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Alemão brasileiro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Inscrição Ich liebe Blumenau em frente à prefeitura de Blumenau, representando a influência que a cultura e língua alemã tiveram sobre a cidade.

As variedades de origem alemã faladas por teuto-brasileiros formam uma língua minoritária significativa no Brasil. O "alemão brasileiro" é fortemente influenciado pelo português e, em menor grau, pelos dialetos italianos, bem como pelas línguas indígenas. Os dialetos alemães são particularmente fortes nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. De acordo com Ethnologue, cerca de 3 milhões de pessoas no Brasil falam o Riograndenser Hunsrückisch, 1,5 milhão falam o alemão padrão (provavelmente incluindo Pommersch) e 8 mil falam o Plautdietsch.[1]

Falantes da língua Alemã de Alemanha, Suíça e Áustria formam o maior grupo de imigrantes depois de falantes de português e italiano. Estes imigrantes tendiam a preservar a sua língua mais do que os falantes de italiano, que é mais próximo do português. Consequentemente, o alemão foi a segunda língua falada em casa mais comum no Brasil no censo de 1940. No entanto, mesmo em áreas que ainda são dominadas por falantes alemães, a maioria são bilíngues. Hoje, o alemão é cada vez mais cultivado como um patrimônio cultural e vários municípios têm recentemente o co-oficializado ao lado do português.

O Riograndenser Hunsrückisch é a variante mais significativa e o termo é usado às vezes para incluir todas as formas de alemão brasileiro. Está particularmente bem representado nos dois estados mais meridionais do país, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mas, especialmente no Espírito Santo, há bolsões significativos cujo dialeto é baseado no Pommersch[2] e em alguns outros dialetos que podem ser encontrados localmente devido à imigração do século XX.

Hunsriqueano riograndense

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Ver artigos principais: Hunsriqueano riograndense e Hunsrückisch
Mapa mostrando a dispersão das colônias alemãs no Sul do Brasil, em 1905.

O hunsriqueano riograndense, um dialeto do alto-alemão, é referido igualmente como Riograndenser Hunsrückisch (ou Hunsrik) por causa do estado mais meridional do país, o Rio Grande do Sul. Mas também está fortemente representado em Santa Catarina, onde a variante local é referida como Katharinensisch, e no Paraná. Juntos, esses três estados formam a Região Sul do Brasil. A área atraiu imigração significativa de países de língua alemã.

A imigração alemã para o Rio Grande do Sul começou em 1824.[3] Os trabalhadores e colonos alemães vieram de muitas regiões diferentes, mas especialmente das regiões pobres de Hunsrück e Palatinado. Os dialetos alemães começaram a se misturar, adotando elementos das línguas faladas por outros imigrantes, para formar variedades que diferiam de município para município, muitas vezes de família para família e que não tinham relação com as linhas dialéticas na Alemanha.[4] No entanto, na maioria dos lugares o dialeto Hunsrück provou ser dominante.

Inicialmente, os imigrantes tinham que organizar seu próprio sistema escolar,[5] mas isso mudaria. Devido à falta de exposição - de 1938 até 1961, o alemão nem sequer era ensinado em escolas superiores.[6] O alemão padrão tornou-se restrito a contextos formais como a igreja, enquanto que todas as interações diárias aconteciam no dialeto ou em português, a partir do qual as palavras necessárias para inovações também foram tomadas.[7]

Os falantes de Hunsrückisch são tipicamente bilíngues com o português, mas não necessariamente familiarizados com o alemão padrão. A escola primária de Santa Maria do Herval, município do Rio Grande do Sul, com uma população de cerca de 6 mil pessoas, ensina o Hunsrückisch e usa uma nova ortografia mais próxima de convenções portuguesas do que do alemão padrão. No entanto, os linguistas no Brasil criticam esse distanciamento e exigem um vínculo ortográfico mais estreito entre o Hunsrik e o alemão padrão.[8]

Estatuto co-oficial

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Municípios onde o pomerano é co-oficial no Espírito Santo, Brasil.
Ver artigo principal: Língua pomerana

O pomerano, um dialeto do baixo-alemão, é falado em muitos lugares no Sudeste e no Sul do Brasil:

Estatuto co-oficial

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Outros dialetos alemães no Brasil

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Sinalização bilíngue de Jardim de infância, em português e alemão, em Entre Rios, Guarapuava.

O holandês, estreitamente relacionado com o alemão, também é falado no Brasil por brasileiros holandeses e alguns judeus brasileiros.

Plattdüütsch ou Vesfaliano

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O Plattdüütsch é uma língua co-oficial junto ao Portuguĕs no municipio Westfália (Rio Grande do Sul). segunda lei N° 1302 do ano 2016.[19] No município é conhecido também como Vestfaliano ou Sapado do Pau. No Vale do Taquari (Teutônia, Imigrante e Westfália), onde se estabeleceram os imigrantes, há um grau de manutenção linguística maior,[25] além disso, também no sudeste de Santa Catarina e que inclui as comunidades de Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Braço do Norte, São Ludgero, Armazém, Santa Rosa de Lima (Santa Catarina), Rio Fortuna e Grão Pará. No inicio, o dialeto tive não muito contato com o Hunsriqueano rio-grandense, Português e outras línguas. Vestfaliano é considerado “relativamente livre de impurezas” pela sua colonização mais uniforme e pelo seu grau de isolamento geográfico e social que ainda perduraria por muitos anos, em algumas localidades ainda até bem recentemente; fator determinante para essa manutenção. Outro fato de o vestfaliano ser pertencente ao grupo do baixoalemão, levando os falantes (que nunca tiveram se misturado com outros imigrantes) a apresentar maior resistência à influência dos dialetos francônios como o Hunsrückisch e mesmo do alemão culto, “por apresentar características fonológicas e um vocabulário bastante diferente desses últimos”.

Referências

  1. «Ethnologue». Ethnologue. Consultado em 4 de agosto de 2015 
  2. [1] Arquivado em 2012-11-20 no Wayback Machine
  3. Altenhofen, Cléo Vilson: Hunsrückisch in Rio Grande do Sul, Franz Steiner Verlag, Stuttgart 1996, p. 24.
  4. Altenhofen, p. 42.
  5. Altenhofen, p. 69.
  6. Altenhofen, p. 38.
  7. Altenhofen, p. 45.
  8. «Brasilien: Hunsrücker Platt wird zweite Amtssprache». volksfreund.de. 27 de março de 2014. Consultado em 11 de agosto de 2015 
  9. https://www.antoniocarlos.sc.gov.br/noticias/index/ver/codMapaItem/33805/codNoticia/353655
  10. Lei Nº 1.868, de 17 de de dezembro de 2020 - Dispõe sobre a cooficialização das línguas talian e hunsrückisch no município de Ipumirim - SC
  11. «Diário Oficial dos Municípios de Santa Catarina - Visualizar Ato». www.diariomunicipal.sc.gov.br. Consultado em 20 de maio de 2021 
  12. https://www.santamariadoherval.rs.gov.br/atrativos_int.php?id=3
  13. https://leismunicipais.com.br/a1/lei-organica-santa-maria-do-herval-rs
  14. «Lei Ordinária 2451 2021 de Barão RS». leismunicipais.com.br. Consultado em 20 de maio de 2021 
  15. a b c d Bost, Bodo: Pommersche Sprache erlebt Renaissance in Brasilien. VDA Globus 1/2010.
  16. «Município de Itarana participa de ações do Inventário da Língua Pomerana». Prefeitura Municipal de Itarana. Consultado em 21 de março de 2019 
  17. «Lei Municipal nº 1.195/2016 de Itarana/ES». itarana.es.gov.br
  18. LEI Nº 2.644, DE 11 DE ABRIL 2023, dispõe sobre a cooficialização da língua pomerana no âmbito do município de Espigão do Oeste - Roraima. Repositório Brasileiro de Legislações Linguísticas
  19. a b https://web.archive.org/web/20190418013906/http://camarawestfalia.rs.gov.br/wp-content/uploads/2016/05/1302.pdf
  20. http://camarawestfalia.rs.gov.br/2016/03/21/sessao-ordinaria-na-camara-municipal-de-westfalia/
  21. Göz Kaufmann (2004). «Eine Gruppe - Zwei Geschichten - Drei Sprachen. Rußlanddeutsche Mennoniten in Brasilien und Paraguay». Franz Steiner Verlag. Zeitschrift für Dialektologie und Linguistik: 257–306. JSTOR 40505042 
  22. «Mennoniten - junge gemeinde - Mennoniten in Lateinamerika / Paraguay / Brasilien / Bolivien / Mexiko / Südamerika». Jungegemeinde.de. 18 de março de 2007. Consultado em 11 de agosto de 2015 
  23. René Laglstorfer. «Schuhplattln auf Brasilianisch». derStandard.at. Consultado em 4 de agosto de 2015 
  24. «Fundação Cultural Suábio-Brasileira». Consultado em 4 de agosto de 2015 
  25. http://www.fsma.edu.br/visoes/ed08/Edicao_8_artigo_4.pdf