Rosácea (doença)
Rosácea | |
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Rosácea em que se observa eritema e telangiectasia nas bochechas, região nasolabial e nariz. Por cima do nariz observa-se pápulas e pústulas inflamadas. A ausência de comedões permite distinguir rosácea de acne.[1] | |
Especialidade | Dermatologia |
Sintomas | Eritema facial, pústulas ou pápulas, inchaço e dilatação dos pequenos vasos sanguíneos à superfície[2][3][4] |
Complicações | Rinofima[4] |
Início habitual | 30–50 anos de idade[3] |
Duração | Crónica[3] |
Tipos | Eritemato-telangiectásica, pápulo-pustulosa, fimatosa e ocular[3] |
Causas | Desconhecidas[3] |
Fatores de risco | Antecedentes familiares[4] |
Método de diagnóstico | Baseado nos sintomas[3] |
Condições semelhantes | Acne, dermatite perioral, dermatomiosite, lúpus[3] |
Medicação | Antibióticos orais ou tópicos[4] |
Frequência | ~5%[3] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | L71 |
CID-9 | 695.3 |
CID-11 | 134161404 |
DiseasesDB | 96 |
MedlinePlus | 000879 |
eMedicine | derm/377 |
MeSH | D012393 |
Leia o aviso médico |
Rosácea é uma doença da pele crónica que geralmente afeta o rosto.[3][4] Os sinais e sintomas mais comuns são vermelhidão difusa e persistente, borbulhas com ou sem pus, inchaço, dilatação dos pequenos vasos sanguíneos à superfície e ardor, comichão ou sensação de picadas, calor e/ou repuxar no rosto.[2][3] As regiões do rosto mais afetadas são o nariz, as maçãs do rosto, a testa e o queixo.[4] Nos casos mais graves, o nariz pode aumentar de volume, uma condição denominada rinofima.[4]
Desconhece-se a causa da doença.[3] Acredita-se que entre os fatores de risco estejam antecedentes familiares de rosácea.[4] Entre os fatores potencialmente agravantes da doença estão o calor, exercício físico, exposição solar, frio, comida picante, consumo de álcool, menopausa, stresse psicológico ou aplicação de pomadas corticosteroides no rosto.[4] O diagnóstico baseia-se nos sintomas.[3]
Embora não exista cura, o tratamento geralmente melhora os sintomas.[4] O tratamento geralmente consiste em evitar os fatores desencadeantes e na administração de metronidazol, doxiciclina ou tetraciclina.[5] Nos casos em que os olhos também são afetados, podem ser administradas gotas de azitromicina.[6] Entre outros tratamentos com potenciais benefícios estão pomadas de brimonidina, pomadas de ivermectina e isotretinoina.[5] Em alguns casos pode ser usada abrasão dérmica ou cirurgia a laser.[4] Geralmente recomenda-se o uso de protetor solar.[4]
A rosácea afeta entre 1 e 10% da população.[3] A doença é mais comum entre os 30 e 50 anos de idade e entre as mulheres.[3] As pessoas de raça caucasiana são afetadas com maior frequência.[3] A doença já era descrita n'Os Contos de Cantuária, do século XIV, e possivelmente por Teócrito no século III.[7][8]
Características
[editar | editar código-fonte]A rosácea manifesta-se através de manchas avermelhadas (eritema) na região central do rosto, bochechas, nariz, queixo e testa. Mais raramente, pode afetar o pescoço, tórax, orelhas e couro cabeludo.[9]
À medida que a rosácea progride verificam-se outros sintomas, tais como eritemas semipermanentes, telangiectasia (dilatação dos vasos sanguíneos da face), presença de pequenas bolhas e pústulas avermelhadas, olhos avermelhados, sensação de ardor e queimação e, em alguns casos avançados, lóbulos avermelhados no nariz (rinofima). A doença pode ser confundida e coexistir com o acne e a dermatite seborreica. Pode afetar ambos os sexos, mas é três vezes mais comum em mulheres e manifesta-se principalmente entre os 30 e os 60 anos de idade.
Causas
[editar | editar código-fonte]Não há consenso sobre as causas. Alguns investigadores propõem que seja causada por ácaros do gênero demodex (invisíveis a olho nu),[10] enquanto outros alegam que múltiplos fatores genéticos, congênitos e hormonais agravam rosáceas. As pessoas mais brancas e com bochechas rosadas, que facilmente ficam mais rosadas de raiva, vergonha ou ao rir, são as mais vulneráveis.[10]
Desencadeadores de crises
[editar | editar código-fonte]Porcentagem de pacientes que relataram agravamento das rosáceas diante do respectivo estímulo[11]:
- Exposição prolongada ao sol: 81%
- Estresse emocional: 79%
- Clima muito quente: 75%
- Vento forte: 57%
- Exercício pesado: 56%
- Consumo de álcool: 52%
- Banhos quentes/sauna: 51%
- Clima muito frio: 46%
- Alimentos picantes: 45%
- Muita umidade: 44%
- Ambiente muito quente: 41%
- Alguns produtos de cuidados da pele: 41%
- Cafeína: 36%
- Alguns cosméticos: 27%
- Alguns medicamentos: 15%
- Outras condições médicas: 15%
- Certos alimentos: 15%
- Alimentos ricos em histamina
Determinados alimentos ricos em histamina (como vinho tinto, queijos envelhecidos, carne de porco, iogurte e cerveja) podem causar rubor facial persistente até em indivíduos sem rosácea devido a uma condição de intolerância à histamina.
- Medicamentos para a pele
Certos medicamentos e cremes aplicados na pele podem rapidamente desencadear rosáceas. Alguns tratamentos de acne e rugas com relatos de terem causado rosácea incluem micro-dermabrasão e peelings químicos, bem como altas doses de isotretinoína, peróxido de benzoíla e ácido retinoico. Rosácea induzida por esteroides é o termo dado a rosácea causado pelo uso de cremes esteroides na pele e nariz, um tratamento comum para a dermatite seborreica. A dosagem deve ser reduzida aos poucos, pois parar imediatamente pode causar agravamento do surto.
Subtipos de sintomas
[editar | editar código-fonte]Existem quatro subtipos identificados de rosáceas[12] e os pacientes normalmente apresentam mais de um subtipo concomitantemente[13]
- Erythematotelangiectatic rosacea: (eritema) permanente com tendência para o rubor facial (por esforço físico e de natureza sentimental, como vergonha, raiva e pudor). É comum a presença de pequenos vasos sanguíneos visíveis na superfície da pele facial (telangiectasias) com possíveis sensações de queimação e coceira.
- Papulopustular rosacea: Alguma vermelhidão com bolhas vermelhas (pápulas) preenchidas por um pouco de pus (pústulas) (que tipicamente duram entre 1 a 4 dias); esse subtipo pode ser facilmente confundido com a acne.
- Phymatous rosacea: Esse subtipo é comumente associado com a rinofima, um aumento do nariz. Os sintomas incluem o espessamento da pele, nódulos superficiais irregulares e aumento do nariz. Phymatous rosacea também pode afetar o queixo (gnatofima), testa (metofima), bochechas, pálpebras (blefarofima), e orelhas (otofima).[14] Telangiectasias também podem estar presentes.
- Ocular rosacea: Olhos e pálpebras avermelhados, irritados e secos. Inclui sensações de queimação e coceira nos olhos e pálpebras.
Os portadores de rosácea relatam frequentemente períodos de depressão associados à desfiguração estética causado pela doença. Contribuem para isso a sensação física de queimação e sentimento de perda de qualidade de vida.[15]
Referências
- ↑ M. Sand, D. Sand, C. Thrandorf, V. Paech, P. Altmeyer, F. G. Bechara (2010). «Cutaneous lesions of the nose». Head & face medicine Band (6). ISSN 1746-160X. PMID 20525327. doi:10.1186/1746-160X-6-7
- ↑ a b «Rosácea». CUF Saúde. Consultado em 12 de junho de 2018
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o Tüzün Y, Wolf R, Kutlubay Z, Karakuş O, Engin B (fevereiro de 2014). «Rosacea and rhinophyma». Clinics in Dermatology. 32 (1): 35–46. PMID 24314376. doi:10.1016/j.clindermatol.2013.05.024
- ↑ a b c d e f g h i j k l «Questions and Answers about Rosacea». www.niams.nih.gov (em inglês). Abril de 2016. Consultado em 5 de junho de 2017. Cópia arquivada em 13 de maio de 2017
- ↑ a b van Zuuren, EJ; Fedorowicz, Z (setembro de 2015). «Interventions for rosacea: abridged updated Cochrane systematic review including GRADE assessments.». The British Journal of Dermatology. 173 (3): 651–62. PMID 26099423. doi:10.1111/bjd.13956
- ↑ «Rosacea First choice treatments». Prescrire International. 182: 126–128. Maio de 2017. Cópia arquivada em 10 de setembro de 2017
- ↑ Zouboulis, Christos C.; Katsambas, Andreas D.; Kligman, Albert M. (2014). Pathogenesis and Treatment of Acne and Rosacea (em inglês). [S.l.]: Springer. p. XXV. ISBN 978-3-540-69375-8. Cópia arquivada em 10 de setembro de 2017
- ↑ Schachner, Lawrence A.; Hansen, Ronald C. (2011). Pediatric Dermatology E-Book (em inglês). [S.l.]: Elsevier Health Sciences. p. 827. ISBN 0-7234-3665-7. Cópia arquivada em 10 de setembro de 2017
- ↑ (em inglês)«All About Rosacea». National Rosacea Society. Consultado em 10 de novembro de 2008
- ↑ a b http://www.webmd.com/skin-problems-and-treatments/rosacea-causes
- ↑ http://www.rosacea.org/patients/materials/triggersgraph.php
- ↑ (em inglês)Wilkin J, Dahl M, Detmar M, Drake L, Liang MH, Odom R, Powell F (2004). «Standard grading system for rosacea: report of the National Rosacea Society Expert Committee on the classification and staging of rosacea» (PDF). J Am Acad Dermatol. 50 (6). pp. 907–12. PMID 15153893. doi:10.1016/j.jaad.2004.01.048
- ↑ (em inglês)Marks, James G; Miller, Jeffery (2006). Lookingbill and Marks' Principles of Dermatology (4th ed.). Elsevier Inc. ISBN 1-4160-3185-5.
- ↑ (em inglês)Jansen T, Plewig G (1998). «Clinical and histological variants of rhinophyma, including nonsurgical treatment modalities». Facial Plast Surg. 14 (4). pp. 241–53. PMID 11816064
- ↑ (em inglês)Panconesi, E. (1984). «Psychosomatic dermatology». Clin Dermatol. 2. pp. 94–179. PMID 6242532. doi:10.1016/0738-081X(84)90050-6