talvez valha a pena este mar em nevoeiro
ao longe, para os lados de Âncora
uma sirene toca de três em três segundos
guiando os barcos de pescadores
lançados noutras redes que não as minhas.
se fosse possível contar toda esta areia
os números não chegariam.
mas para quê contar a areia?
se eu fosse areia, junto do mar sempre
não sentir, não pensar
não pensar.
não precisar fazer nada e nesse nada
fazer tudo.
a praia que se povoa
já se ouvem gritos de crianças
a sirene
o mar nos rochedos
este papel que estala
nada mais ruído.
1 comentário:
Que beleza de poema, de ritmo, de encadeamento.
E como pensei nessa jovem lisboeta que pela mão do pai ia para a Póvoa do Varzim e percorria toda essa costa. Ainda parece que estou a ouvir murmurar Avromar.
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