METALEX: POR UMA
METAFERRAMENTA LEXICAL
Guilherme Fromm
INTRODUÇÃO
A
escrita deste texto, a partir de um relatório de pósdoutorado, realizado entre 2016 e 2017, deriva do meu
trabalho como terminógrafo e professor na área de Ciências do
Léxico (em nível de pós-graduação), Língua Inglesa e Tradução
(em nível de graduação). Já em minha tese de doutorado (Fromm,
2007), propus a criação de um ambiente computacional voltado para
facilitar os trabalhos terminográficos: o VoTec. Após quase quinze
anos da pesquisa original, considero o trabalho um tanto datado,
tendo em vista, principalmente, a evolução dos programas, ambientes
e ferramentas disponibilizados, de forma gratuita ou não, para todos
os pesquisadores. Entendo, também, que, embora haja ambientes tão
elaborados (computacionalmente falando) quanto o VoTec, já desde
aquela época, como o e-Termos, os profissionais que trabalham com
o léxico ainda precisam lidar (e, portanto, ter uma considerável curva
de aprendizado) com vários programas/ambientes/ferramentas, ao
mesmo tempo, para desenvolverem seus projetos.
A ideia desse meta-ambiente lexical (MetaLex), portanto, é
agregar, em um só lugar (preferencialmente online), todos os tipos de
ferramentas e recursos possíveis para o desenvolvimento de trabalhos
399
em Lexicografia e Terminografia. Não proponho o ambiente em si,
especialmente porque não sou da área de Linguística Computacional
ou programador e porque acredito que o seu desenvolvimento requereria uma equipe ou uma investigação de doutorado nessa área, mas
sim a base teórica para a seleção de todas as ferramentas e/ou recursos
que comporiam esse ambiente.
1. BASES TEÓRICAS
É importante destacar que adoto, neste trabalho, a divisão proposta por Barbosa (2001) para os tipos de obras lexicais, como podemos verificar no Quadro 1.
Quadro 1 – Divisão proposta por Barbosa (2001) para obras lexicais
Dicionário
Vocabulário
Glossário
Nível do sistema
Nível da norma
Nível da fala
Trabalha com
conjuntos
manifestados em um
determinado texto
Unidade: lexema
Unidade: palavras
(significado abrangente;
(significado específico;
frequência regular)
única aparição)
Apresenta
Apresenta uma única
Apresenta todas as acepções de
(teoricamente) todas as
acepção do verbete
um verbete dentro de uma área
acepções de um mesmo
(dentro de um
de especialidade
verbete
contexto determinado)
Perspectivas:
Perspectivas:
Perspectivas: sincrônica e
diacrônica, diatópica,
sincrônica, sintópica,
sinfásica
diafásica e diastrática
sinstrática e sinfásica
Fonte: Fromm (2007)
Trabalha com todo o
léxico disponível e o
léxico virtual
Trabalha com conjuntos
manifestados dentro de um
recorte de língua ou de uma
área de especialidade
Unidade: vocábulos/termos
(significado restrito; alta
frequência)
O estudo foi iniciado pela comparação de recursos disponíveis através de pesquisas na Internet, algo como desenvolvido por
400
Almeida, Aluísio e Teline (2003), Almeida, Aluísio e Oliveira (2006),
Fromm (2004), e tantas outras pesquisas e relatórios técnicos desenvolvidos por pesquisadores autônomos e grupos de pesquisa, como o
Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional, do ICMC/
USP. É através da análise do “estado da arte” que podemos tomar ciência do que existe de mais inovador na área e propor algo além, como
um ambiente completo para lexicógrafos e terminógrafos.
Em relação à pesquisa bibliográfica, comecei com obras referentes à lexicologia/lexicografia (mais abrangentes): Atkins, Fillmore
e Johnson (2003), Béjoint (2010), Borba (2003), Schmitz (2000),
Welker (2004), Xatara, Bevilacqua e Humblé (2011). Na sequência,
trabalhei com alguns textos relacionados à terminologia/terminografia e obras de referência na área: Almeida, Pino e Souza (2007),
Alves (1996), Aubert (1996), Barbosa (1989, 1991, 1994), Bergeron
e Kempa (1995), Bevilacqua e Finatto (2006); Correia (2016); Faria
(2014), Finatto (1994, 1998, 2007), Finatto, Lopes e Ciulla (2015),
Fromm (2002), Fromm e Yamamoto (2013), ISO 1087, Krieger e
Finatto (2004), Perroti-Garcia (2003), Tagnin e Bevilacqua (2013).
Também alguns dicionários eletrônicos foram verificados, como
Goyos Jr. (2000) e Houaiss (2002).
2. ALGUMAS DEFINIÇÕES
Antes de começar a análise em si, acredito ser interessante
propor uma divisão entre os três tipos de análises de programas já
existentes que foram realizadas neste estudo: recursos, ferramentas e
ambientes. Esses programas podem estar disponíveis em dois meios:
para download e instalação no computador, ou como uma página da
internet. Destaco que todo o ponto de vista adotado foi como o de
401
um pesquisador da área, ou seja, todos os programas foram analisados
tendo em vista sua utilidade para os lexicógrafos e terminógrafos.
Defino, aqui, recursos como programas simples, páginas da
Internet ou bases de dados desenvolvidas para um fim e que servem
como fonte de pesquisa para estudos lexicais. Bases lexicais (como a
WordNet), por exemplo, podem servir para trabalhos nas áreas de
Linguística Computacional, de Tradução (automatizada), de Processamento de Língua Natural (PLN) etc. Nem todas foram produzidas
exclusivamente para a elaboração de dicionários, vocabulários e glossários, mas podem ser analisadas pelos pesquisadores como subsídios
para seus trabalhos. Páginas em que análises de corpora podem ser
feitas online, através dos grandes portais (como o COCA, o DWDS e
AC/DC Linguateca, por exemplo) ou ferramentas de busca que usam
a Internet inteira como corpus (como o WebCorp), também servem
de fonte para checagem de prováveis lexemas, vocábulos/termos e
palavras que venham a compor uma obra lexical. Alguns colegas, que
têm noções de programação, chegam até a trabalhar com programas
(como o SPSS) ou linguagens de programação (como a R) elaborados
para trabalhos na área de estatística.
Ferramentas, por outro lado, foram desenvolvidas (as que
estamos analisando) para estudos lexicais e/ou linguísticos. As mais
antigas são os programas (ou suítes) de análise lexical projetadas para
trabalhar com corpora, como o WordSmith Tools ou o AntConc, que
apresentam três ferramentas básicas: listagem de palavras, listagem
de palavras-chave e concordanciador. Embora muitos dessas suítes
sejam usadas por várias outras subáreas da Linguística atualmente, os
lexicógrafos e terminógrafos continuam a se beneficiar muito dessas
ferramentas, já que a base de análise é lexical. Elas disponibilizam os
candidatos a lexemas, vocábulos/termos e palavras que comporão
a obra de referência, além de apresentarem todo o entorno do item
402
pesquisado (cotexto, à direita e/ou à esquerda, normalmente disponibilizados em telas KWIC), facilitando a localização de contextos
definitórios e/ou explicativos (Aubert, 1996), fornecendo subsídios
para a elaboração de uma definição para esses candidatos, por exemplo (como no caso do VoTec). As ferramentas foram sendo aprimoradas com o tempo, muitas migraram para a Internet e algumas até
se especializaram unicamente na área do léxico; outras se adaptaram
para tarefas específicas que podem (ou não) ser adotadas pelos lexicógrafos/terminógrafos, como concordanciadores simples (ParaConc,
TextSTAT), anotadores de corpora (UAM Corpus Tool), etiquetadores (TreeTagger, TermoSTAT), compiladores de gramáticas em formato computacional (UNITEX) e visualizadores para bases de dados
(LexiquePro e Blossary).
Os ambientes (no caso desta proposta) são conjuntos de programas voltados especificamente para análise lexical. Neste trabalho,
fiz uma diferenciação entre os ambientes para a lexicografia e para
a terminografia. Entre os que podem ser instalados no computador,
destaco o WeSay e o Language Explorer como ambientes lexicográficos e o SDL MultiTerm e o GesTerm como ambientes terminográficos. Daqueles disponíveis para trabalho online, por um lado, não encontrei nenhum ambiente voltado exclusivamente para a lexicografia;
para a terminografia (denominados por Wilkens et al., 2012, como
ambientes web de gestão terminológica), por outro lado, descobri vários: VoTec, e-Termos, TermWiki (Plus), Terminus e Corpógrafo.
A quantidade de ferramentas e funcionalidades variam bastante de
ambiente para ambiente, mas se apresentam como plataformas onde
os terminógrafos podem executar grande parte de seus trabalhos.
403
3. ESTADO DA ARTE
No Quadro 2, apresento uma seleção de vários programas e sites (citados e/ou outros que poderiam ter sido pesquisados), resumindo o que foi apresentado na diferenciação entre recursos, ferramentas
e ambientes. Parte da escolha dessa seleção, em específico, vem da minha própria experiência na área; parte está ligada às de indicações de
sites (como o de Martin Weisser), que elencam centenas de páginas
(especialmente àquelas ligadas às áreas da Linguística Computacional)
de ferramentas especializadas.
Percebe-se, nesse quadro, que claramente não há nenhuma ferramenta ou ambiente dedicados apenas à Onomástica. Embora uma
pesquisa exaustiva, na Internet, tenha sido realizada, nada foi encontrado à época da pesquisa. Em conversas via e-mail com os colegas
que trabalham nessa área dentro do GT de Lexicologia, Lexicografia e
Terminologia da ANPOLL, apenas recursos foram apontados.
Quadro 2 – Programas e sites levantados na pesquisa
Recursos para Onomástica
Computador
(instaláveis)
Ferramentas de Análise Lexical/
Corpus
Ambientes para Lexicografia
Ambientes para Terminografia
Recurso de Análise Estatística
Computador –
Auxiliares
Nenhum encontrado
WordSmith Tools,
AntConc, TextSTAT,
ParaConc, UNITEX
WeSay, SIL Fieldworks
Language Explorer
SDL MultiTerm,
GesTerm
SPSS Statistics
Ferramentas: Anotadores e
Etiquetadores de Corpora
UAM Corpus Tool,
TreeTagger
Ferramentas de visualização
LexiquePro
404
Recursos - Bases Lexicais
Recursos para Onomástica
Ferramentas de Compilação e
Análise Lexical/Corpus
Internet
Portais para análise de corpora
fechados
Ferramentas de visualização
Ambientes para Lexicografia
Ambientes para Terminografia
WordNet, WordNet
Brasil
Nomes no Brasil
(Antroponímia),
Namsor (Antroponímia)
Sketch Engine, TermoStat
COCA, Corpus do
Português, DWDS,
PortalMinas, Linguateca
AC/DC, COPATrad
Blossary
Nenhum encontrado
VoTec, E-Termos,
TermWiki, Terminus,
Corpógrafo
Fonte: elaborado pelo autor
4. ORGANIZANDO AS FONTES
Depois desse primeiro levantamento realizado, escolhi alguns
programas elencados no Quadro 2 para o desenvolvimento de miniprojetos a fim de verificar suas funcionalidades. Os programas analisados são apresentados no Quadro 3.
Quadro 3 – Programas analisados
Tipo de programa
Ambientes
Ferramentas
Programas
No computador
Language Explorer, Unitex, WeSay
Na Internet
VoTec, e-Termos, TermWiki (Pro),
Corpógrafo, Terminus
No computador
WordSmith Tools, AntConc
Na Internet
Sketch Engine, TermoSTAT
Fonte: elaborado pelo autor
405
Existem infindáveis possibilidades de classificação de todos
esses programas, mas o ponto de vista adotado para todo o estudo
tem o lexicógrafo/terminógrafo (tanto o profissional experiente com
o manuseio de programas de computador e a metodologia da Linguística de Corpus, quanto aqueles com pouca experiência e também
os aprendizes) como foco. Tendo isso em vista, foram pensados três
macrocampos para analisá-los: as informações gerais sobre os produtos, as informações sobre a possibilidade do uso de corpus/corpora
em um projeto (quando possível/pertinente) e as informações sobre
como estruturar o produto lexicográfico/terminográfico. O Quadro 4
mostra essa primeira subdivisão.
Quadro 4 – Macrocampos da ficha de análise
Ferramenta/Ambiente a ser analisado
Informações gerais sobre o
Informações sobre
Informações das
produto
corpus
estruturas da obra
Fonte: elaborado pelo autor
5. ELABORANDO UM PROTÓTIPO
Todas essas divisões foram concentradas em uma única planilha base, e as informações buscadas se concentram em caixas de
rolagem (com um menu selecionável), de seleção (com um botão) ou
de texto (a serem preenchidas com texto). Na análise de cada programa, essa planilha base foi copiada, renomeada e completada com as
informações a ele relacionadas. Tenho ciência que este tipo de projeto deveria ser executado como um banco de dados, e não como uma
planilha. Devido à minha lacuna de aprendizado para trabalhar com
o Access ou programa semelhante, no entanto, não houve como realizá-lo a contento. Para a construção da planilha base, os dados que
406
deveriam estar disponíveis nas caixas (quando era o caso) foram arrolados em duas planilhas separadas, denominadas Caixas de Seleção
– Ferramentas e Caixas de Seleção – Estruturas, como podemos ver
no exemplo da Figura 1, e depois ligados aos respectivos campos na
planilha base.
Figura 1 – Caixas de Seleção – Estruturas e seus respectivos campos (recorte)
Fonte: elaborada pelo autor
Todos esses campos foram levantados de três maneiras: minha
experiência como lexicógrafo e terminógrafo, a pesquisa bibliográfica
aprofundada e os campos disponíveis nos programas analisados. A Figura 2 indica como ficou o projeto gráfico dentro da planilha base no
Excel, dividida entre os três macrocampos.
407
Sequencialmente, no Quadro 5, explico a motivação que me
levou ao desenvolvimento de cada caixa; no Quadro 6, apresento uma
seleção de todos os campos elencados para esta pesquisa e, na Figura
2, o primeiro exemplo de análise, ainda em formato Excel (os demais
encontram-se no anexo, em formato de quadros).
Figura 2 – Ficha de Análise desenvolvida: divisão por macrocampos
Fonte: elaborada pelo autor
Quadro 5 – Campos da ficha de análise (recorte): motivação e importância
Macro
campos
Informações
gerais sobre o
produto
Campos
Motivação/Importância para o
desenvolvimento do software
Divisão das três categorias principais
Categoria
propostas para este trabalho.
Verificar se o trabalho pode ser elaborado
Ambiente de
em uma única máquina, online, ou
trabalho
desenvolvido em ambas as plataformas.
Determinar se o programa tem um
Alvo
perfil mais voltado para a Lexicografia,
principal do
a Terminografia, ambas, ou para a
programa
Onomástica.
Subcampos
408
Macro
campos
Campos
Informações
gerais sobre o
produto
Motivação/Importância para o
desenvolvimento do software
A ideia é classificar, de acordo com a
minha experiência como profissional da
Usuário do
área, os possíveis usuários que podem
programa
utilizar o programa: os aprendizes, os
profissionais ou ambos.
Fonte: elaborado pelo autor
Subcampos
Quadro 6 – Possibilidades de escolhas nos campos da ficha de análise (recorte)
Macro
campos
Informações
gerais sobre o
produto
Campos
Indicadores/Arquivos/
Ferramentas/Formatos
Categoria
Ferramenta; Ambiente; Recurso.
Ambiente de Computador; Internet; Computador
trabalho
e Internet.
Lexicografia; Terminografia;
Alvo principal
Lexicografia/ Terminografia;
do programa
Onomástica.
Usuário do
Aprendiz; Profissional; Misto.
programa
Público em geral; Especialistas;
Aprendizes (especialidade); Alunos
Usuário do
do Fundamental (Dicionários tipo 1;
produto
Dicionários tipo 2; Dicionários tipo
3; Dicionários tipo 4); Tradutores.
Complexidade
Baixa; Média; Alta.
de uso
Fonte: elaborado pelo autor
Subcampos
Tendo em vista a análise até aqui apresentada, elaborei a minha
proposta teórica para o MetaLex, conforme o Quadro 7.
Quadro 7 – Propostas para o MetaLex (recorte)
Estrutura
Categoria
Proposta
O programa se configurará como um ambiente na Internet;
através de escolhas do usuário (doravante denominado
pesquisador máster, PM), campos próprios de análise lexical,
ferramentas e recursos poderão ser selecionados, na montagem de
um projeto de pesquisa a ser exportado.
409
Estrutura
Proposta
Ambiente de O trabalho exportado poderá ser instalado na máquina do usuário
Trabalho
ou instalado em rede, com acesso liberado a vários usuários.
O PM, ao começar a usar a plataforma, determinará quais campos
comporão o seu projeto. Proponho que, a partir da pesquisa aqui
Alvo principal realizada, sugestões de estruturas (macro e micro) e ferramentas
do programa (como aquelas ligadas à corpora) sejam indicadas ao usuário,
tendo em vista os três grandes tipos de projetos: Lexicográfico,
Terminográfico ou Onomástico.
Fonte: elaborado pelo autor
Na sequência (Figura 3), apresento uma proposta gráfica preliminar para desenvolvimento de um projeto no módulo de Lexicografia.
A primeira decisão que o denominado PM teria que tomar é se seu trabalho será ou não baseado em corpus. Como podemos ver na figura, a
estrutura de decisões de um projeto não baseado em corpus é um pouco
menor do que aquela que se baseia em corpus. Na sequência, deverão
ser escolhidos os formatos da macroestrutura (formato geral e formato interno, além da escolha de todos os possíveis campos), seguido de
sua parametrização, e da microestrutura (seleção dos paradigmas e seus
possíveis campos), também seguido de uma parametrização. No caso de
projeto baseado em corpus, serão carregadas ferramentas básicas (inserção ou compilação automática de corpus, análise de corpus) e possíveis
ferramentas adicionais. A partir da análise do corpus, teremos os candidatos a lexemas e, desse ponto em diante, podemos repetir os passos
dos projetos sem corpus. Nos dois casos, o MetaLex deverá fazer uma
parametrização de todos os campos (macro e microestruturas) e ferramentas escolhidas, criar um banco de dados, adicionar as ferramentas
selecionadas (para exportá-las), elaborar uma parametrização final e
criar a escolha dos processos de saída do projeto: formato executável
(que possa ser instalado em um só computador) formato pasta (contendo o banco de dados e as ferramentas escolhidas), compactada, para que
possa ser, posteriormente, instalada em um servidor.
410
Figura 3 – Fluxograma de metaferramenta lexicográfica/terminográfica/onomástica; destaque para a seção lexicográfica
411
Fonte: elaborado pelo autor
CONSIDERAÇÕES
Embora não considere a execução do trabalho computacional na criação do MetaLex impossível, acredito que o mesmo exigiria centenas (ou até mesmo milhares) de horas de trabalho. Há uma
quantidade gigantesca de variáveis já pesquisadas: de ferramentas
disponíveis na Internet que teriam que ser adaptadas para a estrutura
deste projeto às centenas de campos, cada um com um rótulo e/ou características específicas, que teriam que compor o banco de dados. A
experiência que tive com a elaboração do VoTec, quando contratei os
serviços da empresa Jr. do ICMC para a elaboração da ferramenta, me
ensinou que há um ir e vir constante entre a parte teórica e a prática;
muitas das soluções que eu propunha, inclusive, foram incrivelmente
facilitadas/resumidas/alteradas a partir de uma percepção diferenciada que os programadores viam em cada desafio.
Por outro lado, um ambiente para trabalhos lexicais desta
magnitude, acredito, serviria como uma ferramenta única para os
lexicógrafos, terminógrafos, toponimistas e antroponimistas: não
haveria mais a necessidade de executar o trabalho em várias fases, já
que cada uma delas exige uma ferramenta/ambiente/recurso diferente. O profissional criaria um ambiente de trabalho sob medida para
o seu projeto, instalável em seu computador ou num servidor e com
capacidade para o trabalho coletivo, evitando ferramentas e recursos
desnecessários, contando com tudo aquilo que é essencial para o desenvolvimento de sua obra de referência.
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