A ÁGUA NA
NUTRIÇÃO ANIMAL
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva
Edição final revisada
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A Comissão Editorial e o autor, pedem desculpas pelo
erro editorial cometido pelos integrantes deste projeto.
Os erros foram analisados e resolvidos. Esta é a versão
final do texto com as devidas correções realizadas de
texto, diagramação e supervisão.
O Comitê e o autor agradecem a compreensão e
colaboração dos envolvidos.
Instituto Agronômico de Pernambuco
Departamento de Nutrição Animal
Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária
A Água na
Nutrição Animal
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva
Pesquisador do IPA e Embrapa Semiárido
CREA-PE: 2211.9
Instituto Agronômico de Pernambuco
Recife, PE
2023
Instituto Agronômico de Pernambuco Responsável pela edição
Av. Gen. San Martin, 1317 Instituto Agronômico de Pernambuco, DNA
CEP 50751-000 Recife, PE
www.ipa.br Coordenação editorial
www.ipa.br/fale-conosco/sac J. G. Fernandes
Responsável pelo conteúdo Revisão de texto
C. R. G. de Freitas - IFPE Belo Jardim
Instituto Agronômico de Pernambuco João Tavares Nunes Filho - UFCG
Departamento de Nutrição Animal (DNA) Marianne C. Velaqua - IFPB Sousa
Estrada para Capoeiras, km 03 Norma Teresa Falcón - Córdoba
Zona Rural
CEP 55370-000 São Bento do Una, PE Normalização bibliográfica
Fones: (81) 3735-4904 Marianne C. Velaqua - IFPB Sousa
(81) 99488-7291 Joanne C. M. L. Paraíso - IFPE Recife
Projeto gráfico e diagramação
Comitê Local de Publicações
Caio Ulisses de Oliveira Brandão
Presidente
M. B. Wanderley Capa
Ludovico Violange Tavares
Editor-chefe
J. G. Fernandes 1ª edição
Supervisão editorial Publicação original - PDF (2023)
A. A. S. Galdino
Membros
A. R. de Sousa
A. F. da Costa
Todos os direitos reservados
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei n° 9.610).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Instituto Agronômico de Pernambuco - DNA
DA SILVA, E. I. C. A água na nutrição animal. 1 ed. Recife: Instituto Agronômico de
Pernambuco, 2023.
108 pgs. ilustradas
ISBN: 978-74-13458-74-8
1. Água. 2. Nutrição. 3. Metabolismo. 4. Requerimentos. 5. Produção animal. I. DA SILVA,
Emanuel Isaque Cordeiro. II. Instituto Agronômico de Pernambuco. III. Departamento de
Nutrição Animal.
CDD 199
© Emanuel © IPA 2023
Autor
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva
Normalista, Técnico em Agropecuária, Especia-
lista em Nutrição e Alimentação Animal e em
Reprodução e Fisiologia da Reprodução Animal.
Acadêmico em Zootecnia pela UFRPE.
Pesquisador C1 do IPA e colaborador no Labo-
ratório de Nutrição Animal da Embrapa Semiá-
rido.
CREA-PE 2211.9
Criador de aves caipiras, caprinos e ovinos em Be-
lo Jardim, PE.
Membro da SNC, APECCO, ARCOOVINOS,
Capril Virtual, ABZ-PE e SBZ.
Tutor de cursos pelo Capril Virtual e Senar.
Belo Jardim e Recife, PE.
Eduarda Carvalho da Silva Fontain
Colaboradora na editoração do texto no Canva,
Word e Google Docs. Estudante de Medicina pela
UFPE. Especialista em água e recursos naturais pela
APAC. Especialista em Biologia Geral pelo Colégio
Adventista de Belo Jardim. Aperfeiçoada em Inglês
e Francês pelo Instituto Brasileiro de Línguas (IBL).
Recife, PE.
Colaborou no prefácio e capítulo 1.
Dedicado à Arthur, Vinícius, Emanuelly "Flor", Eduarda, IPA e Embrapa Semiárido
Apresentação
A produção animal possui grande importância para o Brasil. A maioria dos animais de produção acom-
panharam a chegada dos portugueses, como o caso dos bovinos, que chegaram à costa baiana no século
XVI e os frangos que vieram junto as caravelas de Pedro Alvares Cabral. Neste contexto, desde o período
colonial os animais de produção vêm consumindo recursos do Brasil, desde os alimentos como milho,
soja e as forragens que retiram nutrientes do solo até a água, cerne deste trabalho.
Sabemos que o Brasil é um país dotado de inúmeras fontes de água, possuindo o maior rio do mundo,
o amazonas, além dos dois maiores aquíferos do mundo, o maior localizado na Amazônia e o segundo
com 70% no Brasil, o Guarani. Não obstante, apesar de ser um país rico na questão água, apenas 2,5%, ou
menos, da água do mundo é doce, porém apenas 0,003% é própria para o consumo humano e animal,
tratando-se da água doce ou fresca. Sendo assim, é necessário um estudo minucioso do panorama da
pecuária do país e das fontes de água que estão disponíveis para o consumo animal.
Esta publicação reúne informações necessárias a todos os estudantes, produtores e leigos que preten-
dem atuar ou conhecer acerca da água na nutrição animal, desde suas funções até os requerimentos dos
animais, uma vez que esta é imprescindível e mais requisitada pelos animais de produção. Permite ainda,
a tomada de decisões do pecuarista em sua fazenda; dos técnicos responsáveis pela qualidade e produção;
do estudante em sua formação; e, além de tudo, dos possíveis extensionistas na aplicação das técnicas de
manejo adequadas e indicadas para o fornecimento de uma água de qualidade que garanta bons índices
produtivos e o bem-estar dos animais.
Anseia-se que a sapiência apresentados aqui possam ser válidos ao desenvolvimento e ao fortalecimento
do estudo da água na nutrição animal, garantindo uma linguagem simples, didática, científica, direta e
objetiva aos produtores, técnicos, estudantes e leigos, uma vez que a atual situação hídrica não só do
Brasil, mas do mundo, exige tomada de decisões que visem a sustentabilidade e manutenção dos recursos
dos mananciais de água doce do país e do mundo, já que é um elemento finito e a privação deste acarreta
a morte prematura em 3 dias.
Esperamos que este livro possa instigar aqueles que possuem afinidade pela produção animal, em espe-
cial pela nutrição animal, uma vez que consideramos a água um nutriente essencial para a vida produtiva
e reprodutiva animal, além de que motive o produtor rural, grande responsável pelo consumo hídrico no
país, que possam manejar a água com sustentabilidade e conscientização, para alavancar a produção
através dos bons índices de produção e pelo bem-estar e conforto animal, pois um animal em conforto e
saciado produz mais e melhor.
J. G. Fernandes
Editor-chefe e Coordenador editorial do IPA
Prefácio
Existem inúmeras informações nos livros de nutrição animal acerca da água, alguns a trazem superfici-
almente, outros aprofundam-se mais visto que possui grandes impactos no organismo animal e na
produção em si. Nada obstante, o professor Cléber R. G. de Freitas, proferindo o assunto de água para
aves e suínos no ano de 2017, chamou a atenção para a escassez de um material robusto e único para a
água na nutrição animal, trazendo não apenas as funções da água no organismo dos animais, mas que
trouxesse tabelas sobre a importância da água, os índices de qualidade da água, as fontes de água para os
animais, as exigências e, por fim, as equações que estimem cientificamente o consumo diário de água
pelas diferentes espécies.
Mais de 5 anos depois, essa realidade não é muito diferente. Pouca atenção é dada a água na nutrição
animal, sendo dado ênfase às proteínas, aminoácidos, energia e suas repartições, minerais e vitaminas, não
sabendo eles, ou negligenciando que sem água não ocorre oxidação dos nutrientes, não ocorre absorção
de nutrientes, não ocorre transporte de nutrientes, não ocorre vida. O que ocorre na literatura sobre a
água é bastante deslocado, o que se encontra em profundeza sobre a mesma está em livros que muitas
vezes são indisponíveis para o público e para os produtores; há inúmeros artigos de base, principalmente
para o NRC e suas publicações que apresentam algumas equações, também de difícil acesso.
Diante desse cenário de escassez e dificuldade de informações, esta obra está dividida em capítulos que
abordam desde a quantidade de animais e o gasto diário com o consumo, até as equações e exigências de
água das mais variadas espécies no clima tropical e quente do país. Além disso, trazemos informações
objetivas sobre o manejo da água e a qualidade da mesma para o consumo animal. Tal esforço do
pesquisador Emanuel visa suprir o déficit da falta de orientação clara e objetiva e do conhecimento
técnico-científico sobre a água para que produtores visem a produção com conscientização, cuidado,
respeito e sustentabilidade.
Reverter o pensamento de muitos que negligenciam a água como fator limitante da produção animal
ainda é um sonho, mas passível de ser realizado. Os esforços do pesquisador Emanuel são para que suas
obras, assim como esta, chegue à todos os interessados completa de um acervo de conhecimentos, orien-
tações e recomendações técnicas destinadas para o avanço e reversão da opinião dos leitores sobre a água
e sua importância, além de fomentar uma produção alicerçada na qualidade, bem-estar e sustentabili-
dade. Espera-se que com a disponibilização dessas informações, de forma gratuita, contribuam para que
sejam obtidos avanços favorecendo o aumento da oferta e da qualidade dos produtos animais.
Eduarda Carvalho da Silva Fontain
Colaboradora no livro
Sumário
Capítulo 1 A água e o consumo animal...............................................................................1 1
Capítulo 2 A água é um nutriente?......................................................................................2
7
Capítulo 3 Quantidade de água no corpo animal...............................................................39
Fatores que afetam a quantidade de água no corpo animal...............................................3 10
Capítulo 4 Importância e Funções da água.........................................................................3 13
Capítulo 5 Balanço hídrico e estímulo de sede....................................................................3 16
Estímulos hormonais para a sede e balanço hídrico............................................................3 17
Capítulo 6 Atributos da água para consumo animal...........................................................3 19
Capítulo 7 Água salina afeta a sanidade e performance animal..........................................3 24
Capítulo 8 Fontes de água para os animais..........................................................................3 29
Capítulo 9 Requerimentos de água pelos animais.............................................................333
Exigências de água das aves.................................................................................................30
33
Exigências de água de bovinos de corte...............................................................................35 38
Exigências de água de bovinos de leite.................................................................................35 41
Exigências de água de bubalinos........................................................................................35 47
48
Exigências de água de cães e gatos........................................................................................35
Exigências de água de caprinos............................................................................................35
51
Exigências de água de coelhos.............................................................................................35
54
56
Exigências de água de equinos............................................................................................35
Exigências de água de ovinos................................................................................................35 58
Exigências de água dos suínos............................................................................................62
Capítulo 10 Metabolismo e perdas de água........................................................................70
Capítulo 11 Água nos alimentos..........................................................................................3 75
Capítulo 12 Fatores que afetam o consumo de água.........................................................75 79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................3 82
87
ANEXOS................................................................................................................................3
Capítulo 1
A água e o consumo
animal
Eduarda Carvalho da Silva Fontain
Coautora do capítulo
Da água doce de rios, lagos e lençóis freáticos, 33 a 88% é direcionada para a agricultura em
proporções variáveis dependendo da área e do local de captação de água. Destes, apenas 0,6% é
usado para o consumo direto pela pecuária ou atividades indiretas associadas com a criação de
animais de produção. A distribuição do efetivo de animais pelos continentes está associada e
dependente da fonte de água existente e da capacidade dos animais de tolerar, em muitos casos, a
deficiência (escassez) e a baixa qualidade da água, como é o caso de animais criados na África. No
corpo animal, a água desempenha funções metabólicas, reprodutivas, produtivas e de
crescimento. A privação ou a deficiência de água doce afeta essas funções, porém espécies de
zonas áridas e semiáridas desenvolveram adaptações para essas condições. Existem grandes
diferenças entre as necessidades de água de acordo com o clima, a região e o sistema de produção,
por exemplo entre a pecuária no Semiárido e na zona Árida de sistema extensivo e pastoril, em
comparação com a pecuária no sistema intensivo de produção.
A qualidade da água em muitas regiões é ruim em termos de salinidade e contaminação com e-
lementos tóxicos. Em regiões Áridas e Semiáridas, a água tende a apresentar grande quantidade
de cloreto, por isso as pesquisas são direcionadas para a escolha de espécies mais resistentes para
á-guas de baixa qualidade, além de tecnificar e orientar fazendas nessas regiões para o tratamento
e o bom uso dos recursos disponíveis.
A água, alcunhada de "a seiva da vida na Terra" pelo meu falecido avô, e sua distribuição pelo
planeta é bastante heterogênea e complexa quando o que se visa é a manutenção da vida. Rico
em água, o "Planeta azul" não consegue satisfazer as necessidades de água doce mesmo estando
coberto por enormes superfícies de água, cerca de 71% do total, no entanto, quase toda a água
disponível é salgada. Os mares e oceanos somam cerca de 97% da superfície ocupada por água e
apenas 2,9% corresponde às aguas doces superficiais ou subterrâneas. Desses 2,9%, 2,5% são
armazenados em geleiras que não podem ser uma fonte viável de água doce, 0,397% correspon-
dem a águas poluídas, um absurdo. O restante, apenas 0,003% é água que pode ser usada como
fonte de água doce, porém essa distribuição é bastante desigual.
As regiões mais desfavorecidas do planeta são as Áridas e Semiáridas que ocupam cerca de 30%
da área total da Terra e se estendem por 80 países onde o grau de evaporação é maior que a
quantidade de chuva (200-250 mm de chuva/ano, 250-600 mm/ano de evaporação, região Ári-
da). No Brasil, a região de grande escassez de água é a Nordeste que possui a maior parte de
região Semiárida e uma boa parcela de áreas áridas.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 1
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
A água doce é de extrema importância para os animais de produção. A crise hídrica entra na
categoria dos 10 maiores riscos globais. Em todo o mundo, 70% da água de rios, lagos e lençóis
freáticos é direcionada para a agricultura com grandes diferenças entre a Europa com 33% desse
total e o continente africano que consome 88% desse total (APPUHAMY et al., 2016).
Fornecer água potável para os animais de produção é de suma importância para a manutenção
das funções vitais e produtivas que dependem de uma série de fatores, tais como a espécie, peso
corporal, estado fisiológico, dieta, temperatura, frequência de fornecimento da água, tipo de es-
tabulação ou instalações e estresse ambiental. A água também é utilizada em atividades indiretas
na produção que incluem a limpeza dos animais, limpeza das instalações e equipamentos,
lavagem e preparação de forragens para a alimentação, abate, processamento de produtos de ori-
gem animal e curtimento de peles. Nada obstante, as exigências de água para satisfazer a necessi-
dade de água potável, como também de outros serviços, é de apenas 0,6% da água doce destinada
para a agricultura (RAN, 2010).
A gestão dos recursos hídricos para a produção pecuária deve levar em conta diversos aspectos,
tais como o sistema aplicada à produção (grãos ou misto lavoura e pecuária), o sistema de criação
intensivo ou extensivo de várias espécies de animais, bem como os aspectos sociais e culturais da
pecuária em diferentes países e culturas. Os requerimentos de água são maiores no sistema
extensivo do que no sistema intensivo (industrial) que é controlado (SCHLINK et al., 2010).
Nesse cenário temos o Brasil, com grandes fontes de água superficial e subterrânea, mas com
recursos também limitados. Cabe salientar que, assim como é peremptório em outras regiões, no
nosso país, a distribuição da água voltada para a agropecuária é desigual. Grande parte da água
potável é destinada para a irrigação de culturas tais como milho, soja, algodão etc., uma pequena
parcela é destinada para o consumo animal, sendo, por vezes, uma água residual de baixa qualida-
de.
A água é um nutriente às vezes subestimado. Os animais geralmente têm acesso a muita água e
não nos preocupamos muito em fornecê-la. Todavia, quando colocamos animais em aloja-
mentos intensivos, ou fontes naturais de água que secam durante as secas ou por qualquer outro
motivo, então a importância da água e as consequências da falta dela imediatamente tornam-se
óbvias.
Segundo especialistas da ANA e Compesa, estima-se que 3,43% da água é disponível na região
Nordeste, o que torna um fator limitante à produção animal na região Semiárida dada as
adversidades da seca e da alta demanda de água para o consumo animal.
A água é um nutriente essencial para o corpo animal, desde
sua gênese embrionária até a morte é o elemento mais
abundante do corpo. Em suínos, na fase embrionária, constitui 50% de água
95% do embrião e na fase adulta, onde o animal está apto para o no abate
abate, constitui 50% do animal. Dada sua relevante e expressiva
importância atualizamos esse guia para produtores e
especialistas na área animal sobre o consumo de água pelos
animais e a qualidade desta para o consumo.
A figura 1 apresenta o efetivo pecuário do Brasil em 2021. Tomando como base os dados
apresentados pelo IBGE, e tendo uma margem de consumo médio dos animais, podemos
estipular o consumo de água pelos animais em um dia.
2
Capítulo 1 - A água e o consumo animal
Figura 1: Efetivo da produção animal no Brasil. Fonte: IBGE, 2021.
Realizando cálculos básicos através dos dados da figura 1, e estimando o consumo médio dos
animais (claro que os valores são apenas teóricos, para visualizarmos mais ou menos o quanto de
água é gasto no consumo animal) temos:
Galináceos (frangos de corte, poedeiras e matrizes)
1,53 bilhões x ±0,10 litros/animal/dia
= 153 milhões de litros/dia
224,6 milhões x 25 litros/animal/dia
= 5,61 bilhões de litros/dia
Bovinos (bois, vacas, novilhas, novilhos, bezerros e bezerras de corte e leite)
4,96 milhões de reprodutores x 15 litros/animal/dia =
74,4 milhões de litros/dia
36,6 milhões (restante) x 8 litros/animal/dia =
300,8 milhões de litros/dia
Suínos (porcos e porcas)
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 3
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Ovinos e caprinos (ovelhas, carneiros, cordeiros, bodes, cabras e cabritos)
32,4 milhões x 4 litros/animal/dia
= 129,6 milhões de litros/dia
15,3 milhões x 0,05 litros/animal/dia
= 765 mil litros/dia
Codornas
Equinos (éguas, cavalos, potros e pôneis)
5,7 milhões x 15 litros/animal/dia
= 85,5 milhões de litros/dia
1,5 milhões x 20 litros/animal/dia
= 30 milhões de litros/dia
Bubalinos (búfalos e búfalas)
Com o efetivo de animais e o consumo médio por cabeça por dia, temos que aproximadamen-
te 6,39 bilhões de litros diários de água, equivalente a 6,39 milhões de m³, são destinados para o
consumo animal. Tomando como base um consumo per capita de 150 litros/dia no Brasil, os
6,39 milhões de m³ de água para consumo animal, abastece aproximadamente o equivalente a
42,6 milhões de pessoas em um dia, o que, em números, equivale a quase duas vezes a Região
Metropolitana de São Paulo, ou seja, o consumo de água por dia dos animais de produção no
Brasil é igual ao abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo por dois dias.
4
Capítulo 1 - A água e o consumo animal
Aves 2,4% Codornas
Caprinos e ovinos 2% Equinos 1,3%
Bubalinos 0,5%
Suínos 5,9%
Bovinos 87,9%
Representação gráfica dos gastos com a água para as espécies de interesse zootécnico no Brasil em
2022.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 5
Capítulo 2
A água é um
nutriente?
x
Alguns nutricionistas, de humanos ou de animais, classificam a água como não sendo um
nutriente para o animal, já que não fornece energia, lipídeos, glicose ou outra substância
alimentícia ao corpo para realização de suas funções. Todavia, outros classificam a água como
sendo um nutriente não energético, ou seja, é um nutriente, porém não fornece calorias ao corpo
como acontece com os sais minerais e as vitaminas. Por sua vez, outros a classificam como sendo
o nutriente mais essencial ao corpo, perdendo apenas para o gás oxigênio; sendo um nutriente
essencial que possui sais minerais dissolvidos em sua composição, ou seja, possui minerais e pode
conter vitaminas dissolvidas dependendo da fonte onde se capta a água de beber.
Sabemos que a mesma está envolvida em basicamente todos os processos bioquímicos do me-
tabolismo e faz parte da maior parte da composição corporal dos animais, sendo assim, é errôneo
e, de certo, um despautério negligenciar as recomendações de administração de água pelos
animais. Sem esse elemento o animal sucumbirá e não produzirá.
Fornecendo calorias ou não, fornecendo aminoácidos para a síntese de proteínas no corpo ou
não, ou, de alguma forma, fornecendo vitaminas e minerais dissolvidos em sua composição ou
não, temos a água como um nutriente de essencial importância para a demanda das funções fisio-
lógicas e de vida dos animais.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 7
Capítulo 3
Quantidade de água
no corpo animal
Como apresentado, a água é o constituinte mais abundante do corpo animal, podemos dizer
que a quantidade varia com relação ao sexo, peso vivo, idade, condições nutricionais e genótipo
dos animais, a média é que de 60 a 75% do corpo animal seja constituído por água, o restante se
distribui em proteínas, lipídeos, açúcares, minerais etc. A queda na composição de água no
corpo está relacionada a um aumento paralelo em lipídeos e proteínas e, nas aves, principalmente
nas proteínas das penas que, diferentemente das proteínas endógenas, não possuem uma
quantidade relativamente fixa de água. A tabela 1 apresenta a média de água presente nos
animais. A figura 2 apresenta o decréscimo de água conforme a idade do frango de corte macho.
Em uma determinada idade, as fêmeas geralmente contêm uma proporção menor de água; o
fenômeno é ainda mais pronunciado à medida que os animais se aproximam da maturidade
sexual. As condições nutricionais, mencionadas supra, intervêm principalmente através da
lipogênese, ou seja, a síntese de ácidos graxos através do excedente de energia que o animal
possui. O efeito do genótipo é explicado, em grande parte, pelo estado de engorda dos animais.
O efeito de machos possuírem mais água é atribuído também a maior superfície corporal, maior
o animal, mais tecido muscular e adiposo logo, mais água.
Tabela 1: Porcentagem de água presente na composição corporal dos animais
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 9
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Figura 2: Decréscimo de água corporal conforme idade em frangos de corte macho. Fonte:
Adaptação de LARBIER & LECLERCQ, 1992.
Fatores que afetam a quantidade de água no corpo
Efeito da idade no teor de água: o maior teor de água está presente no feto que diminui
rapidamente durante a primeira semana de vida (tabela 2);
Conteúdo de água de diferentes tecidos corporais: no dente, tecido adiposo e tecidos
esqueléticos estão os menores conteúdo de água. Os maiores conteúdos de água estão no
citoplasma das células e no líquido cefalorraquidiano (tabela 3);
Além disso, o teor de água difere conforme as espécies (tabela 1) e também entre forragens e
gramíneas, assunto tratado posteriormente.
Tabela 3: Conteúdo de água dos diferentes tecidos
corporais
Tabela 2: Efeito da idade no conteúdo de água corpo-
ral
10
Capítulo 3 - Quantidade de água no corpo animal
Para que o conteúdo de água do corpo se mantenha em equilíbrio, o conteúdo de água que
entra deve ser igual ao conteúdo de água de saída, mantendo a homeostase.
Figura 3: Variação na composição corporal de um bovino com o avançar da idade.
É normal que, com o avançar da idade, o conteúdo de água corporal tende a diminuir,
enquanto que outros tecidos como principalmente o adiposo tende a aumentar, uma atividade
fisiológica normal que ocorre em todas as espécies animais, inclusive a espécie humana.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 11
Capítulo 4
Importância e funções
da água
Como dito supra, a água é primordial ao corpo animal. Segundo autores, um animal pode
perder de 90 a 100% de sua gordura corporal, 50 a 60% de sua proteína e 40% do peso corporal e
continuar vivo, mas se o animal perder 10 a 15% de sua água corporal ele morre. Com a perda de
4 a 5% da água corporal o animal já fica inquieto e perde o apetite. A literatura ainda cita que um
bovino adulto sobrevive a escassez total de comida por até 30 dias, ou seja, com 30 dias de fome o
animal fica apático, debilitado e em estado de inanição, mas sobrevive, porém se o animal não
ingerir água por uma semana ele morre.
A água está envolvida em inúmeros processos no organismo animal. Podemos citar cerca de 19
propriedades e funções da água para o organismo animal entrar em hemostasia.
Possui alto calor específico, em outras palavras, consome grande quantidade de calor e altera
pouco sua temperatura nesse processo, sendo essencial no papel de termorregulação do
organismo, principalmente quando existe trabalho muscular intenso como equinos de
corrida ou de tração intensa;
A termorregulação também se dá dado ao alto calor latente de vaporização da água, isto é,
quando o animal está em trabalho intenso, como um cavalo quarto de milha em vaquejada,
a passagem da água do estado líquido para o vapor consome grande quantidade de calor do
organismo mantendo a temperatura corporal adequada;
Possui baixa viscosidade, sendo de suma importância para o sistema circulatório, onde o
sangue necessita passar por capilares do diâmetro de um fio de cabelo;
O transporte de gases, em particular o oxigênio necessário para as reações de oxidação
celular e o dióxido de carbono produzido por essas reações;
É o melhor solvente natural do organismo, ou seja, solubiliza os nutrientes o que facilita o
transporte de glicose, aminoácidos ou gordura, por exemplo, do intestino para as mais
variadas partes do corpo através do sangue;
É um lubrificante natural das articulações através do líquido sinovial, como por exemplo o
existente na articulação metacarpo e metatarso; além do humor aquoso que lubrifica os
olhos e dá o aspecto brilhoso ao órgão;
Participa na transmissão da luz sendo o globo ocular bastante lubrificado pela água que
deixa a luz passar para que seja formada a imagem no centro óptico. Também na
transmissão do som pela perilinfa, um líquido intra-auricular responsável pela transmissão
do som nos ouvidos;
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 13
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Em contato com íons há tendência de formação de hidratos que aumenta a solubilidade
dos íons e, como consequência, aumenta a solubilização de proteínas pouco solúveis;
Participa na digestão das proteínas, carboidratos e lipídeos devido ao alto poder de
hidrólise, participando não só da digestão, mas também da absorção;
Está envolvida na eliminação de resíduos para órgãos especializados como os rins e fígado;
Participa no transporte de hormônios responsáveis pela transmissão desde a glândula de
origem até os órgãos transmitindo sinais de regulação;
Serve de colchão d'água para o sistema nervoso através do fluido cefalorraquidiano;
É um componente estrutural e ativo do corpo, estando acima de outras substâncias com
relação ao ritmo de trocas;
Íons em contato com a água são separados em seus íons componentes, por exemplo, o NaCl
em contato com meio aquoso rompe a molécula e separa o Na do Cl (NaCl + H2O = Na +
Cl), isso se dá pelo efeito poderoso da constante dielétrica, sendo de suma importância
para que o animal possa utilizar as substâncias minerais;
Possui alta tensão superficial, devido às ligações de hidrogênio, ficando aderida a outra
substância de maneira intensa;
É o produto final do metabolismo energético dos nutrientes, ou seja, o organismo utiliza
os nutrientes orgânicos como os carboidratos, proteínas e lipídeos para a produção de
energia e libera duas substâncias simples a água e o gás carbônico, que são facilmente
eliminados, seja pela respiração como é o caso do gás carbônico ou por outras vias como é o
caso da água;
A regulação da homeostase celular, porque a integridade das células depende muito de
parâmetros (osmolaridade, pH etc.) do meio que as envolve. Dentro das células, a água serve
também na realização de trocas entre organelas celulares, em particular entre mitocôndrias e
citosol;
Seu peso varia conforme a temperatura, sendo mais pesada a 4°C deslocando a água mais
quente do fundo para a superfície, fazendo com que a temperatura se mantenha para
possibilitar a manutenção de algum organismo;
É parte essencial para formação da casca do ovo, juntando-se ao CO2 para formar HCO3
(bicarbonato) para formar carbonato de Ca, componente estrutural da casca do ovo.
Em linhas específicas temos que ela é essencial pois está envolvida na regulação da temperatura
corporal; é um solvente universal, por exemplo, os nutrientes necessitam ser solubilizados para
serem “absorvidos”; possui poder ionizante importante em todas as reações bioquímicas; está
envolvida no transporte de nutrientes e resíduos; lubrifica o corpo; fornece uma “almofada” para
fetos, sistema nervoso etc.; é necessária para a produção de leite para animais lactentes.
Assim, a estreita relação entre ingestão de alimentos e de água, reflete as múltiplas interações de
água e trocas energéticas dos tecidos e células. Sendo assim, possibilita as reações consideradas
vitais para sobrevivência do organismo, bem como participa significativamente desses processos
metabólicos.
14
Capítulo 5
Balanço hídrico e
estímulo da sede
O corpo dos animais está constantemente perdendo água, assim sendo, a evolução de mecanis-
mos para encontrar e consumir água foi fundamental para a sobrevivência dos animais. O
responsável pelo controle do conteúdo de água é o cérebro, que transforma a informação física
em resposta de sede e, consequentemente, para consumo de água.
O balanço hídrico (diferença entre entradas e saídas) é regulado com muita precisão. Ambas as
regulações predominantes são a ingestão hídrica ligada à sensação de sede, o que permite
modular as entradas e a reabsorção de água no rim sob controle hormonal pela arginina-
vasotocina (AVT) que regula as saídas nas aves e a arginina-vasopressina ou ADH nos
mamíferos. A AVT tem origem neuro-hipofisária cuja estrutura é relacionada à vasopressina e à
ocitocina de mamíferos. O estímulo da sede é desencadeado por receptores (pressão osmótica ou
receptores de íons como Na+) localizado na região hipotalâmica e justaventricular. Angiotensina
II, um hormônio de origem hepática cuja síntese é desencadeada pela renina, estimula esses
centros nervosos de acordo com a figura 4.
Figura 4: Regulação neuro-hormonal do balanço hídrico em aves e mamíferos. Fonte: Adapta-
ção de LARBIER & LECLERCQ, 1992.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 16
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
A regulação renal consiste em uma reabsorção mais ou menos intensa de água pelos glomérulos
dos rins sob o efeito da AVT (aves) e ADH (mamíferos). Os fatores que desencadeiam sua
secreção são: o aumento da pressão osmótica plasmática, queda na pressão sanguínea ou queda
no volume sanguíneo (hipovolemia). Sensores específicos informam a hipófise, que então libera
o hormônio. Esses sensores são osmo-sensores localizados na hipófise ou receptores de pressão
localizados na parede da aorta ou artérias carótidas. Assim, um aumento na pressão osmose
sanguínea ou um alto suprimento de cátions Na+ causam um secreção de AVT/ADH e uma
intensa reabsorção de água a nível renal. Estes são os mecanismos implementados que funcionam
durante a privação de água, ingestão de alimentos enriquecidos com sal ou hiperventilação
pulmonar causada por altas temperaturas. Da mesma forma, uma perda de água por hemorragia
ou durante a síntese de clara de ovo (plumping) leva à secreção de AVT/ADH e consequente
consumo de água. Neste último caso, ocorre uma secreção de angiotensina II em paralelo,
informando o centro nervoso da sede mencionado supra.
Estímulos hormonais para a sede
O estímulo hormonal mais potente para a sede é a angiotensina II, que é gerada quando a
enzima renina é secretada pelos rins em resposta à hipovolemia ou hipotensão. Outros estímulos
hormonais para a sede são secretados pelo estômago e pâncreas durante a alimentação, bem
como pelos ovários durante a gestação. O peptídeo natriurético atrial (PNA), um potente
inibidor da sede, é secretado pelo coração em resposta à hipertensão.
Os estímulos fisiológicos que induzem a secreção de hormônios relacionados à sede incluem
alterações no volume e na pressão plasmática, bem como na alimentação e na gestação.
Diminuições no volume sanguíneo e na pressão aumentam os níveis do hormônio dipsogênico
angiotensina II, enquanto aumentos no volume sanguíneo aumentam os níveis do hormônio
inibidor da sede PNA.
Balanço hídrico
Temos que a água ingerida através da bebida livre, dos alimentos e metabólica deve ser igual a
quantidade de água perdida através da sudorese, urina, fezes, leite, feto (eventualmente).
Tabela 4: Balanço hídrico diário
de vacas holandesas alimentadas
com forragem (leguminosas).
17
Capítulo 6
Atributos da água para
consumo animal
É fato que a água de muitas regiões do Brasil, principalmente a Semiárida, possui um certo
grau de salinidade, sendo denominada água salobra, devido ao depósito dos compostos minerais
na superfície do solo, já que não há muita chuva esses íons ficam em superfície e não são
lixiviados, dando característica alcalina ao solo que, por sua vez, possui influência na água.
Segundo a literatura, codornas suportam certo grau de salinidade, não comprometendo sua
produção de ovos ou carne, entretanto outros animais não suportam graus medianos à elevados
de sólidos dissolvidos totais (SDT) na água o que compromete a produção e a sanidade do
animal. Uma água salobra já apresenta determinado risco para a produção e saúde do animal. O
SDT é uma medida de todos os minerais que estão dissolvidos na água, provenientes da
percolação do solo e das formações de rochas.
Para explanar melhor acerca dos atributos da água para a bebida animal vamos supor um
rebanho de caprinos da raça Kalahari Red, com 35 kg de peso vivo (PV), criados semi-extensivo
ou semi-intensivamente, ao qual os animais são soltos de manhã (6h) e são confinados à tarde
(17h) no município de Serra Talhada, Sertão de Pernambuco. Nessa região, há a presença da
bacia do Pajeú, e a presença da barragem jazigo. A tabela 5 apresenta os parâmetros de qualidade
da água da barragem e compara os limites e médias de sólidos e de atributos da água, segundo
autores.
Tabela 5: Qualidade da água de bebida para caprinos em Serra Talhada e comparação com os
níveis limites de sólidos dissolvidos totais (SDT) e outros parâmetros, todos expressos em mg/L
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 19
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Analisando a tabela 5, dos valores apresentados na barragem e comparando com os níveis ide-
ais para ingestão de água, notamos que a água da barragem jazigo pode ser utilizada pelos animais
sem quaisquer problemas. Entretanto, em outras cidades, como é o caso de Belo Jardim, essa
realidade pode não ser a mesma devido aos 89% de sua água subterrânea ser salina, 7% ser salobra
e apenas 4% ser doce; além disso, na cidade há depósito de minerais pesados e tóxicos como é o
caso do chumbo, dada a presença da empresa de baterias Moura, conforme SILVA (2012)
destacou em sua dissertação.
Dependendo do tipo de solo, as águas subterrâneas podem carregar cargas variáveis de minerais
dissolvidos. SILVA (2021) recomenda limites inferiores para Cu na água potável de 0,5 mg/L
para ovinos, 1 mg/L para bovinos e 5 mg/L para suínos e aves. Os níveis de flúor não devem
exceder 2 mg/L, e Ca deve ser inferior a 1000 mg/L, desde que Mg e Na não sejam excessivos e
que a dieta forneça concentrações adequadas de P. Sulfatos até 1000 mg/L não são susceptíveis
de causar problemas, mas os níveis até 2000 mg/L podem afetar adversamente animais jovens ou
lactantes. Os níveis de Se e Zn dissolvidos não devem exceder 0,02 e 20 mg/L, respectivamente.
Nitratos e nitritos podem ocorrer na água potável, SILVA (2021) recomenda nitrato máximo de
400 mg/L na água potável e não mais de 30 mg/L de nitrito.
20
Capítulo 6 - Atributos da água para consumo animal
A água em si é considerada como não tóxica, mas os problemas com esta surge através da
contaminação por micróbios, parasitas, minerais e várias outras substâncias tóxicas, como
pesticidas, herbicidas, fertilizantes químicos etc. A qualidade da água afeta o consumo, a
produção e sanidade do animal. PAIVA et al. (2017) estudaram o efeito de 4 tratamentos com
diferentes níveis de sólidos dissolvidos totais na água de beber de caprinos, a conclusão foi que
sob um nível até 9.000 mg/L de SDT afeta o consumo dos animais, no entanto não deprime a
produção de leite. Porém, níveis excedentes podem ocasionar ou proporcionar o aparecimento
de doenças ou queda na produção devido ao baixo consumo de água. Substâncias como sais,
organismos patogênicos, algas e pesticidas poluem a água e podem afetar a palatabilidade.
Os sais minerais incluem carbonato e bicarbonatos, sulfatos e cloretos de Ca, Mg, Na e K.
Outras substâncias tóxicas na água incluem nitrato, sais de ferro e hidrocarbonetos. A
contaminação com nitrato é comum em áreas de cultivo intensivo dada a intensa adubação
nitrogenada. Concentrações acima de 1.500 mg/L podem causar toxicidade causando morte por
anóxia. Os sais de ferro nas águas subterrâneas causam depósitos de ferrugem nas tubulações e
podem causar contaminação bacteriana por bactérias que utilizam o ferro. Pesticidas como
Malation e organofosforados podem entrar em sistemas de água e podem ser tóxicos. Certas algas
verde-azuladas em lagos podem produzir substâncias tóxicas. Toxicidade nos animais causando
vômitos, espuma, tremores musculares, danos ao fígado e morte são relatados devido à intoxica-
ção por algas cianogênicas.
A qualidade da água pode influenciar o desenvolvimento da polioencefalomalácia, uma doença
não infecciosa que afeta o cérebro de bovinos confinados. A maioria dos animais afetados
apresenta deambulação sem rumo, desorientação, cegueira, decúbito, postura de contemplação
das estrelas e edema no cérebro, causando uma “moleza” no cérebro. A água rica em sulfatos
promove a polioencefalomalácia, aparentemente por meio de uma interação complexa com
outros minerais e vitaminas do complexo B. A maioria dos animais domésticos pode tolerar uma
concentração total de sólidos dissolvidos de 15.000 a 17.000 mg/L. A água contendo menos de
1.000 mg/L de SDT é segura para todas as classes de animais. Em níveis mais altos (>5.000-7.000
mg/L), pode causar diarreia leve e aumento da mortalidade em aves, mas pode ser aceitável para
outros animais como caprinos.
O fornecimento de água salobra, salina ou com grande quantidade de sólidos totais como
nitratos, nitritos e microminerais tóxicos propicia uma susceptibilidade à patogenias como
acidose, alcalose, diarreias etc. nos animais.
Na prática, destacamos que a água de bebida dos animais deve ser fresca, limpa, sem gosto, livre
de impurezas, fria em temperaturas quentes e quente em temperaturas frias, e, de suma
importância, deve-se realizar, se possível, análises sobre a qualidade da água a cada 6 meses ou um
ano. Ou seja, a água para os animais deve ser da mesma qualidade, ou próxima, que a consumida
pelo homem.
O suprimento de água fresca e limpa é
necessária para uma fermentação e metabolismo
ruminal normal, no caso de ruminantes;
propiciar um fluxo adequado de alimentos,
digestão e absorção intestinal adequada, volume
sanguíneo normal e atender as necessidades dos
tecidos para ruminantes e não ruminantes.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 21
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
A tendência atual do mundo foca na preocupação com a qualidade da água e o seu reflexo
sobre o desempenho animal , por isso o tema qualidade da água para dessedentação de animais de
produção é tão importante.
No Brasil, a resolução normativa número 357 de 2005 estabelece a classificação das águas,
segundo a sua utilização, definindo parâmetros de qualidade a serem atendidos para cada classe.
A água para os animais se classifica como classe 3, segundo a RN:
Ainda segundo a RN, o pH ideal para a dessedentação animal deverá estar entre 6,5 a 9. Um
pH inferior a 6,5 se enquadra como água fortemente ácida e pode provocar/facilitar situações de
acidose (em ruminantes, principalmente) e redução da ingestão dos alimentos, além de corrosão
das canalizações e dos equipamentos de fornecimento. Um pH superior a 9 se enquadra como
água fortemente alcalina e pode provocar distúrbios digestivos e diarreias, diminuição da
eficiência de conversão alimentar e redução da ingestão de alimentos em todas as espécies de
interesse zootécnico.
22
Capítulo 7
Água salina afeta a sanidade
e a performance animal
Como supracitado e agora enfatizado, a água pode conter sais dissolvidos, principalmente Ca,
Na e Mg carbonatos, bicarbonatos, cloretos, fosfatos e sulfatos, e outras substâncias como
nitratos. O total de sais minerais é chamado de sólidos dissolvidos totais (SDT). Quando a
concentração de SDT excede a capacidade do animal de excretar esses elementos então começa a
sofrer com os efeitos da água salina (“água salina" é um termo geral para água que contém
grandes quantidades de sólidos dissolvidos, independentemente de quais sejam esses sólidos).
Por que a salinidade da água causa problemas? Água salina pode ter sérios efeitos adversos na
saúde e na produtividade. Quando os níveis de SDT excedem os níveis de tolerância do animal à
salinidade, o consumo de ração diminui, sua capacidade de lidar com o estresse térmico é com-
prometida, a produção diminui e o animal pode morrer.
Quando um animal ingere água salina temos a sequência de eventos que é ilustrada na figura 5.
Como o teor de SDT na água potável aumenta, o animal precisa de mais água para excretar
resíduos na urina. Como esses resíduos incluem substâncias em excesso dissolvidas na água
potável, entramos no “ciclo vicioso” demonstrado na caixa da figura 5.
À medida que mais água potável é usada para excretar o excesso sais, há progressivamente
menos água para o metabolismo, produção e controle da temperatura do animal. Quando a
quantidade de água necessária para manter o metabolismo geral, produção e controle de
temperatura (A na figura 5) é mais do que a quantidade de água disponível para esses fins (B na
figura 5) cessam-se os processos fisiológicos normais do animal.
Tolerância à água salina: na maioria dos casos, os animais são adversamente afetados por altos
níveis de sais. No entanto, o efeito pode ser modificado por animais, adaptando-os lentamente à
água com altos níveis de SDT.
Os limites aproximados de tolerância à salinidade de diferentes espécies são apresentados na
tabela 6. Onde uma faixa é dada, o nível mais baixo é o que espera-se que seja tolerado sem
quaisquer efeitos adversos, e a faixa intermediária deve ser tolerada após a relutância em ingerí-la,
mas os animais devem se adaptar a esses níveis (SILVA, 2021).
Geralmente, na literatura, altos níveis de sais na água resultam em significativas perdas econô-
micas ao produtor rural. Uma das enfermidades associadas ao consumo de água salobra é a diar-
reia, porém essa diarreia pode evoluir para um quadro mais grave.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 24
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Figura 5: Como a salinidade da água afeta os animais (a sequência mostrada pelas setas
vermelhas e na caixa vermelha é o “ciclo vicioso” mencionado no texto). Fonte: Adaptação de
DRYDEN, 2021. p. 16.
Tabela 6: Tolerância dos animais de produção à salinidade da água
25
Capítulo 7 - Água salina afeta a sanidade e a performance animal
Os fatores que influenciam a resposta à água salina podem ser agrupados em fatores animais e
ambientais.
Os fatores animais são:
Espécie e raça: a tabela 6 apresenta com clareza as diferenças na tolerância dos animais à
salinidade;
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 26
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Estado fisiológico: animais gestantes, em lactação, em crescimento, animais lactentes, em
trabalho intenso, em postura etc., com maiores necessidades de água são menos tolerantes
aos níveis de salinidade;
Idade: animais mais velhos são mais tolerantes a salinidade do que animais jovens;
A capacidade do animal de concentrar sua urina, ou seja, reduzir a quantidade de água que
utiliza para excretar resíduos solúveis. Espécies como ovelhas que podem produzir urina
mais concentrada (por exemplo, em comparação com o gado) são mais tolerantes à água
salgada;
Adaptação à salinidade: os ovinos e suínos demonstraram se adaptar ao aumento da
salinidade se forem gradualmente expostos a níveis crescentes de SDT. No entanto, esse
comportamento não os protege de níveis muito altos de SDT (no limite superior ou acima
dele, conforme tabela 6).
Os fatores ambientais incluem:
Condições climáticas: temperatura do ar, velocidade do vento, a umidade e o acesso à
sombra influenciam a necessidade de água do animal;
O tipo de ração ingerida, especialmente os teores de proteínas e sais que influenciam a
quantidade de resíduos necessária para ser excretada na urina;
O tipo de íons dissolvidos: os sais de Na são melhores tolerados do que sais de Mg, e sulfatos
e cloretos são melhores tolerados do que carbonatos.
Como os animais respondem a altos níveis de salinidade? Uma das primeiras respostas do
animal a água salina é a ingestão de mais água. Este comportamento persiste até que a carga de sal
se torne muito grande. Quando dada água com níveis de SDT perto do limite de tolerância à
salinidade, a ingestão de água e ração pode tornar-se deficiente - mudando acentuadamente de
um dia para o outro. A percepção deste é um aviso importante de que os níveis de SDT estão
ficando muito altos. Quando o nível de sal é muito alto e excede a tolerância de salinidade do
animal, o consumo de água e de ração diminuem para níveis muito baixos. Os animais vão
apresentar diarreia ocasional e fraqueza geral.
Evitando problemas de salinidade: deve-se verificar sempre o teor de SDT na água. É im-
portante que verifiquemos não só para o teor de SDT (como é mostrado por sua condutividade
elétrica), mas também para as concentrações de carbonatos e sais de Mg.
A água de rios ou barragens geralmente tem baixo conteúdo SDT. Mas não devemos assumir
que isso seja verdade em todos os casos - os rios coletam a água que fluiu através do solo e do qual
carrega sais consigo durante o processo.
O conteúdo de SDT de qualquer abastecimento de água pode mudar entre as estações. Isto é
especialmente verdade quando comparamos as águas superficiais (rios, riachos, represas) e a água
subterrânea de poços em períodos de baixa pluviosidade.
27
Capítulo 8
Fontes de água
para os animais
Existem três maneiras pelas quais os animais podem obter água: através da ingestão, através da
água existente na ração e, por fim, através da oxidação dos nutrientes (carboidratos, proteínas e
lipídeos), denominada água metabólica.
A água metabólica, endógena ou de oxidação é produzida no corpo do animal; procede dos
processos metabólicos dos tecidos, fundamentalmente pela oxidação celular dos açúcares,
aminoácidos e ácidos graxos para liberar a energia química que essas substâncias podem
fornecer. A água metabólica não é uma grande fonte de água. Assim, a oxidação de 100 g de
carboidratos produz 60 g de água, 100 g de lipídeos produz 107 g de água (variável entre a
literatura: 100 a 111 g) e 100 g de proteína produz 40 a 42 g de água. Para a maioria dos
animais domésticos a água metabólica admite unicamente 5 a 10% do total de água ingerida.
Em certas condições, esta é a única fonte de água para os animais (por exemplo, ursos em
hibernação). Nesses casos, assim como nos animais que consomem menos alimentos do que
o necessário, a produção de água metabólica resulta mais importante, já que os depósitos de
gorduras e tecidos proteicos catabolizam-se para proporcionar energia. Entre os nutrientes, a
oxidação das gorduras fornece maior quantidade de água metabólica produzida, no entanto,
com relação a energia metabolizável, os carboidratos geram maior quantidade de água
metabólica por kcal de EM produzida, sendo assim, em situações de privação de água, é
necessário o fornecimento de rações ricas em carboidratos, por exemplo, forragem aquosa
para os ruminantes e equinos.
Demonstração da produção de H2O metabólica ou endógena:
Produção a partir da oxida-
ção dos carboidratos (glico-
se):
100 g de carboidratos geram 60 g
de água metabólica (figura 6).
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 29
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Produção a partir da oxida-
ção dos lipídeos (gorduras):
100 g de lipídeos geram 100 a
111 ou mais g de água metabóli-
ca (figura 7).
Produção a partir da oxida-
ção das proteínas (aminoáci-
dos):
100 g de proteínas geram 40 a 42
g de água metabólica (figura 8).
Água nos alimentos ou coloidal refere-se aquela inerente aos alimentos. De imediato, os
alimentos suculentos (verdes) possuem alto teor de água que contribui para o atendimento
das exigências diárias dos animais. Os alimentos de origem vegetal contêm água, conforme
sejam frescas (as partes folhosas de gramíneas e leguminosas podem ter 60 a 90% de água) ou
secas (grãos de cereais e rações proteicas contêm 5 a 15% de água). A água presente nos
alimentos pode ser advinda da chuva ou da irrigação que adere ao material vegetal quando é
ingerido, ou pode fazer parte das células vegetais, ou ainda pode ser exógena, isto é, a água
pode ser misturada com a ração do qual forma-se um mingau (por exemplo, em alguns
sistemas de alimentação de suínos). Uma vaca leiteira ingerindo 20 kg de MS/dia de
pastagem de capim tifton-85 irá consumir cerca de 74,1 kg/dia de água da célula vegetal. Um
suíno em crescimento consumindo 2,25 kg/dia de uma ração comercial típica com 90% de
matéria seca, consumirá cerca de 225 g/dia de água presente na alimentação. Uma cabra
leiteira consumindo 2 kg de feno com 13% de umidade na composição consome cerca de 2,3
kg de água/dia através da alimentação. Um cavalo ingerindo 10 kg de capim buffel verde por
dia e 5 kg de concentrado ingere cerca de 34,2 kg de água da alimentação (figura 9). Alimen-
30
Capítulo 8 - Fontes de água para os animais
tos verdes ou aquosos como forragens verdes e os ensilados possuem 70 a 90% de água; alimentos
secos, como concentrados e fenos, possuem cerca de 5 a 14% de água. Os 5 a 15% de água dos
alimentos secos, principalmente dos ingredientes de rações (milho, farelo de soja, farelo de
algodão etc.) está na forma presa ao alimento, ou seja, não é computada para as necessidades
imediatas dos animais. Em condições de privação de água é indicado o fornecimento de
carboidratos aos animais.
Figura 9: Ingestão de água dos alimentos por um cavalo de corrida.
A água de bebida é a principal fonte de água para os animais, devendo, para a sanidade e
melhor desempenho animal, ser limpa e livre de contaminantes. Na superfície terrestre, a
água ocupa uns 65% , do qual 0,7 a 1,2% é potável. O animal deve ter acesso a água de boa
qualidade e com fácil acesso, ou seja, a fonte não deve ser longe, pois a busca do animal pela
água poderá fazer com que o mesmo entre em estado pior em condições extremas. Como su-
pracitado, o pH ideal para a água de bebida
dos animais está entre 6 e 8, variação que
depende da espécie, por exemplo, o pH
ideal da água para equinos é de 6,8; por isso,
torna-se viável a atenção à qualidade da
água para que os animais consumam suas
necessidades através dos estímulos hormo-
nais da sede. A quantidade de água provin-
da da oxidação dos nutrientes e dos alimen-
tos não supre o animal, sendo impreterível
seu fornecimento em baldes, tinas, bebe-
douros automáticos, cochos específicos,
por meio de rios, lagos, barragens, poços
etc. Representa 70 a 97% da água
consumida.
Figura 10: Equino consumindo água fresca em um lago.
Fonte: Pintura a óleo cedida por DUMBLEDOORI, P.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 31
Capítulo 9
Requerimentos de água
pelos animais
No campo da nutrição animal é difícil estimar com certeza o consumo de água pelos animais,
visto que há inúmeros fatores que interferem na ingestão como a temperatura, peso, idade,
consumo de matéria seca etc. Partindo deste ponto, dividirei as espécies animais de interesse
zootécnico, incluindo cães e gatos caso os acadêmicos estejam realizando trabalho sobre
consumo de água e tenham fácil acesso a este guia.
Será apresentado os requisitos de consumo de água pelos animais, por espécie e segundo a
literatura, além disso, apresentarei as equações de predição da ingestão de água pelos animais, e
que podem ser colocadas ou não em prática pelo produtor. Essa questão da equação é para os
acadêmicos, o que interessa ao produtor é o fornecimento de uma quantidade X estimada e de
fácil acesso aos animais.
Agora, pretende-se estudar toda a literatura sobre as exigências de água dos animais, dando ênfa-
se ao clima tropical, ou seja, nas condições brasileiras. Serão abordadas todas as espécies de
animais de produção com relação a equações de predição do consumo, alguns estudos práticos
com o fornecimento de água e medidas gerais de administração de água para o bem-estar e
melhor produção e produtividade dos animais.
Exigências de água das aves
Na produção avícola a água é o meio para melhorar a eficiência produtiva. Nela podem-se ad-
ministrar antibióticos, vacinas, minerais, vitaminas e pigmentos diluídos que contribuem para a
sanidade e resistência do lote, nutrição precisa e controle, além da função de saciar a sede.
Segundo estudos, as aves são menos suscetíveis a privação de água que outros animais. Isso se
deve ao fato que, no decorrer do metabolismo proteico, as proteínas são desmembradas em
aminoácidos e o produto excretado é o ácido úrico, ou seja, através desse processo a produção de
água metabólica é maior, como consequência as aves são menos exigentes em água que demais
espécies como suínos, por exemplo.
Os requerimentos de água variam conforme a espécie, linhagem, idade, sexo, peso, condições
ambientais nas instalações (temperatura e umidade relativa), manejo alimentar (conteúdo
proteico, de potássio, sódio e pela água presente nos alimentos) e rendimento produtivo.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 33
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Seguindo a literatura, LANA (2000) indica um consumo crescente de água em frangos de cor-
te (figura 11). Ainda, segundo o autor, para poedeiras, o consumo de água é 2 vezes maior que o
consumo de ração, ou seja, para cada 100 g de ração consumida a ave deve consumir 200 ml de
água; já para matrizes de corte ou poedeiras, salienta que o consumo é mais eficiente a
temperaturas de 21 ºC, aumentando 2,5 vezes em temperaturas entre 32 e 38 ºC, isto é, sob 21
ºC uma matriz pode consumir 100 ml/dia, em temperaturas de 35 ºC a mesma matriz consome
2,5 vezes 100 ml, ou seja, consumirá 250 ml, enfatizando que a temperatura é um fator
importante sobre os requerimentos e a ingestão de água pelas aves.
Figura 11: Ingestão de água por frangos de corte de acordo com a idade. Fonte: LANA, 2000.
SAINSBURY (1987) cita que as aves possuem grandes necessidades de água e é absolutamente
essencial que sempre haja água disponível em todos os sistemas de produção avícola. Caso as aves
não disponham de água suficiente a produção ficará sensível, mas não é o único problema, pin-
tainhos e aves de certa idade podem morrer em poucas horas em temperaturas quentes. Segundo
o autor existem inúmeras causas que podem fazer com que as aves fiquem privadas de água aci-
dentalmente. Os bebedouros automáticos podem secar inadvertidamente e esta é uma especial-
mente possível em bebedouros tipo nipple, quando estes não possuem reservatórios, bem como
é mais provável acontecer em bebedouros pendulares e copos de pressão, quando há descuido
dos tratadores. Outro problema pode estar relacionado com a altura do bebedouro, onde
algumas aves podem não alcançar ficando com sede. Sainsbury também salienta que o consumo
de água das aves está associado com a idade (tabela 7).
Tabela 7: Consumo ideal de água de frangos dependendo da idade
Fonte: SAINSBURY, 1987. p. 31.
34
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
INGRACI et al. (1995) enfatiza que o consumo não está apenas relacionado com a idade das
aves, mas também com o sexo, explanando que machos consomem mais água que as fêmeas
desde a primeira semana de vida. Os autores afirmam que a maior deposição de músculos e o
maior desenvolvimento da carcaça do macho em detrimento da fêmea faz com que os requeri-
mentos e o consumo sejam maiores (figura 12).
Figura 12: Influência do sexo sobre o consumo de água em frangos de corte. Fonte: Adaptação
de INGRACI et al., 1995.
Alguns autores divergem em sua literatura de referência quanto aos requerimentos de água
para aves, em especial, dos frangos de corte e poedeiras. CHEEKE (2005) expõe que para ambas
as categorias o fornecimento de 0,2 a 0,4 l/dia para animais adultos é o suficiente; CHURCH
(2002) embasado pelas avaliações de campo, explana que o fornecimento de 0,2 a 0,6 l/dia
dependendo da idade para frangos de corte é ideal; REDDY (2001) descreve que na Índia, em
situação análoga ao Brasil, o consumo de água de frangos é de 250 ml e a relação consumo de
ração:consumo de água é de 1:2; LANA (2005) e CHIBA (2009) afirmam que os frangos de
corte produzem bem quando consomem até 500 ml de água por dia em climas quentes, como é
o caso do Brasil. Diante do exposto pelos 5 autores, temos que o consumo das aves, dependendo
do sexo, linhagem, idade etc. oscila entre 0,2 e 0,6 l/dia.
BRAKE et al. (1992) apud LEESON & SUMMERS (2001), apresentaram uma equação de
predição do consumo de água para frangos de corte com até 21 dias de idade. A equação leva em
consideração dois valores fixos que juntam-se com o dia de idade do animal. Porém, diverge com
os valores estabelecidos para aves pelo NRC (1994). Para explanar essa divergência, mostraremos
a equação e um exemplo de como usá-la e comparar os resultados com os dados do NRC (1994).
Consumo de água = 9,73 + (6,142 x d)
Em que:
d = dia de idade do frango de corte
Equação de predição de consumo de água
apresentada por BRAKE et al. (1992).
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 35
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Como exemplo prático, vamos utilizar o consumo de água de um frango de corte macho com
21 dias de idade, logo, substituindo na equação teremos:
Consumo de água = 9,73 + (6,142 x 21) ≅ 139 ml/dia
O valor extrapola a quantidade estabelecida pelo NRC (1994), que indica um consumo de 104
ml/ave/dia para a categoria de frangos de corte na terceira semana. As indicações do NRC
(1994) para frangos de corte, poedeiras e matrizes apresentam-se na figura 13.
Figura 13: Indicações do NRC para consumo de água de frangos de corte, poedeiras e matrizes.
Fonte: Adaptação do NRC, 1994.
Codornas, patos, gansos e perus devem ter acesso contínuo a um suprimento de água adequa-
do e que esta seja de boa qualidade, limpa e fresca. Esse suprimento deve ser em todas as fases das
aves, exceto quando um profissional orientar de outra forma, ou quando existir restrição
alimentar dos machos reprodutores.
Os bebedouros devem ser regulados de acordo com o tamanho das aves com a finalidade de fa-
vorecer o máximo de água possível para as aves. Para pintainhos de 1 dia, folhas de papel coloca-
das em baixo dos bebedouros estimulam o consumo de água, o que evita possíveis mortes por
desidratação precoce.
As necessidades de água das codornas é relativa. Estima-se que as aves necessitam maior inges-
tão de água nas primeiras fases de vida; machos consomem mais que fêmeas e fêmeas em postura
podem dobrar o consumo. Geralmente o fornecimento adequado de 50 a 70 ml/ave/dia para
manutenção das aves é o ideal, podem ir até 80 ml no caso de aves em postura.
Para perus, existe uma divergência quanto às exigências e uma escassez de informações. O que
se acha em literatura são em livros da década passada e em condições adversas das brasileiras. O
que se encontra de profundidade são as indicações do NRC (1994) que expõem os requerimen-
tos segundo a idade e o sexo em perus brancos.
36
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
SCHRIDER (2013) expõe o consumo de água de perus segundo a idade, descrevendo consu-
mos de mais de 1 litro/ave/dia em perus acima das 14 semanas de idade. A figura 14 compara o
consumo e indicações de fornecimento de água entre SCHRIDER (2013) e o NRC (1994).
Figura 14: Comparação do consumo de água de perus conforme a literatura. Fonte: Adaptação
de SCHRIDER (2013) e NRC, 1994.
Para fêmeas de perus, segundo o NRC (1994), o consumo é o mesmo dos machos na primeira
semana, decrescendo conforme o desenvolvimento (figuras 14 e 15). Porém, o estado de postura
faz com que as exigências sejam maiores, podendo dobrar.
Figura 15: Consumo de água de perus fêmeas. Fonte: Adaptação de SCHRIDER (2013).
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 37
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Na literatura, CHEEKE (2005) descreve que para que perus produzam bem e mantenham um
bem-estar são necessários o fornecimento de, pelo menos, 0,4 a 0,6 litros/ave/dia, o que
contradiz os resultados supra e de CHURCH (2002) que indica um consumo de 0,8 a 1,2
litros/ave/dia para que a produção de carne e ovos se mantenha em bons índices.
O fornecimento ideal de água para avestruzes é de 15% do seu peso corporal em todas as fases
de criação (SOUZA, 2004), ou seja, um avestruz adulto com 120 kg de peso deverá consumir
15% desse peso em água, sendo assim seu consumo será de 18 litros/ave/dia. As exigências de
água de gansos são semelhantes às dos frangos de corte e perus, mas, por serem aves aquáticas e
necessitarem de esforços o fornecimento de 0,8 a 1,2 litros/ave/dia em sistemas de criação
confinada é o indicado.
Em geral, por serem aves aquáticas, patos ingerem de 3 a 4 vezes mais água que as galinhas.
Numa criação comercial de patos é necessário o suprimento constante de água potável e fresca, e
um dos manejos é a posição dos bebedouros que deve se manter em posição que os patos jovens
não consigam entrar e se encharcar. Outra medida ideal de manejo é ofertar aos adultos um
bebedouro profundo para que possam lavar-se, já que naturalmente as aves lavam os arcos orbi-
tários com frequência. Para criações comerciais, adultos necessitam de 0,6 a 0,9 litros/ave/dia.
Figura 16: Criação comercial de patos enfatizando os bebedouros pendulares onde o indicado é
1 bebedouro para cada 10 aves. Fonte: Cortesia de CHERRY, 2008.
Exigências de água de bovinos de corte
O gado de corte provém das regiões quentes da Índia, Paquistão e áreas adjacentes, sendo assim
são animais que apresentam rusticidade e se adaptaram muito às condições tropicais e quentes do
Brasil. Genericamente, o gado de corte é, de certo, muito menos exigente em água que o rebanho
leiteiro, entretanto, assim como em outras espécies, seus requerimentos mudam de acordo com a
raça, idade, sexo, clima e estado fisiológico; por exemplo, uma vaca de corte em mantença
necessita de uma quantidade X de água por dia, essa mesma vaca pode dobrar ou triplicar sua
exigência em água caso esteja em temperatura muito quente, gestante ou em lactação.
38
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Há uma enorme divergência quanto aos requisitos de água dos bovinos de aptidão corte, os
autores levam em consideração fatores como temperatura, consumo de matéria seca (o mais usa-
do) e também o nível de sal na dieta.
REDDY (2001) expõe que para bovinos adultos o fornecimento de 30 L/cabeça/dia é o ideal,
sendo a relação consumo de ração:ingestão de água igual à 1:3 ou 1:3,5, ou seja, para cada kg de
matéria seca ingerida o bovino deve consumir de 3 a 3,5 litros/dia. Suponhamos um animal de
450 kg de peso vivo, com um requerimento de 2,5% de consumo de matéria seca, seu consumo
de matéria seca será 9 kg/dia (450 x 2,5% = 9), então 9 x 3 = 27 litros que é igual ao seu consumo
de água por dia com essa ração. O mesmo autor descreve que para bezerros essa relação matéria
seca ingerida:ingestão de água (relação MSI:IA) deve ser 2 vezes maior, ou seja, para bezerros a
relação é de 1:6 ou 7. Para entender melhor suponhamos um bezerro de corte com 100 kg de
peso vivo que está consumindo 2% do seu peso em matéria seca, ou seja, 2 kg de matéria seca,
logo seu consumo de água pela relação MSI:IA será de 12 litros/dia (2 x 6 = 12).
Tais considerações do autor supra podem ser encontradas em TEIXEIRA (1998) que aponta
que para o gado de corte até 2 anos se desenvolver bem, o fornecimento de 12 a 13,5 litros/100
kg de peso vivo em climas tropicais é o ideal. Na prática, em algumas fazendas de confinamento
de bovinos para os bezerros (primeiras 5-6 semanas) é ofertado 6,5 litros de água/kg de matéria
seca ingerida, já para adultos (acima dos 100 kg) é ofertado 5,5 litros/kg de MSI em temperaturas
maiores que 27 ºC.
Passando pela literatura, BONDI (1989) aponta um consumo ideal de 3 a 5 L/kg de MSI para
gado adulto e de 6 a 7 L/kg de MSI para bezerros lactentes; CHEEKE (2005) aponta consumo
ideal de 20 a 60 litros/cabeça/dia, contradizendo os valores estipulados por CHURCH (2002)
que descreve consumo ideal oscilando entre 44 a 132 L/cab./dia. LANA (2005) e CHIBA
(2009) descrevem um consumo de até 60 L/cab./dia para vacas de corte em lactação.
ANDRIGUETTO et al. (1982) levam em consideração o consumo em relação a MSI e ao PV,,
sendo assim, bezerros até 6 meses devem consumir 6,5 L/kg de MSI, bovinos acima de 100 kg de
PV devem consumir 6 L/kg de MSI, para bovinos com 2 anos de idade o consumo deve ser de 8
a 9 L/100 kg de PV, vacas gestantes devem consumir 9 L/kg de MSI e vacas em lactação devem
ingerir 3 a 4 L/kg de leite. ALBERTINI (2015) aponta consumo ideal de 10 a 12 L/100 kg de
PV. DRYDEN (2021) aprofundou-se mais e descreve necessidades de 43 a 60 litros para vacas
em lactação, 15 a 57 litros para animais em crescimento e machos e 22 a 78 para vacas secas.
O NRC (2016) para gado de corte expõe uma equação de predição para o consumo de água
levando em consideração fatores como a temperatura, o consumo de matéria seca, a precipitação
pluviométrica e a quantidade de sal na ração do animal, da qual pode-se apropriar-se e utilizar
nas condições brasileiras.
Consumo de água (l/dia) = -6,0716 + (0,70866 x T ºC) + (2,432 x CMS)
- (3,87 x PP em cm) - (4,437 x %sal da ração)
Em que:
T = temperatura em ºC;
CMS = consumo de matéria seca em kg; Equação de predição de consumo de água
PP = precipitação pluviométrica, em cm; apresentada por HICKS et al. (1988).
% de sal na dieta = quantidade em % de sal da ração.
Para elucidar melhor, vamos supor o fornecimento de água para um bovino de corte com 500
kg de peso, temperatura de 35 ºC, 3,5% do CMS, PP igual a 0 e 0,3% de sal na ração, logo:
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 39
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Dados:
500 kg PV;
35 ºC temperatura;
3,5% CMS = 500 x 3,5% = 17,5 kg CMS;
PP = 0 não coloca na equação;
0,3% de sal na ração, logo:
Consumo de água = -6,0716 + (0,70866 x 35) + (2,432 x 17,5)
- (4,437 x 0,3) ≅
60 litros/dia
Em outro exemplo para fixar, vamos supor o fornecimento de água para um bovino de corte
com 200 kg de peso, temperatura de 30 ºC, 7 kg de CMS, PP igual a 8 mm (note que 1 mm
equivale a 0,1 cm, logo 8 mm equivale a 0,8 cm) e 0,8% de sal na ração, logo:
Consumo de água = -6,0716 + (0,70866 x 30) + (2,432 x 7)
- (3,87 x 0,8) - (4,437 x 0,8) ≅
26,9 litros/dia
Caso se almeje trabalhar nos Estados Unidos ou em ambientes de clima temperado, a equação
proposta por HICKS et al. muda de figura.
Consumo de água (l/dia) = -18,67 + (0,3937 x T ºF) + (2,432 x CMS)
- (3,87 x PP em cm) - (4,437 x %sal da ração)
As figuras 17 e 18 apresentam os consumos de água de bovinos usando a equação supra em
função do peso e da temperatura.
Figura 17: Ingestão de água de bovinos em função do peso. As variáveis foram temperatura
constante de 30 ºC, sem chuva, 2,5% de CMS e 0,5% de sal na dieta.
40
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Figura 18: Ingestão de água de bovinos em função da temperatura. As variáveis foram peso fixo
de 400 kg, sem chuva, 2,5% de CMS e 0,5% de sal na dieta.
Figura 19: Ingestão de água de bovinos em função da produção de leite. Dados, vaca nelore de
450 kg de peso vivo, temperatura constante de 30 ºC, CMS de 3% do PV, sem chuva e 0,5% de
sal na ração.
Exigências de água de bovinos de leite
Na literatura sobre os requerimentos de água as vacas leiteiras ganham destaque como sendo a
espécie mais avaliada e trabalhada.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 41
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Dado ao fato que o produto final do metabolismo é a ureia e não o ácido úrico como ocorre
nas aves, as vacas leiteiras assim como os demais ruminantes e todos os mamíferos, como os
suínos, ovinos, caprinos etc., são mais sensíveis quanto à falta e mais exigentes quanto ao
consumo de água.
Bovinos leiteiros jovens, bezerros e bezerras, também devem receber água independentemente
se estejam recebendo dieta líquida ou não. Na prática, pode-se ofertar água ad libitum ao animal
a partir do segundo ou terceiro dia de vida.
As vacas de leite, por serem altamente
especializadas em sua produção, são sensíveis ao
déficit de água, por isso, para uma melhor
eficiência e manejo o indicado é que quando a
fonte de água (lago, rio, barreiro etc.) estiver
longe o indicado é o fornecimento de água de
forma artificial, ou seja, através de tinas, caixas
d'água, cochos ou bebedouros específicos todos
com sombreamento para evitar aquecimento da
água ou evaporação da mesma. O ideal é que
haja 1 bebedouro para cada 10 animais.
Além do supracitado manejo, o tratador ou proprietário deve estar atento a temperatura ideal
de fornecimento de água para as vacas que exigem uma faixa ideal de 17 a 28 ºC (anexo 2) para
sua melhor performance e produção. Também deve-se atentar ao consumo das vacas, uma vez
que, com a prática e observação, o consumo de água é de 4 a 15 litros por minuto, isso é
importante quando se fornece água através de bebedouros que necessitam a reposição constante
de água para que não haja falta da mesma quando o animal for saciar sua sede.
Como indicação de manejo de fornecimento da água, temos 3 distintas formas; a primeira é a
oferta de água ad libitum aos animais, fornecendo de forma livre para que a vaca supra seus re-
querimentos; a segunda forma é a oferta de água duas vezes ao dia, porém é necessário fornecer 4
a 5% a mais do exigido pelo animal; a terceira e última forma é a oferta uma vez ao dia com
excedente de 5 a 10% do requerido pela vaca.
Para bezerros e bezerras leiteiras, Tabela 8: Consumo ideal de água de bezerras de leite dependendo
TEIXEIRA (1997) apresenta estudo da idade
mais profundo quanto aos
requerimentos e indicações de
fornecimento de água conforme a
idade até 2 anos (tabela 8). Nesse
mesmo contexto, APPUHAMY et al.
sugerem consumo de 15 a 25 L/dia
para bezerros e de 25 a 40 L/dia para
animais com um ano de idade; já
DRYDEN (2021) aponta que
bezerros e bezerras necessitam de 1 a
4,5 L/animal/dia durante o primeiro
mês de vida e de 22 a 30 L/cab./dia
para animais desmamados.
Fonte: TEIXEIRA, 1997. p. 104.
42
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Para os requerimentos do gado de leite, na literatura, existem divergências quanto aos valores
(figura 20), porém ambos os trabalhos citam a temperatura como sendo um fator determinante
para o maior consumo de água de vacas, principalmente em condições como as brasileiras.
Figura 20: Variações nas indicações de consumo de água para vacas leiteiras segundo autores.
Em azul indica o consumo mínimo de uma vaca e em vermelho o consumo máximo. Em ambas
as situações as vacas podem estar secas, gestantes ou em lactação.
A ingestão de água (IA) durante período de lactação depende de alguns fatores, dentre os quais
destacam-se a temperatura, o regime alimentar e a produção, ou seja, quanto maior o percentual
de sais maior a ingestão, quanto maior a produção de leite maior o consumo. Autores entram em
divergência, também, quanto às indicações eficientes da relação IA:PL, isto é, ingestão de água
para cada litro de leite produzido (figura 21).
Figura 21: Variações nas indicações de consumo de água por kg de leite produzido.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 43
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Como medida de manejo eficiente, para vacas em lactação o indicado é a oferta de 4 a 5 litros
para cada litro de leite produzido, visto que o leite possui 13% de matéria seca e 87% água.
Para enfatizar mais ainda acerca das indicações de fornecimento de água para vacas, destacamos
que os requerimentos podem mudar conforme a idade, raça, estado fisiológico e regime de
criação. TEIXEIRA (1997) apresenta os requisitos de vacas em lactação conforme a produção, a
raça com a mesma produção e conforme o estágio fisiológico de gestação da fêmea (tabela 9).
NUNES (1998), por sua vez, descreve as indicações para animais em diferentes estágios fisiológi-
cos e regimes de criação (tabela 10).
Tabela 9: Consumo ideal de água de bovinos leiteiros em função da raça, produção ou estágio
fisiológico do animal
Tabela 10: Consumo ideal de água de bovinos leiteiros em função do estágio fisiológico e do
sistema de produção
Para o gado de leite, é mais fácil predizer o consumo de água que outras espécies, uma vez que
se encontram mais literatura acerca de equações que levam em consideração fatores que vão
desde a porcentagem de matéria seca na ração e quantidade de matéria seca consumida até a
porcentagem de sal na ração, entre outros de importância.
44
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
LITTLE & SHAW (1978 apud NRC, 2001) foram os pioneiros quanto ao estabelecimento de
uma equação que predizesse o consumo de água por bovinos leiteiros, levando em consideração
o consumo de matéria seca (CMS) em kg/dia e a produção de leite (PL) em kg/dia, servindo para
vacas em mantença e lactação.
Consumo de água (L/dia) = 12,3 + (2,15 x CMS) + (0,73 x PL)
Em que: Equação de predição de consumo de água
CMS = consumo de matéria seca, em kg;
PL = produção leiteira, em kg. apresentada por LITTLE & SHAW (1978).
DAHLBORN et al. (1998 apud NRC, 2001) elaboraram uma equação de predição do consu-
mo de água retirando o CMS e inserindo a porcentagem de matéria seca da ração, que geralmen-
te fica entre 80 e 95%. Tal serve para animais em mantença e em produção.
Consumo de água (L/dia) = 14,3 + (1,28 x PL) + (0,32 x %MSr)
Em que: Equação de predição de consumo de água
%MSr = matéria seca da ração, em %;
PL = produção leiteira, em kg. apresentada por DAHLBORN et al. (1998).
Veremos a aplicação das duas fórmulas para compará-las. Supondo exemplo de vaca com 500
kg, CMS de 15 kg/dia, PL variável e %MSr de 88% (figura 22).
Figura 22: Comparação da ingestão de água usando as equações estabelecidas em função da
produção de leite e da porcentagem de matéria seca da ração. Note que o peso da %MSr é maior
que o CMS.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 45
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
TEIXEIRA (1997) estabelece uma equação de predição para estimar a ingestão de água levan-
do em consideração fatores como quantidade de sódio (do sal comum) na ração e a temperatura
em ºC. A quantidade de sódio é um fator importante de aumento de consumo de água pelo
gado. Segundo NUNES (1998) para cada grama de NaCl (sal comum) adicionado ou existente
na dieta animal equivalem ao aumento ou consumo de 50 ml ou 0,05 L de água por uma vaca
leiteira.
Consumo de água (L/dia) = 16 + (3,48 x CMS) + (1,98 x PL)
+ (0,05 x Na) + (1,20 x T ºC)
Em que:
CMS = consumo de matéria seca, em kg; Equação de predição de consumo de água
PL = produção leiteira, em kg;
Na = ingestão de sódio, em gramas; apresentada por TEIXEIRA (1997).
T ºC = temperatura do dia.
Desta forma, a equação para estimar o consumo de água irá alterar 3,48 litros por cada mu-
dança em Kg de matéria seca ingerida, 1,98 litros por cada litro de leite produzido, 0,05 litros por
cada grama de sódio consumido e 1,20 litros por cada grau Celsius alterado na temperatura.
Normalmente, em temperatura elevadas, a ingestão de matéria seca e produção de leite
diminuem, mas usualmente a ingestão de água aumenta, particularmente quando não existe
sombra nas instalações. Com sombra, a localização da água em relação a sombra pode ter um
efeito maior no consumo de água. Em temperaturas quentes, os bebedouros devem estar
presentes em locais sombreados, uma vez que estiverem ao sol, as vacas diminuirão a ingestão de
água.
O produtor deve estar atento aos sinais que as vacas demonstrarem quando estão em baixa
ingestão de água. Em geral, os sinais são:
Fezes secas;
Pequena produção de urina;
Ingestão de água sem frequência;
Queda considerável e não explicada na produção de leite, e
Ingestão de urina.
STOCKDALE & KING (1983) apresentaram duas equações para estimar a ingestão de água
em gado de leite, no entanto, não se aplicava às condições brasileiras. Após ajustes e vários
cálculos, estabeleci a equação que pode ser aplicada no clima brasileiro. Uma leva em considera-
ção a temperatura e a outra não, porém ambas as formas levam em consideração o CMS e a
%MSr.
Consumo de água (L/dia) = 11,34 + (4,63 x CMS)
Equação I
- (0,36 x %MSr) + (0,84 x T ºC) + (2,5 x PL)
Consumo de água (L/dia) = -9,37 + (2,3 x CMS)
Equação II
+(0,53 x %MSr) + (2,5 x PL)
46
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Para elucidar e fixar, usando a equação I, suponhamos uma vaca com 400 kg de PV, produção
leiteira de 20 kg/dia, CMS de 12,4 kg/dia, ração com 90% de MS na cidade de São Bento do Una
onde a temperatura de 17 de março de 2023 foi de 31 ºC, logo:
CA (L/dia) = 11,34 + (4,63 x 12,4) - (0,36 x 90)
+ (0,84 x 31) + (2,5 x 20) = 112,4
Para comparar, vamos usar a equação II, para a mesma vaca.
CA (L/dia) = -9,37 + (2,3 x 12,4) + (0,53 x 90) +
(2,5 x 20) = 116,9
O NASEM (2021) também apresenta uma equação para estimar a ingestão de água e leva em
consideração as variáveis CMS, %MSr e a T ºC.
CA (L/dia) = (0,69x CMS) + (0,28 x %MSr) + (0,85 x T ºC)
Equação de predição de consumo de água
apresentada por NASEM (2021).
Independente de usar uma equação para estimar e fornecer a quantidade de água ao animal, é
importante salientar que a água deve estar com temperatura fria em dias quentes e quente em
dias frios para manter a população microbiana animal; além disso é importante fornecer fontes
de água perto do local onde os animais estiverem e de preferência que o local seja coberto, seja
por uma construção (telhado) ou por uma árvore.
Exigências de água de búfalos
Os búfalos são animais que, por natureza, necessitam de muita água para sobreviver, não ape-
nas para consumo, mas para seu habitat, uma vez que passa grande parte do dia aterrado na lama
para manter uma boa temperatura corporal e manter seu bem-estar.
Suas necessidades hídricas variam bastante e dependem da raça, estágio de lactação e produção
de leite, qualidade da água e temperatura ambiente. Em zonas quentes, é necessário fornecer
água ad libitum e para que os mesmos construam seus espaços onde possam se cobrir de lama
nas horas mais quentes do dia. Apesar da pele escura proteger contra os raios UV, pela maior
presença de melanina, absorvem mais calor devido a cor escura.
Estudos apontam que a imersão em água não é essencial para a vida e visa dois objetivos pelos
animais: a regulação da temperatura corporal e o controle de parasitas. Entretanto, a imersão em
água é importante para o bem-estar e obtenção de melhores índices zootécnicos.
Os requerimentos de água dos búfalos se resumem a razão IA:MSI de 1:5 a 5,5, podendo che-
gar a 1:6, mais 1,5 litros para cada litro de leite produzido, além de subsídios adicionais para
condições climáticas extremas. REDDY (2001) cita consumo de até 40 L/animal/dia para adul-
tos. Outra regra de ouro na bubalinocultura seria o fornecimento de 1 litro para cada 10 kg de
PV.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 47
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Exigências de água de cães e gatos
CASE et al. (2010) descreveram que a água é o primeiro nutriente limitante uma vez que sua
deficiência resultará em impactos rápidos e significativos. Mesmo com uma leve desidratação,
cães e gatos serão afetados em sua capacidade de exercitar-se, aprender e manter uma tempera-
tura corporal ideal. Muitas vezes a água é tomada pelo tutor ou criador de pets como garantida e
que os animais a terão em quantidades suficientes, todavia esquecem o quão crítico é um déficit
ou um excesso da mesma no organismo e na vida do animal (BOYD, 2023).
As necessidade de água de cães e gatos dependem de uma série de fatores, assim como ocorre
nas demais espécies. Um dos fatores de grande relevância é a dieta que afeta diretamente o
consumo. Estudos comprovaram que uma ração com 73% de umidade fez com que os cães e
gatos consumissem 38% em água de bebida de sua exigência no dia, ou seja, o resto de suas
exigências proveu da água presente na ração; em detrimento, uma ração com apenas 7% de
umidade fez com que os animais ingerissem 95% de sua exigência em água de bebida. Com isso,
concluiu-se que cães e gatos conseguem manter o balanço hídrico quando recebem rações com
>67% de umidade e MS <33%, sendo os cães mais precisos, consumindo de forma livre. O nível
de sal na ração também possui relevância, estudos demonstraram que o consumo de água em
cães duplicou com a mudança de 1,3 para 4,6% de sal na ração.
A ingestão voluntária de água aumentará em resposta a qualquer situação que incremente as
perdas de água do organismo, como a intensidade da atividade física (leve, moderada, intensa
etc.), aumento da temperatura corporal ou ambiental, as modificações da capacidade renal de
concentração da urina, ou o estado fisiológico de gestação ou lactação. Além disso, como supra-
citado, a quantidade de água presente nos alimentos condiciona em grande peso a ingestão vo-
luntária de água. Como sabemos, se a ração possuir significativo conteúdo em água tanto os cães
como os gatos são capazes de manter seu equilíbrio hídrico sem ingerir água.
Em geral, o requerimento total de água exógena para a mantença em um ambiente termica-
mente neutro equivale a duas a três vezes a MSI. Por exemplo, se um cão exige 1000 kcal/dia e
oferta-se um alimento seco com uma densidade energética de 3500 kcal/kg, o animal deve
receber 0,286 kg do alimento (1000 kcal exigida/3500 kcal do alimento). Em geral os alimentos
secos possuem 8 a 12% de umidade, tomando como base 10% de umidade no alimento então o
cão consumirá 256,5 g de MS. Multiplicando a MSI por 3, pode-se calcular uma exigência diária
de 769,5 ml de água. Outras recomendações sugerem que os animais exigem uma quantidade de
água aproximadamente equivalente ao número de kcal consumida por dia. No caso desse
exemplo, a necessidade seria de 1000 ml ou 1 litro/dia (1000 kcal). A melhor forma de assegurar
uma ingestão suficiente de água pelos cães e gatos é ofertar água fresca e limpa de forma livre e à
vontade aos animais, seja qual for o estado fisiológico do animal, suas necessidades calóricas ou a
ingestão de MS.
O NRC (2006), mediante estudos de outros autores, estipularam uma regra geral para estimar
o consumo de água ideal para cães e gatos, levando em consideração a mantença dos animais e a
temperatura a qual estão submetidos. São necessários 50 a 60 ml vezes o peso vivo (50-60 x PV)
para cães e gatos em mantença. Animais submetidos a temperaturas >30 ºC necessitam 6 ml x
PM x ºC para cães e 6 a 9 ml x PM x ºC para gatos, sendo PM o peso metabólico, onde para cães
eleva-se o peso vivo por 0,75 e para gatos por 0,67.
48
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Para temperaturas superiores a 35 ºC o indicado é fornecer 9 ml x PM x ºC para cães e 8-12 ml
x PM x ºC para gatos. Todos esses valores acrescentados aos de mantença. Para elucidar melhor,
vamos aos exemplos.
I - Deseja-se estabelecer a estimativa de consumo de água de um cão da raça Pastor Alemão com
13,5 kg de PV vivendo em Belo Jardim, onde a temperatura chegou a 32 ºC.
1º passo: estabelecer a exigência de mantença: 60 x PV(kg) → 60 ml x 13,5 = 810 ml ou 0,81 li-
tros/dia;
2º passo: estabelecer a exigência em favor da temperatura: 6 x PM x T ºC, onde o peso metabóli-
co de cães é encontrado por: PV elevado a 0,75, logo: 6 x 13,5^(0,75) x 32 = 6 x 7,0429 x 32 =
1350 ml ou 1,35 litros/dia;
3º passo: estabelecer a exigência total para o dia através dos requerimentos de mantença e calor:
0,81 + 1,35 = 2,16 litros/dia.
II - Deseja-se estabelecer a estimativa de consumo de água de um gato com 4 kg de PV vivendo
em Serra Talhada onde a temperatura do dia foi de 35 ºC.
1º passo: estabelecer a exigência de mantença: 50 ml x PV(kg) → 50 x 4 = 200 ml ou 0,20 li-
tros/dia;
2º passo: estabelecer a exigência em favor da temperatura: 12 x PM x T ºC, onde o peso meta-
bólico de gatos é encontrado por: PV elevado a 0,67, logo: 12 x 4^(0,67) x 35 = 12 x 2,5315 x 35
= 1063 ml ou 1,06 litros/dia;
3º passo: estabelecer a exigência total para o dia através dos requerimentos de mantença e calor:
0,20 + 1,06 = 1,26 litros/dia.
Figura 23: Consumo de água de cães em função do peso vivo usando a equação estabelecida
pelo NRC (2006).
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 49
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Figura 24: Consumo de água de cães com os pesos anteriores em função da temperatura usando
a equação fornecida pelo NRC (2006). Os dados devem ser adicionados aos da figura 23, por
exemplo cão de 2 kg a 28 ºC, de 4 kg a 29 ºC e assim por diante (figura 25).
2 kg 4 kg 6 kg 8 kg 10 kg 15 kg 20 kg 25 kg 30 kg 40 kg
28 ºC 29 ºC 30 ºC 31 ºC 32 ºC 33 ºC 34 ºC 35 ºC 37 ºC 39 ºC
Figura 25: Ingestão total de água de cães em diferentes pesos sob diferentes temperaturas usando
os dados dos gráficos anteriores.
50
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Figura 26: Ingestão total de água de gatos com diferentes pesos, sob temperatura constante de
30 ºC.
Exigências de água de caprinos
Naturalmente os caprinos são animais resistentes às mais variadas e extremas condições climá-
ticas, incluindo baixa oferta de forragem e escassez de água. Dito isto, não é à toa que o maior
efetivo da espécie encontra-se na região Árida do país, que é o Sertão do Nordeste. Os animais
são adaptados a viverem com a escassez de alimentos e água e, com isso, são dotados de mecanis-
mos fisiológicos que os tornam resistentes à tal situação. Aproveitam bastante a oferta de forra-
gem, ingerindo partes de plantas que outros animais não consumiriam, como talos e folhas ve-
lhas. Além disso conseguem aproveitar todos os recursos hídricos possíveis, retendo água o maior
tempo possível no organismo e que hajam poucas perdas de água pela urina, sudorese etc.
Existem poucas fontes que expressem o consumo de água pelos caprinos, o pouco que se en-
contra na literatura é bastante divergente. Estima-se, também, que a espécie caprina é uma das
poucas que consegue suportar dias sem consumir água.
A base literária que se expressam equações e indicações de consumo se concentram, principal-
mente no NRC (1981) e NRC (2007). Sendo assim, temos que as equações de predição para o
consumo de água baseiam-se no peso metabólico, na quantidade de leite produzido pela cabra e
no consumo de matéria seca dos animais.
0,75
CA (L/dia) = 0,1456 x PV (para mantença)
CA (L/dia) = 1,43 x PL (para produção de leite)
Em que:
Equação de predição de consumo de água
PM = peso metabólico, em kg;
PL = produção leiteira, em kg. apresentada pelo NRC (1981).
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 51
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Vamos a um exemplo para melhor compreensão. Calcule o CA de uma cabra adulta com 50 kg
de PV e que está em plena produção, com 5 litros diários produzidos. Nota, primeiro deve-se cal-
cular a ingestão parcial de mantença, depois a de produção e, por fim, somar os resultados. Logo:
0,75
CA (L/dia) = 0,1456 x 50 = 0,1456 x 18,8 = 2,74 L/dia para mantença
CA (L/dia) = 1,43 x 5 = 7,15 L/dia (para produção de leite)
CA total/dia = 2,74 + 7,15 = 9,89 L/cabra/dia
Outras recomendações práticas indicam que para cada litro de leite é necessário a ingestão de 2
litros e não de 1,43. CHEEKE (2005) indica consumo de 4 a 15 L/caprino/dia; CHURCH
(2002) aponta consumo entre 8 e 30 litros/cab./dia. DRYDEN (2021) prediz consumo entre 1,5
a 4 L/dia para adultos e 6 a 15 L/dia para cabras em lactação. Em geral, o consumo varia de 3 a
15 L/dia.
REDDY (2001) cita relação ideal entre IMS e CA de caprinos igual à 1:4. O NRC (2007)
destaca consumo em relação ao número de crias da fêmea, estabelecendo relação de 7 a 10,5 li-
tros para mantença de cabra com 2 crias e de 2 a 3 litros para fêmea com 1 cria. Outras indicações
e experiência em campo indicam consumo em relação à IMS em diferentes fases fisiológicas do
animal, logo, para cabras em início da gestação é indicado 4 a 6 litros/kg de MS consumida, 7 a 8
litros/kg de MS consumida no final da gestação e 6 a 10 L/kg de IMS para cabras em lactação.
Figura 27: Ingestão total de água de caprinos em função do peso metabólico.
Notadamente, os caprinos são animais resistentes, porém, uma escassez prolongada de acesso à
água de beber pode favorecer alguns distúrbios nos animais, por isso os produtores de criações
extensivas, em que os animais caminham bastante em busca de alimentos como forrageiras e
outros, devem estar ciente de que nas limitações de seu terreno há oferta de água como bebe-
douros caseiros feitos de caixas d'água ou de cimento e que a água deve estar limpa. Faz-se
necessário, também, a avaliação de fontes que possam oferecer água suja e contaminada por
microrganismos que favoreçam a manifestação de uma doença.
52
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Figura 28: Ingestão total de água necessária para a produção de leite.
Outra fonte de predição do consumo de água pelos caprinos é a apresentada pelo NRC (2007)
que leva em consideração o consumo de matéria seca do animal.
CA (L/dia) = (3,86 x CMS) - 0,99
Equação de predição de consumo de água
Em que:
CMS = consumo de matéria seca, em kg. apresentada pelo NRC (2007).
Para fixar e elucidar vamos a um exemplo utilizando a fórmula supra. Estimar o consumo de
água de um caprino de 50 kg PV que exige um CMS de 3% em relação ao peso. Logo:
CA (L/dia) = [3,86 x (50 x 3%)] - 0,99 = (3,86 x 1,5) - 0,99 =
5,79 - 0,99 = 4,8 L/cab./dia
Além do peso e do CMS serem fatores preponderantes na predição do consumo de água pelos
caprinos, a temperatura do ar também influi na necessidade do animal. Não apenas a do ar, mas
o consumo melhora quando a água está parcialmente fria, porém, estudos apontam preferência
dos animais por água morna, mesmo em estresse sob calor, no entanto sugere-se que a tempera-
tura da água deve ser fria.
GIGER-REVERDIN & GIHAD (1991) estabeleceram o consumo ideal de água para manten-
ça de caprinos com relação ao CMS em diferentes temperaturas, enfatizando que climas quentes
necessitam de maior consumo de água pelos animais em detrimento do CMS. Sendo assim, os
autores destacaram consumo ideal de 3,14 litros por kg de CMS a 30 ºC, 4,71 litros por kg de
CMS a 35 ºC e de 4,85 litros por kg de CMS a 40 ºC. Esses dados confrontam os apresentados
pelas equações de predição propostas pelo NRC (1981) e NRC (2007), onde um macho de 70
kg de PV, 24,2 kg de PM, CMS de 2,1 a 30 ºC consumiria 3,52 litros pelo NRC (1981), pelo
NRC (2007) seria 7,12 litros e segundo os dados dos autores o CA seria de 6,6 litros.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 53
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Figura 29: Comparação do consumo de água de caprinos em função do peso, com CMS de
3,5% do PV e temperatura constante de 30 ºC conforme diferentes fontes de consulta.
Exigências de água de coelhos
Os coelhos devem ter livre acesso a alimentos e água pura. Em sistema de criação intensiva um
sistema de captação e fornecimento de água deve ser instalado, o que economiza trabalho e
elimina a contaminação da água. Se forem utilizadas vasilhas, estas devem ser limpas regularmen-
te para manter as condições sanitárias ideais. A quantidade de água consumida varia com a idade
dos coelhos, tipo de ração, estação do ano e estágio de produção. Tanto no frio quanto no
tempo quente o consumo de água aumenta. Durante climas quentes, uma coelha e sua ninhada
podem consumir 4 litros em 24 horas. No tempo frio, os coelhos comem mais ração e, conse-
quentemente, aumentam a ingestão de água.
A quantidade de água necessária é influenciada pelo nível de ingestão de ração, composição e
temperatura ambiente. Coelhos consumindo um alimento rico em fibras irão consumir mais
água do que aqueles alimentados com uma dieta de alta energia. A água extra é necessária para
umedecer a ração e manter uma mistura fluida no trato digestivo. Os ingredientes da ração,
como o farelo de alfafa, absorvem uma grande quantidade de água. Dietas ricas em proteínas
aumentam as necessidades de água.
A temperatura ambiente tem grande influência no consumo de água. Sob condições de altas
temperaturas ambientais, é essencial que os coelhos tenham acesso a água fresca, de preferência
água fria. Há alguma evidência de que a ingestão pode ser inadequada se a água estiver morna ou
quente. Em circunstâncias normais, em coelhos comerciais, uma coelha e sua ninhada
consumirão cerca de um 4 litros de água por dia. A ingestão de água é de cerca de 120 ml/kg de
peso corporal por dia. A regra a ser usada para estimar o consumo de água de coelhos é que a
ingestão de água é cerca de duas vezes o consumo de ração, com base no peso.
54
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Sob condições quentes, a ingestão de ração é reduzida e a ingestão de água é aumentada. Sob
condições de frio, o consumo de ração é aumentado, para manter a temperatura corporal.
Curiosamente, o consumo de água também aumenta no frio. Isso provavelmente se deve ao
maior consumo de ração; mais água é necessária para manter o conteúdo do intestino em seu
estado fluido normal.
Em comparação com outros animais, os coelhos têm uma alta ingestão de água. Por exemplo,
um coelho de 2 kg consome quase tanta água por dia quanto um cão da raça beagle de 10 kg.
Quando privados de comida, os coelhos desenvolvem polidipsia (excesso de ingestão de água),
resultando em perda e deficiência de sódio induzida.
Assim como nas aves, pode-se aplicar medicamentos na água de bebida. Para coelhos pode-se
ofertar água de cal como bebida com o objetivo de fornecer cálcio e proporcionar a desinfecção
dos bebedouros.
As necessidades de água relacionam-se com o tipo de alimento consumido. A alimentação
baseada em forrageiras verdes faz com que se exija menos água pelos coelhos, pois estas possuem
um alto conteúdo hídrico (20-30% de MS), mas o consumo de concentrados determina o dobro
da ingestão em água. Por exemplo, uma reprodutora em seu pico de lactação requer 200-250 ml
de água por kg de PV ao dia, enquanto que um animal de engorda ou de reposição exije 90
ml/kg PV/dia.
ANDRIGUETTO et al., (1982) destaca consumo ideal de coelhos entre 0,25 e 1 litro/ani-
mal/dia. KLINGER & TOLEDO (2020) indicam consumo de 125 ml/kg de peso corporal e de
1 litro/animal/dia em coelhos de criações comerciais.
Figura 30: Comparação do consumo de água de coelhos em função do peso conforme 120
ml/kg de peso.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 55
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Exigências de água de equinos
É muito importante ter em conta que a água é indispensável para o cavalo. Em geral, o organis-
mo dos equinos contém uma concentração adequada de água que intervém em suas atividades
metabólicas e muscular normais. Dado a inúmeras vias de perdas de água, pela urina, fezes,
sudorese, respiração, durante a gestação e, sobretudo, durante a lactação, faz-se necessário
satisfazer os requerimentos deste líquido indispensável.
A oferta de água deve ser suficiente, frequente e regular, sendo recomendável que se realize a
prática antes da oferta de concentrado a fim de evitar indigestões. O animal sedento não pode
ingerir grande quantidade de água rapidamente, devendo ser fornecido em várias ocasiões água
fria com a finalidade de evitar as "cólicas hídricas".
Por seu gosto delicado e peculiar, o cavalo é particularmente sensível à qualidade da água que
consome, recusando a água que possui mais que 7 a 9 g de SDT/litro, sendo assim, deve-se ter
cuidado em proporcionar-lhes água potável fresca e jamais gelada, devido aos riscos de cólicas
que esta pode ocasionar.
A necessidade hídrica do animal deve variar com a quantidade perdida pelo organismo e tam-
bém o tipo de alimento que o cavalo consumir (por exemplo, com feno, a exigência de água é
maior). Em éguas em lactação, essas exigências são maiores, podendo duplicar. Nos casos de
animais de esporte e trabalho, essas exigências podem passar de três a quatro vezes a necessidade
de mantença, dependendo do porte do animal, do clima, da intensidade do trabalho e da
natureza da alimentação. A deficiência no aporte de água para o animal pode ter efeitos graves.
Em locais mais quentes, uma privação de água por 72 h reduz o peso corporal em até 15%, o que
pode ser fatal.
Em linhas gerais, segundo a literatura, associa-se o consumo de água dos equinos com a necessi-
dade energética do animal, ou seja, um animal que necessitar de 25 Mcal de energia no dia
necessitará de 25 litros. Também se pode associar o consumo de água ao de alimento, sendo de 3
a 4 litros de água por kg de matéria seca consumida pelo animal. Vale destacar que esses valores
são extremamente variáveis conforme condições climáticas ou geográficas, individualidades, raça
etc.
O consumo de água para um cavalo, com alimentação de forragem fresca, está em torno de 30 a
70 ml/kg/dia, o que daria uma variação média de 15 a 35 litros diários para um cavalo de 500 kg,
dependendo das condições climáticas e ambientais e de variações individuais.
Para animais de trabalho, a água é fundamental no treinamento, antes da competição, durante
esta, em provas de longa distância e ao final. Ou seja, sempre que o animal tiver sede, devemos
disponibilizar água fresca e limpa.
Vale salientar que erros no fornecimento de água como fornecimento muito rápido, água mui-
to fria, irregularidade na oferta ou escassez da mesma, ou seja, restrição de água, podem ser
estopim para distúrbios como cólicas gástricas. Ambas situações podem causar vasoconstrição
dos vasos do estômago, levando a um quadro de cólica.
Excesso de proteína na ração aumenta o consumo de água pelos animais.
56
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Pode-se administrar medicamentos, vitaminas e minerais através da água de consumo dos ani-
mais. Também pode-se ofertar eletrólitos para serem absorvidos pelo organismo animal e manter
a homeostase em casos de distúrbios.
ANDRIGUETTO et al. (1982), TEIXEIRA (1998) e CHEEKE (2005) concordam com
consumo de 30 a 45 L/dia ou 2 a 3 L/kg de MSI para animais adultos; 57 L/dia para éguas em
lactação; 35 L/dia para animais em descanso (ócio) e 58 L/dia para animais em trabalho pesado
como aração/tração. CYMBALUK (1989) trabalhando com equinos em diferentes idades e
estágios fisiológicos, em seu artigo estabeleceu a relação de IA e peso ou MSI, logo para animais
em mantença o ideal é o fornecimento de 2,7 a 5,5 L/100 kg de PV, onde um animal de 500 kg
consumiria de 13,5 a 27,5 L/dia; fornecimento de 2 a 4 L/kg de MSI e 6,2 a 6,4 L/100 kg de PV
para animais de trabalho e esportistas ou em lactação e gestação. CHURCH (2002) apresenta
consumo entre 30 a 60 litros/animal/dia. LANA (2005) e CHIBA (2009) destacam consumo de
50 L/dia para éguas em lactação e 40 L/dia para cavalo em trabalho de média intensidade.
DRYDEN (2021) apresenta consumo entre 55 a 70 L/dia para cavalos em trabalho, 20 a 45
L/dia para cavalos em repouso e 4 a 5,5 L/dia para potros entre 6 e 10 semanas. Experiências
práticas com criadores de equinos indicam que um animal necessita de água entre 5 a 6% do seu
PV, com o consumo diário variando entre 10 e 90 litros/animal/dia conforme fatores como
idade, temperatura e tipo de ração.
FRAPE (2010) estabelece predição de consumo de 2 L/kg de MSI ou 5 L/100 kg de PV para
animais em mantença e de 5-6 L/kg de MSI ou 12-15 L/100 kg de PV para animais em trabalho.
O NRC (2007) , uma referência mundial, estabelece a predição de consumo de 5 L/100 kg de
PV ou 30 a 50 L/dia para um equino de 500 kg em mantença, 27 a 45 L/dia para fêmea de 500
kg de PV gestante e 40 a 80 L/dia para lactantes; já para animais de trabalho estabelece 70 a 90
L/dia para 1 hora de exercício a 35 ºC e 500 kg de PV; já para potros é ideal 3,9 L/dia no
primeiro mês, 5,5 L/dia nos próximos meses e órfãos devem consumir 10 a 11 L/dia na sétima
semana de idade.
Figura 31: Comparação do consumo de água de égua em lactação com 400 kg de PV com base
nas indicações de fornecimento de diferentes autores para MSI e PV.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 57
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Exigências de água de ovinos
Nas formulações de rações para ovinos, normalmente, a água não é considerada, uma vez que
seu fornecimento faz parte do manejo dos animais. Não obstante, o desempenho animal pode
ser afetado pelo fornecimento de quantidades inadequadas de água, ou mesmo, pela disponibili-
dade de água imprópria ao consumo.
Para administrar água limpa aos animais, deve-se procurar métodos seguros, como bebedouros
que possam ser lavados e desinfetados com regularidade. É imprescindível que os animais sempre
recebam água tratada para que tenham saúde e apresentem bom desempenho produtivo.
A falta de água prejudica a performance produtiva e reprodutiva dos animais. Para evitar per-
das causadas pela falta de água é interessante ter um reservatório com capacidade de armazenar
água o suficiente para atender a demanda de três dias.
O consumo pode variar em função do tipo de alimento consumido, condições climáticas, ta-
manho do animal, função produtiva e temperatura da água. As necessidades em água variam em
função da qualidade, da quantidade e de sais minerais presentes nos alimentos, além das
condições climáticas, da genética, do estado fisiológico (superiores nas fêmeas em lactação do
que nas fêmeas secas e superior nas fêmeas gestantes do que nas fêmeas vazias), do estado
produtivo (duas ou mais vezes superiores nos animais em produção do que nos animais em
mantença), do exercício físico, entre outros fatores.
A qualidade da água depende de alguns fatores como o pH, as concentrações de SDT e a pre-
sença de algas, lama, fezes, matéria orgânica em decomposição e de microrganismos etc. Se a
qualidade da água for ruim, os animais tendem a beber menos, consequentemente, diminuem o
consumo de alimentos, crescem menos, perdem condição corporal, produzem menos ou param
a produção de leite, carne ou lã e podem morrer de sede, por doença ou por algum distúrbio
metabólico ou toxicidade. A quantidade e a qualidade da água ingerida determinam, em grande
parte, a sanidade e a digestibilidade da dieta e, consequentemente, a produtividade do plantel. Os
animais confinados são mais sensíveis à falta de água e a variações na sua qualidade. As fêmeas
gestantes ou em lactação são igualmente mais sensíveis à falta de água e à alteração da qualidade
da água que fêmeas em mantença.
Uma parte da água que os animais precisam é ingerida através dos alimentos e a outra, que é
maior, através da bebida direta pelos lagos, rios, açudes ou bebedouros. O consumo diário de
ovinos varia de 1 até 11,5 litros dependendo da época do ano (se é quente ou fria), do manejo (se
a criação é solta ou confinada/semiconfinada) e do tipo de alimento que consome (suculentos,
como palma-forrageira, ou seco, como feno, palhas, farelos etc.).
Ovelhas paridas, produzindo leite e amamentando as crias, consomem cerca de 50% a mais de
água do que ovelhas que não estão produzindo leite. Por isso, elas necessitam de água abundante
e de boa qualidade. Lembre-se que 80-85% do leite ovino é composto por água.
Ovelhas necessitam de 1 a 2 litros/dia quando se alimentam de forragens verdes, com baixo te-
or de MS, como é o caso da palma-forrageira. Em contrapartida, esse requerimento pode ir à 6
litros/dia em épocas secas, quando a temperatura é mais alta e as forragens estão secas, com baixo
teor de umidade. Também deve-se evitar que os ovinos caminhem longas distâncias, principal-
mente nas horas mais quentes do dia, para que consigam uma fonte de água para consumo,
sendo imprescindível o uso de bebedouros em regiões estratégicas da propriedade.
58
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Deve-se considerar que os requerimentos de água para um ovino em mantença são de 2 a 3,5
L/dia, para ovelhas em lactação de 4 a 7 L/dia e para cordeiros de 2 L/dia. Como medida, um
ovino de 45 kg de PV consome entre 3,5 a 4 L/dia, embora não necessariamente consuma
diariamente esta quantidade. O que peremptoriamente ocorre é a ingestão de até 10 L/dia e
voltam a ingerir água cerca de 2 dias depois. Se a forragem predominante na propriedade for
muito seca, ou seja, se o teor de MS da forragem for alto, geralmente >60-70%, o consumo de
água aumente consideravelmente, igualmente como ocorre nas épocas mais quentes, como no
verão. Além da água de bebida, parte dos requerimentos de água dos ovinos, são atendidas pela
oxidação dos nutrientes (água metabólica), pelo orvalho presente nas folhas de forrageiras
quando os animais pastam no horário do amanhecer etc. O conteúdo de sal da água deve ser de ,
no máximo, 1% para que não se afete o estado de sanidade do animal.
Existem uma série de fatores que interferem na ingestão de água pelos animais, e com os ovinos
isso não muda, sendo a composição da dieta, a idade, o estado fisiológico um dos fatores. Entre
os fatores que afetam a IA, indubitavelmente, o consumo de matéria seca (MS) é o principal, e a
forma mais usual de expressar a ingestão de água é relacioná-la à MS ingerida. A recomendação
ideal encontrada na literatura para animais em mantença é de 4 litros de água/kg de MS ingerida.
Para ovelhas no último mês de gestação, em temperaturas acima de 15°C, a recomendação de
água é de 4,5 L/kg de MSI e para ovelhas em início de lactação, de 3 litros de água/kg de MSI.
Outros fatores que interferem no consumo de água pelos ovinos é a temperatura e a categoria,
sendo a temperatura um dos principais, depois da relação IA e MSI. Na tabela 11 são
apresentados a variação no consumo de água de ovinos em diferentes estados fisiológicos e
temperaturas. Além disso, faz-se imprescindível salientar que a fonte de água para os ovinos deve
ser limpa e estar sempre ad libitum.
Tabela 11: Consumo ideal de água (litros/kg de MSI) de ovinos em diferentes estados fisioló-
gicos, em diferentes temperaturas
Fonte: DA SILVA & AIRES, 2018.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 59
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
DA SILVA & AIRES (2018) trabalhando com ovinos em uma propriedade, ofertaram diaria-
mente uma quantidade de água aos animais e estabeleceram um consumo ideal para ovinos em
função da categoria e estado fisiológico e produtivo (tabela 12).
Tabela 12: Consumo diário de água, em litros/dia, de acordo com a categoria animal
Fonte: DA SILVA & AIRES, 2018.
DA SILVA & AIRES (2018), de posse dos dados,
eu, como primeiro autor do seminário, calculei a
quantidade mínima de água para meu rebanho, em
Belo Jardim. Vamos aos cálculos:
Dados, em 2018 meu rebanho dispunha de:
26 ovelhas secas
2 carneiros
11 ovelhas em lactação
18 cordeiros em aleitamento
25 cordeiros em engorda/terminação
Quantidade de água necessária por dia = número de
animais x quantidade exigida pelo animal (tabela 12)
Ovelhas secas:
Quantidade de água = 26 x 7,5 = 195 litros/dia para suprir a necessidade do rebanho de
ovelhas secas
Carneiros:
Quantidade de água = 2 x 7,5 = 15 litros/dia
Ovelhas em lactação:
Quantidade de água = 11 x 11,3 = 124 litros/dia
60
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Cordeiros em aleitamento:
Quantidade de água = 18 x 0,75 = 13,5 litros/dia
Cordeiros em engorda/terminação:
Quantidade de água = 25 x 5,7 = 142,5 litros/dia
Com isso, a quantidade total de água necessária para o rebanho é de:
195 + 15 + 124 + 13,5 + 142,5 = 490 litros/dia para suprir o rebanho.
A disponibilidade de água deve ser sempre superior à necessária. Esse cálculo deve ser feito le-
vando-se em conta a necessidade de água usada para outras funções, como limpeza das baias, dos
bebedouros etc., somando-a com a quantidade exigida pelos animais. Logo, é de suma importân-
cia ter um reservatório com capacidade para suprir as necessidades diárias caso falte água por
alguns dias. Neste caso, o gasto diário com o rebanho e demais atividades foi de mil litros/dia.
Na literatura encontram-se bastante informações acerca da predição de consumo de água pelos
ovinos. REDDY (2001) indica relação IA:MSI de 4:1 e consumo variando entre 4 a 12
litros/animal/dia. ANDRIGUETTO et al. (1982) e TEIXEIRA (1998) corroboram a predição
de consumo em relação à MSI, sendo a ideal 2 L/kg de MSI para animais confinados, 5 a 6 L/dia
para animais em pastejo em dias quentes, 5 a 6 L/dia para fêmeas em lactação, mais 2,5 a 3 litros
adicionais em dias quentes e 3 a 9 L/dia para ovelhas gestantes. CHURCH (2002) prediz consu-
mo variando entre 8 e 30 L/cab./dia. CHEEKE (2005) indica consumo variável entre 4 e 15
L/dia. LANA (2005) e CHIBA (2009) concordam com consumo de 6 L/dia para ovelhas em
lactação e 4 L/dia para cordeiros em engorda. EL MAHDY (2020) apresenta valores de 8 L/dia
para ovelhas secas, 11 L/dia para ovelhas com 1 cria, 11 L/dia para carneiros e 2 a 4 L/dia para
cordeiros. DRYDEN (2021) apresenta 9 a 14 L/dia para ovelhas em lactação, 5 a 7 L/dia para
ovelhas secas e 1,5 a 2,5 L/dia para cordeiros e 3,5 a 4 L/dia para cordeiros desmamados.
O NRC (1985, 2007) apresenta a mesma equação utilizada para caprinos sendo viável para os
ovinos e que leva em consideração a quantidade de MS ingerida pelo animal durante o dia.
Ainda cita o consumo ideal de ovelhas gestantes com 1 e 2 fetos segundo a MSI, sendo indicado
o consumo de 4,3 a 5,2 L/kg de MSI para ovelhas gestantes de 1 feto e 7 a 8 L/kg de MSI para
ovelhas com 2 fetos.
CA (L/dia) = (3,86 x CMS) - 0,99
Equação de predição de consumo de água
Em que:
CMS = consumo de matéria seca, em kg. apresentada pelo NRC (2007).
Os ovinos são mais exigentes quanto ao consumo e mais sensíveis quanto à falta de água do que
os caprinos, logo, a criação extensiva vinculada à espécie caprina é uma decisão que poderá trazer
transtornos ao produtor, principalmente se as fontes de água forem escassas, salinas ou distantes.
Logo, é imprescindível a disponibilidade de cochos nas limitações da área da propriedade que
disponha de água de boa qualidade e a uma temperatura ideal.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 61
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Exigências de água dos suínos
Existe uma elevada variabilidade e discrepância "entre" e "intra" estudos sobre as necessidades
de consumo de água ou qualidade da mesma entre autores. Os principais fatores de variação do
consumo descritos são a temperatura ambiental, a temperatura da água, o consumo de matéria
seca e a composição dos alimentos. Sendo assim, em leitões desmamados, o intervalo encontra-se
entre 1 e 3,7 L/animal/dia. No caso de animais pré-engorda e engorda o valor médio está
próximo aos 3 a 6 L/animal/dia, respectivamente. Em porcas vazias e lactantes, o consumo mé-
dio é próximo dos 11 a 19 L/animal/dia, respectivamente. Os valores do INRA (1989) com
consumo médio de 10 L/porca/dia e do NRC (2012) com consumo médio de 20 L/porca/dia
para fêmeas gestantes, não corroboram com o intervalo de valores do resto dos estudos (entre 15
e 17 L/porca/dia). Em situações de altas temperaturas ambientais, caso da maioria das regiões
brasileiras no verão, é recomendável consumo superiores a 20 a 25 L/animal/dia para porcas em
lactação.
Os ingredientes mais comumente usados nas dietas para suínos contêm cerca de 10 a 12% de
água (umidade) (NRC, 2012), pelo que a quantidade de água fornecida a partir dessa fonte é
muito limitada. Assim sendo, a água de bebida potável é de longe a fonte de água mais
importante para os suínos. Lembrando que essa via de regra serve para as demais espécies de inte-
resse zootécnico.
A determinação das necessidades fisiológicas de água dos suínos é uma tarefa muito desafiado-
ra. As estimativas das necessidades de água com base nas medições do uso de água pelos animais
pode dar valores que são geralmente superestimados uma vez que o desperdício não é levado em
consideração na maioria dos casos, ou seja, um cachaço na baia 1 pode ingerir cerca de 20 litros
no dia, um outro cachaço de mesmo peso na baia 2, ao lado, pode ingerir 12 litros no mesmo dia,
dando a ideia de que houve desperdícios de água pelo animal da baia 1. Portanto, ao determinar
as necessidades de água atenção especial deve ser exercitada para diferenciar entre consumo de
água e desperdício ou perdas da mesma pelos animais.
Suínos são animais bastante sensíveis ao calor e principalmente ao déficit de água. Consomem
bastante água em função de altas temperaturas. Em viagem de Belo Jardim, Pernambuco, até o
Congo, na Paraíba, uma porca de 80 kg, submetida a um transporte deficiente e apenas uma
cobertura de lona para livrá-la da radiação solar direta, morreu dada a falta de água por questão
de minutos, por mais que o motorista e o carona estivessem fornecendo água de posto em posto
e banhando a mesma.
Os suínos consomem uma média de 1,5 a 2 L/kg de ração consumida. Em ambientes quentes o
consumo voluntário de água pode chegar a 4,0 a 4,5 L/kg de ração consumida. Os leitões ao
desmame podem ingerir voluntariamente até 2 litros de água para cada 10 kg de peso corporal.
As porcas lactantes deverão ter livre acesso à água para que produzam leite adequadamente. Os
leitões lactentes não consumirão quantidades adequadas de dieta de iniciação a menos que
tenham água disponível.
Do exposto, pode-se deduzir a enorme importância de se ter uma fonte abundante e constante
de água limpa. É preferível que a água seja de propriedade da granja, como de um açude, rio,
barragem etc. que seja captada e levada para caixas d'água, por exemplo, para que o abastecimen-
to não esteja sujeito a irregularidades.
62
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Ao se realizar a estimativa dos requerimentos de água do rebanho na granja, não apenas de suí-
nos, mas de todos os animais estabulados, deve-se considerar as necessidades de água para limpe-
za e aspersão, além da água de bebida. É impossível obter um bom programa de sanidade e
manter um certo número de suínos, ou outros animais, confortáveis e limpos se a granja não
possuir uma fonte abundante e potável de água.
Os suínos são tão exigentes como outros animais, como as aves, na qualidade bacteriológica da
água que consomem. Portanto, é viável realizar análises bacteriológicas da água com frequência e
corrigir com soluções desinfetantes a contaminação microbiana existente, se houver. O trata-
mento da água é prioritário em explorações dedicadas a cria, já que com esta medida se reduz a
incidência de doenças e diarreias em leitões.
Via de regra um suíno consome diariamente cerca de 7 a 8% de seu peso em água. A falta de
água resulta em perda de apetite, menor eficiência na utilização do alimento e disfunções dos
processos fisiológicos. Muitos surtos de doenças e infestações de parasitas são devidos a poços,
lagos, rios ou bebedouros contaminados, ou seja, deve-se ter cuidado no uso da água de fontes
suspeitosas e evitá-las sempre que possível.
GARRIDO et al., (2012) avaliaram a variação e discrepância nas indicações de requerimentos
de água pelos suínos alicerçados por diferentes autores e literaturas em função da categoria e
estado fisiológico dos animais (tabela 13). A comparação dos dados é importante para visualizar-
mos o quão dispersante são as estimativas e predições do consumo de água pelos suínos.
Tabela 13: Estimativas do consumo de água (em litros/dia) em função da categoria animal e autores
Legenda: os valores em parênteses representam a variação apresentada pelos autores. Os dias
significam o período em que os animais ficam na categoria, por exemplo, 47 dias para que os
leitões da creche cheguem a 50 kg e saiam para o crescimento. Fonte: GARRIDO et al., 2012.
A tabela 13 serve de apoio para visualizar o quanto os dados das necessidades hídricas dos suí-
nos podem variar conforme os métodos que se empregam e dados que se avaliam. Existe varia-
ções até entre os próprios autores e sua obra.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 63
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Figura 32: Dispersão dos dados de consumo de água em leitões na fase de creche e linha de ten-
dência conforme os dados da tabela 13.
Os requerimentos de água pelos suínos pode ser afetado por diversas variáveis, tais como o peso
corporal, qualidade da água, salinidade, temperatura da água e do ambiente, umidade do ambi-
ente, ingestão de alimento, composição do alimento (teor de proteína, fibra, sal), estresse e condi-
ção imunológica, tipo e regulagem dos bebedouros etc.
Na literatura, as necessidades de água dos suínos Tabela 14: Estimativas do CA (em litros/dia)
são as que apresentam maiores variações dentre as segundo o PV
espécies zootécnicas. MAMEDE (1980) foi um dos
pioneiros a destacar a estimativa de consumo de água
por suínos conforme o peso vivo (tabela 14).
ANDRIGUETTO et al. (1982) destaca predição de
consumo de 3 L/kg de MSI para suínos em
crescimento até 8 semanas, até 30 L/dia para animais
entre 80 e 100 kg de PV, 12 a 20 L/dia para porcas
em lactação e 1,8 L/kg de MSI para suínos no final
da engorda. O INRA (1989) destaca estimativa de 3
a 3,5 L/kg MSI para leitões desmamados, 2,2 - 2,5
L/kg de MSI para crescimento/terminação, 2 a 2,2
L/kg de MSI para fêmeas vazias, 20 L/dia para matrizes em lactação e 10 L/dia para matrizes
gestantes. NUNES (1998) afirmou que leitões devem ingerir água já no primeiro ou segundo dia
pós-nascimento, também estimou consumo de 0,19 litros/kg de peso/dia para leitões na
primeira semana de vida, 2,8 a 4,3 L/kg de MSI para leitões desmama-dos, porcas no início da
gestação devem consumir 10 a 13,5 L/dia, na gestação avançada 20 L/dia e matrizes em lactação
devem ingerir 18 a 25 L/dia. REDDY (2001) estabeleceu razão CMS:IA de 1:3, sendo, portanto,
necessários 3 litros de água por kg de ração consumida.
64
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
CHURCH (2002) estima consumo variando entre 10 e 20 L/suíno/dia. CHEEKE (2005)
estima consumo entre 11 e 19 L/animal/dia. LANA (2005) e CHIBA (2009) corroboram
valores de 6 L/dia para suínos em crescimento (30 kg de peso), 8 L/dia para animais em engorda
(faixa de peso entre 60 e 110 kg) e 14 L/dia para matrizes em lactação. BERTECHINI (2012),
citando dados do NRC (2012), afirmou que a melhor relação de consumo de água em
detrimento ao consumo de ração é entre 1,9 e 2,5 L/kg de ração, já para leitões entre 5 e 8
semanas o ideal é a ingestão de 20 L/100 kg de PV e para animais em terminação o consumo
ideal é de 7 L/100 kg de PV.
A ABCS (Associação Brasileira dos Criadores de Suínos) indica consumo de 15 a 20 L/dia para
porca gestante e puerperal (fase puerperal corresponde do parto até, mais ou menos, 3 semanas
pós-parto, quando há necessidade da regeneração endometrial dada a gestação anterior), 20 a 30
L/dia para matrizes 1 semana antes do parto, 14 a 23 L/dia para matrizes em lactação, 2 a 6 L/dia
para a faixa de peso entre 25 e 110 kg e 4 a 10 L/dia na fase de terminação.
BROOKS et al. (1984 apud NRC, 2012), elaboraram uma equação de predição do consumo
de água em leitões desmamados entre a 3ª e 7ª semana de idade, levando em consideração o
consumo de matéria seca, ou seja, a quantidade, em kg, de ração que o animal consome.
CA (L/dia) = 0,149 + (3,053 x CMS)
Equação de predição de consumo de água
Em que:
CMS = consumo de matéria seca, em kg. apresentada por BROOKS et al. (1984).
O NRC (2012) estima o consumo de água de
animais segundo o estado fisiológico e categoria Tabela 15: Estimativas do CA (em litros/dia)
segundo a categoria/estado fisiológico
(tabela 15) e também para animais em crescimento e
terminação segundo o manejo alimentar dos animais,
sendo assim, para animais na faixa de 20 a 90 kg de
peso vivo, quando há arraçoamento, ou seja, a oferta
de ração duas vezes por dia, o ideal é o consumo de 2
L/kg de ração consumida, quando a ração é fornecida
ad libitum a ingestão deve ser de 2,5 L/kg de ração
consumida, já quando os animais estão sob restrição
alimentar, o consumo de água é de 3,7 L/kg de ração
consumida, valor este que os animais consomem para
manter a sensação de saciedade dada à restrição de
ração. Entre 10 e 22 semanas o consumo estimado é
de 2,6 L/kg de ração.
BROOKS et al. (1984 apud CHIBA, 2009), elaboraram outra equação de predição do
consumo de água que contempla as demais categorias. Leva em consideração não apenas o CMS,
mas o peso metabólico dos animais.
CA (L/dia) = 0,788 + (2,23 x CMS) + (0,367 x PM)
Em que: Equação de predição de consumo de água
CMS = consumo de matéria seca, em kg.
PM = peso metabólico. apresentada por BROOKS et al. (1984).
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 65
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Para elucidar, vamos à exemplos. Utilizando a primeira equação, calculemos o CA de leitões na
fase de creche com 15 kg de PV e CMS de 0,8 kg:
CA (L/dia) = 0,149 + (3,053 x 0,8) = 2,6 L/animal/dia
Utilizando a segunda fórmula, calcular o CA de macho em terminação com 100 kg de PV e 4
kg de CMS:
0,6
CA (L/dia) = 0,788 + (2,23 x 4) + (0,367 x 100 )
CA (L/dia) = 0,788 + 8,92 + (0,367 x 15,85)
CA (L/dia) = 0,788 + 8,92 + 5,82 = 15,5 L/animal/dia
Vejamos um exemplo se ambas as fórmulas pudessem estimar o consumo de qualquer catego-
ria. Calcular o CA de matriz em lactação com 180 kg PV e CMS de 6 kg:
CA (L/dia) = 0,149 + (3,053 x 6) = 18,5 L/animal/dia
0,6
CA (L/dia) = 0,788 + (2,23 x 6) + (0,367 x 180 ) = 22,4 L/animal/dia
Figura 33: Predição do consumo de água por leitões durante a 3ª e 7ª semana, conforme
equação I proposta por BROOKS et al. (1984). A faixa de peso e o CMS dos leitões foram
tomadas de ROSTAGNO et al. (2017) pp. 403-404.
Os dados da figura 33 corroboram com as estimativas de alguns autores quanto ao forneci-
mento de água para leitões durante as primeiras 8 semanas, tais como MAMEDE (1980),
ANDRIGUETTO et al. (1982) e INRA (1989). Destaca-se que o abastecimento de água limpa
e fresca na propriedade é de suma importância, bem como o tipo de bebedouro que a granja
dispõe, uma vez que interferirá no bom desempenho dos animais na fase de crescimento.
66
Capítulo 9 - Requerimentos de água pelos animais
Figura 34: Predição do consumo de água por suínos fêmeas e machos em diferentes pesos e
categorias, conforme equação II proposta por BROOKS et al. (1984). A faixa de peso e o CMS
dos leitões foram tomadas de ROSTAGNO et al. (2017). Note que, até os 80 kg de PV, a
predição do CMS das fêmeas é maior que os machos, logo, consomem mais água em detrimento
do maior valor na equação.
EL MAHDY (2020) estima consumo de 5 a 9 L/dia para porcas vazias, 18 a 23 L/dia para
fêmeas lactantes, 9 L/dia para cachaços, 5 a 9 L/dia para animais entre 80 e 100 kg (terminação),
4 a 5 L/dia para leitões entre a 3ª e 4ª semana e 5,6 L/dia para porcas paridas. DRYDEN (2021)
estima consumo de 20 a 40 L/dia para fêmeas vazias e em reprodução, 3,5 a 14 L/dia para suínos
em crescimento e terminação e entre 0,5 a 9 L/dia para animais desmamados.
DA SILVA et al. (2018) trabalhando com suínos na Unidade Educativa de Produção (UEP) de
suínos no IFPE Campus Belo Jardim, destacaram que o consumo de 1,3 L/dia na fase de creche
foi essencial na melhoria do parâmetro ganho de peso diário (GPD) e na melhor conversão
alimentar (CA), também enfatizaram que fêmeas em lactação consumiram uma média de 11,7
L/dia na 1ª semana de lactação e média de 36,5 L/dia no 20º dia de lactação, destacando que os
dados de estimativa e predição de consumo para porcas em lactação podem ser obsoletos e defici-
entes; esse aumento na ingestão de água pelas porcas, segundo os autores, está associado a maior
oferta de ração, ou seja, no aumento do consumo de matéria seca pelas fêmeas. Os autores tam-
bém destacaram que a oferta de 15 a 20 L/dia para fêmeas está associada à prevenção de proble-
mas urinários.
DA SILVA et al. (2018) também apresentaram valores de predição do consumo de água para
suínos em diferentes categorias e estados fisiológicos com base na observação e medição,
retirando os valores de desperdício pelos animais, bem como embasados pela literatura (tabela
16). Segundo os autores, as variações entre as categorias derivam do mínimo para menores pesos,
por exemplo, maior ingestão para maior número de fetos em desenvolvimento, por exemplo, e
maior ingestão dado maior número de leitões mamando e necessidade de maior produção de
leite.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 67
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Tabela 16: Consumo diário de água, em litros/dia, de acordo com a categoria animal
* - cachaços ou reprodutores em geral consomem mais água em detrimento do esforço durante a
estação reprodutiva onde a granja pode optar por monta natural ou coleta de sêmen para
inseminação das fêmeas.
68
Capítulo 10
Metabolismo e perdas
de água
A água ingerida pelo animal
participa de basicamente todos os
processos bioquímicos do corpo, bem
como faz parte da composição de
praticamente todo o organismo. Dito
isto, a água que o animal consome
segue para a filtração nos rins; grande
parte desta é absorvida no trato
gastrintestinal do animal, sendo
utilizada para a formação da urina,
composição das fezes, da saliva e dos
sucos digestivos (figura 35). Como
dito, outra parte da água é perdida nas
diferentes vias de eliminação ou perda
de água. A ingestão de água aumenta
à medida que a temperatura do ar
aumenta, para contrastar ou equili-
brar as maiores perdas pelas vidas de
eliminação de água como a sudorese,
por exemplo, ao mesmo tempo que
ocorre maior consumo de água o
consumo de alimentos diminui para
evitar incremento calórico. Figura 35: Metabolismo da água no organismo equino.
A figura 35 apresenta o ciclo da água em grandes animais, nesse exemplo um equino de 485 kg
de PV. No ciclo diário se movem grandes quantidades de água, se bem que o consumo de água
pelos animais pode ser baixo, dada a grande reabsorção à nível maior no trato digestivo.
Como dito no capítulo anterior, existem inúmeros fatores fisiológicos, nutricionais e ambien-
tais que podem influir nos requerimentos de água pelos animais de produção. Portanto, é difícil
fornecer estimativas universais de requisitos. Porém, estimar os requerimentos é de grande
importância, uma vez que constantemente o animal perde água e é necessário a reposição do
líquido para órgãos, tecidos etc.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 70
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
A perda de água é uma das variáveis mais importantes que podem alterar as necessidades hídri-
cas dos animais. A excreção de água aumenta quando os animais são alimentados com dietas que
contêm grandes quantidades ou excesso de minerais, principalmente Na, e proteínas.
O excesso de proteína na dieta aumenta a perda de água, já que o produto do metabolismo fi-
nal da proteína é a ureia, em mamíferos, que necessita de grande quantidade de água para que
seja excretada, consequentemente, aumenta o consumo da mesma. A perda de água também
aumenta com o aumento da ingestão de fibras. O aumento da ingestão de sal (NaCl) geralmente
aumenta a ingestão de água e, concomitante, ocorre aumento da excreção urinária.
Alimentos com propriedades ou fatores antinutricionais laxativos, como é o caso do farelo de
trigo em excesso, também aumentam a ingestão de água, explicado pela função do organismo de
manter a homeostasia em detrimento do aumento na excreção de água nas fezes devido a diar-
reia.
A transpiração e as perdas insensíveis de água da pele (por exemplo, por evaporação) são uma
das principais vias de perda de água nos animais, mas a água é continuamente perdida através do
trato respiratório durante o processo normal de respiração. O aumento da temperatura ambiente
pode levar a aumento da respiração e respiração ofegante, principalmente em cães (arfar) e nas
aves e, portanto, aumento da perda de água.
Sob condições de alimentação limitadas, principalmente quando há manejo de restrição ali-
mentar, comum em aves e suínos, os animais tendem a consumir alimentos em excesso e
altamente variáveis quanto a composição de matéria seca e água. Os animais privados de alimen-
tação podem apresentar ingestão grosseiramente excessiva de água, que é muitas vezes referida
como polidipsia induzida pela fome.
Existem diferentes formas de entrada de água no organismo animal (bebida, alimentar, oxidati-
va) e diferentes formas de eliminação ou perdas (figura 36).
Figura 36: Os principais fluxos de água na escala de uma vaca leiteira alimentada com ração à
base de silagem de milho e sob condições termoneutras (KHELIL-ARFA, 2012). Neste teste a
retenção de água corporal foi de 1 L/dia.
A figura 36 apresenta um resumo das fontes e das vias de eliminação/perdas de água, nesse
exemplo, as de uma vaca leiteira. Destaca-se que as perdas são tão grandes que a água retida no
organismo do animal foi de apenas 1 litro.
71
Capítulo 10 - Metabolismo e perdas de água
Nas aves, ao invés da perda pelo leite, perde-se água pelos produtos como os ovos. Em cães e
gatos perde-se água pela reposição dos tecidos, pelos etc. O equino é a espécie mais eficiente em
perder água, uma vez que possui mais glândulas sudoríparas. Nos equinos, além da perda pela
respiração e sudorese, pode-se perder água através da perspiração que é a difusão de água pela
pele.
No estudo de KHELIL-ARFA (2012), uma vez que 1 L/dia é retido e 110 perdidos, as perdas
correspondem a 13,64% pela urina, 17,27% através da sudorese e respiração, 25,45% através do
leite e 43,64% de perdas pelas fezes.
A perda de água pela pele (perspiração, sudorese, transpiração etc.) é um dos meios mais im-
portantes de eliminação do excesso de calor do corpo pelo mecanismo de evaporação de água a
fim de regular a temperatura interna do organismo animal, e essa perda é aumentada por um
aumento da atividade muscular e da temperatura do ar. A ausência de glândulas sudoríparas,
como nas aves, ou a baixa quantidade delas na maioria dos animais, os pulmões podem
desempenhar um papel de destaque no processo de eliminação do calor corporal pelo processo
de eliminação do vapor de água por meio da expiração.
Pode-se perder água através da ação funcional dos rins. Os dois rins regulam o volume e com-
posição dos fluidos corporais, bem como regulam o volume de água excretado de acordo com o
volume da quantidade filtrada a partir dele, a quantidade de água utilizada pelos órgãos e a con-
centração de compostos produzidos a partir do catabolismo do metabolismo, como elementos e
compostos nitrogenados como a ureia, na qual a água é necessária na excreção, uma vez que a
ureia é tóxica e não pode circular na corrente sanguínea; e para os rins a capacidade de filtração e
retenção do filtrado e a reabsorção da água a fim de reduzir ao mínimo a perda de água. Por
exemplo, em cães 98,95% é reabsorvido e 1,05% transformado em urina. As necessidade de água
aumentam com o aumento da perda, que é proporcional à quantidade de elementos minerais e
proteína na alimentação, e o motivo que se deve à falta de metabolismo da água produzida ao
consumir alimentos de alto teor de proteína em comparação com a quantidade de água
metabólica produzida a partir do catabolismo de gorduras e carboidratos. Nas aves, a amônia é
convertida em ácido úrico, que é o produto final do metabolismo das proteínas, sendo excretado
de forma precipitada sólida com uma pequena perda de água para diluí-lo, tendo, portanto, mais
economia na água metabólica em comparação com a quantidade de metabólico produzido a
partir do catabolismo de proteínas na forma de ureia como ocorre nos mamíferos e, com base
nisso, as necessidades hídricas das aves são menores do que as necessidades dos mamíferos e, por-
tanto, as aves são menos sensíveis à escassez temporária de água. Quanto aos mamíferos, estes
suportam mais a escassez de alimentos do que a de água.
A água perdida durante os processos de digestão e absorção de nutrientes é dependente do tipo
e forma física do alimento fornecido, sendo maior a perda com maiores consumos de alimentos
grosseiros e com o fornecimento de alimentos não porcionados ou fracionados. Alimentos
digeridos, e essa quantidade varia conforme o tipo de animal, então vacas tendem a perder mais
água que as ovelhas, uma vez que as fezes bovinas possuem média de 80% de água e as fezes
ovinas são mais secas.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 72
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Resumidamente, temos que as fontes de perda de água dos animais são urina, fezes, pulmões,
pele e produtos animais (carne, leite, ovos, lã etc.).
Representa 15-21% da água ingerida (alimento + livre);
Está positivamente relacionada com a disponibilidade de
água, água absorvida e [N e K] na urina;
Está negativamente relacionada % MS ração.
É importante fonte de perda de água (pode exceder a
perda pela urina);
Pode representar em torno de 18% da perda total de
água;
Varia em função da atividade física e da temperatura.
O ar expelido é saturado (300 a 700mL/dia).
~ 30% da água ingerida (alimento + livre) ;
12-14% de sólidos totais;
86-88% de ÁGUA.
73
Capítulo 11
Água nos alimentos
Existe uma gama de alimentos usados na alimentação animal, desde os mais comumente utili-
zados e corriqueiros, que são a base da alimentação, como o milho, farelo de soja, algodão, trigo,
silagens etc. até os não convencionais, mas com alto potencial de utilização como farelos de
frutas, batatas, bananeira etc. Com isso, existe também, uma série de composições diferentes de
água nos alimentos.
A composição dos alimentos é variável entre os métodos empregados pelos autores, sendo as-
sim, sempre é necessária a recomendação da determinação da composição bromatológica dos
alimentos disponíveis na granja ou propriedade. DA SILVA (2022) divide os alimentos em secos
e aquosos, sendo assim, diz que é fundamental a diferença de alimento seco e aquoso para saber a
quantidade de nutrientes na matéria seca. Vamos ao exemplo do autor:
Animal 1: consome alimento com 90%
de matéria seca e 10% de água
Animal 2: consome alimento com 30%
de matéria seca e 70% de água
Animal 1 consume 100 g de água (90% de MS) e o animal 2 consome 700 g de água (30%
de MS).
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 75
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
A conclusão do autor foi que a maior parte da água em um alimento faz com que os nutrientes
sejam diluídos, logo, animal 2 que ingere 700 g de água necessita ingerir mais do alimento para
suprir os nutrientes. Entretanto, o animal pode chegar a satisfazer suas necessidades hídricas
através da água presente no alimento, mas é necessário manter o fornecimento de água.
Para fixar mais ainda, vamos a mais um exemplo:
A palma-forrageira é uma espécie em abundância e
muito utilizada na região Nordeste do país para a
alimentação de animais ruminantes. Segundo autores,
pode possuir até 90% de água em sua composição e
apenas 10% de matéria seca, logo, se o animal consumir 1
kg de palma estará ingerindo 900 g de água. Por sua vez,
a composição de nutrientes é baixa, podendo ter 4% de
proteína bruta e 60% de nutrientes digestíveis totais e 2,3
Mcal/kg de energia metabolizável.
O milho é o alimento mais básico da alimentação ani-
mal compondo até 80% da ração de algumas espécies de
interesse zootécnico. É um alimento bastante versátil,
sendo utilizado desde a silagem, a palha, o sabugo, os
grãos, a planta inteira etc. É um alimento rico em
energia, tendo os grãos cerca de 88% de MS, logo o
animal que consumir 1 kg ingerirá 120 g de água.
Não é preciso saber muito para compreender que o animal que consumir dieta à base de milho
consumirá mais água de beber em detrimento do alimento seco, em contrapartida diminuirá o
consumo de água se consumir dietas à base de palma.
Em geral, os alimentos utilizados na ração dos animais de produção possuem uma média de 10
a 12% de umidade.
Consumo de água via alimento = CMN - CMS
* CMN = consumo de matéria natural
** CMS = consumo de matéria seca
76
Capítulo 11 - Água nos alimentos
Cálculo do consumo de água via alimento
Diante disso, temos que quanto maior a matéria seca da dieta, menor o consumo de água via
dieta e, consequentemente, maior o consumo de água via bebida livre.
Palma → 85% 73% 56% 33% 0%
Feno → 0% 6,8% 16% 29% 68%
%
97
17
%
Consumos de água e mistura mineral por ovinos recebendo dietas com níveis de substituição de
palma forrageira por feno de Atriplex numulária
De acordo com o exposto supra, quando o animal consome maior quantidade de palma na
dieta, esta, por conter grande quantidade de água em sua composição (cerca de 85-90%), o
animal demanda menos água de bebida livre, isto é, dado à grande quantidade de água na dieta
com 85%, o consumo de água via bebida representou apenas 17% do consumo de água total dos
animais. Situação muito diferente quando se reduz a quantidade de palma à zero e aumenta a
quantidade de feno, ou seja, aumenta-se a quantidade de MS da dieta, consequentemente o
animal demanda mais água via bebida, sendo esta representada por 97% da água total consumida
pelos animais.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 77
Capítulo 12
Fatores que afetam o
consumo de água
Existem diversos fatores que podem afetar o consumo de água pelos animais dos quais, a
temperatura, por exemplo, pode fazer com que o animal consuma mais ou menos água durante
o dia. Dentre os fatores que podem afetar esse consumo hídrico diário temos:
Taxa metabólica: quando o metabolismo do animal é alto ou
acelerado devido ao alto consumo de matéria seca (↑CMS) então
haverá maior produção de calor (evaporativa), consequentemente o
consumo de água será aumentado.
Temperatura ambiente: no calor há maiores perdas de
água por alguns mecanismos, sudorese por exemplo,
consequentemente o consumo de água é aumentado. Já no
frio ocorre maior catabolismo de proteínas orgânicas o que
também aumenta o consumo de água pelos animais.
Temperatura da água: os animais toleram uma faixa de temperatura ideal
para sua água de consumo livre. De forma geral, sob temperaturas abaixo
de 6 ºC e acima de 36 ºC ocorre uma redução no consumo de água pelos
animais.
Umidade do ar: quando a umidade é alta (>75%) ocorre uma redução no
consumo de água. diminuição no CMS e ocorre uma diminuição na
habilidade de aplicação dos mecanismos de perda de calor por evaporação.
Logo. é necessário estar atento, uma vez que todos esses mecanismos
afetam o nível de produção.
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 79
A ÁGUA NA NUTRIÇÃO ANIMAL
Umidade da dieta: se alta, diminui o consumo de água via bebedouro.
Lembre-se dos exemplos com a palma, quanto mais palma compor a
dieta, menor o consumo de água via bebida livre.
Composição da dieta: em casos de rações com alta densidade
proteica, muito sal ou bicarbonato ocorre aumento significativo do
consumo de água pelos animais.
Estádio fisiológico: a idade, por exemplo, em animais
jovens a taxa de renovação é mais rápida,
consequentemente demandam mais água. Atividade física,
em animais de esporte principalmente. Na gestação, com
um aumento proporcional ao número de fetos. E, por fim,
na lactação, onde ocorre aumento no CMS gerando maior
metabolismo, maior produção de metabólitos e maiores
perdas de água e, além disso, necessidade para a produção
de leite.
Importante também se ater que a qualidade da água e o manejo interferem no consumo de água.
80
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85
ANEXOS
Anexo 1: Influência da oviposição e postura do ovo no consumo de água de galinhas poedeiras.
Fonte: Adaptação de LEESON & SUMMERS, 2001. p. 416.
Enquanto os frangos de corte consomem constantemente água durante todo o dia, a ingestão
das poedeiras é bastante afetada pela oviposição e fotoperíodo. No geral, uma poederia em
postura consome uma média de 0,25 litros/dia, sendo que uma hora antes da oviposição a
poedeira consome 20% desse total. A postura do ovo possui direta relevância na maior taxa de
ingestão de água pelas poedeiras, logo, é viável a implantação de bebedouros perto do local onde
as aves irão pôr os ovos ou então de bebedouros com boa vazão implantados nas gaiolas das aves.
O comportamento de ingestão de água das aves é peculiar, nas 5 horas póstumas a postura o
consumo é deprimente, ascendendo substancialmente e, depois, caindo para 0 10 horas depois
da postura.
88
Faixa ideal da T da
água de consumo
↓Água fria
↓desempenho
consumo
↑doenças
↓↓↑
Água quente
consumo
desempenho
doenças
Anexo 2: Influência da temperatura da água de bebida no desempenho e consumo de vacas
leiteiras criadas em São Bento do Una. Fonte: Elaborado pelo autor.
O bom consumo de alimentos e uma boa taxa de desempenho de vacas leiteiras são parâmetros
observados quando as vacas consomem água fresca e potável com temperatura variável entre 17 e
28 ºC. Abaixo dos 15 ºC os animais podem manifestar sinais de doenças, que podem aumentar a
carga patogênica dado a fraqueza imunológica devido a queda no peso em detrimento do baixo
consumo de alimentos e no baixo desempenho produtivo ou reprodutivo do animal. A mesma
situação preocupante pode ocorrer quando as vacas são submetidas a ingestão de água com
temperatura acima dos 30 ºC. Para a manutenção da população microbiana do trato
gastrintestinal dos bovinos de leite, a água quente é de longe prejudicial, sendo a água fria de
importância para a manutenção da população bem como de sua atividade na digestão das fibras
dos alimentos e produção de ácidos graxos voláteis essenciais para a produção energética para o
animal.
89
Anexo 3: Influência da temperatura no consumo de água de bovinos, com ênfase no maior
consumo de água pelos bovinos de raças europeias, como a holandesa, em detrimento das raças
indianas, como a nelore. Fonte: Elaborado pelo autor com adaptação através de WINCHES-
TER & MORIS, 1956. p. 725.
A temperatura é um dos fatores de grande influência no consumo de água pelos animais. Os
bovinos são animais que necessitam de grandes quantidades de água dada a suas funções fisioló-
gicas e de produção. Raças bovinas provindas da Europa, como a jersey, holandesa, angus,
hereford e outras são mais sensíveis à falta de água, reduzindo a produção já no primeiro dia de
escassez e podendo chegar à óbito em poucos dias. Em contrapartida, raças indianas como a
nelore e outras são mais resistentes em relação à falta de água podendo se manter durante alguns
dias sem a ingestão da mesma.
90
Água morna/quente
Preferência dos
animais mesmo em
estresse sob calor
Faixa: 28 até 37 ºC
↓Água fria
↓desempenho
consumo
↑doenças
Faixa ideal da T da
água de consumo
Faixa: 15 até 25 ºC
Anexo 4: Influência da temperatura no consumo e no desempenho de cabras leiteiras. Fonte:
Elaborado pelo autor com adaptação através de FURTADO et al., 2012 e OLSSON & HYD-
BRING, 1996.
A faixa ideal de temperatura da água de bebida para caprinos é entre 15 e 25 ºC, entretanto
estudos apontam que mesmo sob condições extremas de calor e estresse sob calor as cabras
preferem consumir água entre 28 e 37 ºC. Porém, assim como ocorre nos bovinos, é importante
fornecer água na temperatura ideal, fria em dias quentes e morna em dias frios para o bom
desempenho do animal e para a manutenção da população microbiana.
91
Emanuel Isaque Cordeiro da Silva
Departamento de Nutrição Animal - IPA
Departamento de Reprodução Animal - IPA
Laboratório de Nutrição Animal - Embrapa Semiárido
Departamento de Zootecnia - UFRPE
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