Books by Wellington Borges
Promoting in-service education of English teachers in Piauí and Maranhão, 2022
In this chapter we discuss on how technologies can influence changes in the way people perceive ... more In this chapter we discuss on how technologies can influence changes in the way people perceive learning.
Reflections on English teaching in Piauí and Maranhão, 2022
In this chapter we discuss on possibilities for the use of kahoot as a tool to bring gamified act... more In this chapter we discuss on possibilities for the use of kahoot as a tool to bring gamified activities to English classes.
Os efeitos colaterais da pandemia na docência do Ensino Básico e Superior, 2022
Neste capítulo apresento a análise de indicadores do CETIC.BR sobre o uso de tecnologias digitais... more Neste capítulo apresento a análise de indicadores do CETIC.BR sobre o uso de tecnologias digitais por professores para o ano de 2019, antes do início da Pandemia de SARS-COV-19 para identificar alguns dos motivos que levaram professores a ter dificuldades em relação ao uso de TICs durante o distanciamento social.
Apontamento sobre a leitura de textos visuais e multimodais em ambientes digitais, 2021
Ao longo do século XX e do início do século XXI, a linguagem humana vem sendo estudada a partir d... more Ao longo do século XX e do início do século XXI, a linguagem humana vem sendo estudada a partir das óticas de múltiplas concepções e teorias. No início do século passado, por exemplo, a linguística rejeitava as abordagens histórico-comparatistas em voga no século XIX para focar no estudo sincrônico dos diferentes sistemas que compõem as línguas. Entretanto, no decorrer do século, não só o papel do estudo histórico voltou a ser reconhecido, como gradualmente outros objetos e perspectivas também foram sendo incorporados à ciência da linguagem, que aos poucos se expandiu para além dos limites da abordagem estritamente estruturalista e presenciou vários movimentos direcionados a permitir uma compreensão mais ampla da complexidade relativa aos fenômenos linguísticos.
Assim, mais notadamente a partir de meados do século XX, presenciamos a popularização das diversas teorias de cunho funcionalista, do mesmo modo que vimos o crescimento de uma perspectiva social aplicada à linguagem, além da popularização de novos objetos de estudo que haviam ficado de fora da proposta original da ciência linguística do início dos anos 1900, dentre eles o texto, as relações entre pensamento e linguagem e a oralidade. Mais recentemente, especialmente no final do século XX e nas primeiras décadas do século XXI, a mídia, a publicidade e as linguagens emergentes decorrentes de novas formas de comunicação também vêm desafiando linguistas a empreenderem novas investigações para compreender os contextos comunicacionais contemporâneos e as práticas de linguagem tal como elas se manifestam atualmente.
Contudo, enquanto de um lado a linguística parece abarcar abertamente novas abordagens e fenômenos, do outro, também é perceptível que enfrentamos certo desconforto com o estudo de alguns desses novos objetos e campos teóricos. No que diz respeito à própria concepção de linguagem, por exemplo, podemos observar que, embora cada vez mais os sistemas de comunicação priorizem linguagens que extrapolam a canonicidade do texto verbal, muitos estudiosos da linguagem ainda têm dificuldades em aceitar a imagem como uma forma de expressão tão complexa e expressiva como o código escrito. Em parte, essa é uma herança do modo como a própria ciência linguística se consolidou ao longo do século passado, ao adotar como parâmetro a
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análise somente dos fenômenos ligados ao texto escrito, vistos como mais dignos de análise e, implicitamente, mais facilmente observáveis. Isso levou a uma relativa demora no surgimento de outras perspectivas que dessem conta de múltiplas outras linguagens e práticas comunicativas. Somente com a emergência e a popularização das tecnologias da informação e comunicação nas últimas décadas é que fomos, gradualmente, sendo provocados a adotar novos pontos de vista.
Desse modo, aos poucos vimos crescer alternativas teóricas que especificamente voltadas para permitir a compreensão da linguagem multifacetada dos “novos” meios de comunicação e presentes nos parâmetros interacionais adotados no século XXI, cada vez mais mediados pelas tecnologias digitais, a internet e a publicidade. Entre elas estão abordagens como a dos Multiletramentos e a Teoria da Multimodalidade, que vêm ganhando força por compreenderem que a linguagem humana é, de fato, composta por uma multiplicidade de códigos semióticos e práticas sociais situadas em contextos específicos, todas dignas de análise sob o escopo da ciência linguística. Isso tem aberto, sem dúvida, novas possibilidades de investigação, assim como alguns conflitos dentro da própria área. Alguns desses conflitos serão discutidos mais a fundo no capítulo 1 deste livro.
Nesses novos contextos investigativos, conceitos como texto e leitura também vêm passando por reformulações. O texto, por exemplo, deixa de ser encarado como uma manifestação predominante verbal da linguagem humana para ser interpretado como um fenômeno multissemiótico, composto por letras, imagens estáticas, imagens em movimento, cores e, por vezes, texturas, cheiros, dentre outros componentes que até bem pouco tempo eram impensáveis como objetos dos estudos linguísticos. A leitura, por sua vez, também tem deixado de ser vista como um processo predominantemente passivo, no qual o leitor recupera as informações do texto por meio da decodificação do que está escrito e passa a ser vista como um processo ativo, em que significados são construídos pela interação do leitor com os variados recursos semióticos que o texto traz, todos situados de acordo com as escolhas organizacionais do próprio texto, assim como com as convenções sociais e culturais que os rodeiam. Ainda decorrentes disso, discussões sobre o ensino e sobre a aprendizagem de línguas também têm ganhado novos tratamentos, já que é evidente que não podemos mais encarar situações de aprendizagem (sejam elas formais ou informais) com os mesmos olhares de antigamente.
Diante dessa complexidade, desde 2011 o Grupo de Pesquisa “Mediações Tecnológicas no Ensino e Aprendizado de Línguas” (CNPq/UFPI/UESPI) se dedica a investigar alguns dos diversos aspectos
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relativos às práticas de linguagem mediadas por tecnologias digitais. A leitura, sendo uma delas, também é um dos focos de pesquisa do grupo, notadamente suas relações com as tecnologias, com os novos suportes para abrigar e divulgar textos, assim como os “novos” códigos deles decorrentes. Atualmente, o grupo fomenta pesquisas a nível de graduação (iniciação científica – IC/ICV e trabalhos de conclusão de curso - TCC), assim como pesquisas em nível de pós-graduação (tanto latu sensu quanto strictu sensu), integrando diretamente três instituições públicas de ensino superior no Piauí, a Universidade Federal do Piauí (UFPI), a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e o Instituto Federal do Piauí (IFPI), além de repercutir em instituições de ensino públicas e privadas da educação básica no estado.
Neste livro, apresentamos uma coletânea de textos que ilustram algumas das investigações conduzidas pelo grupo, a nível de pós-graduação. Ao todo, são 8 capítulos voltados para a reflexão sobre a leitura multimodal em ambientes digitais. No primeiro capítulo, de autoria do organizador deste volume, são trazidos debates sobre as dificuldades e novas perspectivas dentro dos estudos linguísticos para a incorporação do textos multimodal e do letramento visual à área e ao ensino de leitura. No segundo capítulo, por sua vez, Thaísa Renata Marques Bacelar apresenta os resultados de um estudo comparativo que analisou o papel do letramento escolar na leitura de textos impressos e de textos digitais. Já no capítulo três, Jaqueline Silva Santos analisa as estratégias argumentativas por trás das campanhas antitabagistas em carteiras de cigarro. No quarto capítulo, por sua vez, Larissa Bianca Neves da Conceição Silva nos traz uma análise da leitura multimodal de textos audiovisuais por meio do uso de uma aparelhos de rastreamento ocular (eye tracking). No capítulo cinco, é Liviane da Silva Martins quem nos traz uma reflexão sobre a complexidade da leitura multimodal e as múltiplas habilidades que ela requer. Por sua vez, no capítulo seis, Aline Cristiane Morais de Souza Soares discute sobre os conceitos de letramento, multiletramento e letramento digital e suas implicações para a leitura. Já no capítulo sete, Irismar da Silva Gonçalves reflete sobre o fenômeno booktuber e sobre o seu papel enquanto fomentador de grupos de leitura online. Por fim, no capítulo oito, são Nayara Rocha Mendonça e Vânia Soares Barbosa quem descrevem narrativas do Twitter e suas implicações para o ensino de línguas.
Com este livro, além de compartilharmos os conhecimentos produzidos pelo Grupo de Pesquisa, esperamos oferecer pontos de vista alternativos para que leitores que se interessem pelo estudo da leitura mediada por artefatos tecnológicos possam refletir sobre a necessidade de repensarmos as práticas de linguagem como fenômenos moldados
socioculturalmente e, portanto, flexíveis e multissemióticos. Desejamos, então, uma leitura prazerosa e intigante.
Entrevista com o Prof. Dr. Francisco Wellington Borges: reflexões sobre o letramento digital, lei... more Entrevista com o Prof. Dr. Francisco Wellington Borges: reflexões sobre o letramento digital, leitura e a nova BNCC Interview with Prof. Francisco Wellington Borges Gomes: reflections about digital literacy, reading and the new BNCC 2/9 Letrônica, Porto Alegre, v. 13, n. 4, p. 1-9, out.-dez. 2020 | e-37525 das ferramentas que o professor pode usar em sala de aula é o celular, o qual tornou-se uma peça fundamental para comunicação humana, devido ao atual contexto da pandemia do novo coronavírus, que impôs o distanciamento social como medida de segurança. Para a construção deste trabalho, fizemos uma entrevista com um professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI) vinculado à graduação e à pós-graduação. As perguntas foram enviadas por escrito, por meio de um aplicativo de mensagens, sendo as respostas, remetidas pelo mesmo aplicativo, em formato de áudio. A entrevista foi concedida em 2 de novembro de 2019. Uma de suas publicações, intitulada Tecnologias e Propiciamentos de Contatos Linguísticos: Reflexões sobre o papel das TICs no aprendizado de língua estrangeira, aponta que, com a popularização de novos conceitos de letramento, há necessidade de a escola se abrir para as novas possibilidades de educação, devido às mudanças estruturais nas formas de ensinar e de aprender possibilitadas pelas tecnologias. Como a escola pode inserir o letramento digital, preconizado pela nova Base Nacional Curricular Comum (BNCC)? É..., na verdade, isso precisa realmente ser algo bastante pensado e planejado, porque você menciona aqui o livro, e, aliás, é um artigo. E uma coisa que a gente sabe é que as pessoas tendem a ver a inclusão digital ou o letramento digital somente como a aquisição de equipamentos. É essa a visão mais comum que se tem, inclusive em escolas e programas educacionais. Então, a gente vê, por exemplo, na história do País, os últimos programas governamentais de inserção de tecnologias digitais, como o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), por exemplo, que teve seus desdobramentos. Anteriormente, nós tivemos programas, como a TV Escola, que colocavam TVs nas escolas e, mais recentemente, desde os anos 2000, nós temos o ProInfo, que disponibiliza laboratórios de informática nas escolas e que promove a aquisição de tablets para professores, que já participaram, que já foi um instrumento para aquele projeto: um computador por aluno. Também, há quase uma década, há alguns anos, não sei ao certo, mas quase uma década, mais ou menos, era um computador por aluno, que recebiam computadores pessoais e tal. O ProInfo
Identidade: determinações e ressonâncias da pesquisa em linguagem e sociedade, 2016
É inegável a importância da imagem na construção das sociedades e das relações humanas. Desde a P... more É inegável a importância da imagem na construção das sociedades e das relações humanas. Desde a Pré-história, com as reapresentações do mundo e do subjetivismo humano, à Antiguidade, com a construção dos primeiros signos linguísticos, a imagem teve papel fundamental na formação das identidades dos mais diversos povos. Na atualidade, a partir de imagens, produz-se e são reproduzidas relações sociais, ideologias, convenções e outros construtos culturais.
Letras em Foco: a linguagem sob diversos olhares, 2019
A relação entre literatura e outras formas de expressão não é um fenômeno recente. De fato, desde... more A relação entre literatura e outras formas de expressão não é um fenômeno recente. De fato, desde os primeiros manifestos literários produzidos ainda na Antiguidade, após a apropriação da escrita por povos como os sumérios, os egípcios, os fenícios, os gregos e os romanos, a literatura tem andado lado a lado com os mais diversos sistemas de representação, tais como o teatro, a escultura e a pintura, dentre vários outros. As narrativas orais sumérias e gregas, todavia, nos mostram que nem sempre foi a escrita o principal código associado à produção literária. Presentes em um período histórico anterior ao advento da escrita e usadas como forma de registro e manutenção do conhecimento, essas narrativas eram ritmadas para facilitar a memorização e, ao mesmo tempo, perpetuadas de geração em geração com o auxílio de encenações e de músicas para prender a atenção da audiência. Essas formas de expressão literária perduraram por séculos até que pudessem, ainda na Antiguidade, formar as bases para as primeiras obras literárias escritas das quais se têm registro. De forma semelhante, no Antigo Egito as narrativas mitológicas para a criação do universo e do próprio homem eram representadas por meio de uma associação entre caracteres escritos, pinturas (em paredes de templos, em vasos de cerâmica, em afrescos e em pergaminhos) e esculturas. Isso nos mostra que a percepção do mundo pelo egípcio da Antiguidade se dava por meio de representações semióticas diversas e não somente por meio da escrita. Essa também é uma característica da cultura greco-romana, em que imagens, encenações e a música desempenhavam um papel importante na construção de narrativas de valor histórico, ideológico e estético. De modo geral, no mundo ocidental, mesmo após o estabelecimento da cultura escrita como aquela predominante, outros modos de produzir e de consumir literatura continuaram vigentes. Shakespeare, um dos grandes nomes da literatura mundial, por exemplo, produziu boa parte de sua obra narrativa por meio de peças teatrais, dando continuidade à literatura cênica grega e à tradição trovadoresca da Idade Média.
Tecnologias e propiciamentos de contatos linguísticos: reflexões sobre o papel das TICs no aprendizado de línguas estrangeiras, 2017
English is everywhere; in the name of stores, products, in
music, TV shows, on the Internet, in v... more English is everywhere; in the name of stores, products, in
music, TV shows, on the Internet, in video games, amongst many
other places and means of communication. Because of that, there is
a need for students to have some knowledge of English as a foreign
language and become able to communicate in that language.
Tecnologias e propiciamentos de contatos linguísticos: reflexões sobre o papel das TICs no aprendizado de línguas estrangeiras, 2017
In the history of our species communication gradually
changed from gestures, grunts and images on... more In the history of our species communication gradually
changed from gestures, grunts and images on cave walls to words,
either spoken or written. With time, these became the standard
way of expressing new experiences and impressions of the world.
This close relation between the knowledge of the lexicon and
communication is cleared by Neuman & Dwyer (2009), as they
define vocabulary as the words we must know to communicate
effectively: words in speaking (expressive vocabulary) and words in
listening (receptive vocabulary).
Ensino de Línguas e Discurso: reflexões e práticas., 2015
As tecnologias da informação e comunicação (TICs) 1 são ferramentas que, desenvolvidas pelo homem... more As tecnologias da informação e comunicação (TICs) 1 são ferramentas que, desenvolvidas pelo homem em um determinado momento histórico, passam constantemente por transformações e aprimoramentos, motivados pelas contínuas mudanças nas necessidades humanas ao longo do tempo. Por sua vez, ao mesmo tempo em que sofrem mudanças, tais tecnologias também transformam aqueles que delas fazem uso. A popularização da televisão a partir dos anos 60, por exemplo, teve como consequência profundas alterações na forma como passamos a receber e a lidar com a informação e a produção de conhecimento (SIMEÃO, 2006). Da mesma forma, mais recentemente, outras tecnologias nos mostram que o conhecimento não é mais visto como algo depositado somente na mente dos homens, mas distribuído em artefatos tecnológicos diversos, que funcionam como extensões da memória e da cognição humana (HUTCHINS, 1995), tais como livros, filmes, CD-ROMs, telefones celulares, computadores e a internet, dentre outros, que reforçam a natureza social do conhecimento e criam espaços de saber coletivo, produzidos por meio da interação social. No ensino de línguas, tais tecnologias assumem o papel de corresponsáveis pelo aprendizado dentro e fora da sala de aula, uma vez que é inegável a influência que elas têm exercido nas práticas de leitura e escrita de alunos, assim como nas situações de interação por meio das quais a linguagem se concretiza. Sobre isso, Oliveira (2006) nos diz que as TICs, enquanto fonte potencialmente infinita de informação, trouxeram consigo diferentes tipos de vantagens e desafios para o professor. Se por um lado ele passou a ter a seu dispor uma fonte bastante diversificada de materiais de apoio e a possibilidade de construção de tarefas pedagógicas mais sofisticadas e interessantes do 1 Neste trabalho, consideramos Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) os procedimentos, métodos e equipamentos (envolvendo textos, imagens estáticas, vídeos ou sons) usados na comunicação e no processamento de informação que surgiram ou se popularizaram a partir da segunda metade da década de 1970.
Anais do II Encontro Nacional de Ficção, Discurso e Memória: cultura, linguagens e ensino, 2016
Na sociedade atual, norteada pelos ditames das novas tecnologias e do culto à imagem, o texto vis... more Na sociedade atual, norteada pelos ditames das novas tecnologias e do culto à imagem, o texto visual tem assumido um papel cada vez mais preponderante no processo de comunicação e interação social. Neste viés, o presente trabalho tem por objetivo verificar a construção de significado de memes de internet à luz da Gramática do Design Visual. Tendo como base os aportes teóricos de Kress e van Leeuwen (2006) para tratar da Gramática do Design Visual; Jewitt (2011) e Dionísio (2005) para apresentar como os elementos multimodais do texto produzem significados no ato da leitura; Oliveira (2009) para referenciar a relação entre texto/autor/leitor e contexto; Vieira (2006) e Silvino (2012) para tratar do Letramento visual e Luiz (2012) para relatar o conceito de meme de internet. Para tanto, são feitas análises de memes de internet veiculadas no período eleitoral de 2014. Com o estudo, ficou clara a importância de considerar o trabalho com leitura dos mais diversos modos semióticos e o uso das teorias da Gramática do Design visual para construção de significado favorecendo o aperfeiçoamento do pensamento crítico e criativo na leitura de textos multimodais.
Tecnologias e propiciamentos de contatos linguísticos: reflexões sobre o papel das TICs no aprendizado de línguas estrangeiras, 2017
O ensino é, talvez, uma das práticas mais antigas com as quais o ser humano está envolvido. Foi a... more O ensino é, talvez, uma das práticas mais antigas com as quais o ser humano está envolvido. Foi a partir da necessidade de aprender novos conhecimentos que conseguimos o lugar de destaque em relação a outros seres com os quais dividimos o planeta. Embora esse aprendizado ocorra com frequência por meio da experiência do próprio indivíduo com o ambiente ao seu redor, ele também é fruto da troca de experiências com outros, fazendo com que, nem sempre, precisemos passar por determinadas situações para aprender sobre elas. Do ponto de vista histórico, portanto, o ensino surgiu a partir do momento em que dois hominídeos passaram a trocar experiências diversas, usando a linguagem como mediadora. Na pré-história, por exemplo, o ensino estava presente quando os homens começaram a construir ferramentas para aprimorar a caça e a coleta de alimentos e garantir a sobrevivência da comunidade na qual estavam inseridos, assim como no aperfeiçoamento dessas ferramentas pelas futuras gerações. No decorrer da história o ensino, assim como o homem, evolui, passando de práticas inconscientes de transmissão social para atividades organizadas com vistas a alcançar certos objetivos, fossem eles os mais diversos. Com o tempo atividades, de ensino tornaram-se algo destinado exclusivamente a parcelas especificas da sociedade. Enquanto na Antiguidade Greco-Romana elas eram destinadas a todos aqueles que fossem considerados cidadãos, o que excluía mulheres, estrangeiros e escravos; na Idade Média, elas eram geralmente destinadas ao clero, à nobreza ou aos artífices.
Tecnologias e propiciamentos de contatos linguísticos: reflexões sobre o papel das TICs no aprendizado de línguas estrangeiras, 2017
Na cultura contemporânea, é cada vez mais necessário que o indivíduo seja um aprendiz de língua e... more Na cultura contemporânea, é cada vez mais necessário que o indivíduo seja um aprendiz de língua estrangeira ativo, perceptivo e autossuficiente para tirar proveito das oportunidades oferecidas pelos ambientes linguísticos ao seu redor e, assim, sentir-se sujeito ativo no mundo globalizado. A partir das relações com o meio social, mediadas pelos artefatos presentes em cada nicho, é possível descobrir culturas globais e locais (ou "glocais" 1), descobrir o outro, e através do outro, a si mesmo. Nesse cenário, as línguas (estrangeiras) são compreendidas como instrumentos de inserção social, cultural, educacional e profissional, dentre outros, uma vez que é através da língua e na língua que um grupo ou comunidade se distinguem. Além disso, as normas e valores culturais de um grupo são transmitidos pela língua, que carrega significados ou conotações sociais (APPEL E MUYSKEN, 1997). No contexto de expansão da língua inglesa, por exemplo, Kachru (1992) argumenta que é impossível descrever o inglês como uma língua única, sugerindo a pluralidade do termo World English para World Englishes (ingleses no mundo), o qual denota a adaptação do idioma aos vários ambientes linguísticos em que ele é usado. Subjaz do termo no plural um entendimento da língua como um instrumento social, dinâmico, na qual mudança, variação, e multiplicidade são endereçadas e reconhecidas com frequência. 1 De acordo com Koutsogiannis e Mitsikopoulou (2007), um dos principais aspectos da Internet é o seu espaço "glocal", ou seja, uma mistura do espaço global com o espaço local, resultando em variedades linguísticas híbridas.
Anais do II Encontro Nacional de Ficção, Discurso e Memória, 2016
O presente trabalho fala sobre tradução, que seguindo a divisão estabelecida por Jakobson (1974) ... more O presente trabalho fala sobre tradução, que seguindo a divisão estabelecida por Jakobson (1974) apresenta três categorias: tradução intralingual (ou reformulação); tradução interlingual (tradução propriamente dita); e tradução intersemiótica (transmutação). Jakobson (1974) atribui um valor primordial à tradução, e para Steiner (1975) ela não deveria ser reduzida à dimensão linguística. Assim também temos em Arrojo (1986), que não considera possível a tradução numa perspectiva de transferência de significados estáveis. Igualmente, de acordo com Malmkjaer (1998), a tradução se relaciona positivamente ao ensino de línguas se utilizada de maneira adequada, e não descontextualizada, o que a tornaria vazia de sentido. A partir destes pontos de vista, este trabalho visa a discutir a relação entre tradução e ensino, abordando se esta relação está presente no âmbito das discussões em torno de tradução nos últimos anos e, em caso afirmativo, se essa relação estaria sendo defendida ou refutada em uma amostra da literatura acadêmica da área. Os procedimentos de pesquisa foram a busca de artigos sobre tradução e ensino de Língua Estrangeira (LE) em três revistas acadêmicas voltadas aos estudos da tradução, em volumes lançados entre 2010 e 2015, onde verificou-se a quantidade de artigos com essa temática, bem como as impressões dos autores sobre essa relação tradução e ensino de LE. Os principais resultados obtidos demonstraram que o tema da tradução e relação com o ensino não tem sido recorrente nos últimos anos, que este tema não tem sido foco de muitas discussões no âmbito dos Estudos da Tradução no Brasil.
Cultura, linguagens e ensino: interfaces entre ficção, discurso e mídia, 2016
As imagens não constituem elemento neutro sob o universo em que circulam, uma vez que comportam m... more As imagens não constituem elemento neutro sob o universo em que circulam, uma vez que comportam mensagens, propósitos e intenções de dizer muito particulares, exigindo uma aguçada capacidade leitora e de compreensão de mundo daqueles que a leem. Essa leitura pressupõe então um leitor ávido, em sintonia com as minúcias da imagem ou figura. Para tanto, é preciso considerar os contextos de produção (o projeto de dizer do autor) e as condições CULTURA, LINGUAGENS E ENSINO 220 de recepção (a construção de sentidos estabelecida por cada leitor). Esse entremeio comunicativo acontece a partir dos conhecimentos letrados (multiletramentos) de cada leitor, no processo de construção de sentidos sobre a imagem, considerada como texto, conforme a teoria da Gramática do Design Visual, doravante GDV: a base teórica deste estudo. Esta teoria, oriunda dos estudos de Kress e van Leeuwen (1996) compreende a análise de textos visuais, ampliando a noção de texto largamente discutida pela Linguística Textual (L. T.), que considera o texto verbal como o principal foco de análise, tomando-o como ato discursivo, processo e lugar de "interação texto-sujeitos" (KOCH, 2011, p. 17).
Letramento Digital e Formação de Professores nos Cursos de Letras de Universidades Federais Brasileiras, 2019
As tecnologias digitais se integram cada vez mais a atividades que envolvem a comunicação, o laze... more As tecnologias digitais se integram cada vez mais a atividades que envolvem a comunicação, o lazer, o trabalho, dentre inúmeros outros campos. Em decorrência disso, nos ambientes formais de aprendizagem elas também têm sido reconhecidas como ferramentas que podem permitir experiências didáticas bem mais significativas que as ferramentas tradicionais que há tempos compõem a paisagem escolar. No ensino de línguas estrangeiras, por exemplo, as ferramentas digitais podem motivar e promover oportunidades de interação e o contato com culturas e amostras de linguagem diversas, de modo que já parece ser senso comum que as demandas relativas ao uso crítico de tecnologias precisam ser abarcadas pela educação básica e superior. Apesar disso, na prática parece que tais ferramentas ainda não fazem parte das atividades escolares do cotidiano, embora programas escolares de inserção tecnológica tenham sido financiados por iniciativas públicas e privadas no contexto brasileiro nas últimas duas décadas. Isso leva a questionamentos sobre o modo como professores têm sido formados nos cursos de licenciatura para lidarem com alunos e com contextos de ensino imersos em tecnologias. A partir dessa indagação, este livro traz reflexões sobre o papel das tecnologias digitais na sala de aula de línguas estrangeiras, assim como sobre a formação de professores de língua inglesa. Nele, também apresentamos os dados de uma pesquisa de pós-doutorado (PNPD/CAPES) conduzida no âmbito do Programa de Pós-graduação em Linguística Aplicada da UnB. No estudo, foram analisados currículos dos cursos de licenciatura em Letras Inglês e de pós-graduação sticto sensu de 7 universidades federais brasileiras com o objetivo de verificar o modo como competências voltadas à formação de professores letrados digitalmente são fomentadas em algumas universidades do país. A partir dos pressupostos dos Multiletramentos, do Letramento Digital e da Teorias Sociocultural, defendemos a perspectiva de que a formação de professores reflexivos e conscientes de seu papel enquanto agentes de mudança é um dos passos essenciais para o desenvolvimento de alunos igualmente críticos e atuantes, capazes de usarem tecnologias como ferramentas para marcar seu lugar no mundo.
O PROFESSOR E A ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS AUDIOVISUAIS NO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS: CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE A TV E O VÍDEO, 2015
A TV e outros meios audiovisuais já foram vistos como ameaças à educação formal, acusados de prom... more A TV e outros meios audiovisuais já foram vistos como ameaças à educação formal, acusados de promover um mundo fora da realidade, de induzir os alunos à violência e ao controle ideológico, e roubar dos aprendizes um tempo precioso que poderia ser utilizado com estudos.
Entretanto, esse ponto de vista vem sendo substituído à medida que os meios de comunicação e da tecnologia da informação se estabelecem como espaços para a socialização e para o aprendizado. Influenciados por outros recursos tecnológicos como o computador e a internet, as produções audiovisuais estão presentes em uma variedade de ambientes, incluindo escolas, mostrando que a popularização de recursos tecnológicos pode oferecer novas possibilidades para as práticas tradicionais de ensino, consolidando novos hábitos, valores e tipos de interação. No ensino de línguas estrangeiras, por exemplo, é frequente a ideia de que recursos audiovisuais podem oferecer experiências mais autênticas e significativas de aprendizagem do que os materiais didáticos tradicionais, como livros e CDs.
Contudo, a inserção de tecnologias no ensino não é um processo simples, uma vez que ela depende de diversos fatores, dentre os quais estão aqueles relacionados aos professores. São eles, na verdade, que determinam se um recurso tecnológico será ou não implementado com eficácia na escola.
Neste livro, discuto sobre o papel do professor como um elemento-chave para que a adoção de ferramentas tecnológicas ocorra no ambiente escolar. Para isso, apresentarei algumas considerações sobre o uso de tecnologias como recurso didático-tecnológico no ensino de línguas estrangeiras, notadamente vídeos e filmes
Papers by Wellington Borges
Os efeitos colaterais da pandemia na docência do Ensino Básico e Superior
Neste capítulo apresento a análise de indicadores do CETIC.BR sobre o uso de tecnologias digitais... more Neste capítulo apresento a análise de indicadores do CETIC.BR sobre o uso de tecnologias digitais por professores para o ano de 2019, antes do início da Pandemia de SARS-COV-19 para identificar alguns dos motivos que levaram professores a ter dificuldades em relação ao uso de TICs durante o distanciamento social.
Pontos de Interrogação, 2022
Este trabalho apresenta um estudo de cunho narrativo sobre a adoção de estratégias de afetividade... more Este trabalho apresenta um estudo de cunho narrativo sobre a adoção de estratégias de afetividade no ensino de língua inglesa para crianças na primeira infância com idades entre 2 a 4 anos. A partir da proposta de autorreflexão narrativa feita a uma professora em início de carreira, o texto analisa a trajetória inicial percorrida pela docente ao assumir a função de professora de inglês em um contexto de rejeição e tensão causadas pela substituição da professora anterior. Com o objetivo de analisar o papel da afetividade nos processos de adaptação dos alunos e da professora em sua primeira experiência didática com essa faixa etária, adotamos como pressuposto teórico para as análises a hipótese do filtro afetivo proposta por Krashen (1984). Os resultados mostraram que após a quebra de barreiras como a alta ansiedade e a baixa autoconfiança, a professora percebia que as crianças se sentiram mais confortáveis com a substituição assim como mais motivadas em produzir na língua alvo em conversas cotidianas entre eles e no ambiente doméstico.
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Books by Wellington Borges
Assim, mais notadamente a partir de meados do século XX, presenciamos a popularização das diversas teorias de cunho funcionalista, do mesmo modo que vimos o crescimento de uma perspectiva social aplicada à linguagem, além da popularização de novos objetos de estudo que haviam ficado de fora da proposta original da ciência linguística do início dos anos 1900, dentre eles o texto, as relações entre pensamento e linguagem e a oralidade. Mais recentemente, especialmente no final do século XX e nas primeiras décadas do século XXI, a mídia, a publicidade e as linguagens emergentes decorrentes de novas formas de comunicação também vêm desafiando linguistas a empreenderem novas investigações para compreender os contextos comunicacionais contemporâneos e as práticas de linguagem tal como elas se manifestam atualmente.
Contudo, enquanto de um lado a linguística parece abarcar abertamente novas abordagens e fenômenos, do outro, também é perceptível que enfrentamos certo desconforto com o estudo de alguns desses novos objetos e campos teóricos. No que diz respeito à própria concepção de linguagem, por exemplo, podemos observar que, embora cada vez mais os sistemas de comunicação priorizem linguagens que extrapolam a canonicidade do texto verbal, muitos estudiosos da linguagem ainda têm dificuldades em aceitar a imagem como uma forma de expressão tão complexa e expressiva como o código escrito. Em parte, essa é uma herança do modo como a própria ciência linguística se consolidou ao longo do século passado, ao adotar como parâmetro a
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análise somente dos fenômenos ligados ao texto escrito, vistos como mais dignos de análise e, implicitamente, mais facilmente observáveis. Isso levou a uma relativa demora no surgimento de outras perspectivas que dessem conta de múltiplas outras linguagens e práticas comunicativas. Somente com a emergência e a popularização das tecnologias da informação e comunicação nas últimas décadas é que fomos, gradualmente, sendo provocados a adotar novos pontos de vista.
Desse modo, aos poucos vimos crescer alternativas teóricas que especificamente voltadas para permitir a compreensão da linguagem multifacetada dos “novos” meios de comunicação e presentes nos parâmetros interacionais adotados no século XXI, cada vez mais mediados pelas tecnologias digitais, a internet e a publicidade. Entre elas estão abordagens como a dos Multiletramentos e a Teoria da Multimodalidade, que vêm ganhando força por compreenderem que a linguagem humana é, de fato, composta por uma multiplicidade de códigos semióticos e práticas sociais situadas em contextos específicos, todas dignas de análise sob o escopo da ciência linguística. Isso tem aberto, sem dúvida, novas possibilidades de investigação, assim como alguns conflitos dentro da própria área. Alguns desses conflitos serão discutidos mais a fundo no capítulo 1 deste livro.
Nesses novos contextos investigativos, conceitos como texto e leitura também vêm passando por reformulações. O texto, por exemplo, deixa de ser encarado como uma manifestação predominante verbal da linguagem humana para ser interpretado como um fenômeno multissemiótico, composto por letras, imagens estáticas, imagens em movimento, cores e, por vezes, texturas, cheiros, dentre outros componentes que até bem pouco tempo eram impensáveis como objetos dos estudos linguísticos. A leitura, por sua vez, também tem deixado de ser vista como um processo predominantemente passivo, no qual o leitor recupera as informações do texto por meio da decodificação do que está escrito e passa a ser vista como um processo ativo, em que significados são construídos pela interação do leitor com os variados recursos semióticos que o texto traz, todos situados de acordo com as escolhas organizacionais do próprio texto, assim como com as convenções sociais e culturais que os rodeiam. Ainda decorrentes disso, discussões sobre o ensino e sobre a aprendizagem de línguas também têm ganhado novos tratamentos, já que é evidente que não podemos mais encarar situações de aprendizagem (sejam elas formais ou informais) com os mesmos olhares de antigamente.
Diante dessa complexidade, desde 2011 o Grupo de Pesquisa “Mediações Tecnológicas no Ensino e Aprendizado de Línguas” (CNPq/UFPI/UESPI) se dedica a investigar alguns dos diversos aspectos
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relativos às práticas de linguagem mediadas por tecnologias digitais. A leitura, sendo uma delas, também é um dos focos de pesquisa do grupo, notadamente suas relações com as tecnologias, com os novos suportes para abrigar e divulgar textos, assim como os “novos” códigos deles decorrentes. Atualmente, o grupo fomenta pesquisas a nível de graduação (iniciação científica – IC/ICV e trabalhos de conclusão de curso - TCC), assim como pesquisas em nível de pós-graduação (tanto latu sensu quanto strictu sensu), integrando diretamente três instituições públicas de ensino superior no Piauí, a Universidade Federal do Piauí (UFPI), a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e o Instituto Federal do Piauí (IFPI), além de repercutir em instituições de ensino públicas e privadas da educação básica no estado.
Neste livro, apresentamos uma coletânea de textos que ilustram algumas das investigações conduzidas pelo grupo, a nível de pós-graduação. Ao todo, são 8 capítulos voltados para a reflexão sobre a leitura multimodal em ambientes digitais. No primeiro capítulo, de autoria do organizador deste volume, são trazidos debates sobre as dificuldades e novas perspectivas dentro dos estudos linguísticos para a incorporação do textos multimodal e do letramento visual à área e ao ensino de leitura. No segundo capítulo, por sua vez, Thaísa Renata Marques Bacelar apresenta os resultados de um estudo comparativo que analisou o papel do letramento escolar na leitura de textos impressos e de textos digitais. Já no capítulo três, Jaqueline Silva Santos analisa as estratégias argumentativas por trás das campanhas antitabagistas em carteiras de cigarro. No quarto capítulo, por sua vez, Larissa Bianca Neves da Conceição Silva nos traz uma análise da leitura multimodal de textos audiovisuais por meio do uso de uma aparelhos de rastreamento ocular (eye tracking). No capítulo cinco, é Liviane da Silva Martins quem nos traz uma reflexão sobre a complexidade da leitura multimodal e as múltiplas habilidades que ela requer. Por sua vez, no capítulo seis, Aline Cristiane Morais de Souza Soares discute sobre os conceitos de letramento, multiletramento e letramento digital e suas implicações para a leitura. Já no capítulo sete, Irismar da Silva Gonçalves reflete sobre o fenômeno booktuber e sobre o seu papel enquanto fomentador de grupos de leitura online. Por fim, no capítulo oito, são Nayara Rocha Mendonça e Vânia Soares Barbosa quem descrevem narrativas do Twitter e suas implicações para o ensino de línguas.
Com este livro, além de compartilharmos os conhecimentos produzidos pelo Grupo de Pesquisa, esperamos oferecer pontos de vista alternativos para que leitores que se interessem pelo estudo da leitura mediada por artefatos tecnológicos possam refletir sobre a necessidade de repensarmos as práticas de linguagem como fenômenos moldados
socioculturalmente e, portanto, flexíveis e multissemióticos. Desejamos, então, uma leitura prazerosa e intigante.
music, TV shows, on the Internet, in video games, amongst many
other places and means of communication. Because of that, there is
a need for students to have some knowledge of English as a foreign
language and become able to communicate in that language.
changed from gestures, grunts and images on cave walls to words,
either spoken or written. With time, these became the standard
way of expressing new experiences and impressions of the world.
This close relation between the knowledge of the lexicon and
communication is cleared by Neuman & Dwyer (2009), as they
define vocabulary as the words we must know to communicate
effectively: words in speaking (expressive vocabulary) and words in
listening (receptive vocabulary).
Entretanto, esse ponto de vista vem sendo substituído à medida que os meios de comunicação e da tecnologia da informação se estabelecem como espaços para a socialização e para o aprendizado. Influenciados por outros recursos tecnológicos como o computador e a internet, as produções audiovisuais estão presentes em uma variedade de ambientes, incluindo escolas, mostrando que a popularização de recursos tecnológicos pode oferecer novas possibilidades para as práticas tradicionais de ensino, consolidando novos hábitos, valores e tipos de interação. No ensino de línguas estrangeiras, por exemplo, é frequente a ideia de que recursos audiovisuais podem oferecer experiências mais autênticas e significativas de aprendizagem do que os materiais didáticos tradicionais, como livros e CDs.
Contudo, a inserção de tecnologias no ensino não é um processo simples, uma vez que ela depende de diversos fatores, dentre os quais estão aqueles relacionados aos professores. São eles, na verdade, que determinam se um recurso tecnológico será ou não implementado com eficácia na escola.
Neste livro, discuto sobre o papel do professor como um elemento-chave para que a adoção de ferramentas tecnológicas ocorra no ambiente escolar. Para isso, apresentarei algumas considerações sobre o uso de tecnologias como recurso didático-tecnológico no ensino de línguas estrangeiras, notadamente vídeos e filmes
Papers by Wellington Borges
Assim, mais notadamente a partir de meados do século XX, presenciamos a popularização das diversas teorias de cunho funcionalista, do mesmo modo que vimos o crescimento de uma perspectiva social aplicada à linguagem, além da popularização de novos objetos de estudo que haviam ficado de fora da proposta original da ciência linguística do início dos anos 1900, dentre eles o texto, as relações entre pensamento e linguagem e a oralidade. Mais recentemente, especialmente no final do século XX e nas primeiras décadas do século XXI, a mídia, a publicidade e as linguagens emergentes decorrentes de novas formas de comunicação também vêm desafiando linguistas a empreenderem novas investigações para compreender os contextos comunicacionais contemporâneos e as práticas de linguagem tal como elas se manifestam atualmente.
Contudo, enquanto de um lado a linguística parece abarcar abertamente novas abordagens e fenômenos, do outro, também é perceptível que enfrentamos certo desconforto com o estudo de alguns desses novos objetos e campos teóricos. No que diz respeito à própria concepção de linguagem, por exemplo, podemos observar que, embora cada vez mais os sistemas de comunicação priorizem linguagens que extrapolam a canonicidade do texto verbal, muitos estudiosos da linguagem ainda têm dificuldades em aceitar a imagem como uma forma de expressão tão complexa e expressiva como o código escrito. Em parte, essa é uma herança do modo como a própria ciência linguística se consolidou ao longo do século passado, ao adotar como parâmetro a
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análise somente dos fenômenos ligados ao texto escrito, vistos como mais dignos de análise e, implicitamente, mais facilmente observáveis. Isso levou a uma relativa demora no surgimento de outras perspectivas que dessem conta de múltiplas outras linguagens e práticas comunicativas. Somente com a emergência e a popularização das tecnologias da informação e comunicação nas últimas décadas é que fomos, gradualmente, sendo provocados a adotar novos pontos de vista.
Desse modo, aos poucos vimos crescer alternativas teóricas que especificamente voltadas para permitir a compreensão da linguagem multifacetada dos “novos” meios de comunicação e presentes nos parâmetros interacionais adotados no século XXI, cada vez mais mediados pelas tecnologias digitais, a internet e a publicidade. Entre elas estão abordagens como a dos Multiletramentos e a Teoria da Multimodalidade, que vêm ganhando força por compreenderem que a linguagem humana é, de fato, composta por uma multiplicidade de códigos semióticos e práticas sociais situadas em contextos específicos, todas dignas de análise sob o escopo da ciência linguística. Isso tem aberto, sem dúvida, novas possibilidades de investigação, assim como alguns conflitos dentro da própria área. Alguns desses conflitos serão discutidos mais a fundo no capítulo 1 deste livro.
Nesses novos contextos investigativos, conceitos como texto e leitura também vêm passando por reformulações. O texto, por exemplo, deixa de ser encarado como uma manifestação predominante verbal da linguagem humana para ser interpretado como um fenômeno multissemiótico, composto por letras, imagens estáticas, imagens em movimento, cores e, por vezes, texturas, cheiros, dentre outros componentes que até bem pouco tempo eram impensáveis como objetos dos estudos linguísticos. A leitura, por sua vez, também tem deixado de ser vista como um processo predominantemente passivo, no qual o leitor recupera as informações do texto por meio da decodificação do que está escrito e passa a ser vista como um processo ativo, em que significados são construídos pela interação do leitor com os variados recursos semióticos que o texto traz, todos situados de acordo com as escolhas organizacionais do próprio texto, assim como com as convenções sociais e culturais que os rodeiam. Ainda decorrentes disso, discussões sobre o ensino e sobre a aprendizagem de línguas também têm ganhado novos tratamentos, já que é evidente que não podemos mais encarar situações de aprendizagem (sejam elas formais ou informais) com os mesmos olhares de antigamente.
Diante dessa complexidade, desde 2011 o Grupo de Pesquisa “Mediações Tecnológicas no Ensino e Aprendizado de Línguas” (CNPq/UFPI/UESPI) se dedica a investigar alguns dos diversos aspectos
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relativos às práticas de linguagem mediadas por tecnologias digitais. A leitura, sendo uma delas, também é um dos focos de pesquisa do grupo, notadamente suas relações com as tecnologias, com os novos suportes para abrigar e divulgar textos, assim como os “novos” códigos deles decorrentes. Atualmente, o grupo fomenta pesquisas a nível de graduação (iniciação científica – IC/ICV e trabalhos de conclusão de curso - TCC), assim como pesquisas em nível de pós-graduação (tanto latu sensu quanto strictu sensu), integrando diretamente três instituições públicas de ensino superior no Piauí, a Universidade Federal do Piauí (UFPI), a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e o Instituto Federal do Piauí (IFPI), além de repercutir em instituições de ensino públicas e privadas da educação básica no estado.
Neste livro, apresentamos uma coletânea de textos que ilustram algumas das investigações conduzidas pelo grupo, a nível de pós-graduação. Ao todo, são 8 capítulos voltados para a reflexão sobre a leitura multimodal em ambientes digitais. No primeiro capítulo, de autoria do organizador deste volume, são trazidos debates sobre as dificuldades e novas perspectivas dentro dos estudos linguísticos para a incorporação do textos multimodal e do letramento visual à área e ao ensino de leitura. No segundo capítulo, por sua vez, Thaísa Renata Marques Bacelar apresenta os resultados de um estudo comparativo que analisou o papel do letramento escolar na leitura de textos impressos e de textos digitais. Já no capítulo três, Jaqueline Silva Santos analisa as estratégias argumentativas por trás das campanhas antitabagistas em carteiras de cigarro. No quarto capítulo, por sua vez, Larissa Bianca Neves da Conceição Silva nos traz uma análise da leitura multimodal de textos audiovisuais por meio do uso de uma aparelhos de rastreamento ocular (eye tracking). No capítulo cinco, é Liviane da Silva Martins quem nos traz uma reflexão sobre a complexidade da leitura multimodal e as múltiplas habilidades que ela requer. Por sua vez, no capítulo seis, Aline Cristiane Morais de Souza Soares discute sobre os conceitos de letramento, multiletramento e letramento digital e suas implicações para a leitura. Já no capítulo sete, Irismar da Silva Gonçalves reflete sobre o fenômeno booktuber e sobre o seu papel enquanto fomentador de grupos de leitura online. Por fim, no capítulo oito, são Nayara Rocha Mendonça e Vânia Soares Barbosa quem descrevem narrativas do Twitter e suas implicações para o ensino de línguas.
Com este livro, além de compartilharmos os conhecimentos produzidos pelo Grupo de Pesquisa, esperamos oferecer pontos de vista alternativos para que leitores que se interessem pelo estudo da leitura mediada por artefatos tecnológicos possam refletir sobre a necessidade de repensarmos as práticas de linguagem como fenômenos moldados
socioculturalmente e, portanto, flexíveis e multissemióticos. Desejamos, então, uma leitura prazerosa e intigante.
music, TV shows, on the Internet, in video games, amongst many
other places and means of communication. Because of that, there is
a need for students to have some knowledge of English as a foreign
language and become able to communicate in that language.
changed from gestures, grunts and images on cave walls to words,
either spoken or written. With time, these became the standard
way of expressing new experiences and impressions of the world.
This close relation between the knowledge of the lexicon and
communication is cleared by Neuman & Dwyer (2009), as they
define vocabulary as the words we must know to communicate
effectively: words in speaking (expressive vocabulary) and words in
listening (receptive vocabulary).
Entretanto, esse ponto de vista vem sendo substituído à medida que os meios de comunicação e da tecnologia da informação se estabelecem como espaços para a socialização e para o aprendizado. Influenciados por outros recursos tecnológicos como o computador e a internet, as produções audiovisuais estão presentes em uma variedade de ambientes, incluindo escolas, mostrando que a popularização de recursos tecnológicos pode oferecer novas possibilidades para as práticas tradicionais de ensino, consolidando novos hábitos, valores e tipos de interação. No ensino de línguas estrangeiras, por exemplo, é frequente a ideia de que recursos audiovisuais podem oferecer experiências mais autênticas e significativas de aprendizagem do que os materiais didáticos tradicionais, como livros e CDs.
Contudo, a inserção de tecnologias no ensino não é um processo simples, uma vez que ela depende de diversos fatores, dentre os quais estão aqueles relacionados aos professores. São eles, na verdade, que determinam se um recurso tecnológico será ou não implementado com eficácia na escola.
Neste livro, discuto sobre o papel do professor como um elemento-chave para que a adoção de ferramentas tecnológicas ocorra no ambiente escolar. Para isso, apresentarei algumas considerações sobre o uso de tecnologias como recurso didático-tecnológico no ensino de línguas estrangeiras, notadamente vídeos e filmes
integradas ao desenvolvimento de nossas ações diárias, incluindo aquelas que pertencem ao
ambiente escolar, fazem-se necessárias reflexões sobre as possibilidades de uso que elas
oferecem dentro e fora da escola. Dessa forma, entendemos que o contexto escolar é um dos
responsáveis em mostrar aos aprendizes, possibilidades para agir nos contextos virtuais. No
ensino de língua, por exemplo, cabe a ele estimular novas práticas letradas por meio da
percepção das TDICs como ferramentas que possibilitam o autoconhecimento e a autonomia
da aprendizagem. Neste sentido, este trabalho se propõe a discutir brevemente sobre o papel
do letramento digital para a aprendizagem autônoma de línguas estrangeiras, notadamente da
língua espanhola. O texto apresenta, ainda, os resultados de uma pesquisa qualitativa que
visou identificar o modo como um grupo de adolescentes vê e utiliza as TDICs para aprender
espanhol de modo autônomo. Os participantes foram selecionados aleatoriamente dentre os
alunos do ensino médio de uma escola pública federal brasileira. As análises
“microletramento digital”, os aprendizes absorvem melhor as possibilidades que o ambiente
virtual pode lhes oferecer com relação à aprendizagem autônoma da língua espanhola.
Também foi possível verificar que os agentes pesquisados perceberam que as TDICs são
agentes que propiciam a interação entre os povos de outras nacionalidades, fomentando dessa
forma, a interculturalidade, mas que ao mesmo tempo os usuários necessitavam de maiores
orientações sobre como utilizar tais ferramentas.