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Aneurisma da aorta abdominal

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Aneurisma de aorta abdominal
Aneurisma da aorta abdominal
Imagem de tomografia computadorizada mostrando um aneurisma de aorta abdominal
Especialidade cirurgia vascular
Classificação e recursos externos
CID-10 I71.3, I71.4
CID-9 441.3, 441.4
CID-11 1154633768
OMIM 100070
DiseasesDB 792
MedlinePlus 000162
eMedicine med/3443 emerg/27 radio/1
MeSH D017544
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Aneurisma da aorta abdominal (AAA),[1] é uma dilatação anómala na porção abdominal da artéria aorta de tal modo que o diâmetro ultrapassa os 3 cm ou atinge um diâmetro 50% maior do que o normal.[2] A maioria dos pacientes são assintomáticos, excepto quando o aneurisma se rompe.[2] Ocasionalmente pode provocar dor abdominal, nas costas ou nas pernas.[3] Os aneurismas de grandes dimensões, por vezes, podem ser sentidos pressionando o abdómen.[3] A sua principal complicação é a ruptura que pode provocar uma forte dor abdominal ou nas costas, pressão arterial baixa ou uma súbita perda de consciência.[2][4] O sangramento para dentro da cavidade abdominal, é muitas vezes fatal. Estes casos graves requerem cirurgia imediata.

Aneurismas de aorta abdominal ocorrem mais frequentemente em pessoas com mais de 50 anos; principalmente do sexo masculino e pessoas com antecedentes familiares da doença.[2] Outros fatores de risco incluem o tabagismo, hipertensão arterial e outras doenças cardiovasculares.[5] As anomalias genéticas que aumentam o risco de contrair a doença incluem a síndrome de Marfan e a síndrome de Ehlers-Danlos. Um aneurisma da aorta abdominal é a forma mais comum de aneurismas da aorta.[6] Aproximadamente 85% ocorrem no nível abaixo dos rins e os demais acima ou ao nível do rins.[2] Nos Estados Unidos é recomendado fazer um rastreio com ultrassonografia em homens entre os 65 e 75 anos, fumadores ou ex-fumadores.[7] No Reino Unido recomenda-se o rastreio a todos os homens com mais de 65 anos.[2] Uma vez identificado o aneurisma, estes podem ser acompanhados periodicamente através de exames de ultrassonografia abdominal.[3]

A melhor maneira de prevenir a doença é não fumar. Outros métodos podem incluir o tratamento da hipertensão, da hipercolesterolemia e evitar o sobrepeso. A cirurgia é geralmente recomendada para aqueles que tenham um aneurisma com diâmetro superior a 5.5 cm em homens e 5.0 cm em mulheres.[2] Outros motivos para os quais se recomenda intervenção cirúrgica inclui a presença de sintomas e um rápido aumento do tamanho.[3] A operação pode ser através de técnica aberta no tórax ou técnica endovascular.[2] Em comparação com a cirurgia aberta, o reparo endovascular do aneurisma implica um menor risco de morte a curto prazo e redução do período de hospitalização, mas nem sempre pode ser uma opção viável.[2][8][9] Aparentemente não existem diferenças entre os dois métodos de tratamento a longo prazo.[10] Com o reparo do aneurisma endovascular existe uma maior necessidade de se repetir os procedimentos.[11]

Aneurismas da aorta abdominal afetam entre 2% e 8% de homens com mais de 65 anos. Os índices entre as mulheres são quatro vezes mais baixos. Nos doentes com um aneurisma menor que 5.5 cm o risco de ruptura um ano depois é inferior a 1%. Entre aqueles com um aneurisma entre 5.5 e 7 cm o risco é de aproximadamente 10%, enquanto que nos pacientes com um aneurisma maior que 7 cm o risco é de aproximadamente 33%. O coeficiente de mortalidade em caso de ruptura está entre os 85 e 90%.[2] Durante 2013, os aneurismas da aorta resultaram em 152,000 mortes, ultrapassando as cerca de 100,000 em 1990.[12] Nos Estados Unidos os aneurismas de aorta abdominal provocaram entre 10,000 a 18,000 mortos em 2009.[6]

Epidemiologia

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Entre os principais factores para o desenvolvimento do aneurisma de aorta abdominal estão o tabagismo, aterosclerose, idade avançada, sexo masculino e história familiar. Nos USA, cerca de 15,000 pessoas morrem todos os anos vítimas duma ruptura dum aneurisma da aorta,[13] com uma clara propensão em homens do que em mulheres.[14] O pico de incidência no sexo masculino ocorre por volta dos 70 anos de idade, no entanto vários estudos têm[15] demonstrado que prevalência de aneurisma da aorta abdominal em homens com 60 anos é de cerca de 2-6%, divergindo consideravelmente entre os fumadores e os não fumadores[16] (8 a 1) e entre pessoas do sexo masculino e feminino[17] (4-6 a 1). A ruptura dum AAA ocorre em 1-3% dos indivíduos do sexo masculino com idade igual ou superior a 65 anos, com um índice de mortalidade de 70-95%.[18]

Quadro clínico

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A aorta é a maior artéria do corpo humano e por ela passa sangue rico em oxigênio que é bombeado pelo coração. Da aorta abdominal saem ramos que levam sangue oxigenado e rico em nutrientes para os órgão abdominais (fígado, pâncreas, baço, estômago, rins e intestinos) e para a parte inferior do corpo. No abdome, a aorta abdominal divide-se em duas artérias principais – as artérias ilíacas comuns – que levam sangue para a região pélvica e os membros inferiores.

O diâmetro de uma aorta normal é de aproximadamente 2 cm. A pressão exercida pela passagem do sangue pode provocar a dilatação de parte da parede da aorta, diminuindo a sua espessura e tornando-a mais frágil e passível de ruptura. O aneurisma é justamente essa dilatação localizada da parede da artéria, formando uma bolsa de tamanho variável. A ruptura de um aneurisma pode causar uma grave hemorragia interna, que pode levar a um choque hemorrágico fatal.

Outra complicação bastante grave do aneurisma de aorta é a embolização: pedaços de coágulos ou trombos, que se formam no interior do aneurisma, podem se desprender e viajar através das artérias, ocasionando um bloqueio do vaso e impedindo a passagem do sangue, o que pode causar dor de forte intensidade ou sintomas e sinais mais graves, podendo até ocorrer gangrena.[19]

O aneurisma de aorta abdominal diagnosticado antes de causar sintomas, pode ser tratado de maneira bastante segura e eficiente. Na maioria dos casos o aneurisma não causa nenhum sintoma. Alguns indivíduos muito magros podem perceber que existe uma massa pulsátil, quando colocam as mãos no abdome. Os médicos detectam essa pulsação com mais frequência, por serem treinados para isso mas mesmo eles podem não detectar o aneurisma, se o paciente for obeso.

Ruptura de aneurisma de aorta abdominal

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O primeiro sintoma de um aneurisma da aorta pode surgir apenas quando ele se rompe. A ruptura do aneurisma abdominal é um quadro muito grave e costuma evoluir com a tríade de massa abdominal pulsátil, hipotensão e dor abdominal de início súbito. Ela pode evoluir rapidamente para morte súbita.

Isso faz com que o aneurisma da aorta seja considerado uma doença silenciosa, e é importante que se faça o diagnóstico quando ainda não há sintomas.

O diagnóstico do aneurisma da aorta abdominal é suspeitado com base no exame físico e história clínica do paciente. A confirmação é feita com ultra-sonografia do abdome, tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Geralmente o aneurisma é diagnosticado em pacientes assintomáticos, porém pode ser diagnosticado em pacientes com ruptura do aneurisma.

Algumas sociedades médicas recomendam que seja realizado rastreamento do aneurisma de aorta abdominal em pacientes masculinos entre os 65 e 75 anos que já tenham fumado pelo menos uma vez na vida. O rastreamento geralmente é realizado uma única vez, com a utilização de ultrassonografia abdominal.

Nem todos os pacientes com aneurisma de aorta abdominal precisam ser tratados cirurgicamente. Geralmente são indicados para cirurgia os casos em que o aneurisma causa sintomas, é muito grande (>5,5 cm) ou está em crescimento progressivo (>1 cm por ano). Os demais casos podem ser acompanhados regularmente através de ultrassonografias de abdômen periódicas.

Os pacientes com ruptura de aneurisma de aorta abdominal necessitam de tratamento cirúrgico imediato.

Tratamento clínico

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Podem ser utilizados medicamentos para diminuir a frequência cardíaca, como beta-bloqueadores. Deve-se também suspender o tabagismo.

Tratamento cirúrgico

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O médico especialista no tratamento cirúrgico do aneurisma de aorta abdominal é chamado de cirurgião vascular.

A técnica clássica (reparo aberto) é feita através de um procedimento cirúrgico com uma incisão no abdome, abertura do aneurisma e colocação de uma prótese (tubo de material sintético) no interior do vaso, para aliviar a pressão do sangue sobre a parede enfraquecida.

A técnica endovascular, mais recente, consiste na introdução de um enxerto intravascular (tubo em V) através de um cateter pela virilha, controlado por raios-X, sem necessidade de abrir o abdome. Essa técnica foi usada pela primeira vez em 1990 pelo cirurgião argentino Juan Carlos Parodi, e trazida ao Brasil em 1994 pelo cirurgião Pedro Puech, professor da Universidade de São Paulo.

Referências

  1. Logan, Carolynn M.; Rice, M. Katherine (1987). Logan's Medical and Scientific Abbreviations. Philadelphia. [S.l.]: J. B. Lippincott Company. p. 3. ISBN 0-397-54589-4 
  2. a b c d e f g h i j Kent KC (27 de novembro de 2014). «Clinical practice. Abdominal aortic aneurysms.». The New England Journal of Medicine. 371 (22): 2101–8. PMID 25427112. doi:10.1056/NEJMcp1401430 
  3. a b c d Upchurch GR, Schaub TA (2006). «Abdominal aortic aneurysm». Am Fam Physician. 73 (7): 1198–204. PMID 16623206 
  4. Spangler R, Van Pham T, Khoujah D, Martinez JP (2014). «Abdominal emergencies in the geriatric patient.». International journal of emergency medicine. 7 (1). 43 páginas. PMID 25635203. doi:10.1186/s12245-014-0043-2 
  5. Wittels K (novembro de 2011). «Aortic emergencies.». Emergency medicine clinics of North America. 29 (4): 789–800, vii. PMID 22040707. doi:10.1016/j.emc.2011.09.015 
  6. a b «Aortic Aneurysm Fact Sheet». cdc.gov. 22 de julho de 2014. Consultado em 3 de fevereiro de 2015 
  7. LeFevre ML (19 de agosto de 2014). «Screening for abdominal aortic aneurysm: U.S. Preventive Services Task Force recommendation statement.». Annals of Internal Medicine. 161 (4): 281–90. PMID 24957320. doi:10.7326/m14-1204 
  8. Thomas DM, Hulten EA, Ellis ST, Anderson DM, Anderson N, McRae F, Malik JA, Villines TC, Slim AM (2014). «Open versus Endovascular Repair of Abdominal Aortic Aneurysm in the Elective and Emergent Setting in a Pooled Population of 37,781 Patients: A Systematic Review and Meta-Analysis.». ISRN cardiology. 2014. 149243 páginas. PMID 25006502. doi:10.1155/2014/149243 
  9. Biancari F, Catania A, D'Andrea V (novembro de 2011). «Elective endovascular vs. open repair for abdominal aortic aneurysm in patients aged 80 years and older: systematic review and meta-analysis.». European Journal of Vascular and Endovascular Surgery. 42 (5): 571–6. PMID 21820922. doi:10.1016/j.ejvs.2011.07.011 
  10. Paravastu SC, Jayarajasingam R, Cottam R, Palfreyman SJ, Michaels JA, Thomas SM (23 de janeiro de 2014). «Endovascular repair of abdominal aortic aneurysm.». The Cochrane database of systematic reviews. 1: CD004178. PMID 24453068. doi:10.1002/14651858.CD004178.pub2 
  11. Ilyas S, Shaida N, Thakor AS, Winterbottom A, Cousins C (fevereiro de 2015). «Endovascular aneurysm repair (EVAR) follow-up imaging: the assessment and treatment of common postoperative complications.». Clinical radiology. 70 (2): 183–196. PMID 25443774. doi:10.1016/j.crad.2014.09.010 
  12. GBD 2013 Mortality Causes of Death Collaborators (17 de dezembro de 2014). «Global, regional, and national age-sex specific all-cause and cause-specific mortality for 240 causes of death, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013». Lancet. 385 (9963): 117–71. PMC 4340604Acessível livremente. PMID 25530442. doi:10.1016/S0140-6736(14)61682-2 
  13. Creager, MA, Halperin, JL, Whittemore, AD. Aneurysmal disease of the aorta and its branches. In: Vascular Medicine, Loscalzo, J, Creager, MA, Dzau, VJ (Ed), Little, Brown, New York, 1996, p. 901
  14. Treska V. et al.:Aneuryzma břišní aorty, Prague, 1999, ISBN 80-7169-724-9
  15. eMedicine - 3443 - Abdominal Aortic Aneurysm
  16. Wilmink TB, Quick CR, Day NE (dezembro de 1999). «The association between cigarette smoking and abdominal aortic aneurysms». J Vasc Surg. 30 (6): 1099–105. PMID 10587395. doi:10.1016/S0741-5214(99)70049-2 
  17. Baird PA, Sadovnick AD, Yee IM, Cole CW, Cole L (setembro de 1995). «Sibling risks of abdominal aortic aneurysm». Lancet. 346 (8975): 601–4. PMID 7651004. doi:10.1016/S0140-6736(95)91436-6 
  18. Lindholt JS, Juul S, Fasting H, Henneberg EW (abril de 2005). «Screening for abdominal aortic aneurysms: single centre randomised controlled trial». BMJ. 330 (7494): 750. PMC 555873Acessível livremente. PMID 15757960. doi:10.1136/bmj.38369.620162.82 
  19. Aneurisma de aorta abdominal vidavascular.com.br