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Do Rovuma ao Nhamacurra - Moçambique na 1ª Guerra Mundial

O império africano alemão, constituído pela actual Namíbia, Togo, Camarões e Tanganica, teve sempre intenções sobre o território de Moçambique. Os

Moçambique na 1º Guerra Mundial - do Rovuma ao Nhamacurra Francisco Proença Garcia Professor da Academia Militar Um possível enquadramento O império africano alemão, constituído pela actual Namíbia, Togo, Camarões e Tanganica, teve sempre intenções sobre o território de Moçambique. Os alemães, à semelhança do projecto da Mitteleuropa, sonhavam no final da 1ª Grande Guerra com uma redistribuição das possessões coloniais portuguesas, belgas e francesas bem como com o estabelecimento de uma Mittelafrika alemã. A Inglaterra e a Alemanha quer em 1898 quer em 1913 chegaram a formalizar convenções secretas onde era definida a partilha das possessões portuguesas ALMADA, José de, Convenções Anglo-Alemãs relativas às colónias portuguesas. Lisboa: Estado Maior do Exército, 1936.. Os diferendos para delimitação da fronteira Norte em Moçambique entre Portugal e Alemanha remontam à perda por parte do poder português do “triângulo de Quionga”, oficialmente reconhecida a 10 de Setembro de 1894 Ficando a fronteira demarcada pelo paralelo de Cabo Delgado, 10º 40´ Sul, formando pelo seu traçado geográfico a figura geométrica triangular com 450 Km2.. Apesar do ataque ao posto de Maziúa, em Agosto de 1914 e de o Governo Inglês solicitar desde 10 de Outubro desse ano, ao Governo Português o abandono da sua atitude de neutralidade e assumir a sua posição activamente ao lado da Inglaterra, Portugal só entra no conflito após a declaração de guerra feita pela Alemanha a 9 de Março de 1916. O período intermédio é de uma longa indefinição diplomática entre a neutralidade e a beligerância TEIXEIRA, Nuno Severiano, Colónias e colonização portuguesa na cena internacional (1885-1930). In Bethencourt, Francisco, e Chaudhuri, Kirti, “História da expansão portuguesa”. Navarra: Círculo de Leitores, 1998. Vol. IV, p. 514.. Isto na Europa, onde os destinos da guerra eram jogados, pois, mesmo antes da declaração de guerra e da entrada em Teatro europeu, as operações militares tinham já sido iniciadas e continuadas em solo africano, onde a estratégia alemã passara da diplomacia tradicional, para uma diplomacia coerciva e acabara numa guerra aberta. Em Portugal, a opinião pública estava dividida quanto à intervenção portuguesa na guerra BESSA, Gomes, O Combate de Muíte: aspectos relacionados com a participação portuguesa na guerra de 1914-18 em Moçambique, Lisboa, in Separata doa “«Anais» da Academia Portuguesa de História”, 1986, p. 145., mas havia consenso nacional para a defesa e manutenção da soberania portuguesa no Império Colonial, o que permitiu a entrada na guerra em Teatro africano TEIXEIRA, Nuno Severiano, O Poder e a Guerra 1914-1918. Objectivos nacionais e estratégias políticas na entrada de Portugal na Grande Guerra. Lisboa: Ed. Estampa, 1992, p. 112., correspondendo esse sentimento ao forte imaginário colonial. A intervenção em África não era decisiva quer do ponto de vista diplomático quer militar. Aquele era um Teatro secundário e periférico, que não obrigava a uma declaração de guerra nem sequer à beligerância Idem, Colónias e colonização portuguesa na cena internacional (1885-1930). In Bethencourt, Francisco, e Chaudhuri, Kirti, “História da expansão portuguesa”. Navarra: Círculo de Leitores, 1998. Vol. IV, p. 515.. Visavam-se objectivos mais latos, pelo que o fundamental era marcar presença no Teatro europeu; este sim, poderia trazer frutos ao nível internacional e interno. Apesar de tudo, não era despropositado que em Lisboa se encarasse a possibilidade de, no rescaldo da guerra, Ingleses e Alemães voltarem a negociar a partilha das colónias portuguesas. Em Moçambique, o objectivo era duplo: recuperar Quionga e conseguir a passagem para a margem Norte do Rovuma. Com a intervenção europeia, Portugal, além de cumprir os seus deveres de aliado da Inglaterra, libertava-se dos propósitos tutelares daquela por meio de uma decisão que o creditaria perante todo o mundo e assegurava ainda a presença na conferência de paz, onde poderia fazer-se ouvir em defesa da inviolabilidade dos seus domínios ultramarinos. A situação política interna era instável: transitava-se de Regime e a luta pelo Poder entre os diversos partidos era uma constante, os governos sucediam-se, formando-se e caindo a um ritmo vertiginoso. Ao nível internacional, Portugal sofria ainda do constrangimento do reconhecimento oficial da nova República, um processo moroso e complexo que decorreu ao longo de onze meses, em três fases distintas Numa primeira fase, as Repúblicas sul-americanas, numa segunda fase, os EUA e a França e por último, a 11 de Setembro de 1911, o reconhecimento oficial e conjunto das monarquias europeias. Estas fases encontram-se detalhadamente descritas in TEIXEIRA, Nuno Severiano, O Poder e a Guerra 1914-1918. Objectivos Nacionais e Estratégias Políticas na Entrada de Portugal na Grande Guerra, p. 88-99.. Assim, foi também a necessidade de legitimidade e de consolidar politicamente o Regime que acabaram por levar a República para a guerra na frente ocidental europeia, na Flandres. As forças em confronto As campanhas de 1914-1918 travadas em África diferem em muito da campanha que se desenrolava ao mesmo tempo na Europa. A guerra em solo africano era de movimento, pertencendo a vantagem a quem tomasse a iniciativa. As forças em confronto eram substancialmente diferentes quer quantitativa quer qualitativamente. As tropas da Schutztruppe eram comandadas por Paul Emil Von Lettow Worbeck, estavam organizadas em companhias e contavam com cerca d 12000 Askaris e 3000 europeus. Apesar de serem numericamente inferiores às forças aliadas, os alemães partiam em vantagem pois conheciam o terreno e tinham efectuado os seus treinos em ambiente africano CANN, John, Moçambique, África Oriental Alemã e a Grande Guerra, in, “Revista Militar” n.º 5, Maio de 2002. p. 372.. A sua actuação para atacar as forças aliadas exaustas e mal treinadas assentava numa superior mobilidade e independência. Utilizavam uma táctica de guerrilha, um emprego massivo das metralhadoras e de acções de reconhecimento, aliado a uma estratégia desprendida da posse do terreno, visando, numa manobra de acção indirecta, atrair o Inimigo, desgastá-lo e ocupar ao máximo o seu tempo. Procuravam sempre obter a superioridade local nos pontos que lhe eram mais favoráveis, evitavam o combate decisivo, retiravam sempre que em desvantagem, concentrando para combater de forma implacável. Com esta forma de actuação, os alemães além de forçarem os aliados a um “(...) esforço relativamente grande para alcançarem objectivos limitados (...)” Idem, p. 367, contribuíam para fixar e mesmo mobilizar recursos que já não seriam empregues em Teatro europeu onde a luta se decidia. Lettow Worbeck, desde o bloqueio de 1915 não conseguia comunicar com a metrópole, não recebendo nem abastecimentos nem reforços, pelo que passou a viver e a combater à custa do Inimigo. Tecnologicamente, os alemães estavam em desvantagem pois a sua arma individual era a Mauser de 1877 de pólvora de fumo. Os aliados estavam tecnologicamente mais avançados, possuindo, por exemplo, a arma Mauser de 1904 Espingarda de repetição e que utilizava pólvora sem fumo, com as vantagens daí advindas., a primeira esquadrilha expedicionária portuguesa e camiões FIAT. As forças aliadas que conseguiram sempre manter a ligação com as respectivas metrópoles, acumularam no período do confronto um efectivo entre os 210000 e os 250000 Lettow Worbeck diz 300000.. Os ingleses e sul-africanos, constituíam o grosso da força aliada, bem comandados por oficiais experientes no Teatro de Operações, principalmente os Boers, sendo o Comandante Supremo Aliado, o General Smuts, também ele um Boer. O contingente português atingiu números próximos dos 20000 homens, entre as forças desembarcadas e o recrutamento local, com um efectivo, grosso modo, de 12000 africanos OLIVEIRA, General Ramires de, História do Exército Português (1910-1945). Lisboa: Estado-Maior do Exército, 1993. Vol. II, p. 171. sem contabilizar os aproximadamente 90000 carregadores Portugal mobilizou para aquele território, ao longo dos vários anos 19.438 militares da metrópole, 985 portugueses recrutados localmente e 10.278 africanos, e recrutou 90000 carregadores, 60000 fornecidos ao Exército português e 30000 às forças britânicas. MARTINS, Azambuja, A campanha de Moçambique, in MARTINS, Ferreira, “Portugal na Grande Guerra”, Vol. II, Lisboa, 1938, p. 186.. Porém, em todas as fases em que o conflito se desenvolveu Portugal apresentou as suas forças com falta de preparação, muito desorganizadas e desmoralizadas O tenente Mário Costa no seu livro É o inimigo quem fala, descreve as condições caracterizadoras desta falta de preparação, do treino, ao fardamento e equipamento, passando pela alimentação, pela baixa moral e pela assistência sanitária, In COSTA, Mário, É o inimigo que fala – subsídios inéditos para o estudo da Campanha da África Oriental 1914 – 1918, Lourenço Marques, Imprensa Nacional, 1932, p. 33. Para Gomes da Costa, as expedições marchavam para os TO com uma organização atabalhoada, “(...) sem ciência nem consciência, à pressa sem cuidado algum como quem embarca rezes para o matadouro (...)”, in Portugal na Guerra: A Guerra nas Colónias, Lisboa, 1925, p. 253-254., com um comando incompetente, dividido e que foi substituído inúmeras vezes. O General Gomes da Costa sintetiza a falta de preparação e de organização ao referir: “(...) Preparação é coisa que não existe em Portugal: tudo se faz por impulsos, bruscamente, segundo as necessidades do momento, e por isso tudo nos sai torto e desafinado; será o que Deus quiser! O fatalismo muçulmano! A experiência, o saber, a inteligência para nada servem. Resultado: Desastre (...)” COSTA, Gomes da, ob. cit., p. 68.. As companhias indígenas tinham pouca instrução e o seu armamento era constituído pelas velhas Snider de cartuchame com invólucros de cartão o papel e o equipamento desconjuntava-se SILVA, Capitão Rodrigues da, Monografia do 3º Batalhão expedicionário do RI n.º 21 à Província de Moçambique em 1915, Lisboa, Imprensa Beleza, s.d., p. 47.. Nestas campanhas Portugal iria enfrentar outros três inimigos de peso além das forças alemãs comandadas por Lettow Worbeck, BESSA, Gomes, ob. cit., p. 181.: o clima e as condições sanitárias inacreditáveis causadores de mais baixas do que o combate com os alemães Sobre as condições sanitárias podemos complementar no livro do médico LIMA, Américo Pires de, Na Costa d´África - memórias de um médico expedicionário a Moçambique, Gaia 1933.; e a desorganização e ineficácia do Estado que se reflectiriam na preparação dos contingentes; Os King´s African Rifles Britânicos que se comportavam como um verdadeiro exército de ocupação e inclusivamente sublevavam as populações contra os portugueses. 1º Expedição Seguindo um rumo diferente dos seus aliados europeus, Portugal envia forças expedicionárias para o território. O decreto que mandou organizar as primeiras expedições militares para Moçambique e Angola data de 18 de Agosto de 1914. A primeira expedição para Moçambique, constituída com base no Batalhão de Infantaria 15 num total de 1527 homens sob o comando do Tenente-Coronel Pedro Massano de Amorim, desembarcou em Porto Amélia a 1 de Novembro de 1914 e guarneceu a linha de fronteira com postos militares ao longo do Rovuma. Contudo o ataque ao posto de Maziúa, na fronteira daquele rio, verificara-se já na noite de 24 para 25 de Agosto. Este incidente de fronteira provocou a morte dos soldados da guarnição da Companhia do Niassa, tendo as autoridades diplomáticas alemãs apresentado desculpas ao Governo Português pelo ataque a um posto de fronteira de um país neutral. Em Outubro do mesmo ano, surgem os primeiros confrontos no Sul de Angola. Abriam-se assim duas frentes de guerra em território africano. Esta primeira expedição chegou a Porto Amélia a 1 de Novembro. Parecia não ser esperada. Numa altura em que se iniciava a estação das chuvas, as tropas ficaram em palhotas sem sequer terem cobertura em zinco. Na Baia de Pemba os navios não podiam atracar, pois o cais só permitia a atracagem de lanchas e botes, e mesmo assim só com a maré cheia. O serviço de saúde era muito deficiente, a alimentação, constituída por enlatados de sardinha, bacalhau e de “rancho confeccionado”, não era adequada. Os soldados dormiam em quinandas. Porém, a protecção de mosquiteiros era descurada pelos próprios denotando a falta de preparação para actuar em África “(...) mosquiteiros não lhes foram dados, e como eles, na sua triste ignorância não acreditavam na transmissão das febres pela picada do mosquito e sorriam estupidamente incrédulos quando lho diziam, em geral não os adquiriam (...)”, in, SILVA, Capitão Rodrigues da, ob. cit. p. 31.. Com a época das chuvas o estado sanitário era mau, pois todos os dias baixavam um grande número de homens Idem, p. 36.. Ao fim de meio ano de expedição o resultado deste acumular de erros foi de 21% de baixas por doença, e isto sem combaterem ou mesmo saírem de Porto Amélia. Numa altura em que Portugal ainda permanecia neutral, a expedição recebe ordens para ocupar Quionga. Devido ao desgaste provocado pelas precárias condições sanitárias uma acção ofensiva seria inviável, além do mais a missão inicial era de defesa do Rovuma, sendo necessário preparar o ataque. O saldo da actividade deste primeiro Contingente, a nível operacional, traduz-se praticamente na abertura de algumas estradas BESSA; Gomes, ob. cit., p. 148., que viriam a ser muito úteis para as operações posteriores. Pedro Massano de Amorim, devia entre outras missões conter os africanos com comportamentos de sublevados “por sua própria iniciativa ou por instigação do estrangeiro” AHU, Ano de 1914 a 1916. Pasta ª Moçambique. N.º 1593, n.º 1 ª 1914. Expedição de Moçambique e instruções dadas ao seu comandante, Sr. Amorim. A intromissão política nos assuntos militares é já notória nesta altura. Pimenta de Castro chegou a dar ordens para o regresso do 1º contingente, pelo que com a sua demissão veio a contra-ordem BESSA; Gomes, ob. cit., p. 148.. 2ª Expedição Em Outubro de 1915, parte para Moçambique uma 2ª expedição organizada à volta do Batalhão de Infantaria 21, com um total de 1543 homens. No desembarque em Porto Amélia a 7 de Novembro esta expedição encontra as mesmas condições precárias da 1ª. De acordo com o relatado da Monografia do 3º Batalhão expedicionário do RI n.º 21 à Província de Moçambique em 1915, nada estava preparado para a receber. As tropas continuavam em palhotas sem cobertura de zinco. O cais continuava a não permitir a atracagem de navios, e com a maré vazia “(...) passava-se das pequenas embarcações para os ombros de um pretalhão, e «à cochita», como as crianças, agarrado à sua cabeça rapada e luzidia (...)” SILVA, Capitão Rodrigues da, ob. cit., p. 29.. O serviço de saúde e a alimentação permaneciam deficientes. O resultado foi ainda mais desastroso, cerca de 75% de baixas, principalmente pelo efeito desgastante do clima MARTINS, Azambuja, Nevala, Expedição a Moçambique, Famalicão, 1935. p. 75.. O descontrolo e a falta de acção de comando eram evidentes, desconhecendo o próprio comandante da expedição, Major de Artilharia Moura Mendes, ao fim de 5 meses de missão, a real situação militar na fronteira TELO, António, Campanha de Moçambique 1916-1918, in AAVV, “Portugal na Grande Guerra 1914-1918”, Diário de Notícias, Lisboa, 2003, p. 157.. Com esta nova expedição seguiu também o novo Governador-Geral, Álvaro de Castro, capitão na situação de licença ilimitada e licenciado em Direito. Apesar de desconhecerem a real situação militar na fronteira Norte de Moçambique, Álvaro de Castro e o Governo de Lisboa, procurando obter dividendo políticos, cedem às pressões do Poder de Londres, e por sua vez pressionavam o comando militar da expedição para ocupar Quionga. A expedição estava quase em ruptura e solicitava reforços. E a 30 de Março o governo acaba por decidir enviar nova expedição, sob o comando do coronel Ferreira Gil, mas é ainda Moura Mendes que a 10 de Abril de 1916, sem encontrar resistência, irá ocupar Quionga. Por norma a historiografia actual, refere o desconhecimento português sobre a ocupação ou não de Quionga por forças alemãs. Porém, na Monografia do 3º Batalhão expedicionário do RI n.º 21 é referido que o Major Portugal da Silveira recebera instruções para ocupar Quionga, efectuando reconhecimentos preparatórios para poder determinar a linha de infiltração; além do mais, pela espionagem, cujo chefe era um monhé de nome Simba Ibraímo que tinha um soldo de 60$00, sabia-se que Quionga estava desguarnecida e que o residente alemão andava a Norte do Rovuma a tentar arranjar forças para a defender, sugerindo ainda uma actuação rápida e de surpresa para evitar reforços SILVA, Capitão Rodrigues da, p. 48.. O plano do Poder português visava ainda transpor o Rovuma e atacar o núcleo principal dos alemães em Tábora OLIVEIRA, General Ramires de , ob. cit., p. 205., pelo que em Maio, o Governador-Geral, com reforços trazidos do Sul, tenta atravessar o Rovuma, recebendo para tal o apoio naval sobretudo do cruzador Adamastor e da canhoneira Chaimite. Esta operação que foi forçada pelo poder político (o Governador não prescindia de dirigir a guerra a partir de Lourenço Marques), realizou-se com inúmeros erros, destacando-se a falta de meios militares e a sua coordenação, pautando-se toda a operação por uma desorganização geral. Do cruzador esperava-se capacidade de fogo para apoiar a travessia do Rio, porém não tinha munições convenientes para bater posições terrestres, e quando foi necessário abrir fogo, os observadores avançados não tinham forma de comunicar, não sendo assim o tiro regulado, com as consequências daí advindas. Assim, a tentativa efectuada para atravessar aquele rio fronteira a 26 e 27 de Maio de 1916, falhou. Após a ocupação de Quionga e até à travessia do Rovuma, os ataques alemães aos postos fronteiriços foram uma constante, mantendo os portugueses numa instabilidade constante. 3ª Expedição A terceira expedição para Moçambique, a maior de todas (128 oficiais e 4356 praças), partiu de Lisboa em sucessivos navios, nos meses de Maio a Julho de 1916, sob o comando do então Coronel Ferreira Gil. Esta expedição contava com 3 Batalhões de Infantaria, 2 batarias de artilharia, 3 de metralhadoras 2 de engenharia e um hospital provisório Idem, p. 210.. A estas forças juntaram-se as tropas da segunda expedição e ainda 10 companhias de recrutamento local, e operaram em território da África Oriental Alemã até Dezembro desse ano. O Major Moura Mendes passou a comandar a Artilharia. O comando militar português não tendo em atenção as lições que deveriam ter sido aprendidas nas anteriores expedições, não corrigiu os erros cometidos até então, pelo que o primeiro navio da terceira expedição quando chega a Tungué, encontra um cenário do desembarque e do acantonamento das tropas semelhante ao das expedições anteriores e uma situação sanitária catastrófica. Depois do desembarque era ainda necessário completar a instrução de combate. O General Smuts, sabendo da chegada da nova expedição portuguesa, pede, em telegrama datado de 8 de Julho de 1916, uma ofensiva a norte do Rovuma. Ferreira Gil que tinha instruções para invadir a Őstafrika alemã e para ocupar os diversos portos até à proximidade do rio Rufigi, responde com a necessidade de concentrar forças antes de efectuar qualquer operação, mas acabará por ceder ás insistências do General Smuts a que se acresciam as fortes pressões governamentais. Lisboa estava mal informada, para ela Lettow Worbeck estaria a retirar, porém a realidade era bem diferente. A terceira expedição tinha uma missão tão ambiciosa como grandiosa CANN, John, ob. cit., p. 381.. O General Smuts pretendia mesmo que os portugueses avançassem sobre Liwale, o que significava uma penetração em território inimigo de cerca de 400 Km, mas Ferreira Gil aceita apenas ir até Lukeledi através de Nevala e Massassi COSTA, Gomes da, A guerra nas colónias 1914-1918, Lisboa 1925., pp. 165-169.. Com 3 colunas e cerca de 4000 Homens, com o apoio de 10 metralhadoras e 14 peças, as forças de Ferreira Gil atravessam a fronteira fluvial a 19 de Setembro MARTINS, Ferreira, ob. cit., p. 159. Do outro lado a força alemã havia retirado. Pensamos que por novamente se efectuar uma incorrecta avaliação da situação, as forças portuguesas enviam uma das colunas no encalce dos alemães até Nevala (200 Km a Norte), que Ferreira Gil manda conquistar. Este posto será ocupado sem combate a 26 de Outubro. De Nevala, a 8 de Novembro, sai uma coluna (aproximadamente 1000 homens) em direcção a Lilundi. Esta força comandada pelo Major Leopoldo da Silva, acaba por ser emboscada no Kiwambo. Nevala fica isolada e será atacada a 22, acabando por ceder a 28 desse mês, pondo-se os sobreviventes em fuga para o Sul do Rovuma. A operação ofensiva portuguesa saldara-se assim num fiasco e numa derrota DUARTE, António, Esboço para uma leitura estratégica sobre a campanha de Moçambique (1914-1918). In “Revista Militar” n.º 8/9, Agosto/Setembro de 1998. p. 694.. Em Nevala um espólio de toneladas de mantimentos, armamento (4 canhões de 75, 7 metralhadoras Maxim) equipamento (dois camiões FIAT) e munições fica para os alemães. Os alemães após Nevala iniciam um contra-ataque para Sul expulsando as forças de Ferreira Gil, que regressou a Portugal a “(...) pretexto de uma oportuna doença (...)” TELO, António, ob. cit., p. 455. e o Governador-Geral, Álvaro Xavier de Castro assume o comando directo das forças e transfere a Base de Palma para Mocímboa da Praia, o que implicou a construção de novas instalações. Esta área pantanosa trouxe consequências graves para o estado sanitário e para a vidas das tropas, pelo que, o mesmo Governador ainda tentou transferir os contingentes para Chomba, a 141 Km para o interior e a 800 m de altitude, em pleno planalto maconde, que na altura estavam sublevados. As Forças portuguesas combateram em solo alemão aproximadamente 3 meses, mas não enfrentaram directamente Lettow Worbeck, este encontrava-se a Norte a conter as ofensivas do General Smuts. Apesar da pausa nos combates provocada pela estação das chuvas, os Aliados continuavam a avançar para o Rovuma, empurrando os alemães cujas forças estavam quase intactas. Em Agosto de 1917, as forças portuguesas são reforçadas com unidades da metrópole e mudam de postura, passam à defensiva ao longo do Rovuma, através de uma linha de postos, cometendo novamente o erro de dispersar as forças ao longo de centenas de quilómetros. Nesta altura, o reforço contava com 3 aviões monomotores Farman, porém, o facto de o aparelho do tenente Sousa Gorgulho sofrer um acidente e na mesma altura adoecer um dos principais mecânicos levam à paralisia operacional da esquadrilha. Mário Costa no seu livro É o inimigo que fala – subsídios inéditos para o estudo da Campanha da África Oriental 1914 – 1918, Costa, Mário, ob. cit., p. 151. apresenta um diário de campanha atribuído ao comando alemão, onde se descreve que o General Wahle, que actuava independente do Lettow Worbeck (o seu chefe), enviou em Abril de 1917 uma força sob o comando do capitão Von Stuemer, para leste do lago Niassa em busca de mantimentos e equipamentos e com instruções para viver tanto quanto possível exclusivamente do inimigo Idem, pp. 148-153.. Atravessado o Rovuma, Von Stuemer apodera-se do posto de Mitomoni, e em poucas semanas ocupou toda a região dos ajauas e respectiva periferia: Mataca, Metarica, Serra Mecula, Mwembe, Mluluca, Maúa, Metarica e Mandimba - Neste período, os portugueses enfrentavam a revolta do Barué, na Zambézia, situação que para sua, não foi aproveitada pelos alemães. Portugueses e ingleses reorganizam-se e lançam-se no encalço dos alemães, reocupando os postos perdidos, acabando o destacamento alemão por retirar para o Rovuma, abandonando por completo a Serra Mecula em princípios de Setembro. Esta primeira invasão de Abril a Setembro, além de ter servido para recolher meios de subsistência de diversa ordem, terá sido um reconhecimento em força preparatório de uma grande invasão a partir de Novembro. 4ª Expedição A quarta expedição, sob o comando Coronel de Cavalaria Tomás de Sousa Rosa (este era já o quinto comandante desde Agosto de 1914), chega a Mocímboa da Praia a 12 de Setembro de 1917. Nesta altura o comando aliado informa Sousa Rosa das suas intenções de continuar a empurrar o inimigo para o Rovuma, e dá indicações através de Von der Venter (na altura Comandante-Chefe das forças aliadas na África Oriental), para que os portugueses reforcem a defesa daquele rio, oferecendo inclusivamente forças para o efeito. Portugal acedeu ao pedido e Sousa Rosa escrevia no seu relatório de Operações que assim os ingleses mostravam “(...) vontade não valorizar nosso esforço para bom resultado final (...)”, concluindo que “(...) estávamos sendo iludidos (...)” ROSA, Souza, Relatório das operações contra os alemães no Leste Africano, 1ª parte, Arquivo Histórico Militar, 2ª Div., 7ª Sec., n.º 271, caixa 12.. Sousa Rosa considerando não necessitar desse apoio, efectua apenas um reforço do dispositivo anterior. O novo dispositivo assentava em 5 postos principais e uma dúzia de postos secundários; estes postos secundários tinham indicações para estabelecerem postos de observação separados não mais de 25 quilómetros, possibilitando um reforço rápido de qualquer posto atacado. Apesar da postura defensiva adoptada, Sousa Rosa mantinha intenções de passar à ofensiva mal estivessem criadas as condições Idem, p. 17-19.. Os Britânicos que tinham na sua posse os maiores portos alemães e ocupavam a maior parte da Őstafrika, enfrentam de 15 a 17 de Outubro em Nyango, Lettow Worbeck que sofre pesadas baixas. Este, procurando conservar a sua liberdade de acção, opta por ir combater para dentro das fronteiras do próprio inimigo indo em busca de víveres e munições WORBECK, Lettow, As minhas memórias da África Oriental, Lisboa, s.d., p. 261-263.. Com esta atitude forçava as forças aliadas a concentrar recursos que poderiam ser mais úteis noutras paragens, assistindo os portugueses a uma guerra entre ingleses e alemães no seu próprio território. A 2 de Novembro, uma força alemã, aquilo que podemos considerar de guarda avançada, toma o posto de Nangar. A 25 do mesmo mês, Lettow Worbeck ao comando de 300 europeus e 1700 Askaris e 3000 carregadores com as respectivas famílias Idem, p. 263., atravessa o Rovuma a vau perto do posto de Negomano e entra no território de Moçambique. A partir, de 1917 todo o Norte de Moçambique foi atingido por um conflito internacional estando a margem direita do Rovuma a ser sustentada por uma espécie de fantasmas de militares PÉLISSIER, René, História de Moçambique - Formação e oposição 1854-1918. Lisboa: Ed. Estampa, 1994, Vol. I, p 399., para quem sobreviver era a palavra de ordem. Os alemães eram perseguidos pelas forças inglesas, que para Sousa Rosa, “(...) perderam o contacto e nós agora que nos aguentemos em força, sem qualquer auxílio imediato (...)” ROSA, Souza, relatório citado, p. 17-19.. Negomano é conquistado sem grande dificuldade, sucumbindo o seu comandante, Major Teixeira Pinto, nos primeiros minutos de combate. Com grande parte da guarnição em fuga, os alemães apoderam-se mais uma vez dos preciosos víveres, munições e das valiosas Mauser de 1907. Depois de conquistar Negomano, Lettow Worbeck subdivide a sua coluna em diversos destacamentos, constituindo aquilo a que René Pélissier designou por “(...) uma longa serpente central muito móvel, cujas contorções foram o pesadelo do Exército inglês e acessoriamente, do português (...)” PÉLISSIER, René, ob. cit., p. 420. As forças alemãs continuaram depois ao longo do Lugenda e chegam a Nanguar a 2 de Dezembro, a Chirumba a 11 e Muembe a 19 e, a 21, transpunham o rio Lúrio, forçando as guarnição de Muíte a retirar. O destacamento que seguia ao longo da margem esquerda do Lúrio, em direcção à foz, chega a Mecúfi a 2 de Janeiro de 1918 e a 7 deste mês, numa tentativa portuguesa de travar a progressão alemã, veio a dar-se um segundo combate em Muíte. Os alemães continuaram sempre para Sul pilhando tudo e recolhendo o que podiam de víveres, armamento e munições. Ao Sul do Lúrio, Lettow Worbeck, muda de táctica, concentrando forças e constituindo uma guarda avançada, a poucos dias de marcha do grosso da Schutztruppe, seguida de uma guarda de retaguarda. Em Dezembro de 1917, Sousa Rosa recebe instruções para abandonar Porto Amélia, que viria a ser ocupado pelos ingleses. Porém, os alemães já tinham abandonado a região em direcção a Sul, atravessando zonas até então consideradas intransitáveis no período das chuvas. A oposição ao seu avanço é praticamente insignificante, e os Aliados só dão conta da sua localização através das notícias da queda sucessiva dos diferentes postos. Lettow Worbeck é, no entanto, perseguido por forças Aliadas comandadas por Von der Venter, que tinha sob seu comando as forças portuguesas Em telegrama de 6 de Janeiro de 1918, Inglaterra solicita a disponibilização de as forças portuguesas serem colocadas sobre o Comando de Von der Venter, aquilo a que hoje se designa de Comando Operacional, o que é aceite por Portugal, in Ministério dos Negócios Estrangeiros, Portugal na Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), Tomo II, As negociações diplomáticas e a acção militar na Europa e em África, Lisboa, 1997. Os ingleses que perseguiam a Schutztruppe não aceitaram combater sob as ordens dos portugueses, constituindo um verdadeiro segundo exército de ocupação, in PÉLISSIER, René, ob. cit., p. 432.. Estas limitavam-se apenas a efectuar tarefas de guarnição, pois Von der Venter assim o impunha. Malena, perto de Nampula e situada a uma latitude idêntica à da Ilha de Moçambique, conta com a presença alemã em Fevereiro de 1918. A proximidade da Nampula leva a uma concentração de forças Aliadas para a defenderem. Este será mais um erro de avaliação Aliada. A estratégia alemã era a de contornar os centros urbanos. No final deste mês (Fevereiro), os aliados tentam efectuar um cerco com a progressão de várias colunas: do Norte vinham forças quenianas e nigerianas, da costa vinham ingleses, indianos e sul-africanos, aguardando os portugueses com apoio inglês mais a Sul. Grande parte dos reforços portugueses que chegavam da metrópole estavam a ser empregues em operações de afirmação da soberania nas zonas atravessadas e sublevadas pelos alemães. Se a primeira invasão alemã não pode ser relacionada com a submissão dos macondes A campanha de pacificação contra os macondes foi comandada por Neutel de Abreu, à frente de cerca de 2000 auxiliares macuas., a segunda invasão viria reacender a dissidência dos portugueses com os Ajauas e inflamar a resistência macua-lomué e, perifericamente, teria efeitos no sector suaíli PÉLISSIER, René, ob. cit., p. 417.. Lettow Worbeck esboça intenções de se dirigir para Norte. Para acautelar essa eventualidade, em Março os ingleses desembarcam na Ilha um milhar de homens com destino a Nampula. Contudo, o General alemão continua para Sul em direcção a Quelimane, conseguindo fugir ao cerco aliado. Com esta inflecção, os Aliados, cometendo novamente erros nas avaliações do comandante alemão, temem um ataque ao importante porto de Quelimane, concentrando aí forças e encetando uma marcha forçada de Norte, procurando encurralar novamente os alemães. Estes aproveitam para ocupar uma série de pequenos postos, incluindo Nhamacurra (ou Kokossani), local muito próximo de Quelimane e onde estava sediada a Companhia do Boror. Nahmacurra, um eldorado de mantimentos e munições, fora indicada aos alemães pelas populações. Entre 1 e 3 de Julho a Schutztruppe vence a mais forte posição aliada em Moçambique, Nhamacurra, onde infligem pesadas baixas à força anglo-portuguesa. No comando desta posição estava o tenente coronel Gore Brown dos King´s African Rifles. No final do combate, o precioso espolio de armamento, equipamento, mantimentos e medicamentos foi aproveitado para suprir as faltas logísticas alemãs e o que não foi possível aproveitar foi simplesmente queimado. Nhamacurra foi praticamente o fim das operações dos Portugueses contra os Alemães. Von der Venter procurava manter as tropas portuguesas e inglesas afastadas, evitando possíveis “contaminações”, e o Governador-Geral, Pedro Massano de Amorim, numa verdadeira economia de forças, aproveita a oportunidade para as deixar na costa para depois as poder utilizar na reocupação do território e submissão das revoltas Idem, p. 428.. Depois de Nhamacurra, como já tinha feito em Nampula, Lettow Worbeck evita a cidade de Quelimane e inflecte para nordeste, seguindo paralelamente à costa e, evitando, sempre o contacto com as forças que os perseguiam, dirige-se para Angoche, de onde parte em direcção a Oeste. A 24 está a atravessar o rio Licungo, a 4 de Setembro o rio Lúrio, em Mtetere. O Lugenda foi passado próximo de Luambala e a 28 do mesmo mês o Rovuma, 30 km a Leste de Mitomoni, de volta à Őstafrika  BOTELHO, José Justino Teixeira, História militar e política dos Portugueses em Moçambique – de 1833 aos nossos dias. Coimbra: Imprensa da Universidade, Coimbra, 1921. Vol. II. pp. 717 – 722.. O Coronel Sousa Rosa que assumira a defesa de Quelimane é exonerado e substituído em Julho pelo tenente-coronel Alberto Salgado, sendo o sexto comandante desde o começo da guerra. Lettow Worbeck actuava sobre os prisioneiros e sobre as populações de uma forma pouco usual. Quer por insuficiência de meios quer por intenção deliberada, aos prisioneiros, centenas, libertava-os de imediato com a promessa de não mais voltarem a pegar em armas contra os alemães. Depois procurava conquistar a adesão das populações e instigar à sua revolta contra os Aliados, chegando a armá-la. As populações além de cederem alimentos, mulheres e guias, serviam ainda de órgão de informação sobre o dispositivo Aliado WORBECK, Lettow, ob. cit., p. 272.. Balanço Possível Apesar de em 1919, através de deliberação do Tratado de Versalhes, Portugal ter obtido o reconhecimento, pelos aliados, da incorporação de um território de que se considerava o proprietário legítimo (o Triângulo de Quionga), a Guerra em Moçambique foi do ponto de vista militar foi um desastre. Nenhum objectivo militar foi alcançado, o inimigo efectuou duas invasões, uma de seis meses e outra de 10, as baixas foram consideráveis – 2007 portugueses (9,8% das forças mobilizadas) e 2804 indígenas Morreram mais tropas no Teatro de Operações de Moçambique do que na Flandres, porém, aqui a causa principal foi a doença e não o combate., e as populações locais sublevavam-se e apoiavam o inimigo logisticamente e ao nível de intelligence. As justificações para este desastre são inúmeras mas destacamos as seguintes: Em Portugal a sociedade estava dividida quanto à beligerância ou não, incluindo o próprio corpo de oficiais, os governos eram também sucessivos, e algumas das forças expedicionárias foram propositadamente enviadas por forma a mante-las afastadas da metrópole; Não houve uma concentração de poderes entre o Governador e o Comandante Chefe, interferindo o Governo com frequência na esfera militar com o inconveniente de nem sempre estar devidamente informado sobre a real situação no terreno; As tropas não estavam mal apetrechadas, faltava-lhes sim preparação, coordenação, organização e um bom apoio sanitário; Entre os portugueses a valsa do comando foi significativa; Deu-se uma resposta convencional a um inimigo que actuava subversivamente com uma táctica de guerrilha, sem objectivos fixos, e sem alvos territoriais. Por outro lado, os alemães enfrentavam os Aliados com um efectivo muito superior, e Lettow Worbeck acabou por ser expulso da África Oriental Alemã, que passara para mãos britânicas. Contudo, a campanha não acabara. Os King´s African Rifles Britânicos, em número muito superior, enfrentaram a Schutztruppe na Őstafrika alemã e, no seu encalce, introduziram-se em Moçambique, onde, apoiadas por algumas tropas portuguesas, os perseguiram e combateram até à sua retirada, a 28 de Setembro de 1918. Lettow Worbbek, adoptando uma táctica de guerrilha, um emprego massivo das metralhadoras, de acções de reconhecimento e com grande qualidade de comando, foi derrotando sistematicamente todas as forças que enfrentava, evitando sempre o combate quando em situação desvantajosa sendo que após um percurso de milhares de quilómetros, conseguiu assegurar o seu objectivo ao longo de toda a Guerra: o de não ser capturado Sibley, Major R. Tanganyikan guerrilla: East Asfrican Campaign 1914-18. New York: Ballantine Books, 1971, pp. 28-29 e 44. Os alemães sofreram inúmeras baixas em combate mas a maioria foi afectada pelas doenças como a varíola e a pneumónica; no total perderam 45% do efectivo europeu e 90% de Askaris Chegou a ter 3007 alemães e 12100 Askaris, no armistício contava com 155 alemães e 1156 Askris. Lettow Worbeck viria a render-se voluntariamente a 25 de Novembro de 1918 na Rodésia do Norte, duas semanas após o armistício. 17