Neste trabalho, parte de uma pesquisa de doutorado em Geografia em andamento, propomos uma reflex... more Neste trabalho, parte de uma pesquisa de doutorado em Geografia em andamento, propomos uma reflexão do pensamento da antropóloga Lélia Gonzalez (1935-1994) e da historiadora Beatriz Nascimento (1942-1995), acerca das posições e condições de mulheres negras no mercado de trabalho, com especial atenção às suas contribuições sobre o trabalho doméstico remunerado. Para tanto, realizamos o levantamento dos textos destas autoras que tratam de temas como mercado de trabalho, exploração econômica-sexual de mulheres negras, representações, entre outros; e abordamos as principais contribuições destas para a compreensão da condição histórica de exploração e desamparo vivenciada, também, no mercado de trabalho. Buscamos ainda relacionar o pensamento destas com outras autoras também comprometidas a interpretar e denunciar os diferentes mecanismos de subordinação da população negra no Brasil, com especial relevo à condição de mulheres negras.
Este é um estudo bibliográfico inserido
numa pesquisa mais ampla com a
intelectualidade negra dos... more Este é um estudo bibliográfico inserido numa pesquisa mais ampla com a intelectualidade negra dos anos 1970 e 1980, na qual expresso também minha experiência pessoal e coletiva. O foco é a obra e a trajetória de Lélia Gonzalez (1935-1994) e sua relação com a antropologia, com falas e escritas insurgentes, retomada como disputa epistemológica, no contexto das ações afirmativas. A matéria-prima está constituída por um acervo de textos originais e republicados – ensaios, artigos, entrevistas, discursos – e algumas imagens publicadas de arquivos pessoais da autora ativista
Com base em uma trajetória de estudos e pesquisas, de leituras, observações e intervenções, o pri... more Com base em uma trajetória de estudos e pesquisas, de leituras, observações e intervenções, o principal objetivo impresso neste artigo é problematizar o lugar epistemológico da questão etnicorracial na ciência geográfica, a partir de sua modernidade-colonialidade, tendo em vista a sociedade brasileira no sistema-mundo, com foco nas coletividades negras, por vezes referenciando quilombolas e indígenas. No escopo do artigo, inicialmente abordo a geografia como uma ciência moderna-colonial, cuja narrativa de formação pouco a vincula à colonização e ao colonialismo e, menos ainda, à questão racial. Prossigo tecendo considerações acerca de raça e etnia no quadro do sistema-mundo moderno-colonial com foco em autores franceses. Na sequência, indico duas tendências de geógrafos/as brasileiros/as: 1. Aqueles e aquela que vislumbraram a questão étnica e/ou racial, mas não enveredaram por ela; 2. Aqueles e aquelas que trabalham diretamente com a questão, pautando inclusive sua identificação com o campo. Por fim, me detenho em alguns apontamentos para pensar as questões da diferença-étnicas e raciais-como pauta de estudos geográficos, tendo em mente transformações sociais e deslocamentos epistemológicos. Palavras-chave: questão etnicorracial, diferença, território, geografia The ethnic and / or racial issue in space: the difference in territory and geography ABSTRACT This paper is based on a group of studies, researchs, readings, observations and interventions. The main aim is to problematize the epistemological place of the ethnic and racial question in geographic science based on its modernity-coloniality and considering the Brazilian society in the world-system-focusing on black collectivities, quilombolas and indigenous peoples. I initially approached geography as a modern-colonial science, whose narrative of formation has little connection with colonization and colonialism and, even less, with the racial issue. Next, I make considerations about race and ethnicity within the framework of the modern-colonial world-system, the focus is given on French authors. In the sequence, I indicate two tendencies of Brazilian geographers: 1. Those that glimpsed the ethnic and/or racial issue, but not discussed it; 2. Those who work directly with the themes and identified themselves with the field of research. Finally, I summarise some points to think about the issues of difference-ethnic and racial-as an agenda for geographic studies for social transformations and epistemological displacements.
Uma Geografia do século XXI: temas e tensões, 2020
A autora e os autores apresentam uma leitura do corpo e da corporeidade na obra de Milton Santos ... more A autora e os autores apresentam uma leitura do corpo e da corporeidade na obra de Milton Santos e sua relevância para o debate acerca das cidadanias incompletas, sobretudo para indivíduos e coletividades negras. O capítulo apresenta, ainda, uma retomada do pensamento geográ¬fico brasileiro e sua relação com os conceitos de gênero, sexualidades, raça e etnias que, segundo o texto, aos poucos foram rompendo o padrão de uma Geografia branca, colonial, masculina, ocidentalizada e cartesiana.
A autora e os autores apresentam uma leitura do corpo e da corporeidade na obra de Milton Santos ... more A autora e os autores apresentam uma leitura do corpo e da corporeidade na obra de Milton Santos e sua relevância para o debate acerca das cidadanias incompletas, sobretudo para indivíduos e coletividades negras. O capítulo apresenta, ainda, uma retomada do pensamento geográ¬fico brasileiro e sua relação com os conceitos de gênero, sexualidades, raça e etnias que, segundo o texto, aos poucos foram rompendo o padrão de uma Geografia branca, colonial, masculina, ocidentalizada e cartesiana.
Resumo: Este artigo apresenta uma pesquisa de doutorado em andamento sobre diferença e identidade... more Resumo: Este artigo apresenta uma pesquisa de doutorado em andamento sobre diferença e identidade cultural na formação inicial e continuada de professores(as) de Geografia, mais especificamente as questões etnicorraciais e regionais. Trata-se de um estudo bibliográfico e de campo, realizado no município de Redenção, PA/Brasil, com o seguinte itinerário metodológico: levantamento do acervo de artigos, dissertações e teses em bancos de dados eletrônicos, como periódicos científicos, sites de programas de pós-graduação em Geografia e a Plataforma Sucupira/Capes. Livros complementaram as fontes. A sistematização das visões dos(as) autores(as) resultou num mapa conceitual que evidencia a necessidade de maior atenção da Geografia para com a identidade e a diferença no espaço escolar.
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, 2017
O objetivo da pesquisa é investigar a presença de disciplinas no currículo de Geografia que abord... more O objetivo da pesquisa é investigar a presença de disciplinas no currículo de Geografia que abordam temas de gênero e sexualidade. Com recorte ao espaço escolar, observamos que as relações de poder da heteronormatividade são, sem questionamentos, institucionalizadas na prática escolar diária.
Ativistas e acadêmicas/os que transitam entre os movimentos negro, feminista e lgbt em seus escri... more Ativistas e acadêmicas/os que transitam entre os movimentos negro, feminista e lgbt em seus escritos e falas públicas se referem aos textos não ficcionais de autora negras cuja produção passa a circular no Brasil nos anos 1970, sobretudo na década seguinte e em períodos posteriores. Sem almejar fazer um levantamento extenso de artigos acadêmicos e de opinião, destaco temas que permeiam a obra não ficcional de autoras negras brasileiras e estadunidenses, dentre os quais: 1. A escrita de si em relação às outras mulheres, aos homens e ao país, focando a experiência de ser mulher negra, de viver o racismo, o sexismo e, também, a situação de pobreza, incluindo a ênfase nas razões da escrita e da busca artística; 2. A reflexão acerca de corpo e imagem; 3. Os escritos que tratam da afetividade; 4. A "interseccionalidade" (antes de existir o conceito) entre raça, sexo, classe e também, espaço, assim como outros "marcadores da diferença"; 5. Distintas e diferenciadas aproximações com o feminismo. Observo esta aproximação de perspectiva entre escritoras negras ou não brancas, brasileiras e estadunidenses como. Palavras-chave: Escritoras negras. Interseccionalidade. Feminismo. E eu verificava uma anterioridade do movimento negro na colocação de uma série de questões para o movimento feminista, que, por sua vez, passou para o movimento homossexual e, de repente, você constata isso a partir de uma experiência concreta. Lélia Gonzalez-Entrevista. Jornal do MNU, 1991. Dentro da comunidade lésbica eu sou Negra, e dentro da comunidade Negra eu sou lésbica. Qualquer ataque contra pessoas Negras é uma questão lésbica e gay porque eu e centenas de outras mulheres Negras somos partes da comunidade lésbica. Qualquer ataque contra lésbicas e gays é uma questão Negra, porque centenas de lésbicas e homens gays são Negros. Não há hierarquias de opressão. Audre Lorde-Não há hierarquias de opressão. Esta comunicação tem por objetivo analisar os escritos de intelectuais ativistas negras cujos textos vêm a público no Brasil nos anos 1970 e 1980, período da ditadura militar e da reorganização do movimento negro, e que tratam da correlação entre as noções de raça, sexo/gênero, classe e outros "marcadores da diferença", antes de haver o conceito de interseccionalidade, e cotejá-los com a produção feita nos Estados Unidos que, de vários modos, é conhecida da militância brasileira, acadêmica ou não. O corpus de textos está, por enquanto, limitado aos artigos e livros publicados em português, ainda que algumas autoras brasileiras tenham publicado nos Estados Unidos e em países da América Latina. Agrego igualmente alguns ensaios inéditos da pesquisa com a trajetória e a obra de
Este artigo não é a rememoração de uma trajetória pessoal e sim de
um deslocamento coletivo que n... more Este artigo não é a rememoração de uma trajetória pessoal e sim de um deslocamento coletivo que não foi planejado. O foco é uma linhagem que um grupo de pesquisadoras/es com formação em geografia traça, tendo um cabedal comum e outros que são acionados, entre temas étnicos e raciais com estudos realizados em Fortaleza (UFC), no Cariri cearense (URCA), em Goiânia (UFG) e em Araguaína (UFT).
RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: UM PERCURSO PARA EDUCADORES Volume II, 2012
Neste texto discutimos desde os antigos quilombos africanos e brasileiros dos séculos XVI e XVII,... more Neste texto discutimos desde os antigos quilombos africanos e brasileiros dos séculos XVI e XVII, passando pela grande variedade dessas comunidades dos séculos seguintes, pelos significados de quilombo para a sociedade brasileira e para o movimento social negro e quilombola, por fim, abordamos a situação dos quilombos contemporâneos.
Publicado em português no Brasil à época da ditadura militar, é surpreendente descobrir a quantid... more Publicado em português no Brasil à época da ditadura militar, é surpreendente descobrir a quantidade de obras traduzidas, o que demonstra o interesse de um público variado: pessoas “de esquerda”, negras e homossexuais . Na leitura tanto dos ensaios políticos, escritos no calor do Movimento pelos Direitos Civis do qual ele é uma voz ativa, como dos romances, é notória a abordagem da sexualidade masculina
O título deste artigo pode ter várias interpretações. Proponho apenas uma delas que consiste na v... more O título deste artigo pode ter várias interpretações. Proponho apenas uma delas que consiste na vontade de abordar a diversidade de pontos de vista de pesquisadores/as e militantes negros/as que se dedicam à temática do quilombo . “Jovens, negros e talentosos” da geração de em emergência nos anos 1970 e 1980, muitos/as restam esquecidos/as na academia brasileira.
Este artigo trata da presença diferencial negra e indígena no território que corresponde ao estad... more Este artigo trata da presença diferencial negra e indígena no território que corresponde ao estado do Ceará em dois planos: o simbólico e o territorial. A primeira parte advém de uma observação das marcas espaciais da colonialidade no espaço urbano de cidades brasileiras, com foco em Fortaleza, e a outra trata do quadro de reaparecimento político que vem desde os anos 1990. O trabalho está redigido com base em percursos pela capital e também em estudos bibliográficos interdisciplinares. Palavras-chave: diferença, território, negro, indígena. RESUMEN Este artículo se ocupa de la presencia diferencial negra y indígena en el territorio correspondiente al estado de Ceará en dos planos: lo simbólico y territorial. La primera parte trata de una observación de las marcas de espacio del colonialismo en las zonas urbanas de las ciudades brasileñas, centrándose en Fortaleza, y la otra analiza el escenario de reaparición política que se remonta a la década de 1990. El trabajo se elaboró en base a rutas de senderismo a través de la capital y en estudios bibliográficos interdisciplinarios. Palabras clabe: diferencia, território, negro, indígena. RESUME Cet article traite de la présence différentiel noire et indigène au territoire correspondant à l'état du Ceará en deux plans: le symbolique et le territoriale. La première partie vient d'une observation des marques de la colonialité dans l"espace urbaine des villes brésiliennes, se concentrant à Fortaleza, et l'autre traite de la résurgence politique qui remonte aux années 1990. Le travail est élaboré sur la base des routes pour la capitale et aussi dans les études bibliographiques interdisciplinaires.
O conteúdo a expor nesta comunicação origina-se de um duplo processo de amalgamar e aglutinar idé... more O conteúdo a expor nesta comunicação origina-se de um duplo processo de amalgamar e aglutinar idéias e observações ao longo de uma década, período que corresponde ao tempo de antes, durante e depois dos cursos de mestrado e doutorado. Síntese teórica de uma “aventura intelectual” em curso – o trânsito entre os saberes disciplinares da geografia e da antropologia –, o texto refere-se também ao trabalho de campo concluído com grupos indígenas e comunidades negras rurais situadas no estado do Ceará.
O mito de um país formado harmonicamente por três raças – indígena, branca e negra – é uma “ideol... more O mito de um país formado harmonicamente por três raças – indígena, branca e negra – é uma “ideologia geográfica” que permeia as interpretações da nação e do território brasileiros, desde aos anos 1930. Um paulatino aparecimento político de negros, quilombolas e indígenas no cenário nacional marca o debate público e os estudos acadêmicos desde os anos 1970 e levou à adoção de políticas de Ações Afirmativas no século 21. No que diz respeito à Geografia e ao ensino da disciplina, nota-se o crescimento do interesse acerca desses temas bem como em situações que perpassam da escala local à mundial: conflitos fundiários, segregação espacial, e constituição de lugares étnicos (expressões espaciais da identidade negra, indígena, quilombola, cigana) num mundo racializado.
O título desse artigo traz seu tema e porta um sonho de algum tempo: reencontrar e reelaborar, n... more O título desse artigo traz seu tema e porta um sonho de algum tempo: reencontrar e reelaborar, na esteira de alguns Autores, uma abordagem geográfica da etnicidade e de sua espacialidade. Dentre as diversas motivações para escrevê-lo, declaramos o intento de revisitar passos trilhados na geografia e na pesquisa acerca de grupos indígenas e negros no Brasil. Não o faremos como uma deriva biográfica, mas enquanto questões que aparecem na trajetória intelectual e assumem outros contornos e conteúdos segundo “o espírito do tempo”, o que inclui a própria configuração da Geografia Cultural neste país.
No Ceará, nos anos 80, inicia-se um processo de “aparecimento” de grupos indígenas desconhecidos ... more No Ceará, nos anos 80, inicia-se um processo de “aparecimento” de grupos indígenas desconhecidos ou considerados extintos e “descoberta” de agrupamentos negros, em contraposição a um senso comum bastante difundido, inclusive pela historiografia regional, da “extinção” dos índios e da “quase ausência” dos negros. No mesmo período verifica-se a constituição do movimento negro e do movimento indigenista no Estado. Esta comunicação, que constitui uma síntese de minha dissertação de mestrado , refere-se ao trabalho de campo realizado, em 1994 e 1995, entre os índios Tremembé de Almofala (Itarema-CE) e os Caetano de Conceição (Tururu-CE). Procuro, aqui, discutir um processo que, nos anos 90, está em plena vitalidade, não apenas no Ceará, mas por todo o Nordeste (reaparecimento de grupos indígenas) e pelo país (identificação de comunidades negras).
Neste ensaio, abordo a formação do movimento negro de base acadêmica na década de 1970. Em seguid... more Neste ensaio, abordo a formação do movimento negro de base acadêmica na década de 1970. Em seguida, discuto brevemente a constituição dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros entre os anos 1980 e 1990 e faço referência à criação dos Coletivos de Estudantes Negros/as na década seguinte, período concomitante à discussão e implementação de Ações Afirmativas e das cotas raciais. Na conclusão, trato da entrada de “corpos negros educados” no espaço acadêmico, com significativa atuação individual e coletiva.
Neste trabalho, parte de uma pesquisa de doutorado em Geografia em andamento, propomos uma reflex... more Neste trabalho, parte de uma pesquisa de doutorado em Geografia em andamento, propomos uma reflexão do pensamento da antropóloga Lélia Gonzalez (1935-1994) e da historiadora Beatriz Nascimento (1942-1995), acerca das posições e condições de mulheres negras no mercado de trabalho, com especial atenção às suas contribuições sobre o trabalho doméstico remunerado. Para tanto, realizamos o levantamento dos textos destas autoras que tratam de temas como mercado de trabalho, exploração econômica-sexual de mulheres negras, representações, entre outros; e abordamos as principais contribuições destas para a compreensão da condição histórica de exploração e desamparo vivenciada, também, no mercado de trabalho. Buscamos ainda relacionar o pensamento destas com outras autoras também comprometidas a interpretar e denunciar os diferentes mecanismos de subordinação da população negra no Brasil, com especial relevo à condição de mulheres negras.
Este é um estudo bibliográfico inserido
numa pesquisa mais ampla com a
intelectualidade negra dos... more Este é um estudo bibliográfico inserido numa pesquisa mais ampla com a intelectualidade negra dos anos 1970 e 1980, na qual expresso também minha experiência pessoal e coletiva. O foco é a obra e a trajetória de Lélia Gonzalez (1935-1994) e sua relação com a antropologia, com falas e escritas insurgentes, retomada como disputa epistemológica, no contexto das ações afirmativas. A matéria-prima está constituída por um acervo de textos originais e republicados – ensaios, artigos, entrevistas, discursos – e algumas imagens publicadas de arquivos pessoais da autora ativista
Com base em uma trajetória de estudos e pesquisas, de leituras, observações e intervenções, o pri... more Com base em uma trajetória de estudos e pesquisas, de leituras, observações e intervenções, o principal objetivo impresso neste artigo é problematizar o lugar epistemológico da questão etnicorracial na ciência geográfica, a partir de sua modernidade-colonialidade, tendo em vista a sociedade brasileira no sistema-mundo, com foco nas coletividades negras, por vezes referenciando quilombolas e indígenas. No escopo do artigo, inicialmente abordo a geografia como uma ciência moderna-colonial, cuja narrativa de formação pouco a vincula à colonização e ao colonialismo e, menos ainda, à questão racial. Prossigo tecendo considerações acerca de raça e etnia no quadro do sistema-mundo moderno-colonial com foco em autores franceses. Na sequência, indico duas tendências de geógrafos/as brasileiros/as: 1. Aqueles e aquela que vislumbraram a questão étnica e/ou racial, mas não enveredaram por ela; 2. Aqueles e aquelas que trabalham diretamente com a questão, pautando inclusive sua identificação com o campo. Por fim, me detenho em alguns apontamentos para pensar as questões da diferença-étnicas e raciais-como pauta de estudos geográficos, tendo em mente transformações sociais e deslocamentos epistemológicos. Palavras-chave: questão etnicorracial, diferença, território, geografia The ethnic and / or racial issue in space: the difference in territory and geography ABSTRACT This paper is based on a group of studies, researchs, readings, observations and interventions. The main aim is to problematize the epistemological place of the ethnic and racial question in geographic science based on its modernity-coloniality and considering the Brazilian society in the world-system-focusing on black collectivities, quilombolas and indigenous peoples. I initially approached geography as a modern-colonial science, whose narrative of formation has little connection with colonization and colonialism and, even less, with the racial issue. Next, I make considerations about race and ethnicity within the framework of the modern-colonial world-system, the focus is given on French authors. In the sequence, I indicate two tendencies of Brazilian geographers: 1. Those that glimpsed the ethnic and/or racial issue, but not discussed it; 2. Those who work directly with the themes and identified themselves with the field of research. Finally, I summarise some points to think about the issues of difference-ethnic and racial-as an agenda for geographic studies for social transformations and epistemological displacements.
Uma Geografia do século XXI: temas e tensões, 2020
A autora e os autores apresentam uma leitura do corpo e da corporeidade na obra de Milton Santos ... more A autora e os autores apresentam uma leitura do corpo e da corporeidade na obra de Milton Santos e sua relevância para o debate acerca das cidadanias incompletas, sobretudo para indivíduos e coletividades negras. O capítulo apresenta, ainda, uma retomada do pensamento geográ¬fico brasileiro e sua relação com os conceitos de gênero, sexualidades, raça e etnias que, segundo o texto, aos poucos foram rompendo o padrão de uma Geografia branca, colonial, masculina, ocidentalizada e cartesiana.
A autora e os autores apresentam uma leitura do corpo e da corporeidade na obra de Milton Santos ... more A autora e os autores apresentam uma leitura do corpo e da corporeidade na obra de Milton Santos e sua relevância para o debate acerca das cidadanias incompletas, sobretudo para indivíduos e coletividades negras. O capítulo apresenta, ainda, uma retomada do pensamento geográ¬fico brasileiro e sua relação com os conceitos de gênero, sexualidades, raça e etnias que, segundo o texto, aos poucos foram rompendo o padrão de uma Geografia branca, colonial, masculina, ocidentalizada e cartesiana.
Resumo: Este artigo apresenta uma pesquisa de doutorado em andamento sobre diferença e identidade... more Resumo: Este artigo apresenta uma pesquisa de doutorado em andamento sobre diferença e identidade cultural na formação inicial e continuada de professores(as) de Geografia, mais especificamente as questões etnicorraciais e regionais. Trata-se de um estudo bibliográfico e de campo, realizado no município de Redenção, PA/Brasil, com o seguinte itinerário metodológico: levantamento do acervo de artigos, dissertações e teses em bancos de dados eletrônicos, como periódicos científicos, sites de programas de pós-graduação em Geografia e a Plataforma Sucupira/Capes. Livros complementaram as fontes. A sistematização das visões dos(as) autores(as) resultou num mapa conceitual que evidencia a necessidade de maior atenção da Geografia para com a identidade e a diferença no espaço escolar.
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, 2017
O objetivo da pesquisa é investigar a presença de disciplinas no currículo de Geografia que abord... more O objetivo da pesquisa é investigar a presença de disciplinas no currículo de Geografia que abordam temas de gênero e sexualidade. Com recorte ao espaço escolar, observamos que as relações de poder da heteronormatividade são, sem questionamentos, institucionalizadas na prática escolar diária.
Ativistas e acadêmicas/os que transitam entre os movimentos negro, feminista e lgbt em seus escri... more Ativistas e acadêmicas/os que transitam entre os movimentos negro, feminista e lgbt em seus escritos e falas públicas se referem aos textos não ficcionais de autora negras cuja produção passa a circular no Brasil nos anos 1970, sobretudo na década seguinte e em períodos posteriores. Sem almejar fazer um levantamento extenso de artigos acadêmicos e de opinião, destaco temas que permeiam a obra não ficcional de autoras negras brasileiras e estadunidenses, dentre os quais: 1. A escrita de si em relação às outras mulheres, aos homens e ao país, focando a experiência de ser mulher negra, de viver o racismo, o sexismo e, também, a situação de pobreza, incluindo a ênfase nas razões da escrita e da busca artística; 2. A reflexão acerca de corpo e imagem; 3. Os escritos que tratam da afetividade; 4. A "interseccionalidade" (antes de existir o conceito) entre raça, sexo, classe e também, espaço, assim como outros "marcadores da diferença"; 5. Distintas e diferenciadas aproximações com o feminismo. Observo esta aproximação de perspectiva entre escritoras negras ou não brancas, brasileiras e estadunidenses como. Palavras-chave: Escritoras negras. Interseccionalidade. Feminismo. E eu verificava uma anterioridade do movimento negro na colocação de uma série de questões para o movimento feminista, que, por sua vez, passou para o movimento homossexual e, de repente, você constata isso a partir de uma experiência concreta. Lélia Gonzalez-Entrevista. Jornal do MNU, 1991. Dentro da comunidade lésbica eu sou Negra, e dentro da comunidade Negra eu sou lésbica. Qualquer ataque contra pessoas Negras é uma questão lésbica e gay porque eu e centenas de outras mulheres Negras somos partes da comunidade lésbica. Qualquer ataque contra lésbicas e gays é uma questão Negra, porque centenas de lésbicas e homens gays são Negros. Não há hierarquias de opressão. Audre Lorde-Não há hierarquias de opressão. Esta comunicação tem por objetivo analisar os escritos de intelectuais ativistas negras cujos textos vêm a público no Brasil nos anos 1970 e 1980, período da ditadura militar e da reorganização do movimento negro, e que tratam da correlação entre as noções de raça, sexo/gênero, classe e outros "marcadores da diferença", antes de haver o conceito de interseccionalidade, e cotejá-los com a produção feita nos Estados Unidos que, de vários modos, é conhecida da militância brasileira, acadêmica ou não. O corpus de textos está, por enquanto, limitado aos artigos e livros publicados em português, ainda que algumas autoras brasileiras tenham publicado nos Estados Unidos e em países da América Latina. Agrego igualmente alguns ensaios inéditos da pesquisa com a trajetória e a obra de
Este artigo não é a rememoração de uma trajetória pessoal e sim de
um deslocamento coletivo que n... more Este artigo não é a rememoração de uma trajetória pessoal e sim de um deslocamento coletivo que não foi planejado. O foco é uma linhagem que um grupo de pesquisadoras/es com formação em geografia traça, tendo um cabedal comum e outros que são acionados, entre temas étnicos e raciais com estudos realizados em Fortaleza (UFC), no Cariri cearense (URCA), em Goiânia (UFG) e em Araguaína (UFT).
RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: UM PERCURSO PARA EDUCADORES Volume II, 2012
Neste texto discutimos desde os antigos quilombos africanos e brasileiros dos séculos XVI e XVII,... more Neste texto discutimos desde os antigos quilombos africanos e brasileiros dos séculos XVI e XVII, passando pela grande variedade dessas comunidades dos séculos seguintes, pelos significados de quilombo para a sociedade brasileira e para o movimento social negro e quilombola, por fim, abordamos a situação dos quilombos contemporâneos.
Publicado em português no Brasil à época da ditadura militar, é surpreendente descobrir a quantid... more Publicado em português no Brasil à época da ditadura militar, é surpreendente descobrir a quantidade de obras traduzidas, o que demonstra o interesse de um público variado: pessoas “de esquerda”, negras e homossexuais . Na leitura tanto dos ensaios políticos, escritos no calor do Movimento pelos Direitos Civis do qual ele é uma voz ativa, como dos romances, é notória a abordagem da sexualidade masculina
O título deste artigo pode ter várias interpretações. Proponho apenas uma delas que consiste na v... more O título deste artigo pode ter várias interpretações. Proponho apenas uma delas que consiste na vontade de abordar a diversidade de pontos de vista de pesquisadores/as e militantes negros/as que se dedicam à temática do quilombo . “Jovens, negros e talentosos” da geração de em emergência nos anos 1970 e 1980, muitos/as restam esquecidos/as na academia brasileira.
Este artigo trata da presença diferencial negra e indígena no território que corresponde ao estad... more Este artigo trata da presença diferencial negra e indígena no território que corresponde ao estado do Ceará em dois planos: o simbólico e o territorial. A primeira parte advém de uma observação das marcas espaciais da colonialidade no espaço urbano de cidades brasileiras, com foco em Fortaleza, e a outra trata do quadro de reaparecimento político que vem desde os anos 1990. O trabalho está redigido com base em percursos pela capital e também em estudos bibliográficos interdisciplinares. Palavras-chave: diferença, território, negro, indígena. RESUMEN Este artículo se ocupa de la presencia diferencial negra y indígena en el territorio correspondiente al estado de Ceará en dos planos: lo simbólico y territorial. La primera parte trata de una observación de las marcas de espacio del colonialismo en las zonas urbanas de las ciudades brasileñas, centrándose en Fortaleza, y la otra analiza el escenario de reaparición política que se remonta a la década de 1990. El trabajo se elaboró en base a rutas de senderismo a través de la capital y en estudios bibliográficos interdisciplinarios. Palabras clabe: diferencia, território, negro, indígena. RESUME Cet article traite de la présence différentiel noire et indigène au territoire correspondant à l'état du Ceará en deux plans: le symbolique et le territoriale. La première partie vient d'une observation des marques de la colonialité dans l"espace urbaine des villes brésiliennes, se concentrant à Fortaleza, et l'autre traite de la résurgence politique qui remonte aux années 1990. Le travail est élaboré sur la base des routes pour la capitale et aussi dans les études bibliographiques interdisciplinaires.
O conteúdo a expor nesta comunicação origina-se de um duplo processo de amalgamar e aglutinar idé... more O conteúdo a expor nesta comunicação origina-se de um duplo processo de amalgamar e aglutinar idéias e observações ao longo de uma década, período que corresponde ao tempo de antes, durante e depois dos cursos de mestrado e doutorado. Síntese teórica de uma “aventura intelectual” em curso – o trânsito entre os saberes disciplinares da geografia e da antropologia –, o texto refere-se também ao trabalho de campo concluído com grupos indígenas e comunidades negras rurais situadas no estado do Ceará.
O mito de um país formado harmonicamente por três raças – indígena, branca e negra – é uma “ideol... more O mito de um país formado harmonicamente por três raças – indígena, branca e negra – é uma “ideologia geográfica” que permeia as interpretações da nação e do território brasileiros, desde aos anos 1930. Um paulatino aparecimento político de negros, quilombolas e indígenas no cenário nacional marca o debate público e os estudos acadêmicos desde os anos 1970 e levou à adoção de políticas de Ações Afirmativas no século 21. No que diz respeito à Geografia e ao ensino da disciplina, nota-se o crescimento do interesse acerca desses temas bem como em situações que perpassam da escala local à mundial: conflitos fundiários, segregação espacial, e constituição de lugares étnicos (expressões espaciais da identidade negra, indígena, quilombola, cigana) num mundo racializado.
O título desse artigo traz seu tema e porta um sonho de algum tempo: reencontrar e reelaborar, n... more O título desse artigo traz seu tema e porta um sonho de algum tempo: reencontrar e reelaborar, na esteira de alguns Autores, uma abordagem geográfica da etnicidade e de sua espacialidade. Dentre as diversas motivações para escrevê-lo, declaramos o intento de revisitar passos trilhados na geografia e na pesquisa acerca de grupos indígenas e negros no Brasil. Não o faremos como uma deriva biográfica, mas enquanto questões que aparecem na trajetória intelectual e assumem outros contornos e conteúdos segundo “o espírito do tempo”, o que inclui a própria configuração da Geografia Cultural neste país.
No Ceará, nos anos 80, inicia-se um processo de “aparecimento” de grupos indígenas desconhecidos ... more No Ceará, nos anos 80, inicia-se um processo de “aparecimento” de grupos indígenas desconhecidos ou considerados extintos e “descoberta” de agrupamentos negros, em contraposição a um senso comum bastante difundido, inclusive pela historiografia regional, da “extinção” dos índios e da “quase ausência” dos negros. No mesmo período verifica-se a constituição do movimento negro e do movimento indigenista no Estado. Esta comunicação, que constitui uma síntese de minha dissertação de mestrado , refere-se ao trabalho de campo realizado, em 1994 e 1995, entre os índios Tremembé de Almofala (Itarema-CE) e os Caetano de Conceição (Tururu-CE). Procuro, aqui, discutir um processo que, nos anos 90, está em plena vitalidade, não apenas no Ceará, mas por todo o Nordeste (reaparecimento de grupos indígenas) e pelo país (identificação de comunidades negras).
Neste ensaio, abordo a formação do movimento negro de base acadêmica na década de 1970. Em seguid... more Neste ensaio, abordo a formação do movimento negro de base acadêmica na década de 1970. Em seguida, discuto brevemente a constituição dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros entre os anos 1980 e 1990 e faço referência à criação dos Coletivos de Estudantes Negros/as na década seguinte, período concomitante à discussão e implementação de Ações Afirmativas e das cotas raciais. Na conclusão, trato da entrada de “corpos negros educados” no espaço acadêmico, com significativa atuação individual e coletiva.
O foco da pesquisa se dirige para uma rede de agrupamentos negros rurais e urbanos e para trajetó... more O foco da pesquisa se dirige para uma rede de agrupamentos negros rurais e urbanos e para trajetórias individuais que indicam deslocamentos coletivos. A partir de trabalho de campo realizado em Conceição dos Caetanos foram levantadas várias comunidades negras rurais situadas entre o litoral e o sertão no Estado do Ceará.
Nos anos 80, no Estado do Ceará, grupos indígenas “reapareceram” e agrupamentos negros foram “des... more Nos anos 80, no Estado do Ceará, grupos indígenas “reapareceram” e agrupamentos negros foram “descobertos”. O senso comum de que “no Ceará não há índios, nem negros” incide na historiografia regional e pode ser lido neste trabalho como uma tradição inventada: um discurso sobre o espaço que reserva para índios e negros a condição de invisíveis. A pesquisa entre os Tremembé de Almofala e os Caetano de Conceição, aponta que em tais coletividades, uma indígena e outra negra, a auto-representação de cada grupo e de seu território não se resume a questões de terra e identidade, pois remete a um acervo que se transforma: parentesco, memória, oralidade, repertório estético, divergências internas, relação de alteridade e inserção no cenário regional. As fronteiras étnico-territoriais estão em movimento.
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numa pesquisa mais ampla com a
intelectualidade negra dos anos 1970
e 1980, na qual expresso também
minha experiência pessoal e coletiva.
O foco é a obra e a trajetória de Lélia
Gonzalez (1935-1994) e sua relação
com a antropologia, com falas e escritas
insurgentes, retomada como disputa
epistemológica, no contexto das ações
afirmativas. A matéria-prima está
constituída por um acervo de textos
originais e republicados – ensaios,
artigos, entrevistas, discursos – e algumas
imagens publicadas de arquivos pessoais
da autora ativista
um deslocamento coletivo que não foi planejado. O foco é uma linhagem que um grupo de pesquisadoras/es com formação em geografia traça, tendo um cabedal comum e outros que são acionados, entre temas étnicos e raciais com estudos realizados em Fortaleza (UFC), no Cariri cearense (URCA), em Goiânia (UFG) e em Araguaína (UFT).
Esta comunicação, que constitui uma síntese de minha dissertação de mestrado , refere-se ao trabalho de campo realizado, em 1994 e 1995, entre os índios Tremembé de Almofala (Itarema-CE) e os Caetano de Conceição (Tururu-CE). Procuro, aqui, discutir um processo que, nos anos 90, está em plena vitalidade, não apenas no Ceará, mas por todo o Nordeste (reaparecimento de grupos indígenas) e pelo país (identificação de comunidades negras).
numa pesquisa mais ampla com a
intelectualidade negra dos anos 1970
e 1980, na qual expresso também
minha experiência pessoal e coletiva.
O foco é a obra e a trajetória de Lélia
Gonzalez (1935-1994) e sua relação
com a antropologia, com falas e escritas
insurgentes, retomada como disputa
epistemológica, no contexto das ações
afirmativas. A matéria-prima está
constituída por um acervo de textos
originais e republicados – ensaios,
artigos, entrevistas, discursos – e algumas
imagens publicadas de arquivos pessoais
da autora ativista
um deslocamento coletivo que não foi planejado. O foco é uma linhagem que um grupo de pesquisadoras/es com formação em geografia traça, tendo um cabedal comum e outros que são acionados, entre temas étnicos e raciais com estudos realizados em Fortaleza (UFC), no Cariri cearense (URCA), em Goiânia (UFG) e em Araguaína (UFT).
Esta comunicação, que constitui uma síntese de minha dissertação de mestrado , refere-se ao trabalho de campo realizado, em 1994 e 1995, entre os índios Tremembé de Almofala (Itarema-CE) e os Caetano de Conceição (Tururu-CE). Procuro, aqui, discutir um processo que, nos anos 90, está em plena vitalidade, não apenas no Ceará, mas por todo o Nordeste (reaparecimento de grupos indígenas) e pelo país (identificação de comunidades negras).