Na partida viu-se um papel voando na nevoa de chuva, parecia ser novo de boa qualidade com letras nele em azul a tinta era também de boa qualidade, pois, não borrou com o vapor d’água, o que estava escrito naquele que paira no ar e rodopiava como se dissesse me apanha e decifra-me.
Quem teria confeccionado tal mensagem e por que ela fugirá do seu criador?
Seria talvez para não ser entregue ao destinatário?
O que ali estava escrito era cruel demais?
Nada seria respondido se não fosse lido por quem deveria receber o papel, quanta especulação em algo tão fútil que se deixa levar pelo vento.
De repente decidiu vou pegar e começou a pular feito bobo em uma dança desconexa e ridícula, falava para algo sem vida, “venha, venha...” o que o deixava mais tolo.
Quando por fim estava em suas mãos bateu uma insegurança, uma vergonha de como se tivesse se apropriado indevidamente daquele papel. Que curiosidade, como eu um homem adulto fico pulando atrás de um papel molhado...
Passados alguns minutos procurou um lugar seco e sentou para ler.
“Querida Melissa.
A noite chegou e promete ser de chuva e frio e sinto tua falta, quem dera pudesse estar deitado ao teu lado ouvindo teu coração, sorrindo do nada e vendo teu sorriso cumplice do meu. Ao entardecer tudo parece triste longe de ti, a chuva são minhas lágrimas dizendo que a saudade dói em meu peito, posso sentir o cheiro de teu perfume e a maciez de tua pele, contudo, não há tenho, haverá um remédio para tanta angustia?
Respondo-te, não.
Estamos com problemas de energia e telefonia parece que todos conspiram contra nosso amor. Só te peço minha amada Melissa não me esqueça, pois te guardo em meu coração, a luz da vela esta por terminar vou ainda escrever o envelope talvez chegue antes desta missiva.
Teu Saulo.”
O homem ficou perplexo segurando a carta na mão e sentiu uma tristeza enorme o que faria um homem se apaixonar e declarar isto a uma mulher?
Até então ele sentia que podia ser uma fraqueza e todos ririam dele.
Mas teve a dignidade de pensar e saiu como louco procurando algo e lá estava no arbusto preso como se esperasse ser encontrado um envelope endereçado.
O que ele fez ficou claro e assim em uma manhã de sol chegou às mãos de Melissa a carta de seu amor, entre sorrisos e lágrimas ela não tinha como responder, pois não havia como, Saulo não informou. Tanto amor sem resposta e a pergunta agora é, para que declarar um amor se não vai vive-lo?
Esta resposta nem o vento e muito menos o homem estranho poderá responder.