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Oreonympha nobilis

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Oreonympha nobilis
Ilustração de John Gould
CITES Appendix II (CITES)[3]
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Subfamília:
Tribo:
Gênero:
Oreonympha

Gould, 1869[4]
Espécies:
O. nobilis
Nome binomial
Oreonympha nobilis
Gould, 1869[4]
Distribuição geográfica

O montanhês-barbudo[5] ou colibri-barbudo[6][7] (nome científico: Oreonympha nobilis) é uma espécie de ave apodiforme pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores. É o único representante do gênero Oreonympha, que é monotípico. Por sua vez, também é, consequentemente, a espécie-tipo deste gênero. Pode ser encontrada em altitudes entre 2500 e 3800 metros, sendo endêmica do Peru.[8]

O nome do gênero deriva dos termos gregos antigos ὄρεος, óreos, significando "montanha"; e νύμφη, nýmphē, literalmente "ninfa", "bela jovem". O epíteto específico nobilis, deriva do neolatim, que significa "magnífico, admirável, famoso". A palavra albolimbata também é de origem latina e é composta de albus para "branco" e limbatus para "alinhado, cercado".[9]

Normalmente, os espécimes de montanhês-barbudo medem em torno de 14 a 16.5 centímetros, com seu bico preto possuindo em torno de 2.2 centímetros, variando de acordo com cada espécime. Sua cauda longa, nos machos, principalmente, possui uma bifurcação, que apresenta plumagem verde-bronze, medindo cerca de 8.5 centímetros, com as penas externas brancas e bordas escurecidas próximo às retrizes. A região da cabeça, incluindo-se a parte próxima ao peito, é de coloração preta. A subespécie nominal deste beija-flor apresenta uma coroa frontal cobalto-púrpura, que é dividida por uma faixa preta no centro da cabeça. Na parte de trás da cabeça, uma faixa branca estreita une-se ao abdômen, que é esbranquiçado. As costas são esverdeadas, com um gradiente bronzeado que segue até a cauda. A parte de baixo da cauda, assim como a ponta das asas, são acinzentadas.[10] Os pés, assim como outros troquilídeos, são pequenos, possuindo coloração acinzentada ou preta.[11] A garganta dos machos é de cor verde menta, com sua parte inferior magenta. A fêmea adulta é semelhante ao macho, porém, devido ao dimorfismo sexual, suas cores são mais opacas e não apresentam a garganta colorida que, em vez disso, é preta.[11] Os juvenis são mais opacos que os adultos, com uma coroa verde escamosa, uma garganta marrom opaca e uma mandíbula amarela.[12]

Sua outra subespécie albolimbata apresentam faixas brancas em ambos os lados da coroa e sua cauda é muito mais acobreada. A fêmea tem o branco que se estende desde as mesmas faixas brancas da coroa através dos loros até a garganta.[12]

Esta espécie foi descrita primeiramente em 1869, por John Gould, ornitólogo e naturalista inglês, também descritor do gênero monotípico do qual esta espécie pertence. A descrição original foi possível através de uma fotografia de um espécime coletado por Henry Whitely, um colecionador de aves, no distrito de Tinta, província de Canchis, ao sudeste do Peru, se encontrando a 3500 metros acima do nível do mar.[4] Através de uma análise, reconheceu-se um parentesco com Oxypogon e Ramphomicron, que também apresentam plumagem acinzentada no corpo, com uma espécie de "barba" na garganta.

Por ser o único representante de seu gênero, este se classifica como um monotipo, com a espécie sendo uma espécie-tipo. Em 2007, um estudo filogenético molecular por meio de análises de DNA mitocondrial descobriu que a espécie se encontraria intimamente relacionada com os barbuditos e o bico-de-espinho-de coroa-ruiva. Entretanto, porque esta última não se encaixa mais dentro de Chalcostigma, poderá ocorrer um agrupamento futuramente.[13] Adicionalmente, o South American Classification Committee (SACC) da American Ornithological Society está considerando imergir os gêneros Oreonympha e Chalcostigma em Oxypogon.[14]

O SACC, juntamente ao International Ornithological Committee e a taxonomia de Clements, reconhecem duas subespécies, sendo a nominal O. n. nobilis e a O. n. albolimbata.[15][8][16] Entretanto, Handbook of the Birds of the World (HBW) da BirdLife International trata esses táxons como duas espécies separadas, sendo o montanhês-oriental e o montanhês-ocidental, respectivamente.[17]

Distribuição e habitat

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A subespécie "oriental" do montanhês-barbudo pode ser encontrada nos departamentos de Apurímaque e Cusco do centro-sul do Peru, nas drenagens dos rios Urubamba e alto Apurímac. A subespécie "ocidental" O. n. albolimbata é encontrado nos departamentos de Huancavelica, Aiacucho e Apurímac, nas drenagens dos rios Mantaro, Pampas e Chalhuanca.[18]

A espécie habita vales andinos secos caracterizados por encostas rochosas e raquíticas e florestas abertas. Ocorre em uma variedade de comunidades de plantas nativas, mas também é encontrado regularmente em árvores de tabaco (Nicotiana) e eucalipto, mesmo ao longo de estradas e cidades. Em altitudes que variam de 2.500 a 3.900 metros acima do nível do mar.[18]

As florestas habitadas pelos montanheses-barbudos consistem em árvores de pimenta, com membros do gênero Tecoma, pertencente à família das trombetas, e árvores de mamão papaia. Além disso, eles podem ser vistos em florestas mistas de Polylepis e Escallonia com densos arbustos espinhosos. Ocasionalmente também são encontrados em áreas de cultivo de eucalipto.[11]

Comportamento

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É uma espécie de ave residente, não-migratória, em praticamente toda a extensão de seu território.[18] A fenologia reprodutiva, embora não documentada, indicou em estudos primordiais que esta espécie se reproduz em cavernas próximas ou acima de rios.[19]

Alimentação

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A espécie alimenta-se de néctar, principalmente o de Agave, cactos, nicotiana e eucalipto. Alimenta-se tanto pairando com uma postura quase vertical quanto sacudindo a cauda, ​​mas também se apega às flores com as asas abertas. Também come pequenos artrópodes. É submisso à maioria dos outros beija-flores.[18]

Vocalização

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Suas vocalizações incluem "uma série descendente e estridente, seguida por cantos marcados por melodia e harmonia: swee swee chew-chew-chew [e] também um dzzrt seco".[18]

Referências

  1. BirdLife International (2016). «Eastern Mountaineer». The IUCN Red List of Threatened Species. 2016: e.T22727923A94965841. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22727923A94965841.enAcessível livremente. e.T22727923A94965841. Consultado em 1 de outubro de 2022 
  2. BirdLife International (2016). «Western Mountaineer». The IUCN Red List of Threatened Species. 2016: e.T22727930A94966031. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22727930A94966031.enAcessível livremente. e.T22727930A94966031. Consultado em 1 de outubro de 2022 
  3. «Appendices | CITES». cites.org. Consultado em 14 de outubro de 2022 
  4. a b c Gould, John (janeiro de 1869). «Description of a New Genus and Species of the Family Trochilidae». Proceedings of the Zoological Society of London. 37 (1) 
  5. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 113. ISSN 1830-7809. Consultado em 25 de agosto de 2022 
  6. «Oreonympha nobilis (montanhês-barbudo)». Avibase. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  7. Alves, Paulo; Elias, Gonçalo; Frade, José; Nicolau, Pedro; Pereira, João, eds. (2019). «Trochilidae». Nomes das Aves PT. Lista dos Nomes Portugueses. Consultado em 21 de dezembro de 2022 
  8. a b Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». IOC World Bird List (em inglês) 12.1 ed. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  9. Jobling, James A. (1991). A Dictionary of Scientific Bird Names. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-854634-3. OCLC 45733860 
  10. Schulenberg, Thomas Scott; Stotz, Douglas Forrester; Lane, Daniel Franklin; O'Neill, John Patton (24 de maio de 2010). Field-Guide to the birds of Peru. Princeton: Princeton University Press. ISBN 978-0-7136-8673-9. OCLC 159634650 
  11. a b c d e Fjeldså, Jon; Krabbe, Niels (1 de junho de 1990). Birds of the High Andes: A Manual to the Birds of the Temperate Zone of the Andes and Patagonia, South America. Copenhagen, Denmark: Apollo Books. ISBN 87-88757-16-1. OCLC 22163126 
  12. a b Drucker, Jacob; Sedgwick, Carolyn W. (2020). «Bearded Mountaineer (Oreonympha nobilis), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.beamou1.01. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  13. McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Dudley, R.; Altshuler, Douglas L. (janeiro de 2009). «A higher-level taxonomy for hummingbirds». Journal of Ornithology (em inglês) (1): 155–165. ISSN 2193-7192. doi:10.1007/s10336-008-0330-x. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  14. Stiles, Gary; Remsen, J.V., Jr. «Revise generic limits in the Lesbiini: A. Expand Oxypogon to include Oreonympha and Chalcostigma, and B. Modify linear sequence». South American Classification Committee of AOS. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  15. Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  16. Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, S. M. Billerman, T. A. Fredericks, J. A. Gerbracht, D. Lepage, B. L. Sullivan, and C. L. Wood. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  17. BirdLife International (2020). «Handbook of the Birds of the World and BirdLife International digital checklist of the birds of the world». Datazone BirdLife International. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  18. a b c d e Drucker, Jacob; Sedgwick, Carolyn W. (2020). «Bearded Mountaineer (Oreonympha nobilis), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.beamou1.01. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  19. Morrison, Alastair (28 de junho de 2008). «Notes on the Birds of Lake Junin, Central Peru». Ibis (em inglês) (4): 643–654. doi:10.1111/j.1474-919X.1939.tb07194.x. Consultado em 2 de outubro de 2022 

Ligações externas

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