Papers by Marilene Aparecida Lemos
Cruzando fronteiras - os estudos culturais, a sociolinguística e as políticas linguísticas em regiões fronteiriças, 2024
Em termos gerais, o capítulo se insere em um projeto maior que pretende aprofundar uma teorização... more Em termos gerais, o capítulo se insere em um projeto maior que pretende aprofundar uma teorização da fronteira e propor reflexões acerca de um conceito de fronteira tomado de um ponto de vista discursivo, assentando-se, fundamentalmente, na Análise de Discurso (AD) materialista, a partir de documentos em torno da escravidão na região fronteiriça Uruguai e Brasil (Rio Grande do Sul), no período entre a abolição da escravidão no Uruguai (1842) e a abolição da escravidão no Brasil (1888). Neste texto, apresento minhas primeiras incursões no arquivo, uma breve análise discursiva dos Processos nº 413 (1854) e nº 1571 (1855), algumas notas para um conceito discursivo de fronteira, e outros questionamentos, especialmente no que se refere à conceitualização da fronteira na tensão entre fronteiras legislativas, jurídicas, imaginárias, nesse período específico do século XIX (1842-1888), em que o Uruguai já havia abolido a escravidão e o Brasil ainda não.
Cadernos de Tradução, IL-UFRGS. Porto Alegre, n. 50 (2024): O fenômeno tradutório à luz dos estudos da linguagem, 2024
Trata-se da tradução brasileira do prefácio do livro Hacia el análisis automático del discurso, d... more Trata-se da tradução brasileira do prefácio do livro Hacia el análisis automático del discurso, de Michel Pêcheux, lançado na Espanha em 1978 pela editora Gredos e traduzido ao espanhol pelo renomado lexicógrafo Manuel Alvar Ezquerra, professor da Universidad Complutense de Madrid.
Línguas e Literaturas na Fronteira Sul - Volume 1 - Reflexões Linguísticas e Diálogos na Educação, 2023
Pretende-se, neste capítulo, refletir acerca de experiências multiculturais no ensino e na aprend... more Pretende-se, neste capítulo, refletir acerca de experiências multiculturais no ensino e na aprendizagem de línguas, em específico, relacionadas ao estudo de espanhol, de inglês e de português nas Américas em contexto pandêmico. A partir de relatos de quatro professores, pesquisadores residentes em diferentes países do continente, sobre suas ações escolares-acadêmicas em tempos de pandemia, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, almeja-se produzir um panorama sobre o ensino de línguas em comunidades de prática linguística distintas, o qual pode ser análogo a outras experiências decorrentes da situação descrita.
Mercado de Letras, 2022
Este texto é resultado de uma roda de conversa (e de conversas para preparar a roda) entre os aut... more Este texto é resultado de uma roda de conversa (e de conversas para preparar a roda) entre os autores sobre o romance "Amor a la tierra", de Antonia Arrechea (1953), no I Seminário Internacional de Letras da Fronteira Sul, e busca fazer uma abordagem da obra na articulação entre história, língua e discurso.
Cadernos de Estudos Linguísticos, 2022
This article, based on materialist Discourse Analysis (DA), discusses the border space, focusing ... more This article, based on materialist Discourse Analysis (DA), discusses the border space, focusing specifically on a reflection about the subjects and languages at work in the daily life of the border between Dionísio Cerqueira-SC, Barracão-PR (Brazil) and Bernardo de Irigoyen (Misiones, Argentina) during the covid-19 pandemic period. The corpus is composed of selected statements from an interview produced by the television channel Noticiasdel6 from Posadas (Argentina) and an announcement broadcast by Radio Provincial LT 46, from the Argentine city of Bernardo de Irigoyen. Thus, the main considerations made in this paper focus on the analysis of the statement Is the border closed or is something wrong, mayor? which, when put in dialogue with the radio announcement, makes it possible to observe an unequal relationship between organization and order of the border. This question also leads to question the functioning of the legal system in the border since, even with the official decrees published by Brazil and Argentina determining the closing of the borders, the daily and ordinary practices erupted, piercing the work of the legal system.
REP's: Revista eventos pedagógicos, 2022
O presente trabalho traz para a reflexão discursos sobre a criação da escola nacional, em Dionísi... more O presente trabalho traz para a reflexão discursos sobre a criação da escola nacional, em Dionísio Cerqueira-SC, em 1929. O corpus da pesquisa é composto por enunciados selecionados da obra "A viagem de 1929: Oeste de Santa Catarina: documentos e leituras. A discussão é conduzida a partir da distinção entre real e imaginário, teorizada por Eni Orlandi. Assim, o artigo tenta compreender a relação contraditória entre o desejável (ou seja, aquilo que a comitiva do governador esperava ver no lado brasileiro da fronteira) e o que é visto - que, segundo os relatos, vai na direção da desnacionalização.
Letras para a liberdade: perspectivas críticas no ensino de línguas e literaturas, 2022
Este capítulo trata de descrever uma atividade docente denominada Charlas de cine (desenvolvida p... more Este capítulo trata de descrever uma atividade docente denominada Charlas de cine (desenvolvida por meio de ensino remoto, pela plataforma Cisco WebEx) e trazer para a reflexão questões relacionadas ao papel da cultura em práticas de ensino de língua espanhola para brasileiros. Para isso, começo com uma exposição acerca da organização da proposta Charlas de cine; em seguida, apresento o aporte teórico que fundamenta essas reflexões; por último, proponho uma análise discursiva a partir de um dos filmes debatidos, Los modernos, em que analiso, particularmente, um diálogo presente no filme, dando destaque para o elemento mate.
Conexão Letras, 2021
A escrita da obra Terra à vista foi iniciada em 1982 e ela foi publicada em 1990. Após 30 anos, a... more A escrita da obra Terra à vista foi iniciada em 1982 e ela foi publicada em 1990. Após 30 anos, ainda permanece como objeto de constante debate, tanto pelo cenário político da década de 1980 do século XX quanto sobre a discussão que propõe, cujo conteúdo é atemporal.
Discurso, Cultura e Mídia: Pesquisas em Rede, 2021
Tomo como objeto de análise deste artigo o lugar da língua e da cultura nos processos de espacial... more Tomo como objeto de análise deste artigo o lugar da língua e da cultura nos processos de espacialização, tendo em consideração sua indissociabilidade dos processos de subjetivação. Parto, fundamentalmente, dos discursos sobre a escola já instalada na fronteira, na época da viagem do governador do estado de Santa Catarina e sua comitiva a essa região em 1929, com base nas descrições dos viajantes. Interrogo, então, o que na observação desse “caso particular” – Escuela 49 de Barracón – permite compreender sobre os processos de constituição e consolidação dos Estados nacionais (territórios), de sua unidade e de suas fronteiras, em especial sobre processos políticos de espacialização envolvidos, como as instituições, em particular a escola, intervêm nos processos de identificação dos sujeitos ao espaço (território), à língua e à cultura nacional de um ou outro Estado e como a escola intervém nos processos de espacialização dos Estados nacionais, isto é, na demarcação de fronteiras entre unidades territoriais.
Cadernos de Linguística Abralin, 2021
No presente trabalho, busco compreender alguns sentidos produzidos
na/pela fronteira entre Dioní... more No presente trabalho, busco compreender alguns sentidos produzidos
na/pela fronteira entre Dionísio Cerqueira-SC, Barracão-PR (Brasil) e
Bernardo de Irigoyen (Misiones, Argentina), tendo em consideração o
cotidiano dessa fronteira em tempos de pandemia de covid-19, doença
causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Fundamentando-me no
arcabouço teórico da Análise de Discurso (AD) pecheuxtiana, analiso
enunciados presentes em diversos materiais que versam a respeito de
uma manifestação em prol da reabertura da fronteira, realizada em 6
de novembro de 2020, organizada por empresários e comerciantes de
Bernardo de Irigoyen (Argentina). Assim, proponho uma reflexão sobre
o funcionamento da língua de fronteira e acerca dos sentidos de
divisão/fronteira e integração que se (re)produzem no cotidiano da
fronteira a partir do fechamento da aduana (que ocorreu como uma
tentativa de frear o avanço da covid-19). Foi possível notar que este
(novo) cotidiano da fronteira coloca em circulação diferentes sentidos,
não apenas para a língua de fronteira, mas também para o espaço e
para os sujeitos que o habitam.
Universidade Estadual de Campinas. Biblioteca do Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, 2019
Nesta pesquisa, partimos do pressuposto de que na fronteira entre Dionísio Cerqueira-SC, Barracão... more Nesta pesquisa, partimos do pressuposto de que na fronteira entre Dionísio Cerqueira-SC, Barracão-PR (Brasil) e Bernardo de Irigoyen (Misiones, Argentina) há uma divisão estabelecida entre os Estados (inter)nacionais que se opera por meio de leis e tratados, por decisões político-jurídicas, mas também e indissociavelmente, por processos simbólicos que participam de sua constituição. Nessa perspectiva, temos como objeto de pesquisa compreender discursivamente a constituição do espaço de fronteira e de suas divisões, ou seja, como as fronteiras políticas e territoriais são produzidas pelo discurso. Assim, a partir da Análise do Discurso (AD), em particular, de pesquisas relacionadas com a área Saber Urbano e Linguagem, e da História das Ideias Linguísticas (HIL), objetivamos investigar os processos de espacialização, de
produção de um espaço particular, que é o espaço de fronteira entre dois estados do Brasil e entre Brasil e Argentina, num processo indissociável da constituição dos sujeitos e das línguas. Partimos, para tanto, da análise de duas obras (relatos de viagens): Pela fronteira (1903), de Domingos Nascimento, e A viagem de 1929: Oeste de Santa Catarina: documentos e leituras, organizada pelo Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina – CEOM, que se compõe de dois relatos. As análises permitem observar que os relatos convergem em certos pontos: significam o espaço de fronteira como um espaço vazio, mostram a necessidade de “civilização” do povoado Dionísio Cerqueira pela presença do Estado por meio da instauração da cidade, ao mesmo tempo em que promovem a identificação dos sujeitos e do espaço
fronteiriço ao Estado, por meio de suas instituições. No primeiro relato, esses processos estão sustentados pelo Exército e, nos outros dois, contidos na obra organizada pelo CEOM, pela estrutura jurídico-administrativa do governo do estado de Santa Catarina. Tendo em vista a instauração do Estado/nação no espaço de fronteira, apreendemos um discurso que participa da produção da fronteira político-territorial, pelo viés do Estado, ou seja, fica evidenciada nos relatos a “linha divisória” que é “fixada” entre os Estados (inter)nacionais por meio de decisões político-jurídicas e pelos processos de identificação produzidos pelos discursos. Ademais, a divisão/fronteira não é somente do espaço, mas constitui, ao mesmo tempo, uma divisão/fronteira das línguas e dos sujeitos (brasileiros/argentinos), numa relação dissimétrica, hierarquizada. Por fim, o espaço de fronteira, de nossa perspectiva, um espaço fluido não significado por um imaginário de unidade, produz sentidos de um deslimite e, assim como os sujeitos, significa-se na movência dos pertencimentos, num desenganche ou delinking, mostrando-nos que embora não haja uma coincidência entre uma fronteira “traçada” e outra fronteira “vivida” socialmente, o processo de produção do espaço de fronteira não se dá apenas como um gesto político-jurídico, mas como um processo de produção de sentidos e sujeitos.
Palavras-chave: Análise do discurso. Fronteiras. Divisão política. Divisão territorial. Linguagem e línguas.
Programa de Pós-graduação em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana - DLM/FFLCH USP, São Paulo, 2008
Nesta pesquisa parte-se da hipótese que, no âmbito da escola pública estadual, o sujeito taciturn... more Nesta pesquisa parte-se da hipótese que, no âmbito da escola pública estadual, o sujeito taciturno, conceitualizado como sujeito indeterminado, está submetido a uma “contradição” por estar exposto às discursividades do Mercado e ter que suportar sua demanda e sua interpelação a partir do lugar de conhecimento, de saber, desenvolvido pela escola sustentada pelo Estado. Essa contradição é trabalhada a partir de "sintomas” da taciturnidade, no real da escola: especificamente, na relação desse sujeito com o aprendizado da língua espanhola em um Centro de Estudos de Línguas, vinculado à escola pública, situado no município de Guarulhos-SP. As análises permitem observar que a indeterminação atribuída ao sujeito também teria a ver com a não-homogeneidade do funcionamento da memória discursiva sobre a língua espanhola no Brasil. Tendo em vista essas interpretações, explora-se, por meio da consideração e análise de enunciados tomados de propagandas de escolas de idiomas, imagens de sujeito de língua nas discursividades às quais tais propagandas se vinculam. Além disso, reflete-se sobre outros aspectos relacionados à memória discursiva sobre essa língua e, especificamente, à construção de novos sentidos. Por fim, a pesquisa flagra ainda a produção de outros novos sentidos para a língua espanhola. Neste caso, tem-se um corpus recortado da legislação de ensino, considerando-se a publicação da Lei n° 11.161 (de 5 de agosto de 2005) – que torna obrigatória a oferta da língua espanhola em escolas públicas e privadas brasileiras que atuam no ensino médio – como um “acontecimento discursivo” pois, de acordo com a análise desenvolvida, essa lei colocaria em confronto a atualidade com a memória discursiva dessa língua no Brasil.
Confluência, Rio de Janeiro, 2020
No presente trabalho, buscamos compreender a produção do imaginário de língua em condições de pro... more No presente trabalho, buscamos compreender a produção do imaginário de língua em condições de produção de fronteira. Ancorando nossa reflexão na Análise de Discurso (AD), de linha francesa, materialista e pecheuxtiana, analisamos descrições de um viajante que esteve presente na região de Foz do Iguaçu, em 1903. Importou-nos compreender o modo como a língua de fronteira é imaginariamente instituída no discurso do viajante. A relação entre espaço, sujeito e discurso foi determinante no funcionamento de tal imaginário, já que se constitui na medida em que se inscreve nas relações de poder dos Aparelhos de Estados (AEs).
Línguas e Instrumentos Linguísticos, Campinas, 2017
Atualmente se destacam estudos no campo das ciências da linguagem, a partir de posições não refer... more Atualmente se destacam estudos no campo das ciências da linguagem, a partir de posições não referencialistas, que se dedicam a analisar o funcionamento dos nomes próprios, entre eles, aqueles que nomeiam cidades e espaços da cidade, assim como o nome próprio e expressões apositivas. A partir dessas questões, este estudo teve como objetivo analisar o funcionamento da relação apositiva no texto “Simplício receberá homenagem da ‘Cidade dos Exageros’”. Para isso, recorremos à Semântica do Acontecimento teorizada por Guimarães e, mais particularmente, aos seus estudos sobre o aposto e nome próprio de cidade. Assim, os principais resultados alcançados,
neste trabalho, dizem respeito à análise do enunciado “Itu – Capital dos Exageros”, a qual nos revelou aspectos importantes do sentido do nome próprio Itu e possibilitou observar como os demais enunciados apresentados no texto vão reescriturando esse enunciado que se apresenta em forma de aposto.
Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF): 10 anos, Ed. Copiart, Tubarão, 2016
A história da região Sudoeste do Paraná ainda apresenta capítulos a serem construídos e as memóri... more A história da região Sudoeste do Paraná ainda apresenta capítulos a serem construídos e as memórias precisam ser preservadas como elemento fundante para pensar as estratégias teórico-práticas e as novas ações frente ao processo de formação de professores. Para tanto, o recorte, ora apresentado, diz respeito às escolas de fronteira que fazem parte do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF). Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na perspectiva de aproximação de nosso objeto, na busca da valorização do programa em suas especificidades e aprodunda-se nos dados materializados,
Análise de discurso em rede: cultura e mídia, Pontes, Campinas, 2016
A história da região sudoeste do Paraná ainda apresenta capítulos a serem construídos, e as memór... more A história da região sudoeste do Paraná ainda apresenta capítulos a serem construídos, e as memórias precisam ser preservadas como elemento fundante para pensar estratégias teórico-práticas e ações frente ao processo de formação de professores. Para tanto, a indagação que nos mobiliza em busca de subsídios para nossa atuação diz respeito ao resgate dessa memória sobre a constituição das escolas da região sudoeste do Paraná. Sendo assim, objetiva-se investigar a história das escolas (rurais, urbanas, interculturais de fronteira e especiais/inclusivas) e a formação de professores a partir de suas memórias e das epistemologias de suas práticas pedagógicas. O recorte ora apresentado diz respeito às escolas de fronteira que fazem parte do PEIF - Programa Escolas Interculturais de Fronteira. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na perspectiva de aproximação de nosso objeto, na busca da valorização do mesmo em suas especificidades e aprofundando-se nos dados materializados. Para além da formação permanente dos professores em serviço, temos a expectativa de constituir um centro de memórias, contribuindo, assim, para formar uma massa documental que permita subsidiar as pesquisas atuais e futuras sobre a formação de professores da região. A partir da pesquisa e extensão, apropriar-se das experiências para melhor qualificar os alunos em formação nas licenciaturas; dar visibilidade ao processo de formação de professores em uma perspectiva que conceba as relações histórico-sociais, econômicas e culturais.
UNISANTA, Humanitas, Santos, 2016
O objetivo deste estudo é fazer uma reflexão sobre a noção de sujeito numa determinada situação d... more O objetivo deste estudo é fazer uma reflexão sobre a noção de sujeito numa determinada situação de ensino-aprendizagem de língua estrangeira denominada por Camblong (2004) como "umbral". A partir das considerações dessa autora, verificamos efeitos dessa cena "umbral" na prática docente de língua espanhola, no espaço de uma escola pública estadual de São Paulo. Dessa maneira, este trabalho retoma o "sujeito taciturno", conceito a que chegamos a partir de Camblong (2004) e das considerações de Bakhtin (2003) acerca da taciturnidade; e apresenta um estudo a respeito da constituição do sujeito no âmbito da linguística, na perspectiva teórica da análise do discurso e da psicanálise lacaniana. Assim, a primeira parte do trabalho consiste na apresentação da cena que motivou os estudos sobre o "sujeito taciturno" e que funcionou como a mola propulsora da dissertação de mestrado de Lemos (2008); e a segunda parte mostra alguns recortes sobre a existência do inconsciente, estranhamento e silêncio a partir de Freud, Lacan e Bakhtin. Palavras-chave: sujeito; língua estrangeira; análise do discurso; psicanálise lacaniana
VII SEAD - A análise do discurso e sua história: avanços e perspectivas, Recife, 2015
Com base no dispositivo teórico da Análise do Discurso de linha francesa, buscamos refletir breve... more Com base no dispositivo teórico da Análise do Discurso de linha francesa, buscamos refletir brevemente no presente texto sobre um objeto em específico, qual seja, o espaço, dentro do contexto da fronteira Brasil/Argentina, especificamente a faixa fronteiriça que compreende as cidades conurbadas de Dionísio Cerqueira-SC e Bernardo de Irigoyen-Misiones-Argentina, quando da demarcação dos limites no início do século XX. Um dos objetivos desse trabalho de análise é o de compreender discursivamente as evidências a que nos encontramos submersos, sobretudo em.relação às línguas enunciadas na faixa de fronteira. Para este trabalho, consideramos, desse modo, relevante retomar uma obra que pontua aspectos importantes sobre a região fronteiriça em estudo: “A viagem de 1929: Oeste de Santa Catarina: documentos e leituras”, organizada pelo Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina. Faremos uma pesquisa bibliográfica inicial, com o intuito de mapear como o espaço é conceituado em trabalhos desenvolvidos no campo dos estudos da linguagem que operam com base na releitura da teoria pecheuxtiana, tais como os trabalhos de Orlandi e Rodríguez. E, em seguida, faremos uma leitura da obra, acima citada, e buscaremos por marcas que apontem para o modo como os viajantes descrevem o referido espaço fronteiriço, atentando ainda para as línguas enunciadas nesse espaço.
Expressão, Revista do Centro de Artes e Letras - UFSM, Santa Maria, 2015
Este trabalho propõe mostrar o andamento de minha pesquisa de doutorado, iniciada em 2014, no IEL... more Este trabalho propõe mostrar o andamento de minha pesquisa de doutorado, iniciada em 2014, no IEL∕Unicamp, cujo título provisório é: “Barracão-PR, Dionísio Cerqueira-SC (Brasil); Bernardo de Irigoyen (Misiones-Argentina): fronteiras, línguas e história”. Assim, pretendo trazer à discussão um dos objetivos do projeto de pesquisa, o qual visa analisar traços de memória das línguas dos imigrantes e de outras línguas que constituíam esse espaço de fronteira quando da demarcação dos limites, nas línguas enunciadas cotidianamente nesse “espaço fronteiriço” (STURZA, 2006). Tal pesquisa busca sua originalidade ao propor preencher uma lacuna no campo dos estudos sobre as fronteiras, no sentido de dar visibilidade ao processo de produção histórica de certas evidências, e aos seus produtos como produtos históricos, e não meramente naturais. Neste trabalho, retomo uma das hipóteses do projeto de pesquisa, a qual considera que havia várias línguas na época do estabelecimento dos limites de fronteira Brasil/Argentina; ou seja, línguas autóctones e línguas trazidas por colonizadores e imigrantes. Desse modo, considero relevante retomar uma obra que pontua aspectos importantes sobre a região fronteiriça em estudo: “A viagem de 1929: Oeste de Santa Catarina: documentos e leituras”, organizada pelo Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina. Essa obra contém a reimpressão de escritos do início do século XX, que relatam a viagem do então governador Adolfo Konder ao Oeste do estado de Santa Catarina. Assim, a partir de um fragmento da obra, apresento uma breve análise tentando compreender aquelas condições de produção (CP).
Estudos Linguísticos, São Paulo, 2015
Este trabalho propõe mostrar o andamento de minha pesquisa de doutorado, iniciada em 2014, no IEL... more Este trabalho propõe mostrar o andamento de minha pesquisa de doutorado, iniciada em 2014, no IEL⁄Unicamp, cujo título provisório é: Barracão-PR, Dionísio Cerqueira-SC (Brasil); Bernardo de Irigoyen (Misiones-Argentina): fronteiras, línguas e história. Assim, pretendo trazer à discussão um dos objetivos do projeto de pesquisa, o qual visa a analisar traços de memória das línguas dos imigrantes e de outras línguas que constituíam esse espaço de fronteira quando da demarcação dos limites, na(s) línguas(s) enunciada(s) cotidianamente nesse "espaço fronteiriço" (STURZA, 2006). Tal pesquisa busca sua originalidade ao propor preencher uma lacuna no campo dos estudos sobre as fronteiras, no sentido de dar visibilidade ao processo de produção histórica de certas evidências, e aos seus produtos como produtos históricos, e não meramente naturais.
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Papers by Marilene Aparecida Lemos
na/pela fronteira entre Dionísio Cerqueira-SC, Barracão-PR (Brasil) e
Bernardo de Irigoyen (Misiones, Argentina), tendo em consideração o
cotidiano dessa fronteira em tempos de pandemia de covid-19, doença
causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Fundamentando-me no
arcabouço teórico da Análise de Discurso (AD) pecheuxtiana, analiso
enunciados presentes em diversos materiais que versam a respeito de
uma manifestação em prol da reabertura da fronteira, realizada em 6
de novembro de 2020, organizada por empresários e comerciantes de
Bernardo de Irigoyen (Argentina). Assim, proponho uma reflexão sobre
o funcionamento da língua de fronteira e acerca dos sentidos de
divisão/fronteira e integração que se (re)produzem no cotidiano da
fronteira a partir do fechamento da aduana (que ocorreu como uma
tentativa de frear o avanço da covid-19). Foi possível notar que este
(novo) cotidiano da fronteira coloca em circulação diferentes sentidos,
não apenas para a língua de fronteira, mas também para o espaço e
para os sujeitos que o habitam.
produção de um espaço particular, que é o espaço de fronteira entre dois estados do Brasil e entre Brasil e Argentina, num processo indissociável da constituição dos sujeitos e das línguas. Partimos, para tanto, da análise de duas obras (relatos de viagens): Pela fronteira (1903), de Domingos Nascimento, e A viagem de 1929: Oeste de Santa Catarina: documentos e leituras, organizada pelo Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina – CEOM, que se compõe de dois relatos. As análises permitem observar que os relatos convergem em certos pontos: significam o espaço de fronteira como um espaço vazio, mostram a necessidade de “civilização” do povoado Dionísio Cerqueira pela presença do Estado por meio da instauração da cidade, ao mesmo tempo em que promovem a identificação dos sujeitos e do espaço
fronteiriço ao Estado, por meio de suas instituições. No primeiro relato, esses processos estão sustentados pelo Exército e, nos outros dois, contidos na obra organizada pelo CEOM, pela estrutura jurídico-administrativa do governo do estado de Santa Catarina. Tendo em vista a instauração do Estado/nação no espaço de fronteira, apreendemos um discurso que participa da produção da fronteira político-territorial, pelo viés do Estado, ou seja, fica evidenciada nos relatos a “linha divisória” que é “fixada” entre os Estados (inter)nacionais por meio de decisões político-jurídicas e pelos processos de identificação produzidos pelos discursos. Ademais, a divisão/fronteira não é somente do espaço, mas constitui, ao mesmo tempo, uma divisão/fronteira das línguas e dos sujeitos (brasileiros/argentinos), numa relação dissimétrica, hierarquizada. Por fim, o espaço de fronteira, de nossa perspectiva, um espaço fluido não significado por um imaginário de unidade, produz sentidos de um deslimite e, assim como os sujeitos, significa-se na movência dos pertencimentos, num desenganche ou delinking, mostrando-nos que embora não haja uma coincidência entre uma fronteira “traçada” e outra fronteira “vivida” socialmente, o processo de produção do espaço de fronteira não se dá apenas como um gesto político-jurídico, mas como um processo de produção de sentidos e sujeitos.
Palavras-chave: Análise do discurso. Fronteiras. Divisão política. Divisão territorial. Linguagem e línguas.
neste trabalho, dizem respeito à análise do enunciado “Itu – Capital dos Exageros”, a qual nos revelou aspectos importantes do sentido do nome próprio Itu e possibilitou observar como os demais enunciados apresentados no texto vão reescriturando esse enunciado que se apresenta em forma de aposto.
na/pela fronteira entre Dionísio Cerqueira-SC, Barracão-PR (Brasil) e
Bernardo de Irigoyen (Misiones, Argentina), tendo em consideração o
cotidiano dessa fronteira em tempos de pandemia de covid-19, doença
causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Fundamentando-me no
arcabouço teórico da Análise de Discurso (AD) pecheuxtiana, analiso
enunciados presentes em diversos materiais que versam a respeito de
uma manifestação em prol da reabertura da fronteira, realizada em 6
de novembro de 2020, organizada por empresários e comerciantes de
Bernardo de Irigoyen (Argentina). Assim, proponho uma reflexão sobre
o funcionamento da língua de fronteira e acerca dos sentidos de
divisão/fronteira e integração que se (re)produzem no cotidiano da
fronteira a partir do fechamento da aduana (que ocorreu como uma
tentativa de frear o avanço da covid-19). Foi possível notar que este
(novo) cotidiano da fronteira coloca em circulação diferentes sentidos,
não apenas para a língua de fronteira, mas também para o espaço e
para os sujeitos que o habitam.
produção de um espaço particular, que é o espaço de fronteira entre dois estados do Brasil e entre Brasil e Argentina, num processo indissociável da constituição dos sujeitos e das línguas. Partimos, para tanto, da análise de duas obras (relatos de viagens): Pela fronteira (1903), de Domingos Nascimento, e A viagem de 1929: Oeste de Santa Catarina: documentos e leituras, organizada pelo Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina – CEOM, que se compõe de dois relatos. As análises permitem observar que os relatos convergem em certos pontos: significam o espaço de fronteira como um espaço vazio, mostram a necessidade de “civilização” do povoado Dionísio Cerqueira pela presença do Estado por meio da instauração da cidade, ao mesmo tempo em que promovem a identificação dos sujeitos e do espaço
fronteiriço ao Estado, por meio de suas instituições. No primeiro relato, esses processos estão sustentados pelo Exército e, nos outros dois, contidos na obra organizada pelo CEOM, pela estrutura jurídico-administrativa do governo do estado de Santa Catarina. Tendo em vista a instauração do Estado/nação no espaço de fronteira, apreendemos um discurso que participa da produção da fronteira político-territorial, pelo viés do Estado, ou seja, fica evidenciada nos relatos a “linha divisória” que é “fixada” entre os Estados (inter)nacionais por meio de decisões político-jurídicas e pelos processos de identificação produzidos pelos discursos. Ademais, a divisão/fronteira não é somente do espaço, mas constitui, ao mesmo tempo, uma divisão/fronteira das línguas e dos sujeitos (brasileiros/argentinos), numa relação dissimétrica, hierarquizada. Por fim, o espaço de fronteira, de nossa perspectiva, um espaço fluido não significado por um imaginário de unidade, produz sentidos de um deslimite e, assim como os sujeitos, significa-se na movência dos pertencimentos, num desenganche ou delinking, mostrando-nos que embora não haja uma coincidência entre uma fronteira “traçada” e outra fronteira “vivida” socialmente, o processo de produção do espaço de fronteira não se dá apenas como um gesto político-jurídico, mas como um processo de produção de sentidos e sujeitos.
Palavras-chave: Análise do discurso. Fronteiras. Divisão política. Divisão territorial. Linguagem e línguas.
neste trabalho, dizem respeito à análise do enunciado “Itu – Capital dos Exageros”, a qual nos revelou aspectos importantes do sentido do nome próprio Itu e possibilitou observar como os demais enunciados apresentados no texto vão reescriturando esse enunciado que se apresenta em forma de aposto.