Thesis Chapters by Camila Aline Zanon
A minha mãe (em memória) e a meu pai, exemplos de honestidade, generosidade e resiliência.
MA Dissertation by Camila Aline Zanon
A Ilíada de Homero é geralmente caracterizada como um poema que trata da Guerra de Tróia, que ter... more A Ilíada de Homero é geralmente caracterizada como um poema que trata da Guerra de Tróia, que teria acontecido mais de 500 anos antes da composição de tal poema, e teria sido transmitido através da tradição oral, até o momento em que foi escrito pela primeira vez. Esperava-se, portanto, que os fatos narrados pelo poeta correspondessem aos achados arqueológicos encontrados para o Período Micênico, mas o que se encontra na Ilíada é uma mistura de elementos da sociedade micênica e da sociedade contemporânea a Homero, ou seja, o século VIII a.C. O estudo da relação entre documentos arqueológicos dos períodos Micênico, Proto-Geométrico e Geométrico, compreendidos entre 1550 e o final do século VIII a.C., e a Ilíada de Homero é composto por duas categorias de fontes distintas, a arqueológica e a escrita, esta como resultado de uma tradição oral que a precedeu. A presente dissertação tem como foco apresentar as informações que se podem depreender da Ilíada de Homero que, de alguma forma, contribuíram para a interpretação arqueológica e se, de tal confronto, surgiram controvérsias entre os dois tipos de fontes, levando a uma reflexão sobre a questão da continuidade e da ruptura de elementos culturais próprios da Civilização Micênica e que, de certa maneira, se refletem nos períodos posteriores em pauta.
Book chapter by Camila Aline Zanon
Fantastic Beasts in Antiquity: Looking for the monster, discovering the Human, 2021
The category “monster”, along with “gods” and “heroes”, is often used to refer to beings within t... more The category “monster”, along with “gods” and “heroes”, is often used to refer to beings within the mythopoetic narratives of ancient Greece, and this paper aims to discuss whether it is in fact an appropriate term for the early Greek epic poetry of Homer and Hesiod. An analysis of the words in those poems usually translated as “monster” or “monstrous” will be presented in order to discuss the (in)adequacy of the notion for a proper understanding of creatures like Polyphemus, the Chimera, and so forth. As a result, questioning that category of beings can make us re-evaluate some of the ways we approach and understand Homeric and Hesiodic poetry.
Hesiod’s Theogony is one of the main written sources for archaic Greek cosmogony. Broadly speakin... more Hesiod’s Theogony is one of the main written sources for archaic Greek cosmogony. Broadly speaking, the poem tells about how the cosmos came to be, its organization and how Zeus came to rule over it. In order to become its ruler, Zeus had to face some of the fiercest enemies such as the Titans, Prometheus and Typhon; this last one considered a monstrous being, with a hundred serpent heads and fire breathing eyes. On the other hand, to win over such creatures he needed the most powerful weapons, one of them being the thunderbolt, his main source of power. But this very fundamental weapon was given to him by a set of considered monstrous figures: the Cyclopes, one-eyed children of the Earth and Sky and brothers to the Titans themselves. Another element of Zeus’ victory over the Titans is the rescue operated by him of the other set of monstrous brothers, and also sons of Earth and Sky, the Hundred-handers, who work as Zeus’ heavy artillery against the Titans, their own brothers. Cyclopes and Hundred-handers are Zeus’ allies while Typhon is his enemy, a difference that leads us to question if they must be considered under the same category of ‘monster’ in the poem. If so, what mechanisms of monstrosity operated that kind of distinction on their role on the order of the cosmos? If not, do theories of monstrosity, such as taxonomy, liminality or otherness, explain that difference? Is the monster category valid to think Cyclopes and Hundred-handers in the poem? Those are the main questions the paper intends to address in order to understand what lies behind the incorporation of figures considered monstrous under the rule of Zeus and, consequently, into the organized cosmos presented in the poem.
Papers by Camila Aline Zanon
CODEX - Revista de Estudos Clássicos
Os primeiros 21 versos da Teogonia de Hesíodo suscitam questões basilares que permeiam todo o pro... more Os primeiros 21 versos da Teogonia de Hesíodo suscitam questões basilares que permeiam todo o proêmio, tornando seu estudo fundamental para a compreensão do poema e da tradição de poesia oral no qual ele se insere. Neles estão contidos uma breve descrição das atividades das Musas no monte Hélicon e um sucinto catálogo de divindades, o primeiro do poema, precedendo imediatamente o episódio do encontro do poeta com as Musas no qual ele se nomeia. Tendo em vista a importância desses versos iniciais e sua posição enquanto abertura do poema, este artigo traz um comentário com o objetivo de apresentá-los de forma mais aprofundada do que numa tradução, ainda que anotada. Nele são expostas as principais questões e interpretações relativas ao trecho selecionado, formuladas por comentaristas e estudiosos, que têm guiado sua compreensão. Almeja-se, assim, que este artigo-comentário venha auxiliar na leitura do poema e, consequentemente, possa incentivar seu estudo.
The Classical Review, 2022
Monstrous Reflection, 2014
Hesiod’s Theogony is one of the main written sources for archaic Greek cosmogony. Broadly speakin... more Hesiod’s Theogony is one of the main written sources for archaic Greek cosmogony. Broadly speaking, the poem tells about how the cosmos came to be, its organization and how Zeus came to rule over it. In order to become its ruler, Zeus had to face some of the fiercest enemies such as the Titans, Prometheus and Typhon, this last one considered a monstrous being, with a hundred serpent heads and fire breathing eyes. On the other hand, to win over such creatures he needed the most powerful weapons, one of them being the thunderbolt, his main source of power. But this very fundamental weapon was given to him by a set of considered monstrous figures: the Cyclopes, one-eyed children of the Earth and Sky and brothers to the Titans themselves. Other element of Zeus’s victory over the Titans is the rescue operated by him of the other set of monstrous brothers, and also sons of Earth and Sky, the Hundred-handers, who work as Zeus’s heavy artillery against the Titans, their own brothers. Cyclopes and Hundred-handers are Zeus’s allies while Typhon is his enemy, a difference that leads us to question if they must be considered under the same category of ‘monster’ in the poem. If so, what mechanisms of monstrosity operated that kind of distinction on their role on the order of the cosmos? If not, do theories of monstrosity, such as taxonomy, liminality or otherness, explain that difference? Is the monster category valid to think Cyclopes and Hundred-handers in the poem? Those are the main questions the paper intends to address in order to understand what lies behind the incorporation or not of figures considered monstrous under the rule of Zeus and, consequently, into the organized cosmos presented in the poem.
Mare Nostrum (São Paulo), Dec 12, 2014
Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos, 2020
As a poem centered on war, the Iliad is not considered to be endowed with the element of the fant... more As a poem centered on war, the Iliad is not considered to be endowed with the element of the fantastic as is the Odyssey. There are, however, mentions or allusions to some creatures fought by heroes of previous generation, like Heracles and Bellerophon, along with some brief mentions to other fantastic creatures, like the Gorgon, the centaurs, Briareus and Typhon. This paper aims to locate those brief presences in the broader narrative frame of the Iliad.
Heródoto - Revista do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Antiguidade Clássica e suas Conexões Afro-asiáticas, 2017
A tradução que o poeta inglês Alexander Pope fez da Ilíada é um marco para a história dos épicos ... more A tradução que o poeta inglês Alexander Pope fez da Ilíada é um marco para a história dos épicos homéricos no mundo anglófono. A qualidade poética da tradução associada ao pioneirismo comercial da publicação por assinatura possibilitou ao jovem de 27 anos viver de seu próprio ofício como poeta, contribuindo para que ele se tornasse um dos mais proeminentes de sua época. O prefácio que acompanha o primeiro volume de sua tradução faz uma apologia de Homero, comparando-o com Virgílio quanto aos recursos poéticos e à capacidade de invenção e de julgamento. Nele, é possível observar os critérios poéticos que pautam o juízo de valor que Pope faz de um e de outro poeta antigo.
Romanitas - Revista de Estudos Grecolatinos, 2014
Desde as pesquisas arqueológicas realizadas por Heinrich Schliemann no final do século XIX um nov... more Desde as pesquisas arqueológicas realizadas por Heinrich Schliemann no final do século XIX um novo passado se desenhou para os épicos homéricos. Anteriormente considerados portadores de um conteúdo mitológico, após as descobertas arqueológicas que culminaram na definição de uma Idade do Bronze, eles passaram a ser vistos como uma fonte para tal período. Entretanto, essas mesmas pesquisas arqueológicas e ainda outras também revelaram as inconsistências dos épicos homéricos em relação a tal período e certa proximidade com a Idade do Ferro. O presente artigo tem como objetivo discorrer acerca dessas descobertas, percorrendo com o leitor os caminhos que conduziram os épicos de puro fruto da imaginação poética e mitológica para seu caráter de fonte histórica e, principalmente, questionar-se sobre a que sociedade e a que cultura remetem esses poemas.
The Iliad of Homer is generally seen as a poem about the Trojan War, which took place more than 5... more The Iliad of Homer is generally seen as a poem about the Trojan War, which took place more than 500 years before the composition of such poem, and transmitted by oral tradition down to the moment it was written for the first time. It was hoped, therefore, that the facts narrated by its poet matched the archaeological finds for the Mycenaean Period; instead what is found in the Iliad is an ensemble of the elements of the Mycenaean society and the one contemporary to Homer, which is considered to be the eighth century B.C. The study of the relation between the Mycenaean, Proto-Geometrical, and Geometrical archaeological finds, dating from 1550 to the end of the eighth century B.C., and the Iliad of Homer is based on two different categories of sources, namely the archaeological and the literary ones, the last one being the result of an oral tradition which had preceded it. The present dissertation focuses on showing the information that can be derived from the Iliad of Homer that somehow has contributed to the archaeological interpretation and whether controversies were raised between those two kinds of sources from such a comparison, leading to a reflection about the question of either continuity or rupture of the cultural elements proper to the Mycenaean Civilization and that, in a certain way, are reflected on the later periods concerned.
Ao longo dos quatro anos dedicados a esta tese, muitos foram os que com ela colaboraram, seja dir... more Ao longo dos quatro anos dedicados a esta tese, muitos foram os que com ela colaboraram, seja direta ou indiretamente. Agradeço a meu orientador, Christian Werner, por todo o apoio ao longo da pesquisa, pelas inúmeras sugestões, pela leitura sempre atenta, sua crítica contumaz, disponibilidade e capacidade de preservar e estimular minha independência intelectual como pesquisadora. Tê-lo como orientador foi um privilégio pelo qual serei sempre grata. Qualquer qualidade que se possa notar nesta tese não teria sido possível sem suas contribuições e sem o grande respeito com que ele tratou este trabalho. Agradeço ao professor Jim Marks pelas preciosas sugestões e pelo entusiasmo que mostrou diante do tema. Foi também um privilégio ter a oportunidade de assistir à disciplina de pós-graduação acerca dos Hinos Homéricos que ministrou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP), a convite do professor Christian Werner, em 2012. Aos professores André Malta Campos e Adriane da Silva Duarte expresso minha gratidão por terem constituído a banca de qualificação em 2014, propondo questões importantes acerca do assunto. O interesse que demonstraram pelo trabalho foi um grande estímulo para o desenvolvimento desta tese. Aos professores Breno Battistin Sebastiani e Adriano Ribeiro, por terem participado da banca avaliadora do projeto que originou esta tese e por terem-no julgado merecedor do primeiro lugar dentre os projetos então selecionados. Ao professor Adrian Kelly, que não apenas possibilitou minha estadia de seis meses em Oxford, mas garantiu que eu tivesse o melhor ambiente de pesquisa possível, providenciando o acesso à Sackler com seu acervo especializado em Clássicas, à Bodleian, com seu andar inteiro dedicado a esta área, e à biblioteca particular do Balliol College. Graças ao professor Kelly, pude desfrutar do status de Research Associate no Holywell Manor, centro de pós-graduandos do Balliol College, bem como o de Academic Visitor no Ioannou Centre for Classical and Byzantine Studies (Faculty of Classics). A ele devo minha primeira experiência de longo prazo em um ambiente acadêmico internacional, do qual esta tese se beneficiou enormemente. Sua generosidade ímpar aliada a sua competência acadêmica e a seu humor inteligente o tornam uma figura rara no mundo acadêmico. Sua contribuição transcende o conteúdo deste trabalho e certamente me acompanhará pela vida inteira. À Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) por ter possibilitado minha estadia de seis meses em Oxford por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) e pelos três meses de bolsa no país no início do doutorado, e à FAPESP, que financiou 33 dos 48 meses totais de pesquisa. Não poderia deixar de agradecer ao pessoal do Balliol Hall, onde pude usufruir de um menu caprichado ao longo dos meses que permaneci em Oxford: ao Alexander, à Alma, e às gêmeas Blanca e Lidia, pela atenção e pelo carinho com que me trataram sempre. Aos funcionários da Sackler, Andrea e Len, por terem sido tão solícitos e bem-humorados. Ao pessoal do Nooc (North Oxford Overseas Centre) por ter me abrigado e me tratado com muita gentileza: Elita, Daniel, Tim, Lesley e Julie. Ao mau humor do Dave, que fazia companhia para o meu mau humor todas as manhãs. Às pessoas que conheci no Nooc, que, como eu, estavam lá desfrutando das maravilhas oxfordianas: a Suelen Carls (Santa Catarina) e a Louise (Bélgica), pela doçura e pelo carinho, a Lakshmy Venkatesh (Índia), pelo carinho e por ter me ensinado a cozinhar cogumelos crocantes por fora e macios por dentro, a Paola Solimena (Ítalo-Germano-Americana) e a Rosa Stopler (Holanda) pelas prazerosas conversas inteligentes. Às grandes amizades de Wasim Khalid (Cachemira), Fernando (Pernambuco), Rodrigo Carro (Rio de Janeiro), Santiago (Galícia). Um agradecimento especial e cheio de saudade a Nilüfer Peker e Hülya Cosgunaras Sahna (ambas da Turquia) e a Pinelopi Flaouna (Grécia), amizades para a vida inteira. Ao Juca e à Thais Rocha, pelos jantares no St. Benet's College e por terem sido meu porto seguro em Oxford. Vocês são sensacionais, meus caros. Minha experiência em Oxford foi, sem dúvida, muito enriquecida por todas essas pessoas que me permitiram fazer parte de suas vidas e que passaram a ser parte da minha. Aos meus amigos daqui, aqueles que, mesmo longe estão sempre por perto: Livia Oushiro; Pedro Toledo; Tiago Attorre; Tiago Pessoa; Veruska Guimarães; Ranulpho Souza; Carol Spinelli; Marta Maria, amiga de infância e muito querida; e Carla Hermann que, além de ter me visitado em Oxford, me apresentou a fantástica obra de Walmor Corrêa. Aos queridos Luciano Ferreira, Gilberto da Silva Francisco e Lucia Sano, amizades que são um enorme incentivo para a minha permanência na área de Estudos Clássicos. Aos colegas do LEIR-MA (Laboratório de Estudos do Império Romano e Mediterrâneo Antigo):
Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos, 2020
Este artigo reexamina um dos casos mais famosos de interação, o chamado Mito de Sucessão encontra... more Este artigo reexamina um dos casos mais famosos de interação, o chamado Mito de Sucessão encontrado nas tradições grega arcaica, acadiana e hurro-hitita. Ele sugere que a versão dessa narrativa na Teogonia de Hesíodo, em lugar de indicar um modelo simplista de derivação direta, toca em um processo de interação mais rico e complexo, e que, portanto, esse nexo de textos do Oriente Próximo – incluindo a Canção de Emergência hitita (que costumava ser chamada Canção de Kumarbi), mas acrescentando a Teogonia de Dunnu e o Enuma Elish acadianos e uma variedade de narrativas posteriores da tradição greco-fenícia – pode indicar algo de fundamental sobre cada cultura, especificamente o modo pelo qual os gregos da época arcaica percebiam o gênero como um elemento essencial na sua construção dessas narrativas: ou seja, a figura da esposa-mãe, que nas tradições próximo-orientais pode assumir, e de fato assume, uma variedade de papéis, é consistentemente reduzida a uma função desestabilizadora, mi...
Codex - Revista de Estudos Clássicos, 2021
Os primeiros 21 versos da Teogonia de Hesíodo suscitam questões basilares que permeiam todo o pro... more Os primeiros 21 versos da Teogonia de Hesíodo suscitam questões basilares que permeiam todo o proêmio, tornando seu estudo fundamental para a compreensão do poema e da tradição de poesia oral no qual ele se insere. Neles estão contidos uma breve descrição das atividades das Musas no monte Hélicon e um sucinto catálogo de divindades, o primeiro do poema, precedendo imediatamente o episódio do encontro do poeta com as Musas, no qual ele se nomeia. Tendo em vista a importância desses versos iniciais e sua posição enquanto abertura do poema, este artigo traz um comentário com o objetivo de apresentá-los de forma mais aprofundada do que numa tradução, ainda que anotada. Nele são expostas as principais questões e interpretações relativas ao trecho selecionado, formuladas por comentaristas e estudiosos, que têm guiado sua compreensão. Almeja-se, assim, que este artigo-comentário venha auxiliar na leitura do poema e, consequentemente, possa incentivar seu estudo.
Heródoto: Revista do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Antiguidade Clássica e suas Conexões Afro-asiáticas, 2020
Entidade primordial na Teogonia de Hesíodo, Kháos tem sido objeto de várias interpretações desde ... more Entidade primordial na Teogonia de Hesíodo, Kháos tem sido objeto de várias interpretações desde a Antiguidade. Com base em suas menções no poema e em interpretações correntes, este artigo tem como objetivo investigar seu significado e seu papel no cosmo apresentado por Hesíodo por meio do método histórico-filológico. O enfoque incidirá sobre o próprio poema, tentando-se compreender o papel de Kháos dentro de sua lógica interna.
Letras Clássicas, 2004
A tradução das quatro cenas de armamento descritas na Ilíada foi realizada com o intuito de propo... more A tradução das quatro cenas de armamento descritas na Ilíada foi realizada com o intuito de proporcionar ao leitor um quadro mais preciso no que se refere às armas que o herói, particularmente, carrega para a batalha. Distintamente das cenas em que a massa de guerreiros se utiliza das armas ou nas suas breves descrições que se encontram alhures na Ilíada, as cenas de armamento fornecem elementos que compõem quase todo o arsenal do qual o herói dispõe. Como se poderá perceber pela leitura da tradução proposta aqui, as fórmulas presentes nas quatro cenas foram mantidas para possibilitar a fruição do caráter formular de tais cenas, sem limitar essa característica da poesia homérica a uma mera (re)produção mecânica de fórmulas repetitivas desconsiderando a complexidade de suas variações. Apesar da seqüência de colocação das armas ser apresentada numa ordem quase ritualística nas quatro cenas (primeiro as cnêmides, depois a couraça, a espada, o escudo, o elmo e, finalmente, a lança) não ...
Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos, 2019
As a poem centered on war, the Iliad is not considered to be endowed with the element of the fant... more As a poem centered on war, the Iliad is not considered to be endowed with the element of the fantastic as is the Odyssey. There are, however, mentions or allusions to some creatures fought by heroes of previous generation, like Heracles and Bellerophon, along with some brief mentions to other fantastic creatures, like the Gorgon, the centaurs, Briareus and Typhon. This paper aims to locate those brief presences in the broader narrative frame of the Iliad. RESUMO: Enquanto um poema centrado na guerra, não se considera que a Ilíada seja dotada do elemento fantástico como a Odisseia. Há, contudo, menções ou alusões a algumas criaturas combatidas por heróis da geração anterior, como Héracles e Belerofonte, junto com algumas breves menções a outras criaturas fantásticas, como a Górgona, os centauros, Briareu e Tífon. Este artigo pretende localizar essas breves presenças no enquadramento narrativo mais amplo da Ilíada.
Romanitas, 2013
Desde as pesquisas arqueológicas realizadas por Heinrich Schliemann no final do século XIX um nov... more Desde as pesquisas arqueológicas realizadas por Heinrich Schliemann no final do século XIX um novo passado se desenhou para os épicos homéricos. Anteriormente considerados portadores de um conteúdo mitológico, após as descobertas arqueológicas que culminaram na definição de uma Idade do Bronze, eles passaram a ser vistos como uma fonte para tal período. Entretanto, essas mesmas pesquisas arqueológicas e ainda outras também revelaram as inconsistências dos épicos homéricos em relação a tal período e certa proximidade com a Idade do Ferro. O presente artigo tem como objetivo discorrer acerca dessas descobertas, percorrendo com o leitor os caminhos que conduziram os épicos de puro fruto da imaginação poética e mitológica para seu caráter de fonte histórica e, principalmente, questionar-se sobre a que sociedade e a que cultura remetem esses poemas.
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Thesis Chapters by Camila Aline Zanon
MA Dissertation by Camila Aline Zanon
Book chapter by Camila Aline Zanon
Papers by Camila Aline Zanon
mitologia grega e, dessas três categorias de seres, a de monstro é certamente a menos estudada. Termos como pelôr (πέλωρ) e teras (τέρας) são usualmente traduzidos por “monstro”, e seus adjetivos derivados, por “monstruoso”. Na Teogonia, de Hesíodo, Équidna e Tifeu são referidos pelo substantivo pelôr (πέλωρ), enquanto a forma adjetiva (pelôros, -ê, -on; πέλωρος, -η, -ον) é usada com frequência para Terra (Gaia; Γαῖα), uma das divindades primordiais, responsável pela configuração inicial do cosmo teogônico, que não é comumente considerada um ente “monstruoso”. Nos poemas homéricos, as formas substantivas e adjetivas encontram uma variação de uso ainda maior: podem remeter ao ciclope Polifemo e à Cila na Odisseia, a heróis na Ilíada, como Aquiles e Ájax, por exemplo, ou até mesmo a divindades como Ares e Hefesto. Assim, um estudo mais detido desses termos em poemas de tradição hexamétrica arcaica pode revelar que, além de a acepção do que é o monstro ou o monstruoso não se restringir a seres de conformação não antropomórfica, há a possibilidade de a categoria “monstro” ser uma projeção anacrônica de origem talvez aristotélica, medieval ou até mesmo moderna.
Material e/ou métodos: A descrição e a análise das obras iconográficas foram realizadas através da utilização de uma bibliografia geral, de uma bibliografia específica, de obras de referência e de fontes textuais antigas. As obras iconográficas e as fontes textuais antigas foram confrontadas para alcançar o objetivo supracitado.
Resultados: Através do estudo de ambas as fontes, pudemos traçar um panorama da ampla iconografia de Eros através dos períodos Arcaico e Clássico, apontando suas generalidades e particularidades dentro de um processo histórico e cultural tão privilegiador da tradição quanto da transformação.
Conclusões: Em decorrência de tal processo, é necessário ver Eros como uma divindade crescente e mutável dentro do panteão, e que por isso se faz complexa e objeto de reflexão durante toda a história da filosofia antiga, gozando de uma posição central na sociedade grega da antiguidade sabiamente descrita por Platão: Eros reina entre os deuses.