Papers by Valéria Aydos
Revista Iluminuras, 2023
A emergência dos Estudos da Deficiência tem permitido uma reconfiguração do campo da Antropologia... more A emergência dos Estudos da Deficiência tem permitido uma reconfiguração do campo da Antropologia, principalmente a partir da observação de práticas corporais que desafiam normas e padrões disciplinares. Diferentes corporalidades têm provocado uma contestação e redefinição dos saberes e poderes prevalecentes ao questionarem as normatividades dos regimes de visibilidade das capacidades humanas. Essas questões tornam-se objeto de reflexão em espaços acadêmicos e ativistas, demonstrando a importância da interlocução entre os Estudos da Deficiência e a Antropologia. As vivências de pessoas com deficiência têm trazido para o centro do debate as lutas pelo direito à acessibilidade a imagens e sons como parte ativa das políticas e poéticas de acesso de um mundo a ser vivido e imaginado, assim como o uso desses recursos tem se configurado como mediações à sua participação plena em sociedade, contribuindo para promover ou cultivar uma cultura do acesso nos ambientes. A autodescrição e a audiodescrição de imagens, as legendas ou transcrições de falas e outras sonoridades, o uso de Comunicação Alternativa Aumentativa e de imagens multimodais e demais recursos de acessibilidade apresentam problemáticas extremamente interessantes e inovadoras para a pesquisa em Ciências Sociais e Humanas e para as relações entre Estudos da Deficiência e Antropologia Visual. Este número da Revista Iluminuras convidou pesquisadoras e pesquisadores a submeterem artigos, ensaios ou relatos de experiência que dialoguem com esse campo rico e interdisciplinar.
Horizontes Antropológicos, 2022
Texto de apresentação do número 64 da revista Horizontes Antropológicos "Antropologia e Deficiênc... more Texto de apresentação do número 64 da revista Horizontes Antropológicos "Antropologia e Deficiência".
Frente à pandemia da COVID-19 muitos países adotaram o isolamento social como estratégia de prote... more Frente à pandemia da COVID-19 muitos países adotaram o isolamento social como estratégia de proteção e prevenção ao vírus, o que gerou impactos nas relações e na organização do trabalho. Várias questões que já se faziam presentes na vida das pessoas com deficiência no mundo do trabalho agora são 'escancaradas', trazendo à tona discussões teóricas e práticas sobre a experiência do uso de recursos tecnológicos enquanto estratégias possíveis para a promoção de acessibilidade e inclusão. A partir de narrativas de pessoas com diversas corporalidades nesta nova realidade, este artigo propõe-se a refletir sobre como as questões de acessibilidade estão sendo operacionalizadas na prática do mundo do trabalho e, mais especificamente, sobre o papel e o efeito das novas tecnologias nas situações de inclusão e exclusão social de pessoas com deficiência nos espaços e tempos de trabalho remoto no contexto da Pandemia.
Disability Studies Quarterly, 2021
Due to the COVID-19 pandemic, many countries have adopted social isolation as a strategy to fight... more Due to the COVID-19 pandemic, many countries have adopted social isolation as a strategy to fight and limit the spread of the global crisis of Covid-19, which has impacted organization processes and employee's relationships with one another. Several issues such as the lack of accessibility and adaptations on work routines, that were already present in people with disabilities' life in the work environment are now highlighted, bringing to light theoretical debates and practical discussions about the experience of using technological accommodations as possible strategies for promoting accessibility and inclusion. Based on narratives of people with different corporalities in this contemporary shifting reality, in this article, we aim to reflect on how accessibility issues are being managed in labor practices in Brazil. More precisely, we seek to understand the role and effects of this new use of technology on social inclusion and exclusion of people with disabilities in the times and spaces where they work remotely due to the Covid-19 pandemic.
Antropológica, 2020
Neste texto, analisamos os processos de inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabal... more Neste texto, analisamos os processos de inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, tendo como foco uma análise curricular pedagógica e o cotidiano de interações entre professores e aprendizes de um curso de capacitação para pessoas com deficiência intelectual e/ou psicossocial. Vemos que, pensando nos modelos de “trabalhador ideal” exigidos pelo mercado, os esforços pedagógicos destes cursos acabam por “moldar” essas pessoas a um padrão considerado “mais aceitável”. Um dos efeitos desta ação está na responsabilização do indivíduo pelo sucesso ou fracasso de sua experiência, o que deixa em segundo plano a necessidade de adaptação das empresas às suas especificidades. Assim, chamamos a atenção para as moralidades e racionalidades – com relação à deficiência, classe social e geração – implícitas nestes cursos e, principalmente, para a necessidade de incorporação de uma perspectiva voltada para o modelo social da deficiência nos processos de inclusão como um todo.
Somatosphere, 2020
In the face of the COVID-19 pandemic, many countries have adopted social isolation as a strategy ... more In the face of the COVID-19 pandemic, many countries have adopted social isolation as a strategy to protect and prevent the virus, which has had an impact on relations and work organization. Several issues that were already present in the lives of people with disabilities in the world of work are now 'wide open', bringing up both theoretical and practical discussions about the experience of using technological resources as a possible strategy for promoting accessibility for inclusion, but also, as a means to the imperative that productivity “cannot stop”. The scenarios exposed by the experiences lived by workers with disabilities, in the midst of the coronavirus pandemic, show the most common perspective error when classifying disability as an individual problem to be “adjusted” (or, in most cases, eliminated) and the non-perception that it is society, or more specifically the company, that must, a priori, make work and work space accessible to the most diverse human bodies and experiences. Based on the narratives of people with different bodies and biosocialities about their experiences in this new reality, this article aims to reflect on what is at stake in the social inclusion of people with disabilities in work environments. The proposal is to reflect on how accessibility issues are being valued and operationalized in the practice of the world of work and, more specifically, about the role and effect of new technologies in situations of social inclusion and exclusion in working spaces, in view of the necessary accommodations to people with different disabilities in the midst of the pandemic. There is a sense of urgency about the debate on disability, work and inclusion evidenced in the speeches of our interlocutors from the transformations imposed by the pandemic, which denounces the need to question and rethink the capacitist-productivist model so present in this environment. At stake here is our difficulty in recognizing that we all have bodies and minds with changing skills and in fighting against the historical-political meanings of simplistic binary thoughts, such as disabled / non-disabled and sick / healthy. As Kafer notes, studies in Disability Justice and Crip Theory refuse these dichotomies and claim the ‘crippling’ of theories of difference. To cripple practices is to recognize the ethical, epistemic and political responsibilities of questioning all the pre-existing conditions under which we all live; and realizing that this crippling also benefits those who are not interested or invested in this transformation. Perhaps the current context of the pandemic stretches the social fabric until the rupture of usual ways of life. Reflecting from the Crip Theory shows us a 'crooked' walk, in which capacitism is no longer the model to be mimicked, so that other ‘walks’ are possible and more bodies appear.
Boletim Cientistas Sociais e o Corona Vírus, 2020
OLIVEIRA, B; NAVARINI, D.; AYDOS, V. "O que a experiência do Covid-19 nos diz sobre deficiência, ... more OLIVEIRA, B; NAVARINI, D.; AYDOS, V. "O que a experiência do Covid-19 nos diz sobre deficiência, trabalho e acessibilidade?" Boletim Cientistas Sociais, ANPOCS, 2020. Disponível em: http://anpocs.org/index.php/publicacoes-sp-2056165036/boletim-cientistas-sociais/2395-boletim-n-67-cientistas-sociais-e-o-coronavirus. O que a experiência do Covid-19 nos diz sobre deficiência, trabalho e acessibilidade? Bernardo tem Síndrome de Larsen, uma doença rara que o faz ter dificuldades para percorrer trajetos longos. Ele conta que, no primeiro dia de trabalho, na tentativa de deslocamento para a sala, sua coluna "travou", deixando-o imobilizado por dois dias. Ao solicitar acessibilidade junto à Universidade na qual havia sido contratado, recebeu resposta negativa e, como única possibilidade de trabalhar, a redução das aulas e a preparação de atividades extraclasse para os alunos. Ou seja, o 'trabalho remoto' não havia sido uma possibilidade de 'adaptação razoável' oferecida a Bernardo para que pudesse exercer sua atividade sem prejuízo à qualidade do seu trabalho. Ocorre que, com o desenrolar da pandemia da COVID-19, ele é comunicado que "até o fim do semestre todos os cursos deveriam ser ofertados remotamente". Anahí é surda oralizada e sua reivindicação de acessibilidade em eventos sempre foi a legenda em tempo real, a qual é constantemente negada por conta dos altos custos, o que faz com que ela tenha que acompanhar as falas por leitura labial. Antes da pandemia, era obrigada a negar convites para eventos on-line devido à dificuldade de comunicação e à debilidade das tecnologias de transcrição. Depois, a vida acadêmica passou a acontecer on-line, situação que a faria estar totalmente excluída, não fosse seu sobre-esforço em participar com a ajuda conjunta de recursos de acessibilidade, como implante coclear, aplicativo de transcrição instantânea e o chat de plataformas virtuais. Noutras situações, ela apela para a legenda automática do Skype ou para a ativação do recurso do "closed caption" do Zoom, no qual a transcrição é feita por um
Anuário Antropológico, 2019
A (des)construção social do diagnóstico de autismo no contexto das políticas de cotas para pessoa... more A (des)construção social do diagnóstico de autismo no contexto das políticas de cotas para pessoas com deficiência no mercado de trabalho 1 Valéria Aydos Universidade Federal do Rio Grande do Sul-Brasil Introdução O cenário de uma crescente propagação midiática sobre o autismo tem trazido à tona um debate acadêmico acerca da produção clínica desse diagnóstico e de uma possível "epidemia de autismo". Tal debate pauta uma problematização sobre a flexi-bilidade e a complexidade da sua produção como um "diagnóstico clínico" e situado em um espectro altamente diversificado, assim como sobre essa condição ser con-siderada uma deficiência 2 ou uma neurodiversidade, uma "maneira diversa de ser e estar no mundo". Segundo especialistas psi e neurologistas, há hoje um certo consenso 3 de que o autismo seria "um transtorno do desenvolvimento que prejudica a interação social, compromete a comunicação verbal e não verbal e apresenta padrões repetitivos de comportamento" (White, 2013:114 apud Hollin, 2014a). Na literatura das ciências humanas sobre o tema (Hacking, 2006; Eyal et al., 2010; Ochs et al., 2004; Holin, 2014), há indicações de que o autismo está se tornando cada vez mais presente e se manifestaria (colocando em xeque) exatamente naquilo que mais precisaríamos para "conviver bem em sociedade": as habilidades de socialização e comunicação. É com o intuito de compreender estas questões que proponho aqui uma análise das especificidades do processo diagnóstico do autismo (Silverman, 2008; Grinker, 2010; Hacking, 2006; Campoy, 2015; Valtellina, 2018) e das disputas em torno do seu status nosológico 4 (Hacking, 2007; 2009; Ortega et al., 2013) em um contexto específico de interação social: o cotidiano laboral de pessoas com esta condição, espaço no qual pouco se discute e se pesquisa sobre esses temas. Para tanto, trago ao longo do texto cenas de uma etnografia realizada, entre 2013 e 2017, com dois jovens que tiveram suas primeiras experiências de emprego, a partir de um projeto 5 de implementação da política de cotas para pessoas com deficiência 6 no Rio Grande do Sul: Tomás, um jovem de 21 anos, de classe popular, que foi contratado como assistente administrativo em uma empresa de serviços, e
Horizontes Antropológicos, 2016
After the Pilot Project of Empowering People with Disabilities for Work in Rio Grande do Sul was ... more After the Pilot Project of Empowering People with Disabilities for Work in Rio Grande do Sul was implemented, a network of actors started to promote the inclusion of people with disabilities into the workplace through the Affi rmative Law 8213/91. In this context, the experiences of people with autism brought to light theoretical and practical discussions on both the condition of this diagnosis as being characterized as a disability, and the ways of managing these people in the everyday life of labour. Thomas is one of the young men whose participation in the Project I followed. Through the ethnography of his ‘case’ it´s possible to reflect on the effects of inclusion policies in management practices and subjectification processes of people with disabilities, as well as shed light on the agency opportunities for those people across the symbolic and practical construction of citizenship and ‘social sensibilities’ in Brazil
In the late 2000s, a network of agents started to promote the inclusion of people with disabiliti... more In the late 2000s, a network of agents started to promote the inclusion of people with disabilities into the Brazilian labor market, through an Affirmative Action Law that requires private companies to include from 2 to 5 % of people with disabilities among their employees. In this context, the experiences of people with autism brought to light theoretical and practical discussions on both the autonomy of these people and the 'best ways' of managing their everyday work routines. Perceiving public policies as producers of both subjects and social relations (Shore, 2010; Biehl & Petryna, 2013; Schuch, 2009), we aim to understand their effects in the management practices of different companies and in the citizenship-making processes (Ong, 2003) involving people with autism. Through ethnographic observation of the work environment in private companies, we highlight some 'Western' values implicit both in the public policies and in management technologies which may clash with the "logic of care" (Mol, 2008). By showing how Citizenship demands Care in this context, and how Care always demands a kind of human dependency, we shed light on the complexity of the notion of Care and aim to problematize the concept of Citizenship itself.
Thesis by Valéria Aydos
PPGAS-UFRGS, 2017
This research aims to analyse the processes and management modes of social inclusion policies in ... more This research aims to analyse the processes and management modes of social inclusion policies in the world of work, which were driven by the promulgation of Law no. 8,213/91 of quotas for people with disabilities in business organizations. Its main focus is the understanding of the policie’s forms, the relations they produce, the systems of thought in which they are immersed, and their effects on life and on the construction of people's subjectivities. In my ethnography, I favoured the analysis of the social relations that occur along the experience of inclusion of a person diagnosed with autism. Throughout this fieldwork I carried out a) interviews with agents and experts involved with the quota policy; b) observations in training courses and in the daily work of two private companies; c) the follow-up of the advisory work of a specialist in inclusion, and d) observations at public policy and autism events. The ethnographic findings of this research allowed me to problematize the centrality of psi experts in the effectiveness of this policy and the de-subjectivation nature of biomedical diagnoses. It was also possible to perceive that the quota policy, despite encountering various resistances and barriers to its implementation, is also dynamic and creative in its form and implementation, and finds as a greater effect the subjective transformation of the people who benefit from it. On the other hand, the research evoked the sanitizing and individualizing rationalities and moralities present in the construction of an unreachable ideal of "worker", propagated both in educational spaces and in business daily life; the need to rethink the negative character attributed to "care relationships" in the inclusion processes, here understood as necessary for the construction of the citizenship of people with disabilities; and the financially unsustainable long-term character of these policies for low-income families. This thesis contributes to the anthropological studies that have called attention to the relations between the state and the market in the co-production of social phenomena, by showing, in practice, how the various actors and rationalities present in the inclusion processes act in the social construction of new subjects, relationships and social sensibilities, as well as in the production of public policies, the business market and citizenship in Brazil.
Teaching Documents by Valéria Aydos
Drafts by Valéria Aydos
Texto para discussão ANPOCS, 2021
Texto apresentado no SPG07. Deficiência, Direitos e Desigualdades: diálogos e intersecções do 45º... more Texto apresentado no SPG07. Deficiência, Direitos e Desigualdades: diálogos e intersecções do 45º Encontro Anual da ANPOCS - a ser publicado em anais
Books by Valéria Aydos
Antropologia e Deficiência, 2022
Número temático 64, ano 28, set/dez 2022. Organizado por Anahí Guedes de Mello (ANIS - Instituto ... more Número temático 64, ano 28, set/dez 2022. Organizado por Anahí Guedes de Mello (ANIS - Instituto de Bioética), Valéria Aydos (UNIPAMPA) e Patrice Schuch (UFRGS).
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