Forte de São Diogo
Forte de São Diogo | |
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Forte de São Diogo, Salvador. | |
Construção | Filipe II de Portugal (c. 1609) |
Estilo | Abaluartado |
Conservação | Bom |
Aberto ao público |
O Forte de São Diogo localiza-se na Praça Azevedo Fernandes, no bairro da Barra, em Salvador, capital do estado brasileiro da Bahia. Ergue-se na base do Morro de Santo Antônio, ao lado direito da praia do Porto da Barra, local onde anteriormente existiu o Castelo do Pereira. Próximo ao forte também estão a Igreja de Santo Antônio da Barra e o Instituto Mauá, este já na Avenida Sete de Setembro.
O Forte de São Diogo visava impedir, com o apoio do Forte de Santa Maria, o desembarque de qualquer inimigo naquele acesso ao sul da cidade do Salvador, então capital do Estado do Brasil.
De suas muralhas descortina-se uma bela e ampla visão da Baía de Todos os Santos. Atualmente encontra-se sob a guarda do Exército Brasileiro.
História
[editar | editar código-fonte]Século XVII
[editar | editar código-fonte]A sua construção remonta ao Governo Geral de D. Diogo de Meneses Siqueira (1609-1613) com planta do Engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita (1603-1634). Em iconografia de João Teixeira Albernaz, o velho (Planta da Cidade de Salvador, 1616) figura como Estância de São Diogo.
Foi ampliado e transformado num forte que tinha como finalidade impedir o desembarque de invasores no único porto seguro existente na entrada da baía de Todos os Santos, preferido pelos invasores que pretendiam atacar a cidade pelo lado sul.
No contexto das Invasões holandesas do Brasil foi reconstruído a partir de 1626, durante o Governo Geral de Diogo Luís de Oliveira (1626-1635), resistindo, ainda em obras, ao ataque de abril-maio de 1638 do Conde Maurício de Nassau (1604-1679),[1] por ocasião da segunda invasão holandesa.
O século XVIII
[editar | editar código-fonte]A construção sofreu alterações na estrutura e no traçado a partir de 1704, que lhe conferiram a atual estrutura orgânica, em que o terrapleno acompanha a linha da base do morro, cortado para a sua edificação.
Foi reinaugurado em setembro de 1722, quando passou a contar com uma bateria de sete peças de artilharia. De acordo com iconografia de José António Caldas,[2] apresenta o traçado de um meio reduto circular aberto com parapeitos à barbeta. Sobre o terrapleno, ergue-se edificação de dois pavimentos abrigando as dependências de serviço (Casa de Comando, Quartel da Tropa, Casa da Palamenta e outras).
Esteve guarnecido com um Capitão comandante e dois soldados artilheiros, e artilhado com cinco peças de ferro de calibre 12 libras e duas de bronze de calibre 8,[3] presumivelmente em meados do século XVIII.
O século XIX
[editar | editar código-fonte]No contexto da Questão Christie (1862-1865), o "Relatório do Estado das Fortalezas da Bahia" ao Presidente da Província, datado de 3 de agosto de 1863, dá-o como reparado,[4] citando:
- "(...) é este Forte de figura irregular, composto de seis lados retos e um curvo, à barbeta, cujo plano de fogo total é de 120 palmos.
- Monta cinco peças de calibre 24, foi reparado e se acha em bom estado.
- Não possui plataforma, e os reparos por semelhante falta descansam sobre o solo do terrapleno, que não é lajeado e nem possui o declive próprio daquela, como é conveniente na parte em que joga a artilharia."[5]
Passou por novas reformas, nas canhoneiras e parapeitos, em 1875, 1883 e 1886.[6] SOUZA (1885) informa que mantinha, à época (1885), quatro peças de artilharia, nas muralhas abandonadas.[7]
O século XX
[editar | editar código-fonte]À época da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o forte encontrava-se desarmado em 1915, e à da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), abandonado em 1940.[6] BARRETTO (1958) adita que à época (1958), o Círculo Militar ocupava uma das dependências do forte.
Atualmente, o Forte de São Diogo encontra-se restaurado e aberto ao público, convertido em Centro Cultural, com programação regular de eventos. A sua guarnição apresenta-se trajada com o uniforme histórico do 1º Regimento de Infantaria da Bahia, dentro do projeto de revitalização das Fortalezas Históricas de Salvador, da Secretaria de Cultura e Turismo em parceria com o Exército Brasileiro.
Para os aficcionados da telecartofilia, sua fachada e acesso ilustram um cartão telefônico da série Fortes de Salvador, emitida pela Telebahia, em junho de 1998.
Características
[editar | editar código-fonte]Apresenta planta irregular do tipo italiano, dotado de casa de comando com dois pavimentos, portada encimada por brasão de armas, e guarita.
Referências
- ↑ BARRETTO, 1958:172.
- ↑ "Planta, e fachada do forte de S. Diogo" in: Cartas topográficas contem as plantas e prospectos das fortalezas que defendem a cidade da Bahia de Todos os Santos e seu recôncavo por mar e terra, c. 1764. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa.
- ↑ BARRETTO, 1958:173.
- ↑ ROHAN, 1896:51.
- ↑ Op. cit., p. 57.
- ↑ a b GARRIDO, 1940:86.
- ↑ Op. cit., p. 93.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368p.
- FALCÃO, Edgard de Cerqueira. Relíquias da Bahia (Brasil). São Paulo: Of. Gráficas Romili e Lanzara, 1940. 508 p. il. p/b
- GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
- PEDRO II, Imperador do Brasil. Viagens pelo Brasil: Bahia, Sergipe, Alagoas, 1859-1860 (2ª ed.). Rio de Janeiro: Bom Texto; Letras e Expressões, 2003. 340 p. il.
- ROHAN, Henrique de Beaurepaire. Relatorio do Estado das Fortalezas da Bahia, pelo Coronel de Engenheiros Henrique de Beaurepaire Rohan, ao Presidente da Província da Bahia, Cons. Antonio Coelho de Sá e Albuquerque, em 3 ago. 1863. RIGHB. Bahia: Vol. III, nr. 7, mar/1896. p. 51-63.
- SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.
- TEIXEIRA, Paulo Roberto Rodrigues. "Fortes Santo Antônio da Barra, Santa Maria, São Diogo". in Revista DaCultura, ano V, nº 8, junho de 2005, p. 65-76.