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Condromalácia patelar

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A condromalácia patelar ou condropatia patelar ou, também, como é mais aceita atualmente na literatura científica, síndrome da dor femoropatelar (SDFP), consiste em uma patologia crônica degenerativa da cartilagem articular da superfície posterior da patela e dos côndilos femorais correspondentes, que produz desconforto e dor ao redor ou atrás da patela.[1] É considerada como uma das disfunções que mais afetam os membros inferiores[2] atingindo com mais frequência mulheres e pessoas acima do peso.[3][4]

O termo SDFP é empregado, preferencialmente, em condições múltiplas associadas a dor femoropatelar sendo que condromalácia caiu em desuso e deve ser somente usado para descrever um específico amolecimento patológico da cartilagem articular e, não como um diagnóstico clínico vago.[5] Popularmente pode ser conhecida como "dor anterior do joelho".[6]

Anatomia do Joelho

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Anatomia do joelho mostrando suas estruturas.

O joelho é formado pela junção dos ossos fêmur, tíbia, fíbula e a patela. Possui uma característica biaxial, do tipo dobradiça, onde dois meniscos suportando as estruturas ósseas, sendo auxiliados ainda por ligamentos e músculos, sendo projetadas para mobilidade e estabilidade.[7] Tais características é de fundamental importância pois exposta constantemente à ação do peso corporal sendo assim a maior e mais complexa das articulações do corpo humano.[8]

Possui duas articulações:

Articulação femorotibial

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Constituída pela tíbia e fêmur é uma articulação sinovial. Os côndilos femorais mediais e laterais fazem contato através dos meniscos interpostos à face articular superior da tíbia [9] possui também estruturas anatômicas importantíssimas para a manutenção de sua estabilidade. Estas estruturas são os ligamentos cruzados (anterior e posterior), os ligamentos colaterais (lateral e medial) e os meniscos (lateral e medial).[10]

Articulação femoropatelar

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A articulação femoropatelar é uma articulação sinovial, do tipo plana ou planartrose. A face articular da patela é adaptado à face patelar do fêmur (chamada de Tróclea).[9] A patela fica inserida na porção anterior da cápsula articular e, pelo ligamento patelar, é ligada à tíbia.[7] A função do mecanismo da articulação femoropatelar é influenciada vigorosamente por estabilizadores tanto dinâmicos (estruturas contráteis) quanto estáticos (estruturas não contráteis) da articulação. Essa estabilidade baseia-se na interação entre a geometria óssea, as contenções ligamentares e retinaculares e os músculos.[11]

A patela e sua função

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A patela é um osso sesamóide de forma triangular que é submetido a forças de tração enormes, somente dois terços da sua área articulam-se, o restante correspondem a áreas de inserções musculares. Sua superfície articular possui até sete facetas, portanto é multifacetada, devido a sua excursão em vários ângulos em relação ao fêmur, que ocorre mais por arrasto do que por congruência articular.[12] A patela é o maior osso sesamóide do nosso corpo.[5]

A principal função da patela é aumentar o braço de alavanca do músculo quadríceps quando este se contrair para estender (esticar) a perna.[7] A patela desliza sobre um canal vertical profundo formado pela tróclea femoral e a incisura intercondiliana, Desta forma, durante a flexão, o movimento fisiológico da patela sobre o fêmur é de translação vertical ao longo da fossa troclear até a incisura intercondiliana.[13]

É sabido que pela articulação do joelho passam cargas que vão de 3 vezes o peso do corpo, como ao subir e descer uma escada, até 10 vezes o peso do corpo, como durante atividades mais vigorosas como a corrida.[6] A causa exata ainda permanece desconhecida, porém segundo a literatura, acredita-se que esteja ligada a fatores anatômicos, histológicos e fisiológicos, que resultam no enfraquecimento e amolecimento da cartilagem envolvida[14] o que de forma geral influem em três grandes fatores predisponentes: anomalias ósseas; mau alinhamento do membro inferior e desequilíbrios músculo-tendinosos e de tecidos moles periarticulares.[15]

Reforçando as hipóteses dadas ao surgimento da SDFP, há autores que relacionam sua origem com alterações biomecânicas e estruturais dos membros inferiores, tais como anteversão do colo femoral, aumento da adução e rotação medial do quadril e desequilíbrios musculares no quadril e joelho.[16][17] Tais disfunções podem ser relacionadas com: fraqueza muscular do quadríceps,[18] menor flexibilidade da musculatura da perna,[19] adução excessiva do fêmur por causa da fraqueza do músculo glúteo médio, fibras do glúteo máximo (principalmente as superiores) e o tensor da fáscia lata,[17][20] pé cavo / pé chato, traumas direto,[21][22] congruência reduzida da articulação femoropatelar.[23]

Classificação

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Ressonância Magnética do joelho mostrando a degeneração da cartilagem atrás da patela.

Segundo a classificação descrita por Outerbridge (1961), existem 4 níveis de condromalácia patelar, de acordo com o estádio de deterioração da cartilagem.[24]

GRAUS E CARACTERÍSTICAS

  • I - amolecimento da cartilagem e edemas
  • II - fragmentação de cartilagem ou fissuras com diâmetro < 1,3 cm diâmetro
  • III - fragmentação ou fissuras com diâmetro > 1,3 cm
  • IV - erosão ou perda completa da cartilagem articular, com exposição do osso subcondral

Os principais sintomas são: dor profunda no joelho ao subir e descer escadas, ao levantar-se de uma cadeira, ao correr, muitas vezes restringindo atividades físicas,[3] agachar, pular, [25] dor após ficar sentado durante tempo prolongado ("sinal do cinema"),[26] crepitação e estalos também são sinais bem comuns de surgir na SDFP, sendo muitas vezes audíveis. É possível também a presença de derrame intra-articular (edema).[27]

Diagnóstico e tratamento

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O diagnóstico mais detalhado é feito, normalmente, através de um exame de Ressonância Magnética[28] e testes físicos realizados por fisioterapeutas,[6] além de fazer uma avaliação com um reumatologista, um fisiatra, um ortopedista, para receber o diagnóstico preciso e o tratamento correto.[29] Pode ser utilizado também, durante avaliação fisioterapêutica, escalas e testes funcionais para identificar o nível de impacto dessa dor e disfunção, no dia-a-dia do indivíduo.[30]

A base do tratamento será focada nos achado feito na avaliação, a qual mostra a causa da dor.[6] Vários protocolos afirmam que o objetivo do tratamento conservador (fisioterapia) é promover o ganho de força muscular do extensor de joelho com intuito de ganhar a estabilidade, tração e o realinhamento patelar.[31] O fortalecimento do quadríceps é primordial, e é preciso também recuperar a potência do membro inferior, executando exercícios com um grau de dificuldade progressiva, evitando uma sobrecarga na articulação femoropatelar[32], como exercícios isométricos de extensão do joelho [33], além de exercícios em que os membros inferiores estejam fixos no chão.[31]

Exercícios de fortalecimentos de músculos do quadril junto com treino funcional parecem ajudar no controle da doença.[34]

Referências

  1. «Tratamento Fisioterapêutico da Condropatia Patelar». Blog Fisioterapia. 13 de junho de 2017 
  2. Fukuda, Thiago Yukio (2010). «Short-Term Effects of Hip Abductors and Lateral Rotators Strengthening in Females With Patellofemoral Pain Syndrome: A Randomized Controlled Clinical Trial». journal of orthopaedic & sports physical therapy. v.40 (n.11) 
  3. a b Silva, Maria Rachel Pessoa da. «Fortalecimento muscular em pacientes com condromalácia patelar». Faculdade de FAIPE 
  4. BALDON, RODRIGO DE MARCHE (2014). «EFEITOS DO TREINAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO FUNCIONAL EM MULHERES SAUDÁVEIS E COM DOR FEMOROPATELAR». UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS: 143 
  5. a b Machado, Fabio Alves; Amorin, Álvaro Andreson de (2005). «CONDROMALACIA PATELAR: ASPECTOS ESTRUTURAIS, MOLECULARES, MORFOLÓGICOS E BIOMECÂNICOS». REVISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA (n.130): 29-37 
  6. a b c d «Condromalácia ou condropatia patelar - Instituto trata». Instituto trata 
  7. a b c Kisner, Carolyn; Colby, Lynn Allen (2016). «21». Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas 6ª ed. Barueri: Manole. pp. 765–768. ISBN 9788520436776 
  8. Castro, Danielle Marialva de. «Joelho: revisão de aspectos pertinentes à Fisioterapia». Faculdade Ávila 
  9. a b Educacao, Portal. «Portal Educação - Artigo». www.portaleducacao.com.br. Consultado em 6 de maio de 2018 
  10. «006 - Anatomy's book - Articulação do Joelho - Articulação do Joelho» 
  11. «Biomecânica do joelho». www.gustavokaempf.com.br. Consultado em 6 de maio de 2018. Arquivado do original em 6 de maio de 2018 
  12. ROCHA, THIAGO CÂNDIDO DA (2011). «REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: TRANSPLANTE MENISCAL». UFPR 
  13. OLIVEIRA, LARISSA M. R. DE (2012). «BANDAGEM FUNCIONAL NA SÍNDROME DA DOR PATELOFEMORAL: Uma revisão sistemática». Faculdade de Pindamonhangaba 
  14. Alves, Dr. Umberto Castro. «Condromalácia». Dr. Umberto Castro Alves (em inglês). Consultado em 6 de maio de 2018 
  15. Roque, Vanessa; Macedo, Joana (2012). «Síndrome Femoro-Patelar». Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação. v. 22 (n. 2) 
  16. Oliveira, Letícia Villani de (2014). «Análise da força muscular dos estabilizadores do quadril e joelho em indivíduos com Síndrome da Dor Femoropatelar». Fisioter Pesq. v.21 
  17. a b Nakagawa, Theresa Helissa (2008). «A ABORDAGEM FUNCIONAL DOS MÚSCULOS DO QUADRIL NO TRATAMENTO DA SÍNDROME DA DOR FEMORO-PATELAR». Fisioter. Mov. v.21 (n.1) 
  18. POMPEO, Klauber Dalcero; MELLO, Mônica de Oliveira; VAZ, Marco Aurélio (2012). «Inibição muscular dos extensores do joelho em sujeitos acometidos por condromalácia patelar e osteoartrite do joelho - um estudo de revisão». Fisioterapia e Pesquisa. v. 19 (n. 2): 185-190. Consultado em 6 de maio de 2018 
  19. Piva, SR (2005). «Strength around the hip and flexibility of soft tissues in individuals with and without patellofemoral pain syndrome». J Orthop Sports Phys Ther. 35 
  20. Oliveira, Letícia Villani de (2014). «Análise da força muscular dos estabilizadores do quadril e joelho em indivíduos com Síndrome da Dor Femoropatelar». Revista Fisioterapia e Pesquisa. v.21 (n.4) 
  21. «Síndrome femoropatelar: causas e tratamento». RPG Souchard. 26 de novembro de 2015 
  22. Neuman, Donald A (2011). Cinesiologia do Aparelho Musculoesquelético: Fundamentos para Reabilitação: Fundamentos para Reabilitação 2ª ed. [S.l.]: Elsevier. ISBN 9788535239669 
  23. Ribeiro, Alessandra C. S (2010). «Avaliação eletromiográfica e ressonância magnética do joelho de indivíduos com síndrome da dor femoropatelar». Rev. bras. fisioter. v. 14 (n. 3) 
  24. MACHADO, F. A. e AMORIM, A. A. - Condromalácia patelar: aspectos estruturais, moleculares, morfológicos e biomecânicos
  25. Sizínio, K (2016). Ortopedia e Traumatologia: Princípios e Prática 5ª ed. [S.l.]: Artmed 
  26. «| Síndrome Femôro-PatelarMUNDO SEM DOR». MUNDO SEM DOR - Dr.Charles Oliveira. 12 de março de 2013 
  27. Powers, CM (1998). «Rehabilitation of patellofemoral joint disorders: a critical review». J Orthop Sports Physl Ther. v.28 (n.5) 
  28. FREIRE, Maxime Figueiredo de Oliveira (2006). «Condromalácia de patela: comparação entre os achados em aparelhos de ressonância magnética de alto e baixo campo magnético». Radiol Bras. v.39 (n.3) 
  29. http://www.marcosbritto.com/2011/03/condromalacia-patelar-rotuliana.html
  30. SIQUEIRA, Daniela Abrahão; BARAUNA, Mário Antônio (2012). «valiação funcional do joelho em portadores da síndrome da dor femoropatelar (SDFP): comparação entre as escalas KOS e IKDC.». Rev Bras Med Esporte. V.18 (n.6): 400-403. ISSN 1517-8692. doi:10.1590/S1517-86922012000600011. Consultado em 15 de maio de 2018 
  31. a b Salvador, Bruno Roberto Castro (2015). «COMPARAÇÃO DA EFICÁCIA DE EXERCÍCIOS DE CADEIA CINÉTICA ABERTA E FECHADA NA SÍNDROME DOR PATELO FEMURAL: Revisão bibliográfica». Faculdade Pindamonhagaba 
  32. PRANDO, T.G. - Condromalácia patelar: uma intervenção do educador físico
  33. BIRCK, Andressa Dupont (2016). «Nível de ativação muscular do vasto medial em diferentes exercícios fisioterapêuticos». Acta Fisiatrica. v.23 (n.3). Consultado em 7 de maio de 2018 
  34. Baldon, Rodrigo de Marche. «Efeito do treinamento de estabilização funcional sobre a dor, função e biomecânica do membro inferior de mulheres com dor femoropatelar: Um ensaio clínico randomizado». Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy