Saltar para o conteúdo

Serra da Barriga

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Pé da Serra da Barriga

Serra da Barriga está situada no município de União dos Palmares, no estado de Alagoas. Reconhecida como um importante marco histórico e cultural, a Serra da Barriga foi o principal cenário do Quilombo dos Palmares, um dos maiores símbolos da resistência negra à escravidão no Brasil. Durante o período do quilombo, a serra fazia parte da Capitania de Pernambuco e serviu como refúgio para milhares de escravizados fugidos e outros grupos marginalizados que se organizavam em comunidades autônomas.[1][2]

Geograficamente, a Serra da Barriga integra o Planalto Meridional da Borborema, uma unidade geomorfológica formada por terrenos cristalinos sujeitos à ação de um clima tropical quente e úmido. A área ocupa cerca de 27,97 km², com um comprimento de aproximadamente 8,6 km e largura máxima de 3,35 km. Ela é delimitada por vales como o do riacho Açucena ao sul e o riacho Pichilinga ao norte, apresentando uma paisagem que combina áreas de mata atlântica e vegetação adaptada ao clima da região.[3]

Durante o século XVII, a Serra da Barriga tornou-se o coração do Quilombo dos Palmares, um complexo de aldeias liderado por figuras emblemáticas como Ganga Zumba e Zumbi dos Palmares. Localizada em uma posição estratégica, com altitudes que variam entre 400 e 500 metros, a serra oferecia vantagens naturais de defesa contra as constantes expedições punitivas organizadas por forças coloniais e particulares para desmantelar o quilombo.[4][5]

Em 1986, a Serra da Barriga foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio cultural brasileiro. Esse reconhecimento destacou a importância histórica do local como símbolo da luta por liberdade e resistência.[6]

No alto da serra, foi inaugurado em 2007 o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, um espaço único no Brasil, dedicado à preservação da memória da República dos Palmares, considerada o maior e mais organizado quilombo das Américas. O parque apresenta reconstruções de edificações quilombolas, feitas com técnicas tradicionais como o pau-a-pique, e incorpora elementos das culturas banto e iorubá. Além disso, oferece mirantes, espaços culturais, o restaurante Kúuku-Wáana, e o palco Batucajé, que recebe eventos culturais. Entre 2022 e 2023, o parque registrou um aumento de 14,18% no número de visitantes, consolidando-se como referência histórica e educativa no Brasil[7]

Atualmente, a Serra da Barriga é um destino turístico e educativo, especialmente durante as celebrações do Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, data associada à morte de Zumbi dos Palmares em 1695. O local atrai visitantes interessados em conhecer a história da resistência negra no Brasil e valorização na cultura afrodescendente.[8]

Referências

  1. Fundação Cultural Palmares. "Conheça a Serra da Barriga." Gov.br, 30 out. 2023, https://www.gov.br/palmares/pt-br/assuntos/noticias/conheca-a-serra-da-barriga.
  2. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). "Serra da Barriga (AL), Região do Quilombo dos Palmares." Portal IPHAN, http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/1607/.
  3. Serra da Barriga Arquivado em 4 de dezembro de 2010, no Wayback Machine. Palmares Fundação Cultural
  4. Andrade, Manuel Correia de. "História do Quilombo dos Palmares." Recife: Ed. Universitária, 1980.
  5. Schwartz, Stuart B. "Slaves, Peasants, and Rebels: Reconsidering Brazilian Slavery." Urbana: University of Illinois Press, 1996.
  6. IPHAN. "Serra da Barriga: Tombamento e Significado Histórico." http://www.iphan.gov.br
  7. Ministério da Cultura, Gov.br. «Fundação Cultural Palmares - Parque Memorial Quilombo dos Palmares» 
  8. Souza, Renato da. "Turismo e Consciência Negra na Serra da Barriga." Jornal de Turismo Cultural, 2020.

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Serra da Barriga
Ícone de esboço Este artigo sobre geografia do Brasil é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.