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Simonetta Vespúcio

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Simonetta Vespucci

Retrato póstumo de Simonetta Vespúcio por Sandro Botticelli
Nome completo Simonetta Cattaneo Vespucci
Conhecido(a) por Modelo para a pintura O Nascimento de Vênus de Sandro Botticelli entre outras obras.
Nascimento 1453
Génova ou Portovenere, Itália
Morte 26 de abril de 1476 (23 anos)
Florença, Itália
Nacionalidade italiana
Progenitores Mãe: Cattocchia Spinola
Pai: Gaspare Cattaneo Della Volta
Cônjuge Marco Vespucci

Simonetta Vespucci (nome aportuguesado como Vespúcio), nascida Simonetta Cattaneo (1453 - 26 de abril de 1476), foi uma nobre italiana que serviu de modelo para as obras O Nascimento de Vênus e A Primavera, ambas de Botticelli.[1] Ficou conhecida como a mulher mais bela do Renascimento. Viveu em Portovenere, uma cidadela italiana à beira-mar.[2]

Era casada com Marco Vespucci, primo distante do navegador Américo Vespúcio, e foi amante de Juliano de Médici, irmão mais novo de Lourenço de Médici.[1][3]

Morreu de tuberculose aos 23 anos.[1] Depois de sua morte, Botticelli continuou a utilizar o seu rosto como modelo para pinturas. Antes de morrer, o pintor também pediu para ser enterrado aos pés de Simonetta.[3]

Primeiros anos

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Simonetta nasceu por volta de 1453 na atual Ligúria em Itália.[4] Desconhece-se o local preciso do seu nascimento: acredita-se que tenha sido na cidade de Génova, ou talvez Portovenere ou Fezzano.[5] O poeta Angelo Poliziano escreveu que a sua terra natal ficava "naquele distrito liguriano severo, acima da costa, onde o irado Neptuno bate nas rochas... Ali, tal como Vénus, ela nasceu entre as ondas".[6] O seu pai era um nobre genovês chamado Gaspare Cattaneo della Volta e a sua mãe era a esposa de Gaspare, Cattocchia Spinola.[7]

Aos quinze ou dezasseis anos de idade, Simonetta casou-se com Marco Vespucci, um primo distante do navegador e cartógrafo Amerigo Vespucci. O casal conheceu-se em abril de 1469 na igreja de San Torpete em Génova numa cerimónia religiosa onde estavam presentes os pais de Simonetta e grande parte da nobreza de Génova.

Marco fora enviado a Génova pelo seu pai, Piero, para estudar no Banco di San Giorgio. Marco foi aceite pelo pai de Simonetta e estava bastante apaixonado por ela quando se casaram. Os pais de Simonetta sabiam que o casamento seria vantajoso visto que a família de Marco tinha bons conhecimentos em Florença, entre eles a família Medici.

Simonetta e Marco casaram-se em Florença. Simonetta tornou-se depressa bastante popular na corte da cidade. Os irmãos Medici, Lourenço e Juliano, gostaram imediatamente dela. Lourenço permitiu que o casamentos dos Vespucci tivesse lugar no palazzo na Via Larga e organizou o copo d'água na sua luxuosa Villa di Careggi. Depois de chegar a Florença, Simonetta chamou a atenção de Sandro Botticelli e de outros pintores importantes graças à sua beleza excecional.

Os Vespucci tornaram-se próximos da família Medici e os irmãos Lorenzo e Giuliano sentiam-se atraídos por Simonetta. Há rumores de que Juliano, o irmão mais novo, terá sido seu amante, mas não existem provas disso e tal seria improvável uma vez que Simonetta era casada com um membro de uma família poderosa e aliada dos Medici, um caso entre eles teria um grande risco político.[8] No entanto, num torneio de justas em 1475, o La Giostra, Juliano carregou um estandarte com um retrato de Simonetta pintado por Sandro Botticelli e com uma inscrição por baixo em francês que dizia La Sans Pareille, "A Inigualável".[7]

Simonetta Vespucci morreu apenas um ano depois desta justa, presumivelmente de tuberculose, na noite de 26 para 27 de abril de 1476, tinha 22 anos. O seu corpo foi levado em procissão pela cidade de Florença com o caixão aberto para que todos pudessem admirar a sua beleza e parece ter havido algum culto popular à sua pessoa após a sua morte.[8] O seu marido voltou a casar-se pouco tempo depois e Giuliano foi assassinado na Conspiração dos Pazzi em 1478, dois anos após a sua morte.

Botticelli terminou o quadro O Nascimento de Vénus por volta de 1486, cerca de dez anos após a morte de Simonetta.[9] É um mito comum que a Vénus deste quadro apresenta semelhanças com Simonetta e que ela tenha sido a modelo do mesmo, mas tal é disputado por Ernst Gombrich que afirmou que tal não passa de um "mito romântico"[8] e pelo historiador Felipe Fernàndez-Armesto que disse que o mito é uma "baboseira romântica".

A suposição vulgar, por exemplo, de que ela foi a modelo de todas as mulheres bonitas mais conhecidas de Botticelli parece não se basear em mais do que a ideia de que a mulher mais bonita da altura teve de ser a modelo do pintor mais sensível.[10]

Alguns historiadores, incluindo John Ruskin, sugeriram que Botticelli se apaixonou por Simonetta, uma opinião apoiada pelo seu pedido para ser enterrado na Igreja de Ognissanti, a mesma igreja onde Simonetta foi enterrada. No entanto, esta também era a igreja que Botticcelli frequentava e onde foi batizado e ele encontra-se enterrado com a sua família.

Embora não seja possível determinar com absoluta certeza quais foram os quadros de Botticelli para os quais Simonetta posou, existem várias ligações documentadas entre os dois: foi Botticelli quem pintou o retrato do estandarte que Giuliano de Medici levou à justa em 1475, o que indica que ele a pintou pelo menos uma vez.[7] O principal patrono de Botticelli da família Medici, o primo de Lorenzo e Giuliano, Lorenzo di Pierfrancesco de' Medici, casou-se com a sobrinha de Simonetta, Semiramide, em 1482 e pensa-se que o quadro Primavera foi pintado como prenda de casamento.[7]

Possíveis aparições

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Referências

  1. a b c «Simonetta Vespucci, a maior musa do Renascimento». Passeios na Toscana. 28 de janeiro de 2017 
  2. «A Vênus da Renascença – Conheça a história de Simonetta Vespucci, a musa de Botticelli». Rainhas Trágicas. 28 de setembro de 2016 
  3. a b «The Art of Botticelli: The Face That Launched A Thousand Prints». www.finearttouch.com. Consultado em 17 de maio de 2018 
  4. «CATTANEO, Simonetta in "Dizionario Biografico"». www.treccani.it (em italiano). Consultado em 30 de outubro de 2018 
  5. Farina, Rachele (2001). Simonetta: una donna alla corte dei Medici (em italiano). [S.l.]: Bollati Boringhieri. ISBN 9788833913568 
  6. Ambrogini, Angelo. Giostra. 1, verse 32.
  7. a b c d Lightbown, Ronald W. (1989). Sandro Botticelli: Life and Work. Thames and Hudson (Abbeville Press). p. 336. ISBN 9780896599314
  8. a b c Jiminez, Jill Berk (15 de outubro de 2013). Dictionary of Artists' Models (em inglês). [S.l.]: Routledge. ISBN 9781135959142 
  9. «The Art of Botticelli: The Face That Launched A Thousand Prints». www.finearttouch.com. Consultado em 30 de outubro de 2018 
  10. Fernández-Armesto, Felipe (2007). Amerigo: The Man Who Gave His Name to America (em inglês). [S.l.]: Random House. ISBN 9781400062812