segunda-feira, 22 de novembro de 2010

mudo





















se as palavras ferem
e as peles se aceitam
seja o silêncio
nosso escudo

domingo, 21 de novembro de 2010

delicada














se me beija
gomos, pétalas
e botão
sou pele
e mais nada

dedicada















faço tudo de mansinho
para ver se esse momento
passa bem devagarzinho

trópico



















colo que dobra-me
beirando a devoção
é calor úmido
é banho de suor
e chuva
em tarde de sol
a pino.

textura

















minha pele
arrepiada
sob a sua
mordedura

aflita
















das juras sobraram
as falas não ditas
os olhos nos olhos

como criança que grita
proteja-me, amor!

sábado, 20 de novembro de 2010

natureza morta




















rubras reluzem sobre o móvel turvo
maçãs numa cesta ovalada copulam
livres e notívagas, quem há de punir?

impuras não atingiram chão ou céu
perdem-se no pecado de serem suas
maduras e nuas sob moldura de papel.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

me deixe solta



















já passei do ponto de querer amores eternos, dois dedos de prosa depois do sexo não é nada mal, até presume-se estima. os laços que me prendem desatam-se do ser amado, mesmo que encontre o gozo, prazer maior em seu corpo, não há o que me prenda a ele. nem os batentes de porta ou o sufocar de seu braço. minha essência tem cheiro de láudano e evapora como. me deixe solta! se quer se deitar comigo, não só por uma noite, entenda que os olhos me prendem mais que abraços e quem tem coragem de fechá-los diante de mim, possuirá meu sorriso enquanto eu viver. não choro ao sair, deixe a porta sem tranca para que eu não precise fugir. só deixo para trás o cheiro de meus ais grudados em colcha sua!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ama quem te ama




















então não trago culpa
de ser assim tão leviana

meu


















ele cheira mato
ele cheira-me
ele cheira mata


mata-me
de amor

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

domingo, 7 de novembro de 2010

abstrato

























estou frágil e me engano
tantas são as cores
que pincelam a ilusão
que é fácil baixar a guarda
minha capital é caos
nalguma falésia sua