Saltar para o conteúdo

Januário de Benevento

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: "São Januário" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja São Januário (desambiguação).
Januário
Santo da Igreja Católica
Bispo de Benevento
Januário de Benevento
Atividade eclesiástica
Diocese Diocese de Benevento
Sucessor Teófilo de Benevento
Ordenação e nomeação
Nomeação episcopal Século III
Santificação
Veneração por Igreja Católica Romana e Igrejas Católicas Ortodoxas
Principal templo Catedral de Nápoles
Festa litúrgica 19 de setembro
Atribuições hábito de bispo, cajado pastoral, palma, ampolas contendo seu sangue, leões de circo
Dados pessoais
Nascimento Benevento
21 de abril de 272
Morte Pozzuoli
19 de setembro de 305 (33 anos)
Nome nascimento Prócolo
dados em catholic-hierarchy.org
Categoria:Igreja Católica
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Januário (em latim Ianuarius; em italiano: Gennaro; Benevento, 21 de abril de 272Pozzuoli, 19 de setembro de 305), nascido como Próculo (em latim: Proculus; em italiano: Procolo), foi um bispo e mártir cristão, venerado como santo pela Igreja Católica (cujo culto se celebra em 19 de setembro) e pela Igreja Ortodoxa. Foi condenado à morte no ano 305 durante as perseguições de Diocleciano. É patrono da cidade de Nápoles.

De acordo com a tradição, Januário chamava-se Prócolo e pertencia à família patrícia dos "Ianuarii", consagrada ao deus Jano.

É um santo de especial devoção na Mooca, tradicional bairro da colônia italiana na cidade de São Paulo que tem uma igreja em homenagem a ele. Na cidade de Ubá, na zona da mata mineira, também encontramos uma igreja em sua honra.[1] e, anualmente, o Santo recebe uma festa em sua homenagem: a Festa de San Gennaro, que é feita de setembro a outubro, sendo uma das festas religiosas mais tradicionais da cidade de São Paulo.

São Januário também é o santo padroeiro do Clube Atlético Juventus, tradicional clube do Futebol Paulista fundado por imigrantes italianos que trabalhavam no Cotonifício Crespi, e viviam no bairro da Mooca.

No Rio de Janeiro o santo dá nome ao estádio do Club de Regatas Vasco da Gama, o Estádio de São Januário. O nome São Januário se popularizou devido à rua homônima que fica próxima ao estádio. São Januário também é padroeiro da cidade de Ubá, em Minas Gerais, onde é feriado em 19 de setembro, dia do santo.

Tesouro de São Januário

[editar | editar código-fonte]

A riqueza oferecida durante séculos pelos devotos do santo, patrono de Nápoles, é de um valor incalculável. O tesouro é considerado a maior coleção de pedras preciosas do mundo e suplanta largamente outras coleções de referência, as joias do Czar da Rússia e da Coroa Britânica.

A coleção foi enriquecida ao longo dos anos pelas ofertas feitas por papas, reis, imperadores (Napoleão Bonaparte foi um deles), aristocratas europeus e ricas famílias napolitanas.[2]

Sangue de São Januário

[editar | editar código-fonte]

Segundo a tradição, é preservada em Nápoles uma ampola que contém sangue recolhido do corpo do padroeiro da cidade, São Januário, após o seu martírio.

Três vezes por ano, ocorre o chamado "milagre", que consiste na liquefação do sangue, que passa do estado sólido ao estado líquido: 19 de setembro, dia de S. Januário, 16 de dezembro, porque nesse dia, em 1631, foi feita uma procissão com as relíquias de S. Januário que impediu a iminente erupção do vulcão Vesúvio e no sábado que antecede o primeiro domingo de maio, dia da primeira trasladação do corpo do santo.[3]

O primeiro registo deste fenómeno data de 1389.

As datas da liquefação do sangue de São Januário são celebradas com grande pompa e esplendor, as relíquias são expostas ao público, e se a liquefação não se verifica imediatamente, iniciam-se preces coletivas. Se o milagre tarda, os fiéis convencem-se de que a demora se deve aos seus pecados, então rezam orações penitenciais, como o salmo "Miserere", quando o milagre ocorre, o Clero entoa um solene Te Deum, a multidão irrompe em vivas, os sinos repicam e toda a cidade rejubila.[3]

O sangue de São Januário está recolhido em duas ampolas de vidro, hermeticamente fechadas, protegido por duas lâminas de cristal transparente. A ampola maior possui 60 cm cúbicos de volume; a menor tem capacidade de 25 cm cúbicos. Em geral, o sangue endurecido ocupa até a metade da ampola maior, na menor, encontra-se disperso em fragmentos.[3]

A liquefação do sangue produz-se espontaneamente, sob as mais variadas circunstâncias, independentemente da temperatura ou do movimento, o sangue passa do estado pastoso ao fluido e, até, fluidíssimo. A liquefação ocorre da periferia para o centro e vice-versa. Algumas vezes, o sangue liquefaz-se instantânea e inteiramente, ou, por vezes, permanece um denso coágulo em meio ao resto liquefeito. Varia o colorido: desde o vermelho mais escuro até o rubro mais vivo. Não poucas vezes surgem bolhas e sangue fresco e espumante sobe rapidamente até o topo da ampola maior.[3]

Trata-se verdadeiramente de sangue humano, comprovado por análises espectroscópicas e há algumas peculiaridades, que constituem outros milagres dentro do milagre liquefação, há uma variação do volume: algumas vezes diminui e outras vezes aumenta até o dobro. Varia também quanto à massa e quanto ao peso. Em janeiro de 1991, o Professor G. Sperindeo fazendo uso, com o máximo cuidado, de aparelhos de alta precisão, encontrou uma variação de cerca de 25 gramas. O peso aumentava enquanto o volume diminuía. Esse acréscimo de peso contraria frontalmente o princípio da conservação da massa e é considerado pela Igreja Católica como inexplicável, pois as ampolas encontram-se hermeticamente fechadas, sem possibilidade de receber acréscimo de substâncias do exterior.[3]

A notícia escrita mais antiga e segura do milagre consta de uma crônica do século XIV. Desde 1659, estão rigorosamente anotadas todas as liquefações, que já perfazem mais de dez mil.[3]

A falta do milagre sempre esteve ligada a momentos nefastos da história da cidade: em setembro de 1939 e 1940, datas do início da Segunda Guerra Mundial e da entrada da Itália na guerra; em setembro de 1943, durante o início da ocupação nazista; em 1973, quando Nápoles foi atingida por uma epidemia de cólera; e, em 1980, por fim, ano em que se deu um terremoto de alta magnitude em Irpínia.[4]

Em dezembro de 2016, a liquefação não aconteceu. Às 19h15min do dia 16 de dezembro de 2016, a ampola foi recolocada no relicário que a custodia, e a Capela do Tesouro de São Januário, na Catedral de Nápoles, foi fechada.[4]

Há teorias que o suposto milagre que faz o sangue de São Januário se liquefazer seria uma fabricação de alquimistas medievais numa época caracterizada pelo lucrativo comércio através da compra e venda de relíquias sagradas, ato conhecido como simonia. No entanto esta hipótese nunca foi provado e a Igreja Católica nunca permitiu que o sangue fosse submetido a análise científica do material, pois ele fica no interior de uma ampola lacrada que nunca foi aberta.[5]

Referências

  1. «San Gennaro». www.sangennaro.org.br. Consultado em 17 de setembro de 2021 
  2. «Tesouro de São Januário troca Nápoles por Roma» 
  3. a b c d e f «Sangue São Januário» 
  4. a b «Milagre de São Januário não se repete na Itália». padrepauloricardo.org. Consultado em 18 de dezembro de 2016 
  5. Atualizado, Saber. «Sangue de São Januário: Milagre ou Alquimia?». Saber Atualizado. Consultado em 19 de setembro de 2024 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Januário de Benevento
Ícone de esboço Este artigo sobre a biografia de um(a) santo(a) ou um(a) beato(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.