Paulo Virgínio
Paulo Virgínio | |
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Alegoria a Paulo Virgínio pelo artista Nelson Lorena. | |
Nome completo | Paulo Gonçalves dos Santos |
Conhecido(a) por | Mártir da Revolução de 1932 |
Nascimento | 1899 Cunha, São Paulo, Brasil |
Morte | 27 de julho de 1932 (33 anos) Cunha, São Paulo, Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Ocupação | Lavrador |
Paulo Gonçalves dos Santos, mais conhecido como Paulo Virgínio (Cunha, 1899 — Cunha, 27 de julho de 1932) foi um lavrador brasileiro. Tornou-se mártir para os paulistas na Revolução Constitucionalista de 1932 após ter sido morto pelas tropas de Getúlio Vargas na cidade de Cunha.[1]
Em sua homenagem, a rodovia SP-171 que liga Guaratinguetá a Cunha foi batizada de Rodovia Paulo Virgínio.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Paulo Gonçalves dos Santos nasceu no ano de 1899 na cidade de Cunha. Na zona rural daquele município atuava como lavrador.[1]
- Fuga para proteger a família
Em 1932, com a deflagração do levante conhecido na história brasileira como Revolução Constitucionalista, a cidade de Cunha se tornou ponto estratégico de acesso das tropas federais que faziam ofensiva às tropas paulistas. Em 15 de julho, a primeira unidade dos fuzileiros navais do Rio de Janeiro, com cerca de 400 praças, do destacamento João Alberto, subiu a Serra do Mar via Paraty com a intenção de passar pela cidade de Cunha e seguir pelo Vale do Paraíba rumo a capital paulista.[1][2]
Paulo Virgínio natural daquela localidade, morava próximo à divisa dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e com o intuito de proteger seus cinco filhos e sua esposa dos embates do conflito, fugiu com sua família para o mato, nos grotões na Serra do Indaiá.[1]
Em 27 de julho de 1932, saiu de seu abrigo para buscar alimentos para sua família e não voltou mais, pois foi capturado pelas tropas fluminenses. Preso, foi interrogado pelos soldados governistas que exigiam dele informações sobre as linhas avançadas dos paulistas. Com a recusa, o lavrador foi torturado pelos soldados federais que reiteravam suas exigências.[1][2]
- Morte e julgamento
Diante da insistente recusa de Paulo Virgínio, os soldados governistas decidiram executá-lo com requintes de crueldade, em que além da tortura física ainda o obrigaram a cavar a própria sepultura em que foi enterrado. O local, na margem esquerda da estrada de rodagem que liga Aparecida a Cunha, hoje há um monumento em sua memória.[1]
Diz a lenda popular que Virgínio pouco antes de ser morto teria afirmando: "Morro, mas São Paulo vence!".[1]
Foram acusados pela execução do lavrador o 1º tenente Ayrton Teixeira Ribeiro, o sargento Roque Eugênio de Oliveira e os soldados Juvenal Bezerra Monteiro, Ascendino Gomes da Silva Dantas e Raymundo Jeronymo da Costa, integrantes do corpo de fuzileiros navais e do destacamento governista em operações em Cunha.[2]
Após a morte de Virgínio, esses militares foram denunciados pela promotoria militar perante o Supremo Tribunal Militar, em cuja peça é relatado que esses praças e oficiais torturaram o lavrador e lhe deram uma enxada para que cavasse a sua sepultura. Os relatos da denúncia ainda descrevem que jogaram-lhe água fervendo pelo corpo durante o processo de interrogatório. Porém, todos os acusados foram absolvidos por falta de provas, conforme decisão do julgamento.[3][2]
- Homenagens
Em sua homenagem há um monumento na entrada da cidade de Cunha subindo a Serra do Mar. E o seu nome foi dado ao primeiro trecho da rodovia SP-171, que liga as cidades de Guaratinguetá e Cunha. No final do segundo trecho da rodovia entre Cunha e a divisa com Paraty está o monumento onde Virgínio teve de cavar a própria sepultura.
O seu nome está em mais de dez monumentos históricos, colégios e ruas em cidades paulistas.
A Prefeitura Municipal de Cunha instituiu a medalha "Paulo Virgínio - Herói Constitucionalista" para distinguir o "apoio, contribuição e ajuda à Memória da Revolução de 1932".
O seu corpo está sepultado no Mausoléu do Obelisco de São Paulo ao lado de Guilherme de Almeida, o "poeta de 32" e de Ibrahim de Almeida Nobre, heroi e "tribuno de 32" separados por um altar, logo atrás do túmulo do "herói jacente" que abriga os despojos das primeiras vítimas da Ditadura, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (MMDC), debaixo da abóbada da cripta.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e f g Montenegro, Benedicto (1936). Cruzes Paulistas. São Paulo: Civilização Brasileira. 740 páginas
- ↑ a b c d «Ação Penal n. 3.190/1933 - ARQUIMEDES». arquimedes.stm.jus.br. Consultado em 5 de dezembro de 2018
- ↑ Werneck, Eduardo César (30 de abril de 2018). «Eduardo César Werneck: 'Você não sabia, mas isto aconteceu em 1932…'». Jornal Rol. Consultado em 5 de junho de 2018