Revista do NUFEN: Phenomenology and Interdisciplinarity, 2023
O presente estudo é um exercício de interpretação, por um enfoque gestáltico, do fenômeno do suic... more O presente estudo é um exercício de interpretação, por um enfoque gestáltico, do fenômeno do suicídio tal como retratado no
documentário “Elena”, da cineasta Petra Costa. Tomam-se os conceitos de introjeção e de confluência como categorias analíticas
para a interpretação do filme. O traçado metodológico para adentrarmos no documentário, foi de natureza teórica tendo como
suporte o material bibliográfico selecionado diretamente ligado à temática do suicídio, bem como à Gestalt-terapia e seus
conceitos fundamentais. O que este estudo interpretativo mostrou é que encontramos na vida de Elena, retratada no filme, uma
carência de lugares onde ela poderia vir a trazer seu mal-estar que vinha à tona em seus afetos, pensamentos e ações. Essa
vacância de encontro e diálogo retiraram oportunidades de desdobramento de fala, o que eventualmente, contribuiu para sua
morte.
Resumo Considerando a importância de se continuar tecendo reflexões acerca da liberdade humana, o... more Resumo Considerando a importância de se continuar tecendo reflexões acerca da liberdade humana, o presente artigo objetiva, por meio de um estudo de cunho bibliográfico, apresentar a ideia de liberdade em dois autores: Viktor Frankl e Carl Rogers. A partir da apresentação dos aspectos principais das teorias desenvolvidas por ambos e das visões de homem a elas subjacentes, buscouse apreender que compreensão tem a liberdade humana nas duas perspectivas. Dentre os principais resultados alcançados, vimos que Frankl entende a liberdade como uma característica fundante da dimensão noética do homem, que se constitui sobre a possibilidade de distanciar-se de sua condição psicofísica e social, posicionando-se de forma livre e responsável. Já em Rogers, percebemos um conflito entre a sua defesa da liberdade do ser humano e sua crença em uma tendência inerente ao crescimento, que nos pareceu condicionar a liberdade de escolha sobre a qual ele fala.
O presente ensaio pretende mostrar a compreensão que o filósofo francês, Maurice Merleau-Ponty (1... more O presente ensaio pretende mostrar a compreensão que o filósofo francês, Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), na sua obra Fenomenologia da Percepção (1945), tem do Cogito (enquanto modalidade de contato primordial e enraizante da experiência humana do mundo); e sua compreensão do tempo, (enquanto ambiência referencial e experiencial que o humano realiza na sua lida com as coisas ao seu redor e consigo mesmo enquanto corpo vivido). Ao final, é possível mostrar uma concepção diferente de subjetividade como corpo e campo de presença em oposição aos conceitos vigentes nas psicologias para definir a experiência subjetiva, em geral percebida como "interioridade psicológica privada". Palavras-chave Cogito, tempo, subjetividade. Abstract: The present essay aims to show the understanding that the french philosopher, Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), in his work Phenomenology of Perception (1945), has of Cogito (as a primordial and rooted modality of human experience in the world); and his understanding of time, (as a referential and experiential environment that the human realizes in dealing with things around him and with himself as a living body). In the end, it is possible to show a different conception of subjectivity as a body and field of presence in opposition to current concepts in psychology to define subjective experience, generally perceived as "psychological private interiority".
Se aceitarmos que houve um certo caos pessoal em termos de relações humanas, doenças físicas e ta... more Se aceitarmos que houve um certo caos pessoal em termos de relações humanas, doenças físicas e também solidão como fatos constantes na vida de Nietzsche, sem mencionar a contínua reflexão dispendida acerca dos valores morais, podemos afirmar o filósofo esmerou-se em "selecionar" bem tudo o que lhe acontecia em sua vida e como tais vivências poderiam ser "nutritivas", ainda que lhe trouxessem dissabores iniciais ou contínuos. Tendo isso em vista, e partindo do segundo capítulo de Ecce Homo, Por que sou tão inteligente, detenho-me, a nível de esboço, nesta "dietética nietzschiana" e como a solidão teve papel preponderante na emergência de seu pensamento. Penso que, neste capítulo, a experiência da solidão foi um suporte necessário para Nietzsche se desenhar como filósofo errante que foi e também um espírito livre. Palavras-chave: Solidão. Dietética nietzschiana. Valores morais. Espírito livre. Abstract: If we accept that there was a certain personal chaos in terms of human relations, physical diseases and also solitude as constant facts in Nietzsche's life, not to mention the continual reflection on moral values, we may affirm the philosopher was careful to "select" everything well what happened to him in his life, and how such experiences could be "nutritious," even if they brought him initial or ongoing displeasure. With this in mind, and starting from the second chapter of Ecce Homo, Why am I so intelligent, I stop at the sketch level in this "nietzschean dietetic" and how solitude played a leading role in the emergence of his thinking. I think that in this chapter the experience of loneliness was a necessary support for Nietzsche to design himself as a wandering philosopher who was and also a free spirit. Keywords: Solitude. Nietzschean dietetic. Moral values. Free spirit. ___________________________________________________________ "Quando se vive só, não se fala muito alto, também não se escreve muito alto: pois teme-se a ressonância vazia-a crítica da ninfa Eco.-E todas as vozes soam diferentes na solidão"
O breve estudo que segue é uma tentativa de compreensão da experiência da solidão tal como ela dá... more O breve estudo que segue é uma tentativa de compreensão da experiência da solidão tal como ela dá seus primeiros sinais na 3ª Consideração Extemporânea, de Friedrich Nietzsche, tentando delineá-la, não como simples conceito, se não em íntima vinculação em outra fi-gura conceitual nietzscheana, o espírito livre, no que concerne ao seu tornar-se si mesmo. Como uma categoria crítica, o espírito livre (ainda que não apareça formalmente neste es-crito de Nietzsche como o será em Humano, demasiado Humano) é confrontado o tempo in-teiro às poderosas injunções da cultura, as quais insistem em tragá-lo para dentro de um modo de vida gregário uniformizante, nivelador e paralisante, retirando toda possibilidade de qualquer solidão e, por consequência, a liberdade de criar a si mesmo que a ideia do tor-nar-se, do devir, implica. Palavras-chave: Solidão. Espírito Livre. Tornar-se si mesmo. ABSTRACT: The brief study that follows is an attempt to understand the experience of loneliness as it gives its first signs in Friedrich Nietzsche's 3rd Extemporaneous Consideration, trying to delineate it, not as a simple concept, but in close connection with another nietzschean conceptual figure, the free spirit, as regards his becoming himself. As a critical category, the free spirit (though not formally appearing in this Nietzsche writing as it will be in Human, too Human) is confronted all the time with the powerful injunctions of culture, which insist on swallowing it in a way of a A Revista de Filosofia
Resumo: Entre os muitos temas abordados por Rollo May (1909-1994), expoente esta-dunidense da Psi... more Resumo: Entre os muitos temas abordados por Rollo May (1909-1994), expoente esta-dunidense da Psicologia Existencial, encontra-se o tempo como experiência existencial e subjetiva; isto é, a temporalidade como espaço de organização da própria subjetividade do humano, dando ênfase na capacidade contínua deste mesmo humano de extrapolar seu "presente" criando novas significações em direção ao "futuro". Neste breve estudo pretende-se expor um certo "conjunto de pensamentos" em que se mesclam tanto uma apresentação da perspectiva de May a respeito do tempo, o qual incide na questão do "futuro" como um fio condutor fundamental para o tecido mesmo da atividade psíquica humana (quer se trate de condições ditas "normais", como as que são designadas como "transtorno") e horizonte de sua existência; assim como algumas interpretações, a partir da ótica proporcionada por May, de algumas sintomáticas e adoecidas expressões de como o humano tem lidado com o tempo na atualidade. Palavras-chave: Rollo May; Temporalidade; "Futuro"; Psicologia Existencial. Abstract: Among the many themes addressed by Rollo May (1909-1994), American exponent of Existential Psychology, time is considered an existential and subjective experience; temporality as the organizational space of human subjectivity itself, emphasizing human's continuous ability to extrapolate his "present" by creating new meanings toward the "fu-ture." In this brief study, it is exposed a certain "set of thoughts": a presentation of May's perspective about time, which focuses on the subject of "future" as a fundamental guiding thread for the psychic activity (whether in terms of "normal" conditions, or those referred as "disorders") and furthermore, the horizon of its existence. Besides that, some interpretations , based on the viewpoint provided by May, of some symptomatic and sickened expressions of how the human has dealt with the present time. Resumen: Entre los muchos temas abordados por Rollo May (1909-1994), un exponente es-tadounidense de la psicología existencial, está el tiempo como una experiencia existencial y subjetiva; es decir, la temporalidad como espacio de organización de la subjetividad humana misma, enfatizando la capacidad continua del mismo humano para extrapolar su "presente" creando nuevos significados hacia el "futuro". Este breve estudio pretende exponer un cier-to "conjunto de pensamientos" en el que se mezcla una presentación de la perspectiva del tiempo de May, que se centra en la cuestión del "futuro" como un hilo fundamental para el tejido mismo de la actividad psíquica humana (si se llama condiciones "normales", como las denominadas "trastorno") y el horizonte de su existencia; así como algunas interpretaciones, desde la perspectiva proporcionada por May, de algunas expresiones sintomáticas y enfer-mas de cómo el humano ha manejado el tiempo hoy.
O presente estudo propõe uma reflexão sobre a compreensão da angústia na psicoterapia centrada na... more O presente estudo propõe uma reflexão sobre a compreensão da angústia na psicoterapia centrada na pessoa, tendo como ponto de partida básico algumas obras de Carl R. Rogers (1902-1987). A pesquisa desenvolveu-se a partir de inquietações oriundas desse tema e pelo interesse de conhecer como a psicoterapia centrada na pessoa compreende a angústia. Por meio de uma revisão bibliográfica, foi possível perceber uma concepção de angústia como um fenômeno inerente à realidade existencial, pertencendo, pois, ao campo fenomenal da pessoa. Com a produção de tal estudo, percebeu-se também que a angústia é invariavelmente associada a um estado de desadaptação, oriunda do desacordo vivido pela pessoa entre o " Eu " e sua experiência. Assim sendo, o processo terapêutico surge como um elemento que contribui para a diminuição da angústia, visto que a pessoa tende a atualizar-se ou, sob uma perspectiva organísmica, a funcionar plenamente.
RESUMO: O texto se destina a tecer uma breve interpretação de como Nietzsche percebe e critica o ... more RESUMO: O texto se destina a tecer uma breve interpretação de como Nietzsche percebe e critica o que chama de " sentimentos morais " no primeiro volume de Humano, Demasiado Humano: como ele recebe a tradição filosófica denunciando-a em seus idealismos em questões de moralidade; e como o pensador alemão sugere outras possibilidades imanentes da vida moral. Expõe-se aqui uma percepção de como as considerações nietzscheanas são elas mesmas interpretações " artístico-performáticas " de um jogo de valorações que está sempre em curso quando o assunto é a crítica da moral e de seus " valores " supostamente transcendentes. ABSTRACT: The text is intended to provide a brief interpretation of how Nietzsche perceives and criticizes what he calls "moral feelings" in the first volume of Human, All Too Human: how he receives the philosophical tradition denouncing it his idealisms on issues of morality; and how the German thinker suggests other immanent possibilities of moral life. Here we present a perception of how Nietzsche's considerations are themselves "artistic-performatic" interpretations of a game of valuations that is always underway when it comes to the critique of morality and its supposedly transcendent "values".
Resumo: Trata-se de um exercício compreensivo-interpretativo acerca de algumas posições do filóso... more Resumo: Trata-se de um exercício compreensivo-interpretativo acerca de algumas posições do filósofo alemão Friedrich Nietzsche sobre a arte na obra Humano, Demasiado Humano e suas possíveis ligações com o tema da " saúde ". Buscam-se elementos para uma compreensão ampliada de uma saúde existencial, tomando a arte como um meio privilegiado para esta finalidade. Abstract: It is a comprehensive-interpretative exercise about some positions of the German philosopher Friedrich Nietzsche on the work of art in the book Human, All Too Human and possible links with the theme of "health." Look up elements for a broader understanding of an existential health, taking art as a privileged means for this purpose.
Resumo A arte é uma temática das mais relevantes na obra de Friedrich Nietzsche, se não a que tal... more Resumo A arte é uma temática das mais relevantes na obra de Friedrich Nietzsche, se não a que talvez mais lhe caracterize o percurso filosófico, ao lado da acentuada crítica aos valores morais os quais dão sustentação a civilização ocidental. E aquela temática, longe de se esgotar, sempre reaparece com novas feições que o filósofo alemão capta em acordo com as perspectivas constituídas por ele. Dito isso, e transitando pelo capítulo " Da alma de artistas e escritores " que se encontra no primeiro volume de Humano, Demasiado Humano, pretende-se aqui discorrer acerca de alguns elementos de como a arte é percebida neste segundo momento da trajetória nietzschiana, mostrando, a partir de uma palavra provocadora do próprio Nietzsche, uma determinada compreensão do que se seria o crepúsculo da arte. Palavras-chave: Arte. Humano, Demasiado Humano. Estética. Crepúsculo da Arte. Abstract Art is a subject of the most important in the work of Friedrich Nietzsche, if not perhaps more features his philosophical path, next to the sharp criticism of the moral values which sustain Western civilization. And that theme, far from exhausted, always reappears with new features that the German philosopher picks up in accordance with the outlook formed by it. That said, and transiting the chapter "The soul of artists and writers" which is the first volume of Human, All Too Human, it is intended here discoursing about some elements of how art is perceived in this second moment of Nietzsche's path, showing from a provocative word of Nietzsche himself, a certain understanding of what would be the twilight of art.
Trata-se de um breve estudo reflexivo acerca das categorias de subjetividade e Indivíduo, tal com... more Trata-se de um breve estudo reflexivo acerca das categorias de subjetividade e Indivíduo, tal como meditadas pelo filósofo danês, Sören Kierkegaard. Longe de serem compreendidos como conceitos psicológicos ou sociológicos, estas categorias trazem, nelas mesmas, uma vivência de paradoxo, atravessado por uma fé apaixonada. Somente uma subjetividade experienciada no paradoxo absoluto (tarefa existencial do Indivíduo) pode assumir o devir cristão, ideia que atravessa toda a reflexão kierkegaardiana.
RESUMO O presente ensaio trata do tema da barbárie, em sua face positiva, diagnosticada e descrit... more RESUMO O presente ensaio trata do tema da barbárie, em sua face positiva, diagnosticada e descrita por Walter Benjamin no ensaio " Experiência e Pobreza " como uma das consequências da precarização do declínio da modernidade a qual despotencializa qualquer possibilidade de uma aprendizagem significativa de situações constituidoras de experiências narráveis, recaindo numa situação cultural e política de barbarismo. Admitindo, dentro do horizonte histórico que nos atravessa, que somos bárbaros e se assumíssemos nossa condição de " barbárie bárbara " , teríamos condições de nos comprometer a fazer diferença em meio a este estado de coisas bárbaro? A arte poderia se configurar como um modo de operar tais diferenças? Este escrito é um convite à reflexão e ao posicionamento existencial destas e outras questões lançadas por Benjamin, exigindo respostas. Palavras-chave: Barbárie. Positiva. Experiência. Modernidade. Arte. ABSTRACT This essay deals with the theme of barbarism, in its positive side, diagnosed and described by Walter Benjamin. In his essay "Experience and Poverty", Benjamin describes barbarism as one of the consequences of the decline of modernity which unpowered any possibility of a meaningful learning of situations of experiences potentially capable of being narrated, falling into a cultural and political situation of barbarism. Accepting, within the historical horizon that runs through us, we are barbarians and assuming our condition of "barbaric barbarism", would we be able to commit ourselves in making difference in the midst of this state of barbaric things? Could art be configured as a way of operating such difference? This writing is an invitation to reflection and existential positioning of these and other issues thrown by Benjamin, demanding answers.
Resumo: A modalidade de atenção clínica conhecida por Aconselhamento Terapêutico (AT) pressupõe u... more Resumo: A modalidade de atenção clínica conhecida por Aconselhamento Terapêutico (AT) pressupõe uma construção e reflexão permanentes de suas ações, teorias de intervenção e a quem ele serve (uma concepção própria do humano). Minha intenção aqui é identificar como o pensar medicalizante pode influir nos contornos e nas direções do AT, pervertendo sua identidade de origem, ancorada nas psicologias existenciais-humanistas, em específico a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), pano de fundo de minha fala. Isto posto, pretendo aqui discorrer o que entendo por AT, explicitando suas características principais dentro do enfoque da ACP; descrever o que é a "atitude medicalizante" e sua influência no AT; e findar com algumas reflexões acerca de implicações éticas do campo clínico onde, também, o AT se insere.
Resumo: O caráter deste estudo teórico é realizar uma reflexão acerca da experienciação dos antig... more Resumo: O caráter deste estudo teórico é realizar uma reflexão acerca da experienciação dos antigos helenos em relação às grandes Tragédias. Mostrar-se-á a Tragédia em suas dimensões como forma de poesia e de celebração, além de ser fonte perene de meditação do "sentido do trágico" da finitude humana. Palavras-chave: Tragédia; "Sentido do Trágico"; Finitude.
Este ensaio tem por base um confronto entre as considerações de Nietzsche em relação à construção... more Este ensaio tem por base um confronto entre as considerações de Nietzsche em relação à construção do conhecimento e o movimento construcionista na Psicologia Social. Para Nietzsche, inspirado por Schopenhauer, o conhecimento é somente um meio de sobrevivência para a vida social e a linguagem, o instrumento estruturador que cria conceitos e metáforas que designam o que seja "verdadeiro" e "falso". O construcionismo, por sua vez, se detém nas chamadas práticas discursivas. Estas práticas são veiculadas por discursos que promovem ações próprias que constituem sentidos jamais estanques. Tenta-se mostrar as semelhanças entre estes saberes acerca da linguagem compreendida como algo vivo e em eterno devir de sentidos vividos concretamente. Apesar destas aproximações, Nietzsche, contudo, ainda não poderia ser elencado como uma das influências do construcionismo, embora as afinidades.
Resumo: Este ensaio interpretativo pretende mostrar o modo como Nietzsche se apropria e faz uso d... more Resumo: Este ensaio interpretativo pretende mostrar o modo como Nietzsche se apropria e faz uso de elementos da poesia lírica helênica arcaica em seu livro, O Nascimento da Tragédia. Ainda que a arte trágica seja o foco principal das ruminações do jovem Nietzsche nesta obra, sustento uma perspectiva/interpretação de que a poesia lírica é um componente privilegiado neste momento inicial do percurso nietzschiano em se tratando das complexas relações entre palavra e música. Para tanto, mostro, primeiramente, um esboço descritivo do que foi a poesia lírica helênica. Num segundo momento, um pequeno retrato de Nietzsche enquanto poeta/filólogo (um pouco antes de torna-se filósofo peregrino) partindo de sua Aula Inaugural (Homero e a Filologia Clássica) para, em seguida, descortinar a presença e o tratamento do lirismo helênico em sua primeira obra Palavras-chave: Poesia lírica helênica -Nascimento da Tragédia -Arte.
Resumo Resumo Resumo A fim de exibir algumas definições pilares sobre a angústia em Rollo May, ap... more Resumo Resumo Resumo A fim de exibir algumas definições pilares sobre a angústia em Rollo May, apresento brevemente, em primeiro lugar, as nuances da postura fenomenológica de May na formação de sua Psicologia Existencial. Em segundo lugar, descrevo o conceito de autoconsciência, fenômeno exclusivamente humano e necessário à vivência e compreensão do estarangustiado. Por último, mostro os conceitos de Rollo May que descrevem a experiência da angústia como fenômeno em que emerge ao humano em suas possibilidades existenciais de escolha, exercício paradoxal de liberdade e de tensão.
Carlos roGer sales da Ponte hudsson lima de sousa Resumo: Partindo do pressuposto de que Rollo Ma... more Carlos roGer sales da Ponte hudsson lima de sousa Resumo: Partindo do pressuposto de que Rollo May é um psicólogo geralmente esquecido nas terras brasileiras, este breve estudo teórico de uma pesquisa em andamento objetiva dar novo conhecimento deste eminente psicólogo. Para tanto, mostramos um breve esboço biográfico de May e de um histórico da Psicologia Humanista nos EUA; resgatamos algumas influências epistemológicas de seu pensamento, descrevemos as temáticas ligadas ao conceito de Inconsciente e a concepção de humano em May a fim de fornecermos alguns delineamentos da Psicologia Existencial por ele construída. Palavras-chave: Rollo May; Psicologia Existencial; Psicologia Humanista; Epistemologia das Psicologias.
Fruto de uma investigação levada a termo no Mestrado em Psicologia da UFC, o presente artigo visa... more Fruto de uma investigação levada a termo no Mestrado em Psicologia da UFC, o presente artigo visa questionar que a dita influência da filosofia de Sören Kierkegaard na constituição da psicologia centrada na pessoa de Carl Rogers não passa, em verdade, de um mal entendido histórico e epistemológico. A fim de explicitar isso com mais clareza, confronta-se aqui o conceito de "Indivíduo" de Kierkegaard e o conceito de "Pessoa" em Rogers, estabelecendo suas semelhanças e diferenças. Conclui-se que a leitura de Kierkegaard proporcionou a Rogers elementos para uma meditação acerca da prática clínica e mesmo de ordem pessoal. Todavia, a perspectiva de uma abertura à novidade existencial em Rogers adveio de observações de fenômenos na psicoterapia. As fontes de Rogers estão ancoradas na prática clínica e não na filosofia existencial de Kierkegaard. Os conceitos de "Indivíduo" e de "Pessoa" servem de ilustração para estas teses.
Resumo: Este pequeno ensaio tem apenas a intenção de esclarecer quem fala pela boca e nos escrito... more Resumo: Este pequeno ensaio tem apenas a intenção de esclarecer quem fala pela boca e nos escritos de Kierkegaard, mediante uma breve meditação acerca dos pseudônimos kierkegaardianos, com especial atenção a um deles, Johannes Clímacus. Traz para a discussão o quanto este é "autor" é, em larga medida, um heterônimo, dado que o uso feito por Kierkegaard deste artifício que não se limitava a deixá-lo no simples anonimato.
Revista do NUFEN: Phenomenology and Interdisciplinarity, 2023
O presente estudo é um exercício de interpretação, por um enfoque gestáltico, do fenômeno do suic... more O presente estudo é um exercício de interpretação, por um enfoque gestáltico, do fenômeno do suicídio tal como retratado no
documentário “Elena”, da cineasta Petra Costa. Tomam-se os conceitos de introjeção e de confluência como categorias analíticas
para a interpretação do filme. O traçado metodológico para adentrarmos no documentário, foi de natureza teórica tendo como
suporte o material bibliográfico selecionado diretamente ligado à temática do suicídio, bem como à Gestalt-terapia e seus
conceitos fundamentais. O que este estudo interpretativo mostrou é que encontramos na vida de Elena, retratada no filme, uma
carência de lugares onde ela poderia vir a trazer seu mal-estar que vinha à tona em seus afetos, pensamentos e ações. Essa
vacância de encontro e diálogo retiraram oportunidades de desdobramento de fala, o que eventualmente, contribuiu para sua
morte.
Resumo Considerando a importância de se continuar tecendo reflexões acerca da liberdade humana, o... more Resumo Considerando a importância de se continuar tecendo reflexões acerca da liberdade humana, o presente artigo objetiva, por meio de um estudo de cunho bibliográfico, apresentar a ideia de liberdade em dois autores: Viktor Frankl e Carl Rogers. A partir da apresentação dos aspectos principais das teorias desenvolvidas por ambos e das visões de homem a elas subjacentes, buscouse apreender que compreensão tem a liberdade humana nas duas perspectivas. Dentre os principais resultados alcançados, vimos que Frankl entende a liberdade como uma característica fundante da dimensão noética do homem, que se constitui sobre a possibilidade de distanciar-se de sua condição psicofísica e social, posicionando-se de forma livre e responsável. Já em Rogers, percebemos um conflito entre a sua defesa da liberdade do ser humano e sua crença em uma tendência inerente ao crescimento, que nos pareceu condicionar a liberdade de escolha sobre a qual ele fala.
O presente ensaio pretende mostrar a compreensão que o filósofo francês, Maurice Merleau-Ponty (1... more O presente ensaio pretende mostrar a compreensão que o filósofo francês, Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), na sua obra Fenomenologia da Percepção (1945), tem do Cogito (enquanto modalidade de contato primordial e enraizante da experiência humana do mundo); e sua compreensão do tempo, (enquanto ambiência referencial e experiencial que o humano realiza na sua lida com as coisas ao seu redor e consigo mesmo enquanto corpo vivido). Ao final, é possível mostrar uma concepção diferente de subjetividade como corpo e campo de presença em oposição aos conceitos vigentes nas psicologias para definir a experiência subjetiva, em geral percebida como "interioridade psicológica privada". Palavras-chave Cogito, tempo, subjetividade. Abstract: The present essay aims to show the understanding that the french philosopher, Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), in his work Phenomenology of Perception (1945), has of Cogito (as a primordial and rooted modality of human experience in the world); and his understanding of time, (as a referential and experiential environment that the human realizes in dealing with things around him and with himself as a living body). In the end, it is possible to show a different conception of subjectivity as a body and field of presence in opposition to current concepts in psychology to define subjective experience, generally perceived as "psychological private interiority".
Se aceitarmos que houve um certo caos pessoal em termos de relações humanas, doenças físicas e ta... more Se aceitarmos que houve um certo caos pessoal em termos de relações humanas, doenças físicas e também solidão como fatos constantes na vida de Nietzsche, sem mencionar a contínua reflexão dispendida acerca dos valores morais, podemos afirmar o filósofo esmerou-se em "selecionar" bem tudo o que lhe acontecia em sua vida e como tais vivências poderiam ser "nutritivas", ainda que lhe trouxessem dissabores iniciais ou contínuos. Tendo isso em vista, e partindo do segundo capítulo de Ecce Homo, Por que sou tão inteligente, detenho-me, a nível de esboço, nesta "dietética nietzschiana" e como a solidão teve papel preponderante na emergência de seu pensamento. Penso que, neste capítulo, a experiência da solidão foi um suporte necessário para Nietzsche se desenhar como filósofo errante que foi e também um espírito livre. Palavras-chave: Solidão. Dietética nietzschiana. Valores morais. Espírito livre. Abstract: If we accept that there was a certain personal chaos in terms of human relations, physical diseases and also solitude as constant facts in Nietzsche's life, not to mention the continual reflection on moral values, we may affirm the philosopher was careful to "select" everything well what happened to him in his life, and how such experiences could be "nutritious," even if they brought him initial or ongoing displeasure. With this in mind, and starting from the second chapter of Ecce Homo, Why am I so intelligent, I stop at the sketch level in this "nietzschean dietetic" and how solitude played a leading role in the emergence of his thinking. I think that in this chapter the experience of loneliness was a necessary support for Nietzsche to design himself as a wandering philosopher who was and also a free spirit. Keywords: Solitude. Nietzschean dietetic. Moral values. Free spirit. ___________________________________________________________ "Quando se vive só, não se fala muito alto, também não se escreve muito alto: pois teme-se a ressonância vazia-a crítica da ninfa Eco.-E todas as vozes soam diferentes na solidão"
O breve estudo que segue é uma tentativa de compreensão da experiência da solidão tal como ela dá... more O breve estudo que segue é uma tentativa de compreensão da experiência da solidão tal como ela dá seus primeiros sinais na 3ª Consideração Extemporânea, de Friedrich Nietzsche, tentando delineá-la, não como simples conceito, se não em íntima vinculação em outra fi-gura conceitual nietzscheana, o espírito livre, no que concerne ao seu tornar-se si mesmo. Como uma categoria crítica, o espírito livre (ainda que não apareça formalmente neste es-crito de Nietzsche como o será em Humano, demasiado Humano) é confrontado o tempo in-teiro às poderosas injunções da cultura, as quais insistem em tragá-lo para dentro de um modo de vida gregário uniformizante, nivelador e paralisante, retirando toda possibilidade de qualquer solidão e, por consequência, a liberdade de criar a si mesmo que a ideia do tor-nar-se, do devir, implica. Palavras-chave: Solidão. Espírito Livre. Tornar-se si mesmo. ABSTRACT: The brief study that follows is an attempt to understand the experience of loneliness as it gives its first signs in Friedrich Nietzsche's 3rd Extemporaneous Consideration, trying to delineate it, not as a simple concept, but in close connection with another nietzschean conceptual figure, the free spirit, as regards his becoming himself. As a critical category, the free spirit (though not formally appearing in this Nietzsche writing as it will be in Human, too Human) is confronted all the time with the powerful injunctions of culture, which insist on swallowing it in a way of a A Revista de Filosofia
Resumo: Entre os muitos temas abordados por Rollo May (1909-1994), expoente esta-dunidense da Psi... more Resumo: Entre os muitos temas abordados por Rollo May (1909-1994), expoente esta-dunidense da Psicologia Existencial, encontra-se o tempo como experiência existencial e subjetiva; isto é, a temporalidade como espaço de organização da própria subjetividade do humano, dando ênfase na capacidade contínua deste mesmo humano de extrapolar seu "presente" criando novas significações em direção ao "futuro". Neste breve estudo pretende-se expor um certo "conjunto de pensamentos" em que se mesclam tanto uma apresentação da perspectiva de May a respeito do tempo, o qual incide na questão do "futuro" como um fio condutor fundamental para o tecido mesmo da atividade psíquica humana (quer se trate de condições ditas "normais", como as que são designadas como "transtorno") e horizonte de sua existência; assim como algumas interpretações, a partir da ótica proporcionada por May, de algumas sintomáticas e adoecidas expressões de como o humano tem lidado com o tempo na atualidade. Palavras-chave: Rollo May; Temporalidade; "Futuro"; Psicologia Existencial. Abstract: Among the many themes addressed by Rollo May (1909-1994), American exponent of Existential Psychology, time is considered an existential and subjective experience; temporality as the organizational space of human subjectivity itself, emphasizing human's continuous ability to extrapolate his "present" by creating new meanings toward the "fu-ture." In this brief study, it is exposed a certain "set of thoughts": a presentation of May's perspective about time, which focuses on the subject of "future" as a fundamental guiding thread for the psychic activity (whether in terms of "normal" conditions, or those referred as "disorders") and furthermore, the horizon of its existence. Besides that, some interpretations , based on the viewpoint provided by May, of some symptomatic and sickened expressions of how the human has dealt with the present time. Resumen: Entre los muchos temas abordados por Rollo May (1909-1994), un exponente es-tadounidense de la psicología existencial, está el tiempo como una experiencia existencial y subjetiva; es decir, la temporalidad como espacio de organización de la subjetividad humana misma, enfatizando la capacidad continua del mismo humano para extrapolar su "presente" creando nuevos significados hacia el "futuro". Este breve estudio pretende exponer un cier-to "conjunto de pensamientos" en el que se mezcla una presentación de la perspectiva del tiempo de May, que se centra en la cuestión del "futuro" como un hilo fundamental para el tejido mismo de la actividad psíquica humana (si se llama condiciones "normales", como las denominadas "trastorno") y el horizonte de su existencia; así como algunas interpretaciones, desde la perspectiva proporcionada por May, de algunas expresiones sintomáticas y enfer-mas de cómo el humano ha manejado el tiempo hoy.
O presente estudo propõe uma reflexão sobre a compreensão da angústia na psicoterapia centrada na... more O presente estudo propõe uma reflexão sobre a compreensão da angústia na psicoterapia centrada na pessoa, tendo como ponto de partida básico algumas obras de Carl R. Rogers (1902-1987). A pesquisa desenvolveu-se a partir de inquietações oriundas desse tema e pelo interesse de conhecer como a psicoterapia centrada na pessoa compreende a angústia. Por meio de uma revisão bibliográfica, foi possível perceber uma concepção de angústia como um fenômeno inerente à realidade existencial, pertencendo, pois, ao campo fenomenal da pessoa. Com a produção de tal estudo, percebeu-se também que a angústia é invariavelmente associada a um estado de desadaptação, oriunda do desacordo vivido pela pessoa entre o " Eu " e sua experiência. Assim sendo, o processo terapêutico surge como um elemento que contribui para a diminuição da angústia, visto que a pessoa tende a atualizar-se ou, sob uma perspectiva organísmica, a funcionar plenamente.
RESUMO: O texto se destina a tecer uma breve interpretação de como Nietzsche percebe e critica o ... more RESUMO: O texto se destina a tecer uma breve interpretação de como Nietzsche percebe e critica o que chama de " sentimentos morais " no primeiro volume de Humano, Demasiado Humano: como ele recebe a tradição filosófica denunciando-a em seus idealismos em questões de moralidade; e como o pensador alemão sugere outras possibilidades imanentes da vida moral. Expõe-se aqui uma percepção de como as considerações nietzscheanas são elas mesmas interpretações " artístico-performáticas " de um jogo de valorações que está sempre em curso quando o assunto é a crítica da moral e de seus " valores " supostamente transcendentes. ABSTRACT: The text is intended to provide a brief interpretation of how Nietzsche perceives and criticizes what he calls "moral feelings" in the first volume of Human, All Too Human: how he receives the philosophical tradition denouncing it his idealisms on issues of morality; and how the German thinker suggests other immanent possibilities of moral life. Here we present a perception of how Nietzsche's considerations are themselves "artistic-performatic" interpretations of a game of valuations that is always underway when it comes to the critique of morality and its supposedly transcendent "values".
Resumo: Trata-se de um exercício compreensivo-interpretativo acerca de algumas posições do filóso... more Resumo: Trata-se de um exercício compreensivo-interpretativo acerca de algumas posições do filósofo alemão Friedrich Nietzsche sobre a arte na obra Humano, Demasiado Humano e suas possíveis ligações com o tema da " saúde ". Buscam-se elementos para uma compreensão ampliada de uma saúde existencial, tomando a arte como um meio privilegiado para esta finalidade. Abstract: It is a comprehensive-interpretative exercise about some positions of the German philosopher Friedrich Nietzsche on the work of art in the book Human, All Too Human and possible links with the theme of "health." Look up elements for a broader understanding of an existential health, taking art as a privileged means for this purpose.
Resumo A arte é uma temática das mais relevantes na obra de Friedrich Nietzsche, se não a que tal... more Resumo A arte é uma temática das mais relevantes na obra de Friedrich Nietzsche, se não a que talvez mais lhe caracterize o percurso filosófico, ao lado da acentuada crítica aos valores morais os quais dão sustentação a civilização ocidental. E aquela temática, longe de se esgotar, sempre reaparece com novas feições que o filósofo alemão capta em acordo com as perspectivas constituídas por ele. Dito isso, e transitando pelo capítulo " Da alma de artistas e escritores " que se encontra no primeiro volume de Humano, Demasiado Humano, pretende-se aqui discorrer acerca de alguns elementos de como a arte é percebida neste segundo momento da trajetória nietzschiana, mostrando, a partir de uma palavra provocadora do próprio Nietzsche, uma determinada compreensão do que se seria o crepúsculo da arte. Palavras-chave: Arte. Humano, Demasiado Humano. Estética. Crepúsculo da Arte. Abstract Art is a subject of the most important in the work of Friedrich Nietzsche, if not perhaps more features his philosophical path, next to the sharp criticism of the moral values which sustain Western civilization. And that theme, far from exhausted, always reappears with new features that the German philosopher picks up in accordance with the outlook formed by it. That said, and transiting the chapter "The soul of artists and writers" which is the first volume of Human, All Too Human, it is intended here discoursing about some elements of how art is perceived in this second moment of Nietzsche's path, showing from a provocative word of Nietzsche himself, a certain understanding of what would be the twilight of art.
Trata-se de um breve estudo reflexivo acerca das categorias de subjetividade e Indivíduo, tal com... more Trata-se de um breve estudo reflexivo acerca das categorias de subjetividade e Indivíduo, tal como meditadas pelo filósofo danês, Sören Kierkegaard. Longe de serem compreendidos como conceitos psicológicos ou sociológicos, estas categorias trazem, nelas mesmas, uma vivência de paradoxo, atravessado por uma fé apaixonada. Somente uma subjetividade experienciada no paradoxo absoluto (tarefa existencial do Indivíduo) pode assumir o devir cristão, ideia que atravessa toda a reflexão kierkegaardiana.
RESUMO O presente ensaio trata do tema da barbárie, em sua face positiva, diagnosticada e descrit... more RESUMO O presente ensaio trata do tema da barbárie, em sua face positiva, diagnosticada e descrita por Walter Benjamin no ensaio " Experiência e Pobreza " como uma das consequências da precarização do declínio da modernidade a qual despotencializa qualquer possibilidade de uma aprendizagem significativa de situações constituidoras de experiências narráveis, recaindo numa situação cultural e política de barbarismo. Admitindo, dentro do horizonte histórico que nos atravessa, que somos bárbaros e se assumíssemos nossa condição de " barbárie bárbara " , teríamos condições de nos comprometer a fazer diferença em meio a este estado de coisas bárbaro? A arte poderia se configurar como um modo de operar tais diferenças? Este escrito é um convite à reflexão e ao posicionamento existencial destas e outras questões lançadas por Benjamin, exigindo respostas. Palavras-chave: Barbárie. Positiva. Experiência. Modernidade. Arte. ABSTRACT This essay deals with the theme of barbarism, in its positive side, diagnosed and described by Walter Benjamin. In his essay "Experience and Poverty", Benjamin describes barbarism as one of the consequences of the decline of modernity which unpowered any possibility of a meaningful learning of situations of experiences potentially capable of being narrated, falling into a cultural and political situation of barbarism. Accepting, within the historical horizon that runs through us, we are barbarians and assuming our condition of "barbaric barbarism", would we be able to commit ourselves in making difference in the midst of this state of barbaric things? Could art be configured as a way of operating such difference? This writing is an invitation to reflection and existential positioning of these and other issues thrown by Benjamin, demanding answers.
Resumo: A modalidade de atenção clínica conhecida por Aconselhamento Terapêutico (AT) pressupõe u... more Resumo: A modalidade de atenção clínica conhecida por Aconselhamento Terapêutico (AT) pressupõe uma construção e reflexão permanentes de suas ações, teorias de intervenção e a quem ele serve (uma concepção própria do humano). Minha intenção aqui é identificar como o pensar medicalizante pode influir nos contornos e nas direções do AT, pervertendo sua identidade de origem, ancorada nas psicologias existenciais-humanistas, em específico a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), pano de fundo de minha fala. Isto posto, pretendo aqui discorrer o que entendo por AT, explicitando suas características principais dentro do enfoque da ACP; descrever o que é a "atitude medicalizante" e sua influência no AT; e findar com algumas reflexões acerca de implicações éticas do campo clínico onde, também, o AT se insere.
Resumo: O caráter deste estudo teórico é realizar uma reflexão acerca da experienciação dos antig... more Resumo: O caráter deste estudo teórico é realizar uma reflexão acerca da experienciação dos antigos helenos em relação às grandes Tragédias. Mostrar-se-á a Tragédia em suas dimensões como forma de poesia e de celebração, além de ser fonte perene de meditação do "sentido do trágico" da finitude humana. Palavras-chave: Tragédia; "Sentido do Trágico"; Finitude.
Este ensaio tem por base um confronto entre as considerações de Nietzsche em relação à construção... more Este ensaio tem por base um confronto entre as considerações de Nietzsche em relação à construção do conhecimento e o movimento construcionista na Psicologia Social. Para Nietzsche, inspirado por Schopenhauer, o conhecimento é somente um meio de sobrevivência para a vida social e a linguagem, o instrumento estruturador que cria conceitos e metáforas que designam o que seja "verdadeiro" e "falso". O construcionismo, por sua vez, se detém nas chamadas práticas discursivas. Estas práticas são veiculadas por discursos que promovem ações próprias que constituem sentidos jamais estanques. Tenta-se mostrar as semelhanças entre estes saberes acerca da linguagem compreendida como algo vivo e em eterno devir de sentidos vividos concretamente. Apesar destas aproximações, Nietzsche, contudo, ainda não poderia ser elencado como uma das influências do construcionismo, embora as afinidades.
Resumo: Este ensaio interpretativo pretende mostrar o modo como Nietzsche se apropria e faz uso d... more Resumo: Este ensaio interpretativo pretende mostrar o modo como Nietzsche se apropria e faz uso de elementos da poesia lírica helênica arcaica em seu livro, O Nascimento da Tragédia. Ainda que a arte trágica seja o foco principal das ruminações do jovem Nietzsche nesta obra, sustento uma perspectiva/interpretação de que a poesia lírica é um componente privilegiado neste momento inicial do percurso nietzschiano em se tratando das complexas relações entre palavra e música. Para tanto, mostro, primeiramente, um esboço descritivo do que foi a poesia lírica helênica. Num segundo momento, um pequeno retrato de Nietzsche enquanto poeta/filólogo (um pouco antes de torna-se filósofo peregrino) partindo de sua Aula Inaugural (Homero e a Filologia Clássica) para, em seguida, descortinar a presença e o tratamento do lirismo helênico em sua primeira obra Palavras-chave: Poesia lírica helênica -Nascimento da Tragédia -Arte.
Resumo Resumo Resumo A fim de exibir algumas definições pilares sobre a angústia em Rollo May, ap... more Resumo Resumo Resumo A fim de exibir algumas definições pilares sobre a angústia em Rollo May, apresento brevemente, em primeiro lugar, as nuances da postura fenomenológica de May na formação de sua Psicologia Existencial. Em segundo lugar, descrevo o conceito de autoconsciência, fenômeno exclusivamente humano e necessário à vivência e compreensão do estarangustiado. Por último, mostro os conceitos de Rollo May que descrevem a experiência da angústia como fenômeno em que emerge ao humano em suas possibilidades existenciais de escolha, exercício paradoxal de liberdade e de tensão.
Carlos roGer sales da Ponte hudsson lima de sousa Resumo: Partindo do pressuposto de que Rollo Ma... more Carlos roGer sales da Ponte hudsson lima de sousa Resumo: Partindo do pressuposto de que Rollo May é um psicólogo geralmente esquecido nas terras brasileiras, este breve estudo teórico de uma pesquisa em andamento objetiva dar novo conhecimento deste eminente psicólogo. Para tanto, mostramos um breve esboço biográfico de May e de um histórico da Psicologia Humanista nos EUA; resgatamos algumas influências epistemológicas de seu pensamento, descrevemos as temáticas ligadas ao conceito de Inconsciente e a concepção de humano em May a fim de fornecermos alguns delineamentos da Psicologia Existencial por ele construída. Palavras-chave: Rollo May; Psicologia Existencial; Psicologia Humanista; Epistemologia das Psicologias.
Fruto de uma investigação levada a termo no Mestrado em Psicologia da UFC, o presente artigo visa... more Fruto de uma investigação levada a termo no Mestrado em Psicologia da UFC, o presente artigo visa questionar que a dita influência da filosofia de Sören Kierkegaard na constituição da psicologia centrada na pessoa de Carl Rogers não passa, em verdade, de um mal entendido histórico e epistemológico. A fim de explicitar isso com mais clareza, confronta-se aqui o conceito de "Indivíduo" de Kierkegaard e o conceito de "Pessoa" em Rogers, estabelecendo suas semelhanças e diferenças. Conclui-se que a leitura de Kierkegaard proporcionou a Rogers elementos para uma meditação acerca da prática clínica e mesmo de ordem pessoal. Todavia, a perspectiva de uma abertura à novidade existencial em Rogers adveio de observações de fenômenos na psicoterapia. As fontes de Rogers estão ancoradas na prática clínica e não na filosofia existencial de Kierkegaard. Os conceitos de "Indivíduo" e de "Pessoa" servem de ilustração para estas teses.
Resumo: Este pequeno ensaio tem apenas a intenção de esclarecer quem fala pela boca e nos escrito... more Resumo: Este pequeno ensaio tem apenas a intenção de esclarecer quem fala pela boca e nos escritos de Kierkegaard, mediante uma breve meditação acerca dos pseudônimos kierkegaardianos, com especial atenção a um deles, Johannes Clímacus. Traz para a discussão o quanto este é "autor" é, em larga medida, um heterônimo, dado que o uso feito por Kierkegaard deste artifício que não se limitava a deixá-lo no simples anonimato.
Uploads
Papers by Carlos Roger
documentário “Elena”, da cineasta Petra Costa. Tomam-se os conceitos de introjeção e de confluência como categorias analíticas
para a interpretação do filme. O traçado metodológico para adentrarmos no documentário, foi de natureza teórica tendo como
suporte o material bibliográfico selecionado diretamente ligado à temática do suicídio, bem como à Gestalt-terapia e seus
conceitos fundamentais. O que este estudo interpretativo mostrou é que encontramos na vida de Elena, retratada no filme, uma
carência de lugares onde ela poderia vir a trazer seu mal-estar que vinha à tona em seus afetos, pensamentos e ações. Essa
vacância de encontro e diálogo retiraram oportunidades de desdobramento de fala, o que eventualmente, contribuiu para sua
morte.
Abstract: The present essay aims to show the understanding that the french philosopher, Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), in his work Phenomenology of Perception (1945), has of Cogito (as a primordial and rooted modality of human experience in the world); and his understanding of time, (as a referential and experiential environment that the human realizes in dealing with things around him and with himself as a living body). In the end, it is possible to show a different conception of subjectivity as a body and field of presence in opposition to current concepts in psychology to define subjective experience, generally perceived as "psychological private interiority".
Abstract: If we accept that there was a certain personal chaos in terms of human relations, physical diseases and also solitude as constant facts in Nietzsche's life, not to mention the continual reflection on moral values, we may affirm the philosopher was careful to "select" everything well what happened to him in his life, and how such experiences could be "nutritious," even if they brought him initial or ongoing displeasure. With this in mind, and starting from the second chapter of Ecce Homo, Why am I so intelligent, I stop at the sketch level in this "nietzschean dietetic" and how solitude played a leading role in the emergence of his thinking. I think that in this chapter the experience of loneliness was a necessary support for Nietzsche to design himself as a wandering philosopher who was and also a free spirit. Keywords: Solitude. Nietzschean dietetic. Moral values. Free spirit. ___________________________________________________________ "Quando se vive só, não se fala muito alto, também não se escreve muito alto: pois teme-se a ressonância vazia-a crítica da ninfa Eco.-E todas as vozes soam diferentes na solidão"
ABSTRACT: The brief study that follows is an attempt to understand the experience of loneliness as it gives its first signs in Friedrich Nietzsche's 3rd Extemporaneous Consideration, trying to delineate it, not as a simple concept, but in close connection with another nietzschean conceptual figure, the free spirit, as regards his becoming himself. As a critical category, the free spirit (though not formally appearing in this Nietzsche writing as it will be in Human, too Human) is confronted all the time with the powerful injunctions of culture, which insist on swallowing it in a way of a A Revista de Filosofia
documentário “Elena”, da cineasta Petra Costa. Tomam-se os conceitos de introjeção e de confluência como categorias analíticas
para a interpretação do filme. O traçado metodológico para adentrarmos no documentário, foi de natureza teórica tendo como
suporte o material bibliográfico selecionado diretamente ligado à temática do suicídio, bem como à Gestalt-terapia e seus
conceitos fundamentais. O que este estudo interpretativo mostrou é que encontramos na vida de Elena, retratada no filme, uma
carência de lugares onde ela poderia vir a trazer seu mal-estar que vinha à tona em seus afetos, pensamentos e ações. Essa
vacância de encontro e diálogo retiraram oportunidades de desdobramento de fala, o que eventualmente, contribuiu para sua
morte.
Abstract: The present essay aims to show the understanding that the french philosopher, Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), in his work Phenomenology of Perception (1945), has of Cogito (as a primordial and rooted modality of human experience in the world); and his understanding of time, (as a referential and experiential environment that the human realizes in dealing with things around him and with himself as a living body). In the end, it is possible to show a different conception of subjectivity as a body and field of presence in opposition to current concepts in psychology to define subjective experience, generally perceived as "psychological private interiority".
Abstract: If we accept that there was a certain personal chaos in terms of human relations, physical diseases and also solitude as constant facts in Nietzsche's life, not to mention the continual reflection on moral values, we may affirm the philosopher was careful to "select" everything well what happened to him in his life, and how such experiences could be "nutritious," even if they brought him initial or ongoing displeasure. With this in mind, and starting from the second chapter of Ecce Homo, Why am I so intelligent, I stop at the sketch level in this "nietzschean dietetic" and how solitude played a leading role in the emergence of his thinking. I think that in this chapter the experience of loneliness was a necessary support for Nietzsche to design himself as a wandering philosopher who was and also a free spirit. Keywords: Solitude. Nietzschean dietetic. Moral values. Free spirit. ___________________________________________________________ "Quando se vive só, não se fala muito alto, também não se escreve muito alto: pois teme-se a ressonância vazia-a crítica da ninfa Eco.-E todas as vozes soam diferentes na solidão"
ABSTRACT: The brief study that follows is an attempt to understand the experience of loneliness as it gives its first signs in Friedrich Nietzsche's 3rd Extemporaneous Consideration, trying to delineate it, not as a simple concept, but in close connection with another nietzschean conceptual figure, the free spirit, as regards his becoming himself. As a critical category, the free spirit (though not formally appearing in this Nietzsche writing as it will be in Human, too Human) is confronted all the time with the powerful injunctions of culture, which insist on swallowing it in a way of a A Revista de Filosofia