Com o advento do digital, a realização de produtos audiovisuais se tornou fácil, democrática. Quando da época das películas em celulóide, a feitura de um filme exigia muitos recursos e tudo era muito caro. A partir mesmo da exigência de se ter, na equipe, profissionais, a exemplo da captação das imagens e da iluminação que não podia ser feita por qualquer amador. Atualmente, basta se ter uma câmera para se fazer um filme. Se existe facilidade na expressão, por outro lado é preciso que haja inteligência e sensibilidade. Caso contrário, os chamados produtos audiovisuais vão para o seu destino certo: a lixeira do esquecimento. Comparo a realização desses produtos audiovisuais (detesto o nome, prefiro chamá-los de filmes, simplesmente) às poesias e versalhadas de antigamente. Todos queriam ser poetas e ver seus escritos publicados em jornais, revistas e, se possível, editados em livros. Fazia-se poesias a torto e a direito. Para a namorada, para entes queridos ou para expressar a melancolia ou a alegria de viver.
Pretendo, na medida do possível, postar, aqui, alguns filmes do cinema que se quer baiano, principalmente as experimentações menos profissionais e mais experimentais. Há, no cinema baiano, os profissionais que fazem longa com vistas ao mercado exibidor (Edgar Navarro, Pola Ribeiro, José Umberto, Tuna Espinheira, Araripe, entre tantos!!) e aqueles que experimentam o registro das imagens em movimento pela via digital. Duda Falcão, produtor de filmes, é um ativo participante de um cinema quase 'a latere', mas que já produziu pelo menos um longa por esta via (cujo nome me esqueço agora). Ele me mandou um curta, Carrinho de Pau, de Son Araújo, que deixo aqui para que vocês possam ver e opiniar (se for o caso). Talvez esteja a surgir um novo José Mojica Marins (no que se refere à independência na produção).