Papers by Antonio Almir Silva Gomes
Raído
A Educação Escolar Indígena brasileira e seus mais diversos atores têm trilhado caminhos rumo à e... more A Educação Escolar Indígena brasileira e seus mais diversos atores têm trilhado caminhos rumo à especificidade, ao respeito e à valorização dos conhecimentos que emanam da própria comunidade. Tem contribuído enormemente para esse cenário a formação de professores indígenas conscientes de seu papel social transformador. No que tange ao Ensino de Línguas em Contexto Indígena, a esse professor se coloca o desafio de atribuir a cada ato de ensino sentidos e ações que lhe permitam potencializar o usuário da língua, ao mesmo tempo em que a coloca em lugar de destaque junto à escola e à comunidade. O presente artigo, com esse cenário, volta-se a processos morfológicos de línguas indígenas como objeto de ensino em que o par forma e sentido deve ser tratado de maneira indissociável com fins à construção de aulas capazes de ultrapassar ações pautadas exclusivamente em metalinguagem. O caminho vislumbrado ao longo do artigo, ao propor tal par, considera a língua em si, mas também seu usuário e...
Revista Brasileira de Línguas Indígenas, 2018
O presente artigo pretende promover reflexão acerca de características do Português Brasileiro em... more O presente artigo pretende promover reflexão acerca de características do Português Brasileiro em uso pela população indígena Karipuna que vive em terras indígenas às proximidades do município de Oiapoque-AP, Brasil. Os Karipuna formam um povo heterogêneo que ao longo de muitas décadas vem mantendo relação com diversos povos brasileiros indígenas e não indígenas, bem como com estrangeiros que vivem do outro lado da fronteira franco-brasileira. O português falado pelo povo Karipuna, em alguns casos, é visto como um dialeto errado por algumas pessoas, numa verdadeira expressão do preconceito linguístico. Ao apresentarmos algumas perguntas relacionadas aos dados, problematizamos a ocorrência, em pleno século XXI, de preconceito linguístico. Ao final, embora não seja nosso objetivo central, argumentamos em favor de que a escola também tem responsabilidade sobre a realidade e comportamentos linguísticos vistos na sociedade brasileira.
MOARA – Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Letras ISSN: 0104-0944
A Amazônia dentre tantas outras formas de diversidade, é multilíngue em essência, seja em virtude... more A Amazônia dentre tantas outras formas de diversidade, é multilíngue em essência, seja em virtude das centenas de línguas indígenas, seja em virtude das línguas de imigrantes, ou mesmo em virtude dos contextos de fronteira, por onde circulam as línguas francesa, espanhola, como também, a considerar Gomes e Neris (2020), inúmeras outras. Essa diversidade materializada em distintas formas de multilinguismo precisa ser entendida do ponto de vista linguístico, como objeto de pesquisa, mas também reconhecida, valorizada e promovida pela sociedade como um todo. Nesse sentido, o objetivo do presente artigo incide sobre a necessidade de construção de políticas públicas com escopo no reconhecimento, na valorização e na promoção de nossa natureza multilíngue amazônica, tendo no sistema escolar local privilegiado.
Moara, 2022
RESUMO: A Amazônia dentre tantas outras formas de diversidade, é multilíngue em essência, seja em... more RESUMO: A Amazônia dentre tantas outras formas de diversidade, é multilíngue em essência, seja em virtude das centenas de línguas indígenas, seja em virtude das línguas de imigrantes, ou mesmo em virtude dos contextos de fronteira, por onde circulam as línguas francesa, espanhola, como também, a considerar Gomes e Neris (2020), inúmeras outras. Essa diversidade materializada em distintas formas de multilinguismo precisa ser entendida do ponto de vista linguístico, como objeto de pesquisa, mas também reconhecida, valorizada e promovida pela sociedade como um todo. Nesse sentido, o objetivo do presente artigo incide sobre a necessidade de construção de políticas públicas com escopo no reconhecimento, na valorização e na promoção de nossa natureza multilíngue amazônica, tendo no sistema escolar local privilegiado.
Caderno de Letras, 2020
Este artigo pretende, para além da comunidade científica, estabelecer diálogo com professores ind... more Este artigo pretende, para além da comunidade científica, estabelecer diálogo com professores indígenas que atuam no ensino de línguas indígenas brasileiras nas inúmeras escolas indígenas espalhadas Brasil afora. Num contexto em que estas escolas definem-se com os termos da interculturalidade, da especificidade, da diferença, etc., o objetivo do artigo é tratar de possibilidades de ensino destas línguas que ultrapassem práticas metalinguísticas, ao mesmo tempo em que apontam para a necessidade de que o referido ensino considere o contexto linguístico local e regional. Os inúmeros contextos multilíngues inerentes às populações indígenas brasileiras são tratados aqui como suficientes para permitir a estas escolas abandonarem o conceito de bilinguismo, no qual estão presentes a Língua Indígena e o Português Brasileiro, em favor do conceito de multilinguismo, onde estão presentes e valorizadas as inúmeras línguas indígenas. O artigo argumenta em favor de que as mesmas escolas substituam...
Raído, 2021
A Educação Escolar Indígena brasileira e seus mais diversos atores têm trilhado caminhos rumo à e... more A Educação Escolar Indígena brasileira e seus mais diversos atores têm trilhado caminhos rumo à especifi cidade, ao respeito e à valorização dos conhecimentos que emanam da própria comunidade. Tem contribuído enormemente para esse cenário a formação de professores indígenas conscientes de seu papel social transformador. No que tange ao Ensino de Línguas em Contexto Indígena, a esse professor se coloca o desafio de atribuir a cada ato de ensino sentidos e ações que lhe permitam potencializar o usuário da língua, ao mesmo tempo em que a coloca em lugar de destaque junto à escola e à comunidade. O presente artigo, com esse cenário, volta-se a processos morfológicos de línguas indígenas como objeto de ensino em que o par forma e sentido deve ser tratado de maneira indissociável com fi ns à construção de aulas capazes de ultrapassar ações pautadas exclusivamente em metalinguagem. O caminho vislumbrado ao longo do artigo, ao propor tal par, considera a língua em si, mas também seu usuário enquanto indivíduo inserido em um contexto socioeconômico e cultural.
Caderno de Letras UFPEL, 2020
RESUMO: Este artigo tem escopo na escola indígena brasileira e em seus professores que atuam no e... more RESUMO: Este artigo tem escopo na escola indígena brasileira e em seus professores que atuam no ensino de línguas indígenas. Num contexto em que essas escolas definem-se em termos da interculturalidade, da especificidade, da diferença, os objetivos do artigo são tratar de possibilidades de ensino dessas línguas que ultrapassem práticas metalinguísticas, ao mesmo tempo, apontar para a necessidade de que o referido ensino considere o contexto linguístico local e regional. Os inúmeros contextos multilíngues inerentes às populações indígenas brasileiras são tratados aqui como suficientes para permitir às escolas indígenas abandonarem o conceito de bilinguismo, no qual estão presentes a Língua Indígena e o Português Brasileiro, em favor do conceito de multilinguismo, onde estão presentes e valorizadas as inúmeras línguas indígenas. Em outros termos, o artigo argumenta em favor de que as mesmas escolas substituam um olhar voltado para duas línguas pelo olhar voltado a todas as línguas pre...
Revista Brasileira de Línguas Indígenas, 2018
O presente artigo pretende promover reflexão acerca de características do Português Brasileiro em... more O presente artigo pretende promover reflexão acerca de características do Português Brasileiro em uso pela população indígena Karipuna que vive em terras indígenas às proximidades do município de Oiapoque-AP, Brasil. Os Karipuna formam um povo heterogêneo que ao longo de muitas décadas vem mantendo relação com diversos povos brasileiros indígenas e não indígenas, bem como com estrangeiros que vivem do outro lado da fronteira franco-brasileira. O português falado pelo povo Karipuna, em alguns casos, é visto como um dialeto errado por algumas pessoas, numa verdadeira expressão do preconceito linguístico. Ao apresentarmos algumas perguntas relacionadas aos dados, problematizamos a ocorrência, em pleno século XXI, de preconceito linguístico. Ao final, embora não seja nosso objetivo central, argumentamos em favor de que a escola também tem responsabilidade sobre a realidade e comportamentos linguísticos vistos na sociedade brasileira.
Letras Escreve
Resenha de:OLIVEIRA, E. S.; VASCONCELOS, E. A.; SANCHES, R. D. (Orgs.). Estudos linguísticos na A... more Resenha de:OLIVEIRA, E. S.; VASCONCELOS, E. A.; SANCHES, R. D. (Orgs.). Estudos linguísticos na Amazônia. Campinas: Pontes, 2019. (239p).
(Re)vitalizar línguas minorizadas e/ou ameaçadas: teorias, metodologias, pesquisas e experiências, 2021
A necessidade de reconhecimento do lugar e da função do Português Brasileiro na atualidade das po... more A necessidade de reconhecimento do lugar e da função do Português Brasileiro na atualidade das populações indígenas brasileiras constitui-se o escopo do presente capítulo que, ao considerar cenários de escolas indígenas cuja população atendida não é falante de PB como língua materna, discute, baseado em Aniká, Forte e Gomes (2019), Cardoso e Gomes (2018) e Gomes (2021; 2019), algumas questões que perpassam pelo professor, pelo aluno e, consequentemente, pela escola. No centro do processo de ensinar e de aprender, o aluno como indivíduo portador de cultura que se refletirá no próprio PB, tomado como objeto da aula. Com essa perspectiva, tratamos dos processos desencadeados pela escola e pelo professor a partir do indivíduo / usuário da língua (2), cuja característica é ser portador de cultura que se mostra na estrutura da língua (2.1) e em seu próprio comportamento (2.2). A centralidade do indivíduo / usuário no processo é reiterada em (2.3), quando consideramos a necessidade de o professor conhecer a seu aluno. Na seção (3), atrelamos os efeitos das questões discutidas nas seções anteriores sobre a formação cidadã em PB.
LIAMES: Línguas Indígenas Americanas
Organizado por Rosane de Sá Amado (USP), o livro Estudos em Línguas e Culturas Macro-Jê reúne uma... more Organizado por Rosane de Sá Amado (USP), o livro Estudos em Línguas e Culturas Macro-Jê reúne uma série de artigos apresentados por Antropólogos e Linguistas durante evento de mesmo nome realizado em maio de 2007 na Universidade de São Paulo. Já na apresentação do livro sabe-se que se trata de um total de treze artigos divididos nas seguintes sessões temáticas: I. Estudando os povos e as culturas; II. Conhecendo as línguas através dos textos; III. Reconstruindo troncos e famílias; IV. Descrevendo as línguas e, finalmente, V. Aprendendo com a aquisição e a educação indígena. Com essa estrutura, entende-se inicialmente que se trata de uma obra abrangente no que diz respeito à diferentes abordagens. Imagina-se, por exemplo, no que tange à linguística, a co-ocorrência de trabalhos com foco em linguística textual (II), em descrição (IV), em educação (V)...
Olhares: Revista do Departamento de Educação da Unifesp
Este artigo trata especificamente do estágio curricular das Licenciaturas Interculturais Indígena... more Este artigo trata especificamente do estágio curricular das Licenciaturas Interculturais Indígenas desenvolvidas em universidades brasileiras como oportunidade para todos os envolvidos melhor conhecer a realidade da Educação Escolar Indígena, bem como pensar sobre ações que a potencialize. O artigo não trata, portanto, da relação da escola com o estagiário ou do professor com o estagiário, mas sobre o que deve ser o ato de estagiar; o que se pretende com essa ação, etc. Muito do que se discute ao longo do artigo, certamente não se constitui novo, mas inovador pelo fato de ser pensado para o contexto da escola indígena institucionalizada em sua natureza diferenciada sob a perspectiva da Legislação Federal Brasileira.
Educação do Campo, Educação de Jovens e Adultos e Diversidade: contextos, fundamentos e práticas, 2019
Ao longo deste texto, discutirei a identidade vista não como um conceito passível de discussões t... more Ao longo deste texto, discutirei a identidade vista não como um conceito passível de discussões teóricas-pois há muitas atualmente no ambiente acadêmico de mercado-, mas como uma compreensão sócio-político-linguística que deve ser amplamente pensada e debatida no interior das escolas indígenas espalhadas pelo território brasileiro. Tratarei da identidade, portanto, como um aspecto a ser discutido-na sala de aula-sob distintas óticas que perpassam o indivíduo na direção da coletividade-daí a importância da sala de aula. Sigo um caminho que se resume da seguinte maneira: a identidade tem a ver com a escola, mas não deve ser tratada como singular, uma vez que se desdobra em múltiplas identidades. De modo similar às teorias aqui assumidas, cada uma das identidades revela uma face da comunidade/do indivíduo usuário da língua.
Olh@res, 2013
Resumo O objetivo deste artigo é discutir questões relacionadas ao estágio curricular desenvolvid... more Resumo O objetivo deste artigo é discutir questões relacionadas ao estágio curricular desenvolvido por graduandos na área de Linguagens e Códigos de uma Licenciatura Intercultural Indígena de uma universidade federal brasileira. Ao longo do mesmo, argumento em favor de que a prática do estágio curricular deva constituir-se oportunidade para todos os envolvidos melhor conhecerem a realidade da Educação Escolar Indígena, bem como pensar ações que a potencialize. Desta forma, discuto concepções adquiridas em minha prática docente como membro de uma Licenciatura Intercultural Indígena acerca do que deve ser o ato de estagiar na Educação Escolar Indígena, o que o mesmo ato pode proporcionar de aprendizado ao estagiário e, consequentemente, de ganho à escola indígena. Muito do que discute ao longo do artigo, certamente não se constitui novo, mas inovador pelo fato de ser pensado para o contexto da escola indígena institucionalizada em sua natureza diferenciada sob a perspectiva da Legislação Federal Brasileira.
Letras Escreve, 2014
RESUMO: O presente artigo discute a necessidade de adotar ações de ensino na Educação Básica tend... more RESUMO: O presente artigo discute a necessidade de adotar ações de ensino na Educação Básica tendo como escopo a temática indígena. A matéria prima para tal são vídeos produzidos por populações indígenas brasileiras. Vislumbro neste artigo, portanto, o tratamento da temática indígena na sala de aula da escola não indígena. Ao assim fazê-lo, discuto questões referentes a: (1) que sabemos e/ou precisamos saber sobre a temática indígena; (2) que o cotidiano de populações indígenas pode nos ensinar. Assumo, desta forma, que muito podemos aprender com populações indígenas do Brasil; que precisamos respeitá-las como sociedades autônomas, detentoras de conhecimentos das mais variadas formas; que ao assim fazermos contribuímos para a construção de uma sociedade mais consciente do valor da diversidade. Palavras-chave: Educação Escolar; Indígena; Vídeo.
Revista Brasileira de Línguas Indígenas, 2018
O presente artigo pretende promover reflexão acerca de características do Português Brasileiro em... more O presente artigo pretende promover reflexão acerca de características do Português Brasileiro em uso pela população indígena Karipuna que vive em terras indígenas às proximidades do município de Oiapoque-AP, Brasil. Os Karipuna formam um povo heterogêneo que ao longo de muitas décadas vem mantendo relação com diversos povos brasileiros indígenas e não indígenas, bem como com estrangeiros que vivem do outro lado da fronteira franco-brasileira. O português falado pelo povo
Karipuna, em alguns casos, é visto como um dialeto errado por algumas pessoas, numa verdadeira expressão do preconceito linguístico. Ao apresentarmos algumas perguntas relacionadas aos dados,
problematizamos a ocorrência, em pleno século XXI, de preconceito linguístico. Ao final, embora não seja nosso objetivo central, argumentamos em favor de que a escola também tem responsabilidade
sobre a realidade e comportamentos linguísticos vistos na sociedade brasileira.
Revista Brasileira de Línguas Indígenas, 2018
RESUMO: Do ponto de vista legal, é perfeitamente possível contrastar os sistemas e-ducacionais es... more RESUMO: Do ponto de vista legal, é perfeitamente possível contrastar os sistemas e-ducacionais escolares indígena e não indígena brasileiros, uma vez que aquele, através da LEI N o 10.172, de 9 de janeiro de 2001, é garantido, em detrimento deste, o direito a "regimentos, calendários, currículos, materiais pedagógicos e conteúdos programáti-cos adaptados às particularidades étno-culturais e linguísticas", bem como "suas lín-guas maternas e processos próprios de aprendizagem". Um tema, no entanto, permite aproximar os dois sistemas: a presença do Português Brasileiro em seus interiores em "formato de disciplina". No caso do sistema escolar indígena, tem sido tratado, sobre-tudo no ambiente acadêmico, sob o rótulo "Português Indígena". Em termos estrutu-rais / gramaticais, a natureza deste português contrasta aparentemente com o que se convencionou chamar "Português Culto / Padrão". Meu propósito neste artigo é cha-mar a atenção para a natureza estrutural do "Português Indígena" (Cf. GOMES, 2012), assemelhando-a a outras modalidades de português. Consequentemente, discuto o lu-gar desta língua no interior da escola indígena em seus princípios norteadores, bem como o papel da escola não indígena no contexto da formação de seus cidadãos pe-rante o usuário indígena desta língua. Palavras-Chave: Escola Indígena. Português Brasileiro. Ensino. ABSTRACT: From the legal point of view, it is perfectly possible to contrast indigenous and non-indigenous brazilian school education systems, since, through the Law n. 10.172, of January 9, 2001, the indigenous school education system conquered the right to "regiments, calendars, curricula, teaching materials and program content tailored to ethno-cultural and linguistic particularities as well as their mother tongues and their own learning processes". A theme, however, allows us to approach the two school education systems: the presence of Brazilian Portuguese in their classrooms as a "discipline". In the case of the indigenous school education system, the Portuguese has been treated under the label "Indigenous Portuguese". In its grammatical struc-1 Agradeço ao CNPq pelo financiamento da pesquisa relacionada a processos de ensinar e de aprender línguas que venho realizando junto aos povos Galibi-Marworno e Karipuna que vivem na Terra Indígena Uaçá às proximidades do município de Oiapoque, estado do Amapá (Edital Universal 2016, Processo n. 424117/2016-9). A pesquisa em questão tem me permitido pensar de maneira mais contínua questões relacionadas às aulas de línguas em contexto indígena, incluído o texto que constitui esse artigo. As ideias preliminares deste artigo foram apresentadas em con-ferência-com o mesmo nome (do artigo)-por mim proferida na programação do I Fórum Regional de Estudos e Pesquisas Aplicas (I FEPLA) realizado nas dependências da Universidade Federal do Amapá em 2017.
Caderno de Letras UFPEL, 2020
RESUMO: Este artigo tem escopo na escola indígena brasileira e em seus professores que atuam no e... more RESUMO: Este artigo tem escopo na escola indígena brasileira e em seus professores que atuam no ensino de línguas indígenas. Num contexto em que essas escolas definem-se em termos da interculturalidade, da especificidade, da diferença, os objetivos do artigo são tratar de possibilidades de ensino dessas línguas que ultrapassem práticas metalinguísticas, ao mesmo tempo, apontar para a necessidade de que o referido ensino considere o contexto linguístico local e regional. Os inúmeros contextos multilíngues inerentes às populações indígenas brasileiras são tratados aqui como suficientes para permitir às escolas indígenas abandonarem o conceito de bilinguismo, no qual estão presentes a Língua Indígena e o Português Brasileiro, em favor do conceito de multilinguismo, onde estão presentes e valorizadas as inúmeras línguas indígenas. Em outros termos, o artigo argumenta em favor de que as mesmas escolas substituam um olhar voltado para duas línguas pelo olhar voltado a todas as línguas presentes no contexto da comunidade. Para tal fim, o artigo utiliza-se do contexto multilíngue inerente à língua Aparai (Karíb)-falada na comunidade Bona localizada na Terra Indígena Paru D'Este, Complexo do Tumucumaque-e seu lugar na escola.
Palavras-chave: Aparai; ensino; multilinguismo; indígena.
ABSTRACT: This paper has its scope on the Brazilian indigenous schools and on its teachers of the indigenous languages. In a context in which these schools define themselves in terms of interculturality, specificity and particular nature, the aim of this paper is to discuss possibilities of teaching the Brazilian indigenous languages in a model that goes beyond metalinguistic practices, at the same time that looks for the need that this teaching considers the local and regional language context. The numerous multilingual contexts inherent to some Brazilian indigenous populations are treated here as sufficient to allow the indigenous schools to use the multilingualism concept instead of the bilingualism. The article propose to that Brazilian indigenous schools a way in which the languages' classes look for the innumerous languages of the local and not just for indigenous and Brazilian Portuguese languages. To maintain the aim of the paper, it is used as example the multilingual context inherent to the Aparai (Karíb)-a language spoken in the Comunidade Bona located in the Complex of Tumucumaque, Amazon, Brazil-and its role on the school.
Revista de Letras Norte@mentos, 2020
RESUMO O presente artigo discute ensino de língua indígena tomando como suporte pressupostos da G... more RESUMO O presente artigo discute ensino de língua indígena tomando como suporte pressupostos da Gramática de Construções (GOLDBERG, 1995). Os dados utilizados são da língua Wajãpi (Tupi-Guarani) publicados por Olson (1978). Consideramos que tais dados na sala de aula devem desencadear o tratamento de questões gramaticais (Forma), mas também de questões relacionadas aos sentidos (Sentido) e usos inerentes da língua. Como consequência, ao longo do artigo, consideramos a necessidade de aulas que reconheçam a importância da gramática e a utilizem na sala como fonte de conhecimentos que ultrapassa a metalinguagem. Palavras-chave: Gramática de Construções, Wajãpi, ensino. 1 Apresentação Duas motivações norteiam esse artigo, sendo a primeira a que considera o momento político atual urgente para o fortalecimento das populações indígenas brasileiras e a segunda a que considera que qualquer abordagem linguística tem a língua como objeto, assim como a sala de aula de língua, de modo que abordagens linguísticas e sala de aula, beneficiando-se mutuamente, podem compartilhar informações das mais variadas sobre o referido objeto, dentre as quais, relacionadas à aquisição e uso de línguas. Para o caso do fortalecimento das populações indígenas, sabemos, a educação escolar pode tornar-se forte aliada, uma vez que as empodera sob diversas perspectivas para as relações com as sociedades não indígenas. Com isto em mente, esse artigo procura associar concepções da Linguística Cognitiva, mais precisamente advindas da
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Papers by Antonio Almir Silva Gomes
Karipuna, em alguns casos, é visto como um dialeto errado por algumas pessoas, numa verdadeira expressão do preconceito linguístico. Ao apresentarmos algumas perguntas relacionadas aos dados,
problematizamos a ocorrência, em pleno século XXI, de preconceito linguístico. Ao final, embora não seja nosso objetivo central, argumentamos em favor de que a escola também tem responsabilidade
sobre a realidade e comportamentos linguísticos vistos na sociedade brasileira.
Palavras-chave: Aparai; ensino; multilinguismo; indígena.
ABSTRACT: This paper has its scope on the Brazilian indigenous schools and on its teachers of the indigenous languages. In a context in which these schools define themselves in terms of interculturality, specificity and particular nature, the aim of this paper is to discuss possibilities of teaching the Brazilian indigenous languages in a model that goes beyond metalinguistic practices, at the same time that looks for the need that this teaching considers the local and regional language context. The numerous multilingual contexts inherent to some Brazilian indigenous populations are treated here as sufficient to allow the indigenous schools to use the multilingualism concept instead of the bilingualism. The article propose to that Brazilian indigenous schools a way in which the languages' classes look for the innumerous languages of the local and not just for indigenous and Brazilian Portuguese languages. To maintain the aim of the paper, it is used as example the multilingual context inherent to the Aparai (Karíb)-a language spoken in the Comunidade Bona located in the Complex of Tumucumaque, Amazon, Brazil-and its role on the school.
Karipuna, em alguns casos, é visto como um dialeto errado por algumas pessoas, numa verdadeira expressão do preconceito linguístico. Ao apresentarmos algumas perguntas relacionadas aos dados,
problematizamos a ocorrência, em pleno século XXI, de preconceito linguístico. Ao final, embora não seja nosso objetivo central, argumentamos em favor de que a escola também tem responsabilidade
sobre a realidade e comportamentos linguísticos vistos na sociedade brasileira.
Palavras-chave: Aparai; ensino; multilinguismo; indígena.
ABSTRACT: This paper has its scope on the Brazilian indigenous schools and on its teachers of the indigenous languages. In a context in which these schools define themselves in terms of interculturality, specificity and particular nature, the aim of this paper is to discuss possibilities of teaching the Brazilian indigenous languages in a model that goes beyond metalinguistic practices, at the same time that looks for the need that this teaching considers the local and regional language context. The numerous multilingual contexts inherent to some Brazilian indigenous populations are treated here as sufficient to allow the indigenous schools to use the multilingualism concept instead of the bilingualism. The article propose to that Brazilian indigenous schools a way in which the languages' classes look for the innumerous languages of the local and not just for indigenous and Brazilian Portuguese languages. To maintain the aim of the paper, it is used as example the multilingual context inherent to the Aparai (Karíb)-a language spoken in the Comunidade Bona located in the Complex of Tumucumaque, Amazon, Brazil-and its role on the school.