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Tendência Comunista Internacionalista

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A Tendência Comunista Internacionalista é uma organização política internacional cujas organizações constituintes se identificam com a tradição da esquerda comunista italiana. Foi fundada como Instituto Internacional para o Partido Revolucionário[1] em 1983[2] em resultado de uma iniciativa conjunta do Partido Comunista Internacionalista (Battaglia Comunista) (PCInt) de Itália e da Organização Comunista Operária (CWO, Communist Workers Organisation) do Reino Unido.[3] Outras organizações afiliadas são o Internationalist Workers Group / Groupe Internationaliste Ouvrier nos Estados Unidos e no Canadá, o Gruppe Internationaler SozialistInnen (GIS) na Alemanha e uma pequena secção francesa.[1]

Organizações fundadoras

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Partido Comunista Internacionalista (Bataglia Comunista)

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O PCInt (Bataglia Comunista) tem a sua origem no Partido Comunista Internacionalista fundado em Itália em 1943 pela corrente bordiguista. Em 1952 o partido dividiu-se entre a facção de Onorato Damen, que a partir daí passou a usar a designação Partido Comunista Internacionalista (Bataglia Comunista) e a de Amadeo Bordiga, o Partido Comunista Internacionalista (Il Programa Comunista), mais tarde Partido Comunista Internacional (Il Programa Comunista).[4]

Organização Comunista Operária

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A CWO foi fundada em 1975 pela união dos grupos Workers Voice, baseado em Liverpool, e Revolutionary Perspectives, baseado no norte de Inglaterra e na Escócia, surgido de uma cisão no grupo Solidariedade[5] (a organização britânica congénere do grupo francês Socialismo ou Barbárie).[6] Ambos os grupos defendiam posições similares às assumidas nos anos 20 pelo Partido Comunista Operário da Alemanha, que serviu de inspiração para o nome "Organização Comunista Operária".[5]

O inicialmente chamado Instituto Internacional para o Partido Revolucionário baseia-se em 7 pontos aprovados na terceira de várias conferências promovidas pelo PCInt (Bataglia Comunista) entre 1977 e 1981:[7]

  • Aceitar a Revolução de Outubro como uma revolução proletária
  • Reconhecer a rutura com a social-democracia efetuada nos dois primeiros congressos da Internacional Comunista
  • Rejeitar sem reservas o capitalismo de estado e a autogestão
  • Rejeitar, por serem burgueses, os partidos ditos Socialistas e Comunistas
  • Rejeitar políticas que levem à subordinação do proletariado à burguesia nacional
  • Orientação para as organizações de revolucionários que reconhecem a doutrina e a metodolgia marxistas como ciência proletária
  • Reconhecer as reuniões internacionais como parte do trabalho de debate entre as organizações revolucionárias para a intervenção na luta de classes e para a criação do "Partido Internacional do Proletariado" para guiar o movimento revolucionário e o poder do proletariado

Além desses 7 pontos, a organização considera que:[7]

  • A revolução proletária terá que ser internacional, o que requer a existência de um partido internacional previamente organizado
  • O IIPR teria por missão contribuir para a criação de um partido comunista mundial, mas ainda não era esse partido, que não poderia ser criado a partir de um único núcleo ou organização
  • Antes da criação desse partido revolucionário, o seu programa tem que ser clarificado através da discussão e do debate entre os seus possíveis partidos integrantes
  • As organizações que irão criar esse partido mundial terão que já ter implantação real entre a classe operária da sua área
  • Uma organização revolucionária não se deve limitar a ser uma rede de propaganda, mas estabelecer-se como uma força revolucionária dentro do proletariado
  • Nem a classe operária pode dispensar a existência de um partido, nem o partido é a classe. O partido é a arma mais importante da classe operária na luta de classes, mas não se pode substituir à classe; cabe à classe operária no seu todo a tarefa de construir o socialismo, tarefa que não poder ser delegada, nem sequer à vanguarda da classe.

No que diz respeito à natureza do socialismo e à análise da sociedade atual, as posições da TCI são de que:[8]

  • A URSS e os outros regimes ditos "socialistas" não o eram verdadeiramente, já que os meios de produção não era geridos pelo conjunto da comunidade, mas por uma elita burocrática que mantinha um estilo de vida privilegiado
  • O poder na sociedade socialista não será exercido pelo partido, mas por assembleias de trabalhadores, constituindo um semi-estado que irá desaparecendo
  • O partido deve liderar politicamente os trabalhadores, mas tal deve ser feito tentando convencer as assembleias de trabalhadores do programa do partido, não por imposição
  • Não participação em eleições para os estados burgueses, considerando que a democracia burguesa é a ditadura da burguesia
  • Não participação nas lutas de libertação nacional, considerando que estas dividem o proletariado dos diversos países
  • Não participação em frentes de unidade antifascistas, considerando que o fascismo é um produto do capitalismo, e portanto não faz sentido alianças com facções da burguesia para combater o fascismo
  • Os sindicatos são órgãos de mediação entre os trabalhadores e o patronato e estão ligados ao capitalismo e ao Estado, não defendendo os interesses dos trabalhadores. Em alternativa aos sindicatos, a TCI defende organizações de base, como comités de luta ou comités de greve
  • O capitalismo está numa fase de decadência, mas tal não significa que se vá necessariamente abrir caminho ao comunismo: se não haver uma direção revolucionária, o resultado da decadência do capitalismo serão guerras e catástrofes, não a revolução

Os primeiros contactos entre a CWO e o PCInt foram nos anos 70, na sequência de uma crítica publicada pelo segundo à plataforma da primeira.[3]

A partir de 1977 o PCInt começou a organizar conferências internacionais de grupos de esquerda comunista, com a participação de organizações como a Corrente Comunista Internacional, a CWO e outras. Embora todas concordassem na maior parte dos assuntos, surgiu uma divergência insanável na questão do papel do partido revolucionária e a sua ligação com a classe operária, opondo o PCInt e a CWO à CCI. Na terceira conferência internacional, o PCInt e a CWO aprovaram o já referido critério de 7 pontos que serviu de base à participação nas conferências posteriores.[3][7]

Em 1982 realizou-se uma quarta conferência internacional, reunindo o PCInt, a CWO e os Estudantes da União de Militantes Comunistas do Irão (SSUCM), que haviam concordado com os 7 critérios. No entanto, os SSUCM em breve se afastaram, e a fusão da União de Militantes Comunistas com um grupo guerrilheiro separatista curdo (o Komalah), criando o Partido Comunista do Irão, foi vista como uma rutura com os princípios da esquerda comunista, nomeadamente no que diz respeito à posição face às lutas de libertação nacional[3][9][10].

Em 1983 o PCInt e a CWO criaram o Instituto Internacional para o Partido Revolucionário,[3] que a partir de 2009 adotou a desgnação "Tendência Comunista Internacionalista".[2]

Referências

  1. a b «Tendência Comunista Internacionalista». Tendência Comunista Internacionalista. Consultado em 9 de outubro de 2018 
  2. a b «The International Bureau for the Revolutionary Party becomes the Internationalist Communist Tendency» (em inglês). Tendência Comunista Internacionalista. Consultado em 26 de fevereiro de 2018 
  3. a b c d e «The Italian Communist Left - A Brief Internationalist History» (em inglês). Tendência Comunista Internacionalista. Consultado em 9 de outubro de 2018 
  4. Bourrinet, Philippe. The "Bordigist" Current (PDF) (em inglês). [S.l.: s.n.] pp. 311–333 
  5. a b «Correspondence with the South Russian Bureau of the Marxist Labour Party» (em inglês). Tendência Comunista Internacionalista. Consultado em 3 de outubro de 2018 
  6. Goodway, David (2012) [2006]. «Christopher Pallis». Anarchist Seeds Beneath the Snow. Left-libertarian Thought and British Writers from William Morris to Colin Ward (em inglês). [S.l.]: PM Press. p. 291. ISBN 978-1-60486-221-8. LCCN 2011927954. Consultado em 3 de janeiro de 2018. For Solidarity, Socialisme ou Barbarie were «our French co-thinkers» 
  7. a b c «Plataform» (em inglês). Tendência Comunista Internacionalista. 1997. Consultado em 3 de outubro de 2018 
  8. «Frequently Asked Questions» (em inglês). Tendência Comunista Internacionalista. Consultado em 4 de outubro de 2018 
  9. «Corrispondenza - Le origini della sinistra comunista in Gran Bretagna dopo il 1972» (em italiano). Tendência Comunista Internacionalista. Consultado em 9 de outubro de 2018 
  10. «The "4th Conference of groups of the Communist Left": a wretched fiasco» (em inglês). Corrente Comunista Internacional. Consultado em 9 de outubro de 2018 

Ligações externas

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