Bruna Portela
Possui graduação em História pela Universidade Tuiuti do Paraná (2004) e é Mestre (2007) e Doutora (2014) em História pela Universidade Federal do Paraná. Desde 2012 é historiadora do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do Paraná, sendo atualmente vice-diretora e responsável pelo Arquivo Histórico e Unidade de Cultura Popular da mesma instituição. Desenvolve atividades de organização de acervo museológico e arquivístico, pesquisa e curadoria de exposições. É vice-líder do Grupo de Pesquisa Cnpq Laboratório de Pesquisas Interdisciplinares do MAE-UFPR. Além disso, tem experiência na área de organização e descrição de acervos, principalmente de documentação dos séculos XVIII e XIX. Tem também experiência em elaboração de material didático para o Ensino Fundamental. Atua principalmente nos seguintes temas: história social de africanos, afrodescendentes e indígenas escravizados e libertos nos séculos XVIII e XIX, História do Paraná, Museus, Cultura Popular.
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Papers by Bruna Portela
fosse semelhante à escravidão ou administrada, para o uso da força de trabalho escravo de
africanos e afrodescendentes na Capitania de São Paulo. Para tanto foi delimitado o período
de 1697 a 1780 e os documentos privilegiados foram processos judiciais, tanto cíveis quanto
criminais, tramitados em vilas da Comarca de Paranaguá, pertencente à Capitania paulista. A
extensão territorial da Comarca era grande e abrangia as vilas de Cananéia, Iguape,
Paranaguá, Curitiba, São Francisco e Laguna. Apesar de existirem processos judiciais para
todas as referidas localidades, prevaleceram àqueles referentes à vila de Curitiba, seguida pela
de Paranaguá. Buscou-se num primeiro momento analisar a documentação que trazia
indígenas e seus descendentes, evidenciando as diferentes relações e interações mantidas por
eles com a sociedade, que ia desde o seu arrolamento em inventários, sua venda e legação a
herdeiros, até situações em que recorreram à justiça para conseguir sua liberdade, já garantida
por lei, mas não cumprida dentro da estrutura prevalecente na configuração social aqui
examinada. Logo após a análise dos indígenas, que se mostraram muito mais presentes na
primeira metade do século XVIII, foi a vez dos africanos e afrodescendentes, fossem eles
libertos ou escravos. Este grupo, muito mais numeroso a partir de 1750, era formado em sua
maioria por pessoas nascidas na América portuguesa, e não por africanos. A partir da
documentação judicial foi também possível evidenciar o uso e a posse destes escravos entre a
população livre, bem como os campos de tensões em que estiveram envolvidos. A presença
de índios, negros e brancos convivendo de maneira bastante próxima nas vilas da Comarca de
Paranaguá facilitou o processo de miscigenação dessa sociedade, formada por mestiços de
diferentes origens. Por fim, a tese é encerrada com uma discussão sobre as interações
inevitáveis que aconteceram entre negros e índios, aspecto pouco abordado pela historiografia
brasileira. A configuração social da Capitania de São Paulo durante o século XVIII
proporcionou que as histórias de africanos e afrodescendentes se conectassem às dos
indígenas e mestiços.
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fosse semelhante à escravidão ou administrada, para o uso da força de trabalho escravo de
africanos e afrodescendentes na Capitania de São Paulo. Para tanto foi delimitado o período
de 1697 a 1780 e os documentos privilegiados foram processos judiciais, tanto cíveis quanto
criminais, tramitados em vilas da Comarca de Paranaguá, pertencente à Capitania paulista. A
extensão territorial da Comarca era grande e abrangia as vilas de Cananéia, Iguape,
Paranaguá, Curitiba, São Francisco e Laguna. Apesar de existirem processos judiciais para
todas as referidas localidades, prevaleceram àqueles referentes à vila de Curitiba, seguida pela
de Paranaguá. Buscou-se num primeiro momento analisar a documentação que trazia
indígenas e seus descendentes, evidenciando as diferentes relações e interações mantidas por
eles com a sociedade, que ia desde o seu arrolamento em inventários, sua venda e legação a
herdeiros, até situações em que recorreram à justiça para conseguir sua liberdade, já garantida
por lei, mas não cumprida dentro da estrutura prevalecente na configuração social aqui
examinada. Logo após a análise dos indígenas, que se mostraram muito mais presentes na
primeira metade do século XVIII, foi a vez dos africanos e afrodescendentes, fossem eles
libertos ou escravos. Este grupo, muito mais numeroso a partir de 1750, era formado em sua
maioria por pessoas nascidas na América portuguesa, e não por africanos. A partir da
documentação judicial foi também possível evidenciar o uso e a posse destes escravos entre a
população livre, bem como os campos de tensões em que estiveram envolvidos. A presença
de índios, negros e brancos convivendo de maneira bastante próxima nas vilas da Comarca de
Paranaguá facilitou o processo de miscigenação dessa sociedade, formada por mestiços de
diferentes origens. Por fim, a tese é encerrada com uma discussão sobre as interações
inevitáveis que aconteceram entre negros e índios, aspecto pouco abordado pela historiografia
brasileira. A configuração social da Capitania de São Paulo durante o século XVIII
proporcionou que as histórias de africanos e afrodescendentes se conectassem às dos
indígenas e mestiços.