Papers by Daniel Ganzarolli Martins
Revista ClimaCom, 2024
Esta pesquisa se movimenta na possibilidade das alianças afetivas, usando termo de Ailton Krenak,... more Esta pesquisa se movimenta na possibilidade das alianças afetivas, usando termo de Ailton Krenak, junto a comunidade Mbya Guarani da Aldeia Ara Hovy, situada no município de Maricá (RJ). Arguimos como os entrelaçamentos do Nhande reko – O “modo de ser” do povo Guarani – e os seres que habitam a Nhe'êry – palavra que designa o bioma da Mata Atlântica e significa “fonte da alma e da espiritualidade”– são potentes na elaboração de educações abertas às diferenças e multiplicidades, em especial para o campo de ensino de ciências. Construímos esta escrita a partir de uma vivência feita na Aldeia Ara Hovy para o público juruá – palavra da língua mbya guarani que designa os não indígenas – onde buscamos tecer essas relações. Como conclusão, destacamos a importância da demarcação de territórios para a existência do Teko porã (O “bem-viver”) dentro das comunidades indígena Mbya Guarani.
Revista Desenvolvimento Social, 2022
No presente artigo, busca-se contribuir para a discussão sobre a presença de estudantes indígenas... more No presente artigo, busca-se contribuir para a discussão sobre a presença de estudantes indígenas na pós-graduação stricto sensu, com foco em programas de pós-graduação em educação das cinco principais universidades públicas localizadas no estado do Rio de Janeiro. Na primeira parte, analisam-se os editais de seleção dos anos de 2019, 2020 e 2021 desses programas, apontando certas características e procedimentos das políticas de ação afirmativa para os candidatos indígenas, identificando elementos que podem facilitar ou dificultar tal presença. Na segunda parte, com base na narrativa de uma das autoras que é a primeira indígena a ingressar por ações afirmativas no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense, problematiza-se a invisibilidade dos povos indígenas no estado do Rio de Janeiro, principalmente dos que vivem em contexto urbano, e como essa realidade se reflete no direito ao acesso de políticas públicas diferenciadas e interculturais, sobretudo na educação superior. Identificam-se processos de abertura à presença de estudantes e intelectuais indígenas na universidade, mas que convivem com mecanismos institucionais racistas e excludentes, que precisam ser questionados. Palavras-chave: Ações afirmativas. Pós-graduação. Indígenas. Rio de Janeiro. Educação.
Skholé: Revista de Educação, Cultura e Subjetividade, 2022
O presente trabalho faz alguns apontamentos sobre a dissolução e a produção de verdades nas ciênc... more O presente trabalho faz alguns apontamentos sobre a dissolução e a produção de verdades nas ciências e levanta questões a respeito da emergência de um ensino de ciências menor nesse processo. Tomamos como ponto de partida o momento político extremamente delicado do Brasil - em que experiências democráticas, de manutenção e ampliação de direitos sociais, culturais e ambientais encontram-se sob ameaça -, para entendermos o porquê do crescimento de distintas narrativas pseudocientíficas. Assim, propomos um exercício de deslocamento: pensarmos um ensino de ciências menor, que viabilize conexões sempre novas, introduza diferenças e faça gaguejar a voz científica de uma ciência maior. Concluímos que, uma vez que existem outras narrativas possíveis - incluindo as não-científicas, as ficcionais, as artísticas e poéticas - na construção de realidades, é necessário tecermos, com elas, alianças estratégicas no sentido de conquistar avanços políticos no contexto tempestuoso da contemporaneidade.
Educar em Revista, 2021
To rethink the clichés that surround both the school space and the environmental education field,... more To rethink the clichés that surround both the school space and the environmental education field, we ask ourselves: what are the potentialities that flourish in what we could call the school-environment? By proposing an intersection of boundaries between the terms "environment" and "school", we refer to a school environment that exists in its diversity of affections, encounters and events. Schools are currently the target of ultraconservative discourses that aim to suppress their inventive potential of creating other spaces and temporalities. In the course of this research, we opened ourselves up to the possibilities of inventive environmental forms of education and we also moved towards a resignification of the school space, while we experience the narratives, poetics and differences that inhabit it. In a municipal public school located in Florianópolis (SC), we invited ninth grade students and a group of workers to participate in workshops that enabled experimentations in environmental education on the following questions: what narratives and poetics populate this school-environment? How do these narratives relate to the differences and multiplicities present in this school-environment? The field diary was an important device for delineating these issues. In a collective process of creating other ways of relating to such a space, we carried out different experimentations with narratives and poetics along with this diversity of collectives that exist inside a school.
Educar em Revista, 2021
Na busca de repensar os clichês que circundam tanto o espaço escolar quanto a educação ambiental,... more Na busca de repensar os clichês que circundam tanto o espaço escolar quanto a educação ambiental, perguntamo-nos: quais as potências que pulsam no que poderíamos chamar de ambiente-escola? Ao propormos uma porosidade de fronteiras entre os termos “ambiente” e “escola”, referimo-nos a um ambiente escolar que existe na sua diversidade de afetos, encontros e acontecimentos. Escola que atualmente é alvo de discursos ultraconservadores que visam suprimir sua potencialidade inventiva de espaços-tempos outros. No percurso dessa pesquisa, abrimo-nos às possibilidades de educações ambientais inventivas e nos movimentamos também rumo a uma ressignificação do espaço escolar, adentrando nas narrativas, poéticas e diferenças que o habitam. Em uma escola pública municipal situada em Florianópolis (SC), convidamos estudantes do nono ano do ensino fundamental e distintos trabalhadores a participarem de oficinas que possibilitaram experimentações em educação ambiental em torno das seguintes perguntas: quais narrativas e poéticas povoam este ambiente-escola? De que forma estes narrares se relacionam com as diferenças e multiplicidades presentes neste ambiente-escola? O diário de campo foi um importante dispositivo para o delineamento dessas questões. Num processo coletivo de criação de outros modos de nos relacionarmos com tal espaço, ao realizarmos diferentes experimentações com narrativas e poéticas junto a essa diversidade de sujeitos escolares, mobilizaram-se as dimensões do afeto e do encontro em distintas práticas em educação ambiental.
Revista Interdisciplinar Sulear, 2021
Esse artigo tem por objetivo destacar o conceito de sentipensar da obra do escritor uruguaio Edua... more Esse artigo tem por objetivo destacar o conceito de sentipensar da obra do escritor uruguaio Eduardo Galeano, conectando-o a uma pesquisa em educação ambiental que dialoga com perspectivas teórico-epistemológicas pós-estruturalistas e descoloniais. Realizamos oficinas junto aos trabalhadores de uma escola municipal de Florianópolis (SC), nas quais eles puderam criar poéticas e narrativas inspiradas pelo ambiente escolar. Nesse movimento, a literatura de Galeano foi particularmente significativa através de dois de seus contos: “A função da arte/1” e “Janela sobre a palavra/ IV”. Ao apresentarmos as criações poéticas dos funcionários, não buscamos decifrá-las ou analisá-las, mas sim ressoar suas múltiplas sensibilidades e potências políticas, ventilando possibilidades criativas da educação ambiental com a literatura.
Espacios Transnacionales, 2020
A cidade, pensada como aglomerados de fluxos –de pessoas,
de veículos, de seres não-humanos, de v... more A cidade, pensada como aglomerados de fluxos –de pessoas,
de veículos, de seres não-humanos, de vestígios de outros
tempos– sobre cenários que se modificam a cada dia, nos
interpela cotidianamente em nossas travessias, em nosso
habitar, nas relações que estabelecemos com os outros (humanos
e não-humanos). Tampouco suas múltiplas facetas
se apresentam a nós sem que nos abramos ao exercício de
reaver o habitual ou banal. Quais as distintas camadas que
se sobrepõem nas cidades? Que marcas a cidade produz em
nós e que marcas nós deixamos na cidade? Como (re)ocupa-
la uns com os outros, em coletividade? Como podemos
inventar outras formas de habitar juntos seus espaços? E
como lidaremos com a perda ou reorganização abrupta desse
espaço público em tempos de catástrofes? Nesse ensaio
apresentamos três distintas narrativas que se desenrolaram
a partir de experiências da ocupação e deslocamentos pelo
espaço urbano. Buscamos propiciar uma reflexão sobre os
tipos de encontro que podem ocorrer entre nossos corpos
com o corpo da própria cidade, convidando-nos a um exercício
simultâneo de estranhamento e familiaridade com esse
ambiente. E também sobre nossas relações com a cidade
enquanto um percurso possível de ações educativas, de
ativações pedagógicas com as ecologias, com os ambientes,
com os diferentes corpos que ocupam os espaços urbanos.
ClimaCom – Povos Ouvir – A coragem da vergonha, 2019
Dada a inevitabilidade do fim, num mundo que padece com a multiplicação de conflitos e colapsos s... more Dada a inevitabilidade do fim, num mundo que padece com a multiplicação de conflitos e colapsos socioambientais, buscamos re-existir ao sonhar intempestivamente com outros fins possíveis. Mobilizados pelas provocações despertadas pelos filmes “Onde sonham as formigas verdes”, do diretor Werner Herzog, e “Sonhos”, dirigido por Akira Kurosawa, propusemos a uma turma de estudantes de graduação em Ciências Biológicas a escrita de cartas de fins (ou quase fins) de mundos. O que suas escritas nos possibilitam afetar, testemunhar e (in)ventar? Através da de-composição de sete cartas, travamos uma experimentação com a ficção que dialoga com as (im)possibilidades que povoam distintos fins de mundo.
Revista Akeko, 2019
A partir da experiência de classes extracurriculares de língua guarani na Universidade Federal Fl... more A partir da experiência de classes extracurriculares de língua guarani na Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ), este artigo reflete acerca da importância deste tipo de espaço nas universidades, propiciando encontros e diálogos entre os indígenas e os jurua kuery (não indígenas). Além do aprendizado gramatical da língua, tal curso apresentou o teko (modo de ser e viver) dos Guarani. Através das relações que foram tecidas entre cultura, ambiente, corpo, infância e espiritualidade, delineia-se como tal curso cria aberturas para a descolonização da educação e do pensamento.
Esta pesquisa tem como objetivo discutir a contribuição dos saberes etnoecológicos de um grupo de... more Esta pesquisa tem como objetivo discutir a contribuição dos saberes etnoecológicos de um grupo de estudantes em Governador Celso Ramos (SC) na aplicação de atividades dialógicas em Educação Ambiental. Em 2014 foram realizadas oficinas educativas que exploraram temas relacionados à sociobiodiversidade da Área de Proteção Ambiental do Anhatomirim com estudantes do 7º e 8º ano de uma escola municipal. São discutidas as percepções narradas pelos alunos acerca dos seres vivos neste espaço, as mudanças ambientais ocorridas e a realização de uma entrevista com uma antiga moradora local. Esta pesquisa apresenta as potencialidades existentes nas trocas de saberes etnoecológicos comunitários e uma educação ambiental dialógica.
Resumo Com o objetivo de caracterizar e comparar os diferentes aspectos quantitativos e qualitati... more Resumo Com o objetivo de caracterizar e comparar os diferentes aspectos quantitativos e qualitativos da pesca artesanal, foram analisados os desembarques pesqueiros da comunidade de pescadores artesanais da Barra do Rio, em Tijucas-SC, de setembro de 2010 a julho de 2011. Os desembarques pesqueiros foram acompanhados por 3 dias consecutivos a cada 2 meses, totalizando 109 desembarques de 20 diferentes pescadores. Foram obtidos dados relativos à biomassa total de cada espécie da ictiofauna capturada, somando um conjunto de 1.908,4 kg de pescado pertencentes a 26 etnogêneros diferentes. A variação da abundância e da composição de peixes pelas estações é discutida. O bagre-branco (Genidens barbus) foi a espécie de maior captura, somando 53% do peso total de pescado obtido. A situação de fragilidade da pesca artesanal no local de estudo é salientada por uma taxa de captura baixa, corroborando a hipótese de um contínuo impacto nos recursos pesqueiros intensificado pela existência de conflitos socioambientais.
Abstract
Landing of fishes from artisan fishing in Barra do Rio, Tijucas-Santa Catarina, Brazil. Aiming to characterize and compare the different quantitative and qualitative aspects of artisan fishing, one analyzed the fish landings of the community of artisan fishermen from Barra do Rio, in Tijucas, Santa Catarina, Brazil, from September 2010 to July 2011. The fish landings were monitored for 3 consecutive days every 2 months, totaling 109 arrivals of 20 different fishermen. One obtained data on the total biomass of each captured ichthyofauna species, resulting in a total of 1,908.4 kg of fish caught belonging to 26 different genera. One discusses the abundance variation and the composition of fishes according to the seasons. The white sea catfish (Genidens barbus) was the most frequently caught species, reaching 53% of the total weight of caught fish. The fragile situation of artisan fishing at the study site is stressed by a low capture rate, corroborating the hypothesis of a continuous impact on the fishing resources intensified by the existence of socio-environmental conflicts.
Thesis Chapters by Daniel Ganzarolli Martins
Tese de Doutorado em Educação, 2023
Essa pesquisa se movimenta na possibilidade de alianças afetivas, usando conceito cunhado pelo in... more Essa pesquisa se movimenta na possibilidade de alianças afetivas, usando conceito cunhado pelo intelectual Ailton Krenak, entre um professor de ciências juruá – palavra que designa os não indígenas na língua guarani – e as comunidades escolares das Aldeias Ara Hovy e Ka’aguy Ovy Porã, ambas da etnia Mbya Guarani e situadas no município de Maricá (RJ). No espaço das Escolas Municipais Indígenas Kyringue Arandua e Para Poty Nhe’ë Já, realizaram-se reflexões e experimentações pedagógicas no campo do ensino de ciências, tecendo conexões com o arandu (sabedoria, conhecimento) e as cosmopolíticas do povo Mbya Guarani. De que forma esses encontros com o Mbya reko – modos de ser do povo Mbya – podem provocar rupturas e novas possibilidades para o ensino de ciências realizado nas escolas indígenas e não indígenas? Como despir e confrontar o pensamento colonizador e colonizado que também nos habita enquanto professores e pesquisadores? Acompanhou-se o cotidiano vivido em sala de aula das duas escolas citadas através de uma metodologia de inspiração cartográfica, assim como vivências organizadas pelas comunidades indígenas e voltadas para um público juruá. Buscou-se tecer articulações e cruzamentos possíveis com uma constelação de conceitos da língua e da cultura mbya guarani, entendidos como “flechas” para perfurar e desestabilizar noções cristalizadas no ensino de uma ciência colonizadora e colonizada. Minhas narrativas enquanto pesquisador e professor foram articuladas num diário de campo, atravessando os seguintes eixos: 1) As cosmopolíticas dos seres mais que humanos que habitam as aldeias e suas escolas, focando especialmente nos vínculos mantidos com os animais, as plantas e a Mata Atlântica; 2) O corpo e seus movimentos, diferenças e processos; a profunda conexão do corpo com a yvy rupa, “o leito terrestre”; 3) A decolonização da linguagem; a incompreensão, o estranhamento e o intraduzível da língua guarani na perspectiva de um juruá; 4) O caminhar em direção ao teko porã, que pode ser traduzido de forma simplificada como “Bem Viver”, mesmo em territórios fragilizados, e a importância da espiritualidade na resistência histórica do povo Mbya para manter seus modos de ser; 5) O papel dos professores, sejam juruás ou não, diante das lutas travadas pelos povos indígenas. A partir dessas reflexões, apresento a centralidade de territórios indígenas demarcados para o Bem Viver dessas comunidades e das suas escolas, e como a proposição cosmopolítica e as alianças afetivas podem ser potentes na construção de novos significados para o ensino de ciências em escolas indígenas e não indígenas.
Dissertação de Mestrado, 2019
A presente pesquisa se desenovela por entre os encontros e afetos que ocorrem entre o pesquisador... more A presente pesquisa se desenovela por entre os encontros e afetos que ocorrem entre o pesquisador, os funcionários e os estudantes da Escola Básica Municipal Beatriz de Souza Brito, localizada em Florianópolis (SC). Tem-se como ponto de partida as brechas numa educação ambiental de viés pastoral, que busca formar consensos e prescrever comportamentos, observando-se nas suas lacunas que outras possibilidades de educações ambientais estão a germinar e proliferar. O cenário de pesquisa escolhido é uma escola com um potente histórico de reinvindicações quanto ao seu caráter público, inclusivo e plural. Ao assinalar uma porosidade de fronteiras entre os termos “ambiente” e “escola”, propõe-se a invenção da palavra “ambiente-escola”, um ambiente escolar que existe na sua diversidade de afetos, encontros e acontecimentos, multiplicando-se numa infinidade de subjetividades, sendo elas humanas ou não. Toma-se como impulso as seguintes questões de pesquisa: quais narrativas e poéticas, sejam estas orais, escritas ou visuais, estão a povoar este ambiente-escola? De que forma estes narrares se relacionam com os sujeitos que o habitam, com suas diferenças e multiplicidades? Como dar vazão às múltiplas potências advindas dos afetos e encontros que perpassam tal ambiente? O objetivo deste trabalho consiste, portanto, em articular encontros inventivos e afetivos entre a educação ambiental, a escola e o campo de estudo das diferenças. Os afetos e os encontros foram compreendidos como os principais disparadores de criação inventiva e cartográfica da pesquisa. Nesta construção, criaram-se narrativas acerca de tal ambiente-escola a partir de alguns dispositivos, dentre eles um diário de campo do próprio pesquisador, o qual dialoga com oficinas realizadas junto aos estudantes de uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental e dez distintos funcionários da Escola Beatriz. Ademais, os conceitos de narrativas em abismo, performance, perambulações e narrativas mínimas movimentaram experimentações diversas com os “ambientes-escolas” que nasceram dos olhares desses distintos sujeitos. Tais formas desestabilizadoras do ato de narrar criaram ranhuras nas normas e convenções de uma educação ambiental prescritiva e fazem um convite de abertura a um ambiente-escola que vibra com as diferenças que o habitam, adentrando nas intricadas tramas de afetos e encontros que o estão a envolver.
MARTINS, D. G., 2015
O presente trabalho busca aprofundar uma reflexão acerca das interfaces entre os campos da Etnoec... more O presente trabalho busca aprofundar uma reflexão acerca das interfaces entre os campos da Etnoecologia e da Educação Ambiental. Esse possui como objetivos específicos analisar as percepções e as relações que os alunos de uma escola no entorno de uma unidade de conservação mantêm com a mesma e o seu ambiente, assim como debater acerca da importância de dinâmicas de sensibilização nas práticas de Educação Ambiental. No segundo semestre de 2014 foram realizadas oficinas educativas no período de contraturno com um grupo de estudantes da Escola Maria Amália, em Governador Celso Ramos (SC). As oficinas tiveram um formato dialógico e exploraram temas relacionados com a Área de Proteção Ambiental do Anhatomirim e sua sociobiodiversidade. Para a análise dos dados, a pesquisa se utiliza de estudos sobre narrativas e das reflexões propiciadas por um diário de campo. Foram discutidas as percepções dos alunos acerca da unidade de conservação, as transformações neste espaço e as relações com os animais, as plantas e o imaginário popular que lá existem. Também é debatido acerca das práticas de sensibilização aplicadas neste projeto de educação ambiental, com enfoque nas saídas de campo, numa entrevista com antiga moradora da região e na utilização de dinâmicas teatrais. Esta pesquisa apresenta a necessidade de se desenvolver práticas educativas dialógicas e participativas com os estudantes, onde se releve a importância dos saberes tradicionais nos ambientes escolares e na Educação Ambiental. Através da metáfora do educador como um navegante, o autor busca abrir caminhos para novas releituras sobre o tema.
Books by Daniel Ganzarolli Martins
(2ª Edição) Yvyrupa - A sabedoria Mbya Guarani, desconstruindo preconceitos e transformando Maricá, 2024
Esta obra está dedicada à valorização da história e cultura das comunidades indígenas Guarani Mby... more Esta obra está dedicada à valorização da história e cultura das comunidades indígenas Guarani Mbya situadas no município de Maricá. É imperativo dizer que a importância desse livro vai além da função educativa e social que esse se propõe. É sobre conhecer a história do povo brasileiro e desmistificar preconceitos enraizados pela ignorância e racismo. É também uma ferramenta valorosa de informação sobre a vida, a cultura e os direitos das comunidades indígenas em nosso país. Yvyrupa nos convida a refletir sobre como nós ocupamos nossa terra, nosso território. Entender como os Guarani Mbya se relacionam com o seu território traz uma perspectiva impactante para os não indígenas, os jurua, no nosso relacionamento com a natureza e com o tempo. Após se deslumbrar com a beleza das páginas a seguir, esperamos que o leitor termine este livro compreendendo que a luta pelos direitos das comunidades indígenas não se concentra apenas no reconhecimento de seus territórios. Ela transcende para o direito dos povos originários como nações diversificadas reconhecidas em nossa Constituição. É preciso ampliar sua representatividade e voz por meio da educação. A Universidade do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Superintendência de Unidades Estratégicas (SUE), tem a honra de apoiar e incentivar iniciativas como essa. Reafirmamos o papel da universidade pública em potencializar a voz das comunidades Guarani Mbya em nosso estado, através de projetos de extensão e de publicações como essa, que buscam garantir os direitos de uma educação plena, com qualidade socialmente referenciada por suas comunidades.
Yvyrupa - A sabedoria Mbya Guarani descontruindo preconceitos e transformando Maricá, 2024
Para os povos indígenas, território é espaço sagrado, lugar onde habitam todos os seres, sejam pe... more Para os povos indígenas, território é espaço sagrado, lugar onde habitam todos os seres, sejam pessoas, bichos, plantas ou pedras. Território também é o lugar onde vivem os espíritos dos antepassados, onde se constrói cotidianamente a memória de seu povo e a busca pelo bem viver. Desse modo, “sem Tekoa não há Teko”, ou seja, sem território não é possível o fortalecimento ou a própria existência dos Mbya Guarani. Foi devido à urgência do reconhecimento do território dessas duas aldeias, que surgiu a ideia dessa publicação. Um livro escrito a muitas mãos, por gente de diversas idades, procedências e experiências, reunidas com o objetivo de compartilhar suas memórias sobre a presença Guarani nesse município. Há dez anos, desenvolvemos projetos de pesquisa e de extensão envolvendo estudantes e colaboradores do Núcleo de Estudos sobre Povos Indígenas, Interculturalidade e Educação (NEPIIE-UERJ) e do Programa de Educação sobre Negros e Indígenas na Sociedade Brasileira (PENESBI-UFF), com as comunidades Mbya Guarani e equipes das escolas existentes nas aldeias Ara Hovy (Céu Azul) e da Ka’aguy Ovy Porã (Mata Verde Bonita), no município de Maricá. Nesse período, foram tantos os aprendizados, que ainda nos surpreende a persistência do racismo, impedindo que a população mais ampla conheça a riqueza e a sabedoria desse povo. Por isso, esperamos que as imagens e vozes registradas neste livro estimulem que mais gente possa conhecer as comunidades guarani presentes no estado do Rio de Janeiro, permitindo-se deixar afetar pelos conhecimentos e pelas novas formas de estar e ocupar o território que elas nos convidam a pensar, a sonhar e a construir. O presente livro se destina a um público amplo, mas sobretudo, àqueles que atuam nas redes educativas, com o intuito de oferecer um material qualificado e atual para contribuir com a implementação da Lei 11.645/2008, que estabeleceu a obrigatoriedade do ensino da cultura e história dos povos negro e indígenas, oferecendo informações sobre a riqueza da diversidade existente em nosso território e a busca por práticas pedagógicas antirracistas.
E-book VIII ENEBIO, VIII EREBIO-NE E II SCEB: Itinerários de resistência: pluralidade e laicidade no Ensino de Ciências e Biologia, 2021
O presente trabalho faz alguns apontamentos sobre a dissolução e a produção de verdades nas ciênc... more O presente trabalho faz alguns apontamentos sobre a dissolução e a produção de verdades nas ciências e levanta questões a respeito da emergência de um ensino de ciências menor nesse processo. Tomamos como ponto de partida o momento político extremamente delicado do Brasil - em que experiências democráticas, de manutenção e ampliação de direitos sociais, culturais e ambientais encontram-se sob ameaça -, para entendermos o porquê do crescimento de distintas narrativas pseudocientíficas. Assim, propomos um exercício de deslocamento: pensarmos um ensino de ciências menor, que viabilize conexões sempre novas, introduza diferenças e faça gaguejar a voz científica de uma ciência maior. Concluímos que, uma vez que existem outras narrativas possíveis - incluindo as não-científicas, as ficcionais, as artísticas e poéticas - na construção de realidades, é necessário tecermos, com elas, alianças estratégicas no sentido de conquistar avanços políticos no contexto tempestuoso da contemporaneidade.
V. 37 (2021) by Daniel Ganzarolli Martins
Educar em Revista, 2021
To rethink the clichés that surround both the school space and the environmental education field,... more To rethink the clichés that surround both the school space and the environmental education field, we ask ourselves: what are the potentialities that flourish in what we could call the school-environment? By proposing an intersection of boundaries between the terms "environment" and "school", we refer to a school environment that exists in its diversity of affections, encounters and events. Schools are currently the target of ultraconservative discourses that aim to suppress their inventive potential of creating other spaces and temporalities. In the course of this research, we opened ourselves up to the possibilities of inventive environmental forms of education and we also moved towards a resignification of the school space, while we experience the narratives, poetics and differences that inhabit it. In a municipal public school located in Florianópolis (SC), we invited ninth grade students and a group of workers to participate in workshops that enabled experimentations in environmental education on the following questions: what narratives and poetics populate this school-environment? How do these narratives relate to the differences and multiplicities present in this school-environment? The field diary was an important device for delineating these issues. In a collective process of creating other ways of relating to such a space, we carried out different experimentations with narratives and poetics along with this diversity of collectives that exist inside a school.
Educar em Revista, 2021
Na busca de repensar os clichês que circundam tanto o espaço escolar quanto a educação ambiental,... more Na busca de repensar os clichês que circundam tanto o espaço escolar quanto a educação ambiental, perguntamo-nos: quais as potências que pulsam no que poderíamos chamar de ambiente-escola? Ao propormos uma porosidade de fronteiras entre os termos “ambiente” e “escola”, referimo-nos a um ambiente escolar que existe na sua diversidade de afetos, encontros e acontecimentos. Escola que atualmente é alvo de discursos ultraconservadores que visam suprimir sua potencialidade inventiva de espaços-tempos outros. No percurso dessa pesquisa, abrimo-nos às possibilidades de educações ambientais inventivas e nos movimentamos também rumo a uma ressignificação do espaço escolar, adentrando nas narrativas, poéticas e diferenças que o habitam. Em uma escola pública municipal situada em Florianópolis (SC), convidamos estudantes do nono ano do ensino fundamental e distintos trabalhadores a participarem de oficinas que possibilitaram experimentações em educação ambiental em torno das seguintes perguntas: quais narrativas e poéticas povoam este ambiente-escola? De que forma estes narrares se relacionam com as diferenças e multiplicidades presentes neste ambiente-escola? O diário de campo foi um importante dispositivo para o delineamento dessas questões. Num processo coletivo de criação de outros modos de nos relacionarmos com tal espaço, ao realizarmos diferentes experimentações com narrativas e poéticas junto a essa diversidade de sujeitos escolares, mobilizaram-se as dimensões do afeto e do encontro em distintas práticas em educação ambiental.
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Papers by Daniel Ganzarolli Martins
de veículos, de seres não-humanos, de vestígios de outros
tempos– sobre cenários que se modificam a cada dia, nos
interpela cotidianamente em nossas travessias, em nosso
habitar, nas relações que estabelecemos com os outros (humanos
e não-humanos). Tampouco suas múltiplas facetas
se apresentam a nós sem que nos abramos ao exercício de
reaver o habitual ou banal. Quais as distintas camadas que
se sobrepõem nas cidades? Que marcas a cidade produz em
nós e que marcas nós deixamos na cidade? Como (re)ocupa-
la uns com os outros, em coletividade? Como podemos
inventar outras formas de habitar juntos seus espaços? E
como lidaremos com a perda ou reorganização abrupta desse
espaço público em tempos de catástrofes? Nesse ensaio
apresentamos três distintas narrativas que se desenrolaram
a partir de experiências da ocupação e deslocamentos pelo
espaço urbano. Buscamos propiciar uma reflexão sobre os
tipos de encontro que podem ocorrer entre nossos corpos
com o corpo da própria cidade, convidando-nos a um exercício
simultâneo de estranhamento e familiaridade com esse
ambiente. E também sobre nossas relações com a cidade
enquanto um percurso possível de ações educativas, de
ativações pedagógicas com as ecologias, com os ambientes,
com os diferentes corpos que ocupam os espaços urbanos.
Abstract
Landing of fishes from artisan fishing in Barra do Rio, Tijucas-Santa Catarina, Brazil. Aiming to characterize and compare the different quantitative and qualitative aspects of artisan fishing, one analyzed the fish landings of the community of artisan fishermen from Barra do Rio, in Tijucas, Santa Catarina, Brazil, from September 2010 to July 2011. The fish landings were monitored for 3 consecutive days every 2 months, totaling 109 arrivals of 20 different fishermen. One obtained data on the total biomass of each captured ichthyofauna species, resulting in a total of 1,908.4 kg of fish caught belonging to 26 different genera. One discusses the abundance variation and the composition of fishes according to the seasons. The white sea catfish (Genidens barbus) was the most frequently caught species, reaching 53% of the total weight of caught fish. The fragile situation of artisan fishing at the study site is stressed by a low capture rate, corroborating the hypothesis of a continuous impact on the fishing resources intensified by the existence of socio-environmental conflicts.
Thesis Chapters by Daniel Ganzarolli Martins
Books by Daniel Ganzarolli Martins
V. 37 (2021) by Daniel Ganzarolli Martins
de veículos, de seres não-humanos, de vestígios de outros
tempos– sobre cenários que se modificam a cada dia, nos
interpela cotidianamente em nossas travessias, em nosso
habitar, nas relações que estabelecemos com os outros (humanos
e não-humanos). Tampouco suas múltiplas facetas
se apresentam a nós sem que nos abramos ao exercício de
reaver o habitual ou banal. Quais as distintas camadas que
se sobrepõem nas cidades? Que marcas a cidade produz em
nós e que marcas nós deixamos na cidade? Como (re)ocupa-
la uns com os outros, em coletividade? Como podemos
inventar outras formas de habitar juntos seus espaços? E
como lidaremos com a perda ou reorganização abrupta desse
espaço público em tempos de catástrofes? Nesse ensaio
apresentamos três distintas narrativas que se desenrolaram
a partir de experiências da ocupação e deslocamentos pelo
espaço urbano. Buscamos propiciar uma reflexão sobre os
tipos de encontro que podem ocorrer entre nossos corpos
com o corpo da própria cidade, convidando-nos a um exercício
simultâneo de estranhamento e familiaridade com esse
ambiente. E também sobre nossas relações com a cidade
enquanto um percurso possível de ações educativas, de
ativações pedagógicas com as ecologias, com os ambientes,
com os diferentes corpos que ocupam os espaços urbanos.
Abstract
Landing of fishes from artisan fishing in Barra do Rio, Tijucas-Santa Catarina, Brazil. Aiming to characterize and compare the different quantitative and qualitative aspects of artisan fishing, one analyzed the fish landings of the community of artisan fishermen from Barra do Rio, in Tijucas, Santa Catarina, Brazil, from September 2010 to July 2011. The fish landings were monitored for 3 consecutive days every 2 months, totaling 109 arrivals of 20 different fishermen. One obtained data on the total biomass of each captured ichthyofauna species, resulting in a total of 1,908.4 kg of fish caught belonging to 26 different genera. One discusses the abundance variation and the composition of fishes according to the seasons. The white sea catfish (Genidens barbus) was the most frequently caught species, reaching 53% of the total weight of caught fish. The fragile situation of artisan fishing at the study site is stressed by a low capture rate, corroborating the hypothesis of a continuous impact on the fishing resources intensified by the existence of socio-environmental conflicts.