Há oito anos a minha filha precisou sofrer uma cirurgia bariátrica, e uma gravidez antes de completar dois anos de resguardo cirúrgico seria de alto-risco, e foi o que aconteceu com ela. Ficou grávida três meses depois, e em todas as consultas de pré-natal o obstetra sugeria o aborto, porque o organismo dela só absorvia quarenta por cento dos nutrientes necessários para ela, e gerar um bebe nestas condições era colocar a vida de ambos em risco. Mas ela se negou a abortar e durante o pré-natal a equipe médica se preparou para realizar o parto cesáreo no dia marcado com todo equipamento necessário para a chegada do bebê, (Maria Vitória), no hospital, mas não foi assim que aconteceu. No dia quinze de março do ano dois mil e cinco a minha filha sofreu um rompimento de placenta foi levada para o Hospital da Beneficência Portuguesa, (era o mais próximo do seu local da trabalho) Ela nasceu com o peso de dois quilos novecentos e sessenta gramas, milagrosamente, não precisou usar nenhum aparelho e nem incubadora, tudo estava bem com ela graças a Deus, mas a minha filha ficou muito mal, precisou receber sangue, (muito sangue) e por mais de vinte e quatro horas ficou sob observação médica. Graças a Deus, mais uma vez e sempre, deu tudo certo e elas voltaram para casa.
A minha filha sentia depressão pós-parto, e depois de alguns dias de depressão, síndrome do pânico. Ela era evangélica (não por isso) ela decidiu entregar nas mãos de Deus e não foi ao médico para cuidar desses sintomas, dias passava bem e outros muito mal, após um ano, decidiu se demitir do trabalho onde gerenciava a empresa desde os dezesseis anos, (ela tinha vinte e oito anos ) e foi então que ela piorou muito.
Aquela mulher forte, determinada, atuante, comunicativa, e extremamente alegre, tornou-se apática, triste, insegura e doente, sentia fortes dores de cabeça, muita depressão, e não conseguíamos que ela fosse ao médico, estava tudo nas mãos de Deus. Ela continuou com as atividades que exercia na Congregação, viajava para a cidade de Paraty duas vezes por mês e ensinava música para os irmãos da mesma fé. Eles (meu ex-genro e ela) compraram uma casa na cidade para facilitar a permanência deles, ali, durante os dias de missão. Na casa tinha uma moldura com uma foto da imagem de Jesus, e uma irmã da congregação falou para ela que naquele quadro tinha um espírito e que ele precisava ser queimado. Ela retirou a foto e na mesma moldura colocou uma foto da Maria e deu para mim de presente (eu amei).
O tempo foi passando, a dor de cabeça não passou, nem a depressão e nem o medo de coisas que ela não sabia explicar. Mas, ela dirigia o carro dela, como sempre dirigiu, até hoje, muito bem, cursava a faculdade, ensinava música na APAE da cidade de Ferraz de Vasconcelos, era apoio da Pastoral da Criança, e uma exímia mãe de família, até que no dia dois de fevereiro de dois mil e dez ela teve uma crise, um surto psicótico, (na época não sabíamos o que era) **(ficou três dias e noites sem dormir, mandou o marido embora, ela sentia ciúmes dele, disse que não seria mais crente, que estava apaixonada por outro, (não sabemos se é verdade, aliás, não sabemos da sua verdade), quis por fogo no quadro, não se alimentava, chorava muito e parecia ausente)** Foi internada e ficou por onze dias no hospital. Teve alta com o diagnóstico de *Distúrbio Emocional e Afetivo* Durante os dois meses seguintes mandou o marido embora nove vezes e noves pediu que ele voltasse. No último encontro ele disse que não voltaria mais se ela não fosse embora com ele. (Ele tinha sido transferido para o Sul) Ela não foi e ele não voltou mais. Ela voltou para o antigo trabalho exercendo a mesma função, graças a Deus. Depois de dois meses de separação ela conheceu um rapaz e quis casar-se novamente, após o divórcio, casou-se, mas não continuou com o tratamento médico, depois de onze meses de casada sofreu outra crise, mandou o marido embora, voltou ao tratamento e grupo de terapia médica, foi diagnosticada Bipolar, esta trabalhando e se cuidando. Não sabemos como será o dia amanhã, ninguém sabe.
A minha intenção com esta crônica??? ... É fazê-lo (a) entender que não deve subestimar a depressão, não despreze a medicina por causa da sua Muita Fé. Deus está com os médicos também. Tome o remédio que foi prescrito, se não, você terá recaída e é pior do que a primeira manifestação da doença. Ter um desequilíbrio mental não é ser louco, não aceite a negação da sua doença, aceite a sua realidade, enfrente o problema e se cuida, continue orando, rezando, não permita que as coisas daqui da terra tire a certeza das coisas que estão no céu. Ele nos espera. Você ficará bem, quem ama você não deixará de amá-lo por isso e se deixar é porque não te merece. Cuide-se. Confie no médico e abre o seu coração para ele Deus estará te ouvindo...
Pesquise na internet os assuntos relacionados a sua doença, vá ao médico, se cuida e seja muito feliz! Não menospreze o sintoma de depressão!
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