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Telêmaco Borba (político)

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Telêmaco Augusto Enéas Morosini Borba
Telêmaco Borba (político)
Telêmaco Augusto Enéas Morosini Borba
Deputado estadual do Paraná
Período de 1916 a 1918
de 1912 a 1914
de 1908 a 1910
de 1897 a 1899
de 1891 a 1892
Prefeito de Tibagi
Período de 1904 a 1905
de 1896 a 1900
de 1892 a 1894
de 1887 a 1889
de 1881 a 1884
Deputado provincial do Paraná
Período de 1882 a 1883
Dados pessoais
Nascimento 15 de setembro de 1840
Borda do Campo de São Sebastião, Curitiba
Morte 23 de novembro de 1918 (78 anos)
Tibagi, Paraná, Brasil
Parentesco Guataçara Borba Carneiro, Oney Borba, Túlio Vargas
Ocupação
  • político
  • sertanista
  • escritor
  • etnógrafo
  • geólogo
  • paleontólogo
  • historiador
  • indianista

Telêmaco Augusto Enéas Morosini Borba[nota 1][1] (Borda do Campo de São Sebastião, 15 de setembro de 1840 - Tibagi, 23 de novembro de 1918) foi um militar, político, escritor e empreendedor brasileiro.[2][3]

Foi um autodidata, transformando-se no primeiro etnógrafo paranaense, e foi também mencionado como geólogo e paleontólogo pelo escritor Reinhard Maack.[4][3]

Telêmaco Augusto Enéas Morosini Borba era um dos doze filhos do paulista Vicente Antônio Rodrigues Borba, o Capitão Borba, veterano da Guerra da Independência e da Campanha Cisplatina.[3] O Capitão Borba possuía admiração e prestígio pelo bandeirante paulista Manuel de Borba Gato, sendo descendente da família Borba Gato e de portugueses.[3] Vicente Antônio Rodrigues Borba foi sargento-mor na antiga Cisplatina, ao lado do general Fructuoso Rivera,[3] e lá conheceu a uruguaia, descendente de espanhóis e italianos, Joana Hilária Morosini. Nascida em Montevidéo, seu pai era de Sacramento, os avós paternos de Veneza, Itália, e os avós maternos de Andaluzia, Espanha.[3] Ainda no Uruguai, Borba e Joana, tiveram o primeiro filho, que faleceu prematuramente e foi batizado com o nome de Ulisses Epaminondas Borba. Entre os demais filhos, estão: Jocelin, Claudiana, Emília, Sofia, Porcina, Telêmaco e Nestor.[3]

Telêmaco casou-se com Rita Marques do Amaral em Porto de Cima, em 25 de dezembro de 1860. Rita era filha do comerciante Lupércio José do Amaral.[1] O casal deixou inúmeros descendentes, formando uma célebre família paranaense.[5] Tiveram oito filhos: Luiza Borba, Martiniano Morosini Borba, Eusébio Borba, Eliza Borba, Joana Borba, Hermínia Borba, Maria Augusta Borba.[6] Entre os seus descendentes ilustres estão Rogério Morosini Borba (filho), Guataçara Borba Carneiro (neto), Hermínia Rolim Lupion (neta), Abelardo Lupion (trineto) e Túlio Vargas (bisneto).[7]

Descendente de portugueses, espanhóis e italianos, era autodidata e poliglota, falava além da língua portuguesa, o espanhol, o francês, o italiano, o caingangue e o guarani.[3] Aceitando uma vida perigosa e arriscada, decide complementar a tarefa missionária dos padres capuchinhos, e aos 23 anos é nomeado para dirigir o Aldeamento Indígena de São Pedro de Alcântara, iniciando suas atividades de sertanista. Permaneceu dez anos exercendo tal ofício. Em 1878 fundou o Toldo Indígena de Barreiro, no município de Reserva, tendo sido, no momento subseqüente, nomeado como Diretor dos Índios no Amparo, município de Tibagi.[1] Na cidade de Tibagi fundou o Museu do Índio.[2] Era tolerante com as questões espirituais, jamais impedindo que os membros de sua família cumprissem com os deveres religiosos. Telêmaco, contudo, era cético, de orientação gnóstica, não ateu.[1]

Em 1882, escreve o Pequeno vocabulário das línguas Portuguêsa e Kaigangues ou Coroados acompanhado de outro Vocabulário das línguas Cayuguas e Chavantes, ambos publicados no Catálogo dos Objetos do Museu Paranaense, obras de real valia, que por notícias, até os dias atuais são as únicas existentes no gênero.[1]

Escreveu também Actualidade Indígena, um compêndio de informações indígenas, em 1908. Em 1883, publicou na Revista Sociedade de Geografia de Lisboa, o artigo Breve notícia sobre os Índios Caigangues, que foi reeditada em 1935, em Viena, na Revista Internacional de Etnologia e Lingüística Anthropos. Passou a externar seus pensamentos num pequeno semanário chamado “O Tibagy”, no ano de 1904, durante dois anos. Seus estudos levaram-no a sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense.[1]

Como explorador, Telêmaco foi igualmente surpreendente. Lamenha Lins, então presidente da Província do Paraná, resolveu executar o projeto de uma estrada férrea no sentido do Mato Grosso, cujo traçado previa uma ponte sobre o Salto, em Guaíra , Telêmaco aceitou o comando da empreitada, buscando quebrar o mito de atingir seu objetivo pela via aquática. Após 45 dias, Telêmaco e seus comandados, atingem seus objetivos. Conquistam Sete Quedas, cumprindo a missão impossível que lhe havia sido confiado. O registro desse acontecimento foi feito com a fixação de uma inscrição em pedra, retratada por diversos historiadores, nas gargantas de Sete Quedas, na cidade de Guaíra .[1]

Telêmaco não se limitou à vida sertaneja. O vasto círculo de suas relações, arrastou-o para a política provinciana. O senso crítico o tornou um rebelado. Cerrou fileiras na Revolução Federalista de 1894, o que lhe rendeu, ao final da revolta contida, longos meses de exílio no Uruguai.[1]

Após a anistia, retornou ao Brasil, elegendo-se deputado provincial, para o biênio 1882/83 e deputado ao Congresso Legislativo Estadual, nos anos de 1891, 1897, 1899, 1908, 1910, 1912, 1914, 1916 e 1918, vice-presidente do Estado no período 1916/1917, primeiro prefeito eleito de Tibagi,[8] cargo que ocupou por nove gestões, inspetor escolar, sub-delegado de polícia, exercendo todos esses cargos com imensa abnegação, prestando em todo o período relevantes serviços à causa pública do Paraná.[1]

Foi Telêmaco Borba quem percebeu serem as terras do norte do estado ideais ao plantio do café, tendo defendido ardorosamente a construção de estrada para aquela região. Lutou para livrar o magistério da influência política que lhe impingia o governo estadual. Criticou a contratação de obras públicas pelo governo sem concorrência pública, entre tantas outras intervenções. Era um político que se preocupava com o ofício.[1]

Já velho, possuidor de rara autocrítica, dono de vasto conhecimento adquirido através de estudos e pesquisas, prefeito vitalício de Tibagi, determina, por testamento, a doação das coleções de seu museu particular ao acervo do Museu Paranaense.[1]

Morreu aos setenta e oito nos, vítima de gripe espanhola, em Tibagi. Muitas homenagens foram feita os ao Coronel Telêmaco Borba no Congresso Legislativo Paranaense e pelo Museu Paranaense.[1]

Apesar do seu vasto currículo, de uma vida dedicada à causa indígena, Telêmaco é um personagem caluniado. Atribui-se a ele a matança de índios, entre outras impropriedades. Tal afirmação é contestada, tendo sua memória transformada em um leque de dúvidas e difamações.[1]

Na ciência foi homenageado, quando foi batizado com seu nome uma das espécies botânicas de sperifers – a sperifers borbae, que se encontra em todos os grandes museus do mundo. A Academia Paranaense de Letras, eleva Telêmaco Borba ao patronato de uma das suas 40 cadeiras, a cadeira de número 10.[1][2]

Em 1963 o então chamado distrito de Cidade Nova, emancipou-se do município de Tibagi e foi denominado Telêmaco Borba em homenagem ao coronel, que ainda era detentor do cetro e do título de líder e senhor do Vale do Tibagi.[1]

Diversos logradouros em vários municípios brasileiros em vários estados, receberam a denominação Telêmaco Borba, seja em homenagem ao próprio coronel ou então em homenagem indireta por menção ao município paranaense. Cidades como Curitiba[9] e São Paulo[10] possuem rua com esta denominação, além de municípios como Londrina,[11] Colombo,[12] Cambé,[13] Joinville,[14] Mogi-Guaçu,[15] Feira de Santana,[16] Camaragibe.[17]

Em Tibagi há ainda a Escola Telêmaco Borba, criada através de decreto governamental nº 720 como Grupo Escolar Telêmaco Borba em 18 de setembro de 1918,[18] sendo a primeira unidade escolar do município.[19]

Notas

  1. Também grafado como Morosines

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o André Miguel Coraiola (2003). «Capital do papel: a história do município de Telêmaco Borba». Consultado em 11 de fevereiro de 2019 
  2. a b c «Cadeira 10 – Patrono Telêmaco Augusto Enéas Morocines Borba (1840-1918)». Academia Paranaense de Letras. Consultado em 12 de abril de 2015. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
  3. a b c d e f g h Túlio Vargas (2008). «O maragato: a vida lendária de Telêmaco Borba». Juruá Editora. Consultado em 24 de fevereiro de 2019 
  4. André Miguel Coraiola (2003). «Capital do Papel - A História do Município de Telêmaco Borba». Livro. 1. 269 páginas 
  5. «Dicionário histórico-biográfico do Paraná». Livraria Editora do Chain. 1991. Consultado em 13 de abril de 2018 
  6. «Genealogia paranaense, Volume 6». Imprensa Oficial do Paraná. 1950. Consultado em 13 de abril de 2018 
  7. Thiago de Paula (2016). «Exposição Itinerante: a formação da memória e da identidade do telemacoborbense» (PDF). Universidade Federal do Paraná - Departamento de História. Consultado em 13 de abril de 2018 
  8. «Galeria dos Prefeitos de Tibagi é reaberta para a comunidade». Plantão da Cidade. 3 de abril de 2014. Consultado em 17 de janeiro de 2015 
  9. «CEP da Rua Telêmaco Borba - Curitiba». Busca Meu CEP. Consultado em 9 de setembro de 2015 
  10. «CEP da Rua Telêmaco Borba - São Paulo». Busca Meu CEP. Consultado em 9 de setembro de 2015 
  11. «CEP 84261-390 Londrina, PR». Consultar CEP. Consultado em 13 de abril de 2018 
  12. «Rua Telêmaco Borba, Guaraituba, Colombo - PR». Consultar CEP. Consultado em 9 de setembro de 2015 
  13. «Rua Telêmaco Borba, Novo Bandeirantes, Cambé - PR». ceps.io. Consultado em 9 de setembro de 2015 
  14. «Rua Telemaco Borba em Joinville». Guia Fácil. Consultado em 9 de setembro de 2015 
  15. «CEP da Rua Telêmaco Borba - Mogi Guaçu». Busca Meu CEP. Consultado em 9 de setembro de 2015 
  16. «Rua Telêmaco Borba, Calumbi, Feira de Santana - BA». Consultar CEP. Consultado em 9 de setembro de 2015 
  17. «CEP da Rua Telemaco Borba - Camaragibe». Busca Meu CEP. Consultado em 9 de setembro de 2015 
  18. «Escola Telêmaco Borba completa 91 anos». Prefeitura Municipal de Tibagi. 11 de setembro de 2009. Consultado em 9 de setembro de 2015 
  19. «Tibagi resgata história de primeira sala de aula». Diário dos Campos. 13 de agosto de 2011. Consultado em 9 de setembro de 2015 
  • BORBA, Oney, Telêmaco Mandava Matar, 2ª Edição, 1987
  • CORAIOLA, André Miguel Sidor, Capital do Papel - A História do Município de Telêmaco Borba, 2003
  • VARGAS, Túlio, O Maragato: a vida lendária de Telêmaco Borba, 2001, Editora Jurua

Ligações externas

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