Ramal de Vila Viçosa
Ramal de Vila Viçosa | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Estação de Estremoz | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Comprimento: | 16 km | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Bitola: | Bitola larga | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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O Ramal de Vila Viçosa é um antigo ramal ferroviário, que ligava as localidades de Vila Viçosa e Estremoz, em Portugal; foi inaugurado em 1905,[1][2] tendo os serviços de passageiros sido desactivados em 1990,[3] e os de mercadorias, posteriormente encerrados.
Caracterização
[editar | editar código-fonte]Com cerca de dezasseis quilómetros de extensão, este ramal atravessava os concelhos de Estremoz, Borba e Vila Viçosa.
Traçado
[editar | editar código-fonte]Segundo o projecto de 1902, o troço entre a antiga Estação de Estremoz e Vila Viçosa apresentaria cerca de 23 Km de comprimento.[4][5] A via saía da antiga estação e começaria a vencer a considerável diferença de nível entre aquele ponto e o interior de Estremoz, onde seria instalada a nova estação, junto às muralhas.[4] Depois de sair da vila, a linha acompanharia a estrada até Vila Viçosa.[4] Além da nova estação de Estremoz, também estavam previstas duas outras estações, servindo Borba e Vila Viçosa, e um apeadeiro entre Borba e Estremoz; a Estação de Vila Viçosa seria, desde o princípio, preparada para funcionar como terminal provisório.[4] Quanto a obras de arte, apenas seriam necessários 28 aquedutos com vãos de 0,60 a 1,50 m, e um pontão abobadado com 3 m, e estava prevista a instalação de 38 passagens de nível.[4]
História
[editar | editar código-fonte]Antecedentes
[editar | editar código-fonte]O caminho de ferro chegou a Évora em 14 de Setembro de 1863, pela Companhia dos Caminhos de Ferro do Sueste; em 21 de Abril do ano seguinte, o governo contratou esta empresa para efectuar vários projectos, incluindo uma ligação ferroviária entre Évora e a Linha do Leste, no Crato, passando por Estremoz.[6][4] Este traçado foi contestado pelos militares, que acreditavam que, ao passar tão perto da fronteira, criaria problemas na defesa do país.[7] No entanto, a companhia passou por vários problemas de ordem financeira, o que a impossibilitou de concluir as obras, pelo que o estado abriu vários concursos para acabar as linhas; como não apareceram concorrentes, o próprio estado assumiu a responsabilidade por estes projectos, tendo o troço até Estremoz sido inaugurado em 22 de Dezembro de 1873.[3][6]
Planeamento, construção e inauguração
[editar | editar código-fonte]Posteriormente, realizaram-se estudos no sentido de substituir o ponto de entroncamento na Linha do Leste, no Crato, para Chança, Ponte de Sor, ou Elvas.[4] Uma comissão técnica de 1898 decidiram incluir no Plano da Rede a continuação da Linha de Évora até Elvas, baseada nas conclusões do Conselho Superior de Obras Públicas e do Conselho Superior de Guerra; no entanto, antes de se construir o troço além de Vila Viçosa, deveria-se melhorar as condições de defesa em Elvas.[4] O troço entre Estremoz e Vila Viçosa seria de fácil e económica construção, e iria servir os ricos e populosos concelhos de Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Alandroal.[4] Apesar deste projecto poder retirar algum do tráfego à Linha do Leste, não se verificaram quaisquer objecções, uma vez que a ligação por Elvas já tinha perdido a exclusividade do tráfego internacional.[4]
Um decreto publicado em 19 de Junho de 1902 ordenou que fossem criadas duas comissões para o planeamento e construção das linhas da Rede Complementar ao Sul do Tejo, tendo uma delas estudado, entre outros troços, a ligação entre Estremoz e Vila Viçosa.[8]
Pelo Plano da Rede Ferroviária ao Sul do Tejo, decretado em 28 de Novembro desse ano,[5] foi autorizada a continuação da Linha de Évora até Elvas, podendo as obras começar após o projecto ser aprovado.[5] A autarquia de Vila Viçosa providenciou, para o projecto, 10.000$000 réis, e todas as expropriações que fossem necessárias no concelho, enquanto que a de Borba apenas tratou das expropriações; nesta data, também se esperava auxílio financeiro da parte das Câmaras de Estremoz e Alandroal, através da atribuição de subsídios.[9] O projecto, e o correspondente orçamento, no valor de 299.000$000 réis, foram aprovados pelo estado a 29 de Novembro.[10] Neste orçamento, incluía-se a construção das casas dos guardas, no valor de 5:831$718 réis, das 3 estações, que custariam 48:433$346 réis, e da infra-estrutura de via, no valor de 127:977$775 réis.[4]
Em Fevereiro de 1903, esperava-se que as obras começassem brevemente, e, a 1 de Julho de 1903, foi decretado que a a construção deste troço tivesse o apoio financeiro do Fundo Especial dos Caminhos de Ferro do Estado,[11] tendo as obras sido autorizadas por uma lei de 11 de Julho; em 10 de Setembro, o governo ordenou que as obras se iniciassem imediatamente.[12] Em 17 de Novembro do mesmo ano e a 15 de Janeiro de 1904, tiveram lugar vários concursos para a execução de terraplanagens, e construção de obras de arte neste troço.[13][14]
A 2 de Abril de 1905, o estado aprovou o projecto e o respectivo orçamento para a construção do Apeadeiro de Arcos.[15] Nesse mês, o ramal já se encontrava construído,[16] e, em Julho, uma comissão técnica examinou o ramal, desde a antiga estação de Estremoz em Ameixial até Vila Viçosa, tendo-o considerado em condições. A construção do ramal foi, geralmente, bastante fácil, sem quaisquer obras de arte de grandes dimensões, tendo apenas surgido algumas dificuldades no corte de uma trincheira, devido à dureza de uma pedra que a constituía; os materiais de via para o troço entre Estremoz e Vila Viçosa vieram por estrada, tendo sido utilizada uma zorra para o assentamento.[17] Após a entrega do parecer da comissão técnica, o estado ordenou, em 29 de Julho, que o ramal fosse, provisoriamente, aberto à exploração;[18] a abertura oficial à exploração deu-se no dia 1 de Agosto.[6]
Declínio e encerramento
[editar | editar código-fonte]O serviço de passageiros foi encerrado a 1 de Janeiro de 1990, tendo permanecido o tráfego de mercadorias.[3] O Ramal foi, posteriormente, encerrado na sua totalidade.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Martins et al, p. 12
- ↑ História de Portugal em Datas, p. 252
- ↑ a b c BLÁZQUEZ, José Luís Torres (1992). «El Museo de Ferrocarril de Estremoz». Madrid: Resistor, S. A. Maquetren (em espanhol). 2 (8). 13 páginas
- ↑ a b c d e f g h i j k «De Extremoz a Villa Viçosa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (364). 16 de Fevereiro de 1903. p. 53. Consultado em 18 de Janeiro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b c SOUSA, José (1 de Dezembro de 1902). «A rêde ferro-viaria ao Sul do Tejo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (359): 354, 355. Consultado em 18 de Janeiro de 2013
- ↑ a b c TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa: Gazeta dos Caminhos de Ferro. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1683): 76, 78
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (341). 1 de Março de 1902. 14 páginas
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (349). 1 de Julho de 1902. 14 páginas
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (357). 1 de Novembro de 1902. 14 páginas
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (360). 16 de Dezembro de 1902. 12 páginas
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (374). 16 de Julho de 1903. pp. 5, 6
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (378). 16 de Setembro de 1903. pp. 4, 5
- ↑ «Arrematações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (381). 1 de Novembro de 1903. pp. 14, 15
- ↑ «Arrematações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (384). 16 de Dezembro de 1903. 14 páginas
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (416). 16 de Abril de 1905. 6 páginas
- ↑ SOUZA, José Fernando de (16 de Abril de 1905). «Ligações com a rêde espanhola» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (416). 4 páginas
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (423). 1 de Agosto de 1905. 13 páginas
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (424). 16 de Agosto de 1905. 6 páginas
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- História de Portugal em Datas. [S.l.]: Círculo de Leitores, Lda. e Autores. 1994. 480 páginas. ISBN 972-42-1004-9
- MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- VIEGAS, Francisco José (1988). Comboios Portugueses. Um Guia Sentimental. Lisboa: Círculo de Editores. 185 páginas
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Página do projecto da Ecopista sobre o antigo Ramal de Vila Viçosa, no portal da Câmara Municipal de Borba[ligação inativa]