SMS Erzherzog Karl
SMS Erzherzog Karl | |
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Áustria-Hungria | |
Operador | Marinha Austro-Húngara |
Fabricante | Stabilimento Tecnico Triestino |
Homônimo | Carlos, Duque de Teschen |
Batimento de quilha | 24 de julho de 1902 |
Lançamento | 4 de outubro de 1903 |
Comissionamento | 17 de junho de 1906 |
Descomissionamento | novembro de 1918 |
Destino | Desmontado |
Características gerais | |
Tipo de navio | Couraçado pré-dreadnought |
Classe | Erzherzog Karl |
Deslocamento | 10 640 t |
Maquinário | 2 motores de tripla-expansão |
Comprimento | 126,2 m |
Boca | 21,8 m |
Calado | 7,5 m |
Propulsão | 2 hélices |
- | 18 000 cv (13 200 kW) |
Velocidade | 20,5 nós (38 km/h) |
Armamento | 4 canhões de 240 mm 12 canhões de 190 mm 12 canhões de 66 mm 2 tubos de torpedo de 450 mm |
Blindagem | Cinturão: 210 mm Torres de artilharia: 240 mm Casamatas: 150 mm Torre de comando: 220 mm Convés: 55 mm Anteparas: 200 mm |
Tripulação | 700 |
O SMS Erzherzog Karl foi um navio couraçado pré-dreadnought operado pela Marinha Austro-Húngara e a primeira embarcação da Classe Erzherzog Karl, seguido pelo SMS Erzherzog Friedrich e SMS Erzherzog Ferdinand Max. Sua construção começou em julho de 1902 nos estaleiros da Stabilimento Tecnico Triestino em Trieste e foi lançado ao mar em outubro do ano seguinte, sendo comissionado na frota austro-húngara em junho de 1906. Era armado com uma bateria de quatro canhões de 240 milímetros montados em duas torres de artilharia duplas, possuía um deslocamento de mais de dez mil toneladas e conseguia alcançar uma velocidade máxima de vinte nós (38 quilômetros por hora).
O Erzherzog Karl teve uma carreira limitada durante a Primeira Guerra Mundial. Ele proporcionou suporte para a fuga dos cruzadores alemães SMS Goeben e SMS Breslau para o Império Otomano em agosto de 1914, enquanto em maio de 1915 participou do Bombardeio de Ancona contra a Itália. Quando um motim estourou em fevereiro de 1918 em Cátaro, o Erzherzog Karl e seus irmãos foram chamados para ajudar na supressão das insubordinações. A Áustria-Hungria foi derrotada na guerra e o couraçado, sob os termos do Tratado de Saint-Germain-en-Laye de setembro de 1919, foi cedido para a França. O navio encalhou em Bizerta em 1921 no caminho para Toulon e foi desmontado no local.
Características
[editar | editar código-fonte]O Erzherzog Karl tinha 126,2 metros de comprimento de fora a fora, uma boca de 21,8 metros, um calado que chegava em 7,5 metros e também possuía um deslocamento de 10 640 toneladas. Seu sistema de propulsão era composto por dois motores de tripla-expansão verticais de quatro cilindros que giravam duas hélices. Esse maquinário era capaz de produzir por volta de dezoito mil cavalos-vapor (13,2 mil quilowatts) de potência, o que permitia que o Erzherzog Karl chegasse a uma velocidade máxima de 20,5 nós (38 quilômetros por hora).[1] Entretanto, durante os testes marítimos, seus motores foram capazes de impulsionar a embarcação um nó mais rápido do que originalmente projetado.[2]
A bateria principal do Erzherzog Karl consistia em quatro canhões de 240 milímetros montados em duas torres de artilharia duplas, uma na proa e outra na popa. Essas armas eram réplicas dos canhões Krupp C/94 alemães instalados nos couraçados da Classe Habsburg.[3] Seus armamentos secundários tinham doze canhões de 190 milímetros em oito casamatas nas laterais da superestrutura e em duas torres à meia-nau, um de cada lado da embarcação.[4] A bateria terciária era composta por doze canhões de 66 milímetros[5] e dois tubos de torpedo de 450 milímetros.[1] Quatro canhões antiaéreos de 37 milímetros foram comprados do Reino Unido em 1910 e instalados na embarcação, enquanto mais dois canhões antiaéreos de 66 milímetros foram incorporados durante reformas entre 1916 e 1917.[6][7]
História
[editar | editar código-fonte]Tempos de paz
[editar | editar código-fonte]O Erzherzog Karl foi o primeiro couraçado da Classe Erzherzog Karl e foi nomeado em homenagem ao arquiduque Carlos, Duque de Teschen. Sua construção começou no dia 24 de julho de 1902 nos estaleiros da Stabilimento Tecnico Triestino em Trieste. Ele foi lançado ao mar pouco mais de um ano depois em 4 de outubro de 1903, depois do qual passou pelo processo de equipagem e testes marítimos até ser comissionado na Marinha Austro-Húngara no dia 17 de junho de 1906.[1]
O navio tornou-se a capitânia da frota austro-húngara assim que entrou em serviço. Ele realizou uma viagem de oito meses pelo Mediterrâneo Oriental em 1907, visitando as cidades de Pireu, Esmirna, Beirute e Jafa. No ano seguinte a embarcação fez uma viagem para o Mediterrâneo Ocidental, parando em sua jornada pelos portos de Barcelona, Gibraltar, Tânger, Málaga e Corfu. Durante essas expedições, o Erzherzog Karl foi visitado pelos reis Afonso XIII da Espanha e Jorge I da Grécia, e pelo imperador Guilherme II da Alemanha. Passou por pequenas reformas em 1909 e fez outro cruzeiro pelo Mediterrâneo. Em 1910, o couraçado fez mais uma grande viagem pelo Mediterrâneo, depois do qual passou por uma grande reforma a partir de junho.[8]
Primeira Guerra
[editar | editar código-fonte]O Erzherzog Karl fazia parte da 3.ª Divisão de Couraçados junto com seus irmãos quando a Primeira Guerra Mundial começou.[1] Foi mobilizado, junto com o resto da Marinha Austro-Húngara, para apoiar a fuga dos cruzadores alemães SMS Goeben e SMS Breslau. Os dois estavam servindo no Mediterrâneo quando a guerra começou e estavam tentando deixar a cidade italiana de Messina e escapar para o Império Otomano, ao mesmo tempo fugindo de navios britânicos. A Marinha Austro-Húngara partiu de sua base naval em Pola assim que os alemães deixaram Messina e ela avançou até Brindisi, no sul da Itália, para cobrir os cruzadores, depois retornando em segurança para Pola.[9]
A Itália declarou guerra contra a Áustria-Hungria em maio de 1915 e a Marinha Austro-Húngara realizou logo um grande bombardeio contra Ancona e regiões próximas.[10] O Erzherzog Karl e seus irmãos fizeram parte da força principal do ataque, junto com os couraçados das classes Habsburg e Tegetthoff e escoltas.[11] Os três membros da classe dispararam 24 projéteis anti-blindagem de seus canhões de 240 milímetros contra estações sinaleiras na cidade de Ancona, além de 74 projéteis de suas armas de 190 milímetros contra baterias terrestres italianas e outras instalações portuárias.[1] Depois disso, todas as embarcações retornaram em segurança para a base naval em Pola.[11]
Um grande motim estourou em 1º de fevereiro de 1918 entre tripulações de cruzadores estacionadas em Cátaro, incluindo a bordo do SMS Sankt Georg e SMS Kaiser Karl VI. Os três couraçados da Classe Erzherzog Karl chegaram no local três dias depois e ajudaram na supressão das insubordinações. A paz foi restaurada na base e pouco depois o Sankt Georg e o Kaiser Karl VI foram descomissionados da frota austro-húngara, com o Erzherzog Karl e seus irmãos sendo designados para permanecerem em Cátaro.[12]
O almirante Miklós Horthy, que foi nomeado Comandante da Marinha depois do motim em Cátaro, planejou um grande ataque contra a Barragem de Otranto, que estava marcada para ocorrer no dia 11 de junho. Seu plano tinha os couraçados da Classe Erzherzog Karl e aquelas da Classe Tegetthoff dando suporte para os cruzadores da Classe Novara. A ideia de Horthy era replicar em maior escala um ataque bem-sucedido que tinha realizado um ano antes. Entretanto, o couraçado SMS Szent István acabou afundando na manhã do dia 10 de junho depois de ter sido torpedeado por uma lancha italiana. Horthy achou que o elemento surpresa da ação tinha sido perdido e assim cancelou o ataque.[13] Esta foi a última operação que o Erzherzog Karl participou em sua carreira, tendo permanecido atracado em Pola pelo restante do conflito.[14]
A Áustria-Hungria foi derrotada na guerra em novembro de 1918 com o Armistício de Villa Giusti e o Erzherzog Karl foi inicialmente tomado pelo recém criado Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos. Entretanto, pelos ternos do Tratado de Saint-Germain-en-Laye, assinado em setembro de 1919, a embarcação foi entregue para a França como reparação de guerra.[15] O navio acabou encalhando em Bizerta, na Tunísia, em 1921, enquanto seguia para Toulon, e acabou desmontado no local.[16]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d e Hore 2006, p. 123
- ↑ Royal United Services Institute 1901, p. 701
- ↑ «Germany 24 cm/40 (9.4") SK L/40». NavWeaps. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ «Austria-Hungary 19 cm/42 (7.48") Skoda». NavWeaps. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ «Austria-Hungary 7 cm/50 (2.75") K10 and K16 Skoda». NavWeaps. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ Friedman 2011
- ↑ «Erzherzog Karlbattleships (1906-1907)». Navypedia. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ Lakatos, Alex. «Erzherzog Karl Class – Erherzog Karl». Battleships-Cruisers.co.uk. Consultado em 6 de agosto de 2020
- ↑ Halpern 1995, p. 54
- ↑ Hore 2006, p. 91
- ↑ a b Noppen 2012, p. 28
- ↑ Halpern 1995, pp. 170–171
- ↑ Halpern 1995, p. 174
- ↑ Sokol 1968, p. 135
- ↑ Koburger 2001, p. 121
- ↑ Greger 1976, p. 21
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Friedman, Norman (2011). Naval Weapons of World War One: Guns, Torpedoes, Mines and ASW Weapons of All Nations; An Illustrated Directory. Barnsley: Seaforth Publishing. ISBN 978-1-84832-100-7
- Greger, René (1976). Austro-Hungarian Warships of World War I. Ann Arbor: University of Michigan Press. ISBN 978-0-7110-0623-2
- Halpern, Paul G. (1995). A Naval History of World War I. Annapolis: Naval Institute Press. ISBN 978-1-55750-352-7
- Hore, Peter (2006). Battleships. Londres: Lorenz Books. ISBN 978-0-7548-1407-8
- Koburger, Charles (2001). The Central Powers in the Adriatic, 1914–1918: War in a Narrow Sea 5ª ed. Westport: Greenwood Publishing Group. ISBN 978-0-275-97071-0
- Noppen, Ryan (2012). Austro-Hungarian Battleships 1914–18. Oxford: Osprey Publishing. ISBN 978-1-84908-688-2
- Royal United Services Institute for Defence Studies (1901). «Royal United Service Institution Journal». Londres: W. Mitchell and Son. 50
- Sokol, Anthony (1968). The Imperial and Royal Austro-Hungarian Navy. Annapolis: Naval Institute Press. OCLC 462208412