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Slides referentes ao terceiro módulo do curso "Teoria das sistematicidades descontínuas: um percurso pela análise do discurso foucaultiana".
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir, histeria da violência nas prisões. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. ^Eis como ainda no inicio do século XVII se descrevia a figura ideal do soldado. O soldado é antes de tudo alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho; seu corpo é o brasão de sua força e de sua valentia; e se é verdade que deve aprender aos poucos o ofício das armas -essencialmente lutando -as manobras como a marcha, as atitudes como o porte da cabeça se originam, em boa parte, de uma retórica corporal da honra: , Os sinais para reconhecer os mais idôneos para esse ofício sáo a atitude viva e alerta, a cabeça direita, o estômago levantado, os ombros largos, os braços longos, os dedos fortes, o ventre pequeno, as coxas grossas as pernas finas e os pés secos, pois o homem desse tipo não poderia deixar de ser ágil e forte: [tornado lanceiro, o soldado] deverá ao marchar tomar a cadência do passo para ter o máximo de graça e gravidade que for possível, pois a Lança é uma arma honrada e merece ser levada com um porte grave e audaz. 1 Segunda metade do século XVIII: o soldado tornou-se algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas; lentamente uma coação calculada percorre cada parte do corpo, se assenhoreia dele, dobra o conjunto, torna-o perpetuamente disponível, e se prolonga, em silêncio, no automatismo dos hábitos; em resumo, foi «expulso o camponês» e lhe foi dada a «fisionomia de sohlado». 1 Os recrutas são habituados a manter a cabeça ereta e alta; a se manter direito sem curvar as costas, a fazer avançar o ventre, a salientar o peito, e encolher o dorso; e a fim de que se habituem, essa posição lhes será dada apoiando-os contra um muro, de maneira que os calcanhares, a batata da perna, os ombros e a cintura encostem nele, assim como as costas das mãos, virando os braços para fora, sem afastá-los do corpo... ser-lhes-á igualmente ensinado a nunca fixar os olhos na terra, mas a olhar com ousadia aqueles diante de quem eles passam... a ficar imóveis esperando o comando, sem mexer a cabeça, as mãos nem os pés... enfim a marchar com passo firme, com o joelho e a perna esticados, a ponta baixa e para fora...' ^Houve^durante a época clássica, fuma descoberta do corpo como objeto e alvo de poder. 1 ' Encontraríamos facilmente sinais dessa grande atenção dedicada então ao corpo -/ ao corpo que se mar.i-pula^sc_modela, se treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam/O grande livro do Homem-máquina foi escrito simultaneamente em dois registros: no anàtomo-metafísico, cujas primeiras páginas haviam sido escritas por Descartes e /que os médicos, os filósofos continuaram; o outro, técnico-político, constituído por um conjunto de regulamentos militares, escolares, hospitalares e por processos empíricos e refletidos para controlar ou \ corrigir as operações do corpo. Dois registros bem distintos, pois tratava-se ora de submissão e utilização, ora de funcionamento e de /explicação: corpo útil, corpo inteligível. E entretanto, de um ao outro, pontos de cruzamento. «O Homem-màquina» de La Mettrie. é ao mesmo tempo juma redução materialista da alma_e uma teoria ^ "geral do adestramento, no centro dosjjuais reina a noção. de_«dQÇ2-/fidade» que une ao corpo analisével o corpo manipulável. Ê dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ^ser transformado e aperfeiçoado. Os famosos autômatos, por seu lado, não eram apenas uma maneira de ilustrar o organismo; eram também bonecos políticos, modelos reduzidos de poder: obsessão de Frederico II, rei minucioso das pequenas máquinas, dos regimentos bem treinados e dos longos exercícios. Nesses esquemas de docilidade, em que o século XVIII teve tanto interesse, o que há de tão novo?/ Não é a primeira vez, certamente, que o corpo é objeto de invéstimentos tão imperiosos e urgentes; em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhe impõem limitações, proibições 'ou obrigações. 11 Muitas,coisas entretanto são novas nessas técnicas. A escala, jgm_primeiro lugar, do controle: não se trata de cuidar do corpo, em massa, grosso modo, como se fosse uma unidade jndissociável mas de trabalhá-lo detalhadamente; de exercer sobre ele uma coerção sem folga, de mantê-lo ao nível mesmo da mecânica -_ movimentos,, gestos atitude, rapidez: poder infinitesimal sobre o corpo ativo. O objetor em seguida, do controle: não, ou não mais, os elementos significativos do comportamento ou a linguagem do corpo, mas a economia, a eficácia dos movimentos, sua organização interna; a coação se faz mais sobre as forças que sobre os sinais; a_ única cerimônia que realmente importa é a do exercício/A modalidade enfim: implica numa coerção ininterrupta, constante, que vela sobre os processos da atividade mais que sobre seu resultado e se exerce de acordo com uma codificação que esquadrinha ao máximo o tempo, o espaço, os movimentos. Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidadeutilidade, são o que. podemos chamar as «disciplinas». Muitos pro-' cessos disciplinares existiam há muito tempo: nos conventos, nos exércitos, nas oficinas também. Mas as disciplinas se tornaram no decorrer dos séculos XVII e XVIII fórmulas gerais de dominaçàfly Diferentes da escravidão, pois não se fundamentam numa relação de apropriação dos corpos; é até a elegância da disciplina dispensar essa
Revista Latente, 2024
Nesta edição, falamos do corpo enquanto elemento central da pesquisa artística e da experiência humana. Através de obras que mesclam subjetividade e contexto social, as narrativas trazem à tona o que muitas vezes é descartado ou silenciado pela sociedade. A Revista Latente - Arte e Corpo percorre territórios íntimos e biográficos, evidenciando que é impossível dissociar a pesquisa poética da vivência pessoal, ancestralidades e escolhas de percurso. Ao adentrarmos esses territórios porosos, convidamos o leitor a vivenciar essas paisagens internas e externas que o caminho da arte pode proporcionar.
Refletir sobre as origens antropológicas ou históricas do corpo humano é muito mais do que fazer um mero trabalho de investigacão biológica, darwinista, científica ou religiosa. É lidar com uma delicada trama de relacões filosóficas, metafóricas e existenciais atreladas à história do homem e da medicina. Desde as raízes da civilizacão humana, enxergamos os resquícios das reflexões feitas pelos homens que buscavam remontar suas origens. Por quê viviam? Como viviam? Quem planejou que vivessem? Quem determinou que morressem? Trabalhar o corpo humano como objeto de pesquisa é, portanto, lapidar o mito de criacão da nossa própria existência e fragilidade. É tocar nos delicados fios da doenca e da mortalidade, da transcendência psíquica e da gênese daquilo que chamamos de humanidade. O presente artigo explora tais problemas através das transições das visões greco-romanas, cartesianas, vitorianas e modernas (com autores como David Le Breton e Deleuze).
A Parada Gay de São Paulo se caracteriza como sendo um espaço de atividade política GLBT brasileira, reunindo participantes de todas as partes do país, gerando visibilidade mediática com repercussão mundial. O presente trabalho tem como objetivo discutir a performance da atriz transexual Viviany Beleboni durante a edição do evento de 28 de junho de 2015 e a sua conseqüente reverberação na mídia. Fundamenta essa discussão a teoria Corpomídia de Katz e Greiner (2005) e a teoria do Meme de Dawkins (2001), para relacionar a ressonância de informações e sua percepção pelo corpo. A relação das duas teorias aponta para um aspecto político: a transformação da informação EM corpo, desde quando ele é entendido como mídia e discurso. Percebe-se que o corpomídia transexual é, em si mesmo, um discurso imagético de resistência contra ações hegemônicas de caráter homofóbico, respaldadas pela ausência de específica que normatizem esses atos de violências enquanto crime.
Resumo: Seguindo uma lógica contemporânea o corpo ganha cada vez mais espaço no meio social como uma matéria prima a ser moldada, um simples suporte da pessoa onde percebemos uma forte valorização das imagens corporais, e a cada dia encontramos situações em que o corpo e suas reproduções e modificações determinam o fator de aceitação social na vida dos sujeitos. Assim o corpo passa a ser objeto de desejo carregado de significados, muitas vezes fonte de renda e ainda campo de estudos. A encenações propostas pelo mercado da moda aliadas a mídia vendem seus produtos através da influência de um corpo produzido, um corpo acessório de moda, um corpo cabide.
O objetivo deste texto é apresentar as reflexões iniciais advindas de uma investigação ainda em andamento do grupo Pedagogia do corpo consciente (CNPq), a respeito dos temas: corpo, corporeidade e linguagem corporal.Acreditamos na possibilidade de um novo paradigma que inclua a corporeidade como um modelo viável para a construção de outra pedagogia que pode ser considerada utópica, mas que implica uma crítica radical à racionalidade do ensino superior. Isso se justifica mediante o fato de que a aprendizagem não é meramente contemplativa e o ensino deve se aproximar da prática. Parece-nos fundamental para o momento atual, seguir pensando criticamente a prática educativa já que o (não) lugar do corpo no ensino superior pede uma pedagogia do corpo consciente.
2010
Resumo No encalco do apelo da questao que repousa na imagem da Terceira Margem e numa tentativa de pensar tal questao na medida em que ela se refere ao fenomeno mitico como experiencia fundamental de corporeidade, este ensaio tenta nao chegar a uma representacao conceitual da experiencia que se esforca em pensar. E impossivel compreender de modo proprio qualquer vigor de experiencias miticas e corporeas por meio da conceitualizacao, porque a conceitualizacao constitui a essencia mesma do modo de pensar – metafisico e cientifi co – que expropriou mito e corpo de toda relacao direta com verdade e signifi cado, visto que os conceitos operam como elementos mediadores no processo de conhecer e pensar no escopo da metafisica e da ciencia. Assim, este ensaio tenta corresponder as possibilidades de pensamento numa imagem poetica tal como a Terceira Margem, de modo a viabilizar uma compreensao poetica do que aqui se pretende pensar. Palavras-chave : Mito; corporeidade; corpo. Abstract Pursui...
MENTAL
A enciclopédia chinesa e a classificação dos animais: -(a) pertencentes ao Imperador, (b) embalsamados, (c) domesticados, (d) leitões, (e) sereias, (f) fabulosos, (g) cães em liberdade, (h) incluídos na presente classificação, (i) que se agitam como loucos, (j) inumeráveis, (k) desenhados com um pincel muito fino de pelo de camelo, (l) et cetera, (m) que acabam de quebrar a bilha, (n) que de longe parecem moscas‖.
FOUCAULT. AS PALAVRAS E AS COISAS.
Que é linguagem? Que é um signo? O que é mudo no mundo, nos nossos gestos, em todo o brasão enigmático de nossas condutas, em nossos sonhos e em nossas doenças -tudo isso fala, e que linguagem sustenta, segundo que gramática? Tudo é significante, ou o que o é, e para quem, segundo que regras? Que relação há entre linguagem e o ser, e é realmente ao ser que sempre se endereça a linguagem, pelo menos aquela que fala verdadeiramente? (...) (FOUCAULT, 1987, p. 322
VASO SIGNIFICADO SIGNIFICANTE VEÍCULO DO SIGNIFICADO, SUA PARTE INTELIGÍVEL CONCEITO CF. FIORIN. TEORIA DOS SIGNOS MENSAGEM ACÚSTICA CF. SAUSSURE. CURSO DE LINGUÍSTICA GERAL
Regras que regulam a disposição e dispersão dos objetos do saber numa dada formação discursiva SABERKlima. Vale tudo? Longe disso: conheça as regras usadas pelo UFC. Disponível em: <http://sportv.globo.com/site/combate/noticia/2011/11/vale-tudo-longe-disso-conheca- regras-usadas-pelo-ufc.html >. Acesso em 15/06/2013.
OLD SPICE PROPAGANDA OLD SPICE OBJETIVO GERAL Compreender o modo como se constitui a subjetivação nas práticas discursivo-midiáticas sobre a corporalidade na construção do "homem Homem".DOMÍNIO RELIGIOSO PRÁTICAS DE ASCESE ALIMENTAR: SANTO INÁCIO DE LOYOLA CORPO: ENCONTRO DO VERBO COM A CARNE CORPO: OCEANO DE MISÉRIA, COACLA DE IMUNDICES, RECEPTÁCULO DOS VÍCIOS "INFRINGIR AO CORPO OS CASTIGOS QUE ELE MERECE" (ECO, 2014); (GÉLIS, 2011)
Seals and Sealing in the Ancient World
European Journal for Research on the Education and Learning of Adults, 2017
Participatory Educational Research
The Journal of American Culture, 2020
Mining of Mineral Deposits
Physiology & Behavior, 2006
Cambridge University Press eBooks, 2023
Ear & Hearing, 2022
Neurotoxicology and Teratology, 2017
UCLA: Institute of Transportation Studies, 2020
International Journal on Advanced Science, Engineering and Information Technology, 2019
Materials Chemistry Frontiers, 2021
IEEE Transactions on Automatic Control, 2020