos. E
isto, sim é um problema, porque não se
pode “redefinir” intuitivamente um termo
que todo mundo já conhece; nem restringir
seu uso a situações específicas, se ele for
de domínio público.
Assim, ao conceituar ou exemplificar a
qualidade deve-se levar em consideração o
seu sentido e quanto a implementação e
execução nas empresas deve ocorrer de
forma bem estruturada e criteriosa, tomando
os devidos cuidados estratégicos para não
aplicá-la de forma equivocada. Segundo
Paladini (2012, p. 2): “[...] definir qualidade de
forma errônea leva a Gestão da Qualidade a
adotar ações cujas consequências podem ser
extremamente sérias para as empresas, em
alguns casos, fatais em temos de
competitividade”.
Desta forma, qualquer que seja a definição
proposta para a qualidade, espera-se que ela
não contrarie a percepção intuitiva que se tem
sobre ela, ou seja, o que já se sabe a respeito
do assunto, pois faz parte do dia a dia das
pessoas, dificultando identificar e delimitar
seu significado com precisão (PALADINI,
2012).
Analisando o fato de o termo qualidade ser de
uso comum e de domínio público, deve-se
levar em consideração que em relação à
qualidade também se identificam adequações
ao uso e comparativos a termos de filosofia
funcional, priorizando outras áreas do
conhecimento, destacando o processo
produtivo
como
diferencial
e
o
comprometimento de todos os envolvidos no
processo, independente da atividade e ou
setor empresarial em que atuam.
4. QUALIDADE E PRODUTIVIDADE
O transporte tem sido considerado uns dos
itens que aproxima o produto até ao cliente.
Nesse contexto, as empresas buscam
garantir uma posição de liderança pela
disputa de carga nacional e internacional
(VALENTE,
2008).
A
otimização
da
produtividade traz baixo custo, auxilia no
lucro e na satisfação do cliente. A busca
constante de estratégias para aumentar a
produtividade favorece, através de novas
práticas,
fontes
de
rentabilidade
e
confiabilidade no transporte rodoviário.
Segundo Valente (2008, p: 192):
[...] aumenta-se o faturamento aumentando
o grau de satisfação do cliente; reduzemse os custos operando o veículo de forma
correta e otimizada. Informações são
fundamentais para a tomada correta de
decisão,
a
fim
de
aumentar
a
produtividade no transporte rodoviário.
Verifica-se que as empresas buscam
constantemente inovações tecnológicas para
reduzir seus custos e assegurar diferencial no
atendimento a seus clientes, essa tecnologia
Gestão pela Qualidade - Volume 1
20
pode favorecer a aproximação da qualidade
com a produtividade e nessa junção
encontra-se o dispositivo para a conquista da
confiabilidade
do
cliente,
garantindo
resultados mais rentáveis e promissores para
o transporte rodoviário. Para isso precisam
garantir produtividade, além da qualidade.
De acordo com Carvalho (2012, p:169):
[...] produtividade é a mentalidade do
progresso, do aperfeiçoamento constante,
a vontade de não se contentar com a
situação atual, por melhor que possa
parecer, ou seja, na realidade, é o esforço
contínuo para aplicar novas técnicas e
novos métodos.
Produtividade refere-se ao que uma empresa
produz com redução de gastos e elevados
índices de aceitação e rentabilidade, obtendo
resultados
qualitativos
e
produtivos,
oferecendo melhores produtos aos seus
clientes. Conforme Valente (2008, p. 167) “[...]
produtividade é a relação entre o que é
produzido por uma organização (produto) e
os insumos necessários para a sua
produção”.
A produtividade não deve ficar restrita à
produção de bens, devendo estar na
execução de outros trabalhos na organização,
ser de simples entendimento e eficiência,
tornando-se um diferencial e possibilitando o
alinhamento de tarefas com eficiência. Assim,
a produtividade no trabalho demonstra que o
processo contínuo possibilita a obtenção de
melhores resultados, proveniente do potencial
do empregado motivado, uma vez que é
aproveitada sua capacidade e incentivada
sua participação no trabalho realizado dentro
da organização.
5. ESTRATÉGIA EMPRESARIAL E VANTAGEM
COMPETITIVA
A estratégia empresarial pode se transformar
em uma ferramenta importante para
estabelecer direcionamentos, articulações,
programas de incentivos e ações que
aproximam a empresa de seu ambiente
desejado, formatando ideias e projetos que
assegurem a execução dos objetivos ou
resultados programados e preestabelecidos
pela empresa.
Para Oliveira (2012. p: 03):
[...] o conceito básico de estratégia está
correlacionado à ligação da empresa ao
seu ambiente, o qual é externo e está fora
de seu controle; e, nessa situação, a
empresa procura definir e operacionalizar
estratégias que maximizem os resultados
da interação estabelecida.
Com base em Oliveira (2012), destaca-se que
a fim de estabelecer essa interatividade devese levar em consideração, sete características
primordiais que auxiliam no processo
estratégico de uma empresa: senso crítico,
interdependência sistêmica, incerteza, risco,
criatividade, iniciativa e conflito. Segundo o
auto, trata-se de fatores que interferem e
estão correlacionados ao processo de
decisão e possíveis mudanças no trabalho de
equipe ou individual. Essas características
estão unidas com o propósito específico de
auxiliar na decisão estratégia tornando o
gerenciamento eficaz. Ainda de acordo com
Oliveira (2012, p: 06):
[...] a chave do sucesso de uma empresa
é a habilidade da alta administração em
identificar as principais necessidades de
cada um desses grupos, estabelecer
algum equilíbrio entre eles, e atuar com um
conjunto de estratégias que permitam a
satisfação de cada grupo. Esse conjunto
de estratégias, como modelo, identifica o
que a empresa tenta ter.
Oliveira (2012) aponta a necessidade dos
administradores identificarem a realidade da
empresa quanto aos resultados almejados,
mas também quanto às suas necessidades
específicas. Esse raciocínio é acompanhado
por Valente (2008, p. 161) ao afirmar que “[...]
existe uma alternativa certa para cada
necessidade ou problema de transporte, que
só poderá ser encontrada mediante uma
análise
econômica
das
alternativas
tecnicamente viáveis”.
Identificar a realidade da empresa permite
aos administradores elaborarem estratégias,
ideais e após implementá-las, acompanhar de
perto as variáveis que demonstrem a
otimização dos recursos e dos resultados
almejados pela instituição. As estratégias
devem apresentar alternativas, identificandose com os objetivos e missão da empresa,
pois assim permitirão um direcionamento
ideal com relação ao caminho a ser trilhado.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
21
Dessa forma, ao identificar o direcionamento
a seguir alcançará bons resultados.
Dentro dessa premissa, Oliveira (2012, p: 38),
ressalta que:
[...] o processo de estabelecimento e
implementação das estratégias nas
empresas deve passar por cinco fases
básicas e bem definidas como: formulação
das
estratégias
empresariais;
estabelecimentos
das
estratégias
empresariais alternativas; escolha das
estratégias empresariais; implementação
das estratégias empresariais; controle,
avaliação
e
acompanhamento
das
estratégias empresariais.
A formulação de estratégias empresariais
preestabelece uma relação e estimulação dos
principais objetivos da empresa, trabalhando
e impulsionando caminhos que estabeleçam
aonde e como chegar aos propósitos
estabelecidos. Para Oliveira (2012), a
estratégia empresarial deve se identificar com
as metas propostas, as quais devem ser
cumpridas, dessa forma, a empresa poderá
finalmente alcançar os objetivos almejados.
Para o estabelecimento dos cenários futuros
existem fatores críticos de sucesso que
surgem a partir de uma técnica na qual são
identificados e analisados aspectos que cada
empresário considera importante, para tanto,
são elaboradas perguntas que possam ser
feitas visando direcionar as estratégias a
serem adotadas, como por exemplo, qual a
missão ou razão de ser da empresa? Quais os
principais objetivos da empresa? Quais são
as principais orientações que foram passadas
aos subordinados no ano anterior e para o
atual? Tais respostas são posicionadas e
aproximadas para o estabelecimento do que
a alta administração exige das suas equipes.
As estratégias quando bem implementadas
tendem a se constituir em vantagem
competitiva, tornado fator de identificação de
seus produtos, serviços e os mercados,
mostrando que a empresa está efetivamente,
capacitada a atuar de forma diferenciada.
Sendo assim, as estratégias bem definidas e
corretamente trabalhadas, proporcionam um
passo
à
frente
das
concorrentes,
assegurando um processo bem estruturado
no âmbito geral da empresa.
quando supera seus concorrentes ou os
mantêm em patamar de segurança, isso
ocorre quanto não tem problemas de
suprimentos;
de
recursos
financeiros,
humanos e materiais, bem como, com
equipamentos e instalações, quando possui
acesso direto à tecnologia e apresenta uma
boa imagem institucional. Oliveira (2012, p:
47) corrobora com essa ideia, destacando
que:
[...] alta tecnologia que possibilite redução
de custos, simplicidade do processo
produtivo e preços competitivos dos
produtos ou serviços; alta liquidez
financeira; baixo grau de endividamento;
alto nível da equipe de profissionais;
adequando sistema de informações
gerenciais; boa imagem dos produtos e
serviços; boa relação com o mercado;
adequada situação de capacidade
instalada; alto poder de domínio nos
segmentos de mercado; e agilidade e
flexibilidade interna.
No âmbito geral, a empresa pode alcançar
vantagem competitiva quando não tem medo
de investir e controlar os custos financeiros
associados à alta tecnologia, quando
simplifica o processo produtivo e oferece
prestação
de serviço
qualificado.
A
qualificação de funcionários contribui para
diminuir o grau de dúvidas que prejudicam o
custo e a imagem da empresa no
oferecimento de serviços e produtos.
6.GESTÃO
DA
QUALIDADE
PRODUTIVIDADE
6.1
FATORES PARA O AUMENTO
QUALIDADE E PRODUTIVIDADE
E
DA
A gestão da qualidade pode ser estruturada
com base no conceito do Círculo Controle da
Qualidade – CCQ, (PALADINI, 2012, p. 270).
Esse processo tem como finalidade identificar
os problemas prioritários da organização,
suas causas, propor soluções e a forma de
implementá-las, proporciona ainda resolver
problemas de qualidade, buscar a eficiência,
fidelizar cliente, estabelecer segurança no
trabalho e em desenvolver responsabilidade
social; envolvendo os funcionários no
processo de analise e resolução de
problemas.
A empresa conquista vantagem competitiva,
Gestão pela Qualidade - Volume 1
22
Outra teoria que pode ser aplicada a gestão
da qualidade foi elaborada por Karou
Ishikawa, para esse autor a forma de
organizar uma mudança estrutural preconiza
desenvolver teoria e prática dentro do
ambiente de trabalho, estimulando a interação
efetiva e participativa dos membros
envolvidos de forma que, ao primar pela
qualidade, se o gestor perseguir o lucro
imediato futuramente essa ação implicará em
risco,
ocasionando
a
perda
da
competitividade e redução de ganhos
(MAXIMIANO, 2006).
A esse respeito, observa-se que a empresa
deve, a princípio, primar pela postura
orientada ao cliente, não impor o ponto de
vista do produtor e sim do usuário, ter visão
de que o fornecedor refere-se aocliente
interno, por fim, a descrição e representação
dos fatos com base em dados reais, que
subentendem a utilização de técnicas
estatísticas, Maximiano (2006, p: 36), enfatiza
que:
[...] a gestão da qualidade trabalha a
administração participativa na utilização do
circulo de controle de qualidade na
resolução dos problemas, focando a
gestão de controle por funções e não por
departamentos,
dando
ênfase
na
integração horizontal nos departamentos a
partir de funções.
Dessa forma, constata-se que a gestão da
qualidade evidencia uma administração
focada no controle e execução participativa,
com vias a resultados eficazes. Não
centralizando em um setor apenas, mas
articulando a efetiva contribuição de todos os
departamentos da empresa. Dando atenção
especial ao fluxo funcional e na resolução de
conflitos internos, na busca continua de
resultados qualitativos para a empresa.
6.2 RELATO DO CASO
Neste capítulo serão abordados práticas e
processos, enfatizando a forma como a
gestão de produtividade e qualidade interfere
no diferencial competitivo das empresas no
sistema de transporte rodoviário.
6.3 CAMINHO METODOLÓGICO
O direcionamento deste estudo, pautou-se em
Cervo (et al, 2007, p. 27) que define um
caminho metodológico como sendo “[...] a
ordem que se deve impor aos diferentes
processos necessários para atingir um certo
fim ou um resultado desejado.”
Este trabalho tem por objetivo verificara
aplicação de conceitos da gestão da
qualidade , voltados especificamente a
gestão da qualidade com enfoque na
produtividade dentro de empresa atuante no
segmento logístico, com isso, propõe-se a
verificar os investimentos realizados pela
empresa, com base em informações contidas
em seu website, bem como informações
colhidas
junto
a
seu
Relatório
de
Administração entre os anos de 2012 e 2013.
O estudo permite verificar a evolução da
organização com foco em seus objetivos
institucionais de melhoria nos processos
internos e externos, com investimentos em
tecnologias de informação e comunicação.
A metodologia para este estudo será natureza
teórico e aplicada sendo delineada sob a
abordagem da pesquisa qualitativa do tipo
descritiva pautada nas Dimensões Novikoff
(2012)
apresentadas
no
caminho
metodológico.
Tal
desenvolvimento
possibilitou verificar e compreender como as
ferramentas de gestão de processos
colaboram para o aumento da produtividade
da organização.
Em relação à pesquisa no ambiente virtual a
análise permitiu o delineamento do Estado do
Produto (COUTINHO E NOVIKOFF, 2013).
Os resultados trouxeram algumas respostas
em relação sobre relevância do investimento
em qualidade, para melhoria de processos e
por consequência na redução de custos
operacionais.
A metodologia utilizada neste trabalho teórico
foi dividida em duas etapas, sendo que a
primeira consiste em uma pesquisa
qualitativa, a partir de uma revisão
bibliográfica realizada com objetivo de nivelar
processos à gestão da qualidade e
produtividade, destacando-a como um fator
diferencial
competitivo
no
transporte
rodoviário, na segunda, realizou-se um Estudo
de Caso na empresa Della Volpe S. A.
Comércio e Indústria, cujo critério de seleção
consiste na afinidade do estudo com a
problemática abordada neste trabalho.
Apresenta-se ao final deste e segundo Cervo
Gestão pela Qualidade - Volume 1
23
e colaboradores (2007), apresentam-se as
características da empresa pesquisada,
seguido de uma análise crítica.
6.4 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
A Transportes Della Volpe S/A - Comércio e
Indústria, empresa de Transporte Rodoviário
Nacional de Cargas, foi constituída em 28 de
junho
de
1964,
conforme
ata
de
Transformação de Sociedade Solidária em
Sociedade Anônima. É sucessora de Della
Volpe e Irmão, registrada na Junta Comercial
do Estado de São Paulo em 13 de setembro
de 1960, sob o nº 262.747 que também por
sua vez, era sucessora da Della Volpe Cia.,
constituída em 02 de outubro de 1.956,
registrada na Junta Comercial do Estado de
São Paulo em 4 de dezembro de 1956, sob o
nº 204.141.
A Della Volpe conta com os mais avançados e
adequados recursos técnicos do ramo de
transportes. Utiliza frota de veículos modernas
na prestação de seus serviços. Seus
profissionais, chamados pela empresa de
verdadeiros colaboradores, são treinados e
instruídos para bem servir a razão de
existência da empresa: seus clientes.
Sua missão relaciona contribuição com
crescimento
do
País,
através
da
movimentação de cargas. Uma visão
operacional de ser uma empresa reconhecida
por sua eficiência, competitividade e
rentabilidade na prestação de serviços de
movimentação de cargas. Atende de maneira
diferencial e com excelência a seus clientes,
resultando valores de imagem da empresa e
lucratividade.
A empresa se compromete a prestar serviços
em
transporte
com
qualidade
e
confiabilidade,
visando
satisfazer
os
requisitos e expectativas de seus clientes e
possui
comprometimento
gerencial
e
estratégico em toda parte administrativa e
funcional da empresa, focando o cliente como
alvo estrutural da empresa.
7. RELATO DE CASO
O estudo apresentado foi retirado do site da
empresa, e propõe-se a fazer uma análise da
temática
“Gestão
da
Qualidade
e
Produtividade como Diferencial Competitivo
no Transporte Rodoviário”, através da análise
de informações disponíveis no portal da
empresa, no que diz respeito a temática
proposta nesse estudo. Cabe dizer ainda, que
as informações abaixo foram retiradas do
Relatório da Administração dos anos de 2012
e 2013, estes publicados no Jornal Valor, os
quais serão apensados ao Anexo II do
presente trabalho.
8. GESTÃO EFICIENTE PARA AMPLIAR A
RENTABILIDADE
Segundo o relatório da Administração datado
de 31/12/2012, a empresa iniciou seus
instrumento com o seguinte destaque “Nossa
estratégia foi desenvolver a Cia com foco no
fornecimento
de
soluções
logísticas
integradas aos nossos clientes, visando a
concentração de suas atividades logísticas
conosco. Os investimentos no ano somaram
R$ 12 milhões, destinados à expansão dos
negócios através do aumento e renovação de
nossa frota, como também em tecnologia
visando o aumento da eficiência, segurança
da informação, diminuição de custos de mãode-obra e melhoria continua de processos.
Participação no projeto piloto e implantação
do Conhecimento de Transporte Eletrônico CT-e, que proporcionou maior agilidade no
tempo de parada em postos fiscais, redução
de gastos com papel e um controle efetivo na
liberação da carga. Contamos com mais de 2
mil colaboradores, aos quais procuramos
desenvolver e disseminar nossos valores,
como o foco no cliente, a simplicidade e a
força do trabalho e da nossa gente, visando à
obtenção do lucro e a perpetuação de nosso
negócio.”
No relatório, a empresa aponta que “fechou o
ano de 2012 com um crescimento de 0,9%,
registramos uma receita bruta de R$ 408
milhões, com crescimento de 9% em relação
a 2011.”
Como o objetivo da empresa para o ano de
2013 era o foco na modernização para
melhoria em seus processos visando reduzir
custos com emissão documentos impressos e
um controle mais efetivo na liberação de
carga, bem como agilizar o desembaraço em
postos fiscais, o ano de 2013 da organização
apresentou resultados negativos, fato esse
justificado pelo presente relatório, conforme
relatado no instrumento de 2013: “O resultado
da Della Volpe em 2013, foi fortemente,
impactado pelo esforço da Empresa em
aprimorar a eficiência de nossas operações,
trabalhamos de forma consistente traçando
caminhos que devemos seguir, de acordo
com nossa estratégia de equilibrar a
Gestão pela Qualidade - Volume 1
24
rentabilidade e a sustentabilidade ao longo
prazo. Nosso esforço inicial foi a identificação,
negociação e quando necessário, a
eliminação de clientes e operações que
apresentavam
resultados
aquém
do
esperado, o que explica a queda do nosso
faturamento, a redução da quantidade de
colaboradores e o aumento do custo com
pessoas (rescisões). Em seguida, contando
com a dedicação de nossas equipes,
conseguimos reduzir e aprimorar nossos
custos, o que representará a evolução da
nossa rentabilidade e um diferencial
competitivo no mercado.”
Os balanço da empresa aponta uma redução
na conta de pessoal, onde verifica-se que o
objetivo fora atendido, decrescendo de 2011
a 2013, respectivamente de R$ 3.800 mil para
R$ 2.894, uma redução de aproximadamente
32% no custo com folha e encargos sociais.
Seguindo os objetivos institucionais, a
empresa optou por excluir clientes cuja
rentabilidade estavam aquém da proposta da
empresa, o que impactou no ano de 2013 em
uma redução de sua receita líquida onde se
comparado ao ano de 2012, esta decresceu
16%, o que acarretou um prejuízo de
R$ 6.794 (em R$ mil), bem diferente do que
aponta o relatório referente ao ano de 2012,
onde mesmo com um custo relativamente
elevado, esta apontou um luco de R$ 12.916
(em R$ mil). A empresa por conta do
resultado no ano não distribuiu dividendos em
função do prejuízo apontado no ano de 2013.
Entretanto as expectativas da empresa são as
melhores possíveis, considerando os esforços
realizados pelo grupo no ano de 2013
Por sua vez, no site da empresa, verifica-se
que a organização vêm atuando fortemente
em prol da qualidade e sustentabilidade,
onde verifica-se o esforço da empresa no
tocante à responsabilidade sócio-ambiental,
sob os enfoques sociais, atuando contra a
exploração sexual, articulando Organizações
Não Governamentais - ONGs de proteção à
criança e ao adolescente, desenvolvendo
ações educativas com foco na proteção de
crianças. Para tanto, aderiu ao programa Na
Mão Certa, Instituto World Childhood
Foundation - WCF – Brasil, que promove
ações de mobilização junto a governos,
empresas e organizações de terceiro setor
em torno de um combate mais eficaz à
exploração sexual comercial de crianças e
adolescentes nas rodovias brasileiras.
Ainda com relação a qualidade, a empresa
tem por primazia a melhoria contínua de seus
processos. Para tanto, buscou a certificação
ISO 9001:2008 ainda na década de noventa,
atestando sua reputação de sistema da
qualidade comprometido com a melhoria
contínua de seus processos e serviços
prestados à sociedade e aos clientes,
implantando
os
processos
internos
necessários para o cumprimento de suas
obrigações.
Em função do transporte de cargas perigosas
e com a constante preocupação dos
impactos ambientais que porventura possa vir
a ser causados pela organização a
transportes Della Volpe implantou o
SASSMAQ - Sistema de Avaliação de
Segurança, Saúde, Meio Ambiente e
Qualidade,
direcionado
a
empresas
prestadoras de serviços de transporte
rodoviário
para
indústrias
químicas,
fomentado pela ABIQUIM – Associação
Brasileira das Indústrias Químicas. Segundo o
site da própria empresa o objetivo da adesão
ao sistema é "Garantir a movimentação e a
armazenagem
segura
dos
produtos,
adotando procedimentos seguros que visam
preservar a saúde, a segurança e o meio
ambiente, buscando a satisfação de seus
clientes”. A empresa para participar do
programa deverá revalidar sua cerificação a
cada dois anos, atendendo a critérios
estabelecidos pela ABIQUIM
Ainda com foco em melhorias, o Código de
Ética da empresa foi construído com base em
sua própria história de negócio com respeito
ético, legal e socialmente responsável. Isso se
reflete de igual forma em suas ações com
seus fornecedores. Esse Código de Conduta
do Fornecedor esboça os princípios do nosso
relacionamento profissional com nossos
fornecedores. Ele estabelece certos padrões,
os quais nossos fornecedores devem
respeitar e aderir durante a condução de
negócios com a Della Volpe.
A empresa ainda aponta que investe
constante e continuamente em segurança,
tecnologia ações de proteção ambiental,
capacitação profissional e tecnologia, o que
reforça a credibilidade da organização frente
o mercado consumidor e a coloca entre as
dez melhores transportadoras do país,
conforme aponta pesquisa das Maiores e
Melhores do Transporte.
Dando enfoque ao contexto tecnológico, a
Della Volpe, desenvolveu um moderno ERP
aliado
(Enterprise Resource Planning), que
Gestão pela Qualidade - Volume 1
25
ao sistema de rastreamento oferece mais
segurança e desempenho em todos os
processos ligados ao transporte e logística de
cargas. Isto proporciona a otimização dos
recursos de transportes, bem como possibilita
manter sempre informações seguras juntos
aos seus clientes, estas mantidas através de
uma Central de Rastreamento, que monitora
todos os veículos, através da centralização de
todas as informações operacionais pela
matriz, recebidas dos diversos pontos de
apoio, via sistema Autotrac e DDG 0800 para
motoristas terceiros. Funciona 24 horas por
dia, 365 dias ao ano.
9. ANÁLISE CRÍTICA
Um diferencial analisado na empresa foi que
a mesma se diferenciou na prestação de
serviço como a autorização dos órgãos
competentes para o transporte de cargas
químicas e perigosas, as quais necessitam de
extremos cuidados e técnicas especiais.
Apresentou
soluções
integradas
e
capacitação técnica no desenvolvimento de
todo o processo
logístico, viabilizando
projetos e execuções de métodos de
operações que requeiram multimodalidade de
meios
de
transportes.
Competência,
conscientização e treinamentos são pontos
focais que a empresa destina em seus
funcionários, para que todos executem suas
atividades com maior qualidade, todos os
colaboradores passam por um processo de
qualificação pelos critérios de educação
formal (nível de escolaridade), treinamentos,
habilidades e/ou experiência profissional,
visando sua capacitação. Nos treinamentos
são abordados temas como: histórico da
empresa, Visão, Missão, Valores e Política
de Qualidade, Processos do Sistema de
Gestão da Qualidade, Segurança do Trabalho
e Saúde e Direitos e Deveres dos
colaboradores com a empresa. Capacitar e
formar colaboradores, que constitui um dos
principais objetivos e garantia a qualidade
dos serviços prestados aos clientes.
de melhor atendimento e rentabilidade.
Os números apontados no relatório de
Administração da Empresa são justificados
pelas mudanças efetuadas pela gestão da
empresa em 2013, relatadas nesse estudo de
caso. Os dados retirados de seu site, bem
como de seu relatório publicado no site Valor
(2012, 2013), demonstram o compromisso
com a qualidade elencando as ações
desenvolvidas na política de meio ambiente;
valorização dos colaboradores; treinamentos;
tecnologia;
frotas
modernas
e
com
manutenção preventiva constante; segurança
ambiental e do trabalho; ISOS, SASSMAQ,
dentre outras. Tal postura demonstra que a
empresa trabalhar a gestão produtiva e
qualitativa oferecendo prestação desse
serviço
diferenciada,
tornando-a
mais
competitiva e rentável.
Justifica-se esse pensamento a partir das
ações realizadas pela Della Volpe no que diz
respeito a implantação de sistema de
rastreamento e monitoramento de frotas,
treinamentos diferenciados aos condutores na
parte de segurança e benefícios aos mesmos;
projetos eficazes de controle operacional e
estratégico para melhor atendimento da
missão da empresa e seus valores
organizacionais.
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Retratando pela fundamentação teórica deste
estudo, entende-se que uma gestão bem
estruturada e agregada por participação dos
membros de toda empresa, beneficia não
apenas a alta hierarquia da empresa, mas a
todos os indivíduos da mesma, que tendem a
ganhar com a gestão da qualidade e
produtividade implantada. São oferecidos
diferenciados métodos de estruturação e
sistemas inovadores tecnológicos de precisão
com caráter diferenciado na prestação do
serviço ao cliente, que buscam nas empresas
algo que os surpreendam e agregue mais do
que as outras concorrentes.
Um fator diferencial apresentado pela
empresa analisada foi que o foco principal
são os clientes que possuem força decisória e
qualitativa em seu processo. Demonstrando
uma imagem confiável e inovadora, e na
busca constante de sistemas diferenciados
O estudo de caso demonstra as ações de
gestão da qualidade e produtividade
implementadas pela Della Volpe S. A., ao
longo de sua existência, atestam que resultam
em
ganho
de
confiabilidade
e
representatividade no mercado de transporte
rodoviário.
Diante dos autores apresentados e do estudo
de caso analisado observa-se que as
estratégias
empresariais
quando
bem
implementadas tendem a se constituir em
vantagem competitiva, segundo aponta
Oliveira (2012). Ao incorporarem a alta
Gestão pela Qualidade - Volume 1
26
tecnologia possibilitam redução em seus
custos, simplicidade do processo produtivo e
preços competitivos dos produtos ou
serviços. Ao investirem na qualificação dos
funcionários, contribuem para diminuir o grau
de dúvidas que prejudicam o custo e a
imagem da empresa no oferecimento de
serviços. Assim, responde-se a questão inicial
deste estudo evidenciando como a gestão da
qualidade e produtividade pode auxiliar na
eficácia dos serviços prestados no transporte
rodoviário. Confirmando também, a hipótese
proposta.
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Empresarial
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[12] Gomes, C.; Ribeiro, P. Gestão da Cadeia de
Suprimentos integrada à Tecnologia da
Informação. São Paulo: Thomson, 2004.
Dessa forma, conclui-se que a gestão da
qualidade e produtividade representam um
diferencial competitivo na prestação de
serviço para as empresas de transporte
rodoviário
[25]
Gestão pela Qualidade - Volume 1
27
Capítulo 3
Igor de F. Medeiros
Rubens H. Gutierrez
Resumo: Com o crescente aumento da competitividade entre as organizações e a
diversidade do contexto cultural, político e econômico dos diferentes países, as
universidades passam hoje por um acelerado processo de transformação,
enfrentando problemas praticamente semelhantes. Essa constatação parte da
análise de algumas instituições de ensino superior que, como as universidades
brasileiras, também enfrentam um conjunto de pressões e demandas crescentes,
muitas das quais contraditórias e de difícil resolução, o que caracteriza uma
situação bastante complexa. Desenvolver um modelo referencial de gestão que
possa captar os fatores determinantes da qualidade na universidade, uma vez que
esta, cada vez mais tem sido desafiada a demonstrar qualidade no seu
desempenho, principalmente com as constantes mudanças e as transformações no
ambiente dessas organizações e em suas atividades, aponta para um modelo de
organização orientada por processos que surge como a forma organizacional
dominante para o século XXI. Esse modelo propõe abandonar a estrutura por
funções, que foi a forma organizacional predominante nas organizações do século
XX, fazendo com que as empresas organizem seus recursos e fluxos ao longo de
seus processos básicos. Dessa forma, as empresas que estão procurando se
organizar por processos buscam maior eficiência na obtenção de seus produtos e
serviços, melhor adaptação a mudança, melhor integração de seus esforços e
maior capacidade de aprendizado. Nesse contexto, o mapeamento de processos
vem se tornando cada dia mais, um recurso utilizado pelas organizações para
manterem-se competitivas frente aos desafios impostos a elas. Conhecer seus
processos, organizá-los, estruturá-los e constantemente realizar medições faz com
que as organizações tenham um diferencial competitivo frente a sua concorrência.
No artigo a seguir, serão mostrados alguns conceitos e ferramentas que compõem
o mapeamento de processos, passando por sua origem, até a sua aplicação
prática em uma unidade acadêmica universitária, como demonstrado no estudo de
caso do projeto realizado em uma Universidade Federal, que apresenta resultados
voltados a melhoria da gestão acadêmica da mesma.
Palavras-chave: Mapeamento de processos; Padronização, Gerenciamento da
rotina, Qualidade.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
28
1. INTRODUÇÃO
empresa qualquer uma destas organizações.
O Mapeamento de Processos vem se
tornando um método muito eficaz na luta das
organizações pela sobrevivência no atual
mercado, já que através do mapeamento de
processos as organizações vêm alcançando
o fortalecimento e um melhor controle e
desenvolvimento dos processos, conduzindoas ao caminho da excelência gerencial e da
qualidade total. Esta metodologia propicia às
organizações estruturar a sequência de
trabalhos a serem desenvolvidas, visando à
análise, à simplificação e o aperfeiçoamento
dos processos, além de tratar de forma
adequada seus problemas, de modo a
promover a obtenção de uma consistente
garantia de qualidade. Conforme explica Hunt
(apud Vilella, 2000), este mapeamento foi
desenvolvido e implementado pela General
Eletric como parte integrante das estratégias
de melhoria significativa do desempenho,
onde era utilizado para descrever, em
fluxogramas e textos de apoio, cada passo
vital dos seus processos.
Processos- o processo é a parte fundamental
dessa metodologia, já que é através do
mapeamento dos processos, que se pode
obter uma visão geral de como se encontra a
organização, de como se processa suas
atividades e de que forma o seu produto está
chegando ao mercado. Muitas vezes a forma
como são realizados os processos dentro de
uma organização, faz com que a organização
tenha uma vantagem estratégica em relação
aos demais concorrentes, já que a mesma se
contar com processos bem estruturados e
constantemente monitorados e medidos,
dificilmente não terá êxito.Gonçalves (apud
De Oliveira, 2006) diz que todo trabalho
realizado nas empresas faz parte de algum
processo. Não existe um produto ou serviço
oferecido por uma empresa sem um processo
organizacional.
Segundo Hunt (apud Oliveira, 2003), o
mapeamento de processos é usado para
descrever, através de diagramas e textos
explicativos, cada passo essencial nos
processos de negócio. Pidd (apud Vilella,
2000) afirma que, faz sentido modelar o
processo para descobrir os componentes
essenciais e sensíveis em que as melhorias
farão diferença, já que as mudanças
tecnológicas permitem que o processo seja
mudado no espaço ou no tempo, capacitando
a
organização
a
operar
mudanças
rapidamente
auxiliadas
por
modelos
simulados em computador e pela engenharia
dos processos de negócio. Para que o
mapeamento de processos seja entendido da
melhor maneira possível se faz necessário
tomar
conhecimento
das
seguintes
definições:
Empresa - Campos (2013) define empresa
como uma organização de seres humanos
que trabalham para facilitar a luta pela
sobrevivência de outros seres humanos. Esta
é a última instância, a missão de todas as
empresas. Campos (2013) diz que, a única
razão pela qual se trabalha é porque alguém
precisa do resultado do seu trabalho. No final
das contas, todos trabalham para ajudar uns
aos outros a sobreviver. Para atender a esta
necessidade de sobrevivência é que o ser
humano se organiza em indústrias, hospitais,
escolas, prefeituras, etc. Chama-se de
Um processo, para Davenport (apud Vilella,
2000), seria uma ordenação específica das
atividades de trabalho no tempo e no espaço,
com um começo, um fim, inputs e outputs
claramente identificados, enfim, uma estrutura
para ação. Os processos podem ser vistos
como, por exemplo, um grupo de atividades
realizadas numa sequência lógica com o
objetivo de produzir um bem ou serviço que
tem valor para um grupo específico de
clientes. (HAMMER e CHAMPY apud DE
OLIVEIRA, 2006). No mapeamento de
processos muitas das vezes surgem
mudanças nos processos, e Johansson (apud
Vilella, 2000) cita três razões básicas
possíveis para que tal aconteça, tais como:
redução
de
custos,
renovação
de
competitividade e domínio competitivo.
Hierarquia dos processos - um dos problemas
mais comuns encontrados na realização de
um mapeamento de processos é o
entendimento sobre quem é o responsável
por determinado processo e de que forma o
mesmo
deve
estar
estruturado
na
organização. Para tal, De Oliveira (2006) diz
que o entendimento sobre como os processos
podem ser logicamente organizados e
fisicamente estruturados (hierarquia) contribui
para a sua melhor compreensão, facilitando
consequentemente a gestão da organização
com foco nos processos. Esta hierarquia é
assim apresentada por Harrington, Davis e
Weckler; (apud Vilella, 2000, p.25):
“Processo – é um conjunto de atividades
seqüenciais, relacionadas e lógicas que
Gestão pela Qualidade - Volume 1
29
tomam um input com um fornecedor,
acrescentam valor a este e produzem um
output para um consumidor;
Subprocesso –
é a parte que,
interrelacionada de forma lógica com outro
subprocesso,
realiza
um
objetivo
específico em apoio ao macro processo e
contribui para a missão deste;
Atividades – são coisas que ocorrem
dentro do processo ou subprocesso. São
geralmente desempenhadas por uma
unidade (pessoa ou departamento) para
produzir um resultado particular. Elas
constituem a maior parte dos fluxogramas;
Tarefa – é uma parte específica do
trabalho, ou melhor, o menor microenfoque
do processo, podendo ser um único
elemento e/ou um subconjunto de uma
atividade.”
Campos (2013) afirma ainda que o
mapeamento de processos é um meio e não
um fim. O que deve ser atingido de fato são
os objetivos e as metas compromissadas.
Não é preciso mapear todos os processos,
nem todos os níveis de processos. Faz-se
necessário o entendimento da importância de
cada processo para que sejam priorizados
aqueles que serão alvo do projeto de
mapeamento e melhoria de processos.
2. CICLOS PDCA E SDCA
Os ciclos PDCA e SDCA têm um papel muito
importante no mapeamento de processos, já
que através de suas fases é que são
apresentados os passos a serem seguidos
durante o projeto de mapeamento.
apoio na melhoria de processos, enquanto o
ciclo SDCA é usado para a padronização dos
processos,
adotando
o
S
de
Standarize/Padronização no lugar P de
Plan/Planejamento (CAMPOS, 2013).
Deming (2000) diz que o ciclo PDCA teve a
sua origem nos anos 30, criado pelo
estatístico Walter A. Shewhart. Ao elaborar o
Ciclo PDCA, Shewhart fez uso das
ferramentas estáticas e ainda fez uma análise
de vários processos, na intenção de fazer
uma ferramenta aplicável a qualquer tipo de
processo, não importando o problema no qual
o processo se encontrava.
Na fase P, do inglês plan, de planejar é
necessário
estabelecer
missão,
visão,
objetivos, definir as metas e também o
método que será utilizado para atingir os
resultados esperados. Na fase D, do inglês
do, de fazer é necessário realizar, executar as
atividades, coletar dados, educar, treinar, ou
seja, executar o que foi planejado na primeira
fase. Na fase C, do inglês check, que quer
dizer checar, deve-se controlar, monitorar e
avaliar os resultados, verificando os
processos, confrontando seus resultados com
o planejado, com os objetivos do
planejamento e o estado que é desejado,
consolidando as informações, eventualmente
confeccionando relatórios e produzindo
insumos para a próxima fase. Na fase A, do
inglês act, de agir, deve-se executar as ações
de acordo com o previsto, tomando por base
os relatórios da fase de controle, de
checagem. Deve haver nessa fase uma ação
corretiva, visando à melhoria da situação que
foi constatada.
O ciclo PDCA é usado como ferramenta de
Figura 1 – Ciclo PDCA.
Fonte: CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia. Pág.180.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
30
3. ESTUDO DE CASO
Trata-se de um Projeto Piloto de Mapeamento
de Processos que nasceu da necessidade de
atender a uma demanda interna por melhor
gestão acadêmico-administrativa de uma
unidade acadêmica descentralizada de uma
Universidade Federal.
3.1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
A organização estudada, visando atender a
demandas de seu Planejamento Estratégico,
buscou no mapeamento de processos uma
forma de atender a uma de suas estratégias
que era definida como a “busca por uma
melhor gestão acadêmico-administrativa com
otimização de recursos tecnológicos e melhor
gestão de pessoas e processos”. Dessa
forma definiu que o projeto piloto seria
realizado em uma de suas unidades
acadêmicas, visando garantir que os
processos da mesma se tornassem
explicitamente
definidos,
medidos
e
avaliados, estabelecendo uma estrutura
consistente de governança e melhoria
contínua.
3.2 MOTIVAÇÃO DO PROJETO
No histórico da unidade acadêmica escolhida
constavam problemas frequentes causados
por falta de padronização, erros no
encaminhamento de processos, entre outros
problemas que tinham o seguinte cenário
configurado: 1 - desconhecimento dos
processos existentes, pois apesar de haver
padrões, muitos deles se encontravam
desatualizados; 2 – Falta de visão sistêmica,
ou seja, os colaboradores não conseguiam
enxergar sua contribuição dentro do
processo, apenas enxergavam sua atividade
de forma isolada; 3 – retrabalhos causados
por desconhecimento, falta de treinamento ou
desatenção aos padrões.
3.3 METODOLOGIA APLICADA
Andrade (2003), o ciclo PDCA foi criado na
década de trinta pelo estatístico americano
Walter A. Shewhart e é descrito por Moura
(1997, apud Andrade, 2003) como “uma
ferramenta que orienta seqüência de
atividades para se gerenciar uma tarefa,
processo, empresa, etc.”. Esta ferramenta é
de fundamental importância para a análise e
melhoria dos processos organizacionais e
para a eficácia do trabalho em equipe.
4. RESULTADOS POR FASES DO CICLO
SDCA
4.1 FASE S - STANDARIZE
Nessa fase foi realizado o diagnóstico da real
situação da unidade, sendo analisados todos
os processos, através de entrevistas e
workshops envolvendo os servidores e as
chefias dos setores que possuem interface
com a unidade acadêmica. Após a realização
desse diagnóstico inicial, foram definidos os
macroprocessos da unidade. Com os macroprocessos elaborados e validados, foi
realizado o detalhamento de cada atividade
do macro-processo, no qual ficaram
evidenciados os insumos, fornecedores,
responsáveis, produtos e clientes de cada
atividade. Ainda na fase de padronização
foram elaborados todos os padrões de
processos
(forma
de
documentar
o
procedimento que fica armazenado na rede
interna da unidade com acesso por todos os
servidores), o Manual de Gestão, onde ficam
registradas todas as rotinas gerenciais da
unidade (reuniões, indicadores que devem
ser monitorados, etc.), matriz de atribuições,
planilhas com os detalhamentos das
atividades, quadro de indicadores e fluxos de
processos com os detalhamentos. Ao final da
fase, temos todos os entregáveis (produtos
finais do projeto) consolidados e material
preparado para a o treinamento e
implementação da nova rotina que será
realizado na próxima fase.
4.2 FASE D - DO
A metodologia utilizada pela consultoria na
realização do projeto foi fundamentada no
ciclo SDCA (ciclo de padronização). O Ciclo
SDCA é uma ferramenta de qualidade, que é
utilizada para a padronização de processos
de uma organização e é baseada na
metodologia aplicada na busca pela melhoria
continua conhecida como ciclo PDCA, que é
um ciclo de análise e melhoria. Segundo
Na fase de implementação do projeto, foi
realizado todo o levantamento da força de
trabalho, no qual foi identificado o quantitativo
de pessoas que trabalham nos setores
pertencentes à unidade. Após a realização do
levantamento, foi elaborado o cronograma
para
a
execução
dos
treinamentos,
separando as turmas por setores e cargos,
totalizando 3 turmas (26 servidores). Para a
Gestão pela Qualidade - Volume 1
31
separação das turmas, levou-se em conta os
cargos, já que o treinamento foi específico
para cada função. Antes da realização da
primeira etapa do treinamento era entregue a
cada colaborador a ser treinado um pré-teste
no intuito de medir o conhecimento dos
mesmos.Com o término dos treinamentos,
todo material apresentando foi disponibilizado
na rede interna da unidade para o uso da
força de trabalho.
serem tomadas, os responsáveis pela
execução e o tempo para realização. O
modelo do plano de ação também é baseado
no ciclo SDCA, possibilitando ao responsável
identificar em cada fase o que fazer, aonde
fazer, quando fazer, quem será o responsável
pela ação, a previsão de conclusão e o status
da ação.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4.3 FASE C - CHECK
A fase C foi realizada após três meses da
finalização da implementação do projeto.
Assim que todos os novos processos haviam
sido completamente implementados, a equipe
do projeto realizou auditorias nos processos,
buscando
indicadores
para
identificar
melhorias e ajustes nos processos. O produto
final desta auditoria foi um relatório, contendo
as não conformidades encontradas e as
oportunidades de melhoria. No relatório do
projeto
foram
identificadas
melhorias
substanciais em relação à situação inicial da
unidade, dentre as quais, destacam-se:
1. Definição das áreas de responsabilidades
de cada servidor, por meio da
identificação dos postos de trabalho,
tendo sido disponibilizados em cada
posto de trabalho os padrões de
execução
das
atividades
sob
responsabilidade daquele posto de
trabalho e uma visão do sistema como um
todo, que propicia ao executante da
atividade visualizar todo o processo no
qual está inserida a atividade por ele
executada. Vale ressaltar que os padrões
também ficam disponíveis na rede interna
da organização e sempre que atualizado
deve ser impresso para substituição das
outras cópias impressas anteriormente.
2. Foi implementada uma sistemática de
treinamento on-line nos padrões de
execução. Além disso, os servidores
participam de treinamentos presenciais
nos padrões, aonde são passadas listas
de presença que ficam arquivas por pelo
menos um ano.
4.4 FASE A - ACT
Na fase Act, o cliente do projeto tendo em
mãos o relatório da análise realizada pela
equipe do projeto, elabora um plano de ação
registrando os problemas, quais medidas a
A experiência que vem sendo adquirida com
o mapeamento de processos demonstra a
sua
aplicabilidade
a
realidade
das
organizações. Para que as mesmas alcancem
altos níveis de desempenho é necessário que
todos os métodos e processos sejam bem
executados, dentro de um contexto de
interesse e comprometimento. Fica mais do
que evidente que o mapeamento de
processos, vem se tornando ao longo dos
anos uma ferramenta de considerável
importância para as empresas e organizações
que querem alcançar este alto nível. O
mapeamento
de
processos
vem
transformando a realidade das organizações
no sentido de tornar possível o conhecimento
de seus processos, a revisão deles e o
mapeamento dos indicadores que podem
colaborar para um melhor controle. As
organizações vêm sofrendo com processos
obsoletos, desorganizados e sem nenhuma
estrutura. Esta “foto” da situação dos
processos na organização se torna cada vez
mais valiosa para trazer o conhecimento e a
renovação dos processos. Fica evidente que
o mapeamento de processos não é a
ferramenta definitiva para a resolução de
todos os problemas. Para que o mapeamento
de processos tenha um grande êxito, faz-se
necessário o comprometimento de toda a
equipe envolvida e a credibilidade e a
confiança da liderança, já que a mudança
resulta em quebra de paradigmas e
transposição de barreiras.
Um dos problemas que podem ser
encontrados durante o mapeamento de
processos, fica evidenciado no projeto citado
nesse estudo de caso, quando no decorrer do
projeto ocorreu uma mudança na chefia de
um dos setores que vinha sendo mapeado, o
que resultou em mudança de priorizações
pelo novo responsável pelo setor, muito
desgaste da equipe de projeto que ficou
praticamente sem patrocínio dentro da
empresa, o que gerava dificuldade nos
contatos, nas organizações de reuniões, falta
Gestão pela Qualidade - Volume 1
32
de comprometimento da equipe da empresa,
retrabalho, dificultando a implementação dos
novos processos. A resistência a mudança
poderá ser observada no decorrer do projeto
de mapeamento de processos, pois sempre
que existir a mudança, vai existir o
desconforto, o medo, cabendo a equipe
responsável pelo mapeamento, trabalhar com
esse problema junto à liderança para
conseguir superar as dificuldades e atingir as
metas, mostrando que se trata de um trabalho
de melhoria contínua, aonde cada um,
independentemente de seu posto de trabalho
pode fazer a diferença para melhor.
REFERÊNCIAS
a.
Brasil, Ministério da Defesa – Exército
[1]
Brasileiro – Secretaria de Ciência e Tecnologia
/Instituto Militar de Engenharia. Análise e Melhoria
de Processos. Rio de Janeiro: IME, 1999.
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da rotina do trabalho do dia-a-dia. 12ª ed. Belo
Horizonte: Falconi Consultores de Sucesso, 2013.
[3]
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processo: fundamentos técnicas e modelos de
implementação: Foco no sistema de gestão de
qualidade com base na ISO 9000. 2006
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administração. Rio de janeiro: Marques Saraiva,
2000.
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Hammer, M. Towards the twenty-first
century enterprise. Boston : Hammer & Co., 1996.
Folheto.
[6]
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Empresariais. São Paulo: Makron Books, 1993.
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relatórios de pesquisa em administração. – 5. Ed.
– são paulo : atlas, 2004.
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Bookman. 2001.
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[10]
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Construção Civil e Urbana, Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, São Paulo. Disponível
em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/t
de-04092003-150859>. Acesso em: 11/11/2014.
[11]
Gonçalves,
J.E.L.
Processo,
que
processo? ERA – Revista de Administração de
Empresas. São Paulo, Vol. 40. n.4. p.8-19.
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[12]
Oliveira, Natacha Moraes. Seleção de
sistemas de gestão e o impacto no processo de
implantação: Um estudo de casos múltiplos. 2003.
182 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia da
Produção) – Universidade Federal de Santa
Catarina,
2003.
Disponível
em:
<www.unisinos.br/inf/images/stories/Inf/36tc_natac
ha_oliveira> Acesso em: 12/04/2015.
[13]
Vilella, Cristiane da Silva Santos.
Mapeamento de processos como ferramenta de
reestruturação e aprendizado organizacional. 2000.
90 f. Trabalho (Graduação em Informática) –
Universidade Vale do Rio dos Sinos, 2000.
Disponível
em:
<www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2002_TR1
0_0451.pdf>
Acesso
em:
22/09/2014
Gestão pela Qualidade - Volume 1
33
Capítulo 4
Marcelo Pimenta de Amorim
Renata Almeida de Souza
Resumo: A vigilância sanitária é um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos
à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e
circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde. Estão submetidos ao controle
da vigilância sanitária bens de consumo e prestação de serviços que direta ou indiretamente se
relacionem com a saúde. A responsabilidade pela execução destas ações de vigilância sanitária é
do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS). Dentre estas ações estão as análises
laboratoriais que são executadas principalmente pelos Laboratórios Centrais de Saúde Pública
(Lacen) que integram o SNVS. O país possui 27 Lacen, um por Estado e um no Distrito Federal. A
missão estratégica destes laboratórios é a realização do diagnóstico laboratorial, preciso e oportuno,
para as vigilâncias epidemiológica, ambiental e sanitária. Desta forma, para os Lacen a implantação
de Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) e a acreditação de ensaios na ABNT NBR ISO/IEC
17025 é de extrema importância, pois além de subsidiar a obtenção de resultados analíticos de
maior confiabilidade, auxiliam os laboratórios no cumprimento de sua missão estratégica. No
entanto, dos 27 Lacen apenas dois possuem ensaios acreditados. O primeiro Lacen a acreditar
ensaios nesta norma foi o Lacen MG. Assim, a identificação e análise dos fatores críticos que
atuaram como barreiras na acreditação e manutenção da acreditação de um Lacen com ensaios
acreditados é uma oportunidade de se identificar quais são e onde se encontram as dificuldades
relacionadas a este processo. A identificação dos fatores críticos facilitadores também é importante
pois demonstrará quais foram os pontos fortes do Lacen para conquista da acreditação. Os
objetivos deste trabalho foram: identificar os fatores críticos que influenciaram na acreditação e na
manutenção da acreditação de ensaios no Lacen MG e classificar os fatores identificados em
facilitadores ou dificultadores. O método para execução deste trabalho pode ser classificado como
pesquisa: aplicada, quanto a finalidade; exploratória, quanto aos objetivos; e Survey quanto ao
método. A população alvo desta pesquisa é definida pelos Signatários Autorizados e Gerente da
Qualidade Substituta do Lacen MG. Como resultado, identificou-se 7 fatores críticos dificultadores e
9 fatores críticos facilitadores. Concluiu-se que o principal fator crítico dificultador para a acreditação
do Lacen MG foi o processo de compras lento e burocrático da instituição. E que os principais
fatores críticos facilitadores foram o comprometimento da Alta Direção e da equipe técnica e a
qualificação dos profissionais. Espera-se que este trabalho possa ser útil aos Lacen que ainda não
possuem ensaios acreditados pois, por meio de seus achados, pode auxiliar estes laboratórios a
superar ou mitigar as dificuldades inerentes ao processo de acreditação e manutenção da
acreditação de ensaios na norma ABNT NBR ISO/IEC 17025.
Palavras-chave: Lacen, Acreditação, 17025, Vigilância Sanitária
Gestão pela Qualidade - Volume 1
34
1. INTRODUÇÃO
A vigilância sanitária integra o campo da
saúde coletiva e pode ser compreendida
como um segmento específico do sistema
público de saúde, com ações de natureza
regulatória, cujo objetivo principal é a
proteção e defesa da saúde da população
(COSTA, 2013).
Ela é considerada a ação de saúde pública
mais antiga da história. Desde a Antiguidade
Clássica já havia ações relacionadas a esta
área como: controle da água e do esgoto,
limpeza das ruas e dos mercados,
normatização da pratica profissional dos
médicos e farmacêuticos, determinação de
observância de cuidados para com os
medicamentos, as boticas e os alimentos.
Estas atividades cabiam à administração das
cidades, sinal de ser a proteção da saúde da
coletividade uma função do poder público. No
Brasil, ações de controle sanitário já eram
realizadas
no
século
XVI
(COSTA;
ROZENFELD, 2000).
A vigilância sanitária é um conjunto de ações
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos
à saúde e de intervir nos problemas sanitários
decorrentes do meio ambiente, da produção
e circulação de bens e da prestação de
serviços de interesse da saúde. Estão
submetidos ao controle da vigilância sanitária
bens de consumo e prestação de serviços
que direta ou indiretamente se relacionem
com a saúde. Ressalta-se que a execução de
ações de vigilância sanitária fazem parte do
Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL,
1990).
A responsabilidade pela execução destas
ações de vigilância sanitária é do Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS)
(BRASIL, 1999). Dentre estas ações estão as
análises laboratoriais que verificam a
conformidade dos produtos com os padrões
estabelecidos, as características inerentes a
um determinado bem e aquelas averbadas
em seus registros, assim como verificam seus
efeitos na saúde humana e ambiental. São
análises eminentemente preventivas e são
essenciais para elucidar suspeitas, dirimir
dúvidas, estabelecer relações de causalidade
e identificar o agente de danos à saúde
(COSTA, 2013). Os Laboratórios Centrais de
Saúde Pública (Lacen) integram o SNVS e são
responsáveis pela maior parte das análises
laboratoriais deste sistema. Os Lacen são os
laboratórios de referência estadual ou distrital
vinculados às secretarias estaduais ou
distritais de saúde, com área de abrangência
estadual ou distrital e que tem como uma de
suas
competências
a
realização
de
procedimentos
laboratoriais
de
maior
complexidade
(BRASIL,
2004).
Desta
maneira, o país possui 27 Lacen, um por
Estado e um no distrito Federal. A missão
estratégica destes laboratórios é a realização
do diagnóstico laboratorial, preciso e
oportuno, para as vigilâncias epidemiológica,
ambiental e sanitária (WALDMAN, 1991).
O Lacen MG é o Instituto Octávio Magalhães
(IOM) que é uma das unidades da Fundação
Ezequiel Dias (Funed). Dentre as suas
atividades o Instituto é responsável pela
vigilância laboratorial da qualidade dos
produtos de interesse sanitário (FUNED,
2014).
O IOM foi o primeiro Lacen a acreditar
ensaios na norma ABNT NBR ISO/IEC 17025.
Isto ocorreu em 2008 e na época foram
acreditados 28 ensaios. A última avaliação
ocorreu em 2013 e houve a manutenção e
extensão do escopo acreditado do Instituto
que passou a ter 87 ensaios acreditados.
Estes ensaios são de interesse do SNVS. O
número de acreditação do laboratório é CRL0322.
Acreditação é a “atestação realizada por
terceira parte relativa a um organismo de
avaliação da conformidade, exprimindo
demonstração formal de sua competência
para realizar tarefas específicas de avaliação
da conformidade” (ABNT, 2005a, p. 5). Em
outras palavras, a acreditação é o
reconhecimento da competência técnica de
laboratórios, organismos de certificação ou
organismos de inspeção para executar
atividades específicas de avaliação da
conformidade que são: ensaios, calibrações,
certificações
e
inspeções.
Assim,
a
acreditação serve para transmitir confiança na
execução de determinadas atividades
técnicas, ao confirmar a existência de um
nível de competência técnica mínimo,
reconhecido internacionalmente (IPAC, 2015).
No Brasil, a acreditação é concedida
exclusivamente pela Coordenação Geral de
Acreditação (CGCRE) do Inmetro que é o
organismo de acreditação de organismos de
avaliação da conformidade reconhecido pelo
Governo Brasileiro (INMETRO, 2015a).
No país, a acreditação de laboratórios de
ensaio e calibração é de caráter voluntário
sendo concedida a qualquer laboratório
Gestão pela Qualidade - Volume 1
35
público ou privado, independente do porte ou
área de atuação, desde que sejam atendidos
os critérios da acreditação (INMETRO,
2015b).
representam os laboratórios acreditados pela
CGCRE, existem 843 laboratórios de ensaio e
360 laboratórios de calibração, totalizando
1.203 laboratórios acreditados no país – este
número inclui as acreditações concedidas e
as suspensas (INMETRO, 2016a, 2016b).
Conforme constatado na última publicação
disponível no site do Inmetro do Relatório
Anual da Acreditação em 2010 e
demonstrado no Quadro 01, o número de
laboratórios acreditados no país está
aumentando ao longo dos anos (CGCRE,
2010).
De acordo com a International Laboratory
Accreditation (ILAC) há no mundo mais de
50.000
laboratórios
acreditados
como
demonstrado na Figura 01 (ILAC, 2014).
No Brasil, conforme pesquisa realizada em
maio de 2016 nos sites da Rede Brasileira de
Laboratórios de Ensaio (RBLE) e da Rede
Brasileira
de
Calibração
(RBC)
que
Figura 01 – Número total de laboratórios acreditados por algum signatário do acordo da ILAC no
período de 2003 a 2014.
Fonte: ILAC (2014, p. 10 )
.
Quadro 01 – Número absoluto de laboratórios de ensaio e calibração acreditados pela CGCRE no
período de 2007 a 2010
Acreditações
Laboratórios de ensaio
Laboratórios de calibração
TOTAL
2007
269
202
471
2008
315
242
557
2009
354
258
612
2010
416
279
695
Fonte: Adaptado de Relatório Anual da Acreditação (CGCRE, 2010).
O aumento do número de laboratórios
acreditados pode ser explicado pelo
crescimento da demanda de serviços destes
laboratórios nos últimos anos, influenciada,
principalmente por exigência de alguns
órgãos governamentais como por exemplo:
Agência Nacional de Águas (ANA), Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e
Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento (MAPA). Esta exigência teve
como objetivo garantir que os prestadores de
serviços laboratoriais destes órgãos e até
mesmo a sua própria rede laboratorial
demonstrem a sua competência técnica por
meio da acreditação (OLIVARES, 2009).
A norma de referência para acreditação de
laboratórios de ensaio e calibração aceita
internacionalmente é ISO/IEC 17025.
Antes de solicitar a acreditação o laboratório
deve ter um Sistema de Gestão da Qualidade
(SGQ) implementado. A norma ABNT NBR
ISO 9000, em sua versão 2015, define SGQ
como sendo um “conjunto de atividades pelas
quais a organização identifica seus objetivos
e determina os processos e recursos
necessários para alcançar os resultados
desejados” (ABNT, 2015, p. 2).
A literatura sobre os fatores que impactam a
implementação de SGQ segundo a 17025
bem como a acreditação é restrita. Um dos
autores que abordou este tema foi Cova
Gestão pela Qualidade - Volume 1
36
(2001). Este autor identificou que as maiores
dificuldades em um processo de acreditação
estão
relacionadas
a
produção
da
documentação da qualidade, programa de
calibração de equipamentos, estrutura física
do laboratório além do fator custo.
Vlachos et al., (2002) realizaram um estudo de
caso sobre a acreditação de ensaios na
ISO/IEC
17025
em
um
laboratório
governamental grego. Eles identificaram que
as dificuldades foram o longo tempo para
implementação do sistema que tem a
tendência de aumentar a burocracia da
gestão e os custos envolvidos no processo.
Halevy (2003) identificou que as principais
dificuldades para implementação de um SGQ
conforme a ISO/IEC 17025 foram o grande
volume de documentos gerados e o tempo
necessário para implementação do sistema.
Carvalho (2004) identificou as principais
causas que dificultam o processo de
acreditação de laboratórios de calibração.
Para o autor, a falta de comprometimento da
alta administração, a falta de qualificação do
representante da qualidade, a ineficácia da
análise crítica do sistema de gestão da
qualidade pela direção, a ineficácia das
auditorias internas e a falha do sistema de
treinamento e qualificação de pessoal são as
principais dificuldades para a acreditação
dos laboratórios.
Coutinho (2004) pesquisou os requisitos da
ABNT NBR ISO/IEC 17025 mais críticos para
implementação de um SGQ. Os resultados
obtidos identificaram que os requisitos
técnicos são os mais críticos para
implementação
porque
quase
sempre
envolvem recursos financeiros substanciais
com
treinamento,
pessoal
qualificado,
aquisição de equipamentos importados,
adequação de instalações, rastreabilidade de
padrões entre outros.
De acordo com Chung et al., (2006) as
maiores dificuldades enfrentadas durante a
implementação da ISO/IEC 17025 são o
tempo gasto na elaboração dos documentos
do laboratório e a mudança de atitude da
equipe frente a uma nova forma de trabalho.
Almeida e Pires (2006) apresentam um
conjunto de três dificuldades genéricas
associadas a implementação e manutenção
de um sistema de gestão da qualidade em
laboratórios, independentemente da área de
atuação. Estas dificuldades são: esforço
financeiro, grande volume documental e rotina
de trabalho mais exigente.
Abdel-Fatah (2010) identificou em seu estudo
que
as
maiores
dificuldades
na
implementação da norma ISO/IEC 17025
estão relacionados a custos, intensificação da
rotina de trabalho e aumento da burocracia na
execução dos ensaios.
A pesquisa desenvolvida por Ueta (2011)
identificou dez fatores críticos que atuaram
como barreiras na implementação do SGQ e
acreditação de ensaios em um laboratório
público brasileiro que foram: ausência de
plano de cargos e salários; aquisição de bens
e serviços; contratação de profissionais
qualificados; custos com as calibrações pela
RBC; falta de comprometimento dos
profissionais;
custos
para
manter
a
acreditação; profissionais qualificados para
realizar as auditorias internas; participação
em ensaios de proficiência; aumento da
documentação; e aumento do tempo de
realização dos ensaios.
Santos (2011) identificou os fatores críticos
que impactam na manutenção da adequação
e eficácia do SGQ e os requisitos da ABNT
NBR ISO/IEC 17025 que apresentam maior
dificuldade de implementação. Os fatores
críticos identificados pela autora foram:
comprometimento e suporte da alta direção;
participação e envolvimento das pessoas;
abordagem sistêmica; gestão da mudança;
abordagem factual para tomada de decisão;
melhoria contínua; e cultura organizacional
2. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS
A implementação de um SGQ é fundamental
para os Lacen pois subsidia a obtenção de
resultados analíticos de maior confiabilidade.
A obtenção de laboratórios oficiais confiáveis
e de alto padrão de competência e qualidade
é uma tendência mundial (CAMPOS;
MATTOS, 2009). Para os Lacen a implantação
de SGQ e a acreditação de ensaios é de
extrema importância, pois além de subsidiar a
obtenção de resultados analíticos de maior
confiabilidade, auxiliam os laboratórios no
cumprimento de sua missão estratégica.
Desta forma, a identificação e análise dos
fatores críticos que atuaram como barreiras
na acreditação e manutenção da acreditação
de um Lacen com ensaios acreditados é uma
oportunidade de se identificar quais são e
onde
se
encontram
as
dificuldades
relacionadas a este processo.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
37
A
identificação
dos
fatores
críticos
facilitadores também é importante pois
demonstrará quais foram os pontos fortes do
Lacen para conquista da acreditação.
Assim, os objetivos deste trabalho foram:
identificar os fatores críticos que influenciaram
na acreditação e na manutenção da
acreditação de ensaios no Lacen MG e
classificar os fatores identificados em
facilitadores ou dificultadores.
3. METODOLOGIA
O método para execução deste trabalho pode
ser classificado segundo Gil (2010) como
pesquisa: (i) aplicada, quanto a finalidade,
pois busca a aquisição de conhecimentos
com vistas à aplicação em uma situação
específica; (ii) exploratória, quanto aos
objetivos, uma vez que tem como propósito
proporcionar maior familiaridade com o
problema, tornando-o mais explícito; e (iii)
Survey quanto ao método pois por meio de
questionário será realizada interrogação
direta de um grupo significativo de pessoas
acerca do problema estudado, para em
seguida, mediante análise quantitativa,
obterem-se as conclusões correspondentes
aos dados coletados.
A população alvo desta pesquisa é definida
pelos Signatários Autorizados e Gerente da
Qualidade Substituta do Lacen MG. Desta
forma, a amostra é constituída por 21
pessoas. Ressalta-se que a Gerente da
Qualidade Substituta faz parte da amostra
pois o Gerente da Qualidade é autor deste
trabalho.
Esta pesquisa foi desenvolvida em 3 etapas.
A primeira foi a realização de pesquisa
bibliográfica não exaustiva sobre o tema:
acreditação de laboratórios na norma ISO/IEC
17025. Esta pesquisa foi realizada através de
consulta
aos
portais
CAPES
(http://periodicos.capes.gov.br/),
ScIELO
(http://www.scielo.org/php/index.php)
e
Google
Acadêmico
(https://scholar.google.com.br/). As palavras
chaves utilizadas na pesquisa foram: ISO/IEC
17025, Acreditação e Accreditation.
Em seguida, foram identificados os fatores
críticos que impactam na acreditação e
implementação da ISO/IEC 17025 em
laboratórios e verificada a frequência de
citações de cada fator crítico. De posse
destes dados, e considerando a experiência
do pesquisador em gestão da qualidade e
acreditação de laboratórios de saúde pública,
os fatores críticos para elaboração do
instrumento de pesquisa foram definidos.
A segunda etapa foi a construção e validação
do instrumento de pesquisa. Desta forma,
após a determinação dos fatores críticos na
acreditação e implementação da ISO/IEC
17025 em laboratórios foi possível a
construção do questionário, instrumento desta
pesquisa.
Seguindo as recomendações de Gil (2010) e
Vieira (2009) o modelo inicial do questionário
foi elaborado adaptando-se os fatores críticos
identificados na literatura pesquisada aos
objetivos do trabalho.
Para mensurar a percepção dos entrevistados
quanto a criticidade dos fatores apresentados
foi utilizada no questionário a escala Likert de
cinco pontos. Para isso, os respondentes
deveriam assinalar uma das opções da
escala que representa o
nível de
concordância
com
as
sentenças
apresentadas. A escala varia de: (1) Discordo
muito, (2) Discordo, (3) Não concordo/não
discordo, (4) Concordo e (5) Concordo muito.
Os resultados foram analisados através do
Ranking Médio (RM) da pontuação atribuída a
cada item apresentado. Assim, valores de RM
menores que 3 foram considerados
discordantes/não críticos, e maiores que 3
foram considerados concordantes/críticos. Os
valores exatamente iguais a 3 foram
considerados neutros/indiferentes. O RM foi
calculado da seguinte forma:
Ranking Médio (RM) = MP/(N)
Sendo:
Média Ponderada (MP) = Σ(fi.Vi)
fi = frequência observada de cada resposta
para cada item
Vi = valor de cada resposta
N = número de respostas
Quanto ao grau de importância, o fator crítico
foi classificado como facilitador, dificultador
ou não afetou na acreditação e manutenção
da acreditação, considerando-se a frequência
das respostas. Desta forma, quando uma das
opções foi escolhida pela maioria simples dos
respondentes este fator foi classificado como:
facilitador ou dificultador ou não afetou na
acreditação e manutenção da acreditação.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
38
O meio escolhido para a distribuição do
questionário foi o correio eletrônico por se
tratar de uma forma rápida, segura e barata
de envio. Para criar um questionário prático
para ser respondido optou-se em utilizar o
aplicativo Google Forms. Assim, no corpo do
e-mail havia uma carta de apresentação e o
link que direcionava o respondente ao
questionário.
Após a elaboração da carta de apresentação
e do questionário, ambos foram submetidos a
um pré-teste cujo objetivo era validar o
instrumento de pesquisa no que se refere a
clareza, precisão e objetividade do texto, bem
como a forma de envio. Para isto, ambos
foram enviados a 4 pessoas com experiência
e
conhecimento
em
acreditação
de
laboratórios públicos. Estes profissionais não
fizeram parte da amostra final.
Com base no pré-teste, realizou-se uma
revisão do modelo inicial do questionário, com
o refinamento do texto de algumas
afirmativas, com a finalidade de melhorar a
compreensão dos respondentes.
A terceira etapa consistiu no envio do
questionário a população alvo. Assim, no email havia a carta de apresentação da
pesquisa com o título da pesquisa, o objetivo
do estudo, a identificação e os contatos dos
pesquisadores, o compromisso com a
confidencialidade das informações prestadas
pelos respondentes e o uso dos dados
estritamente para fins acadêmicos. Caso o
participante aceitasse o convite em contribuir
com a pesquisa ele deveria clicar no link que
o direcionava ao questionário. Considerou-se
que quem respondesse o questionário estava
consentindo em participar da pesquisa.
4. RESULTADOS
Há pouca literatura sobre os fatores críticos
que impactam na acreditação e manutenção
da acreditação de ensaios segundo a ISO/IEC
17025. Foram identificados durante a
pesquisa bibliográfica 5 artigos referentes a
esta temática, sendo a maioria publicada no
Accreditation
and
Quality
periódico
Assurance. No Brasil foram encontradas 5
dissertações relacionadas ao tema. Ressaltase que estas publicações abordam a
experiência da implementação do sistema de
gestão da qualidade até a etapa da
acreditação. A exceção é o trabalho de
Santos (2011) que aborda a manutenção da
eficácia do sistema de gestão da qualidade
ao longo do tempo.
O Quadro 02 ilustra as frequências de
citações dos fatores críticos identificados na
pesquisa bibliográfica.
Quadro 02 – Fatores críticos para implementação da ISO/IEC 17025 mais frequentes na literatura
Fatores críticos para implementação da ISO/IEC 17025
Tempo para implementação do SGQ
Custos para implementar e manter o SGQ: investimento em treinamentos, ensaios de
proficiência, equipamentos, infraestrutura, material de referência certificado, normas técnicas e
avaliações do organismo acreditador
Rotina de trabalho mais exigente
Custos com as calibrações RBC
Comprometimento da alta direção
Comprometimento da área técnica
Participação em ensaios de proficiência
Métodos de ensaio e calibração e validação de métodos
Prazos para as calibrações RBC
Adequação da estrutura física do laboratório
Análise crítica pela Direção ineficaz
Aquisição de bens e serviços – lenta e burocrática
Auditoria interna ineficaz
Contratação de profissionais qualificados
Elaboração, implementação e manutenção do plano de calibração/manutenção
Falta de qualificação do Gerente da Qualidade
Falta de sistemática para reconhecimento dos esforços da equipe na implementação do SGQ
Plano de cargos e salários para os profissionais
Profissionais qualificados para realização de auditorias internas
Legenda: ƒ – Frequência.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
ƒ
8
5
4
4
4
3
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
39
Seguindo as recomendações da literatura e
considerando o Quadro 02 o questionário foi
construído.
O questionário é constituído por 33 afirmativas
de múltipla escolha, 1 pergunta fechada
seguida de 1 pergunta aberta, mais 3
perguntas fechadas e um campo para
identificação do respondente.
Os questionários foram enviados a Gerente
da Qualidade Substituta e Signatários
Autorizados dos Lacen MG em setembro de
2015 conforme descrito na metodologia. A
taxa de retorno foi de 100%.
Após análise dos dados, verifica-se alto grau
de concordância dos respondentes quanto a
criticidade dos fatores apresentados no
questionário. Ou seja, todos os 16 fatores
apresentados
no
questionário
foram
considerados críticos para acreditação e
manutenção da acreditação de ensaios pelos
respondentes do questionário. Destes fatores,
7 foram considerados como fatores críticos
dificultadores e 9 como fatores críticos
facilitadores.
O Quadro 03 mostra o Ranking Médio (RM)
do grau de concordância dos respondentes
quanto aos fatores críticos dificultadores e a
porcentagem
de
respondentes
que
classificaram
estes
fatores
como
dificultadores.
O Quadro 04 mostra o Ranking Médio (RM)
do grau de concordância dos respondentes
quanto aos fatores críticos facilitadores e a
porcentagem
de
respondentes
que
classificaram estes fatores como facilitadores.
Quadro 03 – Fatores críticos dificultadores
Fatores Críticos Dificultadores
Processo de compras da instituição
Custos com as calibrações RBC
Prazos para as calibrações por laboratórios da RBC
Custos das manutenções preventivas dos equipamentos
Ausência de política pública que incentive a acreditação nos Lacen
Aquisição de materiais de referência certificados
Custos das avaliações do organismo acreditador
RM
4,90
4,48
4,38
4,14
3,95
4,52
4.05
%
100
71
67
57
57
52
52
RM
4,90
4,81
4,57
4,43
4,48
4,71
4,38
4,86
4,29
%
100
100
95
93
90
67
67
52
43
Legenda: RM – Ranking Médio
Quadro 04 – Fatores críticos facilitadores
Fatores Críticos Facilitadores
Comprometimento da equipe técnica
Profissionais qualificados para realização dos ensaios
Comprometimento da Alta Direção
Profissionais qualificados para realização de auditorias internas
Manutenção dos profissionais qualificados no laboratório
Manutenção da vigência do plano de calibração
Manutenção da vigência do plano de manutenções preventivas
Aquisição de ensaios de proficiência
Implementação de metodologia de incerteza de medição
Legenda: RM – Ranking Médio
5. DISCUSSÃO
O número de Lacen acreditados é muito
baixo, o que pode ser comprovado pelo fato
de que apenas 2 dos 27 laboratórios
possuem ensaios acreditados. Por trás deste
baixo número existem alguns fatores
dificultadores que podem estar afetando a
adesão destes laboratórios ao processo de
acreditação de ensaios. Por outro lado,
também existem alguns fatores e condições
que favorecem a acreditação de ensaios. Este
trabalho buscou identificar e analisar estes
fatores considerando a percepção dos
profissionais do Lacen MG que participaram
das
avaliações
para
acreditação
e
manutenção da acreditação de ensaios do
laboratório.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
40
No que se refere aos fatores críticos
dificultadores, o processo de compras foi
considerado por 100% dos respondentes
como um dificultador para a acreditação e
manutenção da acreditação dos ensaios
conforme demonstrado no Quadro 03. Este
resultado corrobora com os achados de Ueta
(2011) e também foi mencionado nos
trabalhos de Cova (2001) e Santos (2011).
Este resultado já era esperado uma vez que
todos os processos de aquisição de bens e
serviços do Lacen devem seguir a lei nº 8.666
de 21 de junho de 1993, Lei de Licitações e
Contratos Administrativos. De acordo com
esta lei, nenhum órgão ou entidade da
administração pública brasileira, pode realizar
compra, obra, serviço, alienação ou locação
sem licitação, sob pena de violar os princípios
fundamentais
da
igualdade,
da
impessoalidade,
da
legalidade,
da
moralidade e da publicidade. Assim, todas as
compras
da
administração
pública,
ressalvadas as hipóteses previstas nos
artigos 24 e 25 da referida lei, serão
precedidas de licitação tendo-se em vista a
proteção do dinheiro e interesse público
(BRASIL, 1993).
Entre os objetivos da Lei de Licitações e
Contratos Administrativos está garantir que os
processos licitatórios observem o princípio
constitucional da isonomia e a seleção da
proposta mais vantajosa para o Estado
(BRASIL, 1993). No entanto, para o
cumprimento destes objetivos os processos
de compras das instituições públicas
tornaram-se engessados, burocráticos e
lentos conforme relatado por Almeida (2006) e
Magalhães e Vargas (2012).
A modalidade de licitação atualmente mais
utilizada nos órgãos públicos é o Pregão
Eletrônico, uma ferramenta que utiliza as
tecnologias da informática com o objetivo de
reduzir o tempo de todo o processo de
aquisição e de dotar o mercado de um
sistema
operacional
eficiente
e
que
proporcione a competição e a transparência
nos negócios (MAGALHÃES; VARGAS, 2012).
Esta modalidade de licitação foi criada pela
lei n° 10.520 de 17 de julho de 2002 que
prevê a aquisição de bens e serviços comuns
por pregão eletrônico (BRASIL, 2002). De
acordo com esta lei, bens e serviços comuns
devem ser entendidos como todo bem que
possa ser adquirido corriqueiramente no dia a
dia da Administração Pública, cujas
especificações sejam claras e o produto
facilmente encontrado no mercado, podendo
assim, ser adquirido pelo menor preço
(ALMEIDA, 2006).
Desta maneira, produtos e serviços que
demandem uma especificação com maior
complexidade técnica não deveriam ser
adquiridos pela modalidade de pregão
(ALMEIDA, 2006). Este é o caso de muitos
insumos e serviços que o Lacen deve adquirir
para garantir a qualidade de seus ensaios e o
cumprimento dos compromissos assumidos
com a acreditação. Muitas vezes estes
insumos não são os de menor preço e as
especificações são complexas, dificultando e
prolongando ainda mais o processo de
compra, podendo muitas vezes não haver a
compra ou ocorrer à compra de materiais
inadequados.
Para estes insumos e serviços Almeida (2006)
recomenda a modalidade de licitação de
Tomada de Preços e Convite as quais
parecem ser mais efetivas nestas situações.
Outra possibilidade para tornar as aquisições
dos Lacen mais célere é através do Sistema
de Registro de Preços (SRP). Este sistema é
um conjunto de procedimentos para registro
formal de preços relativos à prestação de
serviços e aquisição de bens, para
contratações futuras que são realizadas por
licitação nas modalidades pregão ou
concorrência (BRASIL, 2013).
De forma resumida, o SRP funciona da
seguinte forma: um órgão público que
pretende comprar determinados bens ou
serviços, promove uma licitação com o intuito
de elaborar um cadastro de potenciais
fornecedores, no qual estará especificado o
bem, o preço e a quantidade que cada
fornecedor tem a entregar (SEBRAE, 2014).
Em relação aos custos com as calibrações
RBC estes foram considerados um fator
crítico dificultador por 71% dos respondentes
conforme demonstrado no Quadro 03. Este
resultado corrobora com as pesquisas de
Carvalho (2004), Coutinho (2004), Cova
(2001) e Ueta (2011). Abdel-Fath (2010)
também identificou os
custos com as
calibrações como um fator crítico para a
acreditação de laboratórios.
Os laboratórios acreditados ou que buscam a
acreditação devem calibrar os seus
instrumentos de medição em prestadores
deste tipo de serviço que possam demonstrar
competência, capacidade de medição e
rastreabilidade para a calibração específica
Gestão pela Qualidade - Volume 1
41
que for executada. Entre as organizações que
podem ser utilizadas pelos laboratórios para
calibração de seus instrumentos estão os
laboratórios de calibração acreditados pela
Cgcre que fazem parte da RBC (CGCRE,
2015a). As calibrações realizadas por estes
laboratórios apresentam um elevado custo
devido a confiabilidade e a rastreabilidade
metrológica que oferecem. Além disso, estes
laboratórios
estão
concentrados
principalmente em São Paulo, desta forma,
para os laboratórios fora deste Estado, devese acrescentar ao custo o envio do
instrumento para o laboratório de calibração.
Acrescenta-se que a calibração é um serviço
muito especializado e sua contratação vai de
encontro com as dificuldades enfrentadas em
processos licitatórios conforme mencionado
anteriormente.
No que se refere aos prazos para realização
das
calibrações
RBC,
estes
foram
considerados um fator crítico dificultador por
67% da população conforme demostrado no
Quadro 03. Este resultado também foi citado
nos trabalhos de Coutinho (2004) e Ueta
(2011).
Há grande concentração de laboratórios de
calibração no Estado de São Paulo. Em
rápida pesquisa ao site da RBC, realizada em
maio de 2016, verifica-se que o país possui
aproximadamente
360
laboratórios
de
calibração (INMETRO, 2016a). Destes, 211
estão localizados em São Paulo. Assim, para
os laboratórios que estão fora de São Paulo o
prazo para realizar as calibrações acaba
sendo mais extenso. Isso ocorre, uma vez que
é necessário enviar o instrumento ao
laboratório de calibração o que torna maior o
tempo estimado para realização do serviço. E
ainda, no caso dos instrumentos calibrados in
loco, deve-se contar também com o tempo
referente ao deslocamento do técnico que
realizará a calibração no laboratório.
Atualmente, os instrumentos de medição do
Lacen MG, com exceção daqueles calibrados
in loco, são enviados a São Paulo para
calibração. O tempo médio da saída do
instrumento até o seu retorno com o
certificado de calibração são cerca de 30
dias.
Os custos das manutenções preventivas dos
equipamentos e das avaliações do organismo
acreditador foram considerados fatores
críticos dificultadores por 57% e 52% da
população estudada conforme demonstrado
no Quadro 03.
Em toda literatura pesquisada o fator custo
aparece em algum momento como um
dificultador para implementação de um SGQ
ou para acreditação de ensaios. De acordo
com Almeida e Pires (2006), um laboratório
para implementar e manter um SGQ ao nível
de acreditação deve assumir um alto custo
financeiro. Entre estes custos estão tudo o
que se refere a equipamentos, incluindo as
manutenções preventivas, e os custos com as
avaliações do organismo acreditador.
Os custos relacionados ao organismo
acreditador
incluem:
taxas
de
semestralidades, honorários da equipe
avaliadora,
hospedagem,
translado,
passagens aéreas e outras despesas
previstas pela Cgcre (CGCRE, 2014a). Na
verdade, estes custos são relativamente
pequenos se comparados com todo o
investimento que os laboratórios devem fazer
para acreditar ou manter os ensaios
acreditados. No entanto, as formas e os
prazos para o pagamento destas despesas é
um dificultador para o Lacen. O processo de
compras para efetuar estes pagamentos e
aquisições são demasiadamente longos e
podem colocar em risco a acreditação do
laboratório.
A ausência de uma política pública que
incentive a acreditação foi considerada um
fator crítico dificultador por 57% dos
respondentes conforme Quadro 03.
Apesar da importância da acreditação de
ensaios para os Lacen e para o próprio SNVS,
não há no país nenhuma legislação que
incentive os laboratórios a buscarem este
reconhecimento.
A
acreditação
e
a
manutenção de ensaios acreditados são
atividades complexas que demandam tempo
e recursos. Desta forma, uma política pública
que incentive e até mesmo auxilie os
laboratórios a conquistar e manter a
acreditação é de extrema importância.
A aquisição de materiais de referência
certificados (MRC) foi considerada um fator
crítico dificultador por 52% de toda população
estudada conforme Quadro 03.
A dificuldade na aquisição deste material
para o Lacen está relacionada ao pequeno
número de produtores de MRC no país e ao
seu elevado custo. Soma-se a isto as
dificuldades no processo de compras.
Atualmente no Brasil existem apenas 6
produtores de materiais de referência
certificados acreditados pela Cgcre conforme
Gestão pela Qualidade - Volume 1
42
pesquisa realizada no site do Inmetro em
maio de 2016 (INMETRO, 2016c). Além
destes produtores, os laboratórios da Divisão
de Metrologia Química (Dquim) do Inmetro
também produzem MRC (INMETRO, 2016d).
Assim, a pouca disponibilidade de materiais
de referência certificados no país constitui
uma limitação que os laboratórios enfrentam
no seu dia-a-dia, principalmente no que se
refere a acreditação porque o uso destes
materiais constitui um critério de acreditação
(MOURA; COSTA, 2009). Em relação ao
custo, devido a pequena produção nacional,
a maioria dos MRC adquiridos pelos
laboratórios são importados o que influencia
drasticamente no preço.
Quanto aos fatores críticos facilitadores
destaca-se o comprometimento da equipe
técnica e ter profissionais qualificados para
realização
dos
ensaios
que
foram
considerados como facilitadores por 100%
dos respondentes desta pesquisa conforme
Quadro 04
Estes resultados já eram esperados uma vez
que os profissionais do Lacen MG, em sua
maioria, são comprometidos e imbuídos na
missão de implantar melhorias em suas
atividades, sejam elas técnicas ou relativas ao
SGQ. Em relação a qualificação destes
profissionais,
ressalta-se
a
importante
participação da ANVISA, nos últimos anos, na
promoção de treinamentos para qualificação
dos profissionais dos Lacen do país
(CAMPOS; MATTOS, 2009). Além dos
esforços do próprio laboratório em promover
a qualificação de sua equipe.
O comprometimento da Alta Direção foi
considerado um fator crítico facilitador por
95% da população conforme demostrado no
Quadro 04.
Normalmente,
na
literatura,
o
comprometimento da Alta Direção é
considerado um fator dificultador na
implementação de um SGQ e acreditação de
ensaios. Poucos trabalhos relatam este fator
como um facilitador, são os casos dos
trabalhos desenvolvidos por Ueta (2011) e
Vlachos et al., (2002). O comprometimento da
Alta Direção do Lacen MG foi fundamental
para a acreditação e manutenção de ensaios
acreditados.
Ter profissionais qualificados para realização
das auditorias internas foi considerado um
fator crítico facilitador por 93% da população
conforme Quadro 04.
Este resultado não corrobora com os achados
de Ueta (2011) que em sua pesquisa
identificou que a ausência de profissionais
qualificados para realização das auditorias
internas foi um fator crítico dificultador para a
acreditação do laboratório.
Manter os profissionais qualificados no
laboratório foi considerado um fator crítico
facilitador por 90% da população conforme
Quadro 04.
Este resultado não era esperado. Devido a
baixa remuneração na área da saúde,
principalmente no serviço público estadual,
há grande evasão dos servidores para a
iniciativa privada ou para outro serviço
público em que os salários sejam mais
atrativos. No entanto, de alguma forma, o
Lacen está conseguindo reter estes
profissionais.
A manutenção da vigência do plano de
calibração e do plano de manutenções
preventivas
dos
equipamentos
foram
considerados fatores críticos facilitadores por
67% da população conforme Quadro 04.
Apesar do fator custo das calibrações dos
instrumentos e das manutenções preventivas
e o próprio processo de compras da
instituição terem sido considerados fatores
críticos dificultadores, a manutenção da
vigência destes planos foram considerados
fatores críticos facilitadores. Isto deve-se a
possibilidade de renovação de contratos
prevista na lei nº 8.666 de 1993 (BRASIL,
1993). Desta forma, o Lacen MG adota esta
prática para manter os planos de calibração e
manutenção preventiva em vigência, evitando
a sua descontinuidade em virtude dos longos
processos licitatórios. Ressalta-se que estas
renovações são realizadas quando a
prestação do serviço é adequada e há
vantagem para a administração pública.
A aquisição de ensaios de proficiência (EP)
foi considerada um fator crítico facilitador por
52% de toda população conforme Quadro 04.
A participação em ensaios de proficiência
(EP) é um dos critérios para acreditação de
laboratórios. A Cgcre estabelece uma série
de requisitos para seleção dos provedores de
ensaio de proficiência (PEP). De forma geral,
os laboratórios de ensaio devem participar de
EP ofertados por PEP que sejam acreditados
na norma ISO/IEC 17043 (CGCRE, 2015b).
Atualmente o país possui 14 provedores
acreditados conforme pesquisa realizada em
maio de 2016 no site do Inmetro (INMETRO,
Gestão pela Qualidade - Volume 1
43
2016e). Apesar deste reduzido número, há 3
provedores acreditados pela Cgcre que
atendem parte significativa do escopo
acreditado do Lacen MG.
A implementação de metodologia de
incerteza de medição foi considerada um
fator crítico facilitador por 43% da população
conforme Quadro 04. Ressalta-se que dos 21
respondentes, 9 classificaram este fator como
facilitador, 8 como dificultador e 4 como não
influenciou na acreditação ou manutenção da
acreditação.
A estimativa de incerteza de medição é o
requisito 5.4.6 da norma ABNT NBR ISO/IEC
17025. Desta forma, para a acreditação, os
laboratórios devem implementar metodologia
de incerteza de medição. Coutinho (2004) e
Santos (2011) identificaram em seus trabalhos
que a implementação deste requisito da
norma é um dos mais críticos para os
laboratórios de ensaio.
Mas na percepção dos respondentes desta
pesquisa a estimativa de incerteza de
medição foi considerada um facilitador. O que
pode explicar este resultado é que a maior
parte do escopo acreditado do Lacen MG é
da classe de ensaios biológicos. Estes
ensaios, na maioria dos casos, devida a sua
natureza, dispensa o cálculo rigoroso,
metrológica e estatisticamente válidos, da
incerteza de medição. Assim, é necessário
apenas a identificação de todos os
componentes da incerteza para obter uma
razoável estimativa da mesma (ABNT, 2005b;
CGCRE, 2014b). Além disso, a Cgcre
disponibiliza em sua página na internet
documentos orientativos com exemplos de
cálculo de estimativa de incerteza de
medição para ensaios químicos e biológicos
que
auxiliam
os
laboratórios
na
implementação desta metodologia.
6. CONCLUSÃO
Os Lacen exercem um papel fundamental na
vigilância sanitária do país. Eles são
responsáveis pela maioria das análises
laboratoriais que subsidiam as autoridades do
Estado na tomada de decisões em favor da
proteção à saúde da população. Pode-se
dizer que estes laboratórios são o “braço”
analítico da vigilância sanitária Nacional e
realizam análises em diversos produtos
sujeitos a controle sanitário como por
exemplo:
medicamentos,
cosméticos,
saneantes e alimentos.
Estes laboratórios devem garantir a precisão
e confiabilidade dos resultados de suas
análises. A melhor maneira de se fazer isto é
através da acreditação de ensaios na norma
ABNT NBR ISO/IEC 17025. No entanto, a
acreditação e a manutenção da acreditação
são atividades complexas, principalmente
para os laboratórios públicos que estão
inseridos em um sistema governamental lento
e burocrático. Este fato pode ser constatado
pelos resultados deste trabalho.
Após análise destes resultados, pode-se
concluir
que
a
principal
dificuldade
enfrentada pelo Lacen MG para a acreditação
e manutenção da acreditação de ensaios foi o
processo de compras. As aquisições deste
laboratório devem seguir as regras da Lei nº
8.666 de 1993 que torna este processo lento
e burocrático. Para superar esta barreira ou
mitigar seus efeitos a equipe técnica do
laboratório tem dedicado parte de seu tempo
em tentar reduzir os prazos de algumas fases
deste processo como por exemplo: contado
com os fornecedores, solicitação de cotações
e elaboração de mapa de preços. Outra
iniciativa
adotada
recentemente
pelo
laboratório é a realização de algumas
aquisições através do SRP que a princípio
tem se mostrado eficaz.
Conclui-se também que o comprometimento
da Alta Direção e da equipe técnica e a
qualificação dos profissionais do Lacen MG
foram os principais facilitadores e até mesmo
um diferencial para o processo de
acreditação e manutenção da acreditação
deste laboratório.
Desta maneira, este trabalho pode ser útil aos
Lacen pois por meio de seus achados pode
auxiliar os laboratórios a superar ou mitigar as
dificuldades inerentes ao processo de
acreditação e manutenção da acreditação de
ensaios na norma ABNT NBR ISO/IEC 17025.
Sendo assim, em última instância, espera-se
no futuro, o aumento do número de Lacen
com ensaios acreditados, o que para a
vigilância sanitária do país pode ser um fator
importante para a maior credibilidade dos
laudos fornecidos que subsidiara a tomada
de decisões, melhor uso de recursos
financeiros, dentre outras questões.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
44
REFERÊNCIAS
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[8]
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Constituição Federal, institui normas para licitações
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Disponível
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666co
ns.htm>. Acesso em: 10 de jan. 2016.
[9]
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Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária e dá outras providências, 1999.
Disponível
em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9782.ht
m>. Acesso em: 18 de dez. 2015.
[10]
Brasil. Lei no 10.520 de 17 de julho de
2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso
XXI, da Constituição Federal, modalidade de
licitação denominada pregão, para aquisição de
bens e serviços comuns, e dá outras providências,
2002.
Disponível
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Gestão pela Qualidade - Volume 1
46
Capítulo 5
Ana Cláudia Mendes
Francisco Junior
Thais Simões
Resumo: Inserida no complexo ambiente da Saúde Suplementar, a Unimed-BH é
uma Cooperativa de Trabalho Médico que se destaca pela liderança no mercado
da região metropolitana de Belo Horizonte. Ao longo dos anos, a Unimed-BH
buscou várias certificações/acreditações para garantir a eficiência do seu sistema,
porém com modelos de gestão diferentes para atingir o mesmo objetivo, resultando
em uma desintegração do sistema de gestão da empresa e dificultando a visão
sistêmica dos processos. Com o aumento na adoção de diferentes sistemas de
gestão pela cooperativa, surgem dificuldades relacionadas ao gerenciamento
paralelo destes sistemas. Durante o ano de 2015, percebeu-se a necessidade de
rever esses processos e a forma de organização do sistema Integrado de Gestão
da Unimed-BH. Este trabalho tem como objetivo apresentar o levantamento
realizado em relação aos diferentes modelos de gestão da qualidade nas unidades
da Unimed-BH, bem como a proposta de reestruturação e novas diretrizes para o
fortalecimento do Sistema Integrado de Gestão (SIG).
Palavras-chave: Gestão da Qualidade, Sistema Integrado de Gestão, Padronização
Gestão pela Qualidade - Volume 1
47
1. INTRODUÇÃO
A Unimed-BH é uma Cooperativa médica que
se destaca no segmento de operadoras de
saúde, tendo ao longo dos anos alcançado
números bastante expressivos. Entre estes
números, podemos destacar os cerca de 1,2
milhões de clientes provenientes de 34
municípios da região metropolitana de Belo
Horizonte.
Em termos estruturais, em 2015, a Unimed-BH
encerrou o ano contando com um total de
5.684
médicos
cooperados,
gerando
diretamente 4.003 empregos. Compondo sua
rede assistencial, um total de 366 serviços de
saúde. Destacam-se, entre estes algumas
estruturas próprias: o Hospital Unimed
unidade Contorno, o Hospital Unimed unidade
Betim, a Maternidade Unimed unidade
Grajaú, a unidade mista da Unimed-BH em
Contagem, os Centros de Promoção da
Saúde, as Clínicas Unimed Pleno e o Centro
Médico da Unimed; os consultórios dos
médicos cooperados;
e os serviços
credenciados.
Outra evidência é o crescimento do Índice de
desempenho da Saúde Suplementar – IDSS
da Unimed-BH- tendo alcançado, em 2015,
seu melhor resultado histórico. A Unimed-BH
tem o melhor IDSS entre as 40 maiores
operadoras do Brasil. O melhor Índice de
Desempenho é resultado de muito esforço e,
claro, a adequação dos procedimentos da
Cooperativa
às
normas
nacionais
e
internacionais de qualidade possibilita o
crescimento. Além disso, a Cooperativa
manteve o mais alto nível de certificação no
Programa de Acreditação de Operadoras (RN
277:2011).
A busca pelas certificações/acreditações
iniciou-se em 2005, com os processos de
acreditação na Maternidade da Unimed-BH,
utilizando metodologia de projetos baseada
no guia PMBOK®. Um modelo de gestão da
qualidade foi traçado para atingir as
certificações ISO 9001:2008, ISO 14001:200 e
NIAHO, além de implantar a ISO 3100:2009.
Ao longo dos anos, as demais unidades
(hospital, operadora e pronto atendimento)
também foram certificadas, porém com
modelos de gestão diferentes para atingir o
mesmo objetivo, resultando em uma
desintegração do sistema de gestão da
empresa e dificultando a visão sistêmica dos
processos.
Com o aumento na adoção de diferentes
sistemas de gestão pela cooperativa, surgem
dificuldades relacionadas ao gerenciamento
paralelo destes sistemas. Durante o ano de
2015, percebeu-se a necessidade de rever
esses processos e a forma de organização do
sistema Integrado de Gestão da Unimed-BH.
Dessa forma, a Unimed-BH optou por
repensar estratégias do seu sistema da
qualidade ao perceber diferentes modelos de
gestão nas unidades da cooperativa, por
exemplo: (a) Sistema Integrado de Gestão da
Unimed-BH implantado de forma fragmentada
e em diferentes níveis de adequação; (b)
Ausência de política corporativa da qualidade
única; (c) Hierarquia de documentação com
distintas nomenclaturas para as mesmas
características de documento; (d) Gestão da
documentação e mapeamento de processos
é realizada de maneira diferente.
2. OBJETIVO
Apresentar o levantamento realizado em
relação aos diferentes modelos de gestão da
qualidade nas unidades da Unimed-BH, bem
como a proposta de reestruturação e novas
diretrizes para o fortalecimento do Sistema
Integrado de Gestão (SIG).
3. MÉTODO
O estudo foi realizado de forma a entender o
assunto envolvido, levantar as características
dos diferentes modelos de sistemas de
gestão e propor melhorias para restruturação
do SIG da empresa.
O estudo foi realizado por meio de um estudo
de caso, que compreende em um estudo de
caráter empírico que investiga um fenômeno
atual do contexto da vida real (MIGUEL, 2010,
p. 130). O método de estudo de caso foi
escolhido devido a alguns benefícios
percebidos, como a possibilidade de
desenvolvimento de novas teorias e o
aumento de entendimento dos eventos.
Para realização dos diagnósticos foram
realizadas as seguintes análises: cenário atual
e as diferenças dos modelos de gestão
existentes, análise das políticas da qualidade,
hierarquização de documentação e análise
das diversidades de repositórios dos
documentos.
Na análise do cenário atual, foi realizado um
levantamento dos modelos de gestão, como
certificações e acreditações das normas da
Gestão pela Qualidade - Volume 1
48
qualidade, tanto da Operadora quanto dos
Serviços Próprios. Na análise das políticas da
qualidade, foi realizado um diagnóstico com o
intuído de integrar as diretrizes e metodologia
do sistema de gestão. Em seguida, foi
realizada uma verificação dos tipos de
documento de cada unidade com o objetivo
de obter o real cenário existente na operadora
e nos serviços próprios. Por último, foi
realizada uma análise crítica dos repositórios
de documentos existentes na empresa para
escolha de um único sistema de Gestão
Eletrônica de Documentos (GED).
4. RESULTADO
4.1 ANÁLISE DO CENÁRIO
A partir de 2005 a empresa iniciou os
processos de acreditação na Maternidade da
Unimed- BH utilizando metodologia de
projetos baseada no guia PMBOK®. Um
modelo de gestão da qualidade foi traçado
para atingir as certificações ISO 9001:2008,
ISO 14001:200 e NIAHO, além de implantar a
ISO 3100:2009. Uma das metodologias
utilizadas foi o mapeamento de processo de
forma setorial (mapeamento por gestão).
Em 2009 a Operadora da Unimed-BH também
desenvolveu o modelo de gestão da
qualidade para alcançar a certificação ISO
9001:2008, porém foi necessário utilizar
metodologias diferentes em relação ao
modelo de gestão da qualidade da
Maternidade da Unimed-BH para atender
algumas
particularidades,
como,
por
exemplo, o mapeamento por processo
utilizando a cadeia de valor.
Com isso, ao longo dos anos, as demais
unidades também foram certificadas, porém
com modelos de gestão diferentes para
atingir o mesmo objetivo, resultando em uma
desintegração do sistema de gestão da
empresa e dificultando a visão sistêmica dos
processos. Outro ponto que contribuiu com a
desintegração foi a implantação de auditorias
por unidade, que aconteciam em momentos
distintos e não resultavam em não
conformidades
devido
aos
diferentes
escopos.
Na Unimed-BH foi identificada utilização de 6
certificações / acreditações / declaração de
conformidade de acordo com os objetivos a
seguir:
Figura 1: Tipos de normas por objetivo
Gestão pela Qualidade - Volume 1
49
A partir deste cenário, e para melhor
entendimento sobre o objetivo de cada
certificação / acreditação nas unidades, foi
realizado um levantamento sobre os modelos
de gestão das unidades e suas diferenças.
4.2 CERTIFICAÇÕES / ACREDITAÇÕES /
DECLARAÇÃO DE CONFORMIDADE
DAS UNIDADES
Foi desenvolvido um mapa de Certificações /
Acreditações / Declaração de conformidade
que foi possível identificar as diferenças. Foi
identificado que 55% das unidades possuem
algum tipo de certificação/acreditação. No
total a Unimed-BH a possui 10 certificações /
acreditações pelas unidades, conforme
demonstrado na figura a seguir.
Figura 2: Mapa de certificações/acreditações existentes
Diante do exposto, é possível identificar que
praticamente durante todo o ano são
realizadas auditorias nas unidades.
Sendo
assim,
o
custo
para
obtenção/manutenção
das
certificações
/
acreditações
é
consideravelmente
relevante,
envolvendo não apenas o pagamento
das
instituições
certificadoras
/
acreditadoras, mas ainda o pagamento
de consultorias e custo gerado pelo
envolvimento dos colaboradores no
processo que antecede as auditorias e
nas próprias auditorias. Este último, em
geral, bastante significativo.
Não
existe uma resposta de quantas
acreditações são necessárias para
toda a cooperativa e tendo a
necessidade de avaliar a estratégia em
relação ao tema. Para isso, foi criado o
Comitê de Acreditação da Unimed-BH
que tem como objetivo discutir as
melhores práticas de gestão da
qualidade para a cooperativa.
4.3
DIVERSAS
QUALIDADE
POLÍTICAS
DA
Outro levantamento realizado foi em relação
às políticas da qualidade na Unimed-BH. Foi
identificado que três unidades possuíam
política da qualidade implantada, porém com
características diferentes, mesmo possuindo
objetivos em comum.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
50
Figura 3: Mapa de políticas implantadas ou não implantadas nas unidades
Ao analisar o conteúdo, foi identificado que
nas unidades 1 e 2 havia quatro objetivos da
qualidade e na unidade 4 somente dois
objetivos, demonstrando mais uma diferença.
A política da qualidade foi revisada com o
objetivo de ter um único direcionador na
cooperativa. As especificidades relacionadas
aos tipos de negócio da Unimed-BH
(operadora e serviços próprios) foram levadas
em consideração para que todos os serviços
fossem contemplados.
4.4
HIERARQUIZAÇÃO
DOCUMENTAÇÕES
DAS
Durante o estudo, foram identificados
diversos
tipos
de
documentos
com
nomenclaturas
e
templates
(modelos)
distintos. A Figura 4 demonstra o
agrupamento por cores destes tipos de
documentos.
Figura 4: Diferentes tipos de documentos existentes nas unidades.
Foi realizado também um levantamento da
quantidade de documentos por unidade
utilizando as listas mestras (uma tabela que
contém o código, nome do documento,
Próprios.
número de revisões e data de publicação). A
Unimed-BH possui 6754 documentos, sendo
que 60% estão publicados nos Serviços
Gestão pela Qualidade - Volume 1
51
Figura 5: Lista de quantidade de documentos.
Figura 6: Nova hierarquia de documento da Unimed-BH
Após este levantamento, foi realizada uma
reunião de padronização de hierarquia
definindo qual tipo de procedimento será
utilizado na cooperativa, que foi aprovado
pelo Comitê Executivo.
4.5 GESTÃO DOCUMENTAL: REPOSITÓRIO
DE DOCUMENTOS.
Três tipos de gestão documental foram
identificados no estudo. As duas unidades
que utilizam a cadeia de valor como
destacou-se em relação ao melhor custo
benefício e à acessibilidade. Com isso, foi
aprovado no Comitê Executivo o OnBase
metodologia de gestão trabalham com o
OnBase (sistema de gerenciamento eletrônico
de documentos), pois é um sistema todo
parametrizado com a metodologia de gestão
por processo. As demais unidades, que
possuem mapeamento por gestão, utilizam o
Diretório e/ou um Software de gestão da
Qualidade para armazenar os documentos.
Foi realizado um estudo para identificar os
benefícios, fragilidades e custo de cada
gestão documental. Após o estudo, o GED
OnBase
como o repositório de documentos do sistema
integrado de gestão.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
52
Figura: 7 Relação de benefícios, fragilidades e custo dos sistema de gestão documental
5. CONCLUSÕES;
A Unimed-BH tem um importante caminho a
percorrer no sentido de fortalecer a nova
proposta de restruturação do Sistema
Integrado de Gestão. Algumas ações já foram
tomadas, por exemplo, a unificação da
política
da
qualidade
e
definições
relacionadas à gestão documental. Há ainda
imensa possibilidade de otimização das
auditorias realizadas e dos recursos gastos
com estes processos na medida em que esta
visão integrada prosperar, incluindo redução
de custos com as instituições acreditadoras e
consultorias.
A integração dos sistemas promove a
melhoria do desempenho da organização, a
redução de custos, de duplicidades e de
burocracia, de conflitos entre os sistemas,
pois é estabelecida uma única estrutura para
a gestão, ligada às estratégias e aos objetivos
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Saúde
Suplementar (Brasil). Índice de desempenho
das operadoras de planos de saúde. Rio de
corporativos. Além disso, a integração dos
sistemas permite também a realização de
uma única análise crítica e a melhoria da
comunicação, já que é utilizado um conjunto
uniforme de objetivos e uma abordagem
integrada de equipe.
A partir desse diagnóstico foi desenvolvido o
projeto “Fortalecimento e Integração do
Sistema Integrado de Gestão” baseado na
metodologia PMBOK®, com o intuito de
disponibilizar informações estratégicas em
tempo hábil de maneira integrada, melhorar a
qualidade e agilidade na geração da
informação
estratégica,
gerencial
e
operacional e Integrar metodologias e sistema
de gestão, promovendo transversalidade e
ganho de eficiência em processos na
Unimed-BH até 2017.
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Management
Institute,
2013
Gestão pela Qualidade - Volume 1
53
Capítulo 6
Eder Júlio Rocha de Almeida
Nathália Stephanie Costa
Juliana Silveira Teixeira
Kehone Oliveira Miranda
Arthur Guimarães G. dos Santos
Júnia Cordeiro dos Santos
Maria de Fatima S. Castro
Resumo: Diante da busca incessante da melhoria contínua de processos, e o
aumento da competitividade nas unidades de negócios de saúde, fomenta as
instituições a buscarem a certificação hospitalar, visando maior qualidade e
eficácia nos serviços prestados, que é essencial para um serviço diferenciado.
Assim este trabalho teve como objetivo desvelar se o desempenho gerencial que é
mensurado através do indicador de adesão às atividades propostas pela qualidade
(atividades burocráticas e documentais) assegura a eficácia dos processos in loco,
que é verificado através de auditorias internas de acordo com os requisitos
normativos da NBR ISO 9001:2008. Trata-se de um estudo de caráter quantitativo
documental, realizado em um centro de especialidades médicas (CEM), da rede
pública, localizado em Belo Horizonte - MG, já certificado pela NBR ISO 9001:
2008. Dessa forma, as informações foram obtidas a partir da captação direta na
plataforma web utilizado pelo setor da qualidade denominado Sigquali, Esse banco
de dados traz informações acerca dos indicadores alcançados pelos setores do
CEM. Como principal resultados de pesquisa destacam-se, que através da analise
de ambos indicadores da qualidade, apontam que os gestores garantem a
execução das atividades burocráticas no sistema Sigquali, mas não asseguram a
eficácia dos processos implantados in loco que é evidenciado pela discrepância
nos valores obtidos nos indicadores que monitoram atividades documentais via
sistema e auditoria interna setorial.
Palavras-chave: Gestão da Qualidade; Acreditação Hospitalar; Indicadores de
Qualidade; ISO 9001:2008.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
54
1. INTRODUÇÃO
Na atual organização dos serviços de saúde
que vem sendo prestados aos usuários do
SUS, em Belo Horizonte, os Centros de
Especialidades Médicas (CEM) que são
unidades de atendimentos dos hospitais
escola, tornam-se imprescindíveis. Eles
prestam
serviços
especializados
de
assistência à saúde visando a integralidade
de atenção, tendo como finalidade a
assistência ambulatorial especializada e o
desenvolvimento de ações de prevenção de
doenças;
promoção
de
assistência
especializada
por
meio
de
equipe
multiprofissional, além de disponibilizarem
exames complementares diversos.
O CEM, foco deste estudo, disponibiliza 32
especialidades médicas e realiza 19 tipos de
exames e pequenas cirurgias ambulatoriais.
Além disso, a unidade é referência nos
serviços de Obesidade Clínica, Obesidade
Cirúrgica,
Pré-natal
de
Alto
Risco,
Endocrinologia e Nefrologia para toda a
cidade de Belo Horizonte.
Frente a isso, a fim de aprimorar a assistência
que vem sendo prestada, estão sendo
efetivadas ações para prestação de serviços
humanizados e de alto nível. Entre essas
ações destacam-se os encontros periódicos
de educação continuada para todas as
equipes multidisciplinares e a utilização de
ferramentas e metodologias que possam
certificar a qualidade, como é proposto na
norma brasileira ISO 9001, nos programas de
Acreditação Hospitalar.
A certificação é uma ferramenta valiosa para
todas as instituições que buscam de forma
voluntária estar em conformidade com as
normas nacionais ou internacionais. Um
certificado emitido por uma terceira parte
independente,
como
é
a
empresa
certificadora, demonstra e expressa a
confiança e segurança aos clientes, além de
iniciar um processo de melhoria contínua
(CARPINETTI, 2010).
Para Camfield e Godoy (2003), o selo de
certificação dos sistemas da qualidade
contribui para que se estabeleça a
organização
dos
processos,
interdependência
de
cliente-fornecedor,
fortalecimento de alianças, diminuição de
desperdícios, aumento da produtividade e
eficácia, satisfação do cliente, além de
melhorar a qualidade nos serviços prestados.
sistema de gestão da qualidade (SGQ) é
necessário implementar, registrar, criar,
manter e melhorar a eficácia dos processos
de trabalho de forma contínua. Neste
contexto, o mais importante para o sucesso
da implementação é monitorar os resultados e
processos, por meio de indicadores. Isso
permitirá identificar quais os problemas e
deficiências devem ser enfrentadas e,
baseando-se nos resultados mostrados por
eles, as tomadas de decisão para a melhoria
e controle da qualidade serão mais assertivas
(OHASHI; MELHADO [s.d]).
Ohashi afirma ainda que o indicador é uma
ferramenta de gestão com grande relevância.
Medir, avaliar a qualidade e produção dos
processos
é
muito
importante
para
desenvolver a autocrítica e a tomada de
decisão do gestor, uma vez que não se pode
gerenciar o que não se pode medir.
Para Carpinetti (2010) os indicadores são
ferramentas importantes para a gestão da
qualidade. Eles embasam as tomadas de
decisões, uma vez que possibilitam a
representação quantitativa e proporcionam
evidências
sobre
o
andamento
dos
processos.
Além disso, o processo de certificação é de
grande complexidade e exige que todos os
profissionais se envolvam para a obtenção
dos resultados pretendidos. Dentro desse
contexto, esse estudo pretende responder a
seguinte questão: O desempenho gerencial
mensurado no indicador de adesão às
atividades propostas pela qualidade assegura
a eficácia dos processos no sistema de
gestão da qualidade in loco?
Para
elucidar
essa
questão,
foram
estabelecidos os seguintes objetivos, geral e
específico:
1.1 GERAL
Desvelar se o desempenho gerencial
mensurado através do indicador de adesão
às atividades propostas pela qualidade
garante a eficácia dos processos no sistema
de gestão da qualidade in loco avaliado por
meio de auditoria interna.
1.2 ESPECÍFICOS
1.1.1 Elencar as atividades preconizadas
Para a obtenção de resultados concretos, no
Gestão pela Qualidade - Volume 1
para
eficácia
documental
no
do
processo
processo de
55
certificação da qualidade;
1.1.2 Estabelecer
parâmetros
comparativos entre os resultados
dos indicadores: “adesão às
atividades proposta pela qualidade”
com “percentual de conformidade
em auditoria interna”;
1.1.3 Identificar
as
fragilidades
encontradas
nas
atividades
realizadas no sistema de gestão.
Desvelar se o desempenho gerencial
mensurado através do indicador adesão às
atividades propostas pela qualidade do
sistema SigQuali, garante a eficácia dos
processos no sistema de gestão da qualidade
in loco, avaliado por meio de auditoria interna
realizada pelo setor de qualidade é de grande
relevância, visto que os dados levantados
permitirão comparar os resultados das duas
formas de processos gerenciais de modo
concreto. Dessa forma, as medidas a serem
adotadas estarão mais condizentes com os
resultados alcançados.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo de caráter quantitativo
documental, realizado em um centro de
especialidades médicas, da rede pública,
localizado na região central de Belo Horizonte
- MG, já certificado pela norma brasileira ISO
9001: 2008. Este tipo de pesquisa é usado
para quantificar dados, fatos ou opiniões, na
forma de coleta de informações (OLIVEIRA,
2002). Ela deve ser usada quando a fonte
para coleta de dados está restrita a
documentos, escritos ou não, constituindo-se
no que se denomina de fontes primárias.
Estas fontes podem ser recolhidas no
momento em que o fato ou fenômeno ocorre
ou depois dele (MARCONI, LAKATOS, 2010).
Dessa forma, as informações foram obtidas a
partir da captação direta no sistema de
informação utilizado pela gestão da qualidade
denominado Sigquali, dentro dos limites
estabelecidos pela instituição. Esse banco de
dados traz
informações
acerca
dos
indicadores
alcançados
pela
equipe,
referentes às metas estabelecidas para
obtenção da prestação de serviços com
qualidade.
Um
desses
indicadores,
mensurado
mensalmente, mostra a adesão às atividades
propostas pela qualidade. Visa quantificar as
atividades
gerenciais
previamente
estabelecidas, quais sejam os resultados e
análises críticas realizados dentro do mês
vigente, relatos de não conformidades
respondidos dentro do prazo, planos de
ações que estejam girando o PDCA e por fim,
presença nas reuniões de gestão da
qualidade, que acontecem semanalmente.
Outro indicador é o percentual de
conformidades na auditoria interna, analisado
anualmente. Este indicador visa mensurar a
eficácia dos processos gerenciais in loco,
tendo como norteador os requisitos da norma
brasileira ISO 9001:2008.
O período de corte para a realização da
coleta de dados se deu de janeiro/2014 a
Setembro/2015, a fim de contemplar um ciclo
completo de auditoria do sistema de gestão
da qualidade, que é compreendido pela
realização de auditoria interna e auditoria de
follow up.
Os dados coletados foram tabulados em
planilhas do Excel for Windows, permitindo o
cruzamento das informações encontradas,
para
análise
dos
dois
indicadores
estabelecidos.
As questões éticas foram contempladas por
meio da assinatura de um termo de
concordância
(ANEXO
A),
que
foi
devidamente assinado pelo superintendente e
pelo gerente da qualidade da instituição em
estudo.
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
3.1
CARACTERIZAÇÃO
ESTUDO
DO
LOCAL
DO
O Centro de Especialidades Médicas (CEM) é
uma instituição beneficente, sem fins
lucrativos, inaugurado em 7 de novembro de
2007, para a prestação de serviços médicos
especializados, aos usuários do Sistema
Único de Saúde (SUS). Disponibiliza 33
especialidades médicas, 20 tipos de exames
de
apoio
diagnóstico
tais
como
ultrassonografia, ressonância, entre outros.
Além disso, realiza pequenas cirurgias em
nível ambulatorial e conta com laboratórios de
análises clínicas e anatomia patológica.
São cerca de 2.500 atendimentos realizados
diariamente, por equipe multiprofissional,
tornando ainda mais desafiador, para os
gestores, manterem uma padronização nos
processos de trabalho e garantirem a
qualidade da assistência.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
56
Mesmo se tratando de uma unidade de
negócio complexa, foi possível ao longo do
desenvolvimento deste estudo definir o
escopo do sistema de gestão da qualidade,
que são todas as áreas do CEM. Neste
contexto, é necessário o envolvimento de
todas as classes profissionais no que se
refere ao sistema de gestão, participação em
reuniões
de
alinhamento
semanal
e
elaboração de descrição de rotinas e
protocolos clínicos.
Carpinetti (2010) descreveu que a elaboração
do escopo e exclusões dos setores
certificados, deverá ser realizada previamente
pelo setor da qualidade, visando ressaltar as
melhores práticas humanas e áreas que
ofereçam serviços inovadores e de grande
impacto sistêmico.
Diante dessa diversidade de serviços e
setores, também foi elaborado um macro
processo, para facilitar a compreensão
sistêmica do CEM, além de possibilitar a
melhor estratégia de acompanhamento das
atividades preconizadas para a eficácia dos
processos de certificação da qualidade
perpassando os itens descritos na NBR ISO
9001:2008.
da NBR ISO 9001.
Através deste estudo, foi possível identificar
que o número de colaboradores é insuficiente
para o volume de atividades estabelecidas
inerentes ao processo de certificação.
Embora a literatura não descreva o
quantitativo de colaboradores necessários
para o funcionamento de um escritório da
qualidade, foi perceptível que, por se tratar de
uma unidade de negócio de grande
complexidade e diversidade de serviços,
ocorrem falhas no monitoramento das
atividades propostas pela qualidade, tendo
como causa raiz a mão de obra.
Ueno (2008) descreve que a implantação de
um Sistema de Gestão da Qualidade, aliado
ao envolvimento e comprometimento das
pessoas e a provisão adequada de todos os
recursos necessários, é fundamental para o
sucesso e permanência da empresa no
mercado, para assegurar a satisfação dos
clientes e beneficiar todas as partes
interessadas, cabendo à alta direção
assegurar que todos os requisitos da gestão
da qualidade sejam seguidos.
3.3
3.2 SETOR GERÊNCIA DA QUALIDADE
As
constantes
e
rápidas
mudanças
tecnológicas, econômicas, sociais, políticas e
culturais dos dias de hoje, exigem o
rompimento
das
práticas
gerenciais
obsoletas. Atualmente, é necessária a adoção
de melhorias contínuas para atingir e
assegurar
um
bom
desempenho
organizacional.
Neste contexto, um grande complexo
hospitalar de Belo Horizonte, instituiu uma
gerência de qualidade, com a finalidade de
implantar a NBR ISO 9001:2008 em todas as
suas unidades de negócios, que são dois
hospitais, um Instituto de Ensino e Pesquisa,
um Serviço Funerário e um Centro de
Especialidade Médicas, que é o foco desta
pesquisa.
O setor conta com equipe composta por 7
enfermeiras analistas da qualidade, 11
acadêmicos de enfermagem, 1 tecnólogo de
gestão da qualidade e 1 secretária
administrativa. As atividades desenvolvidas
vão desde o monitoramento dos documentos
controlados no sistema Sigquali, até as
auditorias in loco, reuniões de alinhamento
com os gestores e treinamento dos quesitos
ATIVIDADES PRECONIZADAS PARA
EFICÁCIA
DO
PROCESSO
DOCUMENTAL NO PROCESSO DE
CERTIFICAÇÃO DA QUALIDADE
Para garantir a melhoria contínua nos quesitos
da norma certificadora, o setor da qualidade
acompanha mensalmente as atividades a
serem desenvolvidas pelos gestores e realiza
a contabilidade daquilo que foi proposto o
que efetivamente foi feito.
A partir desta análise é gerado um percentual
de aproveitamento por setor, denominado de
percentual de adesão às atividades propostas
pela qualidade. Este resultado é lançado pelo
setor da qualidade em um indicador
específico, no qual o gestor tem até o último
dia do mês para realizar a análise crítica
destes resultados.
Além dessa análise, o gestor também realiza
como atividade elencada pela qualidade, a
análise de relato de não conformidades,
acompanhamento de planos de ações,
lançamento de ocorrências e participação
semanalmente nas reuniões de gestão da
qualidade. Vale ressaltar que todas as
atividades propostas pela qualidade são
avaliadas em uma tabela de Excel que
confronta o quantitativo de atividades
propostas no mês vigente, com o quantitativo
Gestão pela Qualidade - Volume 1
57
de atividades realizadas.
Sendo assim, quanto mais atividades o gestor
deixa de realizar, maior será suas pendências
geradas pelo sistema Sigquali e menor será
seu percentual de adesão às atividades
propostas pela qualidade.
Este estudo mostrou que no período de corte
analisado, que foi de Janeiro a Setembro de
2015, o percentual de adesão às atividades
elencadas pelos gestores é muito satisfatório,
visto que, foram propostas 3.444 atividades e
destas 3.282 foram realizadas, o que
representa um percentual global de 95.29%
de adesão às atividades propostas pela
qualidade.
Das 162 atividades não executadas pelos
gestores, a maior prevalência foram os 71
planos de ações vencidos e ou que não
giraram o PDCA que representa 44%; 41
análises críticas que representa 25%; 36
relatos de não conformidades que representa
22% e 14 ausências nas reuniões de gestão
da qualidade que expressa 9%, conforme
mostrado no gráfico 1.
Gráfico 1- Atividades elencadas pelos
gestores que não foram realizadas.
Fonte: Banco de dados do Setor de
Qualidade, 2015
.
3.4 RESULTADOS DOS INDICADORES X
“ADESÃO ÀS ATIVIDADES PROPOSTA PELA
QUALIDADE”
A gestão da qualidade não vem de encontro
apenas com o controle da produção ou com a
qualidade dos produtos, mas também é
concebida
como
um
modelo
de
gerenciamento que busca a eficiência e a
eficácia organizacionais (ISNARD et al, 2012).
De acordo com a ABNT (2008), ter em uma
instituição o sistema de gestão da qualidade
implantado, representa um ponto positivo,
visto que essa ferramenta traz consigo a
otimização de processos, melhorias contínuas
de serviços e produtos fornecidos.
Antes de abordar os indicadores é necessário
compreender o significado deles. O termo
indicador é originário do latim Indicare, que
significa descobrir, apontar, anunciar, estimar
(HAMMOND et al.,1995). Os indicadores
podem comunicar ou informar sobre
progresso em direção a uma determinada
meta.
A definição de McQueen e Noak (1998) trata
um indicador como uma medida que resume
informações relevantes de um fenômeno
particular ou substituto dessa medida,
semelhante ao conceito de Holling (1978) de
que um indicador é uma medida do
comportamento do sistema em termos de
atributos expressivos e perceptíveis.
Segundo Gallopin (1996), os indicadores mais
desejados são aqueles que resumam ou, de
outra maneira, simplifiquem as informações
relevantes, faça, com que certos fenômenos
que ocorrem na realidade se tornem mais
aparentes. O objetivo dos indicadores é
agregar e quantificar informações de modo
que sua significância fique mais aparente.
Eles simplificam o que se mostra
complexo,melhorando, com isso, o processo
de comunicação.
A partir deste contexto, foi realizado o
levantamento de dados por meio do indicador
mensurado pela qualidade que melhor
expressa a realização das atividades
burocráticas (análise de indicadores, relato
de não conformidades, planos de ações)
inerentes ao processo de certificação, sendo
de responsabilidade do gestor de cada setor
o acompanhamento e realização das
atividades propostas via sistema Sigquali,
através do indicador “% de adesão às
atividades propostas pela qualidade”.
Adesão das atividades propostas pela
qualidade (%): É um indicador classificado
como estratégico, com meta de 100% e
direção da seta para cima. Seu período de
análise é mensal, e visa mensurar as
atividades
gerenciais
previamente
estabelecidas pelo setor da qualidade,
que são distribuídas da seguinte forma:
Indicadores e análises críticas vistas
dentro do mês vigente, relatos de não
conformidades respondidos dentro do
prazo, planos de ações que estejam
girando o PDCA e por fim, presença nas
reuniões de gestão da qualidade, que
Gestão pela Qualidade - Volume 1
58
acontecem semanalmente. Para alimentar
este indicador, o setor da qualidade gera
relatórios para extrair quais foram as
atividades realizadas naquele mês que
estão sendo analisadas, posteriormente
preenche a tabela de fechamento de
adesão das atividades que compara o
número de atividades propostas com as
atividades realizadas, após lançar os
dados na planilha do Excel for Windows, é
quantificado o score em porcentagem para
o setor, que será a representação da
adesão
as
atividades
(MARTINS, 2002).
realizadas
O gráfico 2 mostra dados comparativos entre
o quantitativo de atividades propostas pela
qualidade nos anos de 2014 e 2015. A
adesão aos processos da qualidade obteve
maiores
resultados
em
2015.
Nesta
perspectiva, os resultados correspondentes a
2014 foram balizados com os seguintes
valores: menor que 41% e o maior com 95%.
Gráfico 2-Adesão as propostas da Qualidade
Fonte: Banco de dados do Setor de Qualidade, 2014/2015.
No período de Janeiro a Setembro de 2015
foram propostas 3.444 atividades, e destas
3.282 foram realizadas no prazo estabelecido,
o que representa 95,29% de adesão. Não foi
possível avaliar a linha de tendência em
relação ao ano anterior, pois o setor da
qualidade não realizava o acompanhamento
ostensivo dos resultados.
A tabela 1 mostra os setores considerados
críticos com nota de corte inferior a 90% no
indicador de adesão às atividades propostas
pela qualidade.
Todavia, este indicador visa quantificar
apenas o percentual de atividades propostas
e atividades executadas no período vigente a
analise, assumindo o caráter quantitativo. Vale
ressaltar que este indicador não avalia a
maturidade no processo de análise crítica
feita pelo gestor.
Em contrapartida, para suprir a necessidade
de garantir a eficácia destas atividades
realizadas via sistema, são realizados
auditorias internas visando avaliar as
conformidades de acordo com o requisito da
NBR ISO 9001:2008, tratativas de relato de
não conformidades, acompanhamento dos
planos de ações e o ciclo de PDCA.
A nota referente a esses achados são
repassados aos setores por meio do
indicador de % de conformidades na auditoria
interna que expressa a eficácia do processo
de gestão do setor, bem como a qualidade
das atividades documentais.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
59
Tabela 1- Atividades propostas pela qualidade de Janeiro a Setembro de 2015.
Controle de Atividades Propostas pela Qualidade-CEM Janeiro a Setembro/2015
Total de atividades Total de atividades
% de atividades
SETOR
propostas
realizadas
efetivas
CEM AMB - GERÊNCIA CEM
523
498
95,2%
CEM AMB – ENFERMAGEM
183
183
100,0%
CEM AMB - APOIO
182
176
96,7%
ADMINISTRATIVO
CEM AMB ACOMPANHAMENTO DE
PACIENTES
112
110
98,2%
CEM AMB – FONAUDIOLOGIA
196
191
97,4%
CEM AMB – NUTRIÇÃO
210
208
99,0%
CEM AMB – FISIOTERAPIA
189
182
96,2%
CEM AMB - SERVIÇO SOCIAL
160
160
100,0%
CEM AMB – PSICOLOGIA
212
208
98,1%
CEM OPE - GERÊNCIA
OPERACIONAL
314
303
96,4%
CEM OPE – PORTARIA
191
182
95,2%
CEM CDT - APOIO
ADMINISTRATIVO
274
211
74,2%
CEM CDT - ENFERMAGEM
97
96
98,9%
CEM CDT - CENTRO
CIRÚRGICO
144
141
97,9%
CEM CDT - MÉTODOS
ENDOSCÓPIOS E
VIDEOSCÓPIOS
192
188
97,6%
CEM CDT - DIAGNÓSTICO POR
IMAGEM
106
106
100,0%
CEM CDT – FONOAUDIOLOGIA
159
139
81,0%
TOTAL
3444
3282
95,0%
Fonte: Banco de dados do Setor de Qualidade, 2015.
Percentual de conformidades na auditoria
interna: É um indicador classificado como
estratégico, com meta de 100% e direção
da seta para cima. Seu período de análise
é anual. Este indicador visa mensurar a
eficácia dos processos gerenciais in loco,
tendo por método norteador os requisitos
da norma brasileira ISO 9001:2008. O
processo se dá, através da auditoria
interna realizada por um analista do setor
da qualidade, que solicita ao auditado que
apresente evidências da realização das
atividades propostas pela qualidade, bem
como a qualidade do processo executado
pelo gestor. É utilizada uma planilha,
contendo os requisitos da norma brasileira
ISO
9001:2008,
posteriormente
é
mensurado
o
percentual
de
conformidades encontradas no setor
auditado e cadastrado o score na
plataforma web (MARTINS, 2002).
Neste estudo, os valores encontrados através
do indicador de auditoria interna, são muito
incipientes aos valores do indicador de
atividades burocráticas. Ou seja, os valores
registrados não retratam a realidade, no que
se refere às ações para se obter melhores
índices de qualidade em cada setor.
Isnard et al (2012) relata que a gestão da
qualidade não vem de encontro apenas com
o controle da produção documental, mas
também é concebida como um modelo de
gestão focada na eficiência organizacional e
na eficácia dos processos in loco.
3.4.1
ANÁLISE
DE
INDICADOR
DOCUMENTAL X INDICADOR DE
AUDITORIA INTERNA
Gestão pela Qualidade - Volume 1
60
Para Maranhão (2005), o sistema de gestão
da qualidade traz consigo um conjunto de
recursos e regras mínimas, implementado de
forma adequada, que tem por objetivo,
ensinar cada setor como usar o método de
execução de forma correta e em tempo
preestabelecido pela gestão da qualidade.
A tabela a seguir mostra a diferença dos
resultados quando se compara dados obtidos
por meio do indicador que aponta as
atividades documentais, e dados obtidos
através de auditoria in loco, que expressa o
real desempenho do setor, com base nos
resultados de 2014, visto que o ciclo de
auditoria referente ao período de 2015 ainda
não foi concluído.
Tabela 2 - Adesão às propostas da Qualidade x Auditoria in Loco.
SETORES
% de adesão às atividades % de conformidades da
propostas
auditoria interna
Gerência CEM
95,2%
55,00%
Radiodiagnóstico (ISO)
97,07%
52,38%
Centro Cirúrgico
96,36%
29,89%
CDT
95,34%
70,83%
Enfermagem Amb. (ISO)
96,06%
51,85%
Apoio Administrativo Ambulatório
95,12%
38,89%
Fisioterapia
95,34%
29,41%
96%
50,00%
Apoio Administrativo CDT
90.56%
25,00%
Gerência OPE e Portaria CEM
74,71%
39,13%
Psicologia
96,78%
57,89%
Nutrição
97,38%
33,33%
Fonoaudiologia Ambulatório
97,48%
41,18%
Fonoaudiologia CDT
87,71%
47,37%
Serviço Social
97,67%
41,18%
95%
44%
Acompanhamento de Pacientes
Média de aproveitamento global
Fonte: Banco de dados do Setor de Qualidade - Sigquali .
Conforme mostrado na tabela, os resultados
das atividades propostas pela qualidade são
satisfatórios, tendo o maior percentual de
adesão o setor serviço social com 97.67%
das atividades estabelecidas pela qualidade
realizadas conforme cronograma, o menor
percentual de adesão o setor gerência
operacional com a nota de 74.71%.
apresentação de evidências de melhorias
contínua
e
práticas
executadas
em
consonância com os requisitos da NBR ISO
9001:2008. Através deste quantitativo, foi
observado que o maior percentual encontrado
foi no setor CDT com 70.83% e o menor
percentual foi apontado no setor apoio
administrativo CDT com 25%.
Entretanto, os resultados são críticos quando
se trata de auditoria interna, que se baseia na
Mais importante do que saber qual a
performance dos setores, é ter a consciência
Gestão pela Qualidade - Volume 1
61
de que existe uma discrepância significativa
das atividades documentais realizadas, em
interface com o que o auditor encontra nas
áreas auditadas. Tal levantamento sugere que
o gestor está muito mais focado em concluir
as pendências na plataforma web, do que
garantir a eficácia da implantação dos
requisitos in loco, demonstrando ainda
imaturidade com o processo de certificação
por se tratar de uma primeira experiência.
Sustentando este resultado, a literatura
descreve a partir da afirmativa de Cardoso et
al (2005), que as certificações do sistema de
gestão da qualidade, não garantem que a
organização tenha qualidade nos seus
processos,
principalmente
quando
os
gestores encaram a certificação como mais
uma atividade burocrática.
3.5
FRAGILIDADES
GESTÃO
NO
SISTEMA
DE
Para Carpinetti (2010), a NBR ISO 9001:2008
é uma ferramenta primordial para as
empresas que almejam alinhar seus
processos, e obter eficácia nas necessidades
dos clientes, visto que o seu objetivo
enquanto norma certificadora é que a
instituição implemente uma visão sistêmica
dos processos estabelecidos, bem como do
gerenciamento deles.
Entretanto, através desta pesquisa observou
que o CEM ainda apresenta fragilidades no
gerenciamento dos seus processos e na
utilização das ferramentas de gestão da
qualidade. Isso foi possível, visto que 162
atividades estabelecidas pelo setor da
qualidade não foram realizadas.
TABELA 3 - Atividades que não foram realizadas pelos gestores do CEM de Jan a Set/2015.
Atividade elencada
não realizada
Quantidade Percentual
Fragilidades
Planos de ações
71
44%
Plano de ações vencido; falha no giro de PDCA
.
Análises Críticas
41
25%
Análises críticas não realizadas; falta de
levantamento da causa raiz.
Relato de não
conformidade
36
22%
RNC não respondidas; Resposta não contempla
plano de ação.
Ausência na reunião
de gestão
14
9%
Faltas do gestor ou representante,
comprometendo a continuidade do processo de
desenvolvimento.
162
100%
TOTAL:
** Em vermelho econtra-se a curva A,m perfazendo 69%
Fonte: Banco de dados do Setor de Qualidade - Sigquali
Destacam-se como curva A os dois itens com
maior significância numérica que ultrapasse
50% do total, que são os 71 planos de ações
estabelecidos no CEM que não tiveram o
reaprazamento ou apresentou fragilidades no
giro do PDCA, e as 41 análises críticas que
não foram realizadas, ou não contemplava a
descrição da causa raiz.
O fato do gestor não realizar as atividades
elencadas causa grande impacto tanto na
adesão às atividades propostas pela
qualidade, quanto na auditoria interna, pois
não
será
apresentado evidência
de
funcionamento dos quesitos da ISO
9001:2008 nas áreas auditadas.
Estas ferramentas da qualidade são de
grande importância, a partir do momento que
os gestores envolvidos passam a conhecer e
praticar o método PDCA de gerenciamento
dos processos (MARIANI, C. A; PIZZINATTO,
N. K; FARAH, O. E, 2012).
Para Carpinetti (2010), a lógica implantação
da NBR ISO 9001:2008 é a garantia da
existência de condições que assegurem a
eficácia dos processos, o alcance dos
resultados
planejados
através
das
ferramentas de gestão. Entretanto, percebe-
Gestão pela Qualidade - Volume 1
62
se através dos dados coletados que ainda
não é possível garantir eficácia dos processos
do CEM, visto que as ações e projetos
elencados pelos gestores não tem sido
devidamente acompanhados por eles.
4. CONSIDERAÇÔES FINAIS
Este estudo teve como principal objetivo
desvelar se o desempenho gerencial
mensurado através do indicador de adesão
às atividades propostas pela qualidade
garante a eficácia dos processos no sistema
de gestão da qualidade in loco avaliado por
meio de auditoria interna.
Pode-se que concluir que a metodologia
empregada nesta pesquisa mostrou-se
satisfatória para alcançar o objetivo deste
trabalho, uma vez que foi possível analisar o
desempenho gerencial utilizando o sistema
SigQuali e a planilha de auditoria interna
como ferramenta.
Considerando os resultados obtidos, foi
possível verificar que a discrepância dos
dados obtidos através do indicador de
auditoria interna confrontados com os dados
do sistema SigQuali ,compreende-se uma
diferença de 51%, evidenciando que a
qualidade nos serviços é incipente quando
confrontado com a qualidade documental.
Nota-se ainda que os gestores estão focados
em executar tarefas burocráticas para ganhar
os respectivos pontos nos indicadores
adotados pela instituição, mas não dão a
mesma ênfase nos processos in loco,
deixando a desejar a aplicabilidade das
exigências imbuídas na NBR ISO 9001:2008 e
assim a qualidade dos serviços.
A instituição de saúde, foco deste trabalho,
pode decidir implementar o processo de
comparação utilizado nessa pesquisa o que
trará ganhos em seu processo real de
auditoria, preservando com maior apreço os
processos gerenciais para um bem comum.
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Gestão pela Qualidade - Volume 1
64
ANEXOS
Gestão pela Qualidade - Volume 1
65
Capítulo 7
Olímpio Jayme Neto
Lúcia A. M. Abrantes
Resumo:O presente artigo foi desenvolvido com o objetivo de analisar, com a
utilização do modelo SERVQUAL, a qualidade na prestação de serviços de uma
empresa de aluguel de máquinas agrícolas. Para tanto, foram desenvolvidas uma
pesquisa bibliográfica e uma pesquisa exploratória. Quanto à natureza da
pesquisa, essa foi de cunho quantitativo. Como resultado da mesma, obteve-se que
as dimensões apresentadas na
escala SERVQUAL
estão
atendendo
as
expectativas dos clientes da empresa analisada. Conclui-se que o modelo
SERVQUAL explora de maneira ampla todos os ambientes em uma empresa e que
a sua aplicação é necessária e eficaz em uma organização na qual se preza pela
qualidade nas prestações de serviços.
Palavras chave: prestação de serviços; qualidade no serviço; escala Servqual.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
66
1. INTRODUÇÃO
A crise na economia brasileira tem afetado
significativamente o país em seus diversos
setores. O governo diminuiu o número de
obras, ocasionando queda na construção civil
e dificuldade para as construtoras. O
agronegócio é um dos únicos setores que tem
apresentado
um
índice
positivo
de
crescimento.
O crescimento comprovado pelo número de
obras no estado de Goiás, e também da
agricultura, havia ativado o mercado de
prestação de serviços e aluguel de máquinas.
Porém a crise brasileira tem afetado o atual
cenário econômico do estado, as empresas
de construção civil e usinas, que tem tido
dificuldade para manter o ritmo acelerado. A
ordem é cortar gastos e frear serviços para
diminuir custos.
Para que empresas
prestadoras de serviço mantenham-se
competitivas nesse escasso mercado, é
essencial o atendimento, da melhor maneira
possível, aos seus clientes, satisfazendo as
suas reais necessidades.
Segundo Neves (2006), na luta pela
sobrevivência, organizações têm buscado
oferecer qualidade em produtos e serviços.
Pois, diante da concorrência, que oferece os
mesmos produtos, o atendimento e a
qualidade do serviço prestado ao cliente são
os principais fatores de vantagem competitiva
entre as organizações.
Assim, este artigo buscou responder a
seguinte questão de pesquisa: Qual a
qualidade de serviços de locação oferecidos
pela empresa Paiol Agropecuária aos seus
clientes? E teve como objetivos: avaliar a
qualidade do serviço oferecido; aumentar o
nível de satisfação do cliente e identificar os
pontos negativos na prestação do serviço.
Para tanto, foi feito uma pesquisa de campo
utilizando a escala SERVQUAL, que mostra a
diferença entre a expectativa e a percepção
do cliente, possibilitando, assim, mensurar a
qualidade dos serviços prestados pela
empresa estudada.
O presente artigo apresenta, inicialmente,
fundamentação teórica, posteriormente
metodologia, na sequencia a análise
apresentação de resultados e, em seguida,
conclusão.
a
a
e
a
A seguir serão apresentadas as teorias que
embasam o artigo.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 SERVIÇOS
Para Las Casas (2010), serviços constituem
uma transação realizada por uma empresa ou
por um indivíduo, cujo objetivo não está
associado à transferência de um bem.
Kotler (1998) explica serviços como quaisquer
atos ou desempenhos em que uma parte
ofereça a outra que seja necessariamente
intangível, não resultando em propriedade.
Entre as várias definições e colocações sobre
bens e serviços, destaca-se a de Rathmell
(2010). Em uma distinção implícita que faz
entre bens e serviços, ele considera bem
como alguma coisa – um objeto, um artigo,
um artefato ou um material – e um serviço
como um ato, uma ação, um esforço, um
desempenho.
Os tipos de serviços classificados pelo autor
são:
Serviços de alojamento e alimentação
Serviços de reparação, manutenção e
confecção;
Serviços de higiene pessoal, saunas,
termas e fisioterapia;
Serviços de diversões, radiodifusão e
televisão;
Serviços auxiliares da agricultura e da
pecuária, excetuados aqueles sob
contrato - Esse é o tipo de serviço
prestado pela empresa apresentada
neste artigo;
Serviços
auxiliares
de
atividade
financeira;
Serviços auxiliares do transporte;
Serviços
técnicos
especializados
auxiliares à construção e ao estudo e
demarcação
do
solo,
incluído
agenciamento e locação de mão-de-obra;
Serviços de limpeza, higienização,
decoração e outros serviços domiciliares
sob encomenda de um indivíduo;
Serviços pessoais;
Serviços auxiliares diversos;
Serviços de telefonia;
Serviços de Logística Terceirizada;
Serviços para construção civil – também
oferecido pela empresa apresentada
neste artigo;
Gestão pela Qualidade - Volume 1
67
2.2-LOCAÇÃO DE SERVIÇOS
Lovelock e Gummesson (2011) argumentam
que serviços envolvem uma forma de locação
por meio da qual os consumidores podem
obter benefícios. Os clientes valorizam
experiências e soluções desejadas e estão
dispostos a pagar por elas. Pagar pelo uso
temporário de um objeto ou pelo acesso a
uma instalação física constitui um modo de os
consumidores usufruírem de itens que não
podem comprar, ou que não se justifica
comprar, ou que preferem não adquirir para
após o uso deixá-los guardados ou arcar com
despesas para mantê-los. Segundo os
mesmos autores, pode-se identificar cinco
amplas categorias no âmbito da estrutura de
não propriedade:
Serviços de locação de bens: esses
serviços permitem aos consumidores
obter o direito temporário de usar um bem
físico que eles preferem não possuir. Por
exemplo: máquinas agrícolas, itens esses
oferecidos a locação pela empresa
apresentada neste artigo.
Locação de espaços e locais delimitados:
Os consumidores obtêm o uso de uma
porção delimitada de um espaço maior
em um prédio ou em uma área: uma sala
comercial, um assento em um avião, uma
mesa em um restaurante.
Locação de mão de obra e experiência:
os consumidores contratam outras
pessoas para executar um trabalho que
optam por não fazer eles mesmos.
Exemplo: limpar casa.
Acesso
a
ambientes
físicos
e
compartilhados: ambientes em que se é
cobrado para visitar ou usufruir. Por
exemplo: museus, parques temáticos,
resorts, etc.
Acesso a sistemas, redes e seu uso: onde
os consumidores pagam para participar
de uma rede específica, como por
exemplo, os bancos.
Em muitos casos, duas ou mais dessas
categorias podem ser combinadas. Ao
viajar de avião, você está alugando um
piloto e um avião.
2.3 QUALIDADE NO SERVIÇO
Lovelock e Wright (2001) comentam que a
qualidade dos serviços e a satisfação dos
clientes não são a mesma coisa, já que as
percepções dos clientes se baseiam em
avaliações cognitivas de longo prazo e a
satisfação é uma reação emocional de curto
prazo. Muitas vezes o que os clientes
recebem não é aquilo que esperavam e isso
traz um desconforto, também chamado de
lacuna. Em relação aos prestadores de
serviços, esses devem reduzir tais falhas ao
máximo para que consigam conquistar a
confiança de seus clientes.
Segundo os autores Lovelock, Wirtz e
Hemzo(2011), existe uma série de fatores
fundamentais ao desenvolvimento de uma
boa imagem para uma empresa prestadora
de serviços: a diferença entre o que os
clientes esperavam e o que perceberam ter
sido entregue. São os denominados GAP’s,
que ocorrem quando há uma diferença entre
expectativa do cliente e sua interpretação
pela empresa.
GAP 1 – o do conhecimento - É a
diferença entre o que os provedores de
serviços acham que os clientes esperam
e as reais necessidades e expectativas
dos clientes.
GAP 2 – o da política – É a diferença entre
as percepções da gerência sobre as
expectativas dos clientes e os padrões de
qualidade estabelecidos para a entrega
do serviço.
GAP 3 – o da entrega – É a diferença
entre
os
padrões
de
entrega
especificados e o real desempenho do
provedor de serviço.
GAP 4 – o das comunicações – É a
diferença entre o que a empresa
comunica e o que é, de fato, entregue.
GAP 5 –o das percepções – É a diferença
entre o que é realmente entregue e o que
os clientes percebem como recebido
GAP 6 – o da qualidade de serviço – É a
diferença entre o que os clientes esperam
receber e suas percepções do serviço
que foi entregue.
Os mesmos autores explicam as principais
estratégias para eliminar GAP’s de qualidade
de serviço. Partindo do GAP 1, a solução
cabe ao gerente, que deverá ser treinado
para saber o que os clientes esperam, sendo
responsável pela implantação de um sistema
de feedback dos clientes, uma pesquisa
ampla de mercado e a facilitação da
comunicação entre o pessoal de atendimento
e a gerencia.
Já para solucionar o GAP 2 é orientado o
processamento correto de serviços e a
especificação de padrões, acertando o
atendimento ao cliente, utilizando-se de um
Gestão pela Qualidade - Volume 1
68
mecanismo rigoroso, sistemático e centrado
no cliente para planejar e replanejar
processos de serviço ao próprio cliente. Outra
orientação é que, para cada etapa da entrega
de serviço, estabeleça-se um conjunto de
metas claras de qualidade de serviço
desafiadoras, realistas e explicitamente
elaboradas para satisfazer as expectativas
dos clientes.
O GAP 3 é solucionado assegurando-se o
cumprimento de padrões por parte do
desempenho de serviços. É necessário o
esforço do gestor para que as equipes de
atendimento ao cliente estejam motivadas e
capazes de seguir padrões de serviço. As
equipes devem estar bem treinadas para
desempenhar as tarefas com eficácia e com
habilidades interpessoais para lidar com
clientes
sob
condições
estressantes.
Investimento em tecnologia também é
essencial para a solução do GAP 3, pois
aparelhos
mais
adequados
e
com
manutenção
em
dia
aumentam
o
desempenho de tal maneira que se executa o
desenvolvimento exigido pelo cliente com
mais rapidez e qualidade.
O GAP 4 é solucionado assegurando-se que
as promessas da comunicação sejam
realistas e corretamente compreendidas pelo
cliente. A propaganda deve ser realizada com
garantia de que gerará expectativas realistas
nos clientes. Para isso, é necessário que o
próprio gestor ou o responsável pela
comunicação com o cliente seja bem treinado
e capaz de articular com precisão essa
atividade. Após a conclusão do trabalho, é de
suma importância a explicação do que foi
feito em relação a fatura.
Para a correção do GAP 5, é essencial
informar ao cliente sobre o que será feito
durante o andamento do serviço e explicar o
ocorrido, após a entrega, mostrando os
detalhes. O cliente irá apreciar a qualidade do
serviço recebido.
O GAP 6 é o mais importante, pois é um
resultado final acumulado dos outros 5 GAPs,
além de ser um externo entre o cliente e a sua
percepção como consumidor com a empresa
que ofereceu o serviço. Preenchendo os 5
GAPs, automaticamente o GAP 6 estará
solucionado.
Para Las Casas (2010), a qualidade em
serviços está ligada à satisfação. Um cliente
satisfeito com o prestador avaliará um serviço
como de qualidade. Para gerar satisfação e
tornar-se uma prestação de serviços de
qualidade, o administrador deverá tomar
certas precauções. Em primeiro lugar, deverá
avaliar as expectativas. Um cliente forma
expectativas de acordo com as promessas
feitas pelos vendedores, pelas experiências
passadas com a empresa ou concorrentes e
até mesmo com o comentário de outras
pessoas. Essas são essenciais para a
satisfação. Se o resultado de uma prestação
de serviços iguala a expectativa, o cliente fica
satisfeito. Ainda segundo o autor, para
desenvolver serviços com qualidade é
necessário que os administradores tenham
uma sequência de procedimentos como
pesquisar,
estabelecer
uma
cultura,
desenvolver treinamento e estabelecer
mecanismos
de
controle.
Dando
continuidade, o mesmo autor aponta os
fatores que os clientes observam na avaliação
de uma prestação de serviço:
Tangibilidade: os clientes tendem a
avaliar toda a evidência possível nos
prestadores de serviços. Escritórios,
layout,
equipamentos
e
máquinas
utilizados, aspectos de higiene e
aparência dos funcionários ajudam a
formar uma impressão.
Confiança: refere-se à capacidade de um
prestador de serviços de executar suas
tarefas de forma segura e correta.
Responsividades: a capacidade de
prestar serviços com boa vontade e
prontidão também é avaliada pelos
clientes.
Auto-confiança: os clientes observam a
capacidade dos prestadores de serviços
de gerar confiança por meio de
conhecimento e cortesia.
Empatia: refere-se ao cuidado, atenção
individualizada, aspecto de o funcionário
da empresa colocar-se no lugar do
consumidor, a fim de prestar serviços
adaptados às reais necessidades de
cada um.
2.4 O MODELO SERVQUAL
O modelo de questionário SERVQUAL é uma
seleção dos conceitos de qualidade no
serviço com um amplo aprofundamento.
Segundo LOVELOCK, WIRTZ E HEMZO
(2011), para medir a satisfação do cliente
com os aspectos da qualidade de serviço,
Volarie
Zeithmaml
e
seus
colegas
desenvolveram um instrumento de pesquisa
por
levantamento
denominado
de
SERVQUAL. Zeithmaml e seus colegas
Gestão pela Qualidade - Volume 1
69
Parasuramam
e
Berry,
em
1988
desenvolveram este modelo que consiste em
medir a diferença entre expectativa e a
percepção do cliente. O método utiliza cinco
fatores capazes de influenciar a avaliação
geral dos clientes em relação à qualidade do
serviço. Para o método SERVQUAL,
considera-se cinco dimensões, tais como:
Confiabilidade: prestar o serviço
conforme o combinado, mantendo a
precisão, a consistência e a
segurança.
Receptividade: engloba velocidade e
prontidão no atendimento ao cliente.
Tangibilidade: relacionam-se todas as
evidências físicas a que o serviço
está inserido, bem como funcionários
e equipamentos.
Empatia: tratar o cliente com
cordialidade, cuidado e atenção
individual.
Segurança: simplicidade e segurança
nos serviços prestados.
Segundo Freitas (2006), essas dimensões do
modelo
SERVQUAL
são
consideradas
importantes para que a satisfação dos
clientes seja alcançada.
LOVELOCK, WIRTZ E HEMZO (2011) alertam
algumas limitações do modelo SERVQUAL.
Segundo os autores, embora o modelo seja
muito utilizado por empresas de serviços, há
uma série de limitações nesse método. Para
isso, a maioria dos pesquisadores que
utilizam o método, omitem, enriquecem ou
alteram a lista de afirmativas que visam medir
a qualidade de serviço. Outra pesquisa
sugere que o modelo SERVQUAL mede,
sobretudo, dois fatores: qualidade de serviço
extrínseca e qualidade de serviço intrínseca.
No entanto, essas constatações não
diminuem o valor da realização de Zeithaml,
Parasuraman e Berry na identificação dos
constructos fundamentais subjacentes à
qualidade de serviço, mas destacam a
dificuldade na medição das percepções de
qualidade do cliente e a necessidade de
customizar dimensões e métricas ao contexto
pesquisado.
O modelo SERVQUAL é constituído por 22
itens que compõem as cinco dimensões ou
determinantes da qualidade. O emprego do
modelo SERVQUAL é realizado em duas
etapas: na primeira, são mensuradas as
expectativas dos clientes. Na segunda, são
mensuradas as percepções dos clientes em
relação ao serviço prestado. Segundo Bitner e
Zeithaml (2003), para utilizar o método
SERVQUAL e assim medir a qualidade do
serviço, é necessário calcular, primeiramente,
a diferença entre expectativas e as
percepções do serviço. Dessa forma, obtémse o valor ou GAP para cada afirmação do
questionário, definido como a diferença
obtida entre o serviço percebido e o serviço
desejado. Assim, quanto maior for o índice
positivo, maior será a superioridade do
serviço.
A aplicação da pesquisa consiste em três
instantes
distintos
e
sequenciais:
primeiramente o cliente é perguntado como
ele, enquanto cliente, imagina ser a empresa
ideal em determinado ramo de atividade, com
a aplicação do questionário apresentado no
quadro 1 a seguir, para avaliar a expectativa
dos clientes. A primeira parte do questionário
(22 itens) foi desenvolvida para medir o nível
desejado – ou ideal - do serviço de uma
determinada empresa.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
70
Quadro 1: SERVQUAL – Questionário para Analisar a Expectativa dos Clientes
LEGENDA:
- concordo integralmente
- discordo
1.Empresas de locação de máquinas agrícolas têm
equipamentos modernos.
2. O ambiente físico das empresas de locação de máquinas
agrícolas é agradável.
3. Os empregados das empresas de locação de máquinas
agrícolas tem boa aparência.
4. O material associado ao serviço prestado nas empresas de
locação de máquinas agrícolas, tais como faturas, impressos
ou panfletos, têm uma boa aparência visual.
5. Quando empresas de locação de máquinas agrícolas
prometem fazer algo em certo tempo, eles cumprem.
6. Quando um cliente tem um problema, as empresas de
locação de máquinas agrícolas demonstraram um sincero
interesse em resolvê-lo.
7. As empresas de locação de máquinas agrícolas fazem o
serviço certo da primeira vez.
8. As empresas de locação de máquinas agrícolas executam
seus serviços no tempo em que se comprometeram.
9. Empresas de locação de máquinas agrícolas persistem em
execuções de tarefas sem erros.
10. Os empregados de empresas de locação de máquinas
agrícolas prometem aos seus clientes os serviços nos prazos
em que eles serão executados.
11. Os empregados, nas empresas de locação de máquinas
agrícolas, dão atendimento com presteza aos seus clientes.
12. Os empregados, nas empresas de locação de máquinas
agrícolas têm sempre boa vontade em ajudar seus clientes.
13. Os empregados, nas empresas de locação de máquinas
agrícolas, nunca estão ocupados para esclarecer dúvidas dos
seus clientes.
14. O comportamento dos empregados de empresas de
locação de máquinas agrícolas inspira confiança nos clientes.
15. Os clientes de empresas de locação de máquinas
agrícolas sentir-se-ão seguros em suas transações com tal
estabelecimento.
16. Os empregados de empresas de locação de máquinas
agrícolas são corteses com seus clientes.
17. Os empregados, em empresas de locação de máquinas
agrícolas, têm os conhecimentos necessários para responder
às questões dos clientes.
18. Empresas de locação de máquinas agrícolas dão atenção
individual a cada cliente.
19. Empresas de locação de máquinas agrícolas têm horários
de funcionamento convenientes para todos seus clientes.
20. Empresas de locação de máquinas agrícolas têm
empregados que dão atendimento individual a cada cliente.
21 Empresas de locação de máquinas agrícolas estão
centradas no melhor serviço a seus clientes.
22. Empresas de locação de máquinas agrícolas entendem as
necessidades específicas de seus clientes.
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Gestão pela Qualidade - Volume 1
71
Na segunda parte da pesquisa, feita com a
aplicação do questionário apresentado no
Quadro 2, a seguir, o cliente é perguntado
sobre a empresa a ser analisada, ou seja, a
percepção.
Quadro 2: SERVQUAL – Questionário para analisar a percepção dos clientes sobre a empresa
questionada.
LEGENDA:
- concordo integralmente
- discordo
1. A empresa PAIOL AGROPECUÁRIA possui equipamentos modernos
2. O ambiente físico da empresa PAIOL AGROPECUÁRIA é agradável
3. Os funcionários e operadores de máquina da PAIOL AGROPECUÁRIA
têm boa aparência.
4. O material, associado com o serviço prestado da PAIOL
AGROPECUÁRIA, tais como faturas, impressos ou panfletos, têm uma
boa aparência visual.
5. A PAIOL AGROPECUÁRIA cumpre com os prazos combinados
6. Quando um cliente tem um problema, a PAIOL AGROPECUÁRIA
demonstra um sincero interesse em resolvê-lo.
7. A PAIOL AGROPECUÁRIA presta o serviço certo de primeira.
8. A PAIOL AGROPECUÁRIA irá executar seus serviços no tempo que se
comprometeu.
9. A PAIOL AGROPECUÁRIA persiste em executar as tarefas sem erros.
10. Os gestores da PAIOL AGROPECUÁRIA prometeram a seus clientes
os serviços nos prazos em que eles serão executados.
11. Os funcionários e gestores da PAIOL AGROPECUÁRIA dão
atendimento com presteza aos seus clientes.
12. Os funcionários, operadores e gestores da PAIOL AGROPECUÁRIA
terão sempre boa vontade em ajudar seus clientes.
13. Os funcionários, operadores e gestores da PAIOL AGROPECUÁRIA,
nunca estarão ocupados para esclarecer dúvidas dos seus clientes.
14. O comportamento dos funcionários, gestores e operadores da PAIOL
AGROPECUÁRIA inspirará confiança nos clientes.
15. Os clientes da PAIOL AGROPECUÁRIA sentem-se seguros em suas
transações com essa empresa.
16. Os empregados da PAIOL AGROPECUÁRIA são corteses com seus
clientes.
17. Os funcionários, operadores e gestores da PAIOL AGROPECUÁRIA
têm conhecimentos necessários para responder às questões dos
clientes.
18. Os funcionários e gestores da PAIOL AGROPECUÁRIA dão atenção
individual a cada cliente.
19.
A PAIOL AGROPECUÁRIA tem horários de funcionamento
convenientes para todos seus clientes.
20. A PAIOL AGROPECUÁRIA tem funcionários que dão atendimento
individual a cada cliente.
21. A PAIOL AGROPECUÁRIA está centrada no melhor serviço a seus
clientes.
22. A PAIOL AGROPECUÁRIA entende a necessidades específicas de
seus clientes.
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1 2 3 4 5 6 7
1 2 3 4 5 6 7
1 2 3 4 5 6 7
1 2 3 4 5 6 7
1 2 3 4 5 6 7
72
O terceiro e último momento da análise
SERVQUAL é onde subtrai-se a expectativa
pela percepção.
3. METODOLOGIA
Para a construção do artigo, foram feitos dois
tipos de pesquisa: a bibliográfica e a
exploratória.
Inicialmente foi desenvolvida uma pesquisa
bibliográfica para embasar teoricamente o
estudo. Segundo GIL (2006), a pesquisa
bibliográfica é desenvolvida com base em
material
já
elaborado,
constituído
principalmente de livros e artigos científicos.
Posteriormente, foi feita uma pesquisa
exploratória que “tem como finalidade
proporcionar maiores informações sobre
determinado assunto, facilitar a delimitação
de um tema de trabalho. Normalmente
constitui a primeira etapa de uma
investigação mais ampla. Desenvolve-se com
o objetivo de proporcionar uma visão geral,
do tipo aproximado, acerca de determinado
fato” (GIL, 2006, p.43).
Quanto à forma de abordagem, a pesquisa
desenvolvida foi de teor quantitativo, onde os
dados foram obtidos por meio de um número
de empresas pesquisadas e, em seguida
analisados estatisticamente. E qualitativo, em
que os dados obtidos foram analisados
indutivamente.
O instrumento utilizado na pesquisa foi a
escala SERVQUAL, que é utilizada para a
medição da qualidade do serviço, a qual se
levanta através de um questionário da
qualidade esperada pelo consumidor e outro
questionário da qualidade percebida pelo
consumidor. A qualidade do serviço
percebido por ele é obtida a partir da
subtração da qualidade percebida da
qualidade esperada. As respostas aos
questionários aplicados foram obtidas por email. A pesquisa foi aplicada no universo de
clientes da empresa Paiol Agropecuária,
constituído por uma pasta de seis empresas.
Depois de concluir a coleta de dados, os
resultados foram tabulados e posteriormente
analisados.
4. APRESENTAÇÃO DE RESULTADO
4.1 HISTÓRICO ORGANIZACIONAL
A paiol agropecuária, empresa de locação de
máquinas, foi fundada pelo senhor tasso josé
jayme em 2006. O nome paiol agropecuária, é
uma homenagem ao pai de tasso jayme, o
senhor olímpio jayme. Pai + ol (de olímpio),
chegando assim no nome paiol.
Após
perceber
a
oportunidade
na
necessidade de um maior número de
maquinários em uma Usina de cana de
açúcar na região de sua fazenda, Tasso José
Jayme decidiu comprar o primeiro trator para
locá-lo nessa mesma usina. Com sede em
Goianésia, a Paiol agropecuária cresceu,
ampliando o ramo de atuação e hoje conta
com 6 tratores de pneu, 07 moto-niveladoras,
02 carregadeiras, 03 adubadores com
capacidade de 10 toneladas cada, além de 1
caminhão Volkswagen modelo 13-190, 1
veículo Kombi, 1 veículo Volkswagen
SAVEIRO, 01 veículo FIAT UNO, 01 picape
AMAROK, somando um capital imobilizado de
aproximadamente R$ 6.000.000,00 (6 milhões
de reais). Possui também uma oficina e
borracharia completa e uma estrutura
necessária para alimentação e transporte dos
seus funcionários. A empresa orgulha-se de
jamais, nos oito anos de atividade, ter sofrido
quaisquer tipos de ações trabalhistas,
execuções, nem qualquer problema judicial, e
de todos os funcionários terem casa e carro
próprios, além de uma saudável convivência
com a empresa.
4.2 APRESENTAÇÃO
RESULTADOS
E
ANALISES
DOS
O Questionário SERVQUAL foi aplicado em
seis empresas clientes, que representam
100% da atual carteira de clientes da PAIOL
AGROPECUÁRIA. Foram obtidas respostas
das gerências dos setores de compra das
seis empresas pesquisadas. No primeiro
questionário foi perguntado qual a expectativa
do cliente em relação a prestação de serviços
do tipo de empresa em estudo. No segundo
questionário aplicado foi perguntado qual a
percepção do cliente em relação ao serviço
prestado pela PAIOL AGROPECUÁRIA.
O resultado dos dados levantados na
pesquisa, aqui apresentados e analisados, foi
calculado por meio da diferença entre a
percepção do cliente, relativa a cada item das
cinco dimensões da escala SERVQUAL, e
Gestão pela Qualidade - Volume 1
73
suas expectativas. Como o número declientes
que responderam o questionário foi de seis
empresas, a média de cada item é calculada
em:
6. 𝑥
= média por Item (expectativa do serviço e percepção do mesmo. )
7
6 = número de empresas que responderam o questionário deste artigo;
x = nota obtida no item;
7= avaliação máxima possível na escala SERVQUAL.
Para calcular a média SERVQUAL,
utilizado a seguinte formula:
foi
SERVQUAL = PERCEPÇÃO – EXPECTATIVA
Nas
dimensões
analisados:
Confiabilidade
foram
Cumprimentos dos prazos, interesse em
ajudar, execução correta de primeira vez,
servir conforme o combinado e execução
perfeita do serviço.
Na dimensão de
medidos os itens:
Receptividade,
foram
Boa vontade, atendimento com presteza e
disposição para tirar dúvidas dos clientes.
Já na dimensão Segurança, foram analisados
os itens:
Segurança em transações com a empresa,
certificação com prazos dados e se o
comportamento dos funcionários inspira
confiança para os clientes.
Na dimensão
avaliados:
de
Tangibilidade,
foram
Equipamentos, instalações físicas, aparência
dos funcionários e visual de documentos,
papeis impressos, faturas, panfletos, e etc.
A dimensão Empatia tem o maior número de
itens medidos:
Cortesia com os clientes, capacidade dos
funcionários de responder a todas as
questões dos serviços para o cliente, atenção
individual oferecida pela empresa aos
clientes, conveniência do horário de
funcionamento
da
empresa,
atenção
individual oferecida pelos funcionários aos
clientes, foco da empresa em oferecer o
melhor serviço ao cliente e a capacidade da
empresa
de
entender
necessidades
especificas dos seus clientes.
Seguem os quadros de apresentação dos
resultados e as respectivas análises das
dimensões que constituem a escala
SERVQUAL separadamente:
Quadro 3: Resultado da dimensão confiabilidade da escala SERVQUAL .
Dimensão
CONFIABILIDADE
Itens
Expectativa
Percepção
SERVQUAL
Cumprir prazos
3
6,16
3,16
Interesse em ajudar
6
7
1
Fazer o serviço certo
de primeira
5,16
7
1,84
Servir conforme
combinado
3
6,16
3,16
Execução perfeita
4,16
6,83
2,67
Fonte: Autor.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
74
Na dimensão de confiabilidade, a empresa
analisada obteve uma nota acima da
expectativa em todos os itens verificados pelo
questionário SERVQUAL. Destacaram-se os
itens: Cumprir Prazos e Servir Conforme o
, porém a expectativa já era alta. Os demais
resultados podem ser observados no quadro
acima.
Combinado, onde o serviço percebido obteve
uma nota superior a expectativa: 3,16 acima.
O item Interesse em ajudar obteve uma nota
máxima
na
percepção
dos
clientes
Quadro 4: Resultado da dimensão receptividade da escala SERVQUAL .
Dimensão
RECEPTIVIDADE
Itens
Expectativa
Percepção
SERVQUAL
Atendimento com presteza
4,5
6,8
2,3
Boa vontade
5,16
7
1,84
5
6,8
1,8
Tirar dúvidas
Fonte: Autor.
Na dimensão de confiabilidade, a empresa
analisada obteve uma nota acima da
expectativa em todos os itens verificados pelo
questionário SERVQUAL. Destacou-se o item
de Atendimento com Presteza, onde o serviço
percebido obteve uma nota superior a
expectativa: 2,3 acima. O item Tirar Dúvidas
obteve uma nota quase máxima na
percepção dos clientes, porem a diferença
entre a expectativa foi de 1,8 pontos. Os
demais resultados podem ser observados no
quadro acima.
Quadro 5: Resultado da dimensão Segurança da escala SERVQUAL .
Dimensão
SEGURANÇA
Itens
Expectativa Percepção SERVQUAL
Inspirar confiança
5,16
6,66
1,5
Segurança em transações
com a empresa
5,16
7
1,84
Certificação de prazo
4,16
6,16
2
Fonte: Autor.
Na dimensão de segurança, a empresa
analisada obteve uma nota acima da
expectativa em todos os itens verificados pelo
questionário SERVQUAL. Destacou-se o item
de Certificação de prazo, onde o serviço
percebido obteve uma nota superior a
expectativa: 2 pontos acima. O item Inspirar
confiança obteve uma nota quase máxima na
percepção dos clientes, porem a diferença
entre a expectativa foi de 1,5 pontos. Os
demais resultados podem ser observados no
quadro acima.
Quadro 6: Resultado da dimensão Tangibilidade da escala SERVQUAL .
Dimensão
TANGÍBILIDADE
Itens
Expectativa
Percepção
SERVQUAL
Equipamentos modernos
6,5
6,5
0
Instalações agradáveis
3,6
5
1,4
Aparência dos funcionários
6
5,16
-0,84
Visual agradável
5
7
2
Fonte: Autor.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
75
Na dimensão de Tangibilidade, o item Visual
Agradável obteve nota máxima na percepção
dos clientes. No item Equipamentos
modernos, a empresa analisada atendeu a
expectativa dos clientes. Porem, no item
Aparência dos funcionários, a empresa não
atendeu a expectativa dos mesmos. Os
demais resultados podem ser observados no
quadro acima.
Quadro 7: Resultado da dimensão Empatia da escala SERVQUAL.
Dimensão
EMPATIA
Itens
Expectativa
Percepção
SERVQUAL
Cortesia
5,33
6,66
1,33
Informar sobre todos os serviços
5
5,83
0,83
Atenção individual (empresa)
6,16
7
0,84
Horários convenientes
5,8
7
1,2
Atenção individual (funcionário)
3,6
6,6
3
Melhor serviço ao cliente
6,66
7
0,34
Entender necessidades
6,8
7
0,2
Fonte: Autor.
Na dimensão de empatia, a empresa
analisada obteve uma nota acima da
expectativa em todos os itens verificados pelo
questionário SERVQUAL. Na maioria dos
itens, a nota ao serviço percebido foi máxima.
Da mesma forma, a expectativa na maioria
dos itens também foi alta. Os resultados
podem ser observados no gráfico acima.
Os
dados
resultantes
da
pesquisa
apresentaram somente um item em que a
expectativa do cliente não foi atendida: a
aparência dos funcionários, que compõe a
dimensão
de
tangibilidade.
O
item
equipamentos modernos obteve uma média
empatada entre a expectativa do serviço e o
serviço percebido, o que mostra que a
empresa Paiol Agropecuária atendeu a
expectativa. A empresa analisada satisfez
acima da expectativa os outros 20 itens
restantes, o que demonstra que a Paiol
Agropecuária se preocupa com a prestação
de serviço de qualidade.
5. CONCLUSÃO
empresa PAIOL AGROPECUÁRIA. Para tanto,
foi utilizado o questionário SERVQUAL, que
mede as dimensões da qualidade esperada
pelo cliente e a qualidade percebida pelo
cliente.
Este objetivo foi atingido diante dos
resultados,
quando
observou-se
a
necessidade de que a empresa aqui
pesquisada desenvolva ações corretivas para
o único item em que a expectativa do cliente
não foi atendida. Ele se refere a aparência
dos funcionários. Saber quais os itens e as
dimensões avaliadas na prestação de seus
serviços que não estão atingindo as
expectativas
de
seus
clientes,
são
fundamentais para a empresa. Com isso, esta
poderá
investir
na
melhoria
das
características que não estão sendo
observadas como qualidade para a mesma.
Ao mesmo tempo, a empresa pôde conhecer
também os itens e as dimensões que estão
atendendo ou até superando as expectativas
de seus clientes, que propicia à esta uma
maior segurança quanto à fidelidade dos
mesmos.
O presente estudo teve como objetivo avaliar
a qualidade dos serviços oferecidos pela
REFERÊNCIAS
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Cozendey, M.Y. Emprego do SERVQUAL na
avaliação da qualidade de serviços de tecnologia
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assistencial em hospitais de São Paulo.Artigo
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Gestão pela Qualidade - Volume 1
76
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Pessoas, Tecnologias e Estratégia.São Paulo:
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Wright,
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Saraiva, 2001
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RS: Bookman, 2003
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atendimento: a chave para o seu sucesso pessoal
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consumer
perceptions of service quality.JournalofRetailing,
vol 64, nº 1, 12-40, New York University, Spring
1988.
[10]
Zeithanl,
V
Gestão pela Qualidade - Volume 1
77
Capítulo 8
Theresa Cristina da Silva Cavalcanti
Maria Angélica Miranda Guimarães
Suzana Carneiro Oliveira
Ana Paula Nunes Vieira
Resumo: O presente artigo terá como objetivo geral, realizar uma investigação da
gestão de processos em uma instituição pública de ensino, utilizando como base
um estudo de caso do processo estrutural e funcional da emissão de Certificações.
Dessa forma, buscou-se compreender como a gestão de processos pode otimizar
a elaboração e confecção dos diplomas tornando mais efetiva a qualidade na
prestação desse serviço. O método investigativo foi uma pesquisa exploratória e
descritiva com aspectos qualitativos. Os instrumentos utilizados como fonte de
dados foram: observação direta sistemática,
documentação, registros em arquivos e artefatos físicos. No decorrer do trabalho
foram diagnosticados os aspectos estruturais e funcionais do gerenciamento e
controle do processo analisado, identificando as dificuldades existentes. Por fim,
foram evidenciados os principais fatores que possam contribuir para a melhoria do
controle da tramitação dos processos em prol da qualidade total na prestação
desse serviço e apresentada uma proposta de ações para melhoria do controle da
tramitação dos processos de elaboração e confecção dos Diplomas e Certificados.
Palavras-chave: Qualidade Total, Gestão, Processos e Certificados
Gestão pela Qualidade - Volume 1
78
1. INTRODUÇÃO
Com o passar do tempo o mundo vivenciou
diversas transformações econômicas, sociais,
políticas e ambientais, tornou-se mais
globalizado e interligado, exigindo das
organizações
constantes
mudanças
e
atualizações para acompanhar o ritmo do
cenário atual. As preocupações em torno da
melhoria e controle dos procedimentos que
antes afetavam apenas as empresas
privadas, agora também atingem o setor
público.
As mudanças que ocorreram no mundo
durante
as
últimas
décadas
estão
intimamente ligadas a três conceitos: a
informação, as novas tecnologias e a
globalização.
Destas
grandes
transformações, surgem também novas
oportunidades. As empresas competitivas
estão sempre atentas às formas de se
beneficiarem de novas tendências e aplicálas às suas organizações. As novas
demandas estão atreladas ao acelerado
desenvolvimento tecnológico representado,
principalmente pela informática e por novos
modelos
organizacionais.
(GUIMARÃES,
2014)
Este cenário permite que a transmissão de
informações ocorra de maneira mais flexível e
ágil. Isso significa uma mudança também na
forma de se conceber os processos como um
todo, ocorrendo à ascensão da concepção de
planejamento e ações estratégicas. Assim, as
organizações necessitam estar sempre
atualizadas, buscando inovações, adaptandose às novas realidades do mercado.
(OLIVEIRA, 2013)
Há a constante necessidade de investimento
na capacitação dos seus funcionários,
motivando-os a participar conscientemente,
dos avanços sociais de suas empresas, uma
vez que o mercado estará sempre ávido pela
busca de profissionais que tenham a
capacidade de raciocinar, de criar, de tomar
decisões quando necessário e que se
dediquem, de forma total, aos projetos sob
suas
responsabilidades.
(CAVALCANTI2014)
Neste sentido, Guimarães (2000) diz que
também é um desafio para a administração
pública transformar estruturas burocráticas,
hierarquizadas em organizações flexíveis e
empreendedoras, sendo necessário para isto,
que as organizações públicas adotem
padrões de gestão desenvolvidos para o
ambiente das empresas privadas com as
adequações necessárias à natureza do setor
público.
Para se alcançar esses preceitos buscando
constantemente a gestão pela qualidade na
prestação de serviços, serão necessárias
constantes pesquisas. O presente artigo terá
como objetivo geral, realizar uma investigação
da gestão de processos em uma instituição
pública de ensino, utilizando como base um
estudo de caso do processo estrutural e
funcional da emissão de diplomas.
Dessa forma, surgiu a seguinte questão de
pesquisa: Como a gestão de processos pode
otimizar a elaboração e confecção dos
diplomas tornando mais efetiva a qualidade
na prestação desse serviço?
A partir daí, surgem os seguintes objetivos
específicos, que devem ser alcançados no
decorrer deste trabalho:
Diagnosticar os aspectos estruturais e
funcionais de gerenciamento e
controle do processo de elaboração
de diplomas;
Identificar as dificuldades existentes
durante o processo analisado;
Evidenciar os principais fatores que
possam contribuir para a melhoria do
controle da tramitação dos processos
em prol da qualidade total na
prestação desse serviço;
Esta investigação traz contribuição em termos
de conteúdo, já que aborda um estudo de
caso específico em uma Instituição Pública de
Ensino, debatendo o tema da gestão de
processos. Como foco geral a pesquisa visa
aprimorar a prestação de serviço, como um
instrumento de gestão estratégica em um
contexto específico. O método investigativo
foi uma pesquisa exploratória e descritiva,
que segundo Vergara (2010), se caracteriza
por explorar uma área com conhecimentos
reduzidos, pouco sistematizados atualmente,
na qual ainda existem diversas lacunas para
serem
preenchidas.
Os
instrumentos
utilizados como fonte de dados foram:
documentação; Registros em arquivos,
Artefatos físicos; Observação do participante;
observação direta.
Segundo Andrade (2012), estudo de caso
deve realizar a caracterização da pesquisa,
Gestão pela Qualidade - Volume 1
79
observação
do
ambiente
investigado,
entrevistas aos sujeitos atuantes e análise de
documentos. Sendo assim, o presente artigo
visa ser capaz de planejar, coletar e analisar
dados, de forma a ampliar a compreensão
sobre a melhoria de processos da
organização pesquisada, buscando analisar
criticamente o gerenciamento das etapas de
elaboração de diploma, em prol da qualidade
total.
2. REVISÃO DA LITERATURA
Durante muito tempo, as organizações
atuaram com o modelo de divisão do
trabalho. Com o avanço tecnológico
acelerado, os métodos de produção ficaram
mais complexos. O resultado disto foi à
substituição da visão do trabalho fragmentado
pela ideia de uma organização em processos,
este novo modelo apresentou melhores
respostas às expectativas dos clientes e mais
significado para os esforços dos envolvidos
nas demandas, dentro das organizações,
gerando a eficácia dos resultados. (VIEIRA,
2014)
Para Davenport (1994), um processo seria
uma ordenação específica das atividades de
trabalho no tempo e no espaço, com um
começo, um fim, inputs e outputs claramente
identificados, enfim, uma estrutura para a
ação.
Segundo Harrington (1993) que um processo
pode ser qualquer atividade que recebe uma
entrada (input), agrega-lhe valor e gera uma
saída (output) para um cliente interno ou
externo. O autor também aborda o tema do
Gerenciamento de Processos descrevendo
como objetivo tornar os processos: eficazes,
produzindo
os
resultados
desejados;
eficientes, minimizando o uso dos recursos; e
adaptáveis, acompanhando a variação das
necessidades dos clientes.
Para Villela (2000), a compreensão e
mapeamento das atividades de uma empresa
é essencial para o sucesso de um projeto de
gestão por processos. O mapeamento de
processos é uma ferramenta gerencial
analítica e de comunicação essencial para
líderes e organizações inovadoras que
intencionam promover melhorias ou implantar
uma estrutura voltada para novos processos.
Mapear um processo é extremamente
importante para analisar como funcionam
todos os componentes de um sistema, facilitar
a avaliação de sua eficácia e a identificação
de deficiências, fornecendo subsídio ao
tomador de decisão para verificar quais
atividades agregam ou não agregam valor à
operação.
Corroborando
com
este
entendimento, De Mello (2008) diz que:
A escolha do mapeamento como
ferramenta de melhoria se baseia em seus
conceitos e técnicas que, quando
empregadas de forma correta, permite
documentar todos os elementos que
compõem um processo e corrigir qualquer
um desses elementos que esteja com
problemas sendo uma ferramenta que
auxilia na detecção das atividades não
agregadoras de valor. (DE MELLO, 2008,
p.27)
O mapeamento dos processos também
ganha importância por sua função de registro
e documentação histórica da organização.
Como o aprendizado é construído com base
em conhecimentos e experiências passadas
dos indivíduos (conhecimento implícito ou
tácito), a organização não pode se arriscar,
em função de seus funcionários migrarem de
um emprego para outro ou se aposentarem, a
perder lições e experiências conseguidas ao
longo de muitos anos (VILLELA, 2000).
Segundo Campos (1994), a organização
precisa definir padrões para execução das
tarefas a fim de melhorar o fluxo de trabalho,
auxiliando também os indivíduos da
organização a desempenhar suas tarefas com
confiança, responsabilidade e obtendo um
ótimo desempenho.
Segundo Curi Filho (1999), a padronização
gera vários benefícios, sendo alguns deles:
permitir
a
utilização
adequada
dos
equipamentos, matérias-primas e mão de
obra; garantir o controle de produtos e
processos, contribuindo para a racionalização
de processos; e proporcionar aumento da
produtividade e a melhoria da qualidade de
produtos e serviço.
Campos (1994, p. 31) afirma que: “O padrão
é o instrumento que indica a meta (fim) e os
procedimentos (meios) para execução dos
trabalhos, de tal maneira que cada um tenha
condições de assumir a responsabilidade
pelos resultados de seu trabalho.”
Sobre os instrumentos para promover a
padronização das ações relativas à gestão
Gestão pela Qualidade - Volume 1
80
documental, o Arquivo Nacional (2001, p. 8)
diz que:
A utilização desses instrumentos, além de
possibilitar o controle e a rápida
recuperação de informações, orientará as
atividades de racionalização da produção
e fluxo documentais, avaliação e
destinação dos documentos produzidos e
recebidos, aumentando a eficácia dos
serviços arquivísticos da administração
pública em todas as esferas. (ARQUIVO
NACIONAL, 2001, p. 8)
A padronização é alcançada quando os
procedimentos operacionais são registrados
(documentos escritos), permitindo que o
passo a passo na execução da tarefa possa
ser
seguido
pelos
funcionários
da
organização. Para Campos (1992), deve
haver o registro formal do padrão, de maneira
simples, sem prolixidade e de fácil consulta
para o usuário final. O registro escrito é
essencial, pois, além de dar ao padrão um
caráter oficial e permitir o seu acesso por
pessoas que irão utilizá-lo, torna-se memória
da empresa.
A implementação do Gerenciamento de
Processos representa uma mudança cultural.
Para se trabalhar com a tal mudança, deve-se
ter um programa de treinamento técnico e
comportamental,
promovendo
o
aperfeiçoamento dos processos e a frequente
utilização de políticas organizacionais de
qualidade, assim como a gestão de
recursos.(ABNT, 2001)
Segundo os autores Ferreira, Torrecilha e
Machado (2010), o avanço tecnológico da
atualidade tornou eminente a necessidade de
manter o ambiente de trabalho otimizado.
Assim as organizações vêm buscando a
aplicação de melhorias nas atividades
rotineiras,
anteriormente
braçais
e
burocráticas,
alinhando-as
à
práticas
modernas e tecnológicas, gerando maior
aproveitamento das horas trabalhadas,
motivação nos colaboradores, evitando
retrabalho e desperdícios.
No contexto de desenvolvimento processos, a
gestão de documentos aparece como um
conceito importante, que ultrapassa a prática
arquivista, a guarda e a conservação da
informação registrada em um suporte. Um
acompanhamento estratégico documental
significa a sobrevivência e a competitividade
de
uma
instituição,
conduzindo
à
transparência das atividades, possibilitando a
governança e o controle das informações.
Este gerenciamento assegura, de forma
eficiente,
a
produção,
administração,
manutenção, destinação e o uso adequado
de processamento de dados. (RIBEIRO,
2010)
A informação é um dos bens mais valiosos
para as organizações. Então, é importante
possuir um instrumento que seja capaz de
disponibilizar as informações com agilidade e
gerenciá-las para que a organização possua
condições de tomar decisões. Segundo Stair
e Reynolds (2005), informação pode ser
definida como um conjunto de fatos
organizados de tal maneira que possam obter
valor adicional, maior do que o valor dos fatos
individuais.
Para propagar as informações são utilizados
Sistema de Informação. Este sistema pode ser
automatizado (também denominado Sistema
de Informação Computadorizado) ou manual.
Turban; MacLean; Wetherbe (2004) relatam
que o sistema de informação, assim como
qualquer outro sistema, inclui inputs (dados,
instruções) e outputs (relatórios, cálculos). O
sistema de informação pode operar dentro de
um
ambiente,
não
necessariamente
computadorizado.
3. ANÁLISE DE DADOS
A presente investigação foi realizada em uma
Instituição Pública de Ensino, visando o
aprimoramento da gestão de processos, com
o enfoque no estudo de caso, direcionado ao
setor de elaboração de diplomas e
certificações de Ensino Médio e Técnico. É
importante destacar, que a organização
analisada possui como público-alvo de
maneira geral a própria sociedade, mais
especificamente os alunos concluintes.
Por se tratar de um estudo em que o
pesquisador esteve em contato direto com o
ambiente do objeto observado, esta pesquisa
pode ser classificada como qualitativa. Este
tipo e análise têm como preocupação
fundamental, a investigação do mundo
empírico em seu ambiente natural. Nessa
abordagem valoriza-se o contato direto e
prolongado do pesquisador com o ambiente e
a situação que está sendo estudada.
(GODOY, 1995, p.62)
O desenvolvimento da pesquisa foi realizado
em duas etapas, na primeira foi feito o
Gestão pela Qualidade - Volume 1
81
levantamento e análise da documentação,
registros de arquivos e artefatos físicos. Na
segunda utilizado o método de observações
sistemáticas diretas, que possuem as
características definidas a seguir no quadro 1:
Quadro 1 – Quadro-resumo das técnicas de observação
Fonte: ALVAREZ (1991:570)
Através da metodologia de observação é
possível a percepção dos comportamentos e
acontecimentos no momento em que eles se
produzem,
sem
a
interferência
de
documentos ou
pessoas. A observação
atenta dos detalhes coloca o pesquisador
dentro do cenário de forma que ele possa
compreender a complexidade dos ambientes
psicossociais, ao mesmo tempo em que
permite uma interlocução mais competente.
Assim, a observação é mais adequada para
uma análise de comportamentos espontâneos
e à percepção de atitudes não verbais,
podendo ser simples ou exigindo a utilização
de instrumentos apropriados (ZANELLI,
2002).
3.1 ANÁLISE DE DADOS – SÍNTESE DAS
OBSERVAÇÕES
A observação foi realizada no setor da
secretaria, denominado Departamento de
Registro Acadêmico (DERAC), durante os
meses de janeiro e fevereiro de 2015. Para
este relato foi selecionado o setor especifico
SEDIC - Seção de Diplomas e Certificações e
os setores relacionados diretamente com o
processo analisado. Nesse período, foi
possível acompanhar a realização de todo
processo de elaboração de diploma e
Certificados, desde sua solicitação até a
entrega do documento ao aluno.
3.1.1
MAPEAMENTO DOS ASPECTOS
ESTRUTURAIS DO PROCESSO DE
ELABORAÇÃO DE DIPLOMAS
A partir das observações realizadas e o
levantamento de documentação pertinente ao
processo foi verificado que o SEDIC é o setor
responsável pela elaboração de todos os
Diplomas dos cursos Técnicos e Certificados
do Ensino Médio da unidade sede e de todas
as demais unidades. Para que ocorra a
emissão das certificações é necessário que
várias etapas distintas ocorram, que serão
especificadas nos tópicos a seguir:
3.1.1.1 - 1º ETAPA - SOLICITAÇÃO DO
DIPLOMA OU DO CERTIFICADO
Para a emissão do diploma alguns
procedimentos
devem
ser
seguidos
rigorosamente pelos alunos, de forma
individual. É necessário o preenchimento de
um requerimento de solicitação no setor de
protocolo do DERAC, bem como a entrega de
cópias dos seguintes documentos:
Gestão pela Qualidade - Volume 1
82
Quadro 2 – Documentação para Solicitação de Certificação
Documentos solicitados
pelo aluno
Cópias exigidas
- Certidão de Nascimento ou Casamento
- RG
- CPF
Diplomas do Ensino
Técnico Concomitante
-Título de Eleitor com comprovante de votação da última
eleição;
- Certificado de Reservista
- Certificado do Ensino Médio
- Histórico do Ensino Médio e do Técnico
- Certidão de Nascimento ou Casamento;
- RG;
- CPF;
Diplomas do Ensino
Técnico Integrado
-Título de Eleitor com comprovante de votação da última
eleição;
- Certificado de Reservista;
- Certificado do Ensino Fundamental;
- Histórico do Ensino Fundamental e do Técnico;
- Certidão de Nascimento ou Casamento;
- RG;
- CPF;
Certificados do Ensino
Médio
-Título de Eleitor com comprovante de votação da última
eleição;
- Certificado de Reservista;
- Certificado do Ensino Fundamental;
- Histórico do Ensino Fundamental e do Ensino Médio;
Fonte: Próprio autor
3.1.1.2 - 2º ETAPA - ELABORAÇÃO DO
PROCESSO
Após a solicitação realizada pelo aluno, o
requerimento com as cópias anexadas é
encaminhado à SEDIC, para que seja feita a
análise de toda a documentação que consta
no processo e verificado se está de acordo
com as exigências e leis vigentes. Para esta
verificação é necessário que, seja solicitada
ao setor de arquivo, a pasta do aluno, na qual
consta todo o registro físico da vida
acadêmica do mesmo. Paralelo a este
procedimento ocorre também à consulta aos
dados do aluno no sistema on-line da
instituição.
O aluno que não apresentar um ou mais
documentos exigidos, ou não estiver com a
situação de conclusão definida, terá o
requerimento retido, até que a pendência seja
solucionada, podendo ter o processo
arquivado, caso a solução não seja dada num
prazo de três meses. Estando com a situação
regularizada é realizado o cadastro em ordem
numérica e sequencial para controle inicial
dos Diplomas e Certificados que serão
emitidos.
A partir daí, é realizada a confecção e
impressão de todos os Diplomas e
Certificados de nível Médio e Técnico de toda
a Instituição, incluindo todas as Unidades,
cursos à distância e de Proeja. Em seguida,
ocorre o registro deste documento, no livro da
seção, em folhas numeradas, rubricadas, com
termos de abertura e encerramento,
assinados pelo gestor da Instituição. Em
seguida os dados de conclusão são
registrados na pasta do aluno e em um banco
Gestão pela Qualidade - Volume 1
83
de dados virtual referente a um controle
interno da documentação.
3.1.1.3 3º ETAPA: CONCLUSÃO DO
PROCESSO DE ELABORAÇÃO DAS
CERTIFICAÇÕES
Na etapa final de elaboração dos diplomas e
certificados, o processo é encaminhado para
os setores responsáveis por gerenciar os
cursos de Técnicos e de Ensino Médio, e para
a direção da Instituição, para que sejam
assinados e carimbados.
Após as assinaturas estes documentos
retornam ao setor de protocolo do DERAC,
prontos para serem entregues aos alunos
solicitantes. O controle dessa retirada é feito
através de uma ficha de registro de diplomas,
na qual são demarcados os dados referentes
à conclusão do curso, a data da entrega e
exigida assinatura do responsável por retirar o
referido documento de certificação.
3.2 ANÁLISE DE DADOS – RELATOS DAS
OBSERVAÇÕES
No período de observação, foi possível
acompanhar o desenvolvimento de vários
processos de solicitação e elaboração dos
Certificados e Diplomas. Dentre estes, foram
selecionados cinco casos específicos, de
acordo com o tipo de solicitação e
diversidade
das
características
dos
processos, a fim de exemplificar, a presente
pesquisa. Para não citar nomes dos
requisitantes dos processos, utilizaremos a
nomenclatura por letras, em ordem alfabética.
A seguir destacaremos cada um deles:
3.2.1 1º CASO – SOLICITAÇÃO ALUNO A
O aluno A solicitou o diploma no ano de 2016,
no setor de protocolo, contudo concluiu o
curso em 1970, tendo cursado na instituição
de ensino o Ensino Médio Integrado ao Ensino
Técnico. Sendo assim, a certificação
dependeria dos dados existentes na pasta do
aluno, já que nesse período não existia
sistema on-line. Por se tratar de um histórico
antigo esta pasta foi solicitada a Seção de
Arquivo, que repassa o pedido para setor
denominado arquivo geral ou permanente,
contudo
o arquivamento deste tipo de
documento é feito em outra unidade diferente
da que emite os diplomas. Isso torna todo o
processo mais demorado, apesar do prazo
estabelecido ao aluno ser o mesmo
independente da época de formatura.
Diante disso, outra opção é consultar arquivos
de microfilmagem gravados em CDs,
existente na Seção de Arquivo, que deveria
conter todos os documentos existentes na
pasta. Contudo, algumas vezes os dados não
conseguem ser visualizados, por defeito nas
unidades de armazenamento, ou, em outros
casos, os documentos disponíveis estão
incompletos.
No caso do aluno A, a microfilmagem foi
acessada, contudo ao visualizar o histórico do
aluno gerou dúvida quanto a carga horária
existente. Para confirmação desses dados foi
preciso aguardar a pasta física para confirmar
se este documento estava incompleto ou não,
o que atrasou a elaboração da certificação.
Após a chegada da pasta, a dúvida ainda
permaneceu.
Para solucionar esta problemática foi
necessário contatar o setor de coordenação
do curso técnico do aluno, e solicitar a grade
curricular detalhada, do ano correspondente.
Com isso, foi possível confirmar os dados e
elaborar o documento corretamente, apesar
de levar muito mais tempo do que o previsto.
3.2.2 2º CASO – SOLICITAÇÃO ALUNO B
O aluno B solicitou o diploma no ano de 2016,
no setor de protocolo, contudo concluiu o
curso em 2000, tendo cursado na instituição o
Ensino Médio concomitante ao Ensino
Técnico. Contudo, o aluno entregou o
requerimento
faltando
cópias
dos
documentos que comprovassem a conclusão
desta modalidade.
Foi solicitada a pasta física do aluno e
verificado no sistema on-line da instituição a
fim de confirmar previamente os dados da
formatura. Contudo foi verificado que o aluno
B, não havia concluído o curso técnico,
apenas o Ensino Médio. A partir daí, para
tentar esclarecer essa situação o SEDIC,
tentou contato telefônico com o aluno, mas
sem sucesso.
Passado algum tempo, o aluno entrou em
contato com a instituição para saber o
andamento do processo, quando finalmente
foi possível esclarecer que o requerimento
havia sido preenchido errado e na verdade se
tratava de uma solicitação correspondente a 2
º via do Certificado do Ensino Médio, já que a
Gestão pela Qualidade - Volume 1
84
aluno não havia concluído o curso técnico
efetivamente.
3.2.3 3º CASO – SOLICITAÇÃO ALUNO C
O aluno C solicitou diploma de Curso Técnico
realizado na modalidade de Educação à
Distância, em seu polo de estudo. Contudo o
requerimento só chegou ao SEDIC cerca de
três meses depois da data preenchida no
requerimento e não havia número de
protocolo nem um controle de recebimento.
No decorrer do processo de elaboração o
sistema on-line da instituição foi consultado e
verificou-se pendência de nota no histórico do
aluno. Para regularizar isso foi necessário o
contato com o aluno e com o coordenador do
curso para a correção da situação. Só após
isto, foi elaborado o documento de
certificação, tendo levado um prazo muito
maior do que o esperado.
corrigidas para que não ocorressem erros e
divergências nos documentos. Assim, acabou
ocorrendo um retrabalho na reconstrução das
grades nos modelos de certificações e
desgaste dos colaboradores envolvidos.
3.2.5 5º CASO – SOLICITAÇÃO ALUNO E
O aluno E solicitou no setor de protocolo a
elaboração do Certificado do Ensino Médio, a
pasta física foi solicitada a seção de Arquivo e
a documentação estava correta, o documento
foi
devidamente
confeccionado
e
encaminhado aos setores responsáveis por
gerenciar os cursos de Ensino Médio, e para
a Direção da Instituição, para que fosse
assinado e carimbado. No entanto, ocorreu
um atraso na devolução do Certificado
assinado, além disso, quando este voltou ao
SEDIC verificou-se que não haviam sido
colocados os carimbos, assim, o documento
retornou aos setores de assinatura onde
foram carimbados.
3.2.4 4º CASO – SOLICITAÇÃO ALUNO D
No período analisado foram solicitados vários
diplomas para diversas unidades, entre estes
uma
unidade
específica
apresentou
divergência
nos
dados
da
grade
disponibilizada ao SEDIC, a grade acessada
no sistema on-line da instituição e as
informações apresentadas no histórico do
aluno.
Isso exigiu que fosse realizado um contato
com os coordenadores das unidades para
que essas informações fossem verificadas e
3.3 ANÁLISE DE DADOS
Embasado em Carvalho (2014), para a
realização de observação sistemática o
pesquisador-observador
deve
definir
antecipadamente os critérios a serem
avaliados.
Diante
disso,
almejou-se
diagnosticar criticamente a qualidade da
gestão do processo de elaboração e
confecção de Diploma e Certificados,
definindo-se as seguintes categorias de
observação para estudo:
Quadro 2 – Documentação para Solicitação de Certificação
Categorias de Observação
Gestão de documentos
Controle e fluxo informação no
trâmite de processos
Gestão do tempo
Análise Realizada
Buscou-se verificar como ocorre a gestão de
documentos e as principais falhas existentes
Observou-se como ocorre a transmissão de
informação, controle de dados e utilização de
sistemas de informação; as definições de
padrões e se há existência de manuais, para
controlar o fluxo de trabalho, auxiliando também
os indivíduos da organização a desempenhar
suas tarefas com confiança;
Foi diagnosticado como ocorre o gerenciamento
do tempo e as dificuldades encontradas no
decorrer do processo para a manutenção dos
prazos.
Fonte: Próprio autor
Gestão pela Qualidade - Volume 1
85
3.3.1 GESTÃO DE DOCUMENTOS
Segundo os autores Bae e Kim (2002) os
documentos
desempenham
um
papel
importante nos processos de negócio, pois
são amplamente utilizados como suportes de
dados por muitas instituições. Assim, um dos
índices observados foi a gestão de
documento da Instituição pesquisada.
A partir das observações foi verificado que
desde o momento em que o aluno solicita o
diploma ou o certificado são constatadas
falhas no atendimento do protocolo. Os dados
nas documentações muitas vezes são
imprecisos e/ou incompletos.
A conferência da documentação exigida nem
sempre é feita de maneira correta e o
processo fica parado, aguardando que o
aluno retorne a instituição para resolver as
pendências.
Outro problema observado, durante o
gerenciamento de documentos, foi a
dificuldade de acesso a dados arquivados
nas pastas físicas dos alunos e nos sistemas
on-line, que provocaram dúvidas durante a
confecção das certificações, originando
retrabalho, desgaste da equipe e atraso na
confecção do documento.
3.3.2 GESTÃO DO TEMPO
A partir das observações foi diagnosticado
como ocorre que o gerenciamento do tempo
e verificou-se que em todos os casos
observados há uma série de problemas
relacionados à gestão eficiente do processo.
Isso acabou originando a má administração
do tempo de espera de informações e
prejudicando
a
confecção
final
das
certificações e entrega do documento para o
solicitante, ou seja, gerou dificuldades na
manutenção dos prazos, comprometendo a
qualidade do processo.
Segundo Costa (2002), uma das variáveis
mais implacáveis é o tempo, além de ser
difícil de quantificar o custo do atraso, que
acaba gerando insatisfação e perda de
oportunidades
de
crescimento
da
organização.
Foi realizada a observação de como ocorre à
transmissão e controle da informação e
utilização de sistemas automatizados ou não.
Verificou-se que na maior parte das vezes as
informações são de difícil acesso, defasadas,
desqualificadas e desordenadas, gerando
redundância de dados.
Em alguns casos foi diagnosticado, o que
Freire (2006) denominou de barreiras de
comunicação. Isso diminuiu a eficiência do
processo de confecção de diplomas, gerando
obstáculos
apresentados
tanto
pelos
emissores do atendimento, que algumas
vezes
transmitiam
as
informações
indevidamente para os usuários, quando
pelos próprios pelos receptores, que
apresentaram dificuldade para a real
utilização da informação, preenchendo
requerimentos indevidamente e/ou com
ausência de documentação exigida.
Outro fator importante verificado foi à
ausência de manuais para padronizar os
procedimentos realizados no decorrer do
processo. Segundo Julliatto, Lezana, Facchini
e Cantú (2012), muitas informações são
perdidas com a substituição, afastamento ou
aposentadoria de um funcionário, por
exemplo, gerando falta de comunicação e/ou
falta de flexibilidade.
Diante disso, é necessário que haja
metodologias que façam com que os
conhecimentos sejam absorvidos da melhor
maneira possível minimizando a perda de
informação ou o esquecimento de atividades
importantes para a prestação do serviço. Para
isso, seria necessária a existência de um
mapeamento tangível das informações, com o
registro e transmissão das demandas, criando
um manual de orientação eficiente.
Através do mapeamento do processo e
análise dos registros históricos da área
estudada, também foi possível identificar
desperdícios, avaliar o fluxo de valor das
atividades e criar um plano de ações, para
propor melhorias e otimizar o trabalho. Para
isso, foram utilizados como referência os
autores Ferreira, Torrecilha e Machado (2010),
para análise das seguintes categorias:
agenda, alinhamento de objetivos, alteração,
controle, espera, fluxo irregular, padronização
e variabilidade.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
86
Quadro 3 – Observação das Categorias de desperdícios
Tipo de desperdício
Consequência expostas pelos
autores
má utilização dos horários.
Agenda
Alinhamento de Objetivos
Alteração
quando os objetivos são mal
entendidos e a energia é gasta
com esforços desnecessários,
gera-se um retrabalho para
corrigir possíveis erros.
esforços gastos quando há
alterações em processos sem
que sejam estudados os
possíveis riscos e
desdobramentos.
energia gasta para controlar e
monitorar não gerando
melhorias no desempenho.
Controle
Situação Observada no Estudo
de Caso
O prazo de confecção das
Certificações não foi respeitado
na maioria dos casos citados;
Devido à ausência de
informação das grades, mau
preenchimento dos
requerimentos, falta de dados
no sistema on-line e falha nos
processos microfilmados.
Ocorreram diversas situações
em que o processo de
elaboração foi interrompido ou
teve que ser recomeçado,
gerando alteração e atrasos
nos prazos finais.
Acontece uma série de ações
de controle no protocolo das
solicitações, que algumas
vezes é feita sem orientação e
acaba gerando requerimentos
preenchidos inadequadamente
comprometendo o andamento
do processo, como o caso do
aluno B.
Fluxo irregular
Espera
recursos investidos em
materiais ou informações que
se acumulam entre as estações
de trabalho gerando
desperdícios.
diz respeito ao tempo de
espera de informações,
reuniões, assinaturas, ligações
entre outros.
energia usada quando um
trabalho não é devidamente
executado pelos envolvidos.
Padronização
Variabilidade
recursos usados para
compensar ou corrigir
resultados que fogem do
esperado.
Fonte: Próprio autor
Gestão pela Qualidade - Volume 1
Como no caso de
microfilmagem que as
informações se acumulam, mas
as vezes não geram as
soluções necessárias.
Em todos os casos observados
houve uma série de problemas
relacionados a administração
do tempo de espera de
informações, assinaturas e
contatos telefônicos.
Em alguns casos ocorre o
recebimento de requerimento
faltando cópias de
documentos, pois os
responsáveis pelo protocolo
não executaram uma
conferência.
No caso do aluno A, por
exemplo, foi necessário
contatar outros setores para
confirmar os dados da grade
curricular para realizar
possíveis correções. Essa foi
ação de variabilidade, pois
foge da ações padrões.
87
De maneira geral, esse cenário compromete o
desempenho e o alcance de objetivos no
âmbito
organizacional,
por
meio
da
informação, pois tendem a aumentar os
custos de operação, dificultar a comunicação
e
a
interação
entre
indivíduos
e
departamentos. Para evitar tais adversidades,
é necessário à otimização do fluxo de
informação agiliza os processos decisórios da
organização. A mentalidade enxuta (lean
thinking), quando aplicada às organizações,
identifica qual o valor esperado por
clientes/usuários, gerando padrões em
processos produtivos, eliminando falhas e
melhorando-os
continuamente.
(GREEF;FREITAS, 2006)
4 PROPOSTA DE MELHORIA
A partir das observações realizadas na
Instituição estudada foi feito uma análise
identificar as dificuldades existentes durante o
processo de confecção de diplomas. Em
consonância com a literatura estudada, a
seguir dispõem-se uma proposta de ações
para contribuir com a melhoria do controle da
tramitação dos processos de elaboração e
confecção dos Diplomas e Certificados, em
prol da qualidade na prestação desse
serviço.
Por meio das análises dos resultados, podese perceber a dificuldade em controlar o
trâmite de processos de certificação, devido
ao fato de estes percorrerem vários setores
da instituição e não existir padronização dos
procedimentos de registro e nem um sistema
de informação confiável que permita a rápida
recuperação da informação. De acordo com
Van Bruggen (2013), a transparência e
consistência das informações é um fator
essencial e podem resultar em maior
eficiência e flexibilidade dos processos.
Uma primeira proposta pode ser a
implementação
de
programas
de
gerenciamento de registros, que invistam em
sistemas de gerenciamento eletrônico de
documentos e registros para que a
informação possa ser acessada pela pessoa
certa, na hora certa, com o mínimo de esforço
e
custo.
(JOSEPH;DEBOWSKI;GOLDSCHMIDT, 2013).
Isso significa, que durante a consulta de
dados para elaboração das certificações
deve haver um sistema automatizado
confiável, contendo todas as informações
necessárias, bem como, a documentação
física arquivada, tanto do aluno como das
grades dos cursos, sejam de fácil acesso e
completas.
Quanto a gestão de documentos, Bernardes e
Delatorre (2008) dizem que para realizar o
controle documental, desde sua produção até
a sua destinação final, torna-se necessário
assegurar a integração dos protocolos com
os arquivos visando à padronização dos
procedimentos
técnicos.
Assim,
seria
necessária a aproximação do SEDIC com
diversos setores por onde tramita o processo,
por exemplo, o Setor de Arquivo Permanente,
que se localiza fisicamente em outra unidade,
o que acaba gerando demora no acesso a
pastas de alunos mais antigos.
Outra
necessidade
eminente
é
o
gerenciamento geral do processo. Netto
(2004) diz que implicaria em: melhor
entendimento
do
funcionamento
da
organização,
definição
adequada
de
responsabilidades, utilização eficiente dos
recursos, a prevenção e solução de
problemas e a eliminação de atividades
redundantes.
Isso significa realizar um mapeamento mais
detalhado das demandas realizadas no
decorrer do processo. Para Cerqueira (2010),
o mapa de atividades detalha o trabalho feito
pela organização, fornecendo uma visão
sistêmica
que
possibilita
identificar,
documentar,
analisar
e
desenvolver
melhorias.
A partir daí, propõem a construção de um
manual de procedimentos que respalda as
ações e procedimentos a serem realizados no
decorrer processo de elaboração de
Diplomas e Certificados. Os autores Kojima e
Iwata (2012) relatam que as organizações
apresentam preocupações sobre a saída de
conhecimento e know-how, devido à
transferência ou aposentadoria de pessoal
experiente, ou falhas de transferência de
conhecimento e que, para evitar a
descontinuidade do trabalho, as organizações
devem manter as informações importantes
através da utilização de mecanismos formais
de documentação.
Outra proposta importante é a efetivação de
treinamento da equipe que elabora as
certificações e seus pares, como por
exemplo, o setor de protocolo. Segundo
Bohlander e Snell (2010), o objetivo do
treinamento é contribuir para a realização das
metas gerais da empresa. Baseando-se nisto,
é que os programas de treinamento devem
ser desenvolvidos. Em muitas empresas,
Gestão pela Qualidade - Volume 1
88
dificilmente ocorre a ligação entre os objetivos
estratégicos e os programas de treinamento.
Os gerentes devem estar atentos às metas e
estratégias da empresa e orientar o
treinamento de acordo com elas.
5 CONCLUSÃO
A sociedade tem exigências relativas ao
controle dos procedimentos, que no passado
afetavam somente as empresas privadas, e
agora chegam também às organizações
públicas, que procuram ferramentas para que
consigam atender às expectativas dos
cidadãos.
Baseado nisto, o artigo foi elaborado
buscando realizar uma investigação da
gestão de processos em uma instituição
pública de ensino, utilizando como base um
estudo de caso do processo estrutural e
funcional da emissão de diplomas. Então,
primeiramente, realizou-se a verificação de
tais fatores no gerenciamento e controle do
processo de elaboração destas certificações.
Os seguintes aspectos foram observados:
como ocorre a gestão de documentos e as
falhas existentes; de que maneira acontece a
transmissão de informação, controle de dados
e utilização de sistemas de informação; se há
existência de definições de padrões e de
manuais;
de
que
forma
ocorre
o
gerenciamento do tempo; e as dificuldades
encontradas no decorrer do processo para a
manutenção dos prazos.
Então,
foram
detectadas
algumas
dificuldades existentes durante o processo
analisado, como: falhas no atendimento do
protocolo,
informações
imprecisas,
conferência incorreta da documentação
exigida, a dificuldade de acesso a dados
arquivados nas pastas físicas dos alunos e
nos sistemas on-line.
Além disso, percebeu-se que geralmente as
informações são de difícil acesso, defasadas,
desqualificadas e desordenadas, causando
redundância de dados, e que não existem
manuais para padronizar os procedimentos.
Outra dificuldade diagnosticada foi a má
administração do tempo.
A partir daí, foi
possível
identificar
importantes aspectos que podem auxiliar na
melhoria do controle da tramitação dos
processos em favor da qualidade total na
prestação do serviço, como: mapeamento
tangível das informações; criação de um
manual; implementação de programas de
gerenciamento de registros; aproximação do
SEDIC com setores por onde tramita o
processo; gerenciamento geral do processo;
mapeamento detalhado das demandas
realizadas; treinamento da equipe.
Enfim, através deste artigo, foi possível
verificar desperdícios, avaliar o fluxo de valor
das atividades e criar um plano de ações,
para propor melhorias e otimizar o trabalho,
buscando tornar mais efetiva a qualidade na
prestação do serviço de emissão de
diplomas. Acredita-se que o presente estudo
possa servir de base a todas as instituições
de ensino que buscam solucionar questões
similares.
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Tapping, D.; Shuker, T. Lean Office:
Gerenciamento do fluxo de valor para áreas
administrativas - 8 passos para planejar, mapear e
sustentar melhorias Lean nas áreas administrativas.
São Paulo: Leopardo Ed., 2010.
[25]
Vergara, S. C. Projetos e Relatórios de
Pesquisa em Administração. 12ªed. São
Paulo: Atlas. 2010.
[26]
Vieira , A. P. N. Proposta de Melhoria de
Tramitação de Processos para uma Instituição
Pública de Ensino: O Estudo de Caso Cefet-RJ.
2014. 111f. Dissertação (Mestrado em Sistemas de
Gestão) Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção, Universidade Federal
Fluminense, Niterói, 2014
[27]
Villela, Cristiane da Silva Santos.
Mapeamento de Processos como Ferramenta de
Reestruturação e Aprendizado Organizacional.
2000.
Dissertação
de
M.Sc.
Ppep/Ufsc,
Florianópolis, SC, 2000.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
90
Capítulo 9
Hercules Guimarães Honorato
Helga Campos de Azevedo Guimarães
Resumo: O objetivo desta pesquisa é apresentar a situação vivenciada em uma
organização da Marinha do Brasil (MB), situada na cidade de São Paulo, em
relação ao seu clima organizacional. Estipulou-se como problema desta pesquisa:
Em que medida o clima organizacional interfere na satisfação e no desenvolvimento
laboral dos militares de uma organização da Marinha? A abordagem dessa
investigação é de cunho qualitativo, com pesquisa documental e bibliográfica como
técnicas exploratórias, onde se buscou estabelecer relações sobre a cultura e o
clima organizacionais, além de apresentar a moldura normalizadora
institucionalizada que é o Programa Netuno, que ampara a análise em curso. A
instituição analisada conta com uma tripulação total de 10 oficiais e 13 subalternos,
sendo considerada de pequeno porte dentro da Administração Naval. Como base
empírica desejada a este estudo, foi utilizado e aplicado um questionário contendo
63 questões para toda a tripulação. A avaliação do clima organizacional no
ambiente da Administração Naval é desenvolvida por intermédio do Programa
Netuno, que visa à institucionalização de boas práticas de gestão, permitindo que
as organizações militares da MB busquem a melhoria contínua dos processos
inerentes as suas atividades. Pode-se perceber da análise dos questionários que o
índice de satisfação da tripulação para com a organização é elevado, o que
apresenta um bom clima organizacional. Com este estudo, pode-se entender como
o clima organizacional interferiu na satisfação e no desenvolvimento laboral de uma
organização da Marinha, apresentando todos os problemas e anseios que podem
resultar em um aumento da motivação de sua tripulação.
Palavras-chave: Clima Organizacional. Gestão pela qualidade. Marinha do Brasil.
Motivação. Programa Netuno.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
91
1. INTRODUÇÃO
“Se antes a terra e depois o
capital, eram fatores decisivos
da produção [...] hoje o fator
decisivo é, cada vez mais, o
homem em si, ou seja, seu
conhecimento” (Papa João
Paulo II1, grifo nosso)
O mundo globalizado atual trouxe uma
revolução dos meios de tecnologia e
comunicações, gerando desafios nas mais
diversas organizações. Drucker (1999, p.166)
corroborado pela encíclica do Papa João
Paulo II, citada da epígrafe acima, concluiu
que a sociedade contemporânea está num
período de transição no qual os meios de
produção
foram
substituídos
pelo
conhecimento, sendo o valor criado pela
“‘produtividade’ e pela ‘inovação’, que são
aplicações do conhecimento ao trabalho, e
que [...] a pessoa instruída irá representar a
sociedade na sociedade pós-capitalista, na
qual o conhecimento tornou-se recurso
principal”.
Tem-se a noção de que o homem instruído
transforma o conhecimento em valor para sua
instituição, porém, a situação na realidade
não é tão simples assim. O envolvimento do
sujeito individual, ao participar de um coletivo
em seu lugar laboral, tem diversos pontos que
devem ser acompanhados para que a
eficácia funcional do todo não caia pela
ruptura do elo da corrente mais fraco. Por isso
mesmo, um dos componentes a ser
acompanhado é a motivação do indivíduo em
estar desenvolvendo com qualidade o seu
trabalho, independente do conhecimento que
o mesmo tenha de sua atividade.
A Marinha do Brasil (MB) é uma instituição
permanente e regular, tendo como alicerces
estruturantes os princípios da hierarquia e
disciplina. Pertence a administração pública
direta, tem que obedecer aos princípios de
legalidade,
impessoalidade,
moralidade,
publicidade e eficiência para o atingimento
dos anseios da sociedade (BRASIL, 1988,
grifo nosso). A eficiência deve fazer parte das
ações que serão desenvolvidas no ambiente
da Marinha e nas diversas organizações
militares
(OM)
que
a
constituem.
1Encíclica Centesimus Annus, de 1991 (STEWART,
1998, p. 11).
Independente de suas instituições não serem
baseadas na competitividade e no lucro, mas
na melhoria do desempenho, essas devem
otimizar os recursos orçamentários da Nação
e primar pelo excelente atendimento que
todos almejam quando procuram a MB.
Mello (2004, p.11) deixa claro que "a medida
de satisfação dos funcionários proporciona
importante indicador dos esforços da
empresa no sentido de melhorar a satisfação
dos seus clientes e o desempenho
operacional". Ambientes funcionais positivos
tendem a gerar condições favoráveis para o
desenvolvimento institucional, por essa razão
é importante que os programas de qualidade
total de qualquer tipo de empresa devam
reconhecer a qualidade que se deseja para
os seus funcionários e, em ato contínuo, para
o seu entorno operacional-comercial que
culminará, ao final, para a sociedade.
De modo análogo, a condução de uma OM é
um processo que consiste na "coordenação
das atividades e tarefas dos militares e
servidores civis da organização e na alocação
dos recursos organizacionais para alcançar
os objetivos estabelecidos de uma forma
eficaz e eficiente" (BRASIL, 2015, p.1-1).
Atividades funcionais de qualidade e relações
positivas com a sociedade, este é e será
sempre o motivador das Forças Armadas, em
um trânsito de mão dupla, onde o serviço a
ser ofertado ao contribuinte seja sustentado
por homens e mulheres que tenham, em
primeiro lugar, a motivação interna para
serem profissionais que representem os
valores das instituições militares, transferindo
qualidade ao público externo no alcance do
atendimento eficaz.
Por isso são importantes estudos sobre clima
organizacional em todas as atividades
humanas que produzem produtos/serviços, e
não poderia ser diferente nas instituições
militares. O objetivo desta pesquisa, portanto,
é apresentar a situação vivenciada em uma
organização da MB, situada na cidade de São
Paulo,
em
relação
ao
seu
clima
organizacional.
Ao navegar por águas da qualidade total,
estipulou-se como problema desta pesquisa:
Em que medida o clima organizacional
interfere na satisfação e no desenvolvimento
laboral dos militares de uma organização
militar da Marinha?
Para a consecução do objetivo colimado, este
artigo está dividido em três seções principais,
além da introdução e das considerações
Gestão pela Qualidade - Volume 1
92
finais. A primeira seção trata da metodologia
que foi utilizada no estudo. A seguir é feita
uma revisão bibliográfica, onde foram
conceituados em especial cultura e clima
organizacionais, além de trabalhar com a
diferenciação dos dois vocábulos; foi
apresentado também o Programa Netuno que
é utilizado pela Marinha em todas as suas
organizações. Por último, é analisado, com a
apresentação dos resultados, a pesquisa de
clima organizacional realizado na organização
militar do estudo.
Ao final, espera-se que este estudo seja
relevante para a Marinha e para a OM
avaliada no que tange uma metodologia
diagnóstica sobre clima organizacional, em
que toda a tripulação participou emitindo o
seu juízo de valor.
2. METODOLOGIA
A abordagem dessa investigação é de cunho
qualitativo, com pesquisa documental e
bibliográfica como técnicas exploratórias
iniciais, onde se buscou estabelecer relações
sobre a cultura e o clima organizacionais,
além de estabelecer a moldura normalizadora
que ampara a análise em curso em um
ambiente organizacional da MB. A escolha da
pesquisa qualitativa teve como escopo a
ênfase na interpretação, "na compreensão
das motivações, culturas, valores, ideologias,
crenças e sentimentos que movem os
sujeitos, que dão significado à realidade
estudada e não aos fatos observáveis e
passíveis de serem medidos estatisticamente"
(IVENICKI; CANEN, 2016, p.11). Conforme
esses mesmos autores, a análise documental
é um exemplo da metodologia qualitativa,
onde o pesquisador mergulha sobre fontes
escritas. O que é sustentado e ratificado por
Alves-Mazzoti e Gewandsnajder (1999, p.163)
em relação a este tipo de pesquisa, que ela é
“caracteristicamente multimetodológica, isto
é, usam uma grande variedade de
procedimentos e instrumentos de coleta de
dados”.
Os sujeitos da pesquisa foram os servidores
militares e civis, ou seja, a tripulação, de uma
organização da Marinha, situada na cidade
de São Paulo. A instituição analisada conta
com uma tripulação total de 10 oficiais e 13
praças subalternos (nível técnico), sendo
considerada de pequeno porte dentro da
Administração Naval. Destes oficiais apenas
quatro são militares de carreira, sendo os
outros seis temporários (reserva não
remunerada), enquanto todas as praças são
de carreira. Como informação complementar,
sua Tabela de Força de Trabalho prevê
quatro Oficiais e 15 Praças, com uma revisão
em andamento para incluir novas tarefas que
por ela estão sendo realizadas, tais como
toda a parte financeira e administrativa da
OM, que antes era apoiada pelo comando
superior.
Como base empírica desejada a este estudo,
foi utilizado e aplicado um questionário
contendo 63 questões para toda a tripulação,
com o prazo de uma semana para serem
respondido. A identificação pessoal era
opcional e as oito primeiras questões existiam
apenas como forma de censo da tripulação,
sem contar diretamente para a avaliação
sobre o Clima Organizacional. Estas questões
não serão tratadas neste artigo por não terem
implicação direta para o objeto de pesquisa.
As questões seguintes, no total de 48, foram
realizadas para definição do objeto deste
estudo e mais quatro questões para averiguar
o quanto a tripulação está consciente dos
documentos institucionais da Organização.
Estas questões continham duas escalas likert
para o grau de concordância e o grau de
importância de cada afirmação apresentada.
A primeira é a utilizada para definir o clima
atual da OM, a segunda demonstra o quanto
cada atributo do clima é importante para seus
questionados. Com isso pode-se averiguar
quais problemas devem ser solucionados
primeiramente dependendo de seu nível de
reprovação e sua importância para os
membros da Organização.
Por fim, quatro questões discursivas deveriam
ser respondidas para se entender melhor os
problemas e desafios a serem vencidos pela
Organização em estudo. Estas questões eram
relativas a melhoria tanto do Clima
Organizacional, da própria pesquisa e ainda
da OM. Uma compilação dessas respostas
será apresentada na conclusão deste
relatório.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A pesquisa teve como foco principal os
conceitos
que
envolveram
o
Clima
Organizacional e sua diferença existente para
a Cultura Organizacional. Foram abordadas
as dimensões possíveis de serem avaliadas
na organização por intermédio da relação
entre colaborador, grupo de trabalho e
empresa. Ao averiguar pontos relevantes que
Gestão pela Qualidade - Volume 1
93
possam afetar o desenvolvimento profissional
do sujeito envolvido em seu dia a dia, na sua
motivação para a sua eficácia laboral e na
gestão desejável da liderança administrativa
tanto no âmbito individual como coletivo,
pode-se entender que o escopo final da
gestão visa alcançar a vantagem competitiva
do seu negócio, qualquer que o seja.
uma organização (ESTRADA et al., 2009), e
poderemos conceituar Clima Organizacional,
visto que a cultura é que cria o Clima
Organizacional, porém é este que influencia,
em certa medida, a cultura da empresa, pois
"são faces de uma mesma moeda, são
conceitos complementares" (LUZ, 2003 apud
PAULA et al., 2011, p.63).
O primeiro conceito que deve ser
desenvolvido é o mais amplo, o da Cultura
Organizacional, que Paula e outros (2011)
afirmam que, a organização formal, com
estrutura de cargos e funções organizadas,
vai sofrendo modificações e ajustes no fazer
as coisas, transpondo inclusive as relações
hierárquicas, durante os anos de sua
existência, surgindo assim uma cultura que
vai se disseminando entre os seus integrantes
e que vai se incorporando gradativamente à
organização, o que a torna distinta das
demais.
O clima de uma organização qualquer "é o
produto da percepção dos seus membros [...]
é o resultado da interação entre as
características
das
pessoas
e
das
organizações [...] induz aos indivíduos a
tomar
determinados
comportamentos"
(ESTRADA et al., 2009, p.69, tradução nossa).
O que Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 505)
ratificam ao se referir "às percepções comuns
que os funcionários de uma organização têm
com relação à empresa e ao ambiente de
trabalho". O Clima Organizacional pode ser
bom, prejudicado ou ruim (LUZ, 2003 apud
PAULA et al., 2011), podendo ainda impactar
a qualidade dos serviços ou produtos a serem
oferecidos aos clientes.
O que é corroborado por Robbins, Judge e
Sobral (2010, p.501), ao conceituarem Cultura
Organizacional como sendo "[...] um sistema
de valores compartilhado pelos membros de
uma organização que a diferencia das
demais". O que esses autores deixam claro é
que a cultura da organização não tem nada a
ver se os funcionários gostam ou não das
empresas em que trabalham, é muito mais
amplo. Um conceito interessante aparece no
momento, o da cultura dominante, em que os
valores essenciais são compartilhados pela
maioria dos membros da organização.
Como este estudo tem foco na Marinha
brasileira, em norma de sua responsabilidade,
a Força Armada em questão conceitua
Cultura Organizacional bem similar ao que a
literatura explorada apresenta. Porém, sendo
uma instituição militar, alguns pontos são
complementados além daqueles já expostos.
Assim, o seu conceito para a Marinha é:
"conjunto de hábitos, valores e crenças
estabelecidos através de normas, atitudes e
expectativas compartilhados pelos membros
da organização, e expressa por meio de
símbolos, linguagem e cerimônias" (BRASIL,
2015, p.10-1).
Uma Cultura Organizacional forte tende que
os gestores envolvidos se preocupem menos
em desenvolver regras e regulamento para
orientação dos seus funcionários (ROBBINS;
JUDGE; SOBRAL, 2010). A partir desse
ponto, é estruturada a Cultura Organizacional
como o padrão geral de condutas, crenças e
valores compartilhados pelos membros de
Um reforço no tema se faz necessário em
relação ao que a MB expõe como a
diferenciação
entre
Cultura
e
Clima
Organizacionais. Não fugindo também do
referencial teórico levantado, a Cultura se
refere a estrutura profunda da organização,
com fundamentos estruturantes nos valores,
crenças e suposições de todos os membros
da organização. O Clima é mensurável,
sentimentos que são percebidos pelos
trabalhadores que vivem e labutam no
ambiente interno da organização e que
influencia a motivação e o comportamentos
dessas pessoas.
O que é justificado também por Chiavenato
(2003, p.540) que "o importante é que o clima
organizacional tem uma influência poderosa
na motivação das pessoas e sobre o
desempenho e a satisfação no trabalho". Por
isso mesmo que as pesquisa sobre Clima
Organizacional são importantes, pois "tiram a
temperatura das organizações e podem ser
muito úteis para determinar as causas da
baixa motivação do empregado" (SANTOS,
2000 apud PAULA et al., 2011, p.65). A boa
ou a má qualidade do clima organizacional
pode intervir na produtividade, na qualidade
do trabalho, na satisfação do trabalhador, nas
faltas constantes (absenteísmo) e mesmo na
alta ou baixa rotatividade (turnover).
A figura 1 apresenta os principais
componentes que fazem parte e podem
Gestão pela Qualidade - Volume 1
94
interferir no Clima Organizacional. No
os trabalhos têm que ser desenvolvidos, a
ambiente tanto interno quanto externo ao
comunicação e as decisões a serem tomadas
trabalho, o trabalhador encontra diante de si
têm que ser claras e objetivas, uma
os seus motivos e necessidades, no ambiente
dependência atual da tecnologia, além é claro
interno poderemos visualizar a estrutura
das estratégias motivacionais, que em suma
organizacional, os grupos ou equipes em que
seria o bem-estar laboral.
Figura 1 - Modelo integrativo para entendimento do Clima Organizacional
Fonte: Sbragia (1983, p.31).
Da mesma forma para Cultura Organizacional,
a Marinha
também conceitua Clima
Organizacional
em
seus
documentos
normativos. Assim, o Clima "está intimamente
relacionado com a motivação dos membros
da organização, expressando os sentimentos
que a força trabalho tem em relação ao seu
ambiente de trabalho, à organização como
um todo, aos clientes e a si mesmos"
(BRASIL, 2015, p.10.1, grifo nosso).
Podemos, portanto, realçar três pontos
importantes a serem observados na avaliação
do Clima Organizacional de uma organização
de qualquer porte ou segmento em relação
aos seus funcionários: a motivação, os
sentimentos e o ambiente de trabalho. Se
formos
pensar
numa
metáfora
para
relativizarmos
Cultura
e
Clima
Organizacionais teríamos um iceberg. O
Clima seria a parte do iceberg que aparece
na superfície, pequeno e visível, enquanto a
Cultura seria a parte sua submersa, uma
estrutura maior, forte, constante e que
dificilmente sofrerá alterações visíveis de
curto prazo.
Assim
exposto,
surge
uma
questão
importante: o que vem a ser motivação
pessoal em um ambiente de trabalho?
Segundo Chiavenato (2003, p.539), motivação
é "a qualidade ou propriedade do ambiente
organizacional
que
é
percebida
ou
experimentada
pelos
participantes
da
organização e que influencia o seu
comportamento". Esse autor ainda expõe um
"estado de ajustamento" (CHIAVENATO, 1999,
p.105), onde a satisfação das necessidades
de pertencer a um grupo social de estima, e
de auto realização. O que Estrada et al.
(2009, p.73, grifo nosso) complementa que a
produtividade
laboral
é
diretamente
proporcional ao bem-estar e a felicidade do
trabalhador, um ser biossocial, o que ao final
deixa claro que "a riqueza de toda a
organização está em seu capital humano [...]
sem ele não há organização nem razão de ser
dela".
Poderemos resumir que é importante e
relevante a obtenção de ambientes laborais
positivos, onde funcionários e grupos de
trabalhos possam encontrar condições
favoráveis para trabalharem com eficácia,
motivados para o seu pleno desenvolvimento
como indivíduos, tanto no ambiente interno
quanto no externo, e assim melhorar a
satisfação dos seus clientes e o desempenho
Gestão pela Qualidade - Volume 1
95
operacional. Por isso mesmo, uma pesquisa
de avaliação do Clima Organizacional se
torna necessário, pois ao final, com certeza,
desejamos "ouvir a voz do cliente interno"
(MELLO, 2004, p.12).
Existem estudos sobre as dimensões que
devem ser avaliadas em relação ao Clima
Organizacional e os aspectos do ambiente
que levam à provocação de diferentes
espécies de motivação. Chiavenato (2003)
apresenta seis dimensões: (i) Estrutura
Organizacional, quanto mais liberdade tanto
melhor o clima; (ii) Responsabilidade, quanto
mais incentivos, tanto melhor será o clima
organizacional; (iii) Riscos, quanto mais
impulsionadora, tanto melhor o clima; (iv)
Recompensas,
quanto
mais
estimular
recompensas e incentivos, tanto melhor
também será o clima; (v) Calor e apoio,
quanto mais calorosa a relação no ambiente
interno, melhor para o clima; e (vi) Conflito,
quanto mais incentivo a diferentes pontos de
vista, tanto melhor será o clima na
organização.
Como apresentação de um modelo mais
completo e amplo sobre as dimensões ou
variáveis para avaliação, Roberto Sbragia
(1983) nos apresenta vinte possibilidades
previstas
na
literatura
acerca
dos
procedimentos e formas de mensuração do
Clima Organizacional, a saber: Estado de
Tensão, Conformidade Exigida, Ênfase na
Participação, Proximidades da Supervisão,
Consideração Humana, Adequação da
Estrutura, Autonomia Presente, Recompensas
Proporcionais, Prestígio Obtido, Cooperação
Existente, Padrões Enfatizados, Atitude frente
a conflitos, Sentimento de Identidade,
Tolerância Existente, Clareza Percebida,
Justiça
Predominante,
Condições
de
Progresso, Apoio Logístico Proporcionado,
Reconhecimento Proporcionado, e Forma de
Controle2.
A avaliação do Clima Organizacional no
ambiente da Administração Naval é
desenvolvida por intermédio do Programa
Netuno.
Este
programa
visa
à
institucionalização de boas práticas de
gestão, permitindo que as OM busquem a
melhoria contínua dos processos inerentes as
suas atividades. Em estudo realizado por
Conceição (2012, p.72), o autor concluiu que
2
p.33).
Vide Figura 4 - Roberto Sbragia (1983,
o referido programa "pode melhor contribuir
para o cumprimento das atividades da MB à
proporção que sua aplicação dirija-se com
maior ênfase às atividades não operativas
dessa Força Armada". Ressaltou-se também
que a sua implantação poderá causar alguns
problemas em virtude das características
inerentes a profissão militar, tais como as
relações profissionais inflexíveis, a hierarquia
e disciplina e a cultura militar.
Santos (2010) assevera que é importante
valorizar o capital humano pelo líder, que
deverá saber diagnosticar o ambiente,
conhecer seus homens, bem como identificar
com clareza a missão a ser cumprida e os
objetivos a serem atingidos. A autora citou
Senge (1990 apud SANTOS, 2010, p.20, grifo
do autor), que afirma que "as melhores
organizações do futuro serão aquelas que
descobrirão como despertar o empenho e a
capacidade de aprender das pessoas em
todos os níveis da organização". Ponto
também realçado é que a qualidade do
ambiente de trabalho é fator importante para
o desenvolvimento da competência do militar,
pois acarreta o desenvolvimento de
conhecimentos, habilidades e atitudes.
Assim exposto, o Programa Netuno estipula
que sejam realizadas periodicamente a
pesquisa de Clima Organizacional, pois "é um
importante indicador do grau de satisfação da
OM em relação [...] a realidade aparente da
organização, tais como: política de pessoal,
modelo
de
gestão,
[...],
valorização
profissional, qualidade de vida e identificação
com a OM" (BRASIL, 2015, p.10.2). A
periodicidade da pesquisa deve ser anual ou
quando a organização passar por mudanças
significativas, o que é bastante comum na
Marinha, pois a movimentação constante de
militares é um dos problemas sempre
expostos para a continuidade do ambiente de
trabalho hígido.
Existe, em cada organização da Marinha, um
Conselho de Gestão onde são apresentados
os resultados da pesquisa sobre Clima
Organizacional, "a fim de que sejam
propostas mudanças e soluções aos
problemas e sugestões apresentadas"
(BRASIL, 2015, p.10.3). O Conselho de
Gestão tem a finalidade de assessorar o
comandante ou o diretor da organização na
administração
econômico-financeira
e
gerencial
e
no
desenvolvimento
organizacional, bem como promover o
desenvolvimento e a implementação de
melhores práticas de gestão e avaliação dos
Gestão pela Qualidade - Volume 1
96
seus processos administrativos em uma
estratégia de aprimoramentos contínuos.
de perguntas para melhor entendimento dos
mesmos.
A similaridade dos modelos de valores
apresentados por Idalberto Chiavenato e
Roberto Sbragia, citados anteriormente, o
Programa Netuno apresenta em sua página,
na
intranet
da
Marinha
(http://netuno.dadm.mb), uma sugestão de
modelo de pesquisa, bem como outros
exemplos que podem sofrer adaptações para
cada realidade vivida na organização.
Contudo,
algumas
possibilidades
de
mensuração das dimensões da percepção da
tripulação se destacam, como autonomia,
confiança,
coesão,
suporte
gerencial,
reconhecimento,
inovação,
equidade,
estrutura,
sistemas
de
comunicação,
responsabilidade, remuneração, segurança,
consideração, cordialidade entre outras.
Para o primeiro grupo apresentado no Gráfico
1, pode-se perceber que o convívio com
pares e superiores é tido como agradável
(78,9%), porém com uma percepção de
desconfiança, já que 36,8% acredita que as
pessoas não confiam umas nas outras. Os
militares também acreditam participarem com
sugestões quando veem a necessidade
(84,2%), contudo com um entendimento
razoável de que nem sempre os superiores
estão prontos para aceitar sugestões (15,8%).
Mesmo assim, acreditam que seu chefe
imediato ouve o que tem a dizer (84,2%), que
são auxiliados por pares e superiores quando
necessitam (89,4%) e que procuram apoio de
outros setores quando necessitam (94,8%).
O que se pode concluir é que o convívio e
relação entre subordinados e superiores são
bons e bem vistos na organização, não
4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
obstante com uma desconfiança entre as
COLETADOS
pessoas a ser considerada já que esta
apareceu na resposta dos questionários.
Os questionários foram avaliados por grupos
Gráfico 1 – Questões 9 a 16 do Questionário
Fonte: Os autores.
Para as perguntas representadas no Gráfico 2, os militares acreditam que seu trabalho é
reconhecido e valorizado tanto pelos seus
companheiros
(84,2%)
quanto
pelo
Departamento (73,7%) e indicariam a OM
para outros trabalharem (94,7%). Além de
terem orgulho de trabalhar em seu
departamento (89,5%) e na OM (89,5%). Uma
pequena quantidade de militares não gosta
da função atual (10,5%) e 15,8% é indiferente.
Todos identificam a importância de seu
63,2% dos militares acreditando que podem
trabalho e metade se sente encorajado a
participar das decisões que os afetam
(52,6%), mas este número decresce quando é
relativo ao reconhecimento de estímulo pelo
chefe para o seu desenvolvimento, com
42,1% se sentindo indiferente e 5,3% não se
percebendo estimulado. Quando se chega na
expressão de pensamentos com relação à
área de atuação é que as opiniões se tornam
divididas,
mas
ainda
com
se expressar sobre as suas áreas.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
97
Gráfico 2 – Questões 17 a 26 do Questionário
Fonte: Os autores.
No Gráfico 3, pode-se perceber a
necessidade da tripulação com relação a
confraternizações, haja vista que a totalidade
acredita que sejam importantes. Assim,
percebe-se que a tripulação considera que
confraternizações possam ajudar na melhoria
do Clima Organizacional. Quanto a escala de
serviço diário, apenas 11,1% da tripulação
percebe que ela está desequilibrada. Como
parte da tripulação não concorre a escala de
trabalho (47,4%), apenas deve-se considerar
a parte que participa atualmente. Mesmo
assim, só 5,6% senti que a escala atrapalha
as
tarefas
profissionais.
Quanto
ao
Treinamento Físico Militar (TFM), percebe-se
que 21,1% da tripulação não está satisfeito
com as suas próprias práticas desportivas e
que 42,2% não participa do TFM.
Quanto ao paradoxo trabalho versus tempo,
83,2 % da tripulação afiança conseguir
realizar o trabalho durante o horário de
expediente, com 10,5% que não consegue
realizar. 26,4% vê uma sobrecarga de
trabalho, porém com a grande maioria
conseguindo realizá-lo dentro do tempo, este
índice perde um pouco sua força. Quanto a
parte de treinamento profissional, foi
apresentada uma grande insatisfação, já que
muitos não acham que eles são regulares
(52,5%) ou suficientes (57,9%) para suas
posições. A maioria da tripulação acredita
estar bem aproveitada em seu próprio
departamento (63,2%).
Gráfico 3 – Questões 27 a 36 do Questionário
Fonte: Os autores.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
98
As perguntas relacionadas no Gráfico 4
discorrem acerca da satisfação com relação
aos materiais utilizados no dia a dia da
Organização.
Percebe-se que há uma
satisfação geral com os armários (89,5%),
distribuição das mesas (68,4%), condição de
compatíveis com a tarefa a ser desenvolvida é
que 36,8% discordou. Assim deve-se estudar
quais ferramentas são necessárias e como tê-
higiene (84,2%), limpeza (73,7%), iluminação
(68,5%), mesas e cadeiras (78,9%), pisos e
divisórias (84,2%), temperatura (68,4%) e
instalações no geral da OM (73,7%). Apenas
para a pergunta sobre ter as ferramentas
las para melhoria dos serviços oferecidos
pela OM.
Gráfico 4 – Questões 37 a 46 do Questionário
Fonte: Os autores.
No Gráfico 5, percebe-se que a maioria
acredita ser eficiente o controle de entrada e
saída de pessoas na OM (73,7%),
apresentando que se sentem seguros com o
monitoramento exercido atualmente. Para as
perguntas de cunho pessoal, pode-se
averiguar que a maioria da tripulação se sente
com boa saúde (89,5%), porém que 26,4%
tem problemas pessoais que afetam seu
desempenho no trabalho, para tais problemas
uma das saídas é o contato com o Núcleo do
Serviço de Assistência Integrada ao Pessoal
da Marinha (N-SAIPM), pertencente ao
Comando do Distrito Naval, para que este
setor auxilie esses militares. 21.1% da
tripulação não está com sua vida financeira
em ordem, podendo este também ser um dos
fatores dos problemas pessoais que afetam
seu desempenho.
A maioria está satisfeita com o local onde
mora (89,4%) e com as condições de
transporte para chegar ao trabalho (68,4%),
havendo 10,5% insatisfeito com essa
condição. Do mesmo jeito que 10,5% tem a
família insatisfeita de morar em São Paulo, o
que pode acarretar também os problemas
familiares descritos acima. A maioria, no
entanto, vive bem com a família (94,8%) e
está satisfeito de trabalhar em São Paulo
(84,2%).
Gestão pela Qualidade - Volume 1
99
Gráfico 5 – Questões 47 a 56 do Questionário
Fonte: Os autores.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo este um estudo qualitativo realizado
em uma organização militar da Marinha do
Brasil de pequeno porte, com apenas 23
integrantes, portanto uma amostra pequena,
mas significativamente relevante, onde
encontramos diversas patentes e funções em
uma instituição pública militar. Assim exposto,
cabe-nos relembrar que os resultados aqui
desvelados não podem ser generalizados.
Entretanto, julgamos importante que esta
pesquisa alcance o efeito desejado de
mostrar a importância de um bom Clima
Organizacional, diferenciando, mesmo em
condição conceitual, do que se tem de
Cultura no ambiente organizacional.
Um Clima Organizacional de qualidade,
representa uma excepcional vantagem
competitiva em qualquer tipo ou nível para a
instituição, pois tende a minimizar a ausência
do funcionário, bem como sua substituição. A
força de trabalho motivada gera um ambiente
favorável ao trabalho em equipe, tão
importante no mundo atual, quanto a geração
de maior produtividade, menor atrito funcional
entre todos os envolvidos e maior valor
agregado ao serviço ou produto da
organização.
Pode-se perceber ao longo dos gráficos
apresentados que o índice de satisfação da
tripulação
para
com
a
organização
pesquisada, seus superiores e seus pares é
elevado, o que apresenta um bom Clima
Organizacional. A desconfiança está elevada
e deve-se agir para reduzir esses números
entre os militares. Apenas com uma maior
confiança entre todas as partes é que se
pode exercer um trabalho mais tranquilo
sabendo que o outro irá contribuir quando
necessário.
Para as questões livres, percebeu-se que
muitos acreditam que as falhas básicas que
ocorrem nos meios de trabalho, tais como na
rede de arquivos compartilhados, impressora
e nos próprios computadores atrapalham o
desenvolvimento
dos
serviços
na
Organização. Essas falhas de informática têm
se apresentado como um fator que acarreta
problemas na continuidade do trabalho e,
assim, gera uma desmotivação por parte dos
seus integrantes. Também foi percebido que
uma grande quantidade de militares expôs
que o barulho no ambiente de trabalho
atrapalha o seu desempenho, devendo ter
alguma forma de diminuir os ruídos para
melhoria do Clima Organizacional.
Alguns pediram uma melhor prática de
treinamento físico militar, com exercícios
incluindo toda a tripulação e aumentando
assim a integração entre todos. Para os
militares, a prática de atividade física é
intrínseca ao trabalho, haja vista que a higidez
física é cobrada dos mesmos diariamente e
em toda a carreira profissional.
Por fim, um problema apresentado por quase
a totalidade das mulheres foram as
Gestão pela Qualidade - Volume 1
100
deficiências do vestiário feminino. Deve-se
estudar quais são essas e como saná-las
para que não implique em maiores problemas
de motivação posteriormente.
Com este estudo, pode-se entender como o
REFERÊNCIAS
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tripulação.
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Tradução Ana Beatriz Rodrigues e Priscila Martins
Celeste. Rio de janeiro: Campus, 1998.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
101
Capítulo 10
Luana Maris Pedrosa Cruz
Carmen Couto Ribeiro
Danielle Oliveira Meireles
Sidnea Eliane Campos Ribeiro
Tadeu Starling
Resumo- Este trabalho consiste da aplicabilidade do software de gestão Net
Project, visando sua implantação no processo de planejamento e controle da
execução de obras públicas, em interface com a Lei de Licitações 8666:93.
Objetivando alcançar o bom desempenho da edificação a partir da adequação da
compatibilização de projetos, baseada em requisitos da Norma de Desempenho
ABNT NBR 15575:2013, foi realizado um levantamento de diretrizes de
planejamento e controle de obras. A pesquisa foi desenvolvida a partir da análise
da aplicação de ações preventivas e corretivas previstas no software de gestão Net
Project, visando o atendimento às diretrizes legais estabelecidas pela Lei de
Licitações 8666:93. Os resultados obtidos demonstram a viabilidade do emprego
do software Net Project, na diminuição de perdas de materiais e na eficiência da
utilização dos recursos públicos, proporcionando a melhoria da qualidade do
edifício. As análises sobre a inter-relação entre a Lei de Licitações e a Norma de
Desempenho, permitem evidenciar que uma efetiva integração de projetos,
recursos e processos de planejamentos, aumenta o desempenho e a eficiência do
emprego de materiais e a qualidade das obras públicas.
Palavras-Chave:
Lei de
licitações 8666:93,
Planejamento,
Qualidade, Desempenho da execução de obras públicas.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
Indicadores de
102
1. INTRODUÇÃO
A Lei de Licitações (LL) 8666, criada em 21
de junho de 1993, e sua interface com a
análise da implantação de programas de
gestão no processo de planejamento de
obras da construção civil foram enfocados
neste estudo.
O trabalho aborda o processo de licitação e
os requisitos para o planejamento de obras
públicas a partir das diretrizes da Norma de
Desempenho ABNT NBR 15575:2013, que
traz
para
o
desenvolvimento
dos
empreendimentos residenciais preocupações
com a expectativa de vida útil, desempenho,
eficiência, sustentabilidade e manutenção
dessas edificações, em resumo, insere o fator
qualidade ao edifício entregue aos usuários,
evidenciando o impacto desses aspectos no
custo das edificações (CBIC, 2013).
A partir das diretrizes legais da Lei de
Licitações 8666:93, referentes às questões
vivenciadas no exercício diário da gestão
pública de execução de obras e serviços de
engenharia, foi analisado o processo de
planejamento de atividades da construção
civil, perpassando por conceitos de Gestão
da Qualidade, por metodologias do ciclo
PDCA de melhoria contínua do processo e
pela aplicação do software de gestão Net
Project na compatibilização de projetos.
Souza e Abiko (1997) reiteram que as
diversas soluções adotadas na etapa de
projeto têm amplas repercussões em todo o
processo de construção e na qualidade do
produto final a ser entregue ao cliente. Sendo
assim, é na etapa de projeto que acontecem
a concepção e o desenvolvimento do
produto, que devem ser baseados na
identificação das necessidades dos clientes
em termos de desempenho, custos e das
condições de exposição a que será
submetido.
A
qualidade
de
projeto
determinará a qualidade do produto e,
consequentemente, condicionará o nível de
satisfação dos usuários finais.
Há uma grande importância nas fases de
concepção e projeto que se associam
diretamente à qualidade e eficiência final, na
construção e em outros setores, sendo de
fundamental importância para a qualidade e
sustentabilidade do produto e para a
eficiência dos processos Fabrício (2002).
Segundo Formoso et al. (1998), a subdivisão
do processo de projeto em etapas amplia a
visão sistêmica do processo ao longo de sua
descrição, enquanto a subdivisão em
atividades garante uma melhor compreensão
do conteúdo de cada etapa, além da
subdivisão em operações, que propicia um
melhor detalhamento das ações necessárias
ao
desenvolvimento
desse
processo,
apresentado na figura 1.
Figura 1– Etapas, atividades e operações do processo de projeto.
Fonte: Formoso et al. (1998)
Deve ser proposto um conjunto de
informações acerca do desenvolvimento do
processo de projeto, as quais servem de base
para o desenvolvimento dos processos
específicos de projeto, conforme é proposto
na modelagem expressa na figura 2.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
103
Figura 2- Proposta de modelagem do Processo de Projeto
Fonte: Formoso et al. 1998
A verificação dos critérios para o
desenvolvimento da concepção de projetos é
esperada na fase de planejamento,
possibilitando adequar o projeto a um
processo de gestão de melhoria contínua
compatibilizado com sua execução.
Daychoum (2016) afirma que planejamento e
controle não são funções separadas, elas
interagem uma com a outra e são
interdependentes, sendo que o planejamento
produz informações necessárias ao controle,
ao mesmo tempo em que
realimenta o planejamento.
o
controle
O processo de planejar, monitorar e controlar
envolve ferramentas básicas para se
assegurar a otimização das atividades na
Construção civil, onde deve ser realizado um
levantamento referente aos indicadores do
planejamento de produção de curto, médio e
longo prazo, para que se consiga manter o
controle do processo em relação aos
suprimentos e programação de recursos
(FORMOSO et. al., 2001), conforme quadro 1.
Quadro 1- Indicadores do Processo de Planejamento e controle da Produção
Fonte: Formoso et al. (2001)
Gestão pela Qualidade - Volume 1
104
Na obra Statistical method from the viewpoint
of quality control, de Walter A. Shewhart é
proposto o modelo de produção visto como
um sistema, que representa as análises de
especificação, produção e inspeção, de
forma cíclica, de acordo com a figura 5.
Figura 3- Ciclo de Shewhart de 1939.
Fonte: Moen e Norman (2007).
O ciclo proposto tem como foco a
necessidade de se avaliar se os projetos
estão sendo bem executados, se o custo está
sendo adequado ao orçamento inicial da
obra, se existe uma fiscalização eficiente e se
os sistemas de gestão estão aptos a fiscalizar
dentre vários aspectos (MOEN E NORMAN,
2007).
Figura 4- Ciclo PDCA como desenvolvido no Japão
Fonte: Hosotani (1992)
A utilização do ciclo PDCA é uma ferramenta
que pode ser utilizada na identificação e
correção das causas dos problemas de
projeto, em que o PPC (Percentual do
Planejamento Concluído) pode atuar como um
indicador de eficácia do planejamento de
obras em curto prazo (BALLARD e HOWELL,
1997).
A análise do Planejamento das Etapas do
Ciclo PDCA, permite demonstrar o quanto é
essencial que a empresa estabeleça critérios
e requisitos para a melhoria contínua do
produto, estabelecendo o foco na garantia da
qualidade.
A qualidade consiste nas
do produto que vão ao
necessidades dos clientes
proporcionam a satisfação
produto.
características
encontro das
e dessa forma
em relação ao
No período da Revolução Industrial havia a
preocupação
com
o
produto,
e
posteriormente na era da globalização, o foco
passou a ser no controle de qualidade,
conforme figura 5.
Para Juran e Gryna (1991) a palavra
qualidade tem vários significados, dentre
eles:
Gestão pela Qualidade - Volume 1
105
Figura 5- O avanço da Qualidade no Brasil
Fonte: Fernandes,2011
A implantação dos programas de gestão da
qualidade tem como eixo a padronização, o
controle e a melhoria dos processos, através
da padronização dos procedimentos de
execução e de sua monitorização e avaliação.
Desta forma, as empresas objetivam um maior
controle sobre a qualidade dos produtos e
serviços em direção à melhoria contínua
(BERTEZINI, 2006).
A Lei que institui Normas para licitações e
contratos administrativos pertinentes a obras,
serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações e locações no âmbito dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios é a Lei 8666, criada em 21 de
junho de 1993, que regulamenta o artigo 37,
inciso XXI da Constituição Federal (BRASIL,
1993).
Com o estabelecimento da margem de
preferência, é possível que a Administração
adquira produtos e serviços por um preço
maior que a proposta mais barata oferecida
na licitação (Lei de Licitações 8666:93).
Numa licitação, o Projeto Básico é elaborado
previamente à divulgação da licitação,
devendo estar anexado ao instrumento
convocatório, sendo peça fundamental para a
demonstração da viabilidade e conveniência
da contratação, fornecendo elementos para
os licitantes apresentarem suas propostas.
Deve possibilitar principalmente a avaliação
do custo da obra, definição dos métodos
construtivos e prazo de execução (BRASIL,
1993).
Enquanto o Projeto Básico orienta o
planejamento da obra e fornece elementos
para os licitantes apresentarem suas
propostas, o Projeto Executivo é aquele que
efetivamente irá guiar a execução da obra.
Para realização de licitação, não há
obrigatoriedade da existência prévia de
Projeto Executivo, vez que este poderá ser
desenvolvido concomitantemente à execução
do contrato, se autorizado pela Administração
(art. 7º, §1º).
Quadro 2- Modalidades de Licitação
Fonte: Pereira Júnior (2003)
Gestão pela Qualidade - Volume 1
106
A Falta de Normas de Desempenho no Brasil,
entre os Anos 80 e 90, expôs novos Sistemas
Construtivos a várias iniciativas institucionais
ou individuais, com o objetivo de promover a
melhoria no desempenho das edificações.
Segundo NEELY (1998), houve uma forte
medida de racionalização no processo
produtivo na década de 90, trazendo conflitos
entre
requisitos
e
desempenho,
comprometendo o comportamento do edifício
e vida útil.
Mediante este problema, foi criada a Norma
de Desempenho 15575:13, cujo foco está no
comportamento em uso dos elementos e
sistemas do edifício no atendimento dos
requisitos dos usuários e não na prescrição
de como os sistemas são construídos. Sob
essa ótica, a Norma foi organizada levando
em
consideração
as
condições
de
implantação e as exigências dos usuários
definindo os requisitos (características
qualitativas) aos quais se pretende atender,
estabelecendo
critérios
(grandezas
quantitativas) para esse atendimento e sua
forma de avaliação (ASBEA, 2012).
Figura 6- NBR 15575- Resumo esquemático da estruturação da Norma
Fonte: ASBEA (2012)
Visando a melhoria do desempenho das
edificações, vários softwares são utilizados
objetivando proporcionar um processo de
gestão mais eficaz, dentre eles o NetProject,
que provê apoio de gestão de projetos e de
portfólio. Baseado em práticas do PMI –
Project Management Institute, o software
integra ferramentas de gestão através de
dados via WEB para planejamento e
execução de projetos com análise qualitativa
de riscos.
Cooper et al. (1999) afirmam que a gestão de
portfólio é um processo dinâmico por meio do
qual uma lista com os projetos é
constantemente atualizada e revisada. Neste
processo, novos projetos são avaliados
selecionados
e
priorizados;
projetos
existentes podem ser acelerados paralisados
ou terem sua prioridade reduzida; sendo os
recursos realocados para os projetos ativos.
Criado em 2004, Net Project é um programa
de gerenciamento de gestão que integra
práticas consolidadas do Guia PMBOK
(Project Management Body of Knowledge),
capaz de identificar falhas de planejamento
de projeto baseado nos fundamentos do ciclo
PDCA, a fim de inserir um método corretivo e
manter a qualidade contínua do processo,
podendo ser utilizado em qualquer navegador
WEB.
Portanto,
este
estudo
analisou
a
aplicabilidade do software NetProject na
melhoria do processo de execução de obras,
aplicando-se os conceitos preconizados pelo
ciclo PDCA.
2. METODOLOGIA
A aplicabilidade do software Net Project, no
processo de planejamento da execução de
obras públicas, objetivando a melhoria do
desempenho das construções com foco na
Lei 8666:93, foi analisada através das
seguintes etapas:
(i)
Gestão pela Qualidade - Volume 1
Análise
das
diretrizes
estabelecidas pela Lei 8666:93
visando avaliar os critérios
exigidos no processo licitatório
107
(ii)
(iii)
(iv)
para uma empresa vencer a
concorrência pública;
Definição de requisitos para se
estabelecer a concepção, o
desenvolvimento
e
a
compatibilização de Projetos,
baseados nos critérios definidos
pela Norma de Desempenho;
Avaliação da eficiência da
implantação do ciclo PDCA para
a melhoria contínua do processo
de desenvolvimento de projeto;
Análise da aplicabilidade do
software
Net
Project
no
planejamento de projetos para
atender a Lei 8666:93.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
São apresentados os resultados da análise da
implantação do software Net Project no
processo de adequação do planejamento e
execução de obras públicas, que realiza o
rastreamento de recursos com o sistema de
gestão de portfólio, controle de custos, tempo
e relatórios de planejamento, com o propósito
de avaliar a aplicabilidade de ferramentas no
processo de planejamento, objetivando a
melhoria do desempenho das construções
com foco na Lei 8666:93.
3.1
ANÁLISE
DAS
DIRETRIZES
ESTABELECIDAS
PELA
LEI
8666:93
VISANDO AVALIAR OS CRITÉRIOS EXIGIDOS
NO PROCESSO LICITATÓRIO PARA UMA
EMPRESA VENCER A CONCORRÊNCIA
PÚBLICA
A partir da análise da Lei de licitações
8666:93, foi verificado que o critério único de
menor preço para decidir o vencedor da
licitação, deveria considerar outros fatores
importantes como a análise da estrutura
operacional e financeira da empresa,
experiência em obras similares, o nível de
qualidade do projeto e da obra, garantia de
cumprimento das normas da ABNT, etc., que,
no conjunto, permitiria definir melhor a
proposta mais vantajosa como ordena a Lei.
Assim, atualmente se convive com a
inadimplência de empresas, que paralisaram
ou não entregaram obras contratadas, obras
com baixo nível de qualidade, durabilidade
muito aquém da desejável, descumprimento
das especificações, etc., nivelando por baixo
toda a respeitabilidade que a Engenharia de
construção poderia propiciar.
Dessa maneira, as principais avaliações das
diretrizes da Lei de licitações determinaram
que na realização dos processos de
licitações, em geral, foram observadas as
normas que regem a matéria, sendo que os
convites em alguns casos não são realizados
na forma previstos em lei.
Quanto aos processos de contratos, acordos
e convênios, também objeto da Lei 8.666:93,
os principais objetivos na inspeção, tiveram a
finalidade de determinar se foram observadas
as normas legais quanto ao controle,
prestação de contas e adequação do serviço.
3.2- DEFINIÇÃO DE REQUISITOS PARA SE
ESTABELECER
A
CONCEPÇÃO,
O
DESENVOLVIMENTO
E
A
COMPATIBILIZAÇÃO
DE
PROJETOS,
BASEADOS NOS CRITÉRIOS DEFINIDOS
PELA NORMA DE DESEMPENHO 15575:13 E
NA IMPLANTAÇÃO DO CICLO PDCA PARA A
MELHORIA CONTÍNUA DO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DE PROJETO
Após a avaliação das diretrizes estabelecidas
pela Lei 8666:93, foi analisado quais são os
critérios para o desenvolvimento da
concepção de projetos, evidenciando que
aprimorando a fase de planejamento, é
possibilitado adequar o projeto a um
processo de gestão de melhoria contínua
compatibilizado com sua execução.
Quanto ao projeto, devem ser abordados os
aspectos legais, o entorno, as pretensões do
contratante do projeto, a forma de construir,
os materiais a serem utilizados, as técnicas
construtivas, as tecnologias que serão
empregadas no decorrer da obra, a
funcionalidade do espaço, o conforto
ambiental, a necessidade do usuário final da
edificação, o custo, etc., visando atender à
Norma de Desempenho 15575:13.
Os problemas relativos ao detalhamento
foram diagnosticados através das ferramentas
de gestão propostas, com o objetivo de
mostrar a importância e necessidade de sua
implantação numa empresa.
Sendo assim, com o método da melhoria
contínua, preconizado pelo ciclo PDCA, foram
estabelecidos requisitos de avaliação e
critérios para o planejamento eficiente do
processo de execução do projeto, mostrando
resultados satisfatórios de sua implantação.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
108
3.3 ANÁLISE DA APLICABILIDADE DO
SOFTWARE
NET
PROJECT
NO
PLANEJAMENTO DE PROJETOS PARA
ATENDER A LEI 8666:93
via Web, com métodos que integram os
membros da equipe. O programa já atendeu
empresas públicas e privadas, como a MRV
Engenharia e Cemig (Companhia Energética
de Minas Gerais).
A metodologia se baseia no aprimoramento
O software Net Project integra ferramentas
constante do ciclo do projeto, em que, a partir
vinculadas à gestão estratégica da empresa,
da análise da execução de um novo produto,
gerenciando objetivos e metas estratégicas,
objetiva-se
o
acompanhamento
do
bem como priorizando o planejamento de
planejamento desde a fase de iniciação do
projetos. É baseado na ideologia da melhoria
projeto, planejamento, execução e controle,
contínua do produto, com evolução constante
conforme figura 7.
diante das novas práticas de gestão do
mercado,
permitindo
integração
entre
planejamento estratégico, portfólio e projetos
Figura 7- Metodologia- Ciclo de Projeto – Iniciação do Projeto, Planejamento, Execução e Controle
Fonte: Net Project (2017)
A partir da declaração de escopo, a fase de
planejamento possui uma Estrutura Analítica
de Projetos (EAP), subdividindo as entregas
previstas, a fim de se tornar mais facilmente
gerenciáveis
através
de
cronogramas
específicos e acompanhamento de riscos.
A gestão de portfólio, outra ferramenta
oferecida pelo programa, se constitui num
processo de tomada de decisões que busca
o ponto ótimo da organização como um todo.
Essas decisões geralmente envolvem a
análise de múltiplos projetos e de diversos
fatores, tais como: reservas financeiras
disponíveis, viabilidade técnica e o problema
de alocação de recursos.
Por ser baseado no PMBOK, possui princípios
de controle de escopo, tempo e custo com
acompanhamento de cronograma e fluxo de
caixa. O Quadro kanban (termo significa
"sinais" ou "quadro de sinais" em japonês), é
um utensílio utilizado no processo de
execução do projeto, que utiliza conceitos
originados em sistemas puxados. É uma
ferramenta que serve como um dispositivo
sinalizador que autoriza e fornece instruções
para a produção ou retirada de itens do
estoque (fazer o necessário quando
necessário, ou seja, reduzir ao máximo o
estoque produzindo apenas aquilo que o
cliente comprou).
O kanban tem duas funções em um processo
de produção: desenhar os processos para a
fabricação
de
produtos
e
ensinar
manipuladores de materiais a deslocarem os
produtos. O primeiro é chamado de kanban
de produção (ou de manufatura); o segundo é
chamado de kanban de retirada (ou de
deslocamento). O kanban de produção
informa a um processo qual tipo e quantidade
o produto deve ser produzido. O desenho dos
processos pode ser especificado na definição
das colunas do kanban, e pode indicar a
mudança
de
status
nas
atividades
Gestão pela Qualidade - Volume 1
109
do projeto, refletindo alterações diretamente
no cronograma., de acordo com o quadro 3.
Quadro3- Método Kanban : Planejamento de Tarefas
Fonte: Net Project (2017)
De maneira a contribuir para a consolidação
de uma fundamentação teórica que
estabeleça alternativas de desenvolvimento e
implementação de sistemas de planejamento
e controle da produção, foi possível
estabelecer a eficácia da implantação do
software de gestão Net Project, aplicável ao
processo de licitações de obras e serviços de
Engenharia.
Foi analisado onde a Lei de licitações está
falha em relação a não garantia da excelência
da execução de projeto público da
construção
civil
e
consequentemente
verificado como uma empresa vence uma
concorrência pública licitatória sem que seja
exigido um maior detalhamento técnico, em
interface com aplicação do método PDCA
mostrando a eficácia do software de gestão
Net Project para a verificação do processo.
Os problemas relativos ao detalhamento
foram diagnosticados através da ferramenta
de gestão proposta, com o objetivo de
mostrar a importância e necessidade de sua
implantação numa empresa. Sendo assim,
através do método da melhoria contínua,
foram estabelecidos métodos de avaliação e
critérios para o planejamento eficiente de
projeto, conforme apresentado no quadro 4.
Quadro 4- Aplicação do software Net Project
Net Project
Controla custos integrados a outras informações de projeto
Controla tarefas a partir de relatórios gráficos
Centraliza informações e processos realizados no projeto
Gera relatórios de orçamentos e avalia resultados
Analisa projeto a partir do gerenciamento múltiplo
O gerenciamento do projeto pode ser gerido a partir de várias
ferramentas de gestão integradas
Atualiza cronograma para execução de projetos objetivando o
prazo
Realiza relatórios e análise de projetos atualizados via WEB.
Acompanha problemas e desvios em tempo integral
Fonte: Autor (2017)
Gestão pela Qualidade - Volume 1
110
A aplicabilidade do software Net Project é
evidenciada com a integração de ferramentas
de gestão que viabilizam o acompanhamento
da execução de projeto, assegurando o
controle de riscos em tempo integral e
visando a melhoria contínua do processo para
garantir a eficiência do desempenho da
edificação.
4- CONCLUSÃO
A Lei de Licitações 8666:93 foi analisada no
contexto da implantação de regimentos para
se regularizar um processo de concorrência
de obra pública. Porém, esta institui o critério
único de menor preço para decidir o
vencedor da licitação, sem poder levar em
conta outros fatores importantes quanto ao
nível de qualidade da obra e garantia de
cumprimento da Norma de Desempenho NBR
15575:13, que trouxe para o desenvolvimento
dos empreendimentos da construção civil
preocupações com a expectativa de vida útil.
Portanto, a lei mostrou-se ineficaz com
relação aos seus principais objetivos,
principalmente em relação ao segmento da
construção civil, por estar fora da nossa atual
realidade brasileira.
As considerações sobre a Lei 8666:93
integrada à Norma de Desempenho 15575:13,
permitem evidenciar que é aguardada uma
mudança nos processos de criação,
edificação
e
manutenção
de
um
empreendimento, desde a concepção até o
planejamento do processo de execução, na
espera de uma produção mais qualificada.
desempenho das construções, baseada nos
critérios definidos pela NBR15575:13, em que
foi
verificada
a
adequabilidade
e
exequibilidade dos software de gestão Net
Project, no processo de planejamento da
execução de obras públicas, com foco na Lei
8666:93. Através de uma previsão ordenada,
verificou-se que o programa é capaz de unir
ferramentas de gestão já existentes, a fim de
integrar métodos capazes de proporcionar
melhor
eficiência
no
processo
de
planejamento de obras.
A importância de se avaliar ferramentas para
o atendimento ao método de melhoria
contínua no processo de planejamento de
obras públicas, a fim de cumprir os requisitos
licitatórios através de indicadores de
qualidade, eficiência, e sustentabilidade das
edificações,
se
fundamentaram
na
necessidade de se prover estudos referentes
ao planejamento e controle da execução de
obras a fim de garantir um melhor
desempenho da construção civil. Foi
evidenciado na pesquisa que o projeto de
arquitetura deverá promover aos demais
projetos complementares de engenharia
condições favoráveis para o cumprimento dos
requisitos da norma.
Assim, foram analisadas as condições para
uma edificação mais eficiente em seu
desempenho, compatibilizando o projeto com
sua execução em obra da construção civil,
permitindo evidenciar que o desempenho das
obras públicas realizadas a partir de
processos licitatórios, deve ser iniciado desde
a fase de concepção do projeto.
Outro ponto que mereceu atenção especial foi
a
avaliação
do
desenvolvimento
e
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Asbea: Manual de Escopo de Projetos e
[1]
Serviços de Arquitetura e Urbanismo: 2012,
Indústria Imobiliária.
[2]
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Gestão pela Qualidade - Volume 1
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estatísticas básicas para o gerenciamento de
processos. Belo Horizonte: Fundação Cristiano
Ottoni,
1995
Gestão pela Qualidade - Volume 1
112
Capítulo 11
Mauro Soares Marinho
Resumo: As micro e pequenas empresas foram afetadas pela crise econômica
brasileira de 2014-2016. Segundo especialistas as MPE’s em sua maioria estão
situadas no setor de serviços estas foram as últimas a sofrerem os efeitos, já que
este segmento foi o que mais resistiu aos efeitos da recessão. Este artigo sugere a
aplicação do planejamento estratégico, a gestão empreendedora e a utilização de
ferramentas que estimulem a inovação como forma de auxiliar as MPE’s no
processo de sobrevivência e desenvolvimento em momentos econômicos críticos
como este relacionado. Para a sociedade, principalmente nas regiões mais
afastadas dos grandes centros urbanos, a atuação eficiente das MPE’s minimizaria
o impacto do desemprego, visto que o pequeno empreendedor é a base
econômica destas localidades. O artigo aponta ainda a relevância do Estado
quando ator capaz de reduzir o processo burocrático que envolve a abertura e
manutenção de um negócio no Brasil.
A metodologia empregada foi a utilização de um estudo de caso, modelo estudo de
múltiplos casos, de 2016. Foi definida a pesquisa como sendo exploratória e
qualitativa. Foram realizadas entrevistas de campo, in loco. Precedendo a pesquisa
utilizou-se o levantamento bibliométrico na base de dados Scopus, utilizando o
modelo booleano com as palavras-chave: Small Business; Strategy; Management e
Entrepreneurship. As amostras foram 3 empresas situadas na cidade de Araruama,
município do interior do Estado do Rio de Janeiro.
Palavras chave: micro e pequena empresa, estratégia, empreendedorismo,
inovação, crise econômica
Gestão pela Qualidade - Volume 1
113
1. INTRODUÇÃO
Em 2014 as Micro e Pequenas Empresas
brasileiras,
denominadas
por
MPE’s,
totalizavam em torno de 9 milhões de
estabelecimentos. Este número correspondia
a 53,4% do PIB do setor comercial conforme
(SEBRAE, 2014).
Para (SEBRAE, 2011) uma maior participação
das MPE’s na geração de negócios na
economia auxiliaria ao país a obter maior
relevância
no
contexto
econômico
internacional.
Uma das sugestões para que as MPE’s
incrementem a sua participação na geração
de empregos seriam que as MPE’s cresçam
não somente em quantidade, mas também na
qualidade e eficiência dos serviços e
produtos que comercializam.
Faz-se mister neste sentido que as MPE’s
tenham sua gestão orientada para o
empreendedorismo a fim de que obtenham
vantagens competitivas frente a concorrência
interna, por parte das grandes corporações, e
externas devido facilidade de realizações de
transações comerciais internacionais pelo
avanço tecnológico. (KRAUS, RIGTERING, et
al., 2011) Mencionam a eficácia desta
orientação para as MPE’s principalmente nos
períodos de crise econômica e o ambiente
turbulento que estas crises geram.
O Brasil apresentou nos anos de 2015 e 2016
quedas no seu PIB (IBGE, 2017) tendo como
consequência diminuição de renda e
consumo, aumento da inflação e das taxas de
juros.
Para todas as empresas, mas de um modo
mais acentuado nas MPE’s, o acesso ao
crédito ficou oneroso e escasso. Conforme
afirma (BASTOS e PINDADO, 2012) o crédito
trata-se de um importante recurso de
financiamento das empresas permitindo o seu
desenvolvimento e a da região em que atuam.
Em países emergentes, tendo o Brasil como
exemplo, os autores mencionam ainda o fato
do crédito bancário naturalmente ser mais
caro devido a vulnerabilidade a riscos
externos que estes apresentam.
No
contexto
apresentado observamos
atualmente dois grandes desafios para as
MPE’s: o primeiro trata da capacidade de se
adequarem
ao
mercado
globalizado,
altamente competitivo, onde as grandes
corporações dispõem de recursos e créditos
quase que infinitos; o segundo, enfrentar a
crise econômica atual pela qual atravessa o
Brasil mantendo sua capacidade de
sobrevivência e desenvolvimento.
Este artigo se propõe a sugerir o
empreendedorismo através de suas vertentes
de inovação, planejamento estratégico e
marketing orientado ao mercado como
ferramentas capazes de auxiliar as MPE’s
neste processo.
2.REVISÃO DA LITERATURA
2.1 AS MPE’S NO BRASIL
Segundo (SEBRAE, 2014) são dois os critérios
para classificação das MPE’s brasileiras:
POR
NÚMEROS
DE
PESSOAS
OCUPADAS NA EMPRESA – nesta
modalidade
as
empresas
são
classificadas conforme Tabela 1:
Tabela 1 – Critério de Classificação das MPE’s pelo nº de pessoas ocupadas
Atividade Empresarial
Serviços e Comércio
Serviços e Comércio
Atividade Industrial
Atividade Industrial
Nº de pessoas ocupadas
Até 9 pessoas
De 10 a 49 pessoas
Até 19 pessoas
De 20 a 99 pessoas
Classificação
Microempresa
Pequena Empresa
Microempresa
Pequena Empresa
Fonte: (SEBRAE, 2014).
PELA RECEITA AUFERIDA – através
deste modelo as empresas se classificam
como de micro e pequeno porte desde
que sua receita anual seja de até R$
3.600.000,00 (três milhões e seiscentos
mil reais) conforme (PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA, 2016) e se subdividem
conforme Tabela 2:
Gestão pela Qualidade - Volume 1
114
Tabela 2- Classificação das MPE’s segundo sua receita auferida
Receita Bruta Anual
Até R$ 60 mil
De R$ 60 mil a R$ 360 mil
De R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões
Classificação
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)
MICROEMPRESA
PEQUENA EMPRESA
Fonte: (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2016)
A importância das MPE’s no Brasil se dá pelo
seu
relevante
e
crescente
papel
socioeconômico. Conforme (SEBRAE, 2014)
está atuação se representa conforme abaixo:
Em 1985 eram responsáveis por 21% do
PIB nacional, em 2001 geraram 23,2% e
em 2011, 27%;
As MPE’s foram responsáveis por 19% do
valor adicionado no comércio em serviços
e 7,8% na indústria em 2011;
Em 2011 representaram entre 98% e 99%
de todas as empresas formalizadas no
país;
Dos empregos formais no país as MPE’s
são responsáveis por 44% no setor de
serviços e 70% no setor de comércio;
De todas as remunerações pagas em
2011 no setor formal do comércio 50%
foram geradas pelas MPE’s.
2.2A INFLUÊNCIA DA CRISE ECONÔMICA
BRASILEIRA INICIADA EM 2014 SOBRE AS
MPE’S
A crise econômica que o Brasil enfrenta
registrou seus primeiros indicadores em 2014
através da apuração do PIB conforme abaixo:
Tabela 3-Evolução do PIB brasileiro 2013-2015
PIB em R$
2013
2014
2015
5,316 trilhões
5,521 trilhões
5,904 trilhões
3,015%
0,500%
-3,847%
Variação (descontada a inflação do
período)
Fonte: (BANCO MUNDIAL, 2016)
Esta crise sofre grande influência da crise
econômica mundial de 2008. Naquela ocasião
conforme (MCDONALD e ROBINSON, 2010) e
(RICKARDS, 2015) houve o colapso do
sistema financeiro americano com a
derrocada de grandes empresas do ramo
como o Bear Stear NS e Lehman Brothers.
Para que se entenda melhor a crise
econômica brasileira atual elenca-se abaixo
alguns fatores que contribuíram para a sua
existência:
Tabela 4- Fatores que contribuíram para a crise econômica brasileira atual
Fator
Diminuição do consumo mundial dos
commodities brasileiros
Desorganização
do
macroeconômico brasileiro
Fonte
(CONCEIÇÃO, 2015)
sistema
Deficit fiscal
(PESSÔA, 2015)
(MONTEIRO, 2015)
Fonte: (Conceição, 2015) (Monteiro, 2015) (Pessôa, 2015).
Importante também para que melhor se
entenda a influência da crise econômica
Gestão pela Qualidade - Volume 1
115
sobre as MPE’s deve-se observar a evolução
da inflação e o percentual de desemprego no
período 2013-2015 conforme abaixo:
Gráfico 1-Evolução da inflação (INPC) no Brasil entre 2013-2015
Fonte: (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2017).
Gráfico 2- Evolução do índice de desemprego no Brasil entre 2013-2015
14,00%
Evolução do desemprego no Brasil 2014/2016
12,00%
11,80%
10,00%
8,00%
6,00%
8,90%
6,80%
4,00%
2,00%
0,00%
3º trim 2014
3º trim 2015
3º trim 2016
Fonte: (IBGE, 2017)
A tabela 3 e os gráficos 1 e 2 demonstram a
perda da capacidade de geração de renda e
emprego no Brasil no período 2014-2016
conforme abaixo:
A
Tabela
3
apresenta
a
diminuição
na
geração
de
riquezas no país no período;
O gráfico 1 demonstra a evolução
da inflação no país o que
ocasiona a diminuição no poder
de consumo do cidadão;
O gráfico 2 demonstra a
diminuição dos postos de trabalho
no país decorrentes da perda da
capacidade
produtiva
da
economia.
A dificuldade em se fazer negócios no Brasil
também é fator que colabora para o
agravamento da crise, prejudicando as
empresas a recuperarem seu poder de
atuação. Segundo (DOING BUSINESS, 2017)
o Brasil perdeu lugar no ranking de Facilidade
Em Se Fazer Negócios conforme demonstra a
Tabela 5:
Gestão pela Qualidade - Volume 1
116
Tabela 5- Posição brasileira no ranking de Facilidade em se Fazer Negócios 2016-2017
Tópico
Classificação 2017
Classificação 2016
Abertura de Empresas
123
121
Obtenção de Alvarás
175
174
Obtenção de Crédito
101
97
Regularização
de
67
60
Insolvência
Fonte: Adaptado de (DOING BUSINESS, 2017).
A Tabela 5 demonstra que apesar de vir
perdendo
participação
econômica
no
mercado mundial o Brasil ainda se apresenta
como um Estado que oferece uma estrutura
burocrática inadequada a geração de
negócios, isto é, o Estado não vem
desenvolvendo estratégias eficientes para
reverter este apontamento.
As MPE’s sofrem grande influência de crises
econômicas principalmente na questão
financeira. (PAL, TORSTENSSON e MATTILA,
2013) mencionam a suscetibilidade das
MPE’s nas flutuações financeiras que se
desenvolvem durante as crises econômicas
como a que aconteceu na Grécia.
(BANSAL, JIANG e JUNG, 2015) mencionam
que com a crise econômica global de 20082009 houve perda de grande parte do
estoque financeiro mundial. Os negócios
foram seriamente afetados a partir do
momento em que consumidores reduziram
suas aquisições, as empresas reduziram seus
estoques impactando nos investimentos para
produção e consequente no grau de inovação
da indústria. Esta colocação não é válida tão
somente para a crise global. Indicadores de
consumo das famílias e investimento das
indústrias no Brasil nos últimos dois anos
conforme (IBGE, 2017) registram que o Brasil
vive uma situação similar.
Diante das dificuldades de manutenção e
sobrevivência frente as crises econômicas e
seus efeitos as MPE’s são obrigadas a lançar
mão do desenvolvimento de recursos
estratégicos a fim de garantir a sua
sobrevivência.
(MARINHO, 2016, p. 85) propõe um modelo
de planejamento estratégico formal ou até
mesmo informal que se inicie por um
diagnóstico
da
situação
vigente
na
organização. Tal diagnóstico poderá ser
realizado por algumas ferramentas de
planejamento estratégico, sendo a ANÁLISE
SWOT a escolha do autor. A partir desta
análise implementam-se ações estratégicas
que garantam o desenvolvimento sustentável
da organização.
2.3 O EMPREENDEDORISMO E A INOVAÇÃO
COMO
FERRAMENTAS
ESTRATÉGICAS
PARA DESENVOLVIMENTO DAS MPE’S
(DRUCKER, 2002) fala acerca das mudanças
na área de gestão e da rapidez com que elas
vem acontecendo nos últimos anos. O autor
cita o fato de que as empresas de algumas
décadas
atrás
serem
completamente
diferentes das que hoje existem. Ele
acrescenta que o fato mais transformador nas
organizações é o conhecimento.
Para (DRUCKER, 2002) as empresas devem
buscar o conhecimento como forma de se
antecipar ao futuro e consequentemente
minimizar o impacto que ele lhes proporciona.
Empreendedorismo
para
ele
significa
converter uma proposição teórica, uma ideia,
em atitudes ou procedimentos que tornem
uma empresa mais eficiente.
(FALCONI, 2013) cita o fato de que para que
os resultados sejam alcançados em uma
organização ela deverá ter presente em sua
gestão o tripé: liderança, método e
conhecimento do processo. Isso significa que
a ação empreendedora deverá partir do
reconhecimento da necessidade por parte de
seus gestores, do planejamento estratégico
que orientará a aplicação da metodologia
necessária e o conhecimento de como todas
as etapas deste processo deverão ser
implementados.
Segundo
(FALCONI,
2013)
o
empreendedorismo e a inovação devem estar
caracterizados
como
uma
meta
da
organização e não tão somente uma
necessidade secundária.
Quando se fala de empreendedorismo nas
MPE’s é comum associá-la a estratégia
competitiva (PORTER, 2004). A diferenciação
segundo este autor, é a estratégia de ofertar
Gestão pela Qualidade - Volume 1
117
um produto ou serviço com características ou
valores
não
disponibilizados
pela
concorrência.
Neste
caso,
o
empreendedorismo poderá auxiliar as MPE’s
no sentido de que a oferta de alguns produtos
ou serviços ser inviável economicamente para
as grandes organizações restando a elas a
busca de uma parceria juntos às MPE’s de
forma a auxiliar as suas atividades.
O relatório (ACCA, 2010) comenta o fato
MPE’s terem atuação mais destacada
comunidades locais em que atuam
contraponto a atuação macro geográfica
das
em
em
das
grandes corporações. Tal característica
poderá ser observada como uma vantagem
competitiva visto que a estrutura das grandes
corporações não lhes faculta a facilidade de
estar presente em qualquer região.
Importante a menção que se faz as fases de
desenvolvimento das MPE’s e como o
empreendedorismo e a inovação atuam como
alavancas que auxiliam nesta transição. O
gráfico 3 demonstra estas fases:
Gráfico 3 - Fases de desenvolvimento das MPE's
Fonte: Adaptador de (ACCA, 2010).
Tendo o período de Pré-Abertura como nulo o
nível de risco observa-se que a 1ª fase é o
momento
mais
crítico
para
o
empreendimento. Após a superação desta
etapa a empresa caminha para um processo
de crescimento de amadurecimento que
proporcionam o desenvolvimento potencial.
Alcançada a maturidade as MPE’s tendem a
um crescimento mais moderado na etapa do
desenvolvimento.
No período de desenvolvimento das MPE’s se
faz necessário para sua manutenção uma
série de procedimentos aqui classificados
como partes de um planejamento estratégico
amplo. (ACCA, 2010) cita alguns conforme
abaixo:
Desenvolvimento
do
nível
de
educação;
Desenvolvimento do acesso ao
financiamento;
Desenvolvimento do nível de estrutura
da empresa.
2.4 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E O
MARKETING ORIENTADO AO MERCADO
Atualmente o conceito de estratégia e
planejamento estratégico é tema muito
comum nas organizações. O mercado e seus
agentes reconhecem a necessidade da
adoção de medidas que antecedem as
operações comerciais de forma a torna-las
mais eficazes, proporcionando melhores
resultados . Sob o conceito teórico podemos
definir estratégia segundo os dois autores a
seguir:
Para (MINTZBERG, LAMPEL, et al.,
2006) trata-se de um plano para se
alcançar uma diretriz ou um objetivo
pretendido, adotando-se um padrão
corrente de ações. Importante que
haja harmonia entre o ambiente e a
empresa para que dela se obtenha o
resultado esperado;
Segundo (PORTER, 2009) a estratégia
se alicerça na exclusividade das
atividades, isto é, escolher um
Gestão pela Qualidade - Volume 1
118
conjunto diferente de atividades que
proporcionem um mix único de
valores.
A adoção do planejamento estratégico das
MPE’s é tema que vem sendo debatido com
frequência nos últimos anos. No Brasil
algumas organizações dentre elas o Sebrae e
Instituto Endeavor atuam no sentido de
fomentar a disseminação da cultura
estratégica nas organizações.
(RESENDE MELO, MENDES BORINI, et al.,
2010)
citam
as
peculiaridades
das
características
comportamentais
dos
empreendedores e a necessidade com que
os modelos de gestão, em sua maioria
desenvolvido para a realidade das grandes
corporações sejam adaptados a realidade
das MPE’s.
Segundo (ONEIDE SAUSEN, PATIAS e
ALLENBRANDT, 2011) como pré-requisitos
para a sobrevivência das MPE’s faz-se
necessário com que as mesmas sejam
capazes
de
gerir
as
mudanças
organizacionais necessárias. Trata-se de um
reposicionamento estratégico que esteja
alinhado como a nova organização da
sociedade. Acrescentam ainda os autores
que o desenvolvimento organizacional se
dará somente com a conciliação entre os
objetivos econômicos, sociais e ambientais.
Pesquisa de (ELIAS VICENZI e BULGACOV,
2013) aponta que a estratégia mais adotada
dentre as MPE’s que praticam o planejamento
a busca do diferencial competitivo é a mais
utilizada.
(SONCINI PELISSARI, DEFREITAS PEDROSO
GONZALEZ e VANALLE, 2011) destacam que
a partir da década de 1990 a intensificação
da globalização coloca as MPE’s sob a
pressão de novas formas competitivas e que
o planejamento estratégico é essencial para a
sobrevivência delas.
É importante que se registre a opinião destes
autores no sentido de que apenas a
competência na gestão de custos não será
suficiente para garantir a sobrevivência
destas organizações. Além desta prerrogativa
é recomendado o desenvolvimento da
estratégia de diferenciação a fim de se
sustentar a vantagem competitiva.
Quando se fala de
mercado deseja-se
das necessidades
desenvolvimento
organização.
marketing orientado ao
apontar a identificação
do consumidor para
da
estratégia
da
(PORTER, 2004) classifica esta estratégia
como “ Estratégia Direcionada para
Compradores e Fornecedores”. Segundo o
autor a política de gestão para clientes e
fornecedores dentro das organizações
geralmente é limitada a correção de
problemas operacionais. Através de um novo
redirecionamento ao mercado se permitirá
desenvolver o potencial competitivo e reduzir
a vulnerabilidade das organizações.
Também no marketing orientado ao mercado
observa-se a necessidade de realizar um
planejamento
vislumbrando
um
futuro
competitivo para as MPE’s. (PELLINI FALLER
e ISNARD RIBEIRO DE ALMEIDA, 2014) falam
sobre a importância em se construir cenários
específicos para cada setor de atuação das
MPE’s. A adoção de tal medida, ainda
segundo os autores permitirá estabelecer
corretamente os objetivos necessários para o
desenvolvimento das organizações bem
como melhor aproveitar seus recursos.
Por fim abordando-se itens 2.1, 2.2, 2.3 e 2.4
que versam sobre a crise econômica e a sua
influência sobre as MPE’s, a inovação e o
empreendedorismo
nas
MPE’s,
e
o
planejamento estratégico e o marketing
orientado ao mercado respectivamente,
(NAIDOO, 2010) enfatiza a necessidade das
organizações integrarem estas estratégias
atuando como complementares uma as
outras. Desta forma desenvolverão a
habilidade para entender, atrair e reter
consumidores.
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
Este artigo aborda o efeito benéfico que o
planejamento
estratégico,
o
empreendedorismo e a inovação poderão
proporcionar as MPE’s, principalmente
quando as mesmas enfrentam momentos de
crise econômica como a que o Brasil vem
passando no período 2014-2017. Tão
necessário quanto uma proposição teórica
sobre o tema é a análise de como os
empreendedores vivem este momento a partir
da influência que estas proposições
influenciam em suas crenças e valores e na
capacidade de reação frente ao momento
economicamente adverso.
A fim de avaliar os efeitos da teoria científica
sobre a visão prática dos empreendedores foi
utilizada uma pesquisa realizada em 2016, no
estudo de caso de (MARINHO, 2016) cujo
Gestão pela Qualidade - Volume 1
119
modelo
proposto
pode
ser
visualizado
conforme figura 1:
Figura 1- Modelo de Planejamento Estratégico para as MPE's
Fonte: (MARINHO, 2016).
Para que esta pesquisa obtivesse uma maior
afinidade
com
as
necessidades
e
representasse as características das MPE’s,
objeto
deste
estudo,
foi
efetuado
levantamento bibliográfico, utilizando método
booleano com as palavras-chave small
business,
strategy,
management
Entrepreneurship.
A partir deste levantamento deu-se uma
abordagem dedutiva seguindo o seguinte
roteiro: desenvolvimento da teoria (análise
bibliográfica); definição do protocolo para
estudo de caso; coleta e preparação dos
dados e por fim análise e conclusão do
estudo.
A pesquisa foi realizada com 3 empresas da
cidade de Araruama, estado do Rio de
Janeiro e abordou temos como escassez de
recursos, taxa de mortalidade, dificuldades na
gestão e qualificação do corpo técnico das
MPE’s.
Optou-se
pela
escolha
dos
sócios/representantes destas empresas na
entrevista visto que como característica
marcante das MPE’s as decisões e processos
de gestão estarem centralizadas na mão dos
sócios.
A coleta de dados efetuada na entrevista deuse através de perguntas abertas e fechadas
que envolvesses os temas planejamento
estratégicos nas MPE’s, características das
MPE’s, mortalidade (este sob o aspecto da
dificuldade de sobrevivência) das MPE’s,
desenvolvimento técnico e qualificação dos
gestores
das
MPE’s,
inovação
e
empreendedorismo nas MPE’s.
No que diz respeito a ações de auxílio ao
desenvolvimento das MPE’s foram abordados
temos
como
Planejamento,
Empreendedorismo e Inovação através da
adoção de ações estratégicas utilizando
modelos teóricos de Porter, Mintzberg e
Drucker.
3.1 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste artigo apresenta-se os resultados de
questões abordadas na pesquisa de
(MARINHO, 2016) cujo tema foi consoante ao
objeto deste estudo. O quadro 1 apresenta as
questões:
Gestão pela Qualidade - Volume 1
120
Quadro 1- Resultado de Pesquisa de Marinho (2016)
Quanto a atividade empresarial
Quanto ao tempo de experiência como
gestor
Quanto a idade dos entrevistados
Necessidade de Planejamento Estratégico
na organização
Decisão centralizada e unilateral
Mistura entre o pessoal e o profissional
Dedicação dos administradores as
atividades estratégicas da organização
Dificuldade de gestão na fase inicial das
organizações
Principal causa do encerramento precoce
das atividades das MPE’s
Gestão prejudicada pela falta de técnicas
apropriadas para a gestão do
empreendimento
Aplicação do Planejamento estratégico
visando o aumento da eficiência
Foco de gestão no resultado de curto
prazo
Desenvolvimento da organização através
da criação de vantagens competitivas
Planejamento como forma de se preparar
para as adversidades
Inovação nas MPE’s
Dificuldade de aplicação de ações
inovadores nas MPE’s
Órgãos de apoio as MPE’s ainda
subutilizados
Perfil do empreendedor da MPE
Os pesquisados estão inseridos na atividade de comércio de
produtos
Os entrevistados exercem a atividade empreendedora há mais de
cinco anos
Todos os entrevistados possuem mais de 45 anos
Todos os entrevistados concordam totalmente com a
necessidade de um planejamento prévio para o correto
desenvolvimento da organização
Reconheceu-se a atuação dos sócios/gestores das MPE’s que
tomam decisões em sua maioria sem consulta ou participação
dos demais colaboradores. Decorrente disso as ações de
inovação ficam limitadas as decisões dos gestores.
Foi observado que nas MPE’s existe um procedimento
inadequado de se misturar os interesses pessoais dos sócios
com as necessidades da organização.
Os pesquisados concordam que os administradores não
dedicam o tempo adequado para o desenvolvimento destas
atividades, exercendo mais atividades operacionais do que
analítica e estratégicas
Não houve consenso entre os entrevistados sobre as dificuldades
de gestão no início do empreendimento.
Os entrevistados concordam que a maior causa do encerramento
prematuro da atividade da organização está relacionada a falta
de planejamento prévio do negócio.
Os entrevistados concordam totalmente com o fato de que a
inexperiência na gestão do empreendimento é preponderante na
dificuldade em se gerir uma organização
Os entrevistados concordam que a adoção da estratégia como
ferramenta de aperfeiçoamento das ações das MPE’s ainda não é
largamente aplicada.
Os entrevistados concordam que a gestão de uma MPE’s está
basicamente focada no seu resultado de curto prazo
Os entrevistados concordam que uma das grandes ferramentas
de sustentação da atividade da organização é o desenvolvimento
de novos produtos/serviços/negócios que proporcionem
vantagens aos seus consumidores.
Os entrevistados reconhecem que através do planejamento que
empresa que se prepara mais adequadamente para enfrentear
momentos adversos. Planejando o seu futuro se tem mais
condições de superar estas adversidades
Os entrevistados acompanham a filosofia de pensadores
modernos como Drucker que propõe a inovação como
mecanismo de desenvolvimento empresarial
Os entrevistados reconheceram a dificuldade que encontram em
aplicar ações inovadoras em suas organizações principalmente
pela falta de recursos e financiamento para fazê-los
Os entrevistados reconheceram que as MPE’s ainda não buscam
o auxílio aos órgãos de apoio as MPE’s (Sebrae, SENAC, etc)
como deveriam fazê-lo para melhorar a qualidade da sua gestão
Os entrevistados reconheceram que o perfil ideal para o pequeno
empreendedor seria aquele que se predispõe a assumir riscos
calculados, possuir criatividade e iniciativa e espírito de
liderança.
Fonte: (MARINHO, 2016).
Gestão pela Qualidade - Volume 1
121
4. CONCLUSÃO
O Brasil vem enfrentando no período de 20142017 a maior crise econômica já vivida neste
país
conforme
(CONCEIÇÃO,
2015),
(MONTEIRO, 2015), (PESSÔA, 2015) (BANCO
CENTRAL DO BRASIL, 2017) e (IBGE, 2017).
As MPE’s tem sido afetadas diretamente por
esta crise principalmente pelas suas
características próprias como recursos
financeiros escassos, capacidade técnica
gerencial limitada, e ausência ou insuficiência
de um planejamento estratégico adequado.
Mencionando crises econômicas anteriores
conforme
(BANCO
MUNDIAL,
2016),
(MCDONALD e ROBINSON, 2010), (BANSAL,
JIANG e JUNG, 2015) observa-se a
necessidade de reverter o movimento
negativo da economia através de políticas
que estimulem o consumo das famílias, o
aumento da capacidade produtiva das
empresas e a redução do desemprego.
As MPE’s poderão ter neste aspecto papel de
grande relevância a partir do momento em
que desenvolvam suas capacidades de
gestão e planejamento bem como sejam
auxiliadas por políticas públicas que
promovam o empreendedorismo e a inovação
entre estas.
As MPE’s auxiliam no crescimento de regiões
menos desenvolvidas em virtude de que a
estrutura necessária para sua manutenção ser
menos complexa o que colabora para que
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qualquer região do país tenha possibilidade
de oferecer condições mínimas para este
modelo de organização.
As aglomerações urbanas, que ocasionam
dentre outros problemas, a favelização de
alguns centros, o caos no trânsito e
transportes poderiam ter seu impacto
minimizado desde que políticas públicas
estimulassem o desenvolvimento das MPE’s
em
regiões
menos
desenvolvidas
economicamente, fixando a sua população.
Este artigo apresenta um estudo de caso
onde
os
empresários
pesquisados
reconhecem o papel do planejamento
estratégico como ferramenta essencial para o
desenvolvimento do empreendedorismo e
ações inovadoras nas MPE’s.
Propõe-se neste caso um modelo de
planejamento, formal ou informal, onde se
diagnostique qual será a relevância da
organização para o meio em que pretende
atuar. A partir desta identificação sugere-se a
adoção de ações estratégicas de forma a
garantir a sobrevivência e o desenvolvimento
sustentável da organização, bem como as
regiões a que estão inseridas.
Fundamental se reconhecer o papel do
Estado como ator de relevância no sentido de
disseminar políticas públicas que apoiem a
sobrevivência e o desenvolvimento das
MPE’s.
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Gestão pela Qualidade - Volume 1
123
Capítulo 12
Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas
Ronaldo Augusto Granha
Resumo: Este artigo apresenta as diferentes abordagens da literatura para a
determinação das dimensões necessárias para o apoio à tomada de decisão
efetiva sobre a localização de pontos físicos de atendimento de serviços pósvenda. A revisão de literatura foi desenvolvida com o emprego de um método
exploratório e descritivo aplicado sobre uma seleção de trabalhos acadêmicos
correlacionados ao tema, publicados entre 2006 e 2016 em bases de publicações
internacionais. As conclusões da investigação permitiram a reunião de um conjunto
de oito dimensões físicas, financeiras, de qualidade e de sustentabilidade
aplicáveis, assim como os critérios para a sua aplicação, contribuindo assim para o
incremento da efetividade da tomada de decisão sobre localização em
organizações de serviços
Palavras-chave: Apoio a decisão, Gestão de serviços, Companhias de seguro.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
124
1. INTRODUÇÃO
O estudo aqui apresentado investigou o
atendimento presencial pós-venda aos
clientes de organizações de serviço, prestado
a partir de pontos de atendimento físicos
disponibilizados por essa organização. No
caso das companhias de seguro, esses
serviços são contratados no momento em que
o cliente, que é o segurado, contrata um
seguro junto a uma seguradora, que é
definido pela apólice de seguros, e são
efetivamente
prestados
quando
esse
segurado, ou outros beneficiários cobertos
pelo seguro, reclamam junto ao atendimento
da seguradora o pagamento dos benefícios
desse seguro, posto ter ocorrido um sinistro,
ou seja, o risco coberto por esse seguro tenha
se materializado num evento concreto.
A estratégia de atendimento aos clientes de
organizações de serviços, como é o caso das
companhias de seguro, têm sido a de
empregar, nas suas interações com os
clientes, canais de atendimento virtuais,
disponibilizados através de redes públicas de
dados e/ou de telefonia, reduzindo das
interações diretas entre clientes e as equipes
de atendimento e da quantidade de pontos
de
atendimento
físico
em
operação
(FITZSIMMONS & FITZSIMMONS, 2014). Por
outro lado, fatores como as complexidades
operacionais de determinados tipos de
serviços pós-venda, o perfil sócio econômico
do público alvo, as possibilidades de
personalização do atendimento, ou mesmo o
atendimento às disposições regulatórias, tem
justificado a manutenção de pontos de
atendimento físicos.
No atendimento pós-venda desenvolvido
através de pontos físicos, as organizações de
serviços alocam equipes de atendimento que
atuam a partir de instalações físicas dotadas
de
layouts
padronizados,
móveis,
equipamentos
de
escritório,
recursos
materiais,
sistemas
automatizados
e
processos
operacionais.
Toda
essa
infraestrutura deve possibilitar que a
prestação de serviço aos clientes ocorra
dentro das condições apresentadas durante a
negociação de venda desses serviços, e
dentro das expectativas do cliente, formadas
durante a apresentação da argumentação de
venda conduzida pela organização de
serviços.
O instante em que essa interação entre a
organização e o cliente ocorre é denominado
por Lovelock e Wirtz (2006) como um
“encontro de serviços”. Já Albrecht (1998) e
Grönroos (2009) o tratam como sendo o
“momento da verdade” da organização de
serviços, posto que será nessa oportunidade
que a equipe e as instalações de
atendimento, assim a própria argumentação
de venda, serão experimentadas e avaliadas
pelo cliente.
Corrêa e Caon (2002, p. 87) esclarecem que
“um cliente fiel será um cliente retido,
frequente (sic), que, mais do que apenas
voltar, será um agente de marketing da
empresa, fazendo propaganda boca a boca e
divulgando sua satisfação em seu círculo de
influência [...]”. Segundo Krajewski et al.
(2009), se o cliente perceber que as suas
expectativas foram atendidas, o processo de
atendimento foi bem-sucedido. Ele poderá
manter-se fiel à organização e contratar novos
serviços, ou indicá-los para outros clientes
potenciais. Slack, Brandon-Jones, & Johnston
(2015) advertem que a quebra dessas
expectativas poderá afetar negativamente a
opinião do cliente tanto sobre a qualidade do
atendimento prestado pela organização.
No caso das companhias de seguro,
segurados e beneficiários cobertos pelo
seguro contratado, quando procuram os seus
pontos de atendimento de sinistros para
comunicar um sinistro ocorrido, podem ainda
soba a influência das consequências
emocionais, morais e/ou materiais adversas
derivadas desse evento, e esperam contar
com o recebimento dos benefícios do seguro
para atenuá-las. Esse será o seu “momento
da verdade”, ou seja, quando a percepção do
cliente dos serviços
prestados pela
seguradora será formada.
2. DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA
Lakatos e Marconi (2009, p. 222) afirmam que
“A formulação do problema prende-se ao
tema proposto: ela esclarece a dificuldade
especifica com a qual se defronta e que se
pretende resolver por intermédio da
pesquisa”.
Silva (2013), Lovelock e Wirtz (2006), Barbará
et al. (2012), Slack, Brandon-Jones e
Johnston (2015), e Suzano (2013) propõe
quatro tipos básicos de indicadores de
desempenho: eficácia, eficiência, efetividade
e econômico. Esses tipos, que também são
parcialmente considerados por Considerando
a linha de pesquisa dessa investigação,
assim como as considerações já traçadas
sobre a percepção do cliente sobre a
qualidade das interações om a equipe e as
instalações do ponto de atendimento, foi
adotada como ênfase do presente trabalho na
Gestão pela Qualidade - Volume 1
125
“efetividade” da tomada de decisão sobre a
localização de pontos de atendimento.
Após essas considerações, a situaçãoproblema tratada pelo presente estudo pode
ser descrita: A quantidade e a variedade de
dimensões de avaliação de localizações
possíveis, além eventual influência de
preferências
pessoais
sobre
a
sua
determinação e interpretação, dificultam a
definição de um conjunto básico de
dimensões que garantam a efetividade da
tomada de decisão organizacional sobre a
localização de pontos de atendimento
presenciais de sinistros, podendo impactar
negativamente aos resultados dos negócios.
3. OBJETIVO
Tendo em vista a descrição da situação
problema, o objetivo desta pesquisa é:
analisar e descrever, com base na literatura,
as dimensões a serem consideradas como
apoio à tomada de decisão sobre a
localização de pontos de atendimento de
sinistros (pós-venda) de companhias de
seguro.
4. MÉTODO DE PESQUISA
Lakatos e Marconi (2009, p. 157) esclarecem
que “A pesquisa é um procedimento formal,
com método de pensamento reflexivo, que
requer um tratamento científico e se constitui
no caminho para conhecer a realidade ou
para descobrir verdades parciais”.
A pesquisa bibliográfica foi iniciada em junho
de 2016, enfocando em bancos de
dissertações e teses selecionados pelas suas
mantidos
pela
Universidade
Federal
Fluminense
(http://www.bdtd.ndc.uff.br
e
http://www.repositorio.uff.br/jspui/),
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(http://minerva.ufrj.br) e Universidade de São
Paulo (www.teses.usp.br), acrescidas da
base Scielo (Scientific Electronic Library
Online), escolhidos pela sua relevância
acadêmica, pela qualidade de suas
publicações e pela sua boa acessibilidade.
Foram empregadas as palavras-chave
“indicadores” e “localização”, combinadas. O
recorte temporal adotado foi de 2011 a 2016.
Também foram consultados livros, sítios da
internet e artigos de referência indicados pela
comunidade acadêmica consultada. Os
conceitos-chave
pesquisados
foram:
“prestação de serviços”, “tomada de
decisão”, “localização de instalações”,
“indicadores de desempenho”, “qualidade em
serviços” e “sustentabilidade”.
A pesquisa bibliométrica foi desenvolvida
com base na técnica de mineração de dados
bibliográficos, aplicadas sobre bases de
dados de textos acadêmicos acessíveis
através do Portal de Periódicos da Fundação
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior), com o emprego
do modelo webbliomining, proposto por Costa
(2010). Essa pesquisa resultou numa amostra
de 417 artigos, extraídos das bases de dados
Scopus (Elsevier) e Web of Science (Thomson
Reuters Scientific). Essas bases foram
escolhidas pela sua boa reputação e
abrangência internacionais, acessadas entre
01 de agosto e 30 de outubro de 2016, dentro
do
recorte
temporal
01/01/2006
até
12/10/2016 (data-base da pesquisa). O
quadro abaixo detalha o resultado dessa
pesquisa:
Quadro 1 – Palavras-chave da pesquisa e artigos localizados
Conectores
Palavras-chave
Nº de artigos
Base Scopus
Nº de artigos
Base Web of Science
OR
AND
facility
store
location decision
174
243
Total
417 documentos
Fonte: Autor. Adaptado das Bases de Dados Scopus (Elsevier) e Web of Science (Thomson Reuters Scientific)
Gestão pela Qualidade - Volume 1
126
O quadro a seguir demonstra a distribuição
temporal da amostra identificada na pesquisa
bibliométrica, e após a identificação e o
tratamento de 17 artigos duplicados:
Quadro 2 – Distribuição temporal e por base de dados dos documentos selecionados
ANO
SCOPUS
WEB OF SCIENCE
TOTAIS
2016
23
56
79
2015
23
60
83
2014
34
24
58
2013
22
31
53
2012
44
29
73
2011
28
26
54
TOTAIS
174
226
400
Fonte: Autor. Adaptado das bases de dados Scopus (Elsevier) e Web of Science (Thomson Reuters Scientific) pesquisados em 12/10/2016
Os 400 artigos que integraram a amostra
selecionada foram analisados um a um,
através da leitura de seus abstracts. Essa
ação permitiu identificar e desconsiderar os
artigos cujos temas não estivessem
correlacionados ao da presente investigação.
A ação seguinte envolveu a verificação da
classificação Qualis 2014 dos periódicos que
publicaram os artigos remanescentes na
amostra selecionada. Essa verificação
ocorreu através de consulta à Plataforma
Sucupira, disponibilizada pela Fundação
CAPES.
Após
essa
consulta,
forma
desconsiderados os artigos oriundos de
periódicos ainda não classificados, ou cuja
classificação fosse diferente de A1, A2, B1
e/ou B2, em alguma das áreas de avaliação
Administração, Ciências Contábeis e Turismo;
Engenharias III e Interdisciplinar.
Ao final dessas verificações a amostra
selecionada incluía 20 artigos oriundos das
bases Scopus e Web of Science, os quais
formaram o núcleo de partida da literatura
correlacionada com o tema do presente
estudo.
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5.1 ELEMENTOS CONSIDERADOS NA
TOMADA DE DECISÃO ORGANIZACIONAL
Pidd (1998) esclarece que o processo de
tomada de decisão, independente do seu
grau de complexidade. Ele objetiva a escolha
e a implementação de ações cujas
consequências podem ser esperadas,
benéficas e aceitáveis pela organização, ou
não. As decisões, portanto, apresentam riscos
(quando se conhecem as probabilidades de
ocorrência) ou incertezas (quando as
probabilidades são desconhecidas) de
sucesso, que resultarão em impactos para a
organização, sejam eles benéficos ou não.
Deve-se, então, efetuar uma análise lógica e
racional dos possíveis impactos das
decisões, e escolher a que trouxer os melhore
resultados com impactos aceitáveis.
Sousa e Amaral (2011) afirmam que a tomada
decisão nas organizações envolve a
avaliação de um conjunto alternativas de
cursos de ação para tratamento de uma
situação proposta, resultando na escolha
daquela que possibilitar o melhor resultado.
Segundo os autores, esse processo depende
tanto da qualidade das informações
disponíveis sobre o objeto da decisão, quanto
da intuição, da sensibilidade e da experiência
dos tomadores de decisão.
Para Sato (2002), os processos de seleção de
locais para as instalações organizacionais
têm priorizado a adoção de critérios objetivos
no lugar dos subjetivos, buscando o
incremento da produtividade e da vantagem
competitiva. Wood e Tasker (2008), ao
examinar os processos de tomada de decisão
sobre a localização de loja de varejo, não
descartam a influência da intuição de
negócios dos avaliadores como um critério
subjetivo de escolha, afirmando que ela deve
ser considerada. Por outro lado, Reynolds e
Wood (2010) verificaram, ao pesquisar o
mercado de varejo, que os procedimentos de
localização de instalações têm priorizado
Gestão pela Qualidade - Volume 1
127
critérios de seleção objetivos, em lugar dos
subjetivos.
Guimarães e Évora (2004) afirmam que a
tomada de decisão é uma atribuição típica da
gerência e que a situação sobre a qual se
quer decidir deve ser analisada a partir de
seis etapas definidas: i) levantamento de
dados; ii) definição e análise de informações;
iii) proposição de cursos de ação; iv)
definição do curso de ação mais adequado;
v) desenvolvimento das etapas do curso de
ação escolhido; vi) avaliação dos resultados
dessa ação.
Krajewski et al. (2009, p. 8) afirmam a
importância da tomada de decisão na
administração das organizações, e propõem
etapas para seu desenvolvimento: i)
reconhecer e definir o problema; ii) coletar as
informações necessárias e analisar possíveis
alternativas; iii) escolher a alternativa mais
atraente, e iv)
implementar a alternativa
escolhida. Os autores ainda dividem essas
decisões
entre
estratégicas
(menos
estruturadas e de longo prazo) e táticas (mais
estruturadas, rotineiras e de curto prazo).
Guimarães e Évora (2004) destacam a
importância da informação no processo de
tomada de decisão, esclarecendo que,
quanto mais desenvolvido for o modelo de
tomada de decisão adotado, maior será a
necessidade da disponibilidade de sistemas
de informação capazes de fornecer insumos
informacionais necessários e suficientes para
suportar adequadamente tais modelos. Em
complemento, Angeloni (2003) esclarece a
importância dos dados, da informação e do
conhecimento para a tomada de decisão,
vinculando a qualidade e a celeridade dessas
decisões à disponibilidade de recursos de
comunicação e de tecnologia da informação
adequados. Essa autora propõe que esses
três elementos sejam percebidos como uma
“cadeia de agregação de valor”, e que
estejam acessíveis aos tomadores de decisão
através de sistemas de informação confiáveis.
Slack, Brandon-Jones e Johnston (2015, p.
80) informam existir dois tipos de decisões
estratégicas nas organizações: as estruturais
e as infraestruturais. As estruturais envolvem
novos projetos, como de instalações ou de
produtos.
As infraestruturais envolvem
aspectos relacionados a força de trabalho,
tais como planejamento e controle da
produção.
Ao tratar da tomada de decisão estratégica,
Barbará et al. (2012) afirmam que essa pode
ocorrer durante ou após o desenvolvimento
de uma determinada atividade de negócios, e
se baseiam em critérios, os quais podem ser
objetivos, tais como intelectuais, éticos ou de
conformidade; ou subjetivos, tais como
comportamentais ou morais. Por outro lado,
Carnasciali e Delazari (2011) e Wood &
Tasker (2008) destacam a importância do
emprego de critérios claros e definidos para a
tomada de decisão, sem desconsiderar a
experiência e a intuição de negócios dos seus
executores.
5.2
ELEMENTOS CONSIDERADOS NAS
DECISÕES SOBRE LOCALIZAÇÃO
Prajogo e Macdermott (2011) afirmam a
importância da localização como elemento
estratégico na relação com o cliente,
destacando a sua contribuição para o
incremento da competitividade e do sucesso
empresarial nas organizações de serviços.
Hotelling (1929) destaca o seu papel
significativo para a decisão de consumo.
Porter (2000) e Guimarães e Meirelles (2015)
constataram que as organizações de serviço
concorrentes tendem a se concentrar nas
mesmas regiões ou locais, disputando o
mesmo público-alvo. Guimarães e Meirelles
(2015) afirmam que essas regiões se
destacam por concentrarem maiores renda e
população. Porter (2000) complementam que
as organizações buscam por localizações
próximas a seus stakeholders. Esse autor
também esclarece que essa concentração é
benéfica para a produtividade, para a
formação de parcerias de informação, e para
a troca de informações.
Para Lovelock e Wirtz (2006), o momento da
prestação ou “encontro” de serviços é uma
oportunidade para se obter o entendimento
do efeito sobre a percepção do cliente tanto
do processo quanto do ambiente onde ocorre
o encontro de serviços, que é o ponto de
atendimento,
o
que
possibilitará
o
desenvolvimento de ações de melhoria de
performance do processo de atendimento, ou
da apresentação desse ambiente. Eles
também afirmam a necessidade da
manutenção de um nível de performance de
atendimento alto e constante em todos os
pontos de interação com o cliente.
Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, p. 18)
afirmam que “A presença do cliente como um
participante do processo do serviço requer
atenção ao design das instalações [...]”, e
destacam a importância da aparência do
ambiente e da disponibilidade de recursos no
local de prestação de serviço, sejam eles de
conforto ou de apoio às atividades de
Gestão pela Qualidade - Volume 1
128
atendimento, lembrando que, na “visão
cliente”
esses
elementos
ambientais
contribuem para a formação da percepção do
cliente sobre a qualidade do atendimento.
Las Casas (2012) também atribui importância
a esses elementos ambientais e acrescenta
como elementos importantes para a
composição dessa percepção da qualidade
do serviço a localização física do ponto de
atendimento e a própria apresentação
pessoal e o comportamento dos atendentes.
Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, p. 22)
propõem que o projeto de instalações de
pontos de atendimento considere o “pacote
de serviços”. Esse pacote é constituído pelas
cinco características básicas abaixo, que
podem orientar a criação de critérios de
avaliação do próprio pacote:
Quadro 3 – Características do pacote de serviços
Características
Descrição
Instalações de apoio
Bens facilitadores
Informação
Reúne os recursos físicos requeridos pelos serviços a serem prestados
São os itens fornecidos ou adquiridos pelo cliente
Inclui a informação requerida para o processamento dos serviços, seja ela
fornecida pelo cliente ou pelo prestador de serviço;
São as características básicas dos serviços cujos benefícios para o cliente
são imediatamente notados por ele
São benefícios psicológicos dos resultados do serviço que são sentidos
pelo cliente.
Serviços explícitos
Serviços implícitos
Fonte: O autor, adaptado de Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, p. 22)
No que tange às instalações onde ocorre o
encontro de serviços, Kwon et al. (2015),
avaliaram experimentalmente o seu efeito
sobre a percepção dos clientes sobre a
prestação desses serviços. Esse experimento
envolveu a construção de um modelo de
realidade virtual (VR Model), ou seja, a
construção de um ambiente físico (layout)
mobiliado e decorado simulando o ambiente
de ponto de atendimento real, no qual o
espaço fisico, o equipamento, o mobiliário, os
recursos informacionais, e o próprio processo
operacional, puderam ser testados e
avaliados
de
forma
controlada.
Os
pesquisadores concluíram que a avaliação
dos clientes sobre os ambientes ora em uso
pode contribuir para a adequação de novos
ambientes em projeto ou em uso. Segundo
eles, melhorias aplicadas sobre o ambiente
físico trarão maior satisfação e incentivo a
esses clientes para buscar por esses serviços
novamente. Há também de se considerar a
oportunidade de se avaliar a adequação dos
recursos alocados para a operação desse
ambiente.
Slack, Brandon-Jones e Johnston (2015), ao
tratar de arranjos físicos de recursos e sua
alocação para o suporte de operações ou
processos, destacam os efeitos negativos
advindos da má escolha desses arranjos.
Dentre os impactos citados cabe citar a
demora no atendimento aos clientes devido
ao tempo excessivo de processamento de
suas demandas.
5.3 DIFERENÇAS ENTRE AS LOCALIZAÇÕES
DE INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS E DE
SERVIÇOS
Machado (2002), em sua pesquisa sobre
fatores determinantes para tomada de
decisão sobre a localização de fábricas,
identificou o custo da mão de obra e os
incentivos
fiscais
como
elementos
preponderantes, além da facilidade do
escoamento da produção e da abrangência
do mercado consumidor.
Paladini e Bridi (2013) esclarecem as
diferenças entre a produção de bens
tangíveis (produtos) e intangíveis (serviços),
destacando que os tangíveis, posto poderem
serem físicos, podem ser vistos, tocados e,
principalmente, inspecionados antes da
entrega aos seus usuários, que são os
clientes. Já os serviços, estejam eles
vinculados a um produto físico ou não, são
produtos intangíveis e finais, sendo sua
qualidade percebida pelo cliente no momento
de sua produção, inviabilizando uma
inspeção prévia. Tal fato deve ser
considerado na tomada de decisão sobre
serviços.
Slack, Brandon-Jones e Johnston (2015), ao
analisarem as decisões que envolvem arranjo
físico de instalações de produção e de
Gestão pela Qualidade - Volume 1
129
logística, as vinculam tanto aos objetivos
estratégicos da organização quanto ao tipo
de produção em questão. Os autores
propõem vários tipos de arranjos tanto de
recursos por unidade de produção e logística
quanto da localização geográfica dessas
unidades, considerando como aspectos
significativos para a decisão o volume de
produção, a variedade da operação, a
ergonomia, e as distâncias entre as unidades
de produção e de suprimentos ou de
distribuição, ou dessas para seus clientes.
Esses tipos de arranjos variam conforme o
tipo de produção, insumos utilizados,
recursos alocados a produção, e das próprias
percepções e necessidades dos clientes e da
mão de obra alocada a produção e
distribuição, entre outros aspectos. Os
autores destacam, ainda, a importância da
distância entre o cliente e o ponto de
atendimento na prestação de serviços e do
tempo de atendimento ao cliente.
5.4
PROJETO
DE
PROCESSOS
DE
ATENDIMENTO AO CLIENTE DE SERVIÇOS
Fitzsimmons & Fitzsimmons (2014) e
Krajewski et al. (2009) esclarecem a
importância do projeto de processos e do
fluxo de informações no relacionamento com
clientes. Para Barbará et al. (2012, p. 143)
processos são um “conjunto de ações
ordenadas e integradas para um fim produtivo
específico, ao final do qual serão gerados
produtos e/ou serviços e/ou informações”.
Segundo Krajewski et al. (2009, p. 2),
“processo é qualquer atividade ou grupo de
atividades que toma um ou mais insumos
(inputs), transforma-os e fornece um ou mais
resultados (outputs) a seus clientes”. Barbará
et al. (2012) afirmam que o estudo dos
processos permite a organização identificar e
tratar continuamente os processos críticos
para o atendimento, direcionando a alocação
de esforços e de recursos necessários para
garantir a satisfação do cliente.
Las Casas (2012) afirma que uma
organização é constituída por processos ou
atividades, e que esses definem as melhores
práticas a serem observadas e os
comportamentos
esperados
dos
colaboradores da organização. Gonçalves
(2000) destaca a importância do enfoque em
processos nas organizações que oferecem
produtos intangíveis ou intelectuais, como é o
caso das empresas de serviços. O autor
destaca que esse enfoque estimula o trabalho
em equipe, já que o papel de cada um nos
processos é padronizando.
Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014) enfatizam a
importância do cliente no processo de
prestação de serviços, o qual consideram
como um insumo básico para o mesmo, e
esclarecendo o seu papel no seu
acionamento e desempenho de atividades
diversas nas etapas posteriores. Essas
atividades incluem o provimento de
documentos e outras informações requeridas,
o aceite dos resultados alcançados e a
avaliação final dos serviços prestados. Os
autores ressaltam que o desempenho do
processo, principalmente no que tange ao
equilíbrio entre a capacidade de produção e
a demanda por serviços, está vinculado a
aspectos comportamentais do cliente, tais
como o seu interesse pela utilização dos
serviços,
a
profundidade
de
seu
entendimento sobre esses, o atendimento aos
requisitos para o seu acionamento e
desenvolvimento adequados, ou mesmo a
sua postura ética nas interações com o
processo de serviços.
Krajewski et al. (2009) afirmam a importância
do entendimento das necessidades e dos
interesses do cliente para o projeto de
pacotes de serviços e dos processos de
serviços, e propõem um processo de
desenvolvimento de novos serviços ou
produtos, formado pelos seguintes estágios
ou etapas: i) projeto, ii) análise, iii)
desenvolvimento e iv) lançamento do produto
ou serviço. Desses, o projeto é considerado
como a etapa mais importante posto ser
direcionado pela estratégia de operações da
organização.
Melo et al. (2009), esclarecem a importância
de se considerar a interação entre o
atendimento
e
a
retaguarda
das
organizações, cuja operação pode gerar
atividades nos dois sentidos, e na
postergação de decisões de produção, que
podem gerar atrasos ou o não atendimento às
necessidades do cliente. Os autores também
afirmam que esses atrasos podem gerar
retrabalho
e
penalizações
pelo
descumprimento de obrigações.
5.5 QUALIDADE DO ATENDIMENTO AO
CLIENTE DE SERVIÇOS
Slack, Brandon-Jones e Johnston (2015, p.
93) ressaltam a importância do desempenho
no atingimento dos fins propostos para o
processo, vinculando os objetivos de
desempenho com os objetivos do processo, e
Gestão pela Qualidade - Volume 1
130
estabelecem critérios básicos para sua
avaliação: i) qualidade (conformidade do
processo com padrões estipulados): ii)
velocidade (tempo de atendimento às
demandas); iii) confiabilidade (continuidade
da
operação
dentro
dos
padrões
estipulados); iv) flexibilidade (atendimento às
variações de demanda) e v) custo (produção
sem perdas ou atrasos).
Paladini e Bridi (2013) classificam os serviços
como bens intangíveis que, diferentemente
dos bens tangíveis, não podem passar por
uma inspeção de qualidade após produzidos
e antes de sua entrega aos clientes. Os
serviços são produzidos no mesmo instante
em que são entregues a esses clientes que,
concomitantemente, formam a sua percepção
sobre a qualidade dessa produção. Tal
situação é diferente dos produtos tangíveis,
cuja produção ocorre fora das vistas do
cliente, fato que possibilita a condução de
inspeções
prévias
de
qualidade,
e
consequente
aplicação
de
eventuais
correções que se façam necessárias. Os
autores ressaltam que essa natureza imaterial
dos serviços e as diferentes expectativas e
percepções dos clientes sobre a qualidade
do serviço prestado, representam obstáculos
para a padronização do processo de
atendimento, e afirmam que a relação entre o
volume da produção e a variedade de
serviços processados são importantes para
definir o tipo de processo em projeto.
5.6 IMPORTÂNCIA DAS MEDIÇÕES NO
APOIO À TOMADA DE DECISÃO
Sink e Tuttle (1993, p. 163) destacam a
importância
da
medição
para
o
direcionamento
e
aperfeiçoamento
da
performance e da alocação de recursos nas
organizações. Segundo esses autores: “Não
se pode gerenciar aquilo que não se pode
controlar. Daí pode-se deduzir, logicamente,
que não se pode gerenciar aquilo que não se
consegue medir.”. Os autores ainda
destacam o papel da gestão corporativa na
implementação ou melhoria dos sistemas de
medição, e na garantia do cumprimento dos
objetivos estratégicos da organização. Mas os
autores ressaltam a importância de se evitar
que “[...] o estilo e as preferências pessoais
determinem se devemos ou não fazer
medições” (SINK E TUTTLE, 1993, p. 147).
Barbará et al (2012, p. 299) reforçam o papel
dos
indicadores
(ou
índices)
na
representação abstrata ou concreta dos
critérios propostos para o processo de
tomada
de
decisão
estratégica
ou
operacional. Os autores os definem como
sendo “procedimentos ou regras que
associam práticas sociotécnicas a escalas,
que descrevem hierarquias ou ordens de
preferência nos estados do mundo”, e
esclarecem que esses são supridos por
bases de dados corporativas e definidos
através de modelos de avaliação, que
definem as formas de cálculo e os critérios
para a sua interpretação. Os autores também
esclarecem que as práticas de gestão nas
organizações de hoje preconizam o uso
intensivo de indicadores, representando
quaisquer das funções de negócio de uma
organização, e que esses podem ser
utilizados, por exemplo, para a definição de
objetivos estratégicos, no monitoramento do
desempenho de áreas/processos, ou na
identificação de possíveis áreas ou aspectos
a serem aperfeiçoados.
Paladini e Bridi (2013, p. 80), ao tratarem de
indicadores de desempenho e de qualidade
no contexto da prestação de serviços, os
definem como sendo mecanismos de
“avaliação formulado em bases quantitativas”
e “com foco no usuário final”. Segundo os
autores, essa avaliação deve ser expressa
numericamente. Assim, a medição de um
aspecto intangível, como é o caso do
atendimento ao cliente, foco do presente
trabalho, deve ocorrer através da medição de
aspectos tangíveis relacionados a sua
operação. Os autores citam exemplos de
indicadores tangíveis relacionados direta ou
indiretamente ao atendimento e que podem
ser usados coletivamente para mensurar a
qualidade do atendimento prestado, tais
como o prazo total de atendimento, a
quantidade de atendimentos por período, o
tempo de retorno de informações requeridas,
ou o percentual questões pendentes por
atendimentos num determinado período. Os
autores
ainda
afirmam
que
o
acompanhamento desses indicadores pelos
gestores da organização lhes permite
identificar oportunidades de aplicação de
ações operacionais, táticas e estratégicas de
melhoria do atendimento prestado ao cliente.
Albrecht (1998, p. 175) ao tratar de pesquisas
sobre a percepção dos clientes sobre a
qualidade de serviços prestados, propõe o
emprego
de
boletins
estruturados,
apresentando uma relação de “atributoschave da qualidade do serviço” a serem
avaliados subjetivamente pelo cliente. Esse
poderá classificar cada atributos-chave pela
sua prioridade, utilizando o critério de
Gestão pela Qualidade - Volume 1
131
classificação
pela
sua
prioirzação
estabelecido com base nos mesmos critérios
propostos por Lawsche (1975), ou seja, alto,
médio ou baixo. Esses atributos seriam,
portanto,
indicadores
intangíveis
da
satisfação do cliente que, da mesma forma, e
em conjunto com os indicadores tangíveis,
permitiriam aos gestores da organização
identificar oportunidades de aplicação de
ações operacionais, táticas e estratégicas de
melhoria do atendimento prestado ao cliente.
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 DIMENSÕES PARA À TOMADA DE
DECISÃO
SOBRE
LOCALIZAÇÃO
DE
PONTOS DE ATENDIMENTO PÓS-VENDA
A revisão bibliográfica realizada identificou
oito dimensões a serem consideradas na
tomada de decisão sobre a localização de
pontos de atendimento de serviços pósvenda, quais sejam: Estratégica, Financeira,
População, Ambiente Interno, Ambiente de
Negócios, Qualidade, Acessibilidade e
Sustentabilidade.
Cada
uma
dessas
dimensões está sumarizada a seguir.
6.4 POPULAÇÃO
Syam & Côté (2010), Zhang & Rushton (2006)
e Beare & Szakiel (2009) afirmam que a
seleção da localização geográfica deve levar
em conta aspectos como a densidade e a
distribuição geográfica da população-alvo,
esclarecendo a importância de se avaliar a
distância dessa população até o local de
atendimento em análise, o sistema de
transporte público disponível para o
transporte dessa população até esse local, e
a concentração de serviços correlatos nas
proximidades.
Jiménez & Perdiguero (2011) e Añaña (2011),
corroboram esse entendimento, destacando
que a localização de pontos em locais que de
difícil acesso, que estejam distantes de
grandes concentrações de clientes e/ou
percebidos
como
inseguros,
poderá
influenciar negativamente a percepção dos
clientes, podendo resultar na sua migração
para a concorrência.
6.5 AMBIENTE INTERNO
6.2 ESTRATÉGICA
A importância estratégica da tomada de
decisão sobre a localização de instalações
para uma organização, seja ela industrial ou
de serviços, é afirmada nos trabalhos de
Barney e Hesterly (2008), Carnasciali e
Delazari (2011), Krajewski et al. (2009),
Partovi (2006), Melo et al. (2009), Sfredo et al.
(2006) e Wernerfelt (1984). Esses autores
destacam que a boa localização representa
uma vantagem competitiva sobre os seus
competidores e a correlacionam a conquista
do sucesso empresarial.
6.3 FINANCEIRA
Slack, Brandon-Jones & Johnston (2015),
Zhang & Rushton (2006), Ahmadi-Javid et al.
(2016) e Prajogo & Macdermott (2011)
afirmam que a organização deve considerar
os custos operacionais e de manutenção das
instalações
ao
escolher
pontos
de
atendimento. A infraestrutura local deve
possibilitar que essa operação transcorra
dentro do nível de qualidade esperado pela
organização.
Mas
ressaltam
que
a
apresentação dessas instalações e a
disponibilidade de recursos de atendimento
será observada pelo cliente.
Zhang & Rushton (2006) e Slack, BrandonJones & Johnston (2015) destacam que a
qualidade dos serviços prestados pela equipe
de atendimento, o arranjo físico interno do
ambiente de atendimento, os itens de conforto
alocado ao ambiente, e a disponibilidade de
recursos
materiais
e
informacionais
requeridos pelo processo de atendimento são
elementos que serão considerados pelos
clientes na sua visita a essas instalações, e os
motivará retornar ou indicar esse ponto de
atendimento. Mas os autores ressalvam que o
tamanho e os recursos disponíveis nesse
ambiente
podem
representar
custos
adicionais, que deverão ser avaliados na
tomada de decisão.
Las Casas (2012) afirma que os clientes
julgam os serviços prestados conforme os
seus valores e necessidades pessoais, os
quais variam de um cliente para outro.
Grönroos (2009), Kwon et al., (2015), e Las
Casas (2012) lembram que a opinião do
cliente será formada por aspectos visíveis
para ele, tais como a acessibilidade ao ponto
de atendimento, a apresentação dos
atendentes, os recursos disponibilizados para
o atendimento, os resultados obtidos ou o
tempo de transcorrido durante essa interação.
A percepção do cliente será, portanto, um
aspecto significativo a ser considerado no
Gestão pela Qualidade - Volume 1
132
desenho do ambiente de prestação de
serviços.
6.6 AMBIENTE DE NEGÓCIOS
Silva & Jayme-JR (2013) e Carnasciali &
Delazari (2011) afirmam que devem ser
considerados aspectos políticos (interesses
do
poder
público),
regulamentares
(estratégias
de
crescimento),
macroeconômicos (população e renda da
região)
e
microeconômicos-espaciais
(infraestrutura, estacionamentos, acesso e
zoneamento urbano) relacionados ao ponto
de atendimento em estudo.
6.7 QUALIDADE
Grönroos (2009) subdivide a qualidade dos
serviços em duas dimensões, mensuradas a
partir de pesquisas de satisfação do cliente:
(a) Dimensão Técnica, que considera o
resultado das avaliações do serviço feitas
sobre as interações com a equipe de
atendimento e os processos da organização;
(b) Dimensão Funcional, que enfoca o
resultado das avaliações sobre como os
processos operacionais de atendimento
funcionaram. Krajewski et al. (2009) destaca
que a percepção dos clientes nessas
pesquisas
dependerá
da
satisfação
alcançada por cada cliente frente as suas
expectativas quanto aos serviços prestados, e
do próprio entendimento de cada cliente
sobre o que é qualidade.
Garvin (2002, p. 48) propôs cinco dimensões
ou abordagens distintas da qualidade de
produtos ou serviços: (a) transcendente
(qualidade evidente e reconhecida); (b)
baseada no produto (medida pelas suas
características); (c) baseada no usuário
(depende do entendimento do cliente sobre
qualidade e de suas expectativas); (d)
baseada
em
produção
(índice
de
conformidade com as especificações); e (e)
Baseada no valor (calculada pelo custo de
produção x preço de venda). Slack, BrandonJones e Johnston (2015, p. P.523) buscaram
integrar as proposições de Garvin (2002)
numa única afirmação sobre qualidade, que é
“o grau de adequação entre as expectativas
do consumidor e sua percepção do produto
ou serviço”.
Pekkola e Ukko (2016), ao estudar o
gerenciamento de serviços, propuseram três
critérios
de
diferenciação
entre
os
competidores a serem considerados: i)
reputação e credibilidade; ii) profissionalismo
e
competência;
iii)
confiabilidade
e
consistência dos resultados. Sob o ponto de
vista do cliente, esses critérios agregam valor
ao produto final.
6.8 ACESSIBILIDADE
Aboolian et al. (2007) e Sato (2002) afirmam
que as instalações dependem da natureza do
serviço a ser prestado, e que elas devem ser
acessíveis ao público que utilizará esses
serviços. Krajewski et al. (2009) e Jiménez &
Perdiguero (2011) destacam o efeito da
acessibilidade ao ambiente de serviços para
o sucesso da organização. Krajewski et al.
(2009, p. 353) estabelecem quatro objetivos a
serem considerados: (a) Proximidade dos
clientes; (b) Custos de transporte e
proximidade dos mercados; (c) Localização
dos concorrentes; e (d) Fatores específicos
ao local. Roig-Tierno et al. (2013) destaca
aspectos da infraestrutura local, como
estacionamentos, sistemas de transporte, a
proximidade do público-alvo e a presença de
competidores.
Wood e Tasker (2008), por fim, recomendam
a visita ao local do ponto de atendimento em
análise, visando avaliar a acessibilidade a
esse local. Essa medida se justifica pela
importância dessa dimensão.
6.9 SUSTENTABILIDADE
Mota et al. (2014) afirmam que as
organizações de hoje precisam demonstrar
aos seus clientes e demais partes
relacionadas que praticam ações sustentáveis
(sociais, ambientais e econômicas), ou seja,
que abranjam os três pilares que suportam a
Sustentabilidade (Tripple Bottom Line).
Munck
(2015)
esclarece
que
o
desenvolvimento de práticas sustentáveis
será fundamental para a continuidade da
organização. Mouzas (2006) complementa
citando que as organizações buscam a
eficácia e a eficiência da performance
organizacional e da inovação, afirmando que
essas são vantagens competitivas frente a
concorrência. O autor também afirma que
esses fatores estão conectados a capacidade
da organização em crescer de forma
sustentável. A avaliação de pontos de
atendimento deve, portanto, considerar o seu
impacto sobre tais fatores.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
133
7. CONCLUSÕES E SUGESTÃO PARA
TRABALHOS FUTUROS
As questões de pesquisa definidas para essa
pesquisa foram: i) Identificar as dimensões
relevantes para a efetividade da tomada de
decisão sobre a localização de pontos de
atendimento presenciais de sinistros; ii)
Identificar a base metodológica mais
apropriada para subsidiar essas dimensões; e
iii) Identificar a base teórica para subsidiar
essas dimensões. Todas as questões foram
desenvolvidas
nos
tópicos
“Revisão
Bibliográfica” e “Resultados e Discussão” do
presente artigo.
Como resultado dessas questões forma
identificadas oito dimensões: i) Estratégica, ii)
Financeira, iii) População, iv) Ambiente
Interno, v) Ambiente de Negócios, vi)
Qualidade, vii) Acessibilidade, e viii)
Sustentabilidade.
A partir das dimensões identificadas, será
possível estabelecer um conjunto de
indicadores objetivos e subjetivos, além de
critérios e métricas, necessárias para o apoio
a tomada de decisão em questão.
As questões identificadas na revisão de
literatura relativas aos impactos positivos ou
negativos na relação entre a organização de
serviços e seus clientes, gerados a partir das
interações desses com a equipe de
atendimento e como o arranjo interno e a
localização das instalações de atendimento,
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processos: fundamentos, técnicas e modelos de
implementação: foco no sistema de gestão da
qualidade com base na ISO 9000: 2005 e ISO
destacam a importância das dimensões
População, Ambiente Interno, Qualidade,
Acessibilidade. Estas quatro dimensões são
representativas da interação direta da
organização com os clientes.
Já as dimensões Estratégica, Financeira,
Ambiente de Negócios, e Sustentabilidade,
conforme a literatura consultada, embora de
igual importância, são mais significativas para
o relacionamento da organização com o seus
stakeholders, com ênfase no poder público,
acionistas e a sociedade.
Sink & Tuttle (1993) e Wood & Tasker (2008)
destacam que, apesar da disponibilidade
dessas dimensões e dos indicadores
correlacionados,
extraídos
de
fontes
sistêmicas e confiáveis, elementos subjetivos,
como as preferências pessoais, a experiência
profissional, a visão de negócios e a intuição
dos
tomadores
de
decisão
serão
considerados em suas escolhas.
A bibliografia avaliada permitiu identificar dois
prolongamentos possíveis do presente
estudo, envolvendo a ampliação e o
aprofundamento do estudo sobre a influência
de elementos subjetivos na tomada de
decisão sobre pontos de atendimento, e dos
critérios de escolha entre pontos de
atendimento físicos e virtuais.
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Gestão pela Qualidade - Volume 1
136
Capítulo 13
Geovana da Silva Batista
Frederico Cordeiro Freitas
Raísa Moreira de Lemos
Aline Pires Vieira de Vasconcelos
Resumo: O trabalho atual tem por objetivo a avaliação da ferramenta da qualidade
Matriz GUT como alternativa para priorização dos requisitos no desenvolvimento de
software. A grande vantagem em utilizar essa matriz é que ela auxilia o gestor a
avaliar itens de forma quantitativa, tornando possível priorizar ações a serem
realizadas. Foi realizado um estudo de caso em um projeto de Gerenciamento de
Bolsas de Desenvolvimento Acadêmico e Apoio Tecnológico em uma instituição de
ensino localizada no Norte Fluminense. Através da ferramenta de qualidade Matriz
GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) procurou-se contribuir na tomada de
decisão dos stakeholders envolvidos no desenvolvimento do escopo do software. O
estudo forneceu indícios da eficácia da ferramenta matriz GUT no que tange os
seus propósitos uma vez que o seu resultado foi validado através da aplicação do
coeficiente de correlação de Spearman. Realizar a fase de priorização de requisitos
de software sob a luz da perspectiva dos clientes pode agregar melhorias no
processo de desenvolvimento do software.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
137
1. INTRODUÇÃO
Se há mais de cinco décadas fosse
questionado sobre o futuro poderio de um
software de computador no dia a dia da
humanidade e nos negócios, seguramente
não haveria apostas tão proeminentes a
respeito. Software hoje é uma ferramenta de
competitividade
para
as
empresas,
importante presença nos processos de
negócios, além de, um propiciador de novas
tecnologias, atuante em diversos dispositivos,
comprado não somente como produto, mas,
como serviço, presente em diferentes áreas,
indispensável ao presente panorama.
Segundo Sommerville (2011), um software é
bem mais que um programa de computador,
possui toda documentação atrelada e uma
estrutura precisa para operação correta
desses programas.
O sucesso do software começa na definição
dos requisitos. Requisitos de software nada
mais são do que um conjunto de atividades
que o software deve desempenhar, com suas
limitações
e
restrições,
além
de
características não ligadas diretamente às
funções desempenhadas pelo software
(SOMMERVILLE,
2011).
Quanto
mais
compreensível, precisa e rigorosa for à
descrição de um requisito de sistema, maior
será a proporção quanto ao grau de
qualidade do produto resultante (PETERS;
PEDRYCZ, 2000).
Posto que, o software é importante, é
primordial que o mesmo opere em
conformidade com as exigências e propósitos
para
os
quais
foi
produzido.
Sistematicamente, a qualidade de um produto
de software é definida por sua habilidade em
satisfazer às urgências dos clientes e
usuários, conforme destaca Berander e
Andrews (2005). Em contribuição, Duan et al.
(2009), reportam que em referência ao
software, vários requisitos têm maior
repercussão na satisfação dos usuários.
Assim, uma das problemáticas no decorrer do
desenvolvimento do software de qualidade é
o reconhecimento preciso e a compreensão
dos requisitos de negócio com o intuito de
garantir que o software atenda às
expectativas de seus clientes. Outra é
encontrada na decisão de qual requisito
desenvolver primeiramente, uma vez que,
prazos e disponibilidade orçamentária, na
maioria dos projetos de software são fatores
restritivos.
Thakurta (2016) aponta que priorização das
necessidades é uma área de pesquisa ativa,
que a existência de ferramentas para
priorização com base nos objetivos do
negócio é válida para auxílio aos tomadores
de decisão. Por fim, reporta que existem
possibilidades de estudo referente as
ferramentas para priorização de requisitos.
Estudos feitos com diferentes ferramentas de
priorização
apresentaram
falhas
e/ou
dificuldades, conforme citado por Duke e
Mount (1996) a matriz de análise importânciadesempenho possui como limitação a falta de
testes de significância estatística (apud
CORDEIRO; FREITAS, 2012). Asfora (2009)
ressalta que um dos principais problemas da
técnica AHP (Analytic Hierachy Process Método de Análise Hierárquica) é o
enredamento dos cálculos necessários para
fazer as comparações aos pares e realizar as
operações entre as matrizes de valores.
Outra técnica de priorização é a Matriz GUT
(Gravidade, Urgência e Tendência) que
auxilia o gestor a avaliar itens de forma
quantitativa, tornando possível priorizá-los de
maneira simples e eficiente conforme destaca
Lucinda (2010). Essa técnica é bastante
utilizada em priorização de problemas, porém
é uma ferramenta que pode ser usada em
inúmeras
finalidades,
auxiliando
no
planejamento estratégico, contando sempre
com as vantagens de possuir uma utilização
fácil.
Neste trabalho apresenta-se uma proposta de
aplicação da ferramenta da qualidade Matriz
GUT (Gravidade, Urgência e Tendência)
como alternativa para priorização dos
requisitos no desenvolvimento de software.
Foi realizado um estudo de caso em um
projeto de Gerenciamento de Bolsas de
Desenvolvimento
Acadêmico
e
Apoio
Tecnológico de uma instituição de ensino
localizada no Norte Fluminense.
Como forma de validarmos a aplicação da
Matriz GUT, será utilizado o coeficiente ρ de
correlação de Spearman. De acordo com
Hair (2007) este coeficiente, por sua vez, visa
medir a intensidade da relação entre variáveis
ordinais. Em vez de utilizar o valor observado
nas variáveis, este método utiliza apenas a
ordem das observações, buscando assim
propor uma associação nestas variáveis.
O coeficiente ρ de Spearman é uma
ferramenta de estatística não paramétrica que
varia entre o intervalo de -1 e 1. Este
coeficiente parte do pressuposto que quanto
Gestão pela Qualidade - Volume 1
138
mais próximo estiver destes extremos, maior
será a associação entre as variáveis. (HAIR,
2007)
Adiante desta seção introdutória, o trabalho é
organizado conforme segue: Seção 2, que
reportará sobre a metodologia proposta;
Seção 3, trabalhos relacionados; Seção 4, a
forma como o estudo foi aplicado; Seção 5, a
caracterização do projeto executado; e por
fim, na Seção 6 as considerações finais do
presente trabalho.
2. METODOLOGIA
O estudo inicial compreendeu em buscar in
loco os requisitos de software já elicitados em
fase anterior ao processo (conhecida como
fase de elicitação de requisitos), no tempo de
uma semana. Estudando os requisitos
elicitados foi possível identificar cada
requisito como sendo uma necessidade
definida pelos stakeholders no qual o produto
de software deverá atender.
As seguintes fases foram realizadas:
Fase 1: Estudo da matriz GUT;
Fase 2: Estudo sobre a sua aplicação
para a priorização de requisitos de
software;
Fase 3: Criação de um questionário,
sob a ótica da Matriz GUT em relação
a cada requisito elicitado;
Fase 4: Aplicação do questionário aos
stakeholders do negócio de forma
individual. A intenção nesta fase é
conseguir que cada participante
responda a respeito de cada requisito
em função da Matriz apresentada;
Fase 5: Coleta e desenvolvimento de
uma planilha de cálculo. A base de
dados corresponde as respostas do
questionário
aplicado
aos
stakeholders;
Fase 6: Elaboração do ranking em
conformidade com os resultados
obtidos na fase anterior;
Fase 7: Apresentação dos resultados
aos stakeholders principais e a
validação dos mesmos. O parecer
dos envolvidos em referência ao
resultado atestará a validade da
proposta;
Fase 8: Aplicação do coeficiente de
correlação de Spearman de forma a
validar a relação de associação das
variáveis de requisitos validadas
pelos stakeholders principais na fase
7.
3.
ESTUDOS
RELACIONADOS
PRIORIZAÇÃO DE REQUISITOS
A
Estudo análogo ao produzido neste projeto
foi aplicado por Cordeiro e Freitas (2012) que
submeteram uma metodologia onde por meio
de várias fases, proporciona a priorização
dos requisitos de software bem como a
avaliação da qualidade do produto de
software, sob a luz dos usuários. O estudo
colaborou para ampliar as oportunidades de
êxito dos projetos de desenvolvimento e
elevar a qualidade dos produtos de software.
Em contrapartida, a metodologia utilizada
apresentou carência de testes de relevância
estatística.
O trabalho feito por Asfora (2009) trata um
estudo de caso feito em duas empresas de
software propondo um processo de
priorização de requisitos para projetos de
software ágeis baseados na técnica Kano, e
os resultados sugerem que a abordagem
facilitou a priorização dos requisitos,
apresentando
ganho
considerável
na
qualidade da priorização dos mesmos e
envolvendo os usuários na tomada de
decisão. Como fator de desvantagem foi
apresentada a fase de implementação, a
proposta está adequada para projetos com
mais de 30 pessoas envolvidas.
No trabalho de Riegel e Doerr (2015) foram
detectados e categorizados os critérios de
priorização debatidos no amplo corpo da
literatura
de
priorização
para
desenvolvimento
de
software.
Como
resultado, eles apresentaram um modelo de
critérios
de
priorização
consistente
contribuindo economicamente para os
pesquisadores e profissionais. Contudo, o
trabalho relata que não se pode rejeitar a
existência de critérios não identificados
durante a investigação da pesquisa.
Outro exemplo de aplicação de técnicas de
priorização foi encontrado também no
trabalho de Cordeiro e Freitas (2012) com o
uso do método AHP (Analytic Hierachy
Process - Métodos de Análise Hierárquica)
apresentado como método tradicionalmente
utilizado para priorização de requisitos de
Gestão pela Qualidade - Volume 1
139
software, porém, no estudo em questão os
resultados de prioridades obtidos não foram
encarados como satisfatórios para finalidade
de apoio à tomada de decisão.
colunas à direita, identificadas com o
nome de cada participante do
questionário aplicado;
Etapa 3: Respostas de cada
participante.
Cada
participante
atribuiu uma nota de 1 a 5 para cada
função da matriz e em cada requisito.
Assim, a multiplicação destes valores
resultou no valor inserido no
participante correspondente e no
requisito correspondente;
Etapa 4: Somatório dos valores
resultando a Matriz GUT. A coluna
final foi criada e nomeada como GUT
para receber o somatório dos valores
de cada participante conforme o
requisito enumerado referente.
Além destas, destacam-se outras técnicas
como: Ánálise de MoSCoW de fácil
compreensão sem conhecimento prévio para
implementação, porém, ocorre subjetividade
na priorização e alguns critérios podem ser
ignorados, conforme Oliveira (2014).
4. PROPOSTA DE APLICAÇÃO
Para aplicação da abordagem metodológica
proposta junto aos stakeholders, foi
necessária a criação de um questionário
impresso em função da Matriz GUT. Os
seguintes passos foram realizados:
Passo 1: Identificação do participante.
O nome completo assim como o
cargo,
foram
os
quesitos
primeiramente
solicitados
no
documento;
Passo 2: Divulgação do contexto no
qual a pesquisa está inserida. Uma
breve
descrição
sobre
desenvolvimento de software e a
importância
de
priorização
de
requisitos foi abordada;
Passo 3: Esclarecimento da Matriz
GUT, suas características, funções
(Gravidade, Urgência e Tendência),
bem como suas pontuações de 1 a 5
para cada resposta;
Passo 4: Criação de uma planilha
eletrônica com 5 colunas, conforme
Quadro 1, onde cada requisito
devidamente enumerado recebeu
uma resposta no valor inteiro de 1 a 5
em relação a cada função da matriz.
De posse de todos os questionários
adequadamente respondidos, foi elaborada
uma planilha de cálculo, responsável por
gerar a matriz de acordo com as etapas a
seguir:
Etapa 1: Enumeração e identificação
dos requisitos. Cada requisito foi
devidamente enumerado, seguindo o
padrão estabelecido no formulário já
descrito anteriormente;
Etapa
2:
participante
Inserção
de
cada
na planilha. Criadas
5. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO
A pesquisa ocorreu no projeto de
Gerenciamento
de
Bolsas
de
Desenvolvimento
Acadêmico
e
Apoio
Tecnológico em uma instituição de ensino
localizada no Norte Fluminense. Essa bolsa
está voltada para a inserção de estudantes
dos cursos técnicos e superiores em projetos
que englobem atividades laboratoriais e/ou de
suporte acadêmico e tecnológico no âmbito
da Instituição. Tais experiências devem
repercutir na formação do estudante,
estimulando a aplicação dos conteúdos de
sala de aula e a experiência em atividades
que estejam em relação direta com o seu
curso regular. O propósito do software para a
instituição é informatizar o processo de
seleção de projetos e bolsistas para
atendimento a essa modalidade de bolsa,
minimizando tempo no processo, reduzindo
custos
com
impressão
e
pessoas,
possibilitando melhor gerenciamento em
todas as fases do processo.
Identificamos o projeto como sendo propício
para aplicação da proposta de priorização de
requisitos abordada neste trabalho.
5.1 QUESTIONÁRIO EM FUNÇÃO DA MATRIZ
GUT
Como parte inicial do desenvolvimento da
Matriz GUT e como fator imprescindível, temse a identificação e listagem dos problemas,
aqui representados como requisitos de
software. Estes, já elicitados na fase inicial do
projeto de software, foram devidamente
Gestão pela Qualidade - Volume 1
140
recolhidos. No Quadro 1, a seguir, podemos
elicitados a fim de serem respondidos pelos
visualizar o questionário preparado em função
stakeholders.
da Matriz GUT com base nos 31 requisitos
Quadro 1: Questionário em função da Matriz GUT.
Nº
Requisitos
01
Cadastrar editais referentes à submissão de
Desenvolvimento Acadêmico e Apoio Tecnológico
projetos
02
Status do Edital de seleção de projetos
03
Submeter projeto
04
Visualizar projeto
05
Cancelar projeto
06
Status do projeto
07
Associar avaliador ao edital
08
Associar avaliador ao projeto
09
Criar formulário para avaliação do projeto
10
Visualizar formulários para avaliação do projeto
11
Editar formulários para avaliação do projeto
12
Avaliar projeto
13
Registrar parecer final
14
Acompanhamento dos projetos
15
Homologar resultado do edital
16
Cadastrar editais referentes à seleção dos
Desenvolvimento Acadêmico e Apoio Tecnológico.
17
Status do Edital de seleção de bolsistas
18
Inscrição de candidatos nos projetos
19
Cadastrar/editar termo de compromisso do edital
20
Envio de e-mail para os coordenadores
21
Visualização dos dados dos candidatos inscritos no projeto pelo
coordenador
22
Registrar resultado da entrevista por perfil inscrito
23
Gerar relatório de avaliações pendentes
24
Gerar resultado da seleção dos bolsistas
25
Homologar resultado do edital
26
Impressão de termo de compromisso pelo Diretor de Gestão
Acadêmica do campus
27
Impressão de documento de encaminhamento para abertura de conta
bancária
28
Status do bolsista
29
Alterar status do bolsista
30
Histórico de alteração no status do bolsista
31
Alterar status dos projetos
bolsistas
Fonte: Os autores.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
de
de
G
U
T
Gravidade
Urgência
Tendência
141
5.2 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO AOS
STAKEHOLDERS
Realizamos nesta etapa a classificação dos
problemas, aqui nomeados como requisitos
de software. O questionário, anteriormente
apresentado, foi devidamente aplicado,
conforme agendamento telefônico a oito
stakeholders ligados ao negócio (Diretores e
usuários finais) de forma individual para não
ocorrer influência nas respostas. Cada
participante atribuiu um número inteiro de 1 a
5 a cada uma das dimensões (G, U e T),
correspondendo o 5 a maior intensidade e o 1
a menor para os aspectos de gravidade,
urgência e tendência de cada um dos
requisitos encontrados na listagem anterior.
Alguns
pontos
de
relevância
são
apresentados abaixo:
Posicionamento dos stakeholders:
Perante o questionário, algumas
dúvidas referentes a Matriz GUT
foram sanadas. Quanto aos requisitos
elicitados,
alguns
participantes
questionaram sobre o real significado
de alguns. Porém, uma listagem
contendo uma breve descrição foi
apresentada, contribuindo para a
devida resposta;
Identificação
de
melhorias
no
processo de elicitação de requisitos;
Ausência de questionamento sobre a
dependência entre os requisitos.
5.3 COLETA E CRIAÇÃO DE PLANILHA DE
CÁLCULO
planilha de cálculo onde o valor obtido de
cada requisito em relação as dimensões (G, U
e T) foi multiplicado. Refeito o processo para
cada participante envolvido. Ao final, foi
realizada a soma das notas de cada requisito.
Pode-se assim criar um ranking com o intuito
de identificar os requisitos que devem ser
tratados como prioridade (aqueles que
atingiram a maior nota), dos requisitos com
menor prioridade (menor nota). Para os
requisitos que conseguiram a mesma
pontuação (2 casos), foi criado um critério de
desempate no qual foi realizada a seguinte
média: (Nota do requisito/Número de
entrevistados). Para obter o resultado do
ranking apresentado posteriormente no
Quadro 2, foi realizado o seguinte cálculo
para obtenção da média: (Nota total do
requisito obtida pelo somatório de todos os
questionários/Número de entrevistados).
O método usado para a priorização de
requisitos deste trabalho foi o absoluto (os
valores são atribuídos a cada requisito sem
levar em consideração os demais). A
multiplicação e a soma dos valores de cada
requisito
não
sofreu
influência
de
dependência, uma vez que, cada requisito foi
individualmente avaliado. No Quadro 2 a
seguir visualizaremos o ranking consolidado
pelo conjunto de stakeholders:
Pode-se observar que os requisitos de maior
prioridade na percepção dos stakeholders
foram: Inscrição de candidatos nos projetos e
Alterar status do bolsista e os menos
prioritários foram: Visualizar formulários para
avaliação do projeto e cancelar projeto.
Após atribuição das notas para cada requisito
conforme fase anterior, foi realizada uma
coleta das devidas notas e criada uma
Gestão pela Qualidade - Volume 1
142
Quadro 2: Ranking consolidado. Fonte: Os autores.
RANKING CONSOLIDADO DE PRIORIZAÇÃO DE ESCOPO DE SOFTWARE UTILIZANDO MATRIZ GUT - BASE DE
DADOS ENTREVISTAS REALIZADAS COM STAKEHOLDERS
Sequência
de
Priorização
Requisitos Elicitados
Grau Crítico
(GxUxT)
Médio
01
Inscrição de candidatos nos projetos
118,8
02
Alterar status do bolsista
114,3
03
Registrar parecer final
110,9
04
Avaliar projeto
110,4
05
Submeter projeto
108,5
06
Status do bolsista
104,3
07
Visualização dos dados dos candidatos inscritos no projeto pelo coordenador
100,3
08
Gerar resultado da seleção dos bolsistas
98,8
09
Homologar resultado do edital
96,5
10
Cadastrar/editar termo de compromisso do edital
95,6
11
Cadastrar editais referentes à seleção dos bolsistas de Desenvolvimento Acadêmico e
Apoio Tecnológico.
95,5
12
Status do Edital de seleção de bolsistas
95,5
13
Status do Edital de seleção de projetos
95,0
14
Criar formulário para avaliação do projeto
95,0
15
Associar avaliador ao projeto
91,8
16
Alterar status dos projetos
91,5
17
Registrar resultado da entrevista por perfil inscrito
88,9
18
Homologar resultado do edital
87,6
19
Impressão de termo de compromisso pelo Diretor de Gestão Acadêmica do campus
87,6
20
Histórico de alteração no status do bolsista
86,8
21
Editar formulários para avaliação do projeto
85,9
22
Cadastrar editais referentes à submissão de projetos de Desenvolvimento Acadêmico e
Apoio Tecnológico
85,0
23
Associar avaliador ao edital
82,6
24
Impressão de documento de encaminhamento para abertura de conta bancária
77,4
25
Visualizar projeto
76,0
26
Gerar relatório de avaliações pendentes
74,9
27
Acompanhamento dos projetos
71,4
28
Envio de e-mail para os coordenadores
64,1
29
Status do projeto
55,5
30
Visualizar formulários para avaliação do projeto
54,9
31
Cancelar projeto
51,6
Gestão pela Qualidade - Volume 1
143
5.4
VALIDAÇÃO
DOS
PRELIMINARES
RESULTADOS
Validar os resultados ajuda a minimizar as
chances de erros em produtos e no
desenvolvimento de software. Nesta etapa, foi
apresentado o ranking consolidado para os
stakeholders
principais,
neste
estudo
denominados de Especialistas 1 e 2, e estes
ordenaram novamente os requisitos de
acordo com sua própria avaliação. Alguns
pontos de relevância são exibidos conforme
Figura 1:
Figura 1: Validação dos resultados preliminares.
10%
Concordo
18%
Discordo
72%
Não concordo, nem
discordo
Fonte: Os autores.
Obteve-se como resultado, segundo a Figura
1, que cerca de 22 requisitos foram
classificados como corretos em seu resultado
de priorização. Os requisitos que geraram
discordância no tocante a ordenação da
priorização foram reposicionados de forma
que este novo ranking pudesse servir de base
para a aplicação da correlação de Spearman
para verificarmos a associação entre a
avaliação dos stakeholders especialistas e o
ranking consolidado pela pesquisa.
5.5 VALIDAÇÃO DEFINITIVA DA PROPOSTA:
APLICAÇÃO DO COEFICIENTE DE
CORRELAÇÃO DE SPEARMAN
A proposta para a utilização do coeficiente de
correlação de Spearman no presente estudo,
como método de validação definitiva dos
dados obtidos na Matriz GUT, se revela como
apropriada uma vez que os dados obtidos
nos questionários, que se encontram
disponíveis para comparação, não formam
uma nuvem “bem comportada”, apresentando
alguns pontos muito distantes um dos outros.
Além disso, este método é apropriado quando
parece existir uma relação crescente ou
decrescente em formato de curva entre as
variáveis, neste caso, os requisitos elicitados.
Para obter o resultado do coeficiente ρ de
correlação de Spearman foram realizados
testes estatísticos utilizando o software SAEG
comparando-se o ranking aferido tanto pelo
Especialista 1 como pelo Especialista 2 com o
ranking consolidado pelo conjunto de
stakeholders. Destes testes derivaram as
seguintes relações conforme Quadro 3:
Gestão pela Qualidade - Volume 1
144
Quadro 3: Correlação de Spearman entre o ranking do conjunto de steakholders (matriz) com o
ranking dos dois especialistas
Variável
Variável
Requisitos Correlação Significância
ESPEC1
MATRIZ
31
0,897
<0,0001
ESPEC1
ESPEC2
31
0,6611
0,0001
ESPEC2
MATRIZ
31
0,7594
<0,0001
ESPEC2
ESPEC1
31
0,6611
0,0001
Fonte: Os autores.
O Quadro 3 demonstra que, o resultado da
correlação entre o ranking do Especialista 1 e
a matriz com o ranking consolidada pelo
conjunto de stakeholders, demonstrado pelo
coeficiente de correlação 0,897 com
significância menor do que 0,0001, indica
uma associação forte e positiva.
Observado que a ferramenta da qualidade
utilizada foi uma alternativa não somente de
priorização dos requisitos conforme objeto
inicial do estudo, mas por estar relacionada
diretamente com o fator qualidade, contribuiu
para uma melhor visão dos stakeholders
quanto à revisão dos requisitos já elicitados.
No tocante ao ranking do Especialista 2 e a
matriz com o ranking consolidada pelo
conjunto de stakeholders, demonstrado pelo
coeficiente de correlação 0,7594 com
significância menor do que 0,0001, indica, da
mesma maneira, uma associação forte e
positiva.
De posse dos resultados obtidos com a
aplicação do coeficiente de correlação de
Spearman, verifica-se que a relação entre a
matriz
consolidada
do
conjunto
de
stakeholders, denominada Matriz no Quadro
3, apresenta forte e positiva associação com
o ranking aferido tanto pelo Especialista 1
quanto pelo Especialista 2, validando dessa
forma a contribuição da aplicação da Matriz
GUT como alternativa para o desenvolvimento
de escopo de software por meio da aplicação
de ferramenta estatística não-paramétrica
para aferição da proposta.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para a literatura, os problemas encontrados
nos projetos de desenvolvimento de software
estão ligados diretamente na fase inicial e os
custos envolvidos com problemas de
requisitos já com o software pronto são muito
maiores do que reparar erros de projeto e de
códigos, conforme destaca Sommerville
(2011). Acrescenta ainda que, toda revisão
realizada nesta fase contribui para exclusão
de anomalias e omissões.
O estudo expôs a aplicação da ferramenta da
qualidade Matriz GUT como alternativa para
priorização dos requisitos no desenvolvimento
de software sob a luz dos stakeholders
(clientes e usuários finais) inserindo o
elemento qualidade nesta etapa do processo.
Tal propósito pode ser declarado como
atendido, conforme a apresentação da
metodologia por meio das atividades e
resultados decorrentes durante o estudo.
Por fim, conclui-se que a utilização de
ferramentas da qualidade, associada a
elementos de ordem estatística, no processo
de priorização de requisitos favorece a fase,
posto que, a visão dos stakeholders contribui,
facilitando
a
comunicação
com
os
desenvolvedores e líderes de projetos quanto
à clareza de suas reais necessidades.
Como sugestão de trabalho futuro, será
realizar a metodologia já com os requisitos
dependentes claramente definidos e avaliar a
aplicação da Matriz GUT em outros projetos
de software em diferentes domínios, a fim de
se verificar a generalidade de aplicação da
mesma e se comprovar a eficácia de seus
resultados.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
145
BIBLIOGRAFIA
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priorização de requisitos em ambientes ágeis.
Recife: Universidade Federal de Pernambuco,
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Managing
Software
Requirements. Berlin, Heidelberg: SpringerVerlag Berlin Heidelberg, 2005. p. 69–94.
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triage.
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Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
[12] Thakurta, R. Understanding requirement
prioritization artifacts: a systematic mapping
study. Requirements Engineering, 10 maio
2016.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
146
Capítulo 14
Diego Washington de Brito Chaves
Resumo: Frente ao cenário cada vez mais incerto e de buscas incessantes por
diferenciais competitivos, procura-se no interior das empresas respostas rápidas e
inovadoras para se manter sustentável em um mercado altamente dinâmico. Desta
forma a proposta apresentada neste estudo vai de encontro com esta necessidade
do momento bem como traz à reflexão a importância da integração organizacional
na execução de projetos de novos produtos. O presente trabalho propõe um
método de acompanhamento da performance do atingimento de indicadores dos
prazos de projetos de novos produtos integrando as áreas envolvidas no projeto
forçando com que a comunicação e a interface entre as áreas possam melhorar
tendo em vista que um dos maiores gargalos no desenvolvimento de projeto de
novos produtos é o compartilhamento das informações e expectativas entre as
próprias áreas internas da empresa. Todo esse acompanhamento de resultados
dos indicadores deve ser realizado dentro do programa de gerenciamento pelas
diretrizes (GPD) e acompanhado por todos os níveis hierárquicos envolvidos no
projeto.
Palavras chave: Gestão de Projetos. GPD. Indicadores.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
147
1
INTRODUÇÃO
O dinamismo atual do mercado exige das
empresas reações mais rápidas e assertivas
no que se refere o desenvolvimento de novos
produtos. Segundo Kotler et al. (2005), as
empresas que não conseguirem desenvolver
novos produtos se colocam em risco. Os
produtos estão cada vez mais expostos às
mudanças frente às necessidades e gostos
dos clientes, a novas tecnologias, a menores
ciclos de vida e maior vulnerabilidade à
concorrência nacional e internacional.
Diante do exposto, as empresas precisam
adotar mecanismos para que o processo de
desenvolvimento de novos produtos seja um
fator crítico de sucesso e se torne um
diferencial competitivo gerando valor para
companhia. Para isso, o desenvolvimento de
novos produtos deve ser conduzido através
das boas práticas de gerenciamento de
projetos.
No gerenciamento de projetos de novos
produtos um dos principais desafios é
integrar as áreas envolvidas de forma que
todos estejam alinhados com as entregas e
seus respectivos prazos bem como os
requisitos expostos pelo cliente. A ausência
dessa sinergia entre as áreas afeta
diretamente a performance do projeto e
consequentemente
terá
sua
entrega
comprometida.
O que alguns gestores da área líder dos
projetos de novos produtos alegam é que se
sentem sozinhos na execução do projeto de
desenvolvimento, como se a entrega maior
fosse setorial e não corporativa.
Diante desse cenário levantou-se a seguinte
questão: Como avaliar de uma forma setorial
e corporativa o desempenho das entregas de
um projeto? Esse trabalho tem como objetivo
apresentar
uma
proposta
de
acompanhamento através de indicadores de
desempenho compartilhados de forma
setorial e corporativa, alinhados com a prática
de
gerenciamento
pelas
diretrizes
organizacionais.
Essa proposta delimita-se inicialmente a
mensurar a performance de prazo e sinergia
entre as áreas em projetos de novos produtos
em setores internos da empresa de maior
relevância para o projeto.
O presente estudo torna-se relevante, pois irá
subsidiar a utilização desta prática gerencial
servindo
como
modelo
para
o
acompanhamento
da
performance
de
projetos. Além de contribuir com a produção
científica sobre o tema abordado.
Para tanto, a metodologia a ser utilizada é de
um estudo exploratório. Gil (2002) ressalta
que essas pesquisas têm como objetivo
proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito
ou a constituir hipóteses.
Ademais, a estrutura desse artigo constitui-se
além dessa introdução, o referencial teórico,
metodologia, apresentação e discussão da
proposta, considerações finais e conclusão.
2
REFERENCIAL TEÓRICO
Este tópico trata do embasamento teórico que
sustenta o estudo. Os principais assuntos a
serem abordados são: gestão de projetos de
novos
produtos,
gerenciamento
pelas
Diretrizes (GPD) e indicadores em projetos.
2.1
GESTÃO DE PROJETOS
Segundo Heldman (2015), projetos são
temporários por natureza e têm data inicial e
final definidas. O projeto termina quando seus
objetivos e metas satisfazem as partes
interessadas.
A definição de Heldman (2015) converge com
o guia de melhores práticas PMBOK® (PMI,
2013) que conceitua projeto como um esforço
temporário empreendido para criar um
produto, serviço ou resultado exclusivo. A
natureza temporária dos projetos indica que
eles têm início e término definidos. O Guia
PMBOK® contém o padrão para gerenciar a
maioria dos projetos, na maior parte das
vezes, e em muitos setores econômicos.
Com relação ao ciclo de vida dos projetos,
Heldman (2015) ressalta que os projetos têm
a estrutura de ciclo de vida semelhante
independente de seu tamanho. As fases são
definidas com objetivo de tornar mais fácil o
gerenciamento, planejamento e controle dos
projetos. O número de fases depende da
complexidade do projeto e setor. O guia
PMBOK® (PMI, 2013) esclarece que fase de
um projeto é um conjunto de atividades
relacionadas de maneira lógica que culmina
na conclusão de uma ou mais entregas.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
148
Vargas (2007) destaca que a principal
consideração a ser analisada no ciclo de vida
do projeto é o nível de esforço aplicado. Esse
esforço inicia-se praticamente em zero até
atingir seu ápice, após isso, reduz
bruscamente a zero, representando o término
do projeto. Entende-se por esforço a
quantidade de pessoas envolvidas no projeto,
o dispêndio de trabalho e dinheiro com o
projeto, as preocupações, as horas extras,
etc.
Ainda segundo o guia PMBOK® (PMI, 2013),
essas fases não devem ser confundidas com
os grupos de processos de gerenciamento de
projeto porque os processos de um grupo de
processos possuem atividades que podem
ser executadas e ocorrer novamente em cada
fase de um projeto assim como para o projeto
como todo.
Ressalta-se
a
importância
de
um
gerenciamento eficaz na entrega dessas
fases, pois elas convergem para a entrega
final do projeto. Neste ponto o PMBOK® (PMI,
2013) faz relação desse bom gerenciamento
com a boa prática de governança em
projetos, onde a governança é elemento
essencial de qualquer projeto, especialmente
dos projetos complexos e arriscados. Essa
governança deve oferecer um método
abrangente e consistente de controlar o
projeto garantindo o seu sucesso, além de
definir uma estrutura processual para tomada
de decisão relativas ao projeto, definição de
papéis, responsabilidades, prestação de
contas e determina a eficácia do gestor do
projeto.
Almeida e Olivieri (2015) reforçam que um
dos pontos que faz parte do processo de
governança é o mecanismo de definição,
coleta, apuração, análise e divulgação de
medidas que exibam o desempenho do
projeto. Tais informações deverão ser
atualizadas periodicamente para favorecer a
cultura de avaliação de desempenho de
projetos e auxílio na tomada de decisão.
Para contribuir para essa maior governança e
melhor gestão do projeto é de extrema
importância que o líder de projetos tenha
algumas habilidades que o diferencie dos
demais profissionais. O gestor de projeto
normalmente precisa de outras habilidades
gerenciais para ter sucesso. A maioria dessas
competências vem de experiência e do
talento individual. Para cada situação
especifica exigir-se-á deste profissional estilo
de trabalho e habilidades adaptativas que
façam com que a agregação de valor ao
projeto seja a maior possível (MELO, 2012).
Dentro desse contexto, o PMBOK® (PMI,
2013) ressalta que além das competências
técnicas de conhecimento de projeto, o
gestor precisa ter algumas habilidades
interpessoais mais específicas tais como:
liderança,
motivação,
comunicação,
influência, gerenciamento de conflitos,
negociação elevada, entre outras.
2.1.1 ENTREGAS
DO
PROJETO
CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO
E
É também de responsabilidade da equipe
executora do projeto que as entregas estejam
em conformidade com o que foi definido nos
critérios de aceitação de cada fase. Essa
definição dos critérios acontece no momento
da especificação do escopo do projeto.
Heldman (2015) define que escopo é
coletivamente, o produto, serviço ou resultado
do projeto e as entregas que o projeto
pretende produzir. O autor ainda ressalta que
no planejamento do gerenciamento do
escopo precisará ser definido como serão
avaliadas as entregas e quais os processos
serão utilizados para aceitá-las.
Para tanto, o PMBOK® (PMI, 2013) ressalta
que
para
atendimento
dos
critérios
estabelecidos é necessário o mapeamento
correto e efetivo dos requisitos de cada
entrega. O sucesso do projeto é diretamente
influenciado pelo envolvimento ativo das
partes interessadas na descoberta e
decomposição
das
necessidades
em
requisitos, e pelo cuidado tomado na
determinação,
documentação
e
gerenciamento dos requisitos do produto,
serviço ou resultado do projeto.
Os critérios de aceitação ajudam a descrever
as entregas e as formas de medição e
aferição a serem cumpridas pela equipe, em
harmonia com as expectativas e objetivos dos
clientes e demais partes interessadas,
devidamente formalizadas no planejamento
do escopo. Desta forma, esses critérios são
fundamentais para determinar os padrões de
qualidade e desempenho do projeto. Tal
desempenho só poderá ser atingido caso
esses critérios estejam muito bem detalhados,
pois será de mais fácil entendimento para
todos e por consequente mais fácil a
aceitação por parte do cliente (SILVEIRA;
RABECHINI, 2014).
Gestão pela Qualidade - Volume 1
149
2.1.2 CRONOGRAMA EM PROJETOS
O gerenciamento do tempo em projetos é um
dos pilares mais importantes, pois é através
dele, que a expectativa de conclusão do
projeto será repassada ao cliente. Para
melhor estimativa do cronograma pode-se
utilizar dentre as ferramentas disponíveis a
decomposição que segundo o PMBOK®
(PMI, 2013) é uma técnica usada para dividir
e subdividir o escopo do projeto e suas
entregas em partes menores e mais fáceis de
gerenciar. Estas atividades representam o
esforço necessário para completar um pacote
de trabalho e é uma das primeiras atividades
a serem iniciadas no processo de construção
do cronograma.
Após definir as atividades a serem realizadas,
o próximo passo que as melhores práticas
recomendam é sequenciá-las. Xavier et al.
(2014) ressalta que as atividades devem ser
sequenciadas corretamente para suportar o
desenvolvimento de um cronograma realístico
e atingível.
Com as atividades ordenadas o passo
seguinte é de estimar os recursos que serão
utilizados na execução dessas atividades. O
PMBOK® (PMI, 2013) assevera que estimar
os recursos das atividades é o processo de
estimativa dos tipos e quantidades de
material,
pessoas,
equipamentos
ou
suprimentos que serão necessários para
realizar cada atividade. O ponto relevante
deste processo é identificar o tipo,
quantidade e atributos dos recursos exigidos
para concluir a atividade, permitindo
estimativas orçamentárias e de duração mais
exatas.
Segundo Barcaui et al. (2013) a etapa que se
segue após a estimativa de recursos é uma
das mais difíceis que é a de estimar a
duração das atividades, pois diversos fatores
devem ser considerados para a elaboração
dessa estimativa como as ameaças e
oportunidades que podem surgir ao longo do
projeto, além da própria natureza do projeto
de ineditismo e exclusividade tal processo
deve receber muita atenção para o racional
criado para estimativa ser a mais assertiva
possível.
Para execução desses processos as boas
práticas oferecem diversas ferramentas e
técnicas que não serão discutidas aqui, pois
fugiria do objetivo do presente estudo. Todas
essas definições vistas até o momento se
aplicam também aos projetos de novos
produtos
com
apenas
algumas
particularidades que serão descritas a seguir.
2.1.3 GESTÃO DE PROJETOS DE NOVOS
PRODUTOS
Na sociedade atual, a velocidade da geração
de conhecimento faz com que as mudanças
ocorram de forma rápida e contínua. As
mudanças impõem o desenvolvimento de
novos conhecimentos, traduzidos em novas
tecnologias, de forma a prover o mercado
com soluções inovadoras (XAVIER et al.,
2014).
Novos produtos são demandados e
desenvolvidos para atenderem a segmentos
específicos de mercado, para incorporarem
tecnologias diversas, se integrarem a outros
produtos e usos e se adequarem a novos
padrões e exigência legal. O sucesso no
desenvolvimento
de
novos
produtos
dependente, além da capacidade de
inovação tecnológica, da capacidade de gerir
projetos de forma eficaz (TOLEDO et al.,
2008).
Essa forma de gerenciamento eficaz é
difundida nos fatores associados ao sucesso
do projeto. Tem-se pesquisado, no campo
acadêmico, sobre a área de gestão de
projetos de novos produtos e sobre esses
fatores (variáveis) de sucesso que colaboram
para um projeto com resultado satisfatório. Ou
seja, esses estudos têm por objetivo divulgar
as melhores práticas (best practices)
associadas ao desenvolvimento de produto
que, quando bem executadas, contribuem
para reduzir as incertezas inerentes ao
lançamento de novos produtos.
Por essas práticas representarem táticas ou
métodos que provaram contribuir para
sucesso no desenvolvimento de novos
produtos, muitas empresas, autores e
acadêmicos vêm conduzindo estudos para
entender a relação causal entre ação e
sucesso e como adaptar tais práticas a
setores e organizações específicas (KAHN;
BARCZAK; MOSS, 2006).
Dentre os vários fatores que contribuem com
o sucesso do projeto pode-se destacar a
integração assertiva entre as áreas funcionais
da empresa na execução do projeto.
Rozenfeld et al. (2006), destacam que a
integração funcional possibilita um processo
integrado, no qual as atividades e decisões
acerca do projeto sejam tomadas em conjunto
por profissionais de diferentes áreas, cada um
Gestão pela Qualidade - Volume 1
150
vendo o produto por uma perspectiva
diferente, o que garante maior qualidade e
rapidez na execução do projeto. É consenso
entre diversos estudos que uma efetiva
integração funcional, por meio de fluxos de
comunicação e trocas de informações entre
as áreas envolvidas, gera melhorias no
desempenho do projeto.
Além da integração e sinergia entre as áreas
Soderlund (2002) ressalta que o devido o
dinamismo do mercado e a complexidade
cada vez maior dos novos produtos, a rapidez
e agilidade têm sido fundamentais para o
sucesso do projeto. Por esse motivo o
cronograma deve ser construído de forma real
e responsável e estar sempre no radar de
todos os envolvidos no projeto.
organização e consequentemente poderá ser
acompanhado no modelo de gestão de
gerenciamento pelas diretrizes através de
indicadores de performance e de forma
integrada.
2.2
GPD
(GERENCIAMENTO
DIRETRIZES)
PELAS
O gerenciamento pelas diretrizes (GPD) tem
como propósito maior direcionar de forma
sistemática a caminhada da empresa rumo
aos objetivos estratégicos definidos pela alta
administração da organização. Sem esse
sistema, poder-se-ia ter vários processos da
empresa caminhando cada um na sua própria
direção sem convergir para o resultado
esperado (CAMPOS, 2004).
Devido ao caráter altamente estratégico e
pelo próprio processo de governança em
Guelbert (2012), contribui que o GPD tem sido
projetos que a metodologia sugere, o
utilizado no Brasil para operacionalizar a
desenvolvimento de produtos tem a
estratégia corporativa. É um sistema de
participação direta da alta administração da
gestão que auxilia a determinação dos
companhia, e pelo que pode-se presumir,
desdobramentos estratégicos em todos os
estes novos produtos devem estar inseridos
níveis hierárquicos, sem se desviar do rumo
no próprio planejamento estratégico da
estratégico. Conforme imagem a seguir:
Figura 01- Desdobramento das diretrizes.
Elaborado pelo autor.
Esse desdobramento contribui, portanto, para
eficácia da gestão empresarial, pois admite a
cooperação e alinhamento dos objetivos
estratégicos para todos os departamentos da
organização em todos os níveis (GUELBERT,
2012).
A diretriz que inicia o desdobramento é
estabelecida a partir do planejamento
estratégico. Segundo Chiavenato e Sapiro
(2004) o planejamento estratégico está
relacionado com os objetivos de médio e
longo prazo que determinam a direção da
empresa para atingimento de sua visão.
Chiavenato e Matos (2009) asseveram que a
visão representa o que a empresa quer ser
dentro de certo prazo de tempo e qual o
caminho futuro que pretendem adotar para
chegar até lá. Para o alcance da visão
empresarial o gestor deve estipular objetivos
estratégicos que devem ser amplamente
Gestão pela Qualidade - Volume 1
151
difundidos dentro da organização. Ao definir
os seus objetivos ou metas estratégicas, a
organização declara quais resultados deseja
alcançar e quando deseja que eles sejam
alcançados (MAXIMIANO, 2000).
a visão da empresa e através desse processo
de interação os objetivos são rateados em
todos os níveis organizacionais (OLIVEIRA,
2002).
Essa interação vertical no tratamento dos
objetivos torna as decisões compatíveis com
Figura 02- Etapas do desdobramento.
Elaborado pelo autor
2.2.1 INDICADORES
O acompanhamento e controle da execução
das ações para atingimento dos objetivos
estratégicos deve ser realizado através de
indicadores de desempenho.
A escolha do que será mensurado e
acompanhado através de indicadores é
crucial para o sucesso da empresa. Uma
definição errada pode levar a uma atitude de
desvalorização, podendo fazer com que as
pessoas percam o foco dos objetivos
corporativos em vez de tentar realizá-los.
Uma vez escolhidos, os indicadores devem
ser comunicados aos colaboradores ficando
precisamente claro como o desempenho
deles influencia o resultado do indicador
(PYZDEK; KELLER, 2011).
Kaplan e Norton (2001) reforçam que após a
construção do mapa estratégico, deve-se
selecionar um ou mais indicadores para cada
objetivo estratégico e estabelecer meta para
cada um deles. A gestão das ações
estratégicas
é
realizada
pelo
acompanhamento desses indicadores e pelo
tratamento dado quando não se atinge o
resultado esperado.
2.2.2 INDICADORES EM PROJETOS
Os indicadores em projetos são instrumentos
de avaliação que permitem comprovar
empiricamente e com objetividade, a
progressão de uma ou mais dimensões de um
projeto diante de metas preestabelecidas.
Todo e qualquer indicador deve atender a
dois requisitos básicos: permitir comparações
históricas para avaliar variações e possibilitar
a realização de prognósticos e projeções. Em
projetos a gestão através de indicadores é
fundamental, pois através dele pode-se
perceber a real situação do projeto. Embora
um indicador possa ser avaliado em vários
momentos da execução do projeto, a última
posição é a que prevalece e que é relevante
para as análises, pois resultados passados
não representam a situação atual do projeto.
Resume-se que o indicador representa uma
fotografia de projeto naquele momento
(TERRIBILI, 2010).
Gestão pela Qualidade - Volume 1
152
Terribili (2010), destaca que no processo de
apuração do indicador de performance de
assertividade ao cronograma existe alguns
pontos que devem ser observados com
bastante cautela para não interferir no
desempenho do projeto. Esses pontos são
descritos abaixo:
a) Dificuldade em determinar o percentual
concluído de cada atividade que está em
progresso;
b) Determinar quanto
atividade no projeto;
representa
cada
c) Transformar um conjunto de atividades e
entregas em números que possam
agregar valor à tomada de decisão
gerencial de forma tempestiva e assertiva.
3
DESENVOLVIMENTO
Diante dessas flutuações e dinâmicas do
mercado atual é natural que a exigência
passe a ser cada vez mais intensa e criteriosa
no que tange a novos produtos e inovação.
Por isso a necessidade das organizações se
posicionarem com respostas mais rápidas e
decisões mais assertivas em menor tempo
possível passa a ser um diferencial
competitivo e questão de sobrevivência para
a companhia.
Dentro desse contexto surge uma proposta
que tem como objetivo avaliar a performance
da execução das atividades dos projetos de
novos produtos e assertividade frente ao que
está
previamente
estabelecido
em
cronograma e avaliar de forma individual as
áreas com maior participação na entrega final
do projeto. Geralmente as áreas que têm
maior participação na execução dos projetos
de novos produtos são pesquisa e
desenvolvimento (P&D), engenharia industrial,
produção e marketing.
Após a definição de quais produtos serão
lançados no ano pela alta administração da
companhia, um dos passos a seguir é a
elaboração do cronograma do projeto pela
área responsável. Em conjunto com as áreas
envolvidas, o líder do projeto deverá alinhar
os prazos, marcos e expectativas com as
áreas
parceiras
para
minimizar
a
probabilidade de erro durante a construção
do cronograma e consequentemente evitar
uma expectativa não realista para o cliente.
Com o cronograma criado este deverá ser
desmembrado por área responsável onde
cada área irá se responsabilizar formalmente
pelas atividades elaboradas através de
indicadores de desempenho. Vale ressaltar
que as atividades só serão tidas como
finalizadas caso atendam a todos os critérios
de aceitação previstos no escopo do projeto.
Esses indicadores irão mensurar se as
entregas planejadas estão sendo realizadas
dentro da expectativa do cliente bem como se
estão sendo entregues dentro do prazo
acordado. Dependendo da complexidade do
projeto esses indicadores deverão ser
apresentados
quinzenalmente
ou
mensalmente na reunião de resultados.
Tais indicadores farão parte do plano de
acompanhamento de resultados do ano
vigente e caso apresentem performance
abaixo do esperado deverão ser tratados
como anomalias e o respectivo tratamento
deverá ser aplicado bem como a construção
do plano de ação para correção do desvio.
A seguir a proposta dos indicadores:
I) % DE EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES DE
PROJETOS DE NOVOS PRODUTOS;
Esse indicador terá como objetivo maior
avaliar se as atividades foram entregues
conforme estabelecido no planejamento
independentemente se foram entregues no
prazo ou não. O racional se dá pela razão
entre atividades realizadas pela quantidade
de atividades planejadas.
II) % DE ASSERTIVIDADE AO CRONOGRAMA
DAS ATIVIDADES DE PROJETOS DE
NOVOS PRODUTOS;
Esse indicador terá como objetivo maior
avaliar se as atividades foram entregues
dentro do prazo conforme estabelecido no
planejamento. O racional se dá pela razão
entre atividades realizadas no prazo pela
quantidade de atividades planejadas.
Vale ressaltar que em ambos os indicadores
as atividades devem ser ponderadas pelo
peso que foi dado a cada uma delas ainda na
fase de planejamento. Apesar de ser
amplamente discutível a prática de aplicação
de pesos para cada atividade ela deve ser
dada em conjunto com a participação de
todas as áreas envolvidas.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
153
Para tornar mais claro a proposta aqui
apresentada segue abaixo lista com
hipotéticas atividades para execução do
projeto com prazos, áreas responsáveis e
pesos das entregas
Figura 03- Exemplo de Cronograma.
PROJETO BISCOITO SAUDÁVEL
Área
Líder
Área
Entrega
Peso da
Entrega
Desinstalação
da corrente
7
Engenharia
Embaladoras
3
P&D
MKT
P&D
Material
Gráfico
10
Planta
Técnica
6
Órgãos Legais
4
Atividade
Início
Fim
Status
Conclusão
Efetiva
Solicitar e aprovar orçamento para desarme da corrente.
5-mar-16
12-mar-16
Concluída
10-mar-16
Abrir pedido de compra do desarme da corrente
13-mar-16
17-mar-16
Concluída
15-mar-16
Desamarrar a corrente
19-mar-16
24-mar-16
Em atraso
13-abr-16
Mapear embaladoras que serão revisadas para novo produto
1-abr-16
11-abr-16
Concluída
8-abr-16
Criar cronograma de ajuste das embaladoras
13-abr-16
20-abr-16
Concluída
17-abr-16
Ajustar equipamentos embaladores (flowpack e multipack)
30-abr-16
1-ago-16
Em andamento
Rever layout dos flexíveis (embalagem secundária)
1-mar-16
6-mar-16
Concluída
4-mar-16
Aprovar dizeres de rotulagem e retornar para Mkt
1-abr-16
19-abr-16
Concluída
18-abr-16
Finalizar material gráfico
1-mai-16
20-mai-16
Em atraso
4-jun-16
Aprovar planta técnica
1-jun-16
1-ago-16
Formatar material de divulgação orgãos legais
1-jun-16
1-jul-16
Realizar registro legal
1-jul-16
1-jul-16
Comunicar aos órgãos
1-ago-16
1-ago-16
*Atualização em 15/06
Figura 03: Elaborado pelo autor.
Elaborado pelo autor.
O exemplo acima é um cronograma bem
resumido, que foge do padrão solicitado
pelas boas práticas, apenas tem o objetivo,
no presente estudo, de servir como ilustração
para apresentação da proposta. Ele será
utilizado apenas para a construção do cálculo
dos indicadores apresentados nesse estudo.
Pelo que se pode observar na tabela com o
cronograma apresentado é de que sempre
haverá uma área líder do projeto que
responderá pelo projeto como um todo, no
caso do exemplo acima o P&D. Ou seja, a
área líder será responsável por suas
atividades como também as atividades das
demais áreas, pois esta área será a
responsável matricial pelo projeto.
Já as demais áreas que participam do projeto
terão sua performance avaliada pelas
entregas que foram acordadas para cada
setor especifico. Vale ressaltar que essas
entregas já devem ter sido previamente
acordadas com as áreas envolvidas e ter bem
definidos os critérios de aceitação, pois as
atividades só serão aceitas como finalizadas
após os critérios serem atendidos.
observar quais áreas estão com desvio frente
o cronograma estabelecido e exigir plano de
ação para imediata correção. Toda essa
governança deverá ser feita pela área líder do
projeto que deverá convocar as reuniões de
resultados bem como analisar se as ações
propostas pelas áreas realmente trarão os
resultados esperados.
Esses resultados serão apresentados em
painel de indicadores e farol de performance.
Ressalta-se que o resultado de performance
dos projetos que compõe o GPD, deverá ser
apresentado através desses indicadores até o
mais alto nível hierárquico da organização.
Sugere-se, pela relevância dessa tipologia de
projeto – novos produtos – que a frequência
desses encontros aconteça no mínimo a cada
15 dias e após cada encontro todos os
participantes, bem como o patrocinador do
projeto, possam receber as atas das reuniões
contendo o que foi tratado, as ações a serem
tomadas e os respectivos responsáveis.
Os resultados dos indicadores podem ser
apresentados como gráficos a seguir:
Após todos esses passos concluídos a fase
de acompanhamento compreende em
Gestão pela Qualidade - Volume 1
154
Figura 04- Indicador de % de execução das atividades de projetos de novos produtos real x
planejado.
7
7
% de execução das atividades de projetos de novos produtos
8
100,0%
Previsto
Real
52,2%
34,4%
-
26,7%
Fev
Mar
63,3%
52,2%
52,2%
Abr
Mai
63,3%
72,2%
63,3%
Jun
Jul
Ago
Figura 04: Elaborado pelo autor.
Esse gráfico representa o indicador de % de
execução das atividades do projeto baseado
nas atividades listadas e seus respectivos
pesos. Pelo que se pode perceber o projeto
apresenta
recorrentes
atrasos,
porém
recuperados em seguida. O gráfico anterior
representa o resultado do projeto como um
todo e este indicador pertence a área líder do
projeto apontado acima, no caso o P&D. E o
mesmo deve ser feito para cada área
envolvida no projeto.
Figura 05- Percentual de execução pela Engenharia das atividades de projetos de novos produtos.
Engenharia: % de execução das atividades de projetos de novos
produtos
Previsto
Real
70,0%
Fev
90,0%
90,0%
90,0%
90,0%
90,0%
90,0%
Abr
Mai
Jun
90,0%
100,0%
46,7%
Mar
Figura 05: Elaborado pelo autor.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
Jul
Ago
155
Figura 06- Percentual de execução pelo Marketing das atividades de projetos de novos produtos.
1
1
Marketing: % de execução das atividades de projetos de novos
produtos
Previsto
100,0%
100,0%
Real
-
33,3%
Fev
Mar
100,0%
100,0%
Jul
Ago
100,0%
66,7%
33,3%
1
66,7%
66,7%
Abr
Mai
Jun
Figura 06: Elaborado pelo autor.
Dessa forma cada área precisa apresentar
seu resultado setorial e demonstrar, através
do indicador de desempenho, se está dentro
ou fora do prazo, bem como as ações no
formato 5W2H para correção da anomalia.
Como observado, o atraso do projeto em
março ocorreu devido ao desarme da
corrente pela engenharia. Desta forma, a
apresentação e análise do motivo do atraso
precisa ser evidenciada pela área bem como
a apresentação do plano de ação para
recuperação da respectiva atividade. Já o
atraso em maio, ocorreu devido o marketing
não ter finalizado o material gráfico no
momento correto.
Como já falado anteriormente a frequência
dessas reuniões poderá variar conforme
complexidade de cada projeto e poderá ficar
a cargo do líder do projeto a negociar a
agenda desses momentos.
O outro indicador mensura a assertividade ao
cronograma, pois conforme os resultados
apurados no exemplo deste trabalho, se
observarmos somente o indicador de
execução podia-se ter uma falsa impressão
de que todas as áreas estão realizando suas
entregas corretamente. Conforme resultado
apresentado no mês de junho todas entregas
estão realizadas e como esse indicador é a
fotografia do momento, não se pode concluir
de forma mais completa sobre a performance
de todas as áreas.
Desta forma sugere-se o acompanhamento
do indicador de assertividade que mesura a
quantidade de atividades no prazo pelo total
de atividades planejadas. A meta deste
indicador deve ser discutida ainda na fase de
planejamento e deve-se perseguir a
performance mais próxima da excelência.
4
CONCLUSÃO
A gestão de projetos de novos produtos é
complexa e possui muitas variáveis que
influenciam diretamente no resultado final,
portanto, precisam ser bem avaliadas e
monitoradas para as correções poderem surtir
efeito de maneira mais rápida e efetiva.
Ressalta-se que no mercado atual as
empresas
para
serem
consideradas
competitivas devem possuir altos índices de
inovação e, portanto, possuir os maiores
controles sobre a execução dos projetos de
novos produtos.
Este trabalho possibilitou a identificação de
algumas falhas recorrentes em projetos de
novos produtos e sugere a aplicação de
indicadores específicos para otimizar o
processo de acompanhamento e de
comunicação durante a execução do projeto.
Esses indicadores devem ser acompanhados
com um foco diferenciado devendo compor a
matriz estratégica da organização sendo
acompanhados no modelo de gerenciamento
pelas diretrizes.
O bom desempenho do método proposto é
diretamente proporcional à disciplina de
execução das reuniões de acompanhamento,
cobrança dos planos de ação quando o
indicador estiver em desvio e ter o apoio
irrestrito da alta administração da companhia.
Apesar de parecer eficiente, não se pode
garantir através deste estudo tal eficiência.
Por esse motivo é interessante que o estudo
atual possa ser desdobrado em outras frentes
de trabalho para adquirir mais conhecimento
acerca dos aprimoramentos que possam ser
aplicáveis. Por isso se faz necessário a
aplicação em campo desse método para que
se possa fazer todos os ajustes necessários e
Gestão pela Qualidade - Volume 1
156
avaliar sua eficácia. Assim, sugere-se que em
estudos futuros seja ampliado o escopo deste
estudo.
Sugere-se, portanto, que em um próximo
estudo possa ser realizado uma comparação
entre as eficiências de projetos com e sem o
método aplicado. Podendo também realizar,
além da comparação de performance, avaliar
entrevistas com os stakeholders dos dois
cenários para poder de alguma forma
mensurar o nível de satisfação dos mesmos
com métodos diferentes. Dessa forma, podese ter mais embasamento para afirmar se o
método realmente agrega mais valor ao
projeto.
Diante do exposto, pode-se afirmar que este
trabalho cumpriu todos os objetivos
estabelecidos sendo entre eles a indicação
de novos estudos sobre o tema.
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REFERÊNCIAS
Gestão pela Qualidade - Volume 1
157
Capítulo 15
Ana Lúcia Sênos de Mello
Resumo: A gestão pública é de fundamental importância para uma escola
autônoma e de qualidade, que cumpra sua função social.
Está associada à
intencionalidade que se projeta nos objetivos que dão o rumo, a direção da escola.
O gestor precisa ter conhecimentos políticos, técnicos e pedagógicos e liderar o
processo educacional de forma democrática e participativa para alcançar um bom
desempenho. Um relato sobre índices que caracterizam a qualidade do Campus
Realengo I do Colégio Pedro II e a descrição de como sua gestão interage com a
comunidade revelam a relação entre o fenômeno e o contexto no qual ele ocorre.
Gestores públicos desempenhando sua função de forma plena, propiciarão uma
educação de qualidade para todos. Destarte a educação pública brasileira
cumprirá seu papel social de transformação da sociedade, tornando-a mais
igualitária e justa.
Palavras-chave: Gestão Pública, Educação Básica, Qualidade, Gestão Escolar
Gestão pela Qualidade - Volume 1
158
1. INTRODUÇÃO
Vivemos, em pleno século XXI, em uma
sociedade desigual e injusta. Acreditando
que a educação possa funcionar como um
elevador social, contribuindo para a
construção de uma sociedade mais justa e
igualitária, governos e famílias buscam uma
educação de qualidade para suas crianças e
jovens.
De acordo com diversos estudos, a gestão da
educação, numa perspectiva democrática,
considera a participação da comunidade
como fundamental para a construção de uma
escola pública de qualidade.
Através do estudo de caso de uma escola de
qualidade, é possível demonstrar a relação
entre o fenômeno e o contexto no qual ele
ocorre. A proposta central deste artigo é
relacionar a importância da gestão pública
para uma escola de qualidade.
A pesquisa desenvolvida foi um estudo
descritivo. De acordo com Beuren (2012, p.
81), num estudo descritivo “o pesquisador
informa sobre situações, fatos, opiniões ou
comportamentos que têm lugar na população
analisada”.
O presente estudo teve como primeira etapa
uma pesquisa bibliográfica, que proporcionou
o arcabouço teórico para o desenvolvimento
do trabalho. Foram pesquisados os conceitos
de escola pública de qualidade, índices que
caracterizam a qualidade de uma escola e a
importância da gestão escolar para uma
escola pública de qualidade.
Posteriormente, em uma segunda etapa,
realizou-se um estudo de caso em um
campus de Anos Iniciais do Ensino
Fundamental do Colégio Pedro II, buscando
identificar
os
índices
de
qualidade
apresentados e a posterior análise de
relações causais entre esses índices e a
gestão da escola. Segundo Brasileiro (2013,
p. 46) no estudo de caso “o pesquisador
estuda uma teoria e analisa um caso
específico”. De acordo com Yin (2005), o
estudo de caso é a estratégia ideal quando o
pesquisador não tem controle sobre os
acontecimentos investigados e o foco da
investigação recai sobre um fenômeno
contemporâneo. A pesquisa revelou a relação
entre o fenômeno e o contexto no qual ele
ocorre, o que é uma das características de
um estudo de caso, de acordo com Gray
(2012).
Em relação à abordagem, a pesquisa é
quantitativa, pois expressa dados e
informações em medidas numéricas que são
analisados através de dados estatísticos. De
acordo com Brasileiro (2013),
“ [...] pesquisa quantitativa - tem o intuito
de expressar fatos, informações, dados e
opiniões
em
medidas
numéricas.
Posteriormente, essas medidas são
analisadas sob a luz de recursos
estatísticos como: porcentagem, média,
moda,
mediana,
desvio-padrão,
coeficiente de correlação, análise da
regressão etc.” (BRASILEIRO, 2013, p. 49).
A presente pesquisa caracterizou-se como
sendo um estudo não-experimental, uma vez
que não foram realizadas experiências.
Segundo Silva & Silveira (2014, p. 147), no
método
experimental
“realizam-se
experiências, organizadas geralmente por
grupos de controle, com finalidade de se
obterem dados, para se chegar a
proposições gerais”.
Este artigo está dividido em 4 momentos.
Primeiramente versamos sobre a qualidade
da escola pública, em que se destacou o que
é desejado como educação nos tempos
atuais. Em seguida, comentamos sobre
índices
que
avaliam
uma
escola.
Posteriormente destacamos a importância da
gestão escolar e seu relacionamento com a
comunidade. E, por fim, salientamos um caso
de escola pública de qualidade, a partir do
qual verifica-se a relação entre o fenômeno e
o contexto no qual ele ocorre.
2. ESCOLA PÚBLICA DE QUALIDADE
Educação pública de qualidade é o caminho
para a construção de uma sociedade mais
justa e igualitária.
[...] educação de qualidade é aquela que
promove para todos os domínios de
conhecimento e o desenvolvimento de
capacidades cognitivas, operativas e
sociais necessários ao atendimento de
necessidades individuais e sociais dos
alunos, à inserção no mundo do trabalho, à
constituição da cidadania, tendo em vista
a construção de uma sociedade mais justa
e igualitária. (LIBÂNEO, 2013, p.62)
Gestão pela Qualidade - Volume 1
159
Uma instituição de ensino, nos dias de hoje,
precisa ser inclusiva. De acordo com Libâneo
(2013, p. 49) “[...] uma escola de qualidade é
aquela que inclui, uma escola contra a
exclusão
econômica,
política,
cultural,
pedagógica”.
operativas e sociais dos alunos
(processos mentais, estratégias
de aprendizagem, competências
do pensar, pensamento crítico),
por
meio
dos
conteúdos
escolares.
As escolas precisam estar voltadas para a
formação de cidadãos plenos, que valorizem
a ética, respeitem as diferenças, sejam
solidários e possam contribuir para a
transformação da sociedade.
2) Promover as condições para o
[...] A escola deve estar voltada para a
formação de um ser humano crítico e
autocrítico, pautado em princípios éticos,
de valorização da dignidade e dos direitos
humanos, bem como de respeito às
diferenças individuais e socioculturais,
capaz de mobilizar-se por aspirações
justas visando ao bem comum. Em outras
palavras, a constituição de identidades
autônomas, sujeitos em situação, dotadas
de competências e de valores: cidadãos.
(Colégio Pedro II: Projeto PolíticoPedagógico, 2002, p.65)
3) Preparar para o trabalho e para a
Para a plena formação de cidadãos, as
escolas precisam garantir uma formação
geral para seus alunos, preservando sua
autonomia e identidade.
[...] a escola deve dar aos alunos os
instrumentos básicos de uma formação
geral, para que possam ler, decodificar,
inserir-se e atuar num mundo com novas
realidades, tornando-se assim capazes de
utilizar seu instrumental básico como
alicerce
de
futuras
construções
profissionais e individuais, buscando
preservar a autonomia em meio à
massificação e a identidade em meio à
globalização. (Colégio Pedro II: Projeto
Político-Pedagógico, 2002, p.66)
De acordo com Libâneo (2013), são
propostos cinco objetivos para que a escola
exerça seu papel na formação de cidadãos
conscientes e na construção da democracia
social e política.
1) Promover o desenvolvimento de
capacidades
cognitivas,
fortalecimento da subjetividade e
da identidade cultural dos alunos,
incluindo o desenvolvimento da
criatividade e da sensibilidade, da
imaginação.
sociedade
tecnológica
e
comunicacional,
implicando
preparação tecnológica (saber
tomar decisões, fazer análises
globalizantes,
interpretar
informações de toda a natureza,
ter atitude de pesquisa, saber
trabalhar junto etc).
4) Formar uma cidadania crítica, isto
é, formar um cidadão-trabalhador
capaz de interferir criticamente na
realidade para transformá-la e
não apenas formar para integrar o
mercado de trabalho.
5) Desenvolver a formação para
valores éticos, isto é, formação de
qualidades morais, traços de
caráter,
atitudes,
convicções
humanistas
e
humanitárias.
(LIBÂNEO, 2013, p. 50-51)
Segundo Libâneo (2013), o sociólogo Pedro
Demo (1998) considera que existe qualidade
formal e qualidade política na educação.
Demo distingue, no campo educativo, a
qualidade formal e a qualidade política. A
qualidade formal refere-se ao nível ótimo a
que podem chegar os meios, instrumentos
e
procedimentos,
principalmente
o
conhecimento. [...] A qualidade política diz
respeito aos fins e valores sociais do
conhecimento, isto é, ao objetivo ético de
intervir na realidade visando o bem
comum. (LIBÂNEO, 2013, p. 62)
Para que a escola alcance seus objetivos, é
imprescindível que a mesma assegure
condições
pedagógico-didáticas,
Gestão pela Qualidade - Volume 1
160
organizacionais e operacionais. De acordo
com Libâneo,
[...] escola bem organizada e bem gerida é
aquela que cria e assegura condições
pedagógico-didáticas, organizacionais e
operacionais que propiciam o bom
desempenho dos professores em sala de
aula, de modo que todos os seus alunos
sejam bem sucedidos na aprendizagem
escolar. (LIBÂNEO, 2013, p. 21-22)
Tais condições podem ser sintetizadas por
alguns indicadores de gestão que influenciam
nos resultados escolares dos alunos.
As pesquisas que buscam saber que
características de uma escola fazem
diferença no que diz respeito ao nível da
qualidade de ensino, e que ganham
reputação na comunidade, mostram que o
modo como a escola funciona – suas
práticas de organização e gestão – faz
diferença em relação aos resultados
escolares dos alunos. Entre essas
características
organizacionais
são
apontadas: a capacidade de lideranças
dos dirigentes, especialmente do diretor;
as práticas de gestão participativa; o clima
de trabalho da escola; o relacionamento
entre os membros da escola; as
oportunidades de reflexão e de trocas de
experiências entre os professores; a
estabilidade profissional dos professores
da escola; a participação dos pais; e a
existência de condições físicas, materiais,
recursos didáticos, biblioteca, e outros
recursos necessários ao processo de
ensino-aprendizagem. Essas são razões
bastantes significativas para valorizar o
estudo de princípios e procedimentos
organizacionais voltados para a efetivação
dos objetivos primordiais das escolas.
(LIBÂNEO, 2013, p. 22-23)
3.
ÍNDICES QUE CARACTERIZAM UMA
ESCOLA DE QUALIDADE
A busca por uma escola de qualidade é uma
realidade. Mas caracterizar uma escola como
uma escola de qualidade não é tarefa muito
simples. De acordo com Libâneo (2013, p.63),
“[...] é insuficiente julgar a qualidade da
escola apenas pelo nível de seus produtos,
por mais que os resultados sejam um bom
indicativo da qualidade dos processos e das
condições da oferta dos serviços”.
Diversos índices caracterizam a qualidade de
uma escola. Podemos destacar o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB),
a taxa de evasão de alunos e os índices de
distorção idade/ ano de escolaridade.
O Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (IDEB) foi criado em 2007 pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), órgão
ligado ao Ministério da Educação (MEC). É
um índice formulado para medir a qualidade
do aprendizado nacional e estabelecer metas
para a melhoria do ensino. Esse índice é
calculado considerando as taxas de
aprovações da escola obtida pelo Censo
Escolar e as médias de desempenho dos
alunos nos exames aplicados pelo INEP a
cada 2 anos. Para os alunos que estão
cursando o 5º ano do Ensino Fundamental, a
avaliação é denominada Prova Brasil. O
resultado do IDEB observado é divulgado,
assim como é estabelecida uma meta a ser
alcançada nas avaliações futuras.
Evasão escolar é a denominação dada aos
casos em que alunos deixam de frequentar a
escola, caracterizando abandono escolar.
Segundo dados do INEP, aproximadamente
5% dos alunos evadiram a escola durante o
Ensino Fundamental no ano letivo de 2007. De
acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB9394/96) e o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), a evasão
escolar fere o direito à educação das crianças
e dos adolescentes.
A defasagem idade/ano de escolaridade é
considerada quando a diferença entre a
idade do aluno e a idade prevista para o ano
de escolaridade é igual ou superior a 2 anos.
De acordo com a LDB9394/96, a criança deve
ingressar no 1º ano do ensino fundamental
aos 6 anos.
As taxas de aprovação têm tido uma evolução
positiva nos últimos anos. De acordo o INEP,
em 2008 o índice de aprovação dos alunos
dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental era
87%. Em 2016 foi 93,2%. Com essa evolução,
as taxas de distorção idade/ano de
escolaridade também diminuíram. Em 2008,
havia 17,6% alunos dos Anos Iniciais com
distorção. Em 2016, esse percentual foi
reduzido para 12,4%. Com essa evolução,
verifica-se que mais alunos têm conseguido
alcançar anos de escolaridade mais
avançados e há ampliação de alunos que
Gestão pela Qualidade - Volume 1
161
concluem cada etapa de escolaridade na
idade certa. (BRASIL, 2017, p. 21).
4. IMPORTÂNCIA DA GESTÃO ESCOLAR
PARA
UMA
ESCOLA
PÚBLICA
DE
QUALIDADE
A gestão escolar é de fundamental
importância para uma escola autônoma e de
qualidade, que cumpra sua função social.
Está associada à intencionalidade que se
projeta nos objetivos que dão o rumo, a
direção da escola. Para tal, faz-se necessário
que os gestores tenham conhecimentos
políticos, técnicos e pedagógicos
Pesquisas realizadas constatam que a
qualidade de ensino de uma escola está
relacionada com sua gestão.
As pesquisas que buscam saber que
características de uma escola fazem
diferença no que diz respeito ao nível da
qualidade de ensino, e que ganham
reputação na comunidade, mostram que o
modo como a escola funciona – suas
práticas de organização e gestão – faz
diferença em relação aos resultados
escolares dos alunos. (LIBÂNEO, 2013, p.
22)
O objetivo maior de uma gestão escolar é
garantir a realização plena das metas da
instituição de ensino.
[...] o objetivo das práticas de organização
e gestão é o de prover de condições,
meios e recursos necessários ao ótimo
funcionamento da escola e do trabalho dos
professores e alunos na sala de aula, de
modo a favorecer a efetiva aprendizagem
por todos. (LIBÂNEO, 2013, p. 23)
O gestor tem a função de coordenar,
mobilizar,
motivar,
liderar,
delegar
responsabilidades, prestar contas e submeter
à
avaliação
da
comunidade
o
desenvolvimento das decisões tomadas
coletivamente. O gestor precisa buscar
parcerias e articular a comunidade escolar
nas ações do cotidiano escolar.
A gestão escolar não pode, no entanto, ser
reduzida a uma mera mobilização de pessoas
para a realização de atividades. Gestão
escolar está associada à intencionalidade.
Segundo Libâneo (2013), a intencionalidade
se projeta nos objetivos que dão o rumo, a
direção da escola. Para tal, é fundamental
que os objetivos políticos, técnicos e
pedagógicos sejam considerados.
Os objetivos políticos estão associados à
participação da comunidade escolar na
gestão. Para que a escola tenha autonomia,
faz-se necessário que o gestor tenha vínculos
com a comunidade. As escolas públicas, no
entanto, dependem do sistema central e das
políticas públicas. Destarte, possuem uma
autonomia relativa. São autônomas no
planejamento, organização, orientação e
controle de suas atividades internas.
Os objetivos técnicos e pedagógicos, ainda
de acordo com Libâneo (2013), se referem a:
[...] (a) ações de natureza técnicoadministrativo: a legislação escolar e as
normas administrativas; os recursos
físicos, materiais e didáticos, financeiros; a
direção e a administração, incluindo as
rotinas administrativas; a secretaria
escolar,
(b)
ações
de
natureza
pedagógico-curricular:
formulação
e
gestão do projeto pedagógico curricular,
do
currículo,
do
ensino,
do
desenvolvimento
profissional
e
da
avaliação, ou seja, à gestão dos próprios
elementos que constituem a natureza da
atividade escolar. (LIBÂNEO, 2013, p. 238)
De acordo com a concepção de escola de
Libâneo (2013), a responsabilidade da
direção, assim como da coordenação
pedagógica de uma instituição educacional é
grande, uma vez que está diretamente
relacionado a aprendizagem dos alunos.
Este entendimento da organização escolar
como espaço de aprendizagem, de
compartilhamento
de
significados,
conhecimentos e ações entre as pessoas,
exige atribuir peso muito maior às
dimensões cultural e educativa das
práticas de organização e gestão,
valorizando a responsabilidade da direção
e da coordenação pedagógica. Gerir uma
escola deixa de ser algo apenas ligado a
questões administrativas e burocráticas
[...] Decorre daí a importância de que
Gestão pela Qualidade - Volume 1
162
sejam postas em ação, por parte de
diretores e coordenadores pedagógicos,
práticas que atuem nos motivos de
aprendizagem de alunos e professores.
Nossos alunos aprendem com nossas
práticas, ou seja, aprendem não apenas
na sala de aula, como também com as
práticas no ambiente escolar. (LIBÂNEO,
2013, p. 25)
O gestor de uma escola, segundo Motta
(2000), tem um papel de destaque na
estrutura organizacional da escola.
A gerência é a arte de pensar, de decidir e
de agir; é a arte de fazer acontecer, de
obter resultados. Resultados que podem
ser definidos, previstos, analisados e
avaliados, mas que têm de ser alcançados
através das pessoas e numa interação
humana constante. (MOTTA, 2000, p. 26)
O papel do gestor escolar é de fundamental
importância para o desenvolvimento da
equipe. A esse respeito, Lück sustenta que “O
diretor eficaz é um líder que trabalha para
desenvolver uma equipe composta por
pessoas que conjuntamente são responsáveis
por
garantir
o
sucesso
da
escola”.(LÜCK,1998, p. 45)
Ademais, o diretor de uma escola precisa ter
a visão de conjunto, articular e integrar os
vários setores da instituição.
O diretor de escola é o dirigente e
principal responsável pela escola, tem a
visão de conjunto, articula e integra os
vários setores (setor administrativo, setor
pedagógico, secretaria, serviços gerais,
relacionamento com a comunidade etc).
(LIBÂNEO, 2013, p. 179)
A legislação brasileira atual preconiza a
gestão democrática da educação. A
participação da comunidade é o principal
meio de assegurar esse tipo de gestão, pois
possibilita a interação de todos no
funcionamento da organização escolar e no
processo de tomada de decisões. “O
conceito de participação fundamenta-se no
princípio da autonomia, que significa a
capacidade das pessoas e dos grupos para a
livre determinação de si próprios, isto é, para
a condução da própria vida” (LIBÂNEO;
OLIVEIRA; TOSCH, 2012, p.451)
No entanto, a democratização da educação
brasileira é relativamente recente. As escolas
brasileiras, até o início dos anos 80, eram
administradas por princípios fundamentados
na Administração Escolar. O modelo de
direção era centralizado na figura do diretor
da escola. O diretor agia tutelado pelos
órgãos centrais e sua missão era zelar pelo
cumprimento
das
normas
por
eles
estabelecidas.
Sua
atuação
consistia
basicamente em repassar informações e
controlar a prática escolar. De acordo com
Lück (2006, p.35) “Bom diretor era o que
cumpria
essas
obrigações
plena
e
zelosamente, de modo a garantir que a escola
não fugisse ao estabelecido em âmbito
central ou em nível hierárquico superior”.
Em 1988, a Constituição Federal
estabeleceu a gestão democrática como um
dos princípios do ensino público brasileiro em
todos os níveis. Em 1996, a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº
9394/96, em seu Artigo 14, destaca a gestão
democrática do ensino público como um de
seus princípios.
A gestão democrática do ensino possibilita a
participação de toda a comunidade escolar
na elaboração de seus projetos políticos
pedagógicos e nas tomadas de decisões.
Faz-se necessário, no entanto, que todos
estejam conscientes de sua responsabilidade.
[...] a gestão participativa é a forma de
exercício democrático da gestão e um
direito da cidadania, mas implica, também,
deveres e responsabilidades, portanto, a
gestão da participação e a gestão eficaz.
Se por um lado, a gestão democrática é
uma atividade coletiva implicando a
participação e objetivos comuns, por outro,
depende também de capacidades e
responsabilidades individuais e de uma
ação coordenada e controlada (LIBÂNEO,
2013, p. 106)
À gestão compete:
[...] promover a criação e a sustentação de
um ambiente propício à participação plena
no processo social escolar de seus
profissionais, bem como de alunos e de
seus pais, uma vez que se entende que é
Gestão pela Qualidade - Volume 1
163
por essa participação que os mesmos
desenvolvem consciência social crítica e
sentido
de
cidadania,
condições
necessárias para que a gestão escolar
democrática e práticas escolares sejam
efetivas na promoção da formação de seus
alunos. (LÜCK, 2010, p. 78)
A gestão da educação, numa perspectiva
democrática, considera a participação da
comunidade como fundamental para a
construção de uma escola pública de
qualidade.
“A gestão democrática no sistema
educacional público abre possibilidades
para que se construa uma escola pública
de qualidade, que atenda aos interesses
da maioria da população brasileira, além
de representar uma possibilidade de
vivência e aprendizado da democracia,
podendo, portanto, tomar um sentido
diferenciado”. (AZEVEDO, 2006, p. 510)
5. UM CASO DE ESCOLA DE QUALIDADE
O Colégio Pedro II, localizado no estado do
Rio de Janeiro, Brasil, é uma tradicional
instituição de ensino público federal.
Inaugurado em 2 de dezembro de 1837 para
que Pedro II, o Imperador-Menino, estudasse,
é o segundo colégio mais antigo em atividade
no país.
Em 25 de junho de 2012, por meio da Lei nº
12.677, o Colégio Pedro II foi equiparado aos
Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia. Sua Reitoria é situada no Bairro
Imperial de São Cristóvão. O Colégio conta
atualmente com 14 campi, 1 Centro de
Referência em Educação Infantil e 5 PróReitorias. Possui aproximadamente 13.000
alunos atendidos desde a educação infantil
até a pós-graduação, passando por cursos
técnicos, de extensão e de capacitação.
A missão do Colégio Pedro II é “Promover a
educação de excelência, pública, gratuita e
laica, por meio da indissociabilidade do
ensino, da pesquisa e da extensão, formando
pessoas capazes de intervir de forma
responsável na sociedade” (COLÉGIO
PEDRO II). O Colégio tem como visão “Ser
uma instituição pública de excelência em
educação integral e inclusiva, consoante com
o mundo contemporâneo e as novas técnicas
e tecnologias, comprometida com a formação
de cidadãos, visando a uma sociedade ética
e sustentável” (COLÉGIO PEDRO II). Seus
valores são Ética, Excelência, Competência,
Compromisso Social e Inovação.
O primeiro Projeto Político Pedagógico
Institucional (PPPI) do Colégio Pedro II foi
elaborado com a participação ativa da
comunidade em 2000 e foi publicado em
2002. Revelou a proposta de educação
almejada,
ainda
que
consciente
da
necessidade de empenho coletivo para seja
realizada. Constantemente há revisões do
PPPI, objetivando atualizar as reformas
exigidas tanto pela legislação como por
grande parte da comunidade escolar,
construindo e reconstruindo o conceito de
educação de qualidade.
Este documento é, portanto, expressão de
um processo democrático de discussão e
elaboração de um projeto políticopedagógico para cuja implementação
ainda há muito que caminhar. Entretanto,
percebemos que tal fato não causa
esmorecimento. Com certeza, isso move
toda a comunidade envolvida a empenharse, cada vez mais, com vistas a oferecer o
melhor a nossos alunos, como sempre se
caracterizou o trabalho desenvolvido no
Colégio Pedro II. (Colégio Pedro II: Projeto
Político-Pedagógico, 2002, p. 25)
O Colégio Pedro II é considerado pela
população do estado do Rio de Janeiro como
uma escola de qualidade. Desde sua
inauguração até os dias atuais, um elevado
número de famílias escolhe o Colégio para
seus filhos estudarem.
O ingresso de alunos no Colégio Pedro II é
feito através de sorteio público para a
Educação Infantil e 1º ano do Ensino
Fundamental. Para ingresso no 6º ano do
Ensino Fundamental, 1º ano do Ensino Médio,
PROEJA, cursos de Especialização e
Mestrado, os candidatos concorrem através
de provas em concurso público. Quando há
vagas ociosas em algum ano de escolaridade
intermediário,
são
realizados
sorteios
públicos. A relação candidato/vaga em todos
os sorteios públicos e concursos é bastante
elevada.
Índices quantitativos, como alta pontuação no
Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (IDEB), baixa evasão escolar e número
reduzido de casos de alunos com defasagem
Gestão pela Qualidade - Volume 1
164
idade/ano de escolaridade, justificam que o
Colégio Pedro II seja considerado um colégio
público de excelência.
O primeiro campus para alunos de Anos
Iniciais do Ensino Fundamental foi inaugurado
em 1984. Nos anos subsequentes, foram
inaugurados mais três campi para alunos
dessa etapa de escolaridade. Em 2010, foi
implantado o campus mais novo do Colégio
Pedro II em Realengo, bairro da zona oeste
da Cidade do Rio de Janeiro. De acordo com
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDH) do bairro de Realengo ocupa
a 89ª posição entre os 126 bairros do
município do Rio de Janeiro.
Em 2010, primeiro ano de funcionamento do
Campus Realengo I, foram formadas apenas
turmas de 1º e 2º anos. Nos anos
subsequentes foram se formando os demais
anos de escolaridade. Em 2013, concluiu-se a
implantação do campus com turmas de 1º ao
5º anos.
O Campus Realengo I possui atualmente 20
turmas de 1º ao 5º anos do Ensino
Fundamental. As turmas de 1º ano possuem
20 alunos e as demais são formadas por 25
alunos, o que totaliza aproximadamente 500
alunos em seu corpo discente. O campus
funciona em 2 turnos de 5 horas cada e
oferece atividades complementares de
Recuperação, Laboratório de Aprendizagem
e Sala de Recursos no contra-turno para
alunos encaminhados pelos professores e
equipe pedagógica.
Os alunos do 1º ao 5º anos do Ensino
Fundamental do Colégio Pedro II possuem
diversas disciplinas em sua grade de aulas:
Língua Portuguesa, Matemática, Estudos
Sociais, Ciências, Educação Física, Música,
Artes Visuais e Literatura. Os alunos também
realizam
experiências
científicas
no
Laboratório de Ciências e usam a tecnologia
como instrumento no Laboratório de
Informática. Nesses 2 Laboratórios as turmas
têm aulas em bidocência. Há ainda a Sala de
Leitura, onde os alunos vão com seus
professores de Língua Portuguesa para
contação de histórias e para fazerem
empréstimos de livros semanalmente.
Para a realização do trabalho, a estrutura
organizacional do Campus Realengo I é
composta por Direção Geral, Direção
Pedagógica,
Direção
Administrativa,
Assessoria
da
Direção,
Coordenação
Pedagógica de Disciplinas, Orientação
Pedagógica de anos de escolaridade e
Coordenação de Turno. Há ainda o Setor de
Supervisão
e
Orientação
Pedagógica
(SESOP), o Núcleo de Apoio a Pessoas com
Necessidades Específicas (NAPNE), a
Secretaria Acadêmica, o Setor de Finanças, a
Prefeitura e o Setor de Gestão de Pessoas.
A formação acadêmica mínima para ingresso
na carreira docente é nível superior. Os
docentes efetivos ingressam no Colégio
Pedro II através de concurso público e os
docentes substitutos ingressam através de
processo seletivo. No Campus Realengo I há
58 professores no ano letivo de 2017. Desses,
46 são efetivos e 12 são substitutos. Todos os
professores possuem regime de trabalho de
40
horas
semanais,
sendo
que
aproximadamente 76% deles possuem
Dedicação Exclusiva. Das 40 horas semanais,
até 24 são destinadas à regência de aulas e o
restante da carga horária semanal deve ser
utilizada para atividades de manutenção do
ensino, pesquisa e extensão.
Os
servidores
técnico-administrativos
ingressam no Colégio através de concurso
público. No Campus Realengo I há 29
técnicos no ano letivo de 2017, todos com
regime de trabalho de 40 horas semanais,
exceto 1 fonoaudióloga, cujo regime de
trabalho é de 30 horas semanais. Os
servidores técnico-administrativos atuam em
setores administrativos e pedagógicos. Não
atuam, naturalmente, com regência de turma.
A procura por vagas para alunos no Campus
Realengo I tem sido muito elevada. Para
ingresso no ano letivo de 2017, o campus
ofereceu 16 vagas para 1º ano do Ensino
Fundamental.
Houve
1.292
inscrições
homologadas, o que significa uma relação de
aproximadamente 81 candidatos por vaga.
No ano anterior, foram 97 candidatos por
vaga.
Considerando
que
o
Ensino
Fundamental é de responsabilidade da rede
de ensino municipal e que a mesma oferece
vagas para todos os alunos, independente de
sorteio ou concurso, e, na maioria das vezes,
em escolas mais próximas às suas
residências, fica evidente que as famílias
acreditam que a qualidade de ensino do
Colégio Pedro II é superior a de outras
escolas.
A crença dos responsáveis sobre a qualidade
educacional do Campus Realengo I pode ser
confirmada através da análise comparativa de
índices
de
avaliação
de
qualidade
observados no campus com índices
Gestão pela Qualidade - Volume 1
165
nacionais. Assim como os demais campi do
Colégio Pedro II, o campus em tela tem obtido
um resultado bem acima da média nacional
na avaliação do IDEB. No ano de 2013, ano
em que suas primeiras turmas concluíam o 5º
ano, o IDEB nacional observado nas escolas
públicas foi 4.9 e nas escolas privadas foi 6.7.
O IDEB do Campus Realengo I foi 7.3. No ano
de 2015, O IDEB nacional observado nas
escolas públicas foi 5.3 e nas privadas foi 6.8.
O IDEB do Campus Realengo I foi 7.0. A meta
nacional para o ano de 2021 é 6.0, índice
esse que já foi ultrapassado pelo campus.
O índice de evasão escolar do Campus
Realengo I foi zero desde sua implantação, ou
seja, nenhum aluno do campus abandonou os
estudos.
Existem,
sim,
casos
de
transferências de alunos para outras escolas.
O percentual, no entanto, é bastante
reduzido. Dos 17 alunos que solicitaram esse
tipo de transferência entre 2010 e 2016, 11 o
fizeram por mudança da família para outro
estado e até outro país. Dos demais 6 casos,
1 se justificou pela preferência por escola
privada e em 5 casos não houve informação
do
motivo
da
transferência
pelos
responsáveis.
Tabela 1: Transferências de alunos do Campus Realengo I para outras escolas
Ano letivo
Nº de alunos do
campus
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Nº de
transferências
186
270
466
610
473
487
476
0
0
3
1
4
1
8
Fonte: Secretaria Acadêmica do Campus Realengo I
A cada final de ano letivo, na renovação de
matrícula, os responsáveis podem solicitar
transferência de campus. De sua implantação
até o término do ano letivo de 2016, houve 34
solicitações desse tipo. Todas se justificaram
pela busca de um campus do Colégio mais
próximo às suas residências. O número de
alunos que solicitam a transferência de outros
campi para o Campus Realengo I, no entanto,
é muito maior, excedendo 30 solicitações por
ano letivo.
Os casos de defasagem idade/ano de
escolaridade dos alunos do Campus
Realengo I são poucos. De acordo com o
censo escolar de 2016, dos 476 alunos
matriculados, somente 15 estavam com 2 ou
mais anos de defasagem. Em 2017, dos 475
alunos, 16 apresentam essa questão. Ou seja,
o campus possui uma média inferior a 4% de
defasagem idade/ano de escolaridade contra
12,4% da média nacional em 2016.
Importante destacar que todos esses casos
de defasagem do Campus Realengo I
envolvem
alunos
com
necessidades
específicas e que são acompanhados pelo
Núcleo
de
Apoio
a
Pessoas
com
Necessidades Específicas (NAPNE).
Percentual de
transferências
0%
0%
0,6%
0,1%
0,9%
0,2%
1,7%
No Campus Realengo I, o índice de
repetência no ano letivo de 2016 foi de 3,58%,
com apenas 17 alunos não logrando
aprovação. De acordo com o INEP, o índice
de reprovação nacional nos Anos Iniciais em
2016 foi 6,64%. Importante destacar que não
há aprovação automática no Colégio Pedro II
em nenhum ano de escolaridade do Ensino
Fundamental.
Para a implantação do campus, em 2010,
uma Diretora Geral foi indicada pela Reitoria
do Colégio. A implantação foi considerada
concluída ao término do ano letivo de 2013,
quando a primeira turma de alunos concluiu o
5º ano. Para assumir a gestão no período
seguinte, de 2014 a 2017, foi realizada uma
eleição com a comunidade escolar,
envolvendo
docentes,
técnicos
e
responsáveis por alunos. Essa Diretora Geral
candidatou-se ao cargo.
A eleição apresentou como resultado a
eleição da Diretora Geral que havia
implantado o campus. Ela foi eleita com 100%
dos votos dos docentes, 100% dos votos dos
técnicos e 95,59% dos votos dos
responsáveis legais de alunos. Esse resultado
pode ser interpretado como a aprovação da
comunidade pelo tipo de gestão que havia
Gestão pela Qualidade - Volume 1
166
sido realizada e pelos resultados obtidos
pelos alunos. Com o trabalho desenvolvido no
período de implantação, o campus recéminaugurado alcançou índices de qualidade
bem próximos aos demais 4 campi de Anos
Iniciais que foram inaugurados entre 1984 e
1987. O resultado do IDEB do Campus
Realengo I em 2013, conforme revelado
anteriormente, foi 7,3. O Campus São
Cristóvão I, o mais antigo do Colégio,
apresentou exatamente o mesmo índice.
A Direção Geral, como gestora, tem a função
de coordenar, mobilizar, motivar, liderar,
delegar responsabilidades, prestar contas e
submeter à avaliação da comunidade o
desenvolvimento das decisões tomadas
coletivamente. A gestão busca parcerias e
articula a comunidade escolar nas ações do
cotidiano escolar, para que todos participem
ativamente
do
processo
educacional.
Diversas reuniões com a comunidade escolar
são realizadas ao longo do ano letivo para
assegurar uma gestão democrática e
participativa.
No início de cada ano letivo é realizada uma
reunião geral com a participação da Direção,
equipe administrativo-pedagógica, servidores
e responsáveis de todos os alunos do
campus.
Nessa
reunião,
a
equipe
administrativa e pedagógica é apresentada, o
tema do projeto pedagógico geral é
divulgado, regras da rotina escolar são
discutidas e é realizada a prestação de
contas do ano letivo anterior. Após esse
momento, os responsáveis de cada turma se
dirigem às salas de aula para encontro com
todos os professores que trabalharão com
suas crianças.
Reuniões Pedagógicas Gerais (RPGs) são
reuniões que contam com a participação de
todos os servidores docentes e técnicos do
campus. No início do ano letivo, essa reunião
tem como objetivo a escolha do tema de um
projeto pedagógico que será desenvolvido
por todos ao longo do ano. Também são
discutidos os eventos pedagógicos que serão
realizados. Questões gerais da escola são
levantadas e são dadas sugestões. Decisões
são tomadas coletivamente para posterior
cumprimento de todos. No término do ano
letivo é realizada outra RPG para avaliação do
ano e apresentação de experiências exitosas.
Essas
experiências
são
escolhidas
espontaneamente por docentes e técnicos
que pretendem compartilhar as mesmas com
seus pares. Havendo alguma necessidade,
pode ser marcada alguma RPG extraordinária
ao longo do ano. A ideia fundamental dessas
reuniões envolvendo todos os servidores é
que todos participem da construção do
trabalho do campus, planejando, executando,
avaliando e buscando novas estratégias que
se façam necessárias para a melhor
qualidade.
Quinzenalmente são realizadas reuniões de
Conselho Pedagógico e Administrativo de
Campus, do qual fazem parte a equipe de
Direção,
todos
os
coordenadores,
orientadores e chefes de seção. Nessas
reuniões são debatidas questões gerais do
campus selecionadas pelos membros do
Conselho. É realizado um planejamento do
trabalho pedagógico e administrativo e são
decididas
as
estratégias
gerais
de
encaminhamentos com a comunidade
escolar. A participação de cada membro do
Conselho é bastante incentivada pela
Direção, que considera fundamental expandir
a liderança do grupo.
A Direção Pedagógica se reúne também
quinzenalmente com todos os coordenadores
e
orientadores
pedagógicos
para
planejamento e acompanhamento do trabalho
pedagógico. É realizada a integração entre
as áreas de conhecimento e entre os anos de
escolaridade.
Semanalmente, nos horários de manutenção
do ensino, os docentes se reúnem com os
coordenadores de disciplina e orientadores
pedagógicos para realizar o planejamento
semanal de suas aulas, elaborar avaliações,
discutir o desempenho dos alunos e elaborar
estratégias diferenciadas para os alunos que
estejam
apresentando
dificuldade
de
aprendizagem. É fundamental que sejam
asseguradas as condições que propiciam o
bom desempenho dos docentes em sala de
aula. As equipes também estudam temas
relacionados ao trabalho que está sendo
realizado, fazem reflexões, discutem o
trabalho
e
trocam
experiências,
caracterizando a formação continuada. De
acordo com Libâneo (2013, p. 187), “A
formação continuada é outra das funções da
organização escolar, envolvendo tanto o setor
pedagógico como o técnico e administrativo”.
Ainda semanalmente, os docentes participam
de reunião no Setor de Supervisão e
Orientação Pedagógica (SESOP) para
trocarem informações importantes sobre seus
alunos. As orientadoras que atuam nesse
setor são Técnicas em
Educação com
formação em Pedagogia. Comportamentos
Gestão pela Qualidade - Volume 1
167
inadequados dos alunos são relatados para
que
conjuntamente
sejam
pensadas
estratégias para adequação. São levantadas
possíveis
questões
psicológicas,
psicopedagógicas,
fonoaudiológicas
e
clínicas dos alunos. Nesses casos, as
orientadoras convocam posteriormente as
famílias e fazem um encaminhamento para
que os alunos sejam avaliados por
profissionais especializados. Características
das turmas são analisadas para que
dinâmicas possam ser escolhidas para a
realização de um trabalho pedagógico mais
efetivo. Também acontecem nesse espaço
reuniões individuais de responsáveis com
professores, que podem ser solicitadas pelos
responsáveis ou pela escola.
Mensalmente acontecem reuniões com pais
representantes de turmas e a equipe gestora.
Nessas reuniões são levantadas questões
coletivas das turmas que demandem alguma
intervenção. São esclarecidas questões
coletivas do campus. Assuntos da rotina
escolar são abordados e propostas são
elaboradas
para
serem
discutidas
posteriormente com todos os responsáveis
e/ou
com
os
servidores.
Os
pais
representantes trazem para as reuniões as
demandas dos outros responsáveis por
alunos para serem analisadas coletivamente.
Esses pais representantes frequentemente se
disponibilizam para colaborar na organização
dos eventos do campus e recrutam outros
pais
que
também
tenham
essa
disponibilidade.
O ano letivo do Colégio Pedro II é dividido em
3 períodos. Ao término de cada período letivo
são realizados os Conselhos de Classe
(COCs). Após os COCs são realizadas
reuniões de responsáveis, com o objetivo de
avaliar o desenvolvimento do período. Nos
COCs de 5º ano, os alunos representantes de
turma também participam do momento em
que há a avaliação das turmas. Os alunos
relatam a avaliação feita coletivamente pelas
turmas e ouvem a avaliação dos professores,
ficando responsáveis por transmiti-las aos
colegas. Participam do levantamento de
estratégias para resolver problemas das
turmas.
No dia-a-dia os alunos são incentivados a
participar da dinâmica do campus. Dão
opiniões, fazem reivindicações e participam
de decisões de sua turma e da escola. É
cobrado deles a responsabilidade por suas
atitudes, considerando, evidentemente, a
faixa etária dos mesmos. A ideia é o
desenvolvimento da participação coletiva.
Ao longo do ano são realizados alguns
eventos com os alunos, geralmente aos
sábados, e esses contam também com a
participação das famílias dos alunos.
Tradicionalmente
acontece
a
Mostra
Pedagógica, onde trabalhos realizados nas
aulas são expostos e há apresentações
artísticas pelos alunos. A Final dos Jogos
Internos também já é uma tradição no
campus. Os alunos de todas as turmas são
divididos durante as aulas de Educação
Física em 4 bandeiras e participam de jogos
em equipe. No dia do evento, são feitos os
jogos finais e há a contagem dos pontos de
cada bandeira. A ideia do projeto não é
desenvolver a competição, mas valorizar a
importância do trabalho em equipe, da ética e
da solidariedade. Eventos culturais também
são organizados. A cada ano, eventos
diferenciados podem ser planejados de
acordo com o projeto geral desenvolvido.
Todos esses eventos, além de pedagógicos,
favorecem a integração das famílias com a
escola. São momentos de confraternização e
de muita alegria.
Considerando a importância também de
momentos de confraternização entre os
servidores, a Direção do Campus Realengo I
organiza encontros com esse objetivo.
Almoço em comemoração ao Dia do Servidor
Público, Almoço Natalino, Lanche de Páscoa,
Comemoração de aniversariantes do mês são
alguns dos momentos em que servidores do
campus se reúnem de forma mais
descontraída. A gestão considera que esses
momentos favorecem a união do grupo e,
consequentemente, facilita o entrosamento
profissional.
O sucesso organizacional como um todo é
importante, pois as crianças aprendem muitas
coisas com o ambiente da escola, além do
que aprendem em sua sala de aula.
A ideia-chave desenvolvida foi a de que
não educamos nossos alunos apenas na
sala de aula: também as formas de
organização e as práticas de gestão
educam e ensinam. Dizendo de outra
maneira, as crianças aprendem coisas na
sala de aula e também aprendem muitas
coisas com o ambiente da escola, com as
formas de organização, com as formas de
relacionamento, com as rotinas, com os
Gestão pela Qualidade - Volume 1
168
modos de resolver problemas e solucionar
conflitos. (LIBÂNEO, 2013, p. 286)
A confiança de que o gestor possa realizar
um trabalho eficiente na escola para que a
mesma seja uma escola de qualidade é
fundamental para criar condições para o
sucesso organizacional.
A confiança é o cimento fundamental que
mantém
uma
organização
unida,
facilitando a boa comunicação, corrigindo
ações
ocorridas
em
momentos
inoportunos, possibilitando o atendimento
de objetivos e criando as condições para o
sucesso organizacional. (LÜCK, 1998, p.
42)
No
primeiro
ano
de
funcionamento
do
campus, o entrosamento dos servidores,
alunos e suas famílias já era uma realidade. O
REFERÊNCIAS
[1]
Beuren, Ilse maria (Org.). Como elaborar
trabalhos monográficos em contabilidade - teoria e
prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
[2]
Brasil. Constituição, 1988. Constituição
Federal, São Paulo: Lex, 1988.
[3]
Brasil. Lei nº 9394/96 de 20 de dezembro
de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Brasília: Congresso Nacional,
1996.
[4]
Brasil. Ministério da Educação/INEP.
Censo Escolar da Educação Básica 2016: Notas
Estatísticas. Brasília: MEC/INEP, 2017.
[5]
Brasil. Ministério da Educação/INEP. IDEB
–
Resultados
e
Metas.
Disponível
em
<http://ideb.inep.gov.br/resultado> Acesso em
abril 2017.
[6]
Brasileiro, Ada Magaly Matias. Manual de
Produção de Textos Acadêmicos e Científicos. São
Paulo: Atlas, 2013.
[7]
Colégio Pedro II. Missão, Visão e Valores.
Disponível
em
<http://www.cp2.g12.br/index.php/cpii/missao.html
> Acesso em abril 2017.
[8]
Colégio Pedro II. Projeto PolíticoPedagógico / Colégio Pedro II. Brasília: MEC/INEP,
2002.
[9]
Gray, David E. Pesquisa no mundo real.
Tradução: Roberto Cataldo Costa. 2 ed. Porto
Alegre: Penso, 2012.
convívio era muito prazeroso. Surgiu, por
parte de servidores, um slogan para o
campus: “A felicidade mora aqui!”. Em 2015,
participando ativamente da organização da
Festa das Nações, os responsáveis por
alunos complementaram o slogan inicial
acrescentando: “Nenhum de nós é tão bom
quanto todos nós juntos!”. Esse slogan
representa exatamente a ideia da gestão
participativa.
A gestão escolar não é, portanto, reduzida a
uma mera mobilização de pessoas para a
realização de atividades. A gestão escolar do
campus está associada à intencionalidade,
que se projeta nos objetivos que dão o rumo,
a direção da escola. Como uma escola
pública, há dependência do sistema central e
das políticas públicas. No entanto, há
autonomia no planejamento, organização,
orientação e controle de suas atividades
internas. E essas se realizam com a
participação da comunidade na busca de
uma educação pública de qualidade para
todos.
[10]
Libâneo, José Carlos. Organização e
gestão da escola - teoria e prática. São Paulo:
Heccus, 2013.
[11]
Libâneo, José Carlos; OLIVEIRA, João
Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação
escolar: políticas, estrutura e organização. 10ed.
São Paulo: Cortez, 2012 (Coleção Docência em
Formação).
[12]
Lück, Heloísa. A gestão participativa da
escola. 5 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
[13]
Lück,
Heloísa...[et
al].
A
escola
participativa: o trabalho do gestor escolar.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
[14]
Lück, Heloísa. Concepções e processos
democráticos de gestão educacional. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2006. Série: Cadernos de Gestão.
[15]
Lück, Heloísa et al. A escola participativa o trabalho do gestor escolar. Rio de Janeiro: DP&A,
1998.
[16]
Motta,
Paulo
Roberto.
Gestão
contemporânea - a ciência e a arte de ser
dirigente. 11 ed. Rio de Janeiro: Record, 2000.
[17]
SILVA, José Maria da & SILVEIRA,
Emerson Sena da. Apresentação de trabalhos
acadêmicos – normas e técnicas. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2014.
[18]
Xavier, Antônio Carlos da Ressurreição et
al. Gestão escolar – desafios e tendências. Brasília:
IPEA, 1994.
[19]
Yin, robert K. Estudo de caso:
planejamento e método. Tradução: Daniel Grassi. 3
ed.
Porto
Alegre:
Bookman,
2005.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
169
Capítulo 16
Tadeu Starling
Luciana Dias Martins da Costa
Carmen Couto
Resumo: Este trabalho tem como objetivo avaliar a relação entre os procedimentos
de compatibilização projetual e os custos de intervenções na obra em diferentes
momentos do processo construtivo. A gestão e coordenação de projetos foram
analisadas através de estudos de casos onde a necessidade de intervenção na
edificação se deu em etapas distintas: fase de projeto, fase de execução, fase de
manutenção preventiva e fase de manutenção corretiva. Os resultados obtidos
demonstram que a compatibilização ainda na fase de projeto é a solução mais
segura e de menor custo e que um enfoque interdisciplinar entre a arquitetura e a
engenharia é fundamental para propiciar construções de qualidade, aliando
aspectos de projeto, coordenação executiva e inserção de novas tecnologias,
promovendo práticas profissionais em sintonia com a importância e com a urgência
de ações sustentáveis em uma área fundamental às atividades humanas como é a
construção civil.
Palavra-chave: compatibilização de projeto, sustentabilidade, gestão.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
170
1. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, a construção civil no
Brasil vem passando por grandes mudanças
nos aspectos tecnológicos, culturais e de
mercado, exercendo influência direta na
concepção dos projetos e execução das
obras. Para ampliar a competitividade e
melhorar a qualidade dos produtos, observase no Brasil, desde meados da década de 90,
a implantação de Sistemas de Gestão da
Qualidade (SQG), outro aspecto que também
influencia diretamente na implantação é a
exigência dos órgãos contratantes e
financiadores
do
setor
público
pela
certificação da NBR ISO 9001 e da PBQP-H,
Programa Brasileiro de Qualidade e
Produtividade do Habitat criado pelo Governo
Federal na década de 90 com a finalidade de
organizar o setor da construção civil em dois
aspectos
fundamentais:
melhoria
da
qualidade do habitat e a modernização da
produção.
A norma NBR 9000 afirma que qualquer
atividade, ou conjunto de atividades, que usa
recursos para transformar insumos (entradas)
em produtos (saídas) pode ser considerado
como um processo. O SGQ é a prática de
gestão que traz a padronização de processos
e controle visando à qualidade em toda a
organização.
Para garantir a qualidade do produto final, no
caso da edificação, é fundamental a
compatibilização no processo de projeto. A
falha nesta etapa provoca uma maior
quantidade de erros e de retrabalho na obra
gerando grande desperdício. Atualmente
pode-se perceber uma grande preocupação
por parte das empresas pelo desenvolvimento
do projeto, pois as modificações feitas ainda
na fase do “papel” são muito mais simples e
baratas do que executar as alterações
durante a obra. (COSTA, 2010).
Segundo Melhado (2005), o sucesso de um
empreendimento começa a partir das
decisões iniciais de projeto dando grande
destaque, primeiramente, ao estudo de
viabilidade. Apesar de ter um alto custo
inicial, este estudo é responsável pela maior
capacidade de influência no custo final do
empreendimento (Figura 1).
Figura 1 – Potencial de influência no custo final do empreendimento e suas fases.
Fonte: MELHADO, 2005, p.15.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
171
O estudo de viabilidade está vinculado às
diretrizes, como as fornecidas pela Prefeitura
Municipal de Belo Horizonte, tais como: a
quota de terreno, que é o instrumento que
controla o nível de adensamento nas
edificações destinadas ao uso misto
residencial ou na parte residencial das de uso
misto, a taxa de ocupação, relação entre a
área de projeção horizontal da edificação e a
área do terreno e o potencial construtivo, o
potencial construtivo calculado mediante a
multiplicação da área total do terreno pelo
coeficiente de aproveitamento da zona em
que se situa e às diretrizes comerciais para o
local.
Para que uma construção se materialize,
todas as etapas sejam elas de concepção,
projeto,
cálculo,
quantificação,
obra,
ocupação e manutenção, são pensadas e
executadas em função dos seus materiais
constituintes, o que denota a sua importância
e a necessidade de bem compreendê-los. O
conhecimento
das
características
e
propriedades dos diversos materiais de
construção leva ao emprego adequado dos
mesmos nas várias situações com que se
deparam os profissionais e, além disso, abre
possibilidades de inovações tecnológicas que
têm sido fundamentais na viabilização de
soluções cada vez mais sofisticadas ao longo
da história da Construção Civil. (STARLING et
al., 2015)
O ideal é que estas informações sempre
estejam complementadas por sondagem do
terreno, viabilidade e diretriz técnica básica
das concessionárias locais de energia, água
e esgoto. Estas informações são essenciais
para que no início do processo já possa se
estimar o tipo de fundação e a necessidade
de execução de redes de infraestrutura, pois
a execução destes itens sem previsão no
orçamento
pode
inviabilizar
o
empreendimento.
Na fase de projeto, o arquiteto deve trabalhar
sempre em interface conciliando os interesses
do empreendedor, do construtor e atendendo
as expectativas do usuário final, já que as
decisões tomadas influenciam diretamente na
execução do empreendimento.
É de grande importância, portanto, abordar e
incentivar em todos os níveis, uma constante
interação entre Engenharia e Arquitetura,
como questão fundamental em direção à
plenitude
do
potencial
criativo
dos
engenheiros e arquitetos. (STARLING et al.,
2006)
O desenvolvimento do projeto não é
composto por uma sequência linear a partir
do recebimento das informações do
empreendedor, pois já na fase inicial deve
contemplar as soluções técnicas necessárias
para a execução da obra, devendo ser
realizada de maneira a garantir os padrões de
qualidade projetados. Quanto maior o
investimento nesta etapa e maior o tempo
para análise e desenvolvimento do projeto,
melhor será o resultado final para o
empreendedor com relação à redução de
custo gerado principalmente pelo retrabalho
(MELHADO, 2005) (Figura 2).
Figura 2 – Relação entre o tempo de desenvolvimento de um empreendimento e o custo das
atividades demonstrando o efeito de um maior “investimento” na fase de projeto.
Fonte: MELHADO, 2005, p.16.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
172
Segundo o documento aprovado na 77ª
Reunião do Conselho Superior do Instituto de
Arquitetos do Brasil, realizada em Salvador,
Bahia,
a
palavra
projeto
significa,
genericamente,
intento,
desígnio,
empreendimento e, em acepção, um conjunto
de ações, caracterizadas e quantificadas,
necessárias à concretização de um objetivo.
Embora este sentido se aplique a diversos
campos de atividade, em cada um deles o
projeto se materializa de forma específica. O
objetivo principal do Projeto de Arquitetura da
Edificação é a Execução da Obra idealizada
pelo arquiteto. Essa obra deve se adequar
aos contextos naturais e culturais em que se
insere e responde às necessidades do cliente
e futuros usuários do edifício. As exigências
do cliente e usuários se exprimem através do
programa de necessidades que define
metodicamente o objetivo do projeto.
Um dos problemas que se pode perceber no
desenvolvimento do projeto é que, muitas
vezes, o empreendedor não possui todas as
especialidades contratadas, prejudicando a
compatibilização e racionalização do projeto
nas etapas iniciais.
O processo de projeto engloba diversos
agentes que devem cooperar entre si em
torno de um fim comum, a construção do
edifício. Para que a execução da obra seja
viável é necessário que todas as etapas de
projetos
estejam
desenvolvidas
e
compatibilizadas:
Levantamento topográfico: consiste
na descrição do relevo do terreno
através
da
representação
planialtimétrico ou altimétrico em
planta ou carta;
Projeto legal: é o projeto de
arquitetura aprovado pela prefeitura
do município. É a base para o início
de todo o processo de projeto;
Sondagem: é o processo de análise
do solo;
Terraplenagem: movimentação de
terra feito com base no levantamento
topográfico e no estudo de níveis da
implantação da arquitetura;
Fundação: elemento estrutural que
transfere ao terreno as cargas da
edificação;
Estrutura: estrutura da edificação;
Sistemas
prediais:
instalações
elétricas, hidráulicas dentre outras;
Modulação de alvenaria: paginação
das alvenarias;
Executivo e detalhamento: o projeto
executivo é o projeto de arquitetura
compatibilizado
com
todos
os
projetos complementares (estrutura,
instalações, etc.);
Consultoria de fachada: produção do
revestimento da fachada;
Consultoria
de
esquadria:
detalhamento das esquadrias;
Paisagismo: definição das espécies
de vegetação.
Neste contexto, a gestão e a coordenação de
projetos fornecem subsídios para a execução
mais racionalizada da obra, com a redução
de custos e o aumento da competitividade da
empresa.
“A gestão de projetos compreende o
conjunto de ações envolvidas no
planejamento, organização, direção e
controle do processo de projeto, o que
envolve tarefas de natureza estratégica,
tais como estudos de demanda de
mercado,
prospecção
de
terrenos,
captação de investimentos ou de fontes de
financiamento da produção, definição de
características
do
produto
a
ser
construído, além de tarefas ligadas
diretamente à formação das equipes de
projeto em cada empreendimento, como
contratação
de
projetistas,
estabelecimento de prazos para etapas de
projeto e gestão da interface com os
clientes ou compradores.” (MELHADO,
2005, pag.19).
A coordenação deve assegurar diversos itens
importantes para o processo de projeto,
como: garantir que as partes não prejudiquem
o todo, conciliar as necessidades de prazos,
fazer análise crítica dos projetos, consultarem
soluções externas se necessário, fazer a
compatibilização de projetos, atendendo às
novas demandas e desenvolvendo o projeto
em prazos menores.
A busca pela produtividade, competitividade
e qualidade do produto passa a ser uma
Gestão pela Qualidade - Volume 1
173
questão de sobrevivência das empresas que
são pressionadas a alterar seus processos de
produção com a finalidade de reduzir custos
e adequar os produtos ofertados no mercado,
para viabilizarem os seus empreendimentos.
Segundo Formoso (2000) o conceito de valor
está diretamente vinculado à satisfação do
cliente, não sendo inerente à execução de um
processo. Assim, um processo só gera valor
quando as atividades de processamento
transformam
as
matérias
primas
ou
componentes nos produtos requeridos pelos
clientes, sejam eles internos ou externos.
Do
ponto
de
vista
econômico
a
compatibilização de projetos é primordial
para atender a necessidade atual de
construções
mais
sustentáveis
sendo,
portanto, um papel fundamental, uma vez que
mudanças ainda em fase de projeto possuem
menor custo e são muito mais seguras.
(COUTO apud COSTA, 2014)
Uma
análise
da
eficiência
da
compatibilização de projetos, neste trabalho,
foi realizada através da aplicação da “Regra
de Sitter” em estudos de casos de
intervenções nas edificações em diferentes
fases: fase de projeto, fase de execução, fase
de manutenção preventiva e fase de
manutenção corretiva, visando comparar
estas intervenções com o custo/benefício de
prevenção e manutenção em relação à
durabilidade do concreto.
2. OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo avaliar a
relação
entre
os
procedimentos
de
compatibilização projetual e os custos de
intervenções em diferentes momentos do
processo construtivo:
Enfocar aspectos relevantes da
compatibilização de projetos e da
gestão de qualidade através de
parâmetros que vêm sendo utilizados
na construção civil;
Planejar a compatibilização
projetos em suas fases distintas;
de
Definir etapas fundamentais
compatibilização de projetos;
da
Avaliar
a
relação
entre
os
procedimentos projetuais e os custos
de intervenção.
3. METODOLOGIA
A compatibilização de projetos, ponto
primordial
na
sustentabilidade
das
construções, é abordada neste trabalho
através do estudo de casos. Para que se
tenha um bom desempenho na execução da
obra é fundamental que durante a fase de
projeto haja uma interação entre todos os
profissionais envolvidos no processo. A
compatibilização de projetos, além de
contribuir para otimizar o tempo de execução
da obra, evitar desperdício e para melhorar o
desempenho da edificação, reduzindo custos
adicionais.
Neste trabalho propõe-se fazer uma
comparação entre a detecção de casos reais
e a necessidade de compatibilidade do
projeto e suas soluções através de uma
análise inspirada na “Regra de Sitter” ou “Lei
dos 5”, muito utilizada para avaliar o custo de
prevenção e manutenção de estruturas em
relação à durabilidade do concreto. De
acordo com esta regra, os custos de
recuperação de estruturas crescem segundo
uma progressão geométrica de razão, igual a
5 em quatro etapas distintas: fase de projeto,
fase de execução, fase de manutenção
preventiva e fase de manutenção corretiva. As
soluções, quando encontradas ainda na fase
de projetos, são mais seguras e baratas,
ficando mais caras quanto mais tarde for a
intervenção (Tabela 1).
Gestão pela Qualidade - Volume 1
174
Tabela 1 – Regra de Sitter
FASES
CUSTO
ARBITRÁRIO
DE
REFERÊNCIA
FASES
Projeto
1
Preocupação no desenvolvimento do projeto
Execução
5
Correções no princípio do processo de
execução da obra
Manutenção preventiva
25
Correções durante a execução da obra
Manutenção corretiva
125
Correções após a execução da obra
Fonte: (SITTER, 1984)
Couto (2014) observa que é possível
quantificar
os
custos
referentes
à
compatibilização de projetos nas duas etapas
principais, ou seja, projeto legal e projeto
executivo, baseando-se na regra de Sitter, a
qual aborda os custos da durabilidade em
função das diversas etapas de intervenção:
Avaliação da execução de manutenção
preventiva em um condomínio residencial.
Fase de manutenção corretiva
Avaliação da execução de manutenção
corretiva em um edifício garagem.
Fase de projeto
Comparação
de
dois
projetos
de
terraplenagem de uma única obra, sendo que
um se refere aos níveis definidos no projeto
legal e o outro ao projeto de arquitetura
executivo.
Fase de execução
Avaliação do projeto executivo de um edifício
residencial e a necessidade de adequação
durante a fase de execução de obra.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 ANÁLISE DA COMPATIBILIZAÇÃO DE
PROJETOS
os
A análise da compatibilização de projetos foi
baseada na aplicabilidade da Regra de Sitter
nas diversas fases de projetos, Tabela 2.
(SITTER, 1984)
Fase de manutenção preventiva
Tabela 2 – Aplicação da Regra de Sitter nas fases de compatibilização de projetos.
FASES
CUSTO
ARBITR
ÁRIO DE
REFERÊ
NCIA
FASES
Preocupação a partir do projeto
CUSTO
ARBITRÁRIO
Projeto
1
Execução
5
Manutenção
preventiva
25
Correções durante a execução da
obra
Z
Manutenção
corretiva
125
Correções após a execução
W
Correções no princípio do
processo de execução da obra
Gestão pela Qualidade - Volume 1
X
Y
175
4.2 FASE DE PROJETO
Na Tabela 3, a seguir, apresenta-se uma
intervenção ainda na fase de projeto.
Primeiramente, o projeto de terraplanagem foi
elaborado segundo os níveis de implantação
previstos
no
Projeto
Legal,
sendo
posteriormente revisto como base no projeto
executivo de arquitetura.
Tabela 3 – Comparativo da compatibilização na fase de projeto
Tipo de
projeto
Projeto legal
Projeto
executivo
Diferença
Volume de
Corte (m3)
6.567,38
3.986,97
.580,41
Volume de
Aterro (m3)
550,77
720,81
170,04
Volume de
Bota-fora
(m3)
6.016,60
2.411,62
Número de
caminhões
(R$/6m3)
1003
402
Custo estimado
(R$90,00/
Caminhão 6m3)
R$90.270,00
R$36.180,00
3.604,98
601
R$54.090,00
Fonte: COSTA, 2010
Pode-se
observar
que
o
projeto
compatibilizado com a revisão dos níveis de
implantação do projeto executivo de
arquitetura proporcionou uma alteração
considerável no volume de corte e aterro e,
consequentemente, no número de caminhões
de bota-fora. Considerando a Regra de Sitter
a compatibilização ainda na fase de projeto
teve custo arbitrado com valor “x”,
considerando apenas o gasto do valor
contratado para o projeto. No caso específico
da tabela 3 a compatibilização do projeto
proporcionou uma economia financeira para o
empreendimento estimada em R$54.090,00
(considerando o preço estimado de
R$15,00/m3 para bota-fora na região de Belo
Horizonte), sendo 2,5 vezes menor que o
custo relativo ao projeto legal, além de reduzir
significativamente a produção de resíduos
gerados pela obra.
4.3 FASE DE EXECUÇÃO
Nesta fase a compatibilização é feita durante
a execução da obra. No exemplo a seguir a
revisão foi necessária devido à divergência
encontrada entre o projeto executivo e o
projeto legal de um edifício residencial, já que
este último foi aprovado na Prefeitura com
uma ampliação da varanda nos quatro
primeiros pavimentos. Esta compatibilização
acarretou além da revisão do projeto de
arquitetura executivo, a revisão do projeto
estrutural para cálculo de reforço e a
demolição na obra do trecho já concretado.
O projeto executivo de arquitetura fornecido
para o cálculo estrutural não apresentou a
varanda ampliada, já que possuía a
representação de um guarda-corpo entre elas
(Figura 3).
Figura 3 – Projeto de arquitetura.
Fonte: Acervo COSTA, 2010.
Com esta informação o projeto estrutural
considerou uma viga de mesma dimensão em
toda a extensão do guarda-corpo (Figura 4).
Gestão pela Qualidade - Volume 1
176
Figura 4 – Indicação da viga executada.
Fonte: Acervo COSTA, 2010.
Para solucionar a divergência o projeto
executivo de arquitetura foi revisado
considerando a ampliação da varanda e
encaminhado para a revisão do projeto
estrutural (Figura 5).
Figura 5 – Projeto executivo de arquitetura revisado
Fonte: Acervo COSTA, 2010.
Como a viga já estava concretada no local foi
calculando o reforço necessário
necessário revisar o projeto estrutural
demolição da viga existente (Figura 6).
Figura 6 – Indicação da demolição e reforço da viga.
Fonte: Acervo COSTA, 2010.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
para
177
De acordo com a aplicação da Regra de
Sitter a alteração na fase de execução para
solucionar ocorrências não previstas durante
a fase anterior corresponde a um custo “y”
maior do que se a medida já houvesse sido
tomada. A revisão neste caso acarretou não
somente a adequação dos projetos de
arquitetura executiva e de estrutura, mas
também o custo adicional de demolição, botafora, execução da nova viga com gastos de
concreto, armação e forma, além de
transtornos para a execução da obra.
Considerando valores do mercado de Belo
Horizonte apenas a demolição e execução da
nova viga acarretaram um custo adicional de
material em torno de R$1.255,25, sem
considerar o aumento dos custos indiretos da
obra devido ao atraso gerado na execução.
Outro exemplo observado foi detectado na
execução de laje de um edifício residencial. O
orçamento da obra foi elaborado com base no
projeto estrutural, mas a execução a obra
detectou a existência de um cruzamento de
dois eletrodutos. Para solucionar o problema
a espessura da laje foi aumentada pela obra,
gerando custo adicional ultrapassando o valor
previsto pelo orçamento (Tabela 4).
Tabela 4 – Compatibilização na fase de execução
Tipo
Projeto (valor previsto no orçamento)
Execução da laje
Diferença de custo entre orçamento e execução
Custo (R$)
R$32.771,91
R$45.880,67
R$13.108,76
Fonte: COSTA, 2010
Considerando que o empreendimento acima
é composto por 6 prédios o custo financeiro
desta alteração foi de R$78.652,57, sendo
que se algumas medidas tivessem sido
tomadas ainda na fase de projeto o custo
poderia reduzir consideravelmente ou até
mesmo não existir.
4.4 FASE DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA
Nesta fase são necessárias operações de
manutenção para assegurar as boas
condições da obra. As figuras 7 e 8 se
referem a uma obra de caráter residencial
localizada em uma cidade litorânea. Para
manter a boa aparência do guarda-corpo
metálico e evitar problemas futuros de
patologia a pintura está sempre em
manutenção.
Figura 7 – Guarda-corpo metálico.
Fonte: Acervo COSTA, 2010.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
178
Figura 8 – Detalhe ampliado do guarda-corpo.
Fonte: Acervo COSTA, 2010.
Apesar de a manutenção preventiva ter o
custo menor do que se a solução tivesse que
ser corretiva, ela ainda é “z” vezes superior ao
custo incorporado se a solução tivesse sido
feita na fase de projeto. Em Belo Horizonte o
custo estimado para a pintura na época foi de
A intervenção nesta fase possui um custo
bastante elevado, pois corresponde a
trabalhos de diagnóstico, reforço e proteção
para solucionar problemas de manifestações
patológicas evidentes. O estudo de caso se
refere à garagem de um condomínio
residencial
que
foi
executada
com
piso (Figura 9 e 10).
R$14,00/m2, considerando que este gasto é
constante para evitar problemas futuros de
patologia.
4.5 FASE DE MANUTENÇÃO CORRETIVA
rebaixamento de lençol freático. Apesar da
obra já estar entregue para os clientes, estes
não puderam usufruir de imediato do
estacionamento coberto, pois depois de
concluída a obra a garagem teve que ser
interditada por um problema de infiltração de
água do subsolo nas paredes e na laje de
Figura 9 – Infiltração de água pela parede.
Fonte: Acervo COSTA, 2010.
Gestão pela Qualidade - Volume 1
179
Figura 10 – Infiltração de água pelo piso.
Fonte: Acervo COSTA, 2010.
O custo para a correção da manifestação
patológica nesta fase corresponde a um custo
“w” vezes superior aos custos da fase de
projeto. A solução ideal, segura e de menor
custo para solucionar o problema do
estacionamento seria se este problema
tivesse sido levantado e estudado ainda na
fase de projeto, mas como foi uma
manutenção corretiva foi necessário fazer o
diagnóstico para se estudar a melhor maneira
de solucionar o problema. Após muitos
estudos a solução encontrada foi executar um
piso plaqueado sobre a laje existente criando
um sistema de drenagem sob este novo piso.
Para resolver a infiltração na parede foi
proposta uma parede falsa na frente da
existente isolando-a através de um colchão
de ar. O custo desta interferência foi de
aproximadamente R$100.000,00.
5. CONCLUSÃO
Esta pesquisa aborda a compatibilização
projetual como um aspecto primordial para
atender a necessidade do mundo atual de
construções
mais
sustentáveis.
A
compatibilização de projetos foi analisada
através de estudos de casos em quatro
etapas distintas de intervenção: fase de
projeto, fase de execução, fase de
manutenção preventiva e fase de manutenção
corretiva.
Na fase de projeto, a intervenção acarretou
alteração
no
projeto
envolvendo
o
coordenador e o projetista e não gerou custo
adicional, pois a revisão já fazia parte do
contrato.
A alteração durante a execução é um pouco
mais complexa que a etapa anterior, pois
envolve o coordenador, o projetista e a obra.
No caso estudado, além da revisão de
projeto, a modificação provocou custos
adicionais e geração de resíduos.
A manutenção preventiva envolveu o
coordenador, o projetista, a obra e o cliente e
os custos adicionais foram muito maiores do
que se a medida tivesse sido tomada ainda
na fase de projeto.
Por fim, na manutenção corretiva, a
intervenção foi necessária para solucionar
uma manifestação patológica. Este tipo de
solução acarretou um custo elevado e
envolveu o coordenador, o projetista, a obra,
o cliente e um consultor ou novo projetista
para dar uma solução ao problema.
As considerações sobre estas questões
permitem evidenciar que quanto mais tarde é
verificada a necessidade de intervenção
maior o número de pessoas envolvidas, o
prejuízo financeiro e a produção de resíduo.
Desta forma, a compatibilização ainda na fase
de projeto é a solução mais adequada, mais
segura, de menor custo e de caráter mais
sustentável.
As questões avaliadas nesta pesquisa
evidenciam a importância de um enfoque
interdisciplinar na condução e realização das
diversas etapas do processo construtivo,
revelando, sobretudo, a estreita relação entre
os procedimentos de compatibilização
projetual e os custos de intervenções na obra
em diferentes momentos do processo
construtivo.
Nesse sentido, a interface entre a arquitetura
e a engenharia é fundamental para propiciar
Gestão pela Qualidade - Volume 1
180
construções de qualidade e que também
apresentem soluções inovadoras, aliando
aspectos de projeto, coordenação executiva e
inserção de novas tecnologias, promovendo
práticas profissionais em sintonia com a
REFERÊNCIAS
Associação
Brasileira
De
Normas
[1]
Técnicas. NBR ISO 9000. Sistema de Gestão da
Qualidade - Fundamentos e Vocabulário: Rio de
Janeiro: ABNT, 2005. 35p.
[2]
Associação
Brasileira
de
Normas
Técnicas. NBR ISO 9001. Sistema de Gestão da
Qualidade – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT,
2015. 32p
[3]
Ministério
das
Cidades.
Programa
brasileiro de qualidade e produtividade do habitat.
Disponível
em:
<
http://pbqph.cidades.gov.br/pbqp_apresentacao.php>.
Acessado em: 7 maio 2017.
[4]
Costa, L.D.M.. Compatibilização de
projetos e gerenciamento de resíduos como
condições primordiais para a sustentabilidade das
construções. 2010. 68f. Dissertação (Mestrado em
Construção Civil). Escola de Engenharia da UFMG,
Minas Gerais.
[5]
Couto, C.; Starling, T.; Costa, L.; Silva, J.;
Oliveira, M. A Compatibilização de projetos como
condição primordial para a sustentabilidade das
construções. In: Congresso Luso-Brasileiro de
Materiais de Construções Sustentáveis, 2014,
Portugal. Universidade do Minho, 2014, Portugal.
[6]
Formoso, Carlos T. Lean Construction:
princípios básicos e exemplos. Porto Alegre:
importância e com a urgência de ações
sustentáveis em uma área fundamental às
atividades humanas como é a construção
civil.
Escola de Engenharia da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, 2000. 12p.
[7]
Instituto de Arquitetos do Brasil. Roteiro
para desenvolvimento do projeto de arquitetura da
edificação,
Salvador.
Disponível
em:
http://www.iab.org.br/sites/default/files/documentos
/roteiro-arquitetonico.pdf. Acessado em: 06 maio
2017.
[8]
Melhado,
Silvio
Burrattino
et
al.
Coordenação de projetos de edificações. 1ª ed.
São Paulo: O Nome da Rosa, 2005. 115p.
[9]
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Lei
nº. 7.166 de 27 de ago de 1996. Lei de
parcelamento, ocupação e uso do solo do
município de Belo Horizonte, Belo Horizonte, 1996.
Disponível em: <http://portalpbh.pbh.gov.br.>.
Acessado em: 10 jan. 2010.
[10]
Sitter, W. R. Costs for service life
optimization. The “Law of fives”. Durability of
concrete structures, Proceedings, Copenhagem:
Ceb-Rilem, 1984. p. 18-20.
[11]
Starling, T; Couto, C.; Lemos, B.
Pressupostos
para
a
integração
Engenharia/Arquitetura. In: 58º Reunião Anual da
SBPC, 2006, Florianópolis. 58º Reunião Anual da
SBPC, 2006.
[12]
Starling, T, Couto, C. C.; Silva, J.. Materiais
de Construção Civil, 4ª ed. Revisada. Editora
UFMG,
2015.
103p
Gestão pela Qualidade - Volume 1
AUTORES
Autores
DARLY FERNANDO ANDRADE (ORGANIZADOR)
Doutor em Administração pela Universidade FUMEC, Mestre em Administração e Bacharel em
Estatística pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor da Faculdade de
Gestão e Negócios da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) no Departamento de
Métodos e Informações. Professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão de
Organizações, modalidade Mestrado Profissional nesta mesma instituição. Possui experiência
na implantação de programas Seis Sigma e na utilização de estatística aplicada em empresas
como Lojas Americanas, B2W Digital, ArcelorMittal, dentre outras. Conduziu, por mais de 15
anos, pesquisas de mercado em setores diversos.
AUTORES
ADIVAL DE SOUSA MONTEIRO
Graduado em Administração, Pós-Graduado em Gestão Empresarial e Negócios e Mestre em
Ensino de Ciências da Saúde e Meio Ambiente pelo Centro Universitário de Volta Redonda –
UniFOA. Professor no Curso de Graduação em Administração e Coordenador do Curso
Superior de Tecnologia na Faculdade Sul Fluminense. Membro do Conselho Editorial da
Revista Valore – Revista Científica da Faculdade Sul Fluminense
ALINE PIRES VIEIRA DE VASCONCELOS
Doutorado em Engenharia de Sistemas e Computação pela COPPE/UFRJ, concluído em Abril
de 2007. Mestrado em Master of Science in Computer Science pela Vrije Universiteit Brussel,
concluído em Setembro de 1999. Professora na área de Informática do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IF Fluminense) Campus Campos Centro, nos
cursos de graduação e de Pós-Graduação, sendo atualmente professora Titular e membro do
corpo docente do SAEG (Mestrado em Sistemas Aplicados à Engenharia e Gestão). Diretora
de Gestão Acadêmica do IF Fluminense Campus Campos Centro. Atua como colaboradora
do grupo de pesquisa em Reutilização de software da COPPE Sistemas. Participou
recentemente do projeto de Qualidade de Software no contexto da Renapi (Rede de Pesquisa
e Inovação em Tecnologias Digitais) da SETEC - MEC. Certificada como Coach Ontológica
pela NewField Network em janeiro de 2015. Áreas de interesse: modelagem de negócios,
engenharia de requisitos, orientação a objetos, reutilização de software, engenharia de
domínio, linha de produtos, qualidade de software, linha de processos de software, coach
ontológico.
ANA CLÁUDIA MENDES
Graduada em Gestão de Serviços de Saúde pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), MBA em Auditoria e Gestão da Qualidade Aplicado à Serviços de Saúde e
Especialização em Redes de Atenção à Saúde. Foi supervisora de serviço de saúde no
Núcleo de Ações e Pesquisa de Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG.
Atualmente esta na área de Gestão Estratégica, Projetos, Processo e Qualidade da UnimedBH, onde participou da reestruturação de Sistema Integrado de Gestão.
ANA LÚCIA SÊNOS DE MELLO
Formada em Letras Português/Inglês e especialista em Educação. Atualmente, cursa
Mestrado em Gestão pela Qualidade Total na Universidade Federal Fluminense. Professora
da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro de 1988 a 1994 e do Colégio Pedro II
desde 1985. Neste, além de regente de turma, foi coordenadora Pedagógica e Diretora Geral
do Campus São Cristóvão I de 2001 a 2009. Em 2010, foi responsável pela implantação do
Campus Realengo I, onde atuou como Diretora Geral até dezembro de 2017.
ANA PAULA VIEIRA
Assistente em Administração do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da
Fonseca - CEFET-RJ. Mestre em Sistemas de Gestão pela Qualidade Total pela Universidade
Federal Fluminense (2014). Pós-graduação em Novas Tecnologia no Ensino de Matemática
pela Universidade Federal Fluminense, Graduação em Matemática pela Universo .
ARTHUR GUIMARÃES GONÇALVES DOS SANTOS
Acadêmico do curso bacharel em enfermagem pela Universidade Salgado de Oliveira UNIVERSO BH. Monitor da disciplina de Anatomia Humana .
AUTORES
CARMEN COUTO RIBEIRO
Doutora em Génie Civil (1983) - École Nationale des Ponts et Chaussées, Paris. Possui
Certificat d’Etudes Superiéures (1980), também pela Ponts et Chaussées. Engenheira Civil
pela Universidade Federal de Minas Gerais (1977). Professora Titular da Escola de
Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, atuando no curso de Engenharia Civil
e no Mestrado em Construção Civil. Publicou o livro Materiais de Construção Civil pela Editora
UFMG, com 6.000 exemplares vendidos. Publicou também o livro Análises e Reflexões em
2010. Tem trabalhos publicados em periódicos e anais de eventos na área de materiais
desde 1983 e inúmeras orientações e co-orientações em diversas áreas do conhecimento.
Coordena o grupo de estudos ‘A cultura da construção e a construção da cultura’.
CLAUDIO ALVARES MENCHISE
Cursando de Mestrado Profissional em Materiais pelo Centro Universitário de Volta Redonda.
Engenheiro Mecânico pela Universidade Gama Filho. Presidente do Sindicato dos
Estabelecimentos de Ensino do Sul Fluminense SINEPE-SF. Professor no Curso de
Engenharia Eletrônica da Faculdade Sul Fluminense. Diretor Geral do Colégio ICT e
Faculdade Sul Fluminense
DANIELLE MEIRELES DE OLIVEIRA
Doutora em Engenharia de Estruturas pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em
Engenharia de Estruturas pela Universidade Federal de Minas Gerais. Graduada em
Engenharia Civil, com ênfase em Estruturas, pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Professora Associada do Departamento de Engenharia de Materiais e Construção da
Universidade Federal de Minas Gerais. Pesquisadora do CNPq. Áreas de interesse:
sustentabilidade das construções, gestão de empreendimentos de construção civil, BIM
(Building Information Modeling), estruturas de concreto armado, não-linearidades física e
geométrica.
DIEGO WASHINGTON DE BRITO CHAVES
Graduado em Administração de Empresas. MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV.
Certificação Green Belt. Cargo Atual: Analista de Gestão de Resultados na M Dias Branco.
Gerenciamento pelas diretrizes. Definição de metas, orçamentos, negociações, reuniões de
controle, treinamentos relacionados à Gestão. Já tendo atuado como Analista de Melhoria
Contínua, Processos e Controle Operacional. Anteriormente ocupou o cargo de Analista de
Projetos Estratégicos e MIS (SIG). Como analista tinha o objetivo de desenvolver e analisar
relatórios operacionais, gerenciais e financeiros; Identificar oportunidades de melhoria
contínua nos resultados operacionais por meio de criação e acompanhamento de
indicadores; Monitorando desperdício, mapeamento de processos; Desenvolver relatórios de
auditorias operacionais para facilitar a gestão; Analisar relatórios para aumento de receita e
redução de custos; Além de ter sido Supervisor de Equipes por mais de 5 anos. Aplicação de
coaching e feedback. Graduação em Administração de Empresas. Inglês Avançado
(Certificado Internacional). Experiência em 6 Sigma; Certificação em Green Belt; Lean
Manufactoring; Capacitado em COPC®. Líder e coach pelo INEXH. Vivência e aplicação de
ferramentas estratégicas. BSC, Matriz GUT, PDCA, FMEA e Minitab.
AUTORES
EDER JULIO ROCHA DE ALMEIDA
Bacharel em Enfermagem pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI BH), Especialista
em Urgência e Emergência pela Faculdade FACEL, Mestrando em tecnologia da informação
aplicada a biologia computacional (Promove/Fiocruz), Especializando em Formação de
educadores em saúde pela universidade federal de Minas Gerais. Foi o primeiro acadêmico
de Enfermagem no Centro de Telessaúde do Hospital das Clinicas da Universidade Federal
de Minas Gerais - HC-UFMG, desenvolvendo produções científicas com ênfase na atenção
primária. Possui experiência assistencial em oncologia, quimioterapia, pronto socorro (P.S) e
Centro de terapia intensiva (CTI) do hospital Socor; centro cirúrgico e obstétrico (Mater dei).
Iniciou na docência sendo monitor das disciplinas: Semiotécnica e Bioquímica. Foi aluno de
iniciação científica no Núcleo de Estudos e Pesquisa em Infecção Relacionada ao Cuidar em
Saúde ?NEPIRCS /CNPq, e do Núcleo de Estudos e Pesquisa em cuidados e
Desenvolvimento Humano da UFMG. Possui experiência em Gestão da qualidade,
acompanhando a implementação da NBR ISO 9001 no Grupo Santa Casa de Belo Horizonte,
nas unidades de negócios: Centro de especialidades médicas - CEM; Instituto de ensino e
pesquisa - IEP e Funerária. Foi enfermeiro da qualidade e educação permanente na
Faculdade e Hospital Ciências Médicas, sendo responsável pelos processos de certificação
e treinamentos de desenvolvimento dos gestores e colaboradores. Atuou como coordenador
do curso de enfermagem e radiologia da Meta Escola Técnica de Formação. Atualmente é
coordenador de educação continuada e gestão de pessoas da Vital Rede de Saúde e
Docente do curso bacharel em enfermagem pela Universidade Unincor de Belo Horizonte.
EMERSON TEIXEIRA FLAUSINO
Graduado no Curso Superior de Tecnologia em Logística pela Faculdade Sul Fluminense.
Pós-Graduando em Docência do Ensino Superior e Profissional pela Faculdade Sul
Fluminense. Operador na empresa Transportes Excelsior
FRANCISCO JUNIOR
Graduado em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro, Especialista em Economia
de Saúde e Farmacoeconomia pela Universidad Pompeu Fabra de Barcelona, em
Planejamento em Saúde pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia e
em Gestão da Atenção à Saúde pela Fundação Dom Cabral. Foi Assessor de Gestão
Estratégica e Inovação e Secretário Adjunto de Estado de Saúde na Secretaria Estadual de
Saúde, Presidente da Fundação Ezequiel Dias e Gestor de Planejamento, Projetos e
Processos na Unimed-BH. Professor no IBMEC, PUC e Fundação Dom Cabral.
FREDERICO CORDEIRO FREITAS
Possui especialização em Gerenciamento de Projetos pela FGV. Especialização em Gestão
estratégica de Empresas pela Universidade Salgado Oliveira. Pós-graduação em Engenharia
de Segurança do Trabalho pela UCAM. Graduação em Engenharia de Produção pela
Universidade Salgado de Oliveira e graduação em Administração pela Universidade Federal
de São João Del-Rei(MG). Atualmente é Professor Executivo da Fundação Getúlio Vargas na
disciplina de Gestão Financeira com ênfase em viabilidade de projetos e na disciplina
Contabilidade ênfase em análise das demonstrações financeiras. Experiência de 12 anos
atuando na liderança de equipes, no gerenciamento de processos administrativos, finanças e
controladoria, logística e recursos materiais, contabilidade, gestão de pessoas e benefícios,
gestão da qualidade, T.I., patrimônio, administração de contratos e relações comerciais no
segmento de Engenharia, na execução de projetos de construção civil e pesada de grande
porte e complexidade. Mestrando em Sistemas Aplicados à Engenharia e Gestão (IFF).
AUTORES
GEOVANA DA SILVA BATISTA
Graduada em Ciência da Computação pela UCAM ( Universidade Cândido Mendes ) em
2007. Com onze anos de experiência em TIC, além de experiência em rotinas administrativas
em segmentos privados. Certificada Microsoft MCP e MCDST. Mestranda em Sistemas
Aplicados à Engenharia e Gestão (IFF).
GUILHERME FERREIRA BEZERRA
Graduado no Curso Superior de Tecnologia em Logística pela Faculdade Sul Fluminense
HELGA CAMPOS DE AZEVEDO GUIMARAES
Capitão-Tenente do Centro de Coordenação de Estudos da Marinha em São Paulo
(CCEMSP), São Paulo, Brasil, desde 2014; Graduação em Engenharia de Produção pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro, ano de conclusão 2010.
HERCULES GUIMARÃES HONORATO
Professor adjunto da Divisão de Assuntos Econômicos da Escola Superior de Guerra (ESG),
Rio de Janeiro, Brasil, desde 2009; Doutor em Política e Estratégia Marítimas pela Escola de
Guerra Naval; Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia pela Escola Superior de Guerra;
Mestre em Educação pela Universidade Estácio de Sá, ano de conclusão 2012; Especialista
em Gestão Internacional e MBA Logística pelo Instituto COPPEAD de Administração da
Universidade Federal do Rio de Janeiro; Docência do Ensino Superior pelo Instituto "A Vez do
Mestre" da Universidade Cândido Mendes; e Bacharel em Ciências Navais com habilitação
em Administração pela Escola Naval, ano de conclusão 1982.
IGOR MEDEIROS
Mestre (MSc.) em Sistemas de Gestão pelo Departamento de Engenharia de Produção da
Escola de Engenharia da UFF, Especialista em Gestão pela Qualidade Total (TQM) pelo
Laboratório de Tecnologia, Gestão de Negócios & Meio Ambiente da Universidade Federal
Fluminense (UFF). Graduação em Administração (2010) e Engenharia de Produção (em
andamento) - UFF. Atuação nas áreas de implementação do Modelo de Excelência da
Gestão (MEG), Auditorias Internas do Sistema de Gestão Integrado (ISO9001; ISO14001;
OHSAS18001), Imp. Balanced Scorecard, Gestão e Mapeamento de Processos, Suporte a
Gestão e elaboração de Relatórios de Gestão de Premiações de Qualidade.
JONATAN MESSIAS OLIVEIRA
Graduado no Curso Superior de Tecnologia em Logística pela Faculdade Sul Fluminense.
Pós-Graduando no MBA em Logística Empresarial – Supply Chain. Analista de Almoxarifado
na Unimed Volta Redonda
AUTORES
JULIANA SILVEIRA TEIXEIRA
Minha vida profissional teve como eixo norteador a área da saúde, iniciada pela formação em
Enfermagem em 2008, com experiência em urgência e emergência por sete anos em Pronto
Atendimento e Pronto Socorro. O conhecimento como especialista da qualidade foi no ano de
2011 como analista de planejamento e qualidade até a presente data, assumindo no ano de
2014 a Gerência do setor de Qualidade do Grupo Santa Casa BH onde tive a oportunidade
de implantar a ISO 9001 versões 2008 e 2015, ISO 3100, setor de do Diagnosis Related
Group (DRG) e Núcleo de Segurança do Paciente. A docência iniciou em 2013, para cursos
de Pós-Graduação no Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa BH em diversas
disciplinas.
JÚNIA CORDEIRO DOS SANTOS
Bacharel em enfermagem graduada pela Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO BH.
Especializanda em enfermagem de alta complexidade com ênfase em estomaterapia pela
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Atualmente é enfermeira de referência ao
tratamento de lesões cutâneas na cidade de Confins.
KEHONE OLIVEIRA MIRANDA
Atualmente Supervisora da Qualidade FELUMA (Fundação Educacional Lucas Machado).
Professora e Tutora na Faculdade Ciências Médicas. Supervisão de Gestão da Qualidade em
Faculdade de Medicina e serviços voltados para saúde, incluindo cirurgia robótica.
Especialista em Gestão de Saúde e Administração Hospitalar. Desde 2010 na área da saúde
em Belo Horizonte. Experiência em Bloco Cirúrgico, SCIH, P.A, UI, CTI Adulto e Neonatal.
Experiência com a Aplicação da metodologia de BPM (Business Process Management).
Implantação e manutenção dos requisitos ONA I, II e III. Prestação de serviço em consultoria
na Gestão de saúde; Responsável por ministrar treinamentos diversos para diferentes
espectadores na área de saúde; Profissional com foco em Gestão por processos. Experiência
em reestruturação organizacional, implantação e manutenção da norma ISO 9001.
LUANA MARIS PEDROSA CRUZ
Mestre em Construção Civil pela UFMG (2018). Especialização em Educação Ambiental pela
Faculdade Barão de Macaúbas (2016). Engenheira Civil pelo Centro Universitário UNA.
Possui licenciatura em Letras pelo Centro Universitário UNI BH. Tem experiência na área de
Engenharia Civil e Docência em Engenharia e Letras.
LUCIA ABRANTES
Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Católica de Goiás . Pósgraduada em Docência Universitária pela Universidade Católica de Goiás e Mestre em
Administração pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos-UNISINOS / Pontifícia
Universidade Católica de Goiás-PUC-GO. Atualmente é professora e orientadora do curso de
Administração da Pontifícia Universidade Católica de Goiás-PUC-GO e da Faculdade Unidas
de Campinas-UNICAMPS, Diretora Administrativa da EMBRAC-Empresa Brasileira de
Construções Ltda e Empresária Rural - Fazenda Arabutã, Cocalinho-MT. Possui experiência
nas áreas de Administração Empresarial, Rural e Docência Universitária.
AUTORES
LUCIANA DIAS MARTINS DA COSTA CASTRO
Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais
(2002) e mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (2010). Foi
coordenadora do curso de Engenharia Civil São Gabriel da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais e atualmente compõe o Colegiado de Coordenação Didática do curso de
Engenharia Civil São Gabriel da PUC Minas. Tem experiência na área de Arquitetura e
Engenharia Civil, com ênfase em compatibilização de projetos e materiais de construção.
MARCELO PIMENTA DE AMORIM
Biólogo, graduado em Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais (2005). Pós-graduado em Gestão Sustentável de QMSS - Qualidade, Meio Ambiente,
Saúde e Segurança, obtendo o título de Especialista pela Faculdade Novos Horizontes (2009)
e de Gestor Profissional em QMSS pela Bureau Veritas do Brasil. Mestre em Metrologia e
Qualidade pelo Mestrado Profissional em Metrologia e Qualidade do Inmetro. Desde de 2008
trabalha na Gestão da Qualidade do Instituto Octávio Magalhães - Laboratório Central de
Saúde Pública de Minas Gerais - LACEN-MG. Atua na implantação e manutenção do Sistema
de Gestão da Qualidade da Instituição em conformidade com as normas: ABNT NBR ISO/IEC
17025, ABNT NBR ISO/IEC 17043, ABNT NBR ISO 9001 e ONA. Em abril de 2012 foi
nomeado Gerente da Qualidade do Instituto.
MARCUS VINÍCIUS BARBOSA
Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade Severino Sombra. Pós-Graduado em
Gestão Empresarial pelo Centro Universitário Geraldo di Biase – UGB e em Docência do
Docência do Ensino Profissionalizante pela Faculdade de Tecnologia do Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial - FATEC/SENAC. Graduado em Administração pelo Centro
Universitário Geraldo di Biase – UGB. Professor nos Cursos de Graduação em Administração
e Docência do Ensino Superior e Profissional pela Faculdade Sul Fluminense. Coordenador
do Curso de Graduação em Administração e dos Cursos de Pós-Graduação da Faculdade
Sul Fluminense. Editor-Gerente da Revista Valore – Revista Científica da Faculdade Sul
Fluminense
MARIA ANGÉLICA GUIMARÃES
Assistente em Administração do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da
Fonseca - CEFET-RJ. Mestre em Sistemas de Gestão pela Qualidade Total pela Universidade
Federal Fluminense (2014). Pós-graduação em Docencia Superior pela Faculdade
Bethencourt da Silva e Graduação na Universidade Gama Filho.
MAURO SOARES MARINHO
Mestre em Sistemas de Gestão (UFF, 2016). MBA em Gestão Empresarial (FGV, 2014).
Tecnólogo em Gestão Financeira (Unisul, 2012). Desde 2001 atua como diretor administrativo
na Planeta Info, empresa especializada na venda e manutenção de Artigos de TI, a saber:
Desktops, Notebooks, Smarphones, Softwares e toda linha de suprimentos e acessórios afim.
Tem experiência na área de administração de empresas, gestão financeira, planejamento
estratégico e empreendedorismo. Desenvolveu estudos sobre planejamento estratégico,
empreendedorismo e inovação para as Micro e Pequenas Empresas.
AUTORES
NATHÁLIA STEPHANIE COSTA
Bacharel em Enfermagem pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI BH), Responsável Técnica do Centro de medicina diagnostica Ecocenter Ltda -Possui experiência
em gestão da qualidade, acompanhando a implementação da NBR ISO 9001 no Grupo Santa
Casa de Belo Horizonte, nas unidades de negócios: Centro de especialidades médicas CEM. Atualmente é gerente do setor de escalas da Cuidar Center Care.
OLÍMPIO JAYME NETO
Bacharel em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás
(PUC-GO) e atualmente está fazendo MBA (Master Business Administration) em Gestão
Empresarial pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). É empresário e produtor rural.
OSVALDO LUIZ GONÇALVES QUELHAS
Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal Fluminense (1978), Mestre em
Engenharia Civil pela Universidade Federal Fluminense (1984) e Doutor em Engenharia de
Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, COOPE (1994), doutorado com foco
em processo decisório em escolhas de fornecedores na cadeia produtiva. Professor Titular
da Universidade Federal Fluminense e dos Programas de Pós Graduação na Escola de
Engenharia, UFF; Participa e Coordena o LATEC / UFF (Laboratório de Tecnologia, Gestão de
Negócios e Meio Ambiente), Coordenador atual do Doutorado em Sistemas de Gestão
Sustentáveis; Vice Coordenador do Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão do
departamento de Engenharia de Produção, UFF. Consultor em Projetos P&D CAPES, CNPq e
FAPERJ. Autor, Referee e Consultor Ad-Hoc em periódicos indexados em bases como: JCR,
SCOPUS e SCielo. Presidente da ABEPRO (Associação de Engenharia de Produção) nos
mandatos 2006-2007 e 2008-2009; Possui experiência na área de Planejamento e Controle da
Produção e Sistemas de Gestão integrados(Qualidade, Meio Ambiente, Responsabilidade
Social e Segurança e Saúde do Trabalho). Possui 22 anos de experiência na indústria do
petróleo e gás e em empresas de projeto e execução de engenharia com vivência
internacional em capacitações na Espanha e Itália; Coordenador do Grupo Diretório de
Pesquisa em Desenvolvimento de Produtos e Serviços em Cadeias de Suprimentos
Sustentáveis.
RAÍSA MOREIRA DE LEMOS
Graduada em Sistema de Informação pela Universidade Candido Mendes (2011) e
Especialização em EAD e Novas Tecnologias (2015). Mestranda em Sistemas Aplicados à
Engenharia e Gestão (IFF). Técnica em tecnologia da informação do Instituto Federal
Fluminense, atualmente no cargo de Diretora de Administração e Infraestrutura. Certificada
em MCP, MCDST, MCTS, com 10 anos de experiência em suporte a sistemas e TIC
AUTORES
RENATA ALMEIDA DE SOUZA
Possui Bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(1996), Mestrado em Biologia (Biociências Nucleares) pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (2001) e Doutorado em Ciências (Biologia Parasitária) pela Fundação Oswaldo Cruz
(2006). Foi Consultora de Laboratório para Management Sciences of Health (MSH). Foi
servidora do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO)
trabalhando na Diretoria de Avaliação da Conformidade. Atualmente é servidora da Fundação
Oswaldo Cruz atuando como Coordenadora da Qualidade da Fiocruz. Tem experiência nas
área de Análises Clínicas, docência e orientação em programas de graduaçaõ e de pósgraduação e Implementação de Sistemas de Gestão da Qualidade em Laboratórios Clínicos
e Laboratórios de Pesquisa, incluindo processos de auditoria/ inspeção
RONALDO AUGUSTO GRANHA
Ronaldo Granha. Mestre em Sistemas de Gestão pelo LATEC/UFF. Pós graduado em
Finanças Corporativas pela Pontifícia Universidade Católica (1995) e em Telecomunicações
pela Universidade Federal Fluminense (2005). Graduado em Engenharia Civil pela
Universidade Veiga de Almeida (1982). Sua experiência profissional envolve as áreas de
Compliance, Gestão de Processos, Gerenciamento de Riscos, Controles Internos, Auditoria,
Segurança da Informação e Gestão de Tecnologia da Informação. É conteudista e professor
universitário.
RUBENS GUTIERREZ
Brazilan citizen, born in Perú (Trujillo City), married, two children, Ruben H. Gutierrez is an
Industrial Engineer graduated in 1983 by Trujillo National University, with Master Degree
(COPPE/UFRJ, 1990) in Industrial Engineer and emphasis in Industrial & Economics Project
Management; and with Doctoral Degree in Industrial Engineer, by the COPPE/UFRJ in 1995;
with emphasis in Process and Quality Management. His professional experience
encompasses nearly 22 years as a Federal Professor in Brazil; and 30 years as an Industrial
Engineer, acting in Projects, Process, Industrial Production, Quality Management and
Engineering; Logistical Management, Suppliers, Partners, Stocks, Procurement Management;
In addition, he worked several years as Engineering and Quality Manager at Steel Company in
Perú, at Copper companies, at Oil & Gás companies. And twelve years as Engineering and
Logistical Manager at Steel Company in Perú, He is currently working as PMI Projects
consultant, Finance Evaluation Projects, Methods and Processes Senior Consultant, Lean Six
Sigma Consultant, Process and Production Engineering and Strategic Planning and Business
Management consulting projects in Industrial and Logistics companies. Currently, Gutierrez is
a professor at UFF – Fluminense Federal University at MBA courses of Logistical, PMI
Projects, Maturity Process, Process and Production Engineering, Finance and Technical
Evaluation Projects as well as in the Specialization course of Process Management and
Engineering, and chair professor of PMI Projects, BPM Process and Lean sigma
Manufacturing in the M.Sc. Professional course of Production Engineering. He also teaches in
some Doctoral and Magister Brazilian Program at UFF University in subjects like Business
Management, Industrial/Process Management, Project Management, Logistical, Oil &Gas
Economy, Finance Evaluation Projects, and Integrated Management Systems.
SALETE LEONE FERREIRA
Doutora em Educação pela Universidade Estácio de Sá. Mestre em Administração de
Empresas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Graduada em Comunicação
Social pelo Centro Universitário de Barra Mansa – UBM. Professora no Centro Universitário de
Volta Redonda – UniFOA
SIDNEA ELIANE CAMPOS RIBEIRO
Doutora (2009) e Mestre (1997) em Engenharia de Estruturas pela Universidade Federal de
Minas Gerais - UFMG. Graduada em Engenharia Civil pela Fundação Mineira de Educação e
Cultura - FUMEC (1994). Professora Adjunta e Subchefe do Departamento de Engenharia de
Materiais e Construção da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. Áreas de interesse: Análise de Confiabilidade, Plástico Reforçado por Fibras - PRF,
Design Universal, Gestão de Empreendimentos de Construção Civil, Análise Quantitativa dos
indicadores da Construção Civil. Planejamento e Controle (Análise Estatística).
AUTORES
SUZANA OLIVEIRA
Técnica em Assuntos Educacionais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso
Suckow da Fonseca - CEFET-RJ. Mestre em Sistemas de Gestão pela Qualidade Total pela
Universidade Federal Fluminense (2014).Possui Especialização Stricto Sensu em Gestão
Estratégica em Recursos Humanos pela Universidade Estácio de Sá (2010), graduação em
Letras - Português Literaturas pela Universidade Federal Fluminense (2011) e graduação em
PEDAGOGIA pela Universidade Estácio de Sá (2008).
TADEU STARLING
Engenheiro Civil (1985) e arquiteto (1992) pela Universidade Federal de Minas Gerais. Artista
Plástico (2000) com Especialização em Artes Visuais e Contemporaneidade (2004) pela
Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais. Mestre (2009) e Doutorando
em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG. Foi Professor da UFMG (Desenho Projetivo) e da
PUC Minas (Materiais de Construção e Ciências do Ambiente). Atua nas áreas de Engenharia
Civil, Arquitetura e Urbanismo.
THAIS SIMÕES
Bióloga e pós graduada em Gestão da Qualidade Integrada ao Meio Ambiente pela PUC
Minas, atuante na área de Gestão Estratégica e Inovação na Assessoria de Estratégia e
Transformação da Fundep – Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa. Vivência na
reestruturação de Sistema Integrado de Gestão na Unimed-BH. Experiência em gestão de
processos, projetos, riscos e qualidade (ISO 9001 e ISO 17025). Certificação em gestão de
mudanças (HCMP-1-1993 e HCMBOK-1-1992).
THERESA CRISTINA CAVALCANTI
Chefe do Setor de Diplomas e Certificações do Centro Federal de Educação Tecnológica
Celso Suckow da Fonseca - CEFET-RJ. Mestre em Sistemas de Gestão pela Qualidade Total
pela Universidade Federal Fluminense (2014). Pós-graduação em Políticas Públicas na
Faculdade Internacional Signorelli, Graduação em Comunicação Social pela Faculdade de
Comunicação e Turismo Hélio Alonso.