Papers by Ana Paula Glinfskoi Thé
Antropolitica - Revista Contemporanea de Antropologia, 2020
O artigo apresenta dados etnográficos e contextuais sobre o processo de caracterização e identifi... more O artigo apresenta dados etnográficos e contextuais sobre o processo de caracterização e identificação de terras tradicionalmente ocupadas por comunidades vazanteiras, pescadoras e quilombolas do médio São Francisco, estado de Minas Gerais, Brasil. O objetivo é refletir sobre o fazer antropológico na atual conjuntura política e econômica brasileira, marcada pela emergência de um novo tipo de antiambientalismo de caráter autoritário e racializado, baseado em uma retórica explicitamente estigmatizadora em relação aos povos e comunidades tradicionais, movimentos sociais, pesquisadores e órgãos públicos. Tal retórica, tem sido utilizada como estratégia de convencimento social e como forma de legitimar práticas de desregulamentação ambiental e fundiária. Para tanto, foi realizada pesquisa bibliográfica e documental, trabalho de campo etnográfico e análise situacional para leitura dos processos em andamento durante trabalho de pesquisa. Os dados revelam que está em jogo a apropriação p...
Revista IDeAS - Interfaces em Desenvolvimento, Agricultura e Socidade, 2021
Este artigo tem o objetivo de analisar a trajetória de criação da Reserva de Desenvolvimento Sust... more Este artigo tem o objetivo de analisar a trajetória de criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Nascentes Geraizeiras-RDSNG, a partir da teoria dos estudos em etnoconservação e das relações entre desenvolvimento, territorialidade e conservação ambiental em populações e comunidades tradicionais. A RDSNG é o resultado da experiência de uma luta territorial: a resistência dos povos tradicionais "geraizeiros" que habitam os planaltos, as encostas e os vales das regiões de cerrados, no Norte de Minas Gerais. Por meio da realização de pesquisa documental, observação não participante e entrevistas formais e informais com os agricultores das comunidades beneficiárias e gestores da RDSNG, pode-se constatar que é na disputa por alternativas ao paradigma do desenvolvimento hegemônico que esses povos vêm se organizando, lutando e resistindo para permanecer em seus territórios e manter seus modos de vida.
Revista Cerrados
O presente artigo objetiva analisar e discutir algumas repercussões socioculturais, especificamen... more O presente artigo objetiva analisar e discutir algumas repercussões socioculturais, especificamente no que diz respeito às tradições religiosas, culturais, laços de parentesco e identidade coletiva das pessoas realocadas para o assentamento Araras, município de Francisco Sá - MG, decorrentes da construção da Usina Hidrelétrica de Irapé, no Rio Jequitinhonha, entre os municípios de Berilo e Grão Mogol, no Norte de Minas Gerais. O trabalho valeu-se de pesquisas: bibliográfica, exploratória e estudo de caso, com trabalho de campo viabilizado por entrevistas semi-estruturadas. Os resultados evidenciaram que no novo lugar, as pessoas experimentaram prejuízo à continuidade de práticas religiosas e comprometimento das tradições culturais e laços de parentesco, além da quebra da identidade coletiva.
Germinal: Marxismo e Educação em Debate
Resumo: Este artigo busca investigar as contribuições e as implicações metodológicas de Marx e da... more Resumo: Este artigo busca investigar as contribuições e as implicações metodológicas de Marx e da tradição marxista para pensar a questão ambiental. Tratamos de indicar as aproximações entre a problemática ambiental e os textos de Marx. A partir desse apanhado, tentamos contestar as posições que identificamos como equivocadas. Por meio desse exercício, o artigo: i) identifica que as raízes da problemática de dominação da natureza não se resolvem apenas com uma preocupação epistemológica; ii) problematiza a noção de que para Marx haveria uma relação automática entre progresso econômico e social; iii) propõem uma reflexão que pretende equacionar: questão camponesa, tradição marxista e estudos socioambientais.
Falar da contribuição das raças humanas para a civilização mundial poderia assumir um aspecto sur... more Falar da contribuição das raças humanas para a civilização mundial poderia assumir um aspecto surpreendente numa coleção de brochuras destinadas a lutar contra o preconceito racista. Resultaria num esforço vão ter consagrado tanto talento e tantos esforços para demonstrar que nada, no estado atual da ciência, permite afirmar a superioridade ou a inferioridade intelectual de uma raça em relação a outra, a não ser que se quisesse restituir sub-repticiamente a sua consistência à noção de raça, parecendo demonstrar que os grandes grupos étnicos que compõem a humanidade trouxeram, enquanto tais, contribuições específicas para o patrimônio comum. Mas nada está mais longe do nosso objetivo do que uma tal empresa que apenas conduziria à formulação da doutrina racista ao contrário. Quando procuramos caracterizar as raças biológicas mediante propriedades psicológicas particulares, afastamo-nos da verdade cientifica, quer a definamos de uma maneira positiva quer de uma maneira negativa. Não devemos esquecer que Gobineau, a quem a história fez o pai das teorias racistas, não concebia, no entanto, a "desigualdade das raças humanas" de uma maneira quantitativa mas sim qualitativa. Para ele, as grandes raças primitivas que formavam a humanidade nos seus primórdios-branca, amarela, negra-não eram só desiguais em valor absoluto, mas também diversas nas suas aptidões particulares. A tara de degenerescência estava, segundo ele, ligada mais ao fenômeno de mestiçagem do que à posição de cada uma das raças numa escala de valores comum a todas; destinava-se, pois, a atingir toda a humanidade, condenada sem distinção de raça a uma mestiçagem cada vez mais desenvolvida. Mas o pecado original da antropologia consiste na confusão entre a noção puramente biológica da raça (supondo, por outro lado, que, mesmo neste campo limitado, esta noção possa pretender atingir qualquer objetividade, o que a genética moderna contesta) e as produções sociológicas e psicológicas das culturas humanas. Bastou a Gobineau ter cometido este pecado para se ter encerrado no círculo infernal que conduz de um erro intelectual, não excluindo a boa-fé, à legitimação involuntária de todas as tentativas de discriminação e de exploração. Também, quando falamos, neste estudo, de contribuição das raças humanas para a civilização, não queremos dizer que os contributos culturais da Ásia ou da Europa, da África ou da América extraíam qualquer originalidade do fato destes continentes serem, na sua maioria, povoados por habitantes de troncos raciais diferentes. Se esta originalidade existe-e isso não constitui dúvida-relaciona-se com circunstâncias geográficas, históricas e sociológicas, não com aptidões distintas ligadas à constituição anatômica ou fisiológica dos negros, dos amarelos ou dos brancos. Mas pareceu-nos que, na medida em que esta série de brochuras se esforçou por fazer justiça a este ponto de vista negativo, se arriscava ao mesmo tempo a relegar para segundo plano um aspecto igualmente importante da vida da humanidade, a saber, que esta não se desenvolve sob o regime de uma uniforme monotonia, mas através de modos extraordinariamente diversificados de sociedades e de civilizações; esta diversidade intelectual, estética, sociológica não está ligada por nenhuma relação de causa e efeito àquela que existe, no plano biológico, entre determinados aspectos observáveis dos agrupamentos humanos-é-lhe apenas paralela num outro terreno. Mas, ao mesmo tempo, distingue-se daquela por dois aspectos importantes. Em primeiro lugar, esta situa-se numa outra ordem de grandeza. Existem muito mais culturas humanas do que raças humanas, pois que enquanto umas se contam por milhares, as outras contam-se pelas unidades; duas culturas elaboradas por homens pertencentes a uma mesma raça podem diferir tanto ou mais que duas culturas provenientes de grupos racialmente afastados. Em segundo lugar, ao contrário da diversidade entre as raças, que apresentam como principal interesse a sua origem histórica e a sua distribuição no espaço, a diversidade entre
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