Cavalheirismo não é frescura de madameUm cavalheiro não é um motorista, um empregado de restaurante, um gajo que trabalha num bengaleiro. Cavalheirismo não é abrirem-me a porta do carro, pegarem-me no casaco para o vestir, puxarem-me a cadeira para me sentar. Deixarem-me à porta e irem estacionar. Um cavalheiro também não é um fiador, nem um gajo que tem conta aberta na florista só pra calar a minha boca. Cavalheirismo é não me corrigirem em público, é não me diminuírem nem em público nem em privado, é eu dizer uma bojarda, a maior de todas, e ficar por isso mesmo, sem condescendência, sem chamadas de atenção, é não discordar do que não é acordável, é não me deixarem na mão, e defenderem-me sem que eu o perceba, é dar opinião sem ofender, muito menos impor, é galantear sem embaraçar. Cavalheirismo não é fazerem-me vénias nem beijarem-me a mão. Cavalheirismo não são gestos repetidos, são gestos genuínos, autênticos. É reconhecimento. Cavalheirismo é verem-me como uma igual e, mesmo assi...