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Ascalaphidae

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Ilustração do final do século XIX de um Neuroptera Ascalaphidae, vista superior, por Charles Owen Waterhouse.
Ilustração do final do século XIX de um Neuroptera Ascalaphidae, vista superior, por Charles Owen Waterhouse.
Ascalaphidae da espécie Suphalomitus difformis.
Ascalaphidae da espécie Suphalomitus difformis.
Classificação científica
Reino: Animal
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Neuroptera
Família: Ascalaphidae
Rambur, 1842[1]
Subfamílias
ver texto
Neuroptera Ascalaphidae do gênero Ascalaphus, mostrando a peculiar forma de repouso de muitos insetos desta família, com o abdômen formando um ângulo com relação às asas.

Ascalaphidae (nomeadas, em inglês, Owlflies)[2] é uma família de insetos da ordem Neuroptera, classificada por Jules Pierre Rambur no ano de 1842[1] e moderadamente especifica, abrangendo cerca de 400 espécies atribuídas a cerca de 65 gêneros com ampla distribuição em áreas tropicais e temperadas da Terra,[3] mesmo em habitats secos e de altitude;[2] alcançando a sua maior diversidade em lugares como América do Sul, África e região indo-malaia, podendo chegar até a Oceania.[4] São estreitamente relacionados com as formigas-leão (Neuroptera; Myrmeleontidae).[3] A relação entre Ascalaphidae e estes últimos insetos citados é confirmada por uma única autapomorfia, a fusão da tíbia e do tarso das pernas traseiras de suas larvas.[2]

Características principais de Neuroptera Ascalaphidae

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Esta família possui espécies com dois pares de asas de venação reticulada e geralmente translúcidas,[5] com envergaduras entre 1.5 e 6 centímetros,[6] por vezes com simples padrões de coloração em manchas, como nas espécies europeias do gênero Libelloides.[7] São freqüentemente confundidas com libélulas por causa de seus corpos esbeltos e longas asas membranosas, distinguindo-se pela maneira como dobram suas asas sobre o corpo em repouso[8] e por suas antenas bem visíveis[9] e terminadas em clava.[5]

Habitat, hábitos e alimentação dos adultos e larvas

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Ascalaphidae geralmente habitam áreas de campo e de floresta,[2] podendo ter hábitos diurnos ou noturnos. Frequentemente adultos costumam pousar com seu abdômen erguido sobre o corpo, projetando-se no ar para assemelhar-se a um galho quebrado.[10][5] Ambos, adultos e larvas, possuem fortes mandíbulas, aptas para a predação. Os adultos passam a maior parte do tempo descansando, realizando voos rápidos ou pairando, caçando e se alimentando de pequenos insetos.[10] Ao contrário das formigas-leão, das quais se assemelham,[2] as larvas de Ascalaphidae não cavam armadilhas na areia,[10] preferindo viver em lugares cobertos de musgos[2] ou amoitadas no solo, com seus corpos mais ou menos cobertos de detritos[9] e areia. Empupam em um casulo de seda, em montes de folhas.[11]

Agregações de Ascalaphidae

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Embora não sejam considerados insetos dotados de eussocialidade, cinco agregações de Ascalaphidae foram descritas em texto pela primeira vez, em 1988, na revista Acta Amazonica. Agregações do gênero Cordulecerus foram notadas na região neotropical: três em áreas do Rio Napo, Peru, em 30 de junho de 1980, 20 de julho de 1982 e 13 de julho de 1985; e a quarta agregação de uma outra espécie de Cordulecerus fora notada no Amazonas, Brasil, em 14 de março de 1977. Também uma outra agregação de espécimes fora encontrada na República Dominicana (Grandes Antilhas), em 18 de maio de 1985, embora descritos no gênero Ululodes. Estas agregações foram estimadas como contendo entre dez e mais de uma centena de indivíduos adultos, imóveis ou em voo frenético, aparentemente sem atividade sexual.[12]

Classificação de Ascalaphidae: subfamílias

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A família Ascalaphidae possui três subfamílias que podem ser identificadas pela seguinte chave:

  • Antenas muito curtas, com pouco mais do que o comprimento da cabeça; abdômen firme. / Subfamília Albardiinae (táxon monotípico: Albardia furcata, no Brasil).[6][13]
  • Antenas mais longas, pelo menos com metade do comprimento de suas asas dianteiras.
    • Olhos inteiros, não divididos por um sulco horizontal. / Subfamília Haplogleniinae[6] (com menos de cem espécies descritas).[10]
    • Olhos horizontalmente divididos em duas regiões distintas por um sulco. / Subfamília Ascalaphinae[6] (contendo dois terços das espécies descritas para esta família).[10][14]

A análise de evidências totais (vários genes + morfologia) em 2019 recuperou Ascalaphidae como monofiléticos e encontrou evidências para cinco subfamílias: Albardiinae van der Weele, 1909; Ululodinae van der Weele, 1909; Haplogleniinae Newman, 1853; Melambrotinae Tjeder, 1992; e Ascalaphinae Lefèbvre, 1842.[15] Esta análise filogenômica nuclear foi refutada em 2018, quando recuperou Ascalaphidae como uma linhagem parafilética dentro de Myrmeleontidae.[16] A análise molecular em 2018 usando rRNA mitocondrial e dados mitogenômicos também colocou os Ascalaphidae como irmã dos Myrmeleontidae Nos grupos mais avançados dentro dos Neuroptera.[17][18] O registro fóssil contribuiu para a compreensão da filogenia do grupo.[19][20] A filogenia das Ascalaphidae permaneceu incerta, com muitos dos táxons superiores aparentemente não sendo grupos naturais (clados).[21]

As subfamílias de neurópteros são descritas em Winterton e colegas 2017 e Jones 2019.[22][15]

Neuropterida

Raphidioptera

Megaloptera

Neuroptera

6 subfamílias[22]

Ithonidae

giant lacewings,
moth lacewings
Myrmeleontiformia
Psychopsidae

silky lacewings
Nymphidae

split‑footed
lacewings
Nemopteridae

spoonwings,
threadwings

Myrmeleontoidea

lacewings

Machado et al 2018 propõe uma classificação abaixo do nível de família, em tribos (nomes terminados em –ini):[16] Grupos anteriormente considerados parte de "Myrmeleontidae" são sublinhados e marcados como "Myrm".

Myrmeleontoidea
Ascalaphinae

Dimarini

Palparini "Myrm."

Ululodini

Stilbopterygini "Myrm."

Haplogleniini

Ascalaphini

"Myrmeleontidae" (part)

Myrmeleontinae

Dendroleontinae

Nemoleontinae

Jones 2019 apresenta uma filogenia de evidência total, preferindo classificar apenas ao nível familiar:[15]

Myrmeleontoidea

Myrmeleontidae

Palparidae "Myrm."

Stilbopterygini "Myrm."

Ascalaphidae

Albardiinae

Ululodinae

Melambrotinae

Haplogleniinae

Ascalaphinae

owlflies

Referências

  1. a b «Ascalaphidae» (em inglês). EOL. 1 páginas. Consultado em 15 de fevereiro de 2018 
  2. a b c d e f Srour, Marc (29 de setembro de 2011). «Owlflies (Neuroptera: Ascalaphidae)» (em inglês). Bioteaching. 1 páginas. Consultado em 15 de fevereiro de 2018 
  3. a b Kuznetsova, Valentina G.; Khabiev, Gadzhimurad N.; Krivokhatsky, Victor A. (19 de novembro de 2015). «Chromosome numbers in antlions (Myrmeleontidae) and owlflies (Ascalaphidae) (Insecta, Neuroptera)» (em inglês). ZooKeys. (538) (NCBI). 1 páginas. Consultado em 15 de fevereiro de 2018 
  4. Levente, Ábrahám (2008). «New genus and species from Asia with comments on genus Suhpalacsa (Neuroptera: Ascalaphidae)» (PDF) (em inglês). Somogyi Múzeumok Közleményei. (18) (Rippl Rónai Múzeum). pp. 69–76. Consultado em 15 de fevereiro de 2018 
  5. a b c Jean and Fred (13 de janeiro de 2018). «Owlfly» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 15 de fevereiro de 2018 
  6. a b c d NEW, Timothy R. (1989). Handbuch der Zoologie/Handbook of Zoology. Band/Volume IV. Arthropoda: Insecta. Teilband/Part 30 (em inglês). Berlim: Walter de Gruyter - Google Books. p. 36. 132 páginas. ISBN 0-89925-539-6. Consultado em 16 de fevereiro de 2018 
  7. Jackson, Charlie (6 de junho de 2017). «Owlfly» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 15 de fevereiro de 2018. Libelloides macaronius - Galičica NP, Macedonia, 06/06/2017 
  8. The Editors of Encyclopædia Britannica. «Owlfly» (em inglês). Encyclopædia Britannica. 1 páginas. Consultado em 15 de fevereiro de 2018 
  9. a b BORROR, Donald J.; DELONG, Dwight M. (1969). Introdução ao Estudo dos Insetos. São Paulo: Editora Edgard Blücher/Editora da Universidade de São Paulo. p. 189. 654 páginas 
  10. a b c d e Trujillo, Gloria (2009). «NEUROPTERA: ASCALAPHIDAE» (PDF) (em inglês). Entomology and Nematology Department (UF/IFAS). 1 páginas. Consultado em 15 de fevereiro de 2018 
  11. «Family Ascalaphidae - Owlflies» (em inglês). BugGuide. 1 páginas. Consultado em 9 de março de 2018 
  12. Hogue, Charles L.; Penny, Norman D. (8 de abril de 1988). «Aggregations of Amazonian owflies (Neuroptera: Ascalaphidae: Cordulecerus)» (PDF) (em inglês). Acta Amazonica. Vol.18, n.1-2. (SciELO). pp. 359–361. Consultado em 9 de março de 2018 
  13. Carvalho, Leonardo (8 de novembro de 2015). «Neuroptera, Albardia cf. furcata» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 16 de fevereiro de 2018 
  14. Eldie, Ron (8 de setembro de 2012). «Owlfly» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 16 de fevereiro de 2018. Face to face shot of an owlfly. 
  15. a b c Jones, Joshua R. (2019). «Total-evidence phylogeny of the owlflies (Neuroptera, Ascalaphidae) supports a new higher-level classification». Zoologica Scripta. 48 (6): 761–782. doi:10.1111/zsc.12382Acessível livremente 
  16. a b Machado, R. J. P.; Gillung, J. P.; Winterton, S. L.; Garzon‐Orduña, I. J.; Lemmon, A. R.; Lemmon, E. M.; Oswald, J. D. (2018). «Owlflies are derived antlions: Anchored phylogenomics supports a new phylogeny and classification of Myrmeleontidae (Neuroptera)». Systematic Entomology. 44 (2): 418–450. doi:10.1111/syen.12334Acessível livremente 
  17. Yue, Bi-Song; Song, Nan; Lin, Aili; Zhao, Xincheng (2018). «Insight into higher-level phylogeny of Neuropterida: Evidence from secondary structures of mitochondrial rRNA genes and mitogenomic data». PLOS ONE. 13 (1): e0191826. Bibcode:2018PLoSO..1391826S. ISSN 1932-6203. PMC 5790268Acessível livremente. PMID 29381758. doi:10.1371/journal.pone.0191826Acessível livremente 
  18. Yan, Y.; Wang Y, Liu, X.; Winterton, S. L.; Yang, D. (2014). «The First Mitochondrial Genomes of Antlion (Neuroptera: Myrmeleontidae) and Split-footed Lacewing (Neuroptera: Nymphidae), with Phylogenetic Implications of Myrmeleontiformia». International Journal of Biological Sciences. 10 (8): 895–908. PMC 4147223Acessível livremente. PMID 25170303. doi:10.7150/ijbs.9454 
  19. Engel, Michael S.; Grimaldi, David A. (2007). «The neuropterid fauna of Dominican and Mexican amber (Neuropterida, Megaloptera, Neuroptera)» (PDF). American Museum Novitates (3587): 1–58. doi:10.1206/0003-0082(2007)3587[1:TNFODA]2.0.CO;2 
  20. Parker, S. P. (ed.), 1982: Synopsis and classification of living organisms. Vols. 1 & 2. McGrew-Hill Book Company
  21. Jones, Joshua Raymond (2014). Taxonomic Revisions of Six Genera of Entire-Eyed Owlflies (Ascalaphidae: Haplogleniinae), and First Large-Scale Phylogeny of the Owlflies. [S.l.]: Texas A&M University (PhD Thesis) 
  22. a b Winterton, S. L.; Lemmon, A. R.; Gillung, J. P.; Garzon, I. J.; Badano, D.; Bakkes, D. K.; Breitkreuz, L. C. V.; Engel, M. S.; Lemmon, E. M.; Liu, X.; Machado, R. J. P.; Skevington, J. H.; Oswald, J. D. (2017). «Evolution of lacewings and allied orders using anchored phylogenomics (Neuroptera, Megaloptera, Raphidioptera)». Systematic Entomology. 43 (2): 330–354. doi:10.1111/syen.12278Acessível livremente 
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