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Contamination analysis in bacterial cleaning sponges maid

2016, Scientific Electronic Archives

Bactérias possuem uma capacidade de se proliferar em ambientes diversificados. Esse trabalho visa encontrar os grupos bacterianos que podem habitar a esponja de cozinha, um utensílio bastante propício para seu desenvolvimento. A metodologia foi realizada a partir da análise microbiológica de trinta esponjas, juntamente com um questionário contendo perguntas objetivas para os pesquisados a fim de obter informações sobre como manuseiam as esponjas. Observou-se que há higienização inadequada das esponjas, que leva consequentemente ao desenvolvimento de agentes patogênicos, que por contaminação cruzada em alimentos podem trazer doenças, pois foram identificadas as bactérias Enterobacter sacarose, E. coli sacarose, Edwarsiella sp, Proteus mirabilis, Proteus vulgaris, Salmonella sp, Pseudomonas sp e Citrobacter sp. A partir dos resultados dos testes realizados pode-se observar a necessidade de melhorias nas condições de higiene das esponjas utilizadas nas cozinhas domésticas e a troca das mesmas por novas com uma frequência maior. Palavras-chaves: contaminação, esponjas.

Berber et al. Análise de contaminação bacteriana em esponjas de limpeza doméstica Scientific Electronic Archives Issue ID: Sci. Elec. Arch. 9:2 (2016) May 2016 Article link: http://www.seasinop.com.br/revista/index.php?journal=SEA&page=article&op=v iew&path%5B%5D=240&path%5B%5D=pdf_95 Included in DOAJ, AGRIS, Latindex, Journal TOCs, CORE, Discoursio Open Science, Science Gate, GFAR, CIARDRING, Academic Journals Database and NTHRYS Technologies, Portal de Periódicos CAPES. Análise de contaminação bacteriana em esponjas de limpeza doméstica Contamination analysis in bacterial cleaning sponges maid 1+ 1 2 G. C. M. Berber , A. A. Bueno , S. M. Bonaldo 1 2 Faculdade de Sinos - FASIPE Universidade Federal de Mato Grosso - Campus Sinop + Author for correspondence: [email protected] __________________________________________________________________________________________ Resumo. Bactérias possuem uma capacidade de se proliferar em ambientes diversificados. Esse trabalho visa encontrar os grupos bacterianos que podem habitar a esponja de cozinha, um utensílio bastante propício para seu desenvolvimento. A metodologia foi realizada a partir da análise microbiológica de trinta esponjas, juntamente com um questionário contendo perguntas objetivas para os pesquisados a fim de obter informações sobre como manuseiam as esponjas. Observou-se que há higienização inadequada das esponjas, que leva consequentemente ao desenvolvimento de agentes patogênicos, que por contaminação cruzada em alimentos podem trazer doenças, pois foram identificadas as bactérias Enterobacter sacarose, E. coli sacarose, Edwarsiella sp, Proteus mirabilis, Proteus vulgaris, Salmonella sp, Pseudomonas sp e Citrobacter sp. A partir dos resultados dos testes realizados pode-se observar a necessidade de melhorias nas condições de higiene das esponjas utilizadas nas cozinhas domésticas e a troca das mesmas por novas com uma frequência maior. Palavras-chaves: contaminação, esponjas. Abstract. Bacteria have an ability to proliferate in diverse environments. This work aims to find bacterial groups that can inhabit kitchen sponge, a very suitable tool for their development. The methodology was applied from the microbiological analysis of thirty sponges, together with a questionnaire containing objective questions for respondents to information on how to handle the sponges. It was observed that there is inadequate cleaning of the sponges, which consequently leads to the development of pathogens which in cross contamination of food can bring disease because the bacteria Enterobacter sucrose have been identified, E. coli sucrose, Edwarsiella sp, Proteus mirabilis, Proteus vulgaris , Salmonella, Citrobacter sp and Pseudomonas sp. From the results of the tests can be seen the need for improvement in hygiene of the sponge used in domestic kitchens and the exchange of the same with new ones more frequently. Keywords: contamination, sponges, ________________________________________________________________________________________________ associação ao tema, foi realizada uma pesquisa sobre contaminação dos alimentos e a contaminação cruzada relacionando-a higienização, além disso, amostras das esponjas para análise bacteriológica foram obtidas e associadas a um questionário contendo informações sobre métodos de higienização e acondicionamento dessas esponjas. Os dados deste trabalho resultam em informações que poderão nortear estratégias de atuação sobre esse utensílio doméstico. Assim, o objetivo principal da pesquisa foi verificar a presença de bactérias patogênicas nas esponjas de uso doméstico e o seu potencial risco à saúde Introdução As esponjas de limpeza ganham destaque, uma vez que podem transferir quantidades significativas de microrganismos para a superfície e utensílios utilizados na preparação de alimentos. Diante do fato de todos utilizarem esse utensílio na cozinha, esse trabalho pode ser fonte de informação relevante no que tange à exposição de pessoas a este objeto potencialmente contaminado, devido a facilidade de proliferação e contaminação dos utensílios lavados pelas esponjas. O potencial de proliferação bacteriana em esponjas domésticas foi descrito na literatura, e em 87 Berber et al. Análise de contaminação bacteriana em esponjas de limpeza doméstica humana. porcentagem, obtiveram-se as seguintes informações de cada coleta: em questão a quantidade de tempo que as esponjas utilizadas são substituídas por uma nova esponja, nota-se que de 40% dos contribuintes realizam a substituição das esponjas entre 1 a 2 semanas de uso, já 20% realizam a substituição a cada mês de utilização, sendo que 90% das esponjas são utilizadas apenas para fins de utensílios domésticos e os outros 10% foram utilizados para outros fins além da cozinha. Visando o tempo de utilização da esponja coletada, 50% das amostras estavam sendo utilizadas a cerca de 2 semanas, 30% estavam utilizando à apenas 1 semana e 10% estavam utilizando entre 3 semanas a 1 mês. No armazenamento, 70% das esponjas eram armazenadas em recipientes reutilizáveis (potes de outros fins) e em recipientes com sabão em barra, 10% não utilizam nenhum tipo de recipiente para o armazenamento das esponjas e apenas 20% dos pesquisados utilizam recipientes apropriados para o armazenamento, com divisórias e furos para escoamento da água. Em relação à higienização, 60% dos contribuintes utilizam apenas água corrente para a higienização e 40% não utilizam nenhum meio de higienização. A questão relacionada à higienização foi aberta a resposta dos contribuintes onde foi possível observar que apesar de haver algum tipo de conhecimento em relação à necessidade de higienização, isso na prática não ocorre, sendo assim a água corrente é um processo comum e prático, porém inadequado, pois as formas consideradas adequadas segundo Medeiros et al. (2010), seria a fervura de esponjas por 5 minutos ou aquecida por 30 segundos em potência máxima no micro-ondas, esse método é mais eficaz quando comparado com as esponjas que são mergulhadas por 15 minutos em hipoclorito de sódio a 200ppm. Através da relação dos dados obtidos com a análise microbiológica das esponjas, e o questionário aplicado, observa-se que as casas que predominavam a bactéria E. coli sacarose nas amostras, excediam o tempo recomendado de utilização das esponjas, além de não realizarem nenhum tipo de higienização ou só água corrente, e os locais de armazenamento eram inadequados ou inexistentes. Murray et al (2006) afirmou que o gênero E.coli é agente causador de doenças como gastroenterite, sepse, infecções do trato urinário (ITUs), e meningite. Nas amostras que foi encontrada a bactéria do gênero Proteus ssp. que de acordo com Murray et al (2006) é associada a ITUs, facilitam a formação de cálculos renais e tornando alcalino o pH urinário. Também foi detectada a presença de indicadores de coliformes fecais, e de acordo com a pesquisa relatou-se que não havia nenhum tipo de higienização e armazenamento apropriado, além das esponjas serem utilizadas por um período maior que o recomendado. Métodos Foram escolhidas 10 residências para recolhimento do material in loco e o restante das amostras foi obtido das residências de estudantes de Biomedicina da Faculdade Fasipe, escolhidos aleatoriamente. Todos os procedimentos de preparo de placas e semeadura em meios de cultura foram realizados no laboratório de microbiologia da Faculdade Fasipe. No recolhimento in loco as esponjas foram coletadas com auxílio de pinças para evitar quaisquer contaminantes decorrentes do acondicionamento da amostra. Para tanto, as esponjas foram inseridas em sacos plásticos individuais, após a identificação as mesmas foram acondicionadas sob refrigeração para posterior análise laboratorial. Durante a coleta foi aplicado um questionário preservando o anonimato visando relacionar os processos de higienização e armazenamento do material. A partir da chegada do material, as esponjas foram recortadas em partes e colocadas em tubos de ensaio de 50 ml cada. Para a conservação e nutrição das partes foram colocadas em caldo BHI (brain heart infusion) e deixadas por um período de 12 horas na estufa. Para a determinação de bactérias Grampositivas, tubos contendo as amostras foram devidamente identificados, o processo descrito a seguir foi realizado com todas as amostras. Foi coletada uma pequena porção do material com swab estéril e semeada no meio de cultura com ágar sangue. A seguir, as placas de Petri contida o ágar sangue foram incubadas na estufa em temperatura de 35°C por 24 a 48 horas (Após a incubação, procede-se à identificação de gênero e espécie das mesmas através de microscopia e testes bioquímicos.) (MADIGAN et al., 2010). Para a observação em lâmina foi realizado o esfregaço com a técnica de coloração de Gram. Como descrito no manual da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Das placas inoculadas, após procedimento de isolamento de colônias típicas, foi realizada a identificação morfotintorial bioquímica de produção de catalase, fermentação-oxidação da glicose, produção de DNase e coagulase livre, descrita por Oplustil et al. (2010). A leitura foi feita observando a reação aos substratos e o resultado é interpretado através da consulta de uma tabela. Resultados e Discussão A cada procedimento e abordagem para a coleta das esponjas, foi aplicado aos participantes um pequeno questionário, sendo perguntas rápidas e objetivas, com o intuito de obter informações relacionadas com o tempo de utilização, tipo de armazenamento e higienização da esponja coletada. Observando os resultados e traduzindo em 88 Berber et al. Análise de contaminação bacteriana em esponjas de limpeza doméstica Tabela 1. Resultados baseados na proliferação bacteriológica predominante. Casa Espécie Coloração de Gram Enterobacter sacarose A Gram (-) patogênica E. coli sacarose B Gram (-) patogênica E. coli sacarose C Gram (-) patogênica Proteus mirabilis D Gram (-) patogênica Proteus vulgaris E Gram (-) patogênica E. coli sacarose F Gram (-) patogênica Ausência G Ausência H Proteus vulgaris I Gram (-) patogênica Edwarsiella sp. J Gram (-) patogênica Coliformes fecais Negativo Negativo Negativo Positivo Positivo Negativo Negativo Negativo Figura 1. Bactérias Gram negativas, encontradas nas amostras de esponjas domésticas das residências dos alunos. Também houve a presença de Salmonela sp. e Edwarsiella sp., que de acordo com Levinson e Jawetz (2002) podem ser agentes de enterocolite, infecções de ferimentos e sepse. Nas amostras que predominavam esse gênero, o tempo relatado de utilização das esponjas estava de acordo com o considerado ideal, a higienização era realizada com água corrente, contudo não eram armazenadas corretamente. Segundo Murray (2006), a Pseudomonas sp, pode ser encontradas na matéria orgânica em decomposição, na vegetação e na água, e também em ambientes hospitalares, sendo patógenos oportunistas, causam infecções no trato respiratório inferior, e ainda ocasionar lesões primarias na pele como foliculite. promovem patologias que afetam o intestino, e que podem ocasionar a contaminação cruzada, já descrita nessa pesquisa. O que se destacou foi à maneira que a população manuseia, armazena e higieniza as esponjas, sendo determinante o último, fator para o favorecimento de proliferação bacteriana. Quanto à higienização nos questionário foi visto que todas as casas não realizaram de maneira adequada, o que se comprovou na análise microbiológica. Como limitação da pesquisa, ocorreu uma dificuldade em encontrar fontes científicas específicas sobre higienização de esponjas, assim como o tempo de utensílio da mesma, entretanto, são divulgadas informalmente em sites de saúde e conhecimento geral. Os resultados observados e a pouca literatura sobre o assunto sugerem mais estudos sobre o tema, uma vez que foi provada a contaminação nas esponjas domésticas e as mesmas não são higienizadas adequadamente para limpeza dos utensílios destinados à alimentação. Conclusão As esponjas, objeto de estudo, podem ser abrigo de microrganismos patológicos, por proporcionarem condições ideais como superfície de fácil agregação, além de promover condições (restos de alimentos e umidade) para o desenvolvimento bacteriano. Nas amostras, prevaleceram bactérias que Referências ANVISA, Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. 89 Berber et al. Análise de contaminação bacteriana em esponjas de limpeza doméstica Guia de Alimentos e Vigilância Sanitária. 2014 internationally for source attribution. Food Microbiol. 130, p. 77-87, 2009. KUSUMANINGRUM, H.D. et al. Effects of dishwashing liquido n foodborne pathogens and competitive microorganisms in kitchen sponges. Journal of food protection, v.65, n.1, pág 61-65, 2002. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Descrição dos Meios de Cultura Empregados nos Exames Microbiológicos. 2004. Disponivel em: < http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/micr obiologia/mod_4_2004.pdf>. Acesso em: 17/05/2014. 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