Paolo Colosso
Professor at Federal University of Santa Catarina( UFSC). Architect and Urbanist, degree in Philosophy at State University of Campinas (Unicamp), master degree and doctorate in Philosophy at University of São Paulo. My researches deal with social production of space, space and politics, urban movements, Theory of Architecture and Urbanism and Contemporary Aesthetics
Author of Rem Koolhaas nas metrópoles delirantes ( ed. Annablume, 2017)
Youtube Comuns Urbanos: https://www.youtube.com/c/comunsurbanos
Supervisors: Celso Favaretto; Michael Löwy
Author of Rem Koolhaas nas metrópoles delirantes ( ed. Annablume, 2017)
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Papers by Paolo Colosso
Partindo de referências teóricas sobre a produção social do espaço urbano em suas especificidades na periferia do capitalismo, o objetivo do capítulo é fazer um balanço histórico sobre as contradições que permeiam as lutas urbanas em grandes cidades brasileiras, do período de redemocratização nos anos 1980 até os dias de hoje. Na primeira seção retomamos algumas premissas teórico-metodológicas para os estudos urbanos, compreendendo em que medida a urbanização se dá num feixe de conflitos no espaço e pelo espaço. Salientamos ainda as especificidades do processo de industrialização- urbanização em nossa posição periférica no capitalismo mundial.No segundo tópico, reconstituímos a trajetória que vai dos protestos no fim dos anos 1970, contra as más condições de vida, até a ascensão dos movimentos sociais urbanos, um momento de maior esperança com a entrada de novos personagens em cena. No terceiro, repassamos alguns balanços feitos na literatura especializada, já em tom menos esperançoso, acerca de contradições do associativismo brasi- leiro. Foram autoras/es que, já nos anos 1990, identificaram de que maneiras a sociedade civil organizada assumia apostas com limites e possibilidades. O quarto momento reservou espaço para um balanço sobre o Movimento de Luta pela Reforma Urbana. Salientamos a importância fundamental deste para os avanços legais e institucionais das lutas urbanas no Brasil, na medida em que foi capaz de criar um arcabouço normativo que guarda grandes potenciais para avanços futuros. Mas identificamos também os sinais de esgotamento e a iminente necessidade de abertura de um novo ciclo.
Numa quinta etapa, tratamos de uma reascensão de mobilizações sociais nos anos 2010, envolvendo forças diversas do espectro político. Argumentamos que nesse caldo de cultura as cidades são objeto de pauta, mas também são reapropriadas como um repertório de ação com caráter urbano, isto é, a imaginação política dos sujeitos está ligada às condições urbanas. Esse é o momento presente, ainda atravessado de incertezas e questões em aberto.
O capítulo " O lugar do direito à cidade em tempos de barbárie: pensar entre escalas e reconquistar o futuro" visa compreender criticamente os marcos mais estruturantes do presente histórico, argumentando que, desde 2008, passamos por uma sobreposição de crises de ordem global, acirradas no contexto brasileiro pelo alinhamento à onda internacional de governos autoritários, que oscilam entre tentar implodir as democracias por dentro e rompê-las por choques.
Este trabalho compreende o desenvolvimento parcial de uma pesquisa de mestrado, na qual temos como objetivo identificar afinidades e correspondências estruturais entre os espaços dos canteiros autogeridos e o modelo pedagógico de educação popular formulado por Paulo Freire. A ideia do canteiro popular autogerido desponta como um paradigma promissor de ação subversiva junto aos movimentos sociais urbanos porque, a partir de práticas coletivas e autônomas, pretende incidir na produção do espaço, na coletividade, na emancipação e na politização dos sujeitos e grupos. A aproximação entre a educação popular e o canteiro manifesta-se a partir da concepção deste enquanto experiência emancipatória, de aprendizagem coletiva e de incidência a partir de uma condição concreta e situada. Nesse contexto, situamos a extensão universitária como um caminho possível para a implementação de experiências transformadoras frente ao comprometimento do ensino superior com demandas concretas da sociedade.
[...]
A tarefa que nos está colocada é grande: retirar o Brasil da barbárie. Os fixados na metafísica bolsonarista são incapazes de lidar com a realidade, então cabe aos que defendem a vida, aos “espiritos jovens”, aos segmentos racionais e democráticos da sociedade deixar o silêncio e assumir protagonismo nos espaços públicos para dar visibilidade e corpo coletivo a uma vida urbana densa que recoloque horizontes de saída.
[...]
O presidente não salvou vidas nem a economia. Os depoimentos recentes na CPI mostram que o governo federal foi negligente e omisso nas negociações com o Butantan e com a Pfizer porque, de fato, sua prioridade não era comprar vacinas, mas propagandear coloroquina e a imunização de rebanho.
Esta semana soubemos que o PIB dá sinais de recuperação, mas isso não aparece na mesa do grosso da população. O número de desempregados, subutilizados e desalentados segue batendo recordes. São 15 milhões de brasileiras e brasileiros na fila por trabalho e mais 6 milhões que já desistiram de procurar emprego. O Brasil teria voltado a funcionar se tivessem investido na vacinação.
[...]
Precisamos voltar a fazer política com debate racional e programático, o que vai exigir que sejamos didáticos e assertivos. Com a sobreposição de crises e erros persistentes, mais e mais setores da sociedade se abrem à escuta e percebem a urgência de abandonar a mitologia. É chegada a hora de imaginar um país depois da terra arrasada e construir desde já novos pilares para um Brasil pós-Bolsonaro. Não vai ser uma tarefa fácil, mas necessária para nos mantermos vivos
Há inúmeros outros atores sociais que tem mostrado como é possível formar redes de ação coletiva e solidariedade no combate à pandemia. São essas pessoas e energias mais anônimas que tem colocado o país no rumo necessário de convergência e cooperação. O mundo pós-covid não será mais o mesmo de antes. É destas figuras que devemos estar perto, com elas construir espaços de trabalho e no cotidiano.
A partir dos anos 1980 o país inicia um processo de desindustrialização e retorno da dominância econômica agroexportadora. Esses movimentos, intimamente ligados à globalização neoliberal, impactam profundamente as cidades.
Já durante o chamado período do que o cientista político André Singer entende por lulismo, o Brasil conseguiu imprimir um crescimento econômico inclusivo e redistributivo. Mas a crise financeira global de 2008, entre outros fatores que veremos adiante, abalou essa experiência. Mesmo com maciços investimentos públicos em habitação e infraestrutura nas cidades – depois de décadas de contenção de recursos nessas setores --, assistimos a resultados bastante controversos do ponto de vista urbano. Por sua vez, com a ruptura institucional de 2016, a agenda urbana transformadora tende a ser ocultada sob a retórica da austeridade econômica
Neste capítulo defendemos que, para enfrentar tais tendências que aprofundam a crise urbana, temos uma dupla tarefa: 1) fazer um balanço crítico sobre as teses neodesenvolvimentistas que desconsideraram os impactos territoriais das políticas econômicas contracíclicas; 2) compreender em que medida, no cenário conformado após 2016, uma retórica da crise econômica – que justifica as decisões governamentais e dá direção das políticas públicas -- tem servido para um abandono das questões urbanas, para o acirramento de desigualdades e, ainda, para a degradação ambiental. Este diagnóstico é feito na primeira parte de nosso artigo. Na segunda parte argumentamos pela urgência de atentarmos para um caldo de cultura política no interior do qual há forças vivas que, embora heterogêneas e relativamente dispersas, aproximam-se nos anseios por cidades mais justas e, nesse sentido, apostam na possibilidade da realização do direito à cidade.
O duplo objetivo se traduz numa tese mais geral e ampla, qual seja, se quisermos dar respostas à altura desses processos sociais concretizados na metrópole paulistana, é necessário formular uma teoria social mais sensível às contradições urbanas, em seus bloqueios e possibilidades. Ou dito de outro modo, é preciso dar centralidade ao espaço na leitura da realidade social – sem recair na fragmentação das ciências. Isso nos permitirá compreender, primeiro, que os bloqueios da modernização brasileira desse período se tornam mais evidentes quando se traz à tona o cotidiano vivido no espaço urbano. O segundo ganho epistemológico é obtido ao compreendermos que os grandes centros urbanos, por serem historicamente lugar de concentração de infraestruturas, reunião e aglutinação de sujeitos sociais, uma concentração de recursos e oportunidades, podem se tornar condensadores de inteligência coletiva para a radicalização democrática. Delimitaremos melhor esses percursos logo abaixo, ao tratarmos dos momentos da pesquisa.
disponível também em : http://outubrorevista.com.br/wp-content/uploads/2019/01/01_Michael-Lowy.pdf
O projeto não vai se envolver em planos de governo, mas seu caráter político se centra numa aposta de médio prazo, a saber, reconstruir coletivamente uma agenda urbana que parta e se sustente nas camadas populares. Nesse sentido, é um projeto de redemocratização desde as cidades, ou se quisermos, é um projeto de sociedade para o Brasil urbano.
Partindo de referências teóricas sobre a produção social do espaço urbano em suas especificidades na periferia do capitalismo, o objetivo do capítulo é fazer um balanço histórico sobre as contradições que permeiam as lutas urbanas em grandes cidades brasileiras, do período de redemocratização nos anos 1980 até os dias de hoje. Na primeira seção retomamos algumas premissas teórico-metodológicas para os estudos urbanos, compreendendo em que medida a urbanização se dá num feixe de conflitos no espaço e pelo espaço. Salientamos ainda as especificidades do processo de industrialização- urbanização em nossa posição periférica no capitalismo mundial.No segundo tópico, reconstituímos a trajetória que vai dos protestos no fim dos anos 1970, contra as más condições de vida, até a ascensão dos movimentos sociais urbanos, um momento de maior esperança com a entrada de novos personagens em cena. No terceiro, repassamos alguns balanços feitos na literatura especializada, já em tom menos esperançoso, acerca de contradições do associativismo brasi- leiro. Foram autoras/es que, já nos anos 1990, identificaram de que maneiras a sociedade civil organizada assumia apostas com limites e possibilidades. O quarto momento reservou espaço para um balanço sobre o Movimento de Luta pela Reforma Urbana. Salientamos a importância fundamental deste para os avanços legais e institucionais das lutas urbanas no Brasil, na medida em que foi capaz de criar um arcabouço normativo que guarda grandes potenciais para avanços futuros. Mas identificamos também os sinais de esgotamento e a iminente necessidade de abertura de um novo ciclo.
Numa quinta etapa, tratamos de uma reascensão de mobilizações sociais nos anos 2010, envolvendo forças diversas do espectro político. Argumentamos que nesse caldo de cultura as cidades são objeto de pauta, mas também são reapropriadas como um repertório de ação com caráter urbano, isto é, a imaginação política dos sujeitos está ligada às condições urbanas. Esse é o momento presente, ainda atravessado de incertezas e questões em aberto.
O capítulo " O lugar do direito à cidade em tempos de barbárie: pensar entre escalas e reconquistar o futuro" visa compreender criticamente os marcos mais estruturantes do presente histórico, argumentando que, desde 2008, passamos por uma sobreposição de crises de ordem global, acirradas no contexto brasileiro pelo alinhamento à onda internacional de governos autoritários, que oscilam entre tentar implodir as democracias por dentro e rompê-las por choques.
Este trabalho compreende o desenvolvimento parcial de uma pesquisa de mestrado, na qual temos como objetivo identificar afinidades e correspondências estruturais entre os espaços dos canteiros autogeridos e o modelo pedagógico de educação popular formulado por Paulo Freire. A ideia do canteiro popular autogerido desponta como um paradigma promissor de ação subversiva junto aos movimentos sociais urbanos porque, a partir de práticas coletivas e autônomas, pretende incidir na produção do espaço, na coletividade, na emancipação e na politização dos sujeitos e grupos. A aproximação entre a educação popular e o canteiro manifesta-se a partir da concepção deste enquanto experiência emancipatória, de aprendizagem coletiva e de incidência a partir de uma condição concreta e situada. Nesse contexto, situamos a extensão universitária como um caminho possível para a implementação de experiências transformadoras frente ao comprometimento do ensino superior com demandas concretas da sociedade.
[...]
A tarefa que nos está colocada é grande: retirar o Brasil da barbárie. Os fixados na metafísica bolsonarista são incapazes de lidar com a realidade, então cabe aos que defendem a vida, aos “espiritos jovens”, aos segmentos racionais e democráticos da sociedade deixar o silêncio e assumir protagonismo nos espaços públicos para dar visibilidade e corpo coletivo a uma vida urbana densa que recoloque horizontes de saída.
[...]
O presidente não salvou vidas nem a economia. Os depoimentos recentes na CPI mostram que o governo federal foi negligente e omisso nas negociações com o Butantan e com a Pfizer porque, de fato, sua prioridade não era comprar vacinas, mas propagandear coloroquina e a imunização de rebanho.
Esta semana soubemos que o PIB dá sinais de recuperação, mas isso não aparece na mesa do grosso da população. O número de desempregados, subutilizados e desalentados segue batendo recordes. São 15 milhões de brasileiras e brasileiros na fila por trabalho e mais 6 milhões que já desistiram de procurar emprego. O Brasil teria voltado a funcionar se tivessem investido na vacinação.
[...]
Precisamos voltar a fazer política com debate racional e programático, o que vai exigir que sejamos didáticos e assertivos. Com a sobreposição de crises e erros persistentes, mais e mais setores da sociedade se abrem à escuta e percebem a urgência de abandonar a mitologia. É chegada a hora de imaginar um país depois da terra arrasada e construir desde já novos pilares para um Brasil pós-Bolsonaro. Não vai ser uma tarefa fácil, mas necessária para nos mantermos vivos
Há inúmeros outros atores sociais que tem mostrado como é possível formar redes de ação coletiva e solidariedade no combate à pandemia. São essas pessoas e energias mais anônimas que tem colocado o país no rumo necessário de convergência e cooperação. O mundo pós-covid não será mais o mesmo de antes. É destas figuras que devemos estar perto, com elas construir espaços de trabalho e no cotidiano.
A partir dos anos 1980 o país inicia um processo de desindustrialização e retorno da dominância econômica agroexportadora. Esses movimentos, intimamente ligados à globalização neoliberal, impactam profundamente as cidades.
Já durante o chamado período do que o cientista político André Singer entende por lulismo, o Brasil conseguiu imprimir um crescimento econômico inclusivo e redistributivo. Mas a crise financeira global de 2008, entre outros fatores que veremos adiante, abalou essa experiência. Mesmo com maciços investimentos públicos em habitação e infraestrutura nas cidades – depois de décadas de contenção de recursos nessas setores --, assistimos a resultados bastante controversos do ponto de vista urbano. Por sua vez, com a ruptura institucional de 2016, a agenda urbana transformadora tende a ser ocultada sob a retórica da austeridade econômica
Neste capítulo defendemos que, para enfrentar tais tendências que aprofundam a crise urbana, temos uma dupla tarefa: 1) fazer um balanço crítico sobre as teses neodesenvolvimentistas que desconsideraram os impactos territoriais das políticas econômicas contracíclicas; 2) compreender em que medida, no cenário conformado após 2016, uma retórica da crise econômica – que justifica as decisões governamentais e dá direção das políticas públicas -- tem servido para um abandono das questões urbanas, para o acirramento de desigualdades e, ainda, para a degradação ambiental. Este diagnóstico é feito na primeira parte de nosso artigo. Na segunda parte argumentamos pela urgência de atentarmos para um caldo de cultura política no interior do qual há forças vivas que, embora heterogêneas e relativamente dispersas, aproximam-se nos anseios por cidades mais justas e, nesse sentido, apostam na possibilidade da realização do direito à cidade.
O duplo objetivo se traduz numa tese mais geral e ampla, qual seja, se quisermos dar respostas à altura desses processos sociais concretizados na metrópole paulistana, é necessário formular uma teoria social mais sensível às contradições urbanas, em seus bloqueios e possibilidades. Ou dito de outro modo, é preciso dar centralidade ao espaço na leitura da realidade social – sem recair na fragmentação das ciências. Isso nos permitirá compreender, primeiro, que os bloqueios da modernização brasileira desse período se tornam mais evidentes quando se traz à tona o cotidiano vivido no espaço urbano. O segundo ganho epistemológico é obtido ao compreendermos que os grandes centros urbanos, por serem historicamente lugar de concentração de infraestruturas, reunião e aglutinação de sujeitos sociais, uma concentração de recursos e oportunidades, podem se tornar condensadores de inteligência coletiva para a radicalização democrática. Delimitaremos melhor esses percursos logo abaixo, ao tratarmos dos momentos da pesquisa.
disponível também em : http://outubrorevista.com.br/wp-content/uploads/2019/01/01_Michael-Lowy.pdf
O projeto não vai se envolver em planos de governo, mas seu caráter político se centra numa aposta de médio prazo, a saber, reconstruir coletivamente uma agenda urbana que parta e se sustente nas camadas populares. Nesse sentido, é um projeto de redemocratização desde as cidades, ou se quisermos, é um projeto de sociedade para o Brasil urbano.