Long Live The New Flesh.
Death to Videodrome
De todos os filmes de Cronemberg, "Videodrome" é talvez o mais surrealista de todos, um surrealismo ligado à tecnologia e por conseguinte um filme de ficção científica, contudo, com essa tal aura surrealista bem vincada. Claro que a tecnologia no cinema de Cronemberg é muito particular, estamos a falar de algo maquinal, que normalmente é retratado como frio e metálico, algo racional. Se olharmos para "Videodrome" vemos que a tecnologia em Cronemberg é precisamente o oposto, algo quente e carnal, algo mais emocional. Estas características ainda são mais acentuadas no, futuro, "ExistenZ". Claro que "Naked Lunch" também é das obras mais surreais do realizador, mas aqui entra também a adaptação da obra de Burroughs.
De todos os filmes escolhidos este é o que tem o protagonista mais marcante e, verdade seja dita, deve-se ao carismático James Woods que torna o seu Max Renn numa das personagens mais fascinantes de todos os filmes do realizador. Renn é um presidente de uma estação televisiva, o canal 83 da Cabo, e que está sempre na vanguarda dos programas sensacionalistas e chocantes. Quando descobre, através de um sinal pirata, o programa "Videodrome" fica completamente fascinado com a gratificação da violência nele incluído. Estamos a falar de um programa sem enredo e praticamente sem meios de produção, com apenas violência no seu estado mais puro e simplista. A partir daqui envereda numa procura obsessiva por "Videodrome", mas será mesmo este produto um programa de TV? Ou pior ainda, algo real?
Percebe-se pelo parágrafo acima que "Videodrome" é uma forte crítica ao papel que a TV tem assumido nas nossas vidas e que apesar de datar de 83 continua a fazer total sentido e com o mesmo impacto (ou mais até) nos dias de hoje. Mas como escreveu João Palhares aqui, "Videodrome" ainda é mais do que isto.
Max não é o típico herói, se é que é herói de todo, temos aqui um produtor televisivo sedento por sangue, sedento pelo choque. E isso é claro nos programas que procura e no seu discurso quando é entrevistado. É nesse programa que conhece Nicki Brand, interpretada pela mítica vocalista dos Blondie, Deborah Harry. A partir daqui os dois envolvem-se e é em casa de Max que esta acaba por conhecer o famoso "Videodrome". Também ela se envolve no seu fascínio ainda que por razões diferentes. Max quer , qual Messias, revelá-lo ao mundo, ser o seu divulgador, mas, Nicky, quer vivê-lo. As suas paixões são intensas e violentas e a sua cena de sexo com Max são prova disso, naquela que é uma das melhores cenas de sexo jamais filmadas pelo realizador.
Em jeito de conclusão e como já deu para perceber "Videodrome" é quanto a mim uma das obras maiores de Cronemberg, um dos pontos máximos na sua carreira e o meu favorito dos filmes que escolhi. Espero que gostem.
Gabriel Martins (Alternative Prison)
Soy fan de Cronenberg, pero justo esta película no la he visto.
ResponderEliminarBem-vindo Arion.
ResponderEliminarNesse caso então aconselho-te fortemente a veres este :)
Abraço