Phd Thesis by Fábio Ribeiro
Será porventura intrínseco à natureza dos meios de comunicação social um determinado
apelo à impl... more Será porventura intrínseco à natureza dos meios de comunicação social um determinado
apelo à implicação daqueles a quem se dirigem (Wolton, 2009; Carpentier & Cleen, 2008). No
caso específico do jornalismo, discute-se hoje a natureza de uma eventual maior propensão de
trocas comunicativas entre os média e os cidadãos, por via de condições técnicas e tecnológicas
favoráveis (Cruz & Bragança, 2002; Harley, 1996), capazes de retroalimentar os processos
comunicativos, transfigurando os estáticos papeis de emissor e recetor (Cloutier, 2002). No seio
dos estudos em Comunicação, este movimento dialético entre o jornalismo e o público associase
frequentemente ao conceito de ‘participação nos média’, como o momento em que as
audiências conseguem inscrever a sua voz no discurso jornalístico num determinado formato
(Carpentier, 2011; Pinto, 2010; Deuze, 2006, Huesca, 1996).
Ora, recortando apenas uma dessas esferas onde este complexo termo intervém, esta
investigação problematiza, em primeiro lugar, o conceito de cidadania enquadrado no espaço
público e mais concretamente nos média para, num segundo momento, refletir sobre os
condicionalismos tecnológicos que servem audiências potencialmente mais ativas e envolvidas
no discurso jornalístico. Desta forma, o presente trabalho procura avaliar de que forma está
montado o ‘cenário participativo’ nos média portugueses, conhecendo os cidadãos que dele
tomam parte e compreendendo as políticas levadas a cabo pelos responsáveis mediáticos. Para
tal, convocámos uma amostra que procura representar uma abordagem multidisciplinar do
jornalismo, concretizada em diversos espaços participativos: na rádio, o Fórum TSF da TSF –
Rádio Notícias; na televisão, o Opinião Pública da SIC Notícias; na imprensa, o Jornal de Notícias
com as Cartas do Leitor, e na imprensa online a edição do PÚBLICO com as caixas de
comentário às notícias. Resgatando um conceito tradicionalmente associado ao campo político
(Dahlgren, 2006), procuramos atualizá-lo numa perspetiva reconfigurada, num novo paradigma
comunicacional, conscientes de que poderá ser crucial repensar esta relação em épocas de
contenção orçamental e financeira, uma vez que estará inclusivamente em causa a própria
sobrevivência dos meios que dependem inexoravelmente das audiências.
Masters Thesis by Fábio Ribeiro
Pensar a rádio no contexto das novas tecnologias da informação não deve ser
tarefa alheada de uma... more Pensar a rádio no contexto das novas tecnologias da informação não deve ser
tarefa alheada de uma das características mais marcantes do meio radiofónico: a sua
associação ao telefone e, por conseguinte, à sua capacidade para escutar o próprio
ouvinte. Na verdade, é sob o signo da participação dos leitores, ouvintes e
telespectadores que muitos estudos têm organizado os desafios do digital e da
potencial interactividade entre aqueles que nos habituámos a reconhecer na qualidade
de emissores e receptores. Orientada pela experiência curricular de três meses na
redacção da TSF – Rádio Jornal (no período de Novembro de 2007 a Fevereiro de
2008), a presente dissertação procura também ser um contributo neste domínio. Não
permitindo, porém, a natureza deste trabalho, uma tarefa demasiado ambiciosa, tomase
aqui como pretexto de um processo de questionação, apenas um programa em
concreto, o Fórum da TSF, organizando-se uma reflexão em torno da seguinte
interrogação: “Que razões levam à participação dos ouvintes num espaço de opinião
pública?”
O tronco central desta dissertação visa, portanto, questionar os motivos que
levam o ouvinte a participar em programas de antena aberta. Tratar-se-á de uma
participação motivada por um particular desejo de alterar, de algum modo, a realidade
política, social ou cultural? Ou, pelo contrário, tratar-se-á de uma participação
desinteressada, justificada apenas pelo próprio prazer de emitir opinião?
Partem estas questões da observação de um episódio particular. Em
Dezembro de 2007, surgiram informações em todos os meios de comunicação social
do país acerca da intenção do Governo de cobrar, aos portugueses, uma taxa de
utilização de sacos de plástico, em todos os supermercados e hipermercados do país.
A notícia foi objecto de debate em vários espaços de opinião pública, incluindo o
Fórum da TSF. A nota dominante nestes espaços foi, precisamente, a onda de
reacções negativas dos participantes sobre o tema. A verdade é que o Governo, pelo
menos no curto prazo, recuou, aparentemente deixando cair a intenção anunciada.
Não pretendendo analisar este caso em concreto, mas tomá-lo apenas como
pretexto, concentra-se este relatório especialmente na exploração das motivações dos
ouvintes. Para tanto, apresenta-se em matéria de conclusões o resultado de um
inquérito por questionário a uma amostra acidental de ouvintes/participantes.
Articles in scientific journals by Fábio Ribeiro
Anuario Electrónico de Estudios en Comunicación Social - Disertaciones, 2023
O fact-checking é uma prática jornalística muito recente em Portugal. Nenhum estudo até agora pro... more O fact-checking é uma prática jornalística muito recente em Portugal. Nenhum estudo até agora procurou entender a atitude do público em relação a este novo fenómeno. Metodologia: este estudo exploratório, com base em um questionário online (N = 618), teve como objetivo investigar a atitude e a perceção dos portugueses em relação ao fact-checking, analisando o efeito das práticas de consumo de informação, os aspetos sociodemográficos e a orientação política dos indivíduos. Os nossos resultados mostram que a maioria é favorável ao fact-checking e está familiarizada com a prática. No entanto, os níveis de familiaridade são reduzidos e estão abaixo do esperado, uma vez que 40 % dos entrevistados não conhecem este género jornalístico. Além disso, encontramos um ceticismo significativo, por parte dos participantes, em relação à ética dos fact-checkers. Corroborando com outros estudos, os jovens e os mais instruídos são mais favoráveis e mais familiarizados com o fact-checking. Ao contrário de outros estudos, os nossos resultados não mostram qualquer efeito da orientação política e ideológica sobre os níveis de aceitação e familiaridade. Este estudo levanta vários desafios relevantes, demonstrando que as pessoas podem não estar tão familiarizadas com o fact-checking como seria de esperar e que existe uma grande desconfiança no rigor e imparcialidade dos fact-checkers, o que pode ser um obstáculo à correção da desinformação.
Media & Jornalismo, 2023
Uma aula de Jornalismo que se constrói a partir das mais importantes memórias do icónico repórt... more Uma aula de Jornalismo que se constrói a partir das mais importantes memórias do icónico repórterpolacoRyszard Kapuściński. Assim se poderia resumir a obra Os Cínicos Não Servem Para Este Ofício. Conversas sobre o Bom Jornalismo, em que Kapuściński explica como é que a profissão de jornalista nunca pode desligar-se da História, Fotografia e Literatura. Que escrever sobre um mundo “euro-cêntrico”, de uma sociedade mundial que engole e minimiza tudo o que é particular e local, conti-nua a ser um problema. Uma discussão extensa, dividida em três partes, organizada por Maria Nadotti, tradutora, ensaísta e também jornalista.
Revista de Letras, 2023
The migration of radio, traditionally restricted to FM, to new digital environments, where websit... more The migration of radio, traditionally restricted to FM, to new digital environments, where websites, social networks and mobile applications surround, has become the new oasis of radio communication. Many have praised the transition that radios have made to digital, however, this optimism coexists with many doubts, either by the difficult profitability or by the huge effort that this technical transition requires from broadcasters. This article is based on a case study of Rádio Onda Viva, in Póvoa de Varzim, the first broadcaster in this municipality, which started as a pirate radio station, but, with the Radio Law of 1989, managed to obtain a licence and remains active until today. The observation of the digital transition of this historical broadcaster allowed us to understand that the online presence of this local radio station is quite strong, but the traditional FM broadcast still remains the priority. It was also perceived that, occasionally, it tries to expand geographically both broadcasts (traditional and online), and interact more with listeners; however, it lacks more durable and effective interaction strategies.
Biblos, 2023
As migrações fazem parte das movimentações humanas desde que a Humanidade se reconhece como tal. ... more As migrações fazem parte das movimentações humanas desde que a Humanidade se reconhece como tal. Independentemente do grau de proximidade com a problemática das migrações, onde refugiados, migrantes e imigrantes lutam por condições dignas, parece ser consensual admitir que os meios de comunicação social oferecem visões que importa conhecer e problematizar. É este o propósito genérico deste artigo, que analisou a forma como, em 2022, os principais jornais online de Portugal, Espanha, Brasil e Argentina retrataram as migrações dos refugiados nos mais diversos espaços jornalísticos. A partir de uma amostra de 232 notícias, concluiu-se que a maioria dos conteúdos é perspetivada na editoria "Internacional" (54,7%), no entanto predominam abordagens sobre a integração dos refugiados na sociedade e a participação dos países no palco mediático sobre estes assuntos. Para além de não existirem diferenças significativas entre países, apenas nuances, os resultados globais indicam uma prevalência de notícias que abordam os refugiados de uma perspetiva negativa, em 40,09%.
Palabra Clave, 2023
Cuando la OMS declaró la pandemia de covid-19 en marzo de 2020, los científicos desconocían la ex... more Cuando la OMS declaró la pandemia de covid-19 en marzo de 2020, los científicos desconocían la existencia de esta enfermedad. Al mismo tiempo, la ONU pidió esfuerzos concertados para difundir datos científicos sobre el virus. Si desde el punto de vista médico y biológico se conoce la respuesta a la pandemia, que sería decisiva para combatir el virus, poco se sabe de las preocupaciones que ocupaban a los investigadores de las Ciencias de la Comunicación en un momento en que era necesario transmitir mensajes de riesgo a la población. A partir de una muestra de las 20 revistas más destacadas en el índice Scopus, se buscó caracterizar la investigación que cruzó la pandemia con la comunicación en el primer año de esta crisis (marzo 2020-marzo 2021). En los 42 trabajos sobre la covid-19, se concluye que los investigadores no trabajaron en una lógica de asociación internacional, donde se han destacado las preocupaciones sobre los impactos digitales de la covid-19 en la sociedad.
Revista Prâksis , 2024
Fundada em 1921, a revista Seara Nova destaca-se no panorama mediático português não ... more Fundada em 1921, a revista Seara Nova destaca-se no panorama mediático português não apenas pela sua longevidade. Durante anos, foi um dos símbolos da resistência ao regime ditatorial liderado por António Salazar (1926-1968) e Marcelo Caetano (1968-1974), sobrevivendo a inúmeras censuras e atentados à liberdade de expressão, com uma proposta editorial que noticiava os problemas do país e diversas situações que marcavam a atualidade internacional e com um olhar atento aos países africanos de língua oficial portuguesa. A partir de uma delimitação temporal (1959-1979) e abordando apenas duas temáticas – a cobertura de assuntos da África de língua portuguesa e os acontecimentos internacionais – este artigo observa a mediatização destes assuntos retratados na primeira página da revista Seara Nova. A análise efetuada às 225 edições, ao longo de duas décadas, permite concluir, por exemplo, que os assuntos internacionais ocupavam um espaço diminuto, mas relevante do ponto de vista editorial. O líder cubano Fidel Castro surge como figura mais vezes retratada, ao mesmo tempo que alguns conflitos militares e políticos menos mediáticos, como o Perú, Chile e a República Dominicana também surgem com frequência. A revista esteve, ainda, atenta aos feitos científicos da altura, como a chegada do Homem à Lua, e manifestou sempre um interesse claro pela literatura, com a recusa do Nobel por Sarte, a morte de Albert Camus ou a passagem de Jorge Amado por Portugal, assim como as mudanças de poder nas ex-colónias. Esta investigação sugere, por fim, que a revista sobreviveu ao regime ditatorial e que a transição para a democracia foi relativamente inócua para o tratamento de assuntos internacionais.
Saúde e Sociedade, 2024
Centrando-se no impacto que a comunicação
de risco emitida pelas organizações de saúde
pública te... more Centrando-se no impacto que a comunicação
de risco emitida pelas organizações de saúde
pública tem na mudança dos comportamentos da
sociedade, esta investigação pretende analisar as
mensagens-chave que a Organização Mundial de
Saúde (OMS) definiu para promover o programa
de vacinação contra a covid-19. Para cumprir este
objetivo, enveredou-se por uma metodologia de
estudo qualitativa, que privilegiou o uso da análise
do conteúdo publicado nas páginas de Facebook e
de Instagram da OMS, no período de 1 de abril a
31 de agosto de 2021. No total, foram analisadas
62 publicações. Os resultados mostraram que a
OMS utilizou quatro eixo de comunicação para
promover a importância da vacinação na sociedade:
garantir a credibilidade e a transparência da
informação transmitida; certificar a segurança
e a eficácia da vacina; apelar ao sentido de
responsabilidade coletiva; e associar a vacina à
solução para pôr fim à pandemia. As conclusões do
estudo mostram que, embora a equidade no acesso
à vacina ainda seja uma realidade em construção,
os quase 70% da população mundial vacinada
sugerem que as mensagens enviadas pela OMS
no contexto de comunicação de risco podem ter
contribuído para a construção de uma imagem
positiva do programa de vacinação.
European Journal of Communication, 2022
Sending letters to newspapers seems quite old-fashioned in this post-electronic era. Citizens
hav... more Sending letters to newspapers seems quite old-fashioned in this post-electronic era. Citizens
have now other possibilities to be visible. However, this has not prevented authors Allison
Cavanagh and John Steel to publish Letters to the Editor. Comparative and Historical
Perspectives, hence delivering a passionate defence of this classic way of communication
between readers and the media. Throughout nine chapters, 15 contributors engage in a
remarkable discussion about the social, political and communicative dimensions of the
letters to the editor. It is not a one-sided manifesto: authors acknowledge several pitfalls
and downhills of citizens’ intervention in the media, as described early on.
Comunicação, Mídia e Consumo, 2021
During emergencies (floods, earthquakes, fires, etc.), access to accurate
information can be deci... more During emergencies (floods, earthquakes, fires, etc.), access to accurate
information can be decisive to ensure people’s safety. Some digital resources
(websites, social networks and mobile applications) are currently geared towards
this purpose. This article seeks to evaluate experiences of this nature, in countries
such as Japan, Mexico, Spain, etc., through a non-probabilistic sample, a manifest and latent content analysis, and a semi-structured interview with the
head of the Fogos.pt project in Portugal. The results suggest that the exchange
of information during these periods varies between volunteering and contracting
a service. Positive contributions from citizens often go hand in hand with misinformation
campaigns aimed at misleading public opinion and creating false
solidarity campaigns.
Signo y Pensamiento, 2022
Ao longo da última década, tem-se assistido a um intenso debate sobre a relevância dos comentário... more Ao longo da última década, tem-se assistido a um intenso debate sobre a relevância dos comentários às notícias online. Alguns investigadores questionam o discurso de ódio verificado nesses espaços, outros destacam a partilha de opiniões entre cidadãos. Este artigo propõe uma ferramenta metodológica de medição da qualidade dos comentários às notícias online, utilizando uma amostra de 300 comentários em sites com grande visibilidade em Portugal (Público; Sapo), Espanha (El País; 20 Minutos) e Brasil (UOL; Folha S. Paulo). Os resultados revelam que os comentadores utilizam tendencialmente um nome próprio, uma argumentação pouco pessoal (82,3%), relevante para a discussão em causa (60,3%), com um número reduzido de erros ortográficos/gramaticais (14,7%) e intervenções agressivas (31,7%). Seguindo o Modelo de Avaliação de Políticas dos Comentários Online (MAPCO), comprovou-se que sites que apostam em sistemas classificados de qualidade na moderação dos comentários
conseguem atrair intervenções mais relevantes e oportunas.
Motricidade, 2022
Este artigo pretende refletir sobre a dimensão mediática do fenómeno racismo na primeira página d... more Este artigo pretende refletir sobre a dimensão mediática do fenómeno racismo na primeira página dos jornais, a partir da análise de três episódios polémicos observados no futebol, que envolveram jogadores negros, a saber, Moussa Marega, Pierre Webó e Mouctar Diakhaby, entre 2020 e 2021. Opta-se por uma metodologia qualitativa, com a análise formal e textual de um corpus selecionado das primeiras páginas de periódicos generalistas e desportivos. Através deste estudo de caso, conclui-se que o corpus, na generalidade, representa uma condenação das alegadas atitudes racistas enquanto crime público, quer através do discurso linguístico quer através das imagens selecionadas, gerando uma narrativa de solidariedade para com os futebolistas envolvidos.
Revista Comunicação Pública, 2021
Nos últimos anos tem-se registado um aumento significativo no consumo de podcasts,
numa tendência... more Nos últimos anos tem-se registado um aumento significativo no consumo de podcasts,
numa tendência que parece já não ser exclusivamente internacional. Em Portugal, durante o confinamento provocado pela pandemia da COVID-19, seguiu-se essa tendência. Dirigido tanto para as grandes audiências, como para pequenos nichos hiperespecializados, o podcast tem vindo a ser utilizado não apenas pelos meios de comunicação, mas também nas mais diferentes áreas: da política às relações públicas, do ensino à comunicação organizacional, da cultura ao desporto. Este número da Revista Comunicação Pública, sob o tema “Os novos territórios do Podcast”, tem por objetivo explorar esse carácter multifacetado e transversal do podcast.
Estudos de Jornalismo, 2021
Este artigo reflete sobre o papel das mulheres jornalistas e suas funções no jornalismo
desportiv... more Este artigo reflete sobre o papel das mulheres jornalistas e suas funções no jornalismo
desportivo em Portugal, a partir da análise de dois pontos de vista: a forma como se integram
nas redações e as perceções sociais que estão relacionadas com a sua atividade, sobretudo a
partir do trabalho realizado no exterior e pelos comentários feitos por leitores, ouvintes ou
telespectadores. Deste modo, realizou-se um estudo, de pendor qualitativo, através da
realização de entrevistas estruturadas a uma amostra de mulheres jornalistas na área de
desporto, bem como de investigadoras na área de interseção entre os estudos de género e os
média. A análise dos diversos depoimentos indica que as jornalistas assumem as dificuldades
de trabalhar numa área ainda muito marcada pela presença masculina, tanto na ocupação de
cargos de chefia, como nos conteúdos desportivos abordados. As jornalistas sublinham a
recorrência de comentários preconceituosos, misóginos e ofensivos, que procuram diminuir o
potencial que as mulheres possam oferecer a esta área de trabalho.
Revista Comunicação Pública, 2021
Nos últimos anos tem-se registado um aumento significativo no consumo de podcasts,
numa tendência... more Nos últimos anos tem-se registado um aumento significativo no consumo de podcasts,
numa tendência que parece já não ser exclusivamente internacional. Em Portugal, durante
o confinamento provocado pela pandemia da COVID-19, seguiu-se essa tendência.
Dirigido tanto para as grandes audiências, como para pequenos nichos
hiperespecializados, o podcast tem vindo a ser utilizado não apenas pelos meios de
comunicação, mas também nas mais diferentes áreas: da política às relações públicas, do
ensino à comunicação organizacional, da cultura ao desporto. Este número da Revista
Comunicação Pública, sob o tema “Os novos territórios do Podcast”, tem por objetivo
explorar esse carácter multifacetado e transversal do podcast.
Revista de Letras, 2021
New social movements emerge in Portugal as relevant actors in democratic decision-maki... more New social movements emerge in Portugal as relevant actors in democratic decision-making processes. As more democratic, young and urban, new social move-ments engage in a relevant change in the processes of negotiation (Santos 2008, 2001; Schemmeling 2009; Swyngedouw 2010; Touraine 2002, 1994), publicizing marginal claims and minority flags (Guerra 2006; Henriques 2007; Picolotto 2007; Alonso 2009). So, this article aims to discover: “How to define today’s narratives of the New Social Movements in Portuguese media, in the view of young people?”. The meth-odological resources used are documentary research and inquiry to a nonprobabilistic sample survey by voluntary system.The most significant results found about new activism are: a) journalistic pieces are evaluated, by youth, as partial, superficial and controversial; b) the respondents as-sociate some advantages to the new activism: flexibility, new technologies, and the per-ception of helping the world; c) and, finally, the respondents associate disadvantages to the new activism: extremism, violence, controversy.Keywords: New Social Movements; Activism; Media.RESUMO Os novos movimentos sociais surgem em Portugal como atores relevantes nos processos democráticos de tomada de decisão. À medida que se tornam cada vez mais democráticos, jovens e urbanos, os novos movimentos sociais operam uma não menos importante mudança nos processos de negociação coletiva (Santos 2008, 2001; Schemmeling 2009; Swyngedouw 2010; Touraine 2002, 1994), divulgando, não raro, reivindicações marginais e bandeiras minoritárias (Guerra 2006; Henriques 2007; Picolotto 2007; Alonso 2009).New Social Movements in Media: Marginal or Marginalized Narratives?
32Nesse contexto, visa o presente artigo responder à questão de partida que aqui se propõe: “Como se definem, nos media portugueses, as narrativas dos Novos Movimentos Sociais, na perspetiva dos mais jovens?”. Os recursos metodológicos utili-zados neste trabalho são a pesquisa documental e o inquérito via questionário, admin-istrado a uma amostra não-probabilística por sistema de voluntariado.Os resultados preliminares do estudo apontam para o facto de: a) as peças jor-nalísticas serem avaliadas, pelos jovens, como parciais, superficiais e controversas; b) os inquiridos associarem algumas vantagens ao novo ativismo, como a flexibilidade, a as-sociação às novas tecnologias, e a perceção altruísta do novo ativismo; c) e, finalmente, os inquiridos associarem também desvantagens inequívocas aos novos movimentos so-ciais, a saber, o extremismo, a violência, e a controvérsia.Palavras-chave: Movimentos Sociais; Ativismo; Media
Uploads
Phd Thesis by Fábio Ribeiro
apelo à implicação daqueles a quem se dirigem (Wolton, 2009; Carpentier & Cleen, 2008). No
caso específico do jornalismo, discute-se hoje a natureza de uma eventual maior propensão de
trocas comunicativas entre os média e os cidadãos, por via de condições técnicas e tecnológicas
favoráveis (Cruz & Bragança, 2002; Harley, 1996), capazes de retroalimentar os processos
comunicativos, transfigurando os estáticos papeis de emissor e recetor (Cloutier, 2002). No seio
dos estudos em Comunicação, este movimento dialético entre o jornalismo e o público associase
frequentemente ao conceito de ‘participação nos média’, como o momento em que as
audiências conseguem inscrever a sua voz no discurso jornalístico num determinado formato
(Carpentier, 2011; Pinto, 2010; Deuze, 2006, Huesca, 1996).
Ora, recortando apenas uma dessas esferas onde este complexo termo intervém, esta
investigação problematiza, em primeiro lugar, o conceito de cidadania enquadrado no espaço
público e mais concretamente nos média para, num segundo momento, refletir sobre os
condicionalismos tecnológicos que servem audiências potencialmente mais ativas e envolvidas
no discurso jornalístico. Desta forma, o presente trabalho procura avaliar de que forma está
montado o ‘cenário participativo’ nos média portugueses, conhecendo os cidadãos que dele
tomam parte e compreendendo as políticas levadas a cabo pelos responsáveis mediáticos. Para
tal, convocámos uma amostra que procura representar uma abordagem multidisciplinar do
jornalismo, concretizada em diversos espaços participativos: na rádio, o Fórum TSF da TSF –
Rádio Notícias; na televisão, o Opinião Pública da SIC Notícias; na imprensa, o Jornal de Notícias
com as Cartas do Leitor, e na imprensa online a edição do PÚBLICO com as caixas de
comentário às notícias. Resgatando um conceito tradicionalmente associado ao campo político
(Dahlgren, 2006), procuramos atualizá-lo numa perspetiva reconfigurada, num novo paradigma
comunicacional, conscientes de que poderá ser crucial repensar esta relação em épocas de
contenção orçamental e financeira, uma vez que estará inclusivamente em causa a própria
sobrevivência dos meios que dependem inexoravelmente das audiências.
Masters Thesis by Fábio Ribeiro
tarefa alheada de uma das características mais marcantes do meio radiofónico: a sua
associação ao telefone e, por conseguinte, à sua capacidade para escutar o próprio
ouvinte. Na verdade, é sob o signo da participação dos leitores, ouvintes e
telespectadores que muitos estudos têm organizado os desafios do digital e da
potencial interactividade entre aqueles que nos habituámos a reconhecer na qualidade
de emissores e receptores. Orientada pela experiência curricular de três meses na
redacção da TSF – Rádio Jornal (no período de Novembro de 2007 a Fevereiro de
2008), a presente dissertação procura também ser um contributo neste domínio. Não
permitindo, porém, a natureza deste trabalho, uma tarefa demasiado ambiciosa, tomase
aqui como pretexto de um processo de questionação, apenas um programa em
concreto, o Fórum da TSF, organizando-se uma reflexão em torno da seguinte
interrogação: “Que razões levam à participação dos ouvintes num espaço de opinião
pública?”
O tronco central desta dissertação visa, portanto, questionar os motivos que
levam o ouvinte a participar em programas de antena aberta. Tratar-se-á de uma
participação motivada por um particular desejo de alterar, de algum modo, a realidade
política, social ou cultural? Ou, pelo contrário, tratar-se-á de uma participação
desinteressada, justificada apenas pelo próprio prazer de emitir opinião?
Partem estas questões da observação de um episódio particular. Em
Dezembro de 2007, surgiram informações em todos os meios de comunicação social
do país acerca da intenção do Governo de cobrar, aos portugueses, uma taxa de
utilização de sacos de plástico, em todos os supermercados e hipermercados do país.
A notícia foi objecto de debate em vários espaços de opinião pública, incluindo o
Fórum da TSF. A nota dominante nestes espaços foi, precisamente, a onda de
reacções negativas dos participantes sobre o tema. A verdade é que o Governo, pelo
menos no curto prazo, recuou, aparentemente deixando cair a intenção anunciada.
Não pretendendo analisar este caso em concreto, mas tomá-lo apenas como
pretexto, concentra-se este relatório especialmente na exploração das motivações dos
ouvintes. Para tanto, apresenta-se em matéria de conclusões o resultado de um
inquérito por questionário a uma amostra acidental de ouvintes/participantes.
Articles in scientific journals by Fábio Ribeiro
de risco emitida pelas organizações de saúde
pública tem na mudança dos comportamentos da
sociedade, esta investigação pretende analisar as
mensagens-chave que a Organização Mundial de
Saúde (OMS) definiu para promover o programa
de vacinação contra a covid-19. Para cumprir este
objetivo, enveredou-se por uma metodologia de
estudo qualitativa, que privilegiou o uso da análise
do conteúdo publicado nas páginas de Facebook e
de Instagram da OMS, no período de 1 de abril a
31 de agosto de 2021. No total, foram analisadas
62 publicações. Os resultados mostraram que a
OMS utilizou quatro eixo de comunicação para
promover a importância da vacinação na sociedade:
garantir a credibilidade e a transparência da
informação transmitida; certificar a segurança
e a eficácia da vacina; apelar ao sentido de
responsabilidade coletiva; e associar a vacina à
solução para pôr fim à pandemia. As conclusões do
estudo mostram que, embora a equidade no acesso
à vacina ainda seja uma realidade em construção,
os quase 70% da população mundial vacinada
sugerem que as mensagens enviadas pela OMS
no contexto de comunicação de risco podem ter
contribuído para a construção de uma imagem
positiva do programa de vacinação.
have now other possibilities to be visible. However, this has not prevented authors Allison
Cavanagh and John Steel to publish Letters to the Editor. Comparative and Historical
Perspectives, hence delivering a passionate defence of this classic way of communication
between readers and the media. Throughout nine chapters, 15 contributors engage in a
remarkable discussion about the social, political and communicative dimensions of the
letters to the editor. It is not a one-sided manifesto: authors acknowledge several pitfalls
and downhills of citizens’ intervention in the media, as described early on.
information can be decisive to ensure people’s safety. Some digital resources
(websites, social networks and mobile applications) are currently geared towards
this purpose. This article seeks to evaluate experiences of this nature, in countries
such as Japan, Mexico, Spain, etc., through a non-probabilistic sample, a manifest and latent content analysis, and a semi-structured interview with the
head of the Fogos.pt project in Portugal. The results suggest that the exchange
of information during these periods varies between volunteering and contracting
a service. Positive contributions from citizens often go hand in hand with misinformation
campaigns aimed at misleading public opinion and creating false
solidarity campaigns.
conseguem atrair intervenções mais relevantes e oportunas.
numa tendência que parece já não ser exclusivamente internacional. Em Portugal, durante o confinamento provocado pela pandemia da COVID-19, seguiu-se essa tendência. Dirigido tanto para as grandes audiências, como para pequenos nichos hiperespecializados, o podcast tem vindo a ser utilizado não apenas pelos meios de comunicação, mas também nas mais diferentes áreas: da política às relações públicas, do ensino à comunicação organizacional, da cultura ao desporto. Este número da Revista Comunicação Pública, sob o tema “Os novos territórios do Podcast”, tem por objetivo explorar esse carácter multifacetado e transversal do podcast.
desportivo em Portugal, a partir da análise de dois pontos de vista: a forma como se integram
nas redações e as perceções sociais que estão relacionadas com a sua atividade, sobretudo a
partir do trabalho realizado no exterior e pelos comentários feitos por leitores, ouvintes ou
telespectadores. Deste modo, realizou-se um estudo, de pendor qualitativo, através da
realização de entrevistas estruturadas a uma amostra de mulheres jornalistas na área de
desporto, bem como de investigadoras na área de interseção entre os estudos de género e os
média. A análise dos diversos depoimentos indica que as jornalistas assumem as dificuldades
de trabalhar numa área ainda muito marcada pela presença masculina, tanto na ocupação de
cargos de chefia, como nos conteúdos desportivos abordados. As jornalistas sublinham a
recorrência de comentários preconceituosos, misóginos e ofensivos, que procuram diminuir o
potencial que as mulheres possam oferecer a esta área de trabalho.
numa tendência que parece já não ser exclusivamente internacional. Em Portugal, durante
o confinamento provocado pela pandemia da COVID-19, seguiu-se essa tendência.
Dirigido tanto para as grandes audiências, como para pequenos nichos
hiperespecializados, o podcast tem vindo a ser utilizado não apenas pelos meios de
comunicação, mas também nas mais diferentes áreas: da política às relações públicas, do
ensino à comunicação organizacional, da cultura ao desporto. Este número da Revista
Comunicação Pública, sob o tema “Os novos territórios do Podcast”, tem por objetivo
explorar esse carácter multifacetado e transversal do podcast.
32Nesse contexto, visa o presente artigo responder à questão de partida que aqui se propõe: “Como se definem, nos media portugueses, as narrativas dos Novos Movimentos Sociais, na perspetiva dos mais jovens?”. Os recursos metodológicos utili-zados neste trabalho são a pesquisa documental e o inquérito via questionário, admin-istrado a uma amostra não-probabilística por sistema de voluntariado.Os resultados preliminares do estudo apontam para o facto de: a) as peças jor-nalísticas serem avaliadas, pelos jovens, como parciais, superficiais e controversas; b) os inquiridos associarem algumas vantagens ao novo ativismo, como a flexibilidade, a as-sociação às novas tecnologias, e a perceção altruísta do novo ativismo; c) e, finalmente, os inquiridos associarem também desvantagens inequívocas aos novos movimentos so-ciais, a saber, o extremismo, a violência, e a controvérsia.Palavras-chave: Movimentos Sociais; Ativismo; Media
apelo à implicação daqueles a quem se dirigem (Wolton, 2009; Carpentier & Cleen, 2008). No
caso específico do jornalismo, discute-se hoje a natureza de uma eventual maior propensão de
trocas comunicativas entre os média e os cidadãos, por via de condições técnicas e tecnológicas
favoráveis (Cruz & Bragança, 2002; Harley, 1996), capazes de retroalimentar os processos
comunicativos, transfigurando os estáticos papeis de emissor e recetor (Cloutier, 2002). No seio
dos estudos em Comunicação, este movimento dialético entre o jornalismo e o público associase
frequentemente ao conceito de ‘participação nos média’, como o momento em que as
audiências conseguem inscrever a sua voz no discurso jornalístico num determinado formato
(Carpentier, 2011; Pinto, 2010; Deuze, 2006, Huesca, 1996).
Ora, recortando apenas uma dessas esferas onde este complexo termo intervém, esta
investigação problematiza, em primeiro lugar, o conceito de cidadania enquadrado no espaço
público e mais concretamente nos média para, num segundo momento, refletir sobre os
condicionalismos tecnológicos que servem audiências potencialmente mais ativas e envolvidas
no discurso jornalístico. Desta forma, o presente trabalho procura avaliar de que forma está
montado o ‘cenário participativo’ nos média portugueses, conhecendo os cidadãos que dele
tomam parte e compreendendo as políticas levadas a cabo pelos responsáveis mediáticos. Para
tal, convocámos uma amostra que procura representar uma abordagem multidisciplinar do
jornalismo, concretizada em diversos espaços participativos: na rádio, o Fórum TSF da TSF –
Rádio Notícias; na televisão, o Opinião Pública da SIC Notícias; na imprensa, o Jornal de Notícias
com as Cartas do Leitor, e na imprensa online a edição do PÚBLICO com as caixas de
comentário às notícias. Resgatando um conceito tradicionalmente associado ao campo político
(Dahlgren, 2006), procuramos atualizá-lo numa perspetiva reconfigurada, num novo paradigma
comunicacional, conscientes de que poderá ser crucial repensar esta relação em épocas de
contenção orçamental e financeira, uma vez que estará inclusivamente em causa a própria
sobrevivência dos meios que dependem inexoravelmente das audiências.
tarefa alheada de uma das características mais marcantes do meio radiofónico: a sua
associação ao telefone e, por conseguinte, à sua capacidade para escutar o próprio
ouvinte. Na verdade, é sob o signo da participação dos leitores, ouvintes e
telespectadores que muitos estudos têm organizado os desafios do digital e da
potencial interactividade entre aqueles que nos habituámos a reconhecer na qualidade
de emissores e receptores. Orientada pela experiência curricular de três meses na
redacção da TSF – Rádio Jornal (no período de Novembro de 2007 a Fevereiro de
2008), a presente dissertação procura também ser um contributo neste domínio. Não
permitindo, porém, a natureza deste trabalho, uma tarefa demasiado ambiciosa, tomase
aqui como pretexto de um processo de questionação, apenas um programa em
concreto, o Fórum da TSF, organizando-se uma reflexão em torno da seguinte
interrogação: “Que razões levam à participação dos ouvintes num espaço de opinião
pública?”
O tronco central desta dissertação visa, portanto, questionar os motivos que
levam o ouvinte a participar em programas de antena aberta. Tratar-se-á de uma
participação motivada por um particular desejo de alterar, de algum modo, a realidade
política, social ou cultural? Ou, pelo contrário, tratar-se-á de uma participação
desinteressada, justificada apenas pelo próprio prazer de emitir opinião?
Partem estas questões da observação de um episódio particular. Em
Dezembro de 2007, surgiram informações em todos os meios de comunicação social
do país acerca da intenção do Governo de cobrar, aos portugueses, uma taxa de
utilização de sacos de plástico, em todos os supermercados e hipermercados do país.
A notícia foi objecto de debate em vários espaços de opinião pública, incluindo o
Fórum da TSF. A nota dominante nestes espaços foi, precisamente, a onda de
reacções negativas dos participantes sobre o tema. A verdade é que o Governo, pelo
menos no curto prazo, recuou, aparentemente deixando cair a intenção anunciada.
Não pretendendo analisar este caso em concreto, mas tomá-lo apenas como
pretexto, concentra-se este relatório especialmente na exploração das motivações dos
ouvintes. Para tanto, apresenta-se em matéria de conclusões o resultado de um
inquérito por questionário a uma amostra acidental de ouvintes/participantes.
de risco emitida pelas organizações de saúde
pública tem na mudança dos comportamentos da
sociedade, esta investigação pretende analisar as
mensagens-chave que a Organização Mundial de
Saúde (OMS) definiu para promover o programa
de vacinação contra a covid-19. Para cumprir este
objetivo, enveredou-se por uma metodologia de
estudo qualitativa, que privilegiou o uso da análise
do conteúdo publicado nas páginas de Facebook e
de Instagram da OMS, no período de 1 de abril a
31 de agosto de 2021. No total, foram analisadas
62 publicações. Os resultados mostraram que a
OMS utilizou quatro eixo de comunicação para
promover a importância da vacinação na sociedade:
garantir a credibilidade e a transparência da
informação transmitida; certificar a segurança
e a eficácia da vacina; apelar ao sentido de
responsabilidade coletiva; e associar a vacina à
solução para pôr fim à pandemia. As conclusões do
estudo mostram que, embora a equidade no acesso
à vacina ainda seja uma realidade em construção,
os quase 70% da população mundial vacinada
sugerem que as mensagens enviadas pela OMS
no contexto de comunicação de risco podem ter
contribuído para a construção de uma imagem
positiva do programa de vacinação.
have now other possibilities to be visible. However, this has not prevented authors Allison
Cavanagh and John Steel to publish Letters to the Editor. Comparative and Historical
Perspectives, hence delivering a passionate defence of this classic way of communication
between readers and the media. Throughout nine chapters, 15 contributors engage in a
remarkable discussion about the social, political and communicative dimensions of the
letters to the editor. It is not a one-sided manifesto: authors acknowledge several pitfalls
and downhills of citizens’ intervention in the media, as described early on.
information can be decisive to ensure people’s safety. Some digital resources
(websites, social networks and mobile applications) are currently geared towards
this purpose. This article seeks to evaluate experiences of this nature, in countries
such as Japan, Mexico, Spain, etc., through a non-probabilistic sample, a manifest and latent content analysis, and a semi-structured interview with the
head of the Fogos.pt project in Portugal. The results suggest that the exchange
of information during these periods varies between volunteering and contracting
a service. Positive contributions from citizens often go hand in hand with misinformation
campaigns aimed at misleading public opinion and creating false
solidarity campaigns.
conseguem atrair intervenções mais relevantes e oportunas.
numa tendência que parece já não ser exclusivamente internacional. Em Portugal, durante o confinamento provocado pela pandemia da COVID-19, seguiu-se essa tendência. Dirigido tanto para as grandes audiências, como para pequenos nichos hiperespecializados, o podcast tem vindo a ser utilizado não apenas pelos meios de comunicação, mas também nas mais diferentes áreas: da política às relações públicas, do ensino à comunicação organizacional, da cultura ao desporto. Este número da Revista Comunicação Pública, sob o tema “Os novos territórios do Podcast”, tem por objetivo explorar esse carácter multifacetado e transversal do podcast.
desportivo em Portugal, a partir da análise de dois pontos de vista: a forma como se integram
nas redações e as perceções sociais que estão relacionadas com a sua atividade, sobretudo a
partir do trabalho realizado no exterior e pelos comentários feitos por leitores, ouvintes ou
telespectadores. Deste modo, realizou-se um estudo, de pendor qualitativo, através da
realização de entrevistas estruturadas a uma amostra de mulheres jornalistas na área de
desporto, bem como de investigadoras na área de interseção entre os estudos de género e os
média. A análise dos diversos depoimentos indica que as jornalistas assumem as dificuldades
de trabalhar numa área ainda muito marcada pela presença masculina, tanto na ocupação de
cargos de chefia, como nos conteúdos desportivos abordados. As jornalistas sublinham a
recorrência de comentários preconceituosos, misóginos e ofensivos, que procuram diminuir o
potencial que as mulheres possam oferecer a esta área de trabalho.
numa tendência que parece já não ser exclusivamente internacional. Em Portugal, durante
o confinamento provocado pela pandemia da COVID-19, seguiu-se essa tendência.
Dirigido tanto para as grandes audiências, como para pequenos nichos
hiperespecializados, o podcast tem vindo a ser utilizado não apenas pelos meios de
comunicação, mas também nas mais diferentes áreas: da política às relações públicas, do
ensino à comunicação organizacional, da cultura ao desporto. Este número da Revista
Comunicação Pública, sob o tema “Os novos territórios do Podcast”, tem por objetivo
explorar esse carácter multifacetado e transversal do podcast.
32Nesse contexto, visa o presente artigo responder à questão de partida que aqui se propõe: “Como se definem, nos media portugueses, as narrativas dos Novos Movimentos Sociais, na perspetiva dos mais jovens?”. Os recursos metodológicos utili-zados neste trabalho são a pesquisa documental e o inquérito via questionário, admin-istrado a uma amostra não-probabilística por sistema de voluntariado.Os resultados preliminares do estudo apontam para o facto de: a) as peças jor-nalísticas serem avaliadas, pelos jovens, como parciais, superficiais e controversas; b) os inquiridos associarem algumas vantagens ao novo ativismo, como a flexibilidade, a as-sociação às novas tecnologias, e a perceção altruísta do novo ativismo; c) e, finalmente, os inquiridos associarem também desvantagens inequívocas aos novos movimentos so-ciais, a saber, o extremismo, a violência, e a controvérsia.Palavras-chave: Movimentos Sociais; Ativismo; Media
o acesso a informação rigorosa pode ser decisivo para a segurança das pessoas.
Atualmente, existem recursos digitais (sites, redes sociais e aplicações móveis)
orientados para este sentido. Este artigo procura avaliar experiências dessa natureza,
em países como o Japão, México, Espanha etc., através de uma amostra
não probabilística, de uma análise de conteúdo manifesta e latente, e de uma
entrevista semiestruturada com o responsável pelo projeto Fogos.pt, em Portugal.
Os resultados sugerem que a troca de informações durante estes períodos varia
entre o voluntariado e a contratualização de um serviço. Os contributos positivos
dos cidadãos convivem frequentemente com campanhas de desinformação, destinadas
a ludibriar a opinião pública e criar falsas campanhas de solidariedade.
As to globally describe the scientific purpose within the following pages, this special issue includes seven articles, written by 12 authors, from Portugal, Brazil, Ireland, England and Spain, reflecting on the above-mentioned perspective, focusing mainly not only in the local radio scope, but also in digital and printed media. Before presenting the general grasp of the scientific outcomes of this issue, a visual approach (Figure 1) clinging on the most represented words by the authors in the abstracts provides insights of the possible approaches in the scientific texts.
As to globally describe the scientific purpose within the following pages, this special issue includes seven articles, written by 12 authors, from Portugal, Brazil, Ireland, England and Spain, reflecting on the above-mentioned perspective, focusing mainly not only in the local radio scope, but also in digital and printed media. Before presenting the general grasp of the scientific outcomes of this issue, a visual approach (Figure 1) clinging on the most represented words by the authors in the abstracts provides insights of the possible approaches in the scientific texts.
the journalists of the BBC and RDP about future strategies, if any, that could be adopted. To this end, we questioned how radio could improve the access of deaf people, as well as demonstrating the potential of social media to promote their participation. As an output of the project, this flier summarizes good practice and underlines recommendations to media broadcasters of appropriate software to reach deaf people more effectively. Based on an exploratory study with public radio in Portugal and in the UK, this handout should also be available for Journalism and Communication students, thus raising their awareness and providing them with information about this subject.
O estudo que sustenta esta apresentação baseia-se na intenção de caracterizar, globalmente, a indústria do comentário nas notícias publicadas por órgãos de comunicação social nas redes sociais. Deste modo, formulam-se as seguintes perguntas de investigação: que assuntos motivam tipicamente mais comentários? como é que se podem definir esses contributos em termos da qualidade discursiva? qual o perfil dos comentadores? existem diferenças na participação dos leitores em diferentes meios de comunicação?
Para tentar responder a estas perguntas, um estudo está a ser desenvolvido através da recolha de dados dos comentários às notícias publicadas pelos jornais “Público” e “Jornal de Notícias, na rede social Facebook, nos primeiros quinze dias de setembro de 2024. Dados preliminares sugerem que as notícias sobre política partidária e futebol mobilizam a maior parte dos comentários, sendo que será igualmente nestas esferas temáticas que a perceção social negativa associada a este tipo de interatividade entre cidadãos e média encontra exemplos mais notórios.
Interactivity in contemporary media landscape – from websites, mobile apps and social media – has transformed online commenting as the pinnacle of authority delegation and openness to dialogue. In news media, comments are not new, but still attract readers’ attention and seem to be possible place for brands and commercial purposes based on the classic business models of clicking and attention seeking.
Based on these general assumptions, this keynote will address the complex web of commenting online in the news media, as countless accounts suggest these interactive features as a lost opportunity for positive and meaningful dialogues. In one hand, this so-called democratization has led to increased polarization and the amplification of extremist views. Toxicity, misinformation and sexual harassment often take place in these media formats (Smith & Duggan, 2013). In the other, handling with online comments wisely, based on reliable and strong moderation policies, seem to mitigate those problems and foster engagement and the quality of interactions (Miller et al., 2021; Ribeiro & Assunção, 2020).
By examining case studies of platforms that have successfully implemented moderation policies and community guidelines, the presentation seeks to highlight strategies that can enhance the quality of online discourse, according to a wide sample of European media. Moreover, this keynote will include the exploration of technological innovations, such as AI-driven moderation tools and user feedback mechanisms (Gordon et al., 2022)
As such, this keynote will pose one critical question about the future of online interactivity in the media: are commenting formats hopelessly flawed or can they be reshaped to better serve a more democratic engagement?
References:
Gordon, S., Wiggins, A., & Hamilton, J. (2022). AI Moderation and Public Discourse: Challenges and Solutions. ACM Transactions on the Web, 16(4). https://doi.org/10.1145/3534530.3535012
Miller, H., M. McFarlane, and E. Robinson. (2021). Understanding User Engagement on News Platforms. ACM Conference on Human Factors in Computing Systems. https://doi.org/10.1145/3442381.3449832
Ribeiro, F. & Assunção, C. (2022). Medir a qualidade dos comentários online: uma proposta metodológica a partir de sites jornalísticos em Portugal, Brasil e Espanha. Signo y Pensamiento, 41. https://doi.org/10.11144/Javeriana.syp41.mqco
Smith, A., & Duggan, M. (2013). Online Dating & Relationships. Pew Research Center. https://doi.org/10.1037/0003-066X.67.2.89
Having in mind this framework, a sample was collected in the Portuguese and Turkish media, featuring a one-year analysis of the most popular outlets stated in the 2023 Reuters Institute Digital News Report.
As such, two objectives were outlined:
1) examining news about femicides;
2) analyzing Facebook comments on femicide news.
Preliminary results show a substantial number of disparities. Portuguese media tend to report less about femicides. In addition, journalists frequently disregard the age and marital status of victims and provide only a concise account of the incidents. On the other hand, Turkish reporters include these details more comprehensively, adding emotional descriptions and social status indicators. In the Facebook commenting scope, users in both countries display their actual names, although Turkish-based comments tend to be more aggressive and show more spelling errors.
This study proposes to discuss the current problems of migration for the digital environment of local radio stations in Portugal, based on a non-probabilistic convenience sample of 18 local radio stations in the Portuguese district of Viseu. Based on previous works (Piñeiro-Otero & Ribeiro, 2015; Villi, 2012), an observation instrument was constructed to measure quantitative and qualitative variables, through a textual and visual analysis of the websites, social networks and mobile applications of these radio stations. Preliminary findings suggest the following ideas: 1) websites present updated information, but are scarcely interactive; 2) most of the radios seem to prefer social media to interact with audiences; 3) a vast majority of these stations ignore mobile applications.
Esta comunicação pretende apresentar os resultados de um estudo alargado, que contempla os noticiários, das 20h, das rádios nacionais portuguesas de pendor informativo, como são os casos da Antena 1 e TSF. Numa abordagem comparativa, procura-se caracterizar a presença do direto nestes noticiários, destapando eventuais semelhanças e diferenças na utilização deste recurso no jornalismo. Para além de compreender a forma como os diretos acrescentam relevância à compreensão de um assunto, procura-se determinar o tipo de editorias mais presentes, o contexto geográfico, as personalidades que mais facilmente suscitam este tipo de abordagem, entre outras questões.
In one hand, the subject of strategic communication planning and its impact on brands' advertising campaigns has motived scholars and advertisers. On the other, as a recent field itself, little research is still be to more visible when it comes to understand and discuss the relevance of the advertising in the podcasts.
This ongoing exploratory project has thrived within this dilemma, as it seeks to map the current practices that characterize the interaction between the ongoing and overwhelming podcast industry and the advertising sector. Starting from an exploratory study, we will try to find out if the ads broadcasted in the most listened podcasts in Portugal and Spain are the result of an advertising strategy articulated between brands and podcast producers.
Hence, a qualitative research methodology was carried out to focus on a content analysis about the ads that are included in the ten most listened podcasts in the Iberian countries Portugal, Spain and Brazil, as of April 2023. This analysis includes different criteria, such as the following: the type of products or services advertised; the slogan of the ad; its duration; the main communication goal expressed in its message; the sound dimension; the music function (when existing); and the semiotic appeal (political, economic, social, etc.) represented in the ad.
Preliminary results of this exploratory and ongoing project suggest that, whilst several reports in the media, especially in Spain, argue that podcasts are getting multiple sources of funding than ever, this is not a trend in other countries at all.
According to the latest “The Podcast Consumer: An Infinite Dial® Report”, ranging from 66 countries and provided by the Edison Research group, podcasts are still vastly mainstream, thus reaching “more listeners than ever”, especially amongst young people, whom seem to be receptive to ads “aligned with brands”. However, in April 2023, Gwilym Mumford, a columnist of The Guardian, cooled off some sort of enthusiasm by acknowledging that “we may have hit peak podcast – only the simple and celebrity will survive”. Yet, predictions like these have grasped in the media industry for centuries.
This paper is not about the audiences that listen to podcasts, as it deals with a more formal analysis of what is involved in the production of these audio formats. By collecting a sample of the most high-profile podcasts in Portugal, Spain and Brazil, using Chartable, we observed the ten most popular podcasts – as of April 2023 – to figure out possible insights surrounding numbers and statistics.
This analysis included genres, authorship/ownership, number and gender of hosts, audience participation, connection with other media (TV, press, etc), just to name a few set of criteria. Preliminary results suggest different data within countries. Spain and Brazil are far well more developed in the podcast industry, as Portuguese podcasts clearly indicate that little interaction with audiences is promoted and that the audio versions of the most popular TV shows emerge simultaneously as searchable podcasts.
Although euphoric speeches on the revolutionary potential of technology frequently suggest that the mobilization towards the digital enables ideal conditions for a greater expression of citizenship in the public space, technical democratization coexists with many of the spheres through which the daily activity of society circulates, from electronic tax obligations to the consumption of information and entertainment, resulting in a complex equation.
In this study we seek to focus the reflection on one of the areas of (alleged) social mobilisation that crosses the active role of citizens and organisations in the public space and the media, especially in an attempt to understand whether there is a significant behaviour of interference in the daily life of the media, both from the point of view of the legal possibilities intended for that purpose, and of other situations that derive from cases where the social clamour against some specific sphere of the media was questioned, at least, with some visibility.
Focused on the last decade (2012-2022) two lines of research were set with specific objectives: 1) mapping citizen legislative initiatives in the scope of parliamentary activity (petitions, legislation and referenda) and 2) identifying activist movements or argumentative discussions in the public space, through manifestations in the media, namely through news in the main search engines.
Por um lado, não existem, aparentemente, muitos trabalhos académicos sobre “Seinfeld”, o que parece paradoxal tendo em conta a popularidade deste formato, descrito muitas vezes como “a série sobre o nada”. Por outro, não faltam relatos nos média que sinalizam o caráter inovador de “Seinfeld”. Matt Zoller Seitz, crítico de televisão e cinema dos EUA, escreveu na revista “Vulture”, em 2014, que a escrita dos guionistas de “Seinfeld” mudou radicalmente a comédia enquanto produto comunicacional.
Utilizando uma perspetiva analítica do discurso humorístico, de autores como Bergson (1978), Wickberg (1998) e Palmer (1994), esta comunicação procura apresentar uma análise da narrativa humorística em “Seinfeld”, a partir de uma seleção de episódios de diferentes temporadas da série. Importa, por isso, determinar, à luz da literatura, incluindo as três teorias clássicas do humor – incongruência, hostilidade e libertação (Duarte, 2012), argumentos que possam sustentar esta premissa em torno do sucesso da série.
Com o objetivo de discutir a imagem dos cientistas, esta comunicação apresenta os primeiros resultados de um estudo exploratório que envolve dois procedimentos: as perceções de uma amostra de mais de cem jovens universitários sobre a figura do cientista; e uma análise de uma dezena de séries, sobretudo as que constam do portal Internet Movie Database, e que refletem um determinado modo – ainda que ficcionado – de ser cientista.
Uma dessas promessas cumpriu-se: a indústria do comentário e a democratização das reações de cidadãos anónimos são factos indesmentíveis da contemporaneidade. Com efeito, hoje em dia parece ser simples comentar, de forma prosaica e tecnicamente eficaz, em páginas dos órgãos de comunicação social, sites e aplicações móveis, bem como nas sempre polémicas redes sociais. Esta inevitabilidade de comentário tem sido, contudo, um autêntico quebra-cabeças.
Neste sentido, esta comunicação centra-se num desses problemas essenciais das democracias da atualidade, que se relaciona com a qualidade – ou falta dela – dos comentários dos utilizadores da internet e que, de forma mais específica, redundam no “discurso do ódio”. O que significa exatamente este conceito? Existe enquadramento legal em Portugal para este tipo de discurso? De que forma a produção científica tem procurado refletir sobre este problema ao nível conceptual?
Numa abordagem exploratória, este estudo de cariz inicial procura, através de uma revisão de literatura que incide em artigos de alto impacto científico, sugerir um mapa de conhecimento que possa apoiar uma sistematização do conceito de discurso de ódio.
Ouvidos os Podcasters pode concluir-se que o podcast é entendido como uma forma de expressão livre e ‘sem amarras’, mas que simultaneamente há uma forte tendência de egocentrismo sonoro em que as audiências são desvalorizadas.
A ciência que se produziu nesta altura não se resumiu às Ciências Naturais. Jacqueline N. Lane e Hila Lifshitz-Assaf (2022) defenderam que as Ciências Sociais, em alguns países, foram decisivas para a definição de políticas públicas para a gestão da pandemia. Embora não se pretenda avaliar este terreno governamental, é a partir desta perceção que este trabalho se constrói, na medida em que procura compreender as preocupações e tendências da investigação produzida em Ciências da Comunicação, com a pandemia de Covid-19 como pano de fundo.
Na sequência de trabalhos anteriores (Oliveira et al., 2021), relacionados com uma ideia de bibliometria de publicações científicas, esta comunicação pretende avaliar a natureza dos artigos publicados entre março de 2020 e fevereiro de 2021, que cruzaram as Ciências da Comunicação e a Covid-19, a partir de uma amostra por conveniência, concentrada nas 20 revistas mais bem posicionadas no índice Scopus, da Elsevier. Através de uma análise preliminar determinou-se um conjunto de cerca de 200 artigos que cumprem o pressuposto inicial de investigação, a partir dos quais se definiu um mapa conceptual que procura encontrar possíveis respostas às seguintes questões: qual a margem de artigos em acesso aberto/embargado nestas revistas?; qual a área específica das Ciências da Comunicação mais visada nestes estudos?; os investigadores trabalharam numa perspetiva comparada, em termos internacionais, ou apenas assistimos a investigações nacionais?
Na era de uma “apoteose das breaking news”, conforme designaram Brighton e Foy (2007), até a própria designação de “notícias de última hora” motiva divergências lexicais consoante o meio de comunicação, entre os que optam por sinalizaram estas notícias “em atualização”, “ao minuto” ou “alerta CM”. Aliás, a clássica distinção entre “hard” e “soft” news (Wheatley, 2020) parece agora fundir-se num imenso caos informativo (Lehman-Wilzig & Seletzky, 2010).
Mais do que o impacto, a vários níveis, ou do caráter recente de certas informações, autores como Ekström, Ramsälv e Westlund (2021) responsabilizam a cultura do imediato, as notificações digitais, as pressões de tempo sentidas nas redações e a informação viral dos canais de informação jornalística de 24 horas como decisivas para a criação de um contexto onde tudo parece ter impacto de “última hora”.
Tendo como base estas considerações, esta comunicação apresentará os principais dados de um estudo exploratório sobre as características assumidas pelas “notícias de última hora”, assim definidas por uma amostra de meios jornalísticos online, ao longo de um mês de observação. Recorrendo a uma análise qualitativa e quantitativa, pretende-se medir a presença das “notícias de última hora”, determinar os assuntos que mais frequentemente são sinalizados com esta etiqueta informativa, personalidades e instituições mais frequentemente associadas, entre outras categorias de análise.
Com este estudo procura-se promover uma maior compreensão deste fenómeno inevitável do jornalismo, bem como a eventual deteção de situações que denunciam possíveis incumprimentos éticos, como a ausência de atribuição de declarações, a inexistência de fontes ou mesmo de lógicas associadas à manipulação da informação.
By that time, AUDIRE research project (www.audire.pt), funded by the Portuguese Foundation for the Science and Technology (FCT), issued an open invitation to all of those who wanted to contribute and share their own particular ways of hearken the acoustic effects of the COVID-19 lockdown quarantine. In a short period of two weeks, we received 63 recordings from 27 different people, willing to participate in the initiative and to reveal to others their particular way of hearing what they have not heard before, even if those very same sounds were around them all the time but lost within the distance of the noisier landscape fuss.
This communication seeks to summarize the collected sounds and reveal the main axis that gathers them together, as well as the categories that emanate from the sonic set built in such a spontaneous way.
relevância cada vez mais notada. Para tal concorrem não só as recomendações1 da
Comissão Europeia de 2009 (perspectivando este termo no âmbito de uma democracia
«activa dos cidadãos e do incremento do diálogo intercultural»), mas também de diversos
trabalhos como o Study for Assessment for Media Criteria Levels (Outubro de 2009) da
EAVI (European Association for Viewers’ Interests) que define a participação dos
cidadãos nos media como uma competência social, uma capacidade comunicativa, no
topo da pirâmide dos Critérios de Aferição da Literacia Mediática2.
Partindo do reconhecimento da participação como uma das dimensões fundamentais da
cidadania (Sherry Arnstein, 1969) e intimamente relacionada com a alfabetização
mediática (Peréz-Tornero, 2004), a presente comunicação procura dar a conhecer uma
investigação sobre as representações mentais e sociais de um grupo de participantes do
programa de opinião pública ‘Banda Ampla’, da televisão pública catalã TV3. Com o
objectivo de identificar as motivações inerentes à participação no programa, pretendeu-se
investigar igualmente sobre os níveis de adesão dos participantes face às possibilidades
tecnológicas interactivas proporcionadas pelo programa. Numa amostra de meia centena
de indivíduos, contextualizaremos as condições de produção deste formato participativo,
através de uma análise etnográfica, baseada na técnica de observação não-participante,
partilhando alguns dados que provêm da aplicação de um inquérito por questionário que
procurou, sumariamente, avaliar as percepções dos participantes antes da entrada no
estúdio, na emissão do dia 13 de Janeiro de 2011.
the Internet has been understood as a kind of new transistor. However more
than an expanded form of wireless communication, the Web corresponds
to a new age for radio and audio media. Born to be blind, or non-visual, for
the first time radio has been seriously challenged by the empire of images.
Due to its optical nature, the Internet has actually “forced” radio to become
visible, given that there is no other way to tune in a radio broadcaster on the
Internet than “navigating through” icons. Although more visibility usually
means less capacity to listen to something, the Internet has also brought
new forms of listening to. Podcasts and audio on demand are today a sophisticated,
but absolutely simple, way of providing listeners with new audio
productions. Corresponding to a new way of listening to radio and a
new paradigm of audio content distribution, as acknowledged by Ignacio
Gallego (2010), podcasting represents one of the most innovative audio
services provided by Internet. Adapted both to information and fiction/entertainment,
this format changed the way radio has always been regarded. If
in the past it was exclusively dedicated to live broadcast, which meant that
audience and broadcast were simultaneous, today radio is, likewise other
mainstream media, a platform of customized content.
the Internet has been understood as a kind of new transistor. However more
than an expanded form of wireless communication, the Web corresponds
to a new age for radio and audio media. Born to be blind, or non-visual, for
the first time radio has been seriously challenged by the empire of images.
Due to its optical nature, the Internet has actually “forced” radio to become
visible, given that there is no other way to tune in a radio broadcaster on the
Internet than “navigating through” icons. Although more visibility usually
means less capacity to listen to something, the Internet has also brought
new forms of listening to. Podcasts and audio on demand are today a sophisticated,
but absolutely simple, way of providing listeners with new audio
productions. Corresponding to a new way of listening to radio and a
new paradigm of audio content distribution, as acknowledged by Ignacio
Gallego (2010), podcasting represents one of the most innovative audio
services provided by Internet. Adapted both to information and fiction/entertainment,
this format changed the way radio has always been regarded. If
in the past it was exclusively dedicated to live broadcast, which meant that
audience and broadcast were simultaneous, today radio is, likewise other
mainstream media, a platform of customized content.
As community radios face countless contradictions all over Europe, from legal disparities to different perceptions of their social and economic value (Carpentier and Dahlgren, 2011), this observation seeks to identify what kind of issues are most likely to be reported in the media, as well as the unknown realities in which they are still immersed.
Using a textual analysis, this article provides insights into how community radio is regarded by the European media, from a multi-level sample of more than 100 news items, in different countries. Results show that community radio is more likely to be on the news in countries where this sector is properly regulated. As stated by the analysis, news tends to focus on European community radio situations and is less inclined to discuss the legal or social aspects of public participation in these media outlets.
A partir de um estudo teórico do ecrã televisivo e de um corpus empírico constituído a partir dos programas de canais de informação da televisão portuguesa, pretendemos indagar a verificação, ou não, dessa convergência como participação. Aquilo para que os nossos dados apontam é, contudo, uma lógica de resistência da centralidade do ecrã televisivo, que retém institucionalmente, e atrai para si, as lógicas e recursos socio-semióticos de controlo da produção da mensagem, mantendo-se fiel a um modelo de broadcasting, de sequência e fluxo centrados, tal como formulado nos anos 1970 nos trabalhos de Raymond Williams. Ainda distante da concretização da promessa da participação, este ecrã está longe de poder integrar as desejosas formulações da convergência, revelando-se, antes, como ecrã centrípeto.
relacionada com as políticas de comunicação, cruzando o papel ativo
de cidadãos e organizações do espaço público e os meios de comunicação,
procurou-se verificar um comportamento significativo de interferência no
quotidiano dos média, tanto do ponto de vista das possibilidades legais
existentes, como a partir de casos onde o clamor social se manifestou
em alguma esfera específica dos média. Através de uma pesquisa no site
do Parlamento português e de notícias nos principais motores de busca,
conclui-se que, nesta matéria, a cultura de ativismo bottom-up apresenta debilidades derivadas de uma desorganização evidente das estruturas sociais que procuram marcar uma voz ativa nos média. Apenas alguns episódios
esporádicos, sobretudo no caso televisivo, suscitam alguma mobilização
social, mas rapidamente perdem o fulgor inicial de contestação.
This is actually where some academic research has started from. Several approaches
haven’t granted a specific overlook to the mechanisms in which radio has been
working so far. Some of those perceptions are shaped by a strong belief in the
potential of radio’s adaptability to the digital landscapes and by some fearful
acknowledgement regarding the future of radio, arguably due to some nostalgic
feeling related to the old times of radio. Taken into account these perspectives, we will
draw upon several researches which have been conducted to analyse the actual state
of radio, described generally in a twofold basis, although we might admit several
others in this regard.
de rádio comunitária surgiu durante uma longa greve de trabalhadores
rurais na Bolívia, na década de 40, as referências mais consensuais
sobre a origem deste movimento remontam à emergência das
rádios livres ou piratas na Europa da década de 70 (Kaplún, 1990).
Como fenómeno emergente nesta altura, as rádios piratas assumiram-
se como novos espaços de liberdade, uma ‘bricolage radiofónica’
protagonizada por cidadãos revoltados pela concentração do
capital simbólico e cultural nos média de grande dimensão (Guattari,
1982). Este caráter inventivo da rádio alargou o “recurso ao microfone
aberto” (Bonixe, 2006: 161), iluminando recantos silenciados pelo
discurso mediático, com novos atores e novas dinâmicas sociais.
Esta ‘rádio participada’ tornou-se popular entre os cidadãos pela
necessidade de fuga a comentadores e interesses instalados ou ao
sensacionalismo fútil, a partir de “sintonias amigas” (Perona, 2009).
fazer. Mais de 25 anos sobre a publicação da Lei da Rádio, em 1988, e
do processo de atribuição das frequências locais, em 1989, é tempo
de olhar em perspetiva para o setor das rádios locais.
É indiscutível o papel destas emissoras na vida das suas comunidades,
unidas pelo conceito de proximidade que vai além-fronteiras.
No seu conjunto são ainda um espaço de expressão sonora
multifacetado onde se reconhecem linguagens e sotaques próprios,
a informação local, a música popular e regional, as vozes conhecidas
de quem ali vive ou emigrou e que encontra na rádio um lugar de (re)
encontros e afetos. A rádio local assume aqui uma das suas funções
primordiais, a função social, a de ser o elo aglutinador de uma comunidade
que usa a rádio como meio para comunicar entre si – não
raras vezes a única oportunidade no seu dia para falar com outra voz
e ser escutado.
na lista de preocupações dos investigadores em Ciências da Comunicação em
Portugal. A inclinação reside num esforço de compreender o contexto mediático
que envolve os jovens com a televisão (Pereira, 2009) ou com os meios
digitais e internet, como é o caso do estudo europeu EU Kids Online, publicado
em 2014, em que Portugal também está representado1. Em todo o caso,
é possível encontrar alguns estudos sobre a programação infantil nos media,
num cenário que também parece ameaçado pela pouca propensão mediática
para conteúdos dirigidos especificamente a crianças, desde os canais generalistas
de acesso público às rádios nacionais (Silva, 2010). De acordo com
Balsebre et al. (2011), a maioria dos estudos sobre os mass media debruçase
nos meios visuais e os que se interessam pela rádio cedem a perspetivas
educativas.
da sociabilidade, o humor apresenta-se frequentemente como um
terreno conotado com algumas ideias que procuram reduzi-lo a uma
existência pouco relevante. Em muitas ocasiões, é percecionado com
uma “arte menor”, envolvendo uma modesta criatividade, destinada
apenas a “comunicadores natos” ou para indivíduos com um talento
peculiar para uma certa interação social.
À partida, definir “humor” não parece uma tarefa propriamente
complexa pelo grau de familiaridade que temos com esta realidade.
Reconhece-se, facilmente, quem terá “sentido de humor”, no
entanto, a discussão académica sobre este tema prova que não
existem propriamente consensos alargados sobre uma fórmula
irremediavelmente eficaz de garantir o sucesso imaculado de uma
abordagem humorística.
Numa entrevista ao jornal The New York Times, em 1980, o
escritor norte-americano Philip Roth referia que “o sentido de humor
era um sinal inequívoco de reconhecimento e de credibilidade”. No
mesmo ano, Milan Kundera (1980) definia o humor como a maior
invenção do espírito moderno humano. Por sua vez, Freud lamentava
no livro Jokes and their relationship to the unconscious (1960) que
os comentários graciosos e humorísticos que o ser humano utiliza
diariamente estivessem longe de merecer as considerações filosóficas
suficientes para uma estrutura comunicativa com tamanho impacto
na vida social e no quadro mental dos indivíduos.
Hoje, mais de dez anos depois da criação da primeira grande rede social, como o Facebook em 2004, aquele ciber-otimismo parece de algo modo reconvertido a um negativismo que atribui, quase indiscriminadamente, pouco valor àquilo que os cidadãos podem oferecer com contributos e leituras em espaços dedicados à opinião pública nos média.
áreas da vida humana. De facto, temos hoje teorias computacionais de quase
tudo. Ciências que não associamos diretamente à computação, como a Psicologia,
são hoje cognitivistas, isto é, aceitam uma explicação computacional da mente
humana. Temos teorias que defendem que o próprio processo evolutivo darwiniano
é de natureza computacional. O maior objeto científico que se conhece, o
universo, já foi interpretado computacionalmente, e há hoje um trabalho pujante
em cosmologia computacional. Não podemos deixar de sentir alguma inquietação
quando se pensa no poder explicativo da computação, sentimento misturado com
otimismo e acompanhado pelo fascínio por possibilidades que parecem infinitas.
O rosto mais visível da computação, a internet, compartilha dessa ambivalência
de sentimentos. Entre a esperança e o abismo, muitas coisas podem acontecer.
dia como hoje. A mediatização da opinião encontra-se, por vezes, inscrita
e ampliada pelo intenso ambiente pós-moderno tecnológico, de criação,
consumo e desaparecimento de polémicas digitais, normalmente vividas a
um ritmo veloz, como é próprio da natureza de toda a experiência digital e
online. A opinião pública atual encontra, por isso, um terreno amplamente
fértil em novos espaços de sociabilidade cibernética, sobretudo quando o
contexto envolve uma figura pública e um depoimento prestado num determinado
ambiente, desencadeando uma série volumosa de comentários,
opiniões tendencialmente negativas, difamatórias e até injuriosas perante
essa personalidade.