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Vida em Marte: diferenças entre revisões

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Cientistas há muito tempo especulam sobre a possibilidade de '''[[vida]] em [[Marte (planeta)|Marte]]''', devido à proximidade e algumas similaridades do [[planeta]], com a [[Terra]]. A questão permanece em aberto: se existe vida em Marte atualmente, ou se existiu no passado.
Cientistas há muito tempo especulam sobre a possibilidade de '''[[vida]] em [[Marte (planeta)|Marte]]''', devido à proximidade e algumas similaridades do [[planeta]], com a [[Terra]]. A questão permanece em aberto: se existe vida em Marte atualmente, ou se existiu no passado.


Nas pesquisas feitas pelas [[Sonda espacial|sondas]] enviadas a Marte após o ano [[2000]], parece dar tênue luz à objeção, já que não foram encontrados vestígios de vida atual no planeta. Entretanto, a possibilidade de ter existido condições para a vida se torna mais aceitável, pois há evidências da presença de água na sua superfície num passado longínquo de dois bilhões de anos, e de existência atual de água nos seus pólos; além de suspeitas de que exista também água sob a superfície do planeta. Novo impulso surge em 4 de agosto de 2011, com a divulgação da [[NASA]] através da ''[[Science]]'', da descoberta de [[fluxos de água em encostas quentes marcianas]] que não apenas pelo seu alto teor salino resistiria à congelação, como justificaria ainda a vida de [[extremófilos]].<ref name="UOL reuters">{{citar web | titulo= Novas evidências renovam suspeita de que Marte já teve oceano | publicado= UOL Ciência e Saúde (REUTERS) |data= 2007-06-13 | url= http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/reuters/2007/06/13/ult4296u207.jhtm | autor= Will Dunham |acessodata=9 de Fevereiro de 2008}}</ref>
Nas pesquisas feitas pelas [[Sonda espacial|sondas]] enviadas a Marte após o ano [[2000]], parece dar tênue luz à objeção, já que não foram encontrados vestígios de vida atual no planeta. Entretanto, a possibilidade de ter existido condições para a vida se torna mais aceitável, pois há evidências da presença de água na sua superfície num passado longínquo de dois bilhões de anos, e de existência atual de água nos seus polos; além de suspeitas de que exista também água sob a superfície do planeta. Novo impulso surge em 4 de agosto de 2011, com a divulgação da [[NASA]] através da ''[[Science]]'', da descoberta de [[fluxos de água em encostas quentes marcianas]] que não apenas pelo seu alto teor salino resistiria à congelação, como justificaria ainda a vida de [[extremófilos]].<ref name="UOL reuters">{{citar web | titulo= Novas evidências renovam suspeita de que Marte já teve oceano | publicado= UOL Ciência e Saúde (REUTERS) |data= 2007-06-13 | url= http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/reuters/2007/06/13/ult4296u207.jhtm | autor= Will Dunham |acessodata=9 de Fevereiro de 2008}}</ref>


== Especulações iniciais ==
== Especulações iniciais ==
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[[Ficheiro:Lowell Mars channels.jpg|thumb|190px|Canais marcianos segundo Percival Lowell.]]
[[Ficheiro:Lowell Mars channels.jpg|thumb|190px|Canais marcianos segundo Percival Lowell.]]


Em [[1854]], [[William Whewell]], um membro da universidade de [[Trinity College, Cambridge|Trinity College]], [[Cambridge]], quem popularizou a palavra ''cientista'',<ref>{{citar web | titulo=O historiador das ciências | publicado=(4° Parágrafo) — Departamento de Física da FCUL | autor=Ana Simões | url=http://cosmo.fis.fc.ul.pt/~crawford/aulas/HistoriadorC2.html | acessodata=21 de Dezembro de 2007 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20071227230213/http://cosmo.fis.fc.ul.pt/~crawford/aulas/HistoriadorC2.html | arquivodata=2007-12-27 | urlmorta=yes }}</ref> teorizou que Marte tinha mares, terras e possíveis formas de vida. Especulações sobre vida em Marte eclodiram ao final do [[século XIX]], devido às observações [[telescópio|telescópicas]] feitas por alguns observadores que aparentemente notavam a existência de [[canal marciano|canais]] — que logo descobriu-se tratar de [[ilusões de óptica]]. Apesar disso, em [[1895]] o [[astrônomo]] estadunidense [[Percival Lowell]] publicou seu livro "''Marte''", seguido por "''Marte e seus canais''" em [[1906]],<ref>{{citar web | titulo=Os canais de Marte | publicado= Projeto Ockham | autor= Ana Luiza Barbosa de Oliveira | url=http://www.projetoockham.org/historia_canais_3.html | acessodata=21 de Dezembro de 2007}}</ref> propondo que os canais eram obra de alguma [[civilização]] avançada extinta havia muito tempo. Essa ideia levou o [[escritor]] [[Britânico]] [[H. G. Wells]] a escrever "''[[A guerra dos mundos]]''" em [[1897]], narrando uma invasão de [[Vida extraterrestre|aliens]] de Marte à [[Inglaterra]].
Em [[1854]], [[William Whewell]], um membro da universidade de [[Trinity College, Cambridge|Trinity College]], [[Cambridge]], quem popularizou a palavra ''cientista'',<ref>{{citar web | titulo=O historiador das ciências | publicado=(4° Parágrafo) — Departamento de Física da FCUL | autor=[[Ana Simões]] | url=http://cosmo.fis.fc.ul.pt/~crawford/aulas/HistoriadorC2.html | acessodata=21 de Dezembro de 2007 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20071227230213/http://cosmo.fis.fc.ul.pt/~crawford/aulas/HistoriadorC2.html | arquivodata=2007-12-27 | urlmorta=yes }}</ref> teorizou que Marte tinha mares, terras e possíveis formas de vida. Especulações sobre vida em Marte eclodiram ao final do [[século XIX]], devido às observações [[telescópio|telescópicas]] feitas por alguns observadores que aparentemente notavam a existência de [[canal marciano|canais]] — que logo descobriu-se tratar de [[ilusões de óptica]]. Apesar disso, em [[1895]] o [[astrônomo]] estadunidense [[Percival Lowell]] publicou seu livro "''Marte''", seguido por "''Marte e seus canais''" em [[1906]],<ref>{{citar web | titulo=Os canais de Marte | publicado= Projeto Ockham | autor= Ana Luiza Barbosa de Oliveira | url=http://www.projetoockham.org/historia_canais_3.html | acessodata=21 de Dezembro de 2007}}</ref> propondo que os canais eram obra de alguma [[civilização]] avançada extinta havia muito tempo. Essa ideia levou o [[escritor]] [[Britânico]] [[H. G. Wells]] a escrever "''[[A guerra dos mundos]]''" em [[1897]], narrando uma invasão de [[Vida extraterrestre|aliens]] de Marte à [[Inglaterra]].


Análises espectroscópicas da [[atmosfera de Marte]] iniciaram-se em meados de [[1894]], quando o astrônomo [[estadunidense]] [[William Wallace Campbell]] demonstrou que não havia presença nem de água, nem de [[oxigênio]] na atmosfera marciana.<ref name="Paul Chambers">{{citar livro | autor= Paul Chambers| título= Life on Mars | subtitulo =The Complete Story | ano = 1999 | local = London | editora =Blandford | ISBN= 0713727470}}</ref> Já em [[1909]] telescópios mais avançados e a melhor oposição [[periélio|periélica]] de Marte desde [[1877]] conclusivamente colocaram fim à teoria do canal.
Análises espectroscópicas da [[atmosfera de Marte]] iniciaram-se em meados de [[1894]], quando o astrônomo [[estadunidense]] [[William Wallace Campbell]] demonstrou que não havia presença nem de água, nem de [[oxigênio]] na atmosfera marciana.<ref name="Paul Chambers">{{citar livro | autor= Paul Chambers| título= Life on Mars | subtitulo =The Complete Story | ano = 1999 | local = London | editora =Blandford |isbn= 0713727470}}</ref> Já em [[1909]] telescópios mais avançados e a melhor oposição [[periélio|periélica]] de Marte desde [[1877]] conclusivamente colocaram fim à teoria do canal.

== Habitabilidade ==
Atributos químicos, físicos, geológicos e geográficos moldam os ambientes em Marte. Medições isoladas desses fatores podem ser insuficientes para considerar um ambiente habitável, mas a soma das medições pode ajudar a prever locais com maior ou menor potencial de habitabilidade<ref name=":0">{{Citar periódico |url=https://ui.adsabs.harvard.edu/abs/2013LPI....44.2185C |titulo=Habitability Assessment at Gale Crater: Implications from Initial Results |data=2013-03-01 |acessodata=2022-10-06 |ultimo=Conrad |primeiro=P. G. |ultimo2=Archer |primeiro2=D. |paginas=2185 |ultimo3=Coll |primeiro3=P. |ultimo4=de la Torre |primeiro4=M. |ultimo5=Edgett |primeiro5=K. |ultimo6=Eigenbrode |primeiro6=J. L. |ultimo7=Fisk |primeiro7=M. |ultimo8=Freissenet |primeiro8=C. |ultimo9=Franz |primeiro9=H.}}</ref>.

As duas abordagens ecológicas atuais para prever a habitabilidade potencial da superfície marciana usam 19 ou 20 fatores ambientais, com ênfase na disponibilidade de água, temperatura, presença de nutrientes, fonte de energia e proteção contra raios ultravioletas solares e [[Raio cósmico|cósmicos]]<ref>{{Citar periódico |url=https://ui.adsabs.harvard.edu/abs/2012P&SS...72...91S |titulo=Biotoxicity of Mars soils: 1. Dry deposition of analog soils on microbial colonies and survival under Martian conditions |data=2012-11-01 |acessodata=2022-10-06 |jornal=Planetary and Space Science |ultimo=Schuerger |primeiro=Andrew C. |ultimo2=Golden |primeiro2=D. C. |paginas=91–101 |doi=10.1016/j.pss.2012.07.026 |issn=0032-0633 |ultimo3=Ming |primeiro3=Doug W.}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://ui.adsabs.harvard.edu/abs/2006AsBio...6..677M |titulo=Findings of the Mars Special Regions Science Analysis Group |data=2006-10-01 |acessodata=2022-10-06 |jornal=Astrobiology |ultimo=MEPAG Special Regions-Science Analysis Group |ultimo2=Beaty |primeiro2=D. |paginas=677–732 |doi=10.1089/ast.2006.6.677 |issn=1531-1074 |ultimo3=Buxbaum |primeiro3=K. |ultimo4=Meyer |primeiro4=M. |ultimo5=Barlow |primeiro5=N. |ultimo6=Boynton |primeiro6=W. |ultimo7=Clark |primeiro7=B. |ultimo8=Deming |primeiro8=J. |ultimo9=Doran |primeiro9=P. T.}}</ref>.

Os cientistas não conhecem o número mínimo de parâmetros para determinação do potencial de habitabilidade, mas têm certeza de que é maior que um ou dois dos fatores da tabela abaixo<ref name=":0" />.  Da mesma forma, para cada grupo de parâmetros, deve ser determinado o limiar de habitabilidade para cada um<ref name=":0" />.  Simulações de laboratório mostram que sempre que vários fatores letais são combinados, as taxas de sobrevivência despencam rapidamente<ref name=":1">{{citar web|ultimo=Choi|primeiro=Q.|url=http://www.astrobio.net/exclusive/3495/mars-contamination-dust-up|titulo=Mars Contamination Dust-Up|data=17 de Maio de 2010|acessodata=06 de Outubro de 2022|website=Astrobiology Magazine|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110820212814/http://www.astrobio.net/exclusive/3495/mars-contamination-dust-up|arquivodata=20 de Agosto de 2011}}</ref>.  Ainda não existem simulações completas de Marte publicadas que incluam todos os fatores biocidas combinados<ref name=":1" />.  Além disso, a possibilidade da vida marciana ter uma bioquímica e requisitos de habitabilidade muito diferentes da biosfera terrestre é uma questão em aberto.
{| class="wikitable"
|+Fatores de habitabilidade
|Água
| - [[Atividade aquosa]] (a <sub>w</sub> )
- Inventários líquidos (gelo) passados/futuros
- [[Salinidade]], [[pH]] e [[potencial de redução]] da água disponível
|-
|Ambiente químico
|'''Nutrientes''':
- C, H, N, O, P, S, metais essenciais, micronutrientes essenciais

- [[Fixação de nitrogênio]]

- Disponibilidade/mineralogia

'''Abundância de toxinas e letalidade:'''

- [[Metal pesado|Metais pesados]] ​​(por exemplo, Zn, Ni, Cu, Cr, As, Cd etc., alguns essenciais, mas tóxicos em níveis elevados)

- Solos oxidantes globalmente distribuídos
|-
|Energia para o metabolismo
| - '''Solar''' (somente na superfície e próximo à superfície)
- '''Geoquímica''' (subsuperfície)

- [[Oxirredução|Oxidantes]]

- [[Redução|Redutores]]

- [[:en:Redox_gradient|Gradientes redox]]
|-
|Condições físicas favoráveis
| - Temperatura
- Flutuações extremas de temperatura diurna
- Baixa pressão (Existe um limiar de baixa pressão para [[Anaerobiose|anaeróbios]] terrestres?)

- Forte [[:en:Ultraviolet_germicidal_irradiation|irradiação germicida ultravioleta]]

- [[Raio cósmico|Radiação cósmica galáctica]] e [[fenômenos solares]] (efeitos acumulados ao longo prazo)

- Oxidantes voláteis induzidos por UV solar, por exemplo, <chem>O_2-</chem>, <chem>O-</chem>, <chem>H_2O_2</chem>, <chem>O_3</chem>

- Clima/variabilidade (geografia, estações do ano, variações diurnas e, eventualmente, obliquidade)

- Substrato (processos do solo, microambientes de rocha, composição de poeira, blindagem)

- Altas concentrações de <chem>CO_2</chem> na atmosfera global

- Transporte ([[Vento|eólico]], fluxo de água subterrânea, água de superfície, glacial)
|}

=== Passado ===
Modelos recentes mostraram que, mesmo com uma atmosfera densa de <chem>CO_2</chem>, Marte era inicialmente mais frio que a Terra<ref>{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0019103510000096 |titulo=A cold and wet Mars |data=2010-07-01 |acessodata=2022-10-06 |jornal=Icarus |número=1 |ultimo=Fairén |primeiro=Alberto G. |paginas=165–175 |lingua=en |doi=10.1016/j.icarus.2010.01.006 |issn=0019-1035}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/nature07978 |titulo=Stability against freezing of aqueous solutions on early Mars |data=2009-05 |acessodata=2022-10-06 |jornal=Nature |número=7245 |ultimo=Fairén |primeiro=Alberto G. |ultimo2=Davila |primeiro2=Alfonso F. |paginas=401–404 |lingua=en |doi=10.1038/nature07978 |issn=1476-4687 |ultimo3=Gago-Duport |primeiro3=Luis |ultimo4=Amils |primeiro4=Ricardo |ultimo5=McKay |primeiro5=Christopher P.}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/ngeo1243 |titulo=Cold glacial oceans would have inhibited phyllosilicate sedimentation on early Mars |data=2011-10 |acessodata=2022-10-06 |jornal=Nature Geoscience |número=10 |ultimo=Fairén |primeiro=Alberto G. |ultimo2=Davila |primeiro2=Alfonso F. |paginas=667–670 |lingua=en |doi=10.1038/ngeo1243 |issn=1752-0908 |ultimo3=Gago-Duport |primeiro3=Luis |ultimo4=Haqq-Misra |primeiro4=Jacob D. |ultimo5=Gil |primeiro5=Carolina |ultimo6=McKay |primeiro6=Christopher P. |ultimo7=Kasting |primeiro7=James F.}}</ref><ref name=":2">{{Citar periódico |url=https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/ast.2013.1000 |titulo=Habitability on Mars from a Microbial Point of View |data=2013-09-01 |acessodata=2022-10-06 |jornal=Astrobiology |número=9 |ultimo=Westall |primeiro=Frances |ultimo2=Loizeau |primeiro2=Damien |paginas=887–897 |doi=10.1089/ast.2013.1000 |issn=1531-1074 |ultimo3=Foucher |primeiro3=Frédéric |ultimo4=Bost |primeiro4=Nicolas |ultimo5=Betrand |primeiro5=Marylène |ultimo6=Vago |primeiro6=Jorge |ultimo7=Kminek |primeiro7=Gerhard}}</ref>. As condições transitoriamente quentes relacionadas a impactos ou vulcanismo podem ter produzido condições que favorecem a formação do sistema geológico [[Noachiano]], embora as condições globais de Noachian fossem provavelmente geladas. O aquecimento local do ambiente por vulcanismo e impactos teria sido esporádico, mas deve ter havido muitos eventos de água fluindo na superfície de Marte<ref name=":2" />. Tanto a evidência mineralógica quanto a morfológica indicam uma degradação da habitabilidade desde meados do sistema geológico [[Hesperiano]]. As causas exatas não são bem compreendidas, mas podem estar relacionadas a uma combinação de acontecimentos, incluindo perda de atmosfera inicial ou erosão de impacto, ou ambos<ref name=":2" />.
[[Ficheiro:PIA19673-Mars-AlgaCrater-ImpactGlassDetected-MRO-20150608.jpg|miniaturadaimagem|Acredita-se que a [[Lista de crateras em Marte|cratera de Alga]] tenha depósitos de [[Impactito|impactitos]] que podem ter preservado bioassinaturas antigas se presentes durante o impacto<ref>{{Citar web|url=https://photojournal.jpl.nasa.gov/catalog/PIA19673|titulo=Catalog Page for PIA19673|acessodata=2022-10-06|website=photojournal.jpl.nasa.gov}}</ref>.]]
A perda do [[campo magnético]] marciano afetou fortemente os ambientes de superfície através da perda atmosférica e aumento da radiação; esta mudança degradou significativamente a habitabilidade da superfície<ref>{{Citar periódico |url=https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/ast.2010.0506 |titulo=Preservation of Martian Organic and Environmental Records: Final Report of the Mars Biosignature Working Group |data=2011-03-01 |acessodata=2022-10-06 |jornal=Astrobiology |número=2 |ultimo=Summons |primeiro=Roger E. |ultimo2=Amend |primeiro2=Jan P. |paginas=157–181 |doi=10.1089/ast.2010.0506 |issn=1531-1074 |ultimo3=Bish |primeiro3=David |ultimo4=Buick |primeiro4=Roger |ultimo5=Cody |primeiro5=George D. |ultimo6=Des Marais |primeiro6=David J. |ultimo7=Dromart |primeiro7=Gilles |ultimo8=Eigenbrode |primeiro8=Jennifer L. |ultimo9=Knoll |primeiro9=Andrew H.}}</ref>. Quando havia um campo magnético, a atmosfera era protegida da erosão pelo [[vento solar]], o que garantia a manutenção de uma atmosfera densa necessária para a existência de água líquida na superfície de Marte<ref>{{Citar periódico |url=https://doi.org/10.1007/978-0-387-74288-5_10 |titulo=Planetary Magnetic Dynamo Effect on Atmospheric Protection of Early Earth and Mars |data=2007 |acessodata=2022-10-06 |publicado=Springer |ultimo=Dehant |primeiro=V. |ultimo2=Lammer |primeiro2=H. |editor-sobrenome=Fishbaugh |editor-nome=Kathryn E. |local=New York, NY |paginas=279–300 |lingua=en |doi=10.1007/978-0-387-74288-5_10 |isbn=978-0-387-74288-5 |ultimo3=Kulikov |primeiro3=Y. N. |ultimo4=Grießmeier |primeiro4=J. -M. |ultimo5=Breuer |primeiro5=D. |ultimo6=Verhoeven |primeiro6=O. |ultimo7=Karatekin |primeiro7=Ö. |ultimo8=Van Hoolst |primeiro8=T. |ultimo9=Korablev |primeiro9=O. |editor-sobrenome2=Lognonné |editor-nome2=Philippe |editor-sobrenome3=Raulin |editor-nome3=François |editor-sobrenome4=Des Marais |editor-nome4=David J. |editor-sobrenome5=Korablev |editor-nome5=Oleg}}</ref>.  A perda de atmosfera foi acompanhada por temperaturas decrescentes. Parte do estoque de água líquida foi sublimada e transportada para os polos, enquanto o restante ficou preso no [[Pergelissolo|permafrost]], uma camada de gelo subterrânea<ref name=":2" />.

Observações na Terra e modelagem numérica mostraram que um impacto de formação de cratera pode resultar na criação de um sistema [[hidrotermal]] de longa duração quando o gelo está presente na crosta. Por exemplo, uma grande cratera de 130 km poderia sustentar um sistema hidrotermal ativo por até 2 milhões de anos, ou seja, tempo suficiente para que a vida microscópica surgisse<ref name=":2" />,  mas é improvável que tenha progredido ainda mais no caminho evolutivo.

Amostras de solo e rocha estudadas em 2013 pelos instrumentos do astromóvel [[Curiosity (astromóvel)|Curiosity]] da NASA trouxeram informações adicionais sobre vários fatores de habitabilidade. A equipe do rover identificou alguns dos principais ingredientes químicos para a vida neste solo, incluindo [[enxofre]], [[Azoto|nitrogênio]], [[Hidrogénio|hidrogênio]], [[Oxigénio|oxigênio]], [[fósforo]] e possivelmente [[carbono]], bem como minerais argilosos, sugerindo um ambiente aquoso de muito tempo atrás – talvez um lago. ou um antigo leito de riacho — que tinha acidez neutra e baixa salinidade.  Em 9 de dezembro de 2013, a NASA informou que, com base em evidências do ''Curiosity'' estudando [[:en:Aeolis_Palus|Aeolis Palus]], a cratera [[Gale (cratera)|Gale]] continha um antigo lago de água doce que poderia ter sido um ambiente hospitaleiro para a [[Micro-organismo|vida microbiana]]<ref>{{Citar periódico |url=https://www.nytimes.com/2013/12/10/science/space/on-mars-an-ancient-lake-and-perhaps-life.html |titulo=Ancient Martian Lake May Have Supported Life |data=2013-12-09 |acessodata=2022-10-06 |jornal=The New York Times |ultimo=Chang |primeiro=Kenneth |lingua=en-US |issn=0362-4331}}</ref>. A confirmação de que a água líquida já fluiu em Marte, a existência de nutrientes e a descoberta anterior de um [[campo magnético]] passado que protegia o planeta da radiação cósmica e solar<ref>{{Citar web|url=https://www.nasa.gov/centers/goddard/news/topstory/2005/mgs_plates.html|titulo=NASA - New Map Provides More Evidence Mars Once Like Earth|acessodata=2022-10-06|website=www.nasa.gov|lingua=en}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://sci.esa.int/web/mars-express/-/31028-martian-interior?fbodylongid=645|titulo=ESA Science & Technology - Martian Interior|acessodata=2022-10-06|website=sci.esa.int}}</ref>,  juntos sugerem fortemente que Marte poderia ter tido os fatores ambientais para sustentar a vida.  A avaliação da habitabilidade passada não é em si evidência de que a vida marciana realmente existiu. Se o fez, provavelmente foi microbiano, existindo comunitariamente em fluidos ou em sedimentos, de vida livre ou como biofilmes , respectivamente.  A exploração de análogos terrestres fornece pistas sobre como e onde procurar sinais de vida em Marte<ref>{{Citar periódico |url=https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/ast.2009.0440 |titulo=Astrobiology through the Ages of Mars: The Study of Terrestrial Analogues to Understand the Habitability of Mars |data=2010-10-01 |acessodata=2022-10-06 |jornal=Astrobiology |número=8 |ultimo=Fairén |primeiro=Alberto G. |ultimo2=Davila |primeiro2=Alfonso F. |paginas=821–843 |doi=10.1089/ast.2009.0440 |issn=1531-1074 |ultimo3=Lim |primeiro3=Darlene |ultimo4=Bramall |primeiro4=Nathan |ultimo5=Bonaccorsi |primeiro5=Rosalba |ultimo6=Zavaleta |primeiro6=Jhony |ultimo7=Uceda |primeiro7=Esther R. |ultimo8=Stoker |primeiro8=Carol |ultimo9=Wierzchos |primeiro9=Jacek}}</ref>.

=== Presente ===
É concebível que, se a vida existe (ou existiu) em Marte, evidências de vida podem ser encontradas, ou melhor preservadas, no subsolo, longe das condições atuais da superfície<ref name=":3">{{Citar web|url=https://web.archive.org/web/20161222190306/https://nai.nasa.gov/media/medialibrary/2015/10/NASA_Astrobiology_Strategy_2015_151008.pdf|titulo=Wayback Machine|data=2016-12-22|acessodata=2022-10-06|website=web.archive.org}}</ref>.  A vida atual em Marte, ou suas bioassinaturas, pode ocorrer quilômetros abaixo da superfície, ou em pontos geotérmicos subsuperficiais, ou pode ocorrer alguns metros abaixo da superfície. A camada de [[Pergelissolo|permafrost]] em Marte está apenas alguns centímetros abaixo da superfície, e [[Salmoura|salmouras]] salgadas podem ser líquidas alguns centímetros abaixo disso, mas não muito abaixo. A água está próxima de seu ponto de ebulição mesmo nos pontos mais profundos da bacia de Hellas e, portanto, não pode permanecer líquida por muito tempo na superfície de Marte em seu estado atual, exceto após uma liberação repentina de água subterrânea<ref>{{Citar web|ultimo=Cowing|primeiro=Keith|url=https://spaceref.com/science-and-exploration/regional-not-global-processes-led-to-huge-martian-floods/|titulo=Regional, Not Global, Processes Led to Huge Martian Floods|data=2015-09-11|acessodata=2022-10-06|website=SpaceRef|lingua=en-US}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/35084184 |titulo=Mars' volatile and climate history |data=2001-07 |acessodata=2022-10-06 |jornal=Nature |número=6843 |ultimo=Jakosky |primeiro=Bruce M. |ultimo2=Phillips |primeiro2=Roger J. |paginas=237–244 |lingua=en |doi=10.1038/35084184 |issn=1476-4687}}</ref>.

Até agora, a NASA seguiu uma estratégia de "siga a água" em Marte e não procurou bioassinaturas para a vida lá diretamente desde as missões Viking''.'' O consenso dos astrobiólogos é que pode ser necessário acessar a subsuperfície marciana para encontrar ambientes atualmente habitáveis<ref name=":3" />.


== Mariner 4 ==
== Mariner 4 ==
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== Experimentos da Viking ==
== Experimentos da Viking ==
[[Ficheiro:Viking2lander1.jpg|thumb|190px|Imagem de Marte pela Viking 2.]]
[[Ficheiro:Viking2lander1.jpg|thumb|190px|Imagem de Marte pela Viking 2.]]
A missão inicial das sondas [[programa Viking|Viking]] da [[década de 1970]] era levar [[Experiência científica|experimentos]] feitos para detectar [[microorganismo]]s em solo marciano. A grande dificuldade dessas missões era que o conhecimento da [[NASA]] sobre as condições da superfície de Marte era limitado somente ao acervo fornecido pela Mariner 4, portanto os testes das Viking's eram formulados para busca de vida similares às encontradas na [[Terra]]. Todavia, dos quatro experimentos levados a cabo, os experimentos classificados trouxeram resultados enigmáticos mostrando aumento da produção de [[CO2|CO<sub>2</sub>]] na primeira exposição à água e [[nutriente]]s. Contudo esse sinal de vida foi contestado por muitos cientistas, ao afirmarem que [[elementos químicos]] superoxidantes no solo teriam produzido esse efeito sem presença de vida. Em oposição, também foi afirmado que as experiências averiguadas detectaram que eram tão poucos organismos metabolizantes no solo marciano que seria impossível detectá-los. Esta visão é proposta por um dos criadores dos experimentos, [[Gilbert Levin]], que acredita que os resultados das sondas Vikinkgs são diagnósticos que provam a existência de vida em Marte.<ref name="Paul Chambers"/>
A missão inicial das sondas [[programa Viking|Viking]] da [[década de 1970]] era levar [[Experiência científica|experimentos]] feitos para detectar [[microorganismo]]s em solo marciano. A grande dificuldade dessas missões era que o conhecimento da [[NASA]] sobre as condições da superfície de Marte, era limitado somente ao acervo fornecido pela Mariner 4, portanto os testes das Viking's eram formulados para busca de vida similares às encontradas na [[Terra]]. Todavia, dos quatro experimentos levados a cabo, os experimentos classificados trouxeram resultados enigmáticos mostrando aumento da produção de [[CO2|CO<sub>2</sub>]] na primeira exposição à água e [[nutriente]]s. Contudo esse sinal de vida foi contestado por muitos cientistas, ao afirmarem que [[elementos químicos]] superoxidantes no solo teriam produzido esse efeito sem presença de vida. Em oposição, também foi afirmado que as experiências averiguadas detectaram que eram tão poucos organismos metabolizantes no solo marciano que seria impossível detectá-los. Esta visão é proposta por um dos criadores dos experimentos, [[Gilbert Levin]], que acredita que os resultados das sondas Vikinkgs são diagnósticos que provam a existência de vida em Marte.<ref name="Paul Chambers"/>


Uma reanálise dos dados das missões Viking feita 30 anos após o Programa foram feitas à luz do conhecimento de [[extremófilos]], seres adaptados à situações extremas de vida, sugerem que os testes da Viking não eram sofisticados o suficiente para detectar tais formas de vida, e talvez até as tenha matado durante o procedimento.<ref>{{citar web | titulo=Sondas Viking teriam descoberto - e destruído - organismos vivos em Marte há 30 anos | publicado= UOL Últimas Notícias |data= 2007-01-09 | url= http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/01/09/ult1806u5239.jhtm | acessodata=21 de Dezembro de 2007}}</ref><ref>{{citar web | titulo=New Analysis of Viking Mission Results Indicates Presence of Life on Mars | publicado= Physorg.com | url= http://www.physorg.com/news87401064.html | acessodata= 21 de Dezembro de 2007 |língua=en}}</ref> A ideia central é que ao contrário de ser destruído pelos altos níveis de [[Peróxido de hidrogênio]] e outros [[oxidante]]s, as formas de vida em Marte poderiam usar esses elementos químicos para ajudá-los a sobreviver. Por exemplo, o peróxido de hidrogênio impediria a água dentro de uma [[célula]] de congelar a -50 [[°C]] e é [[higroscópica]] (capaz de absorver água), um artifício útil num planeta árido. Os pesquisadores citam o [[Acetobacter peroxidans]] como um exemplo conhecido de [[micróbio]] que usa peróxido de hidrogênio em seu [[metabolismo]].<ref name="Pluriversia">{{citar web|url=http://pluriversia.es/modules.php?name=News&file=print&sid=134|titulo=¿Matamos la vida que buscamos?|data=2007-01-10|acessodata=9 de Fevereiro de 2008 (Também disponível em [http://www.astrobio.net/news/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=2203&mode=thread&order=0&thold=0 Killing the Life We Seek] [em inglês])|língua=es|publicado=Pluriversia|7=|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080604011552/http://pluriversia.es/modules.php?name=News&file=print&sid=134|arquivodata=2008-06-04|urlmorta=yes}}</ref>
Uma reanálise dos dados das missões Viking feita 30 anos após o Programa foram feitas à luz do conhecimento de [[extremófilos]], seres adaptados à situações extremas de vida, sugerem que os testes da Viking não eram sofisticados o suficiente para detectar tais formas de vida, e talvez até as tenha matado durante o procedimento.<ref>{{citar web | titulo=Sondas Viking teriam descoberto - e destruído - organismos vivos em Marte há 30 anos | publicado= UOL Últimas Notícias |data= 2007-01-09 | url= http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/01/09/ult1806u5239.jhtm | acessodata=21 de Dezembro de 2007}}</ref><ref>{{citar web | titulo=New Analysis of Viking Mission Results Indicates Presence of Life on Mars | publicado= Physorg.com | url= http://www.physorg.com/news87401064.html | acessodata= 21 de Dezembro de 2007 |língua=en}}</ref> A ideia central é que ao contrário de ser destruído pelos altos níveis de [[Peróxido de hidrogênio]] e outros [[oxidante]]s, as formas de vida em Marte poderiam usar esses elementos químicos para ajudá-los a sobreviver. Por exemplo, o peróxido de hidrogênio impediria a água dentro de uma [[célula]] de congelar a -50 [[°C]] e é [[higroscópica]] (capaz de absorver água), um artifício útil num planeta árido. Os pesquisadores citam o [[Acetobacter peroxidans]] como um exemplo conhecido de [[micróbio]] que usa peróxido de hidrogênio em seu [[metabolismo]].<ref name="Pluriversia">{{citar web|url=http://pluriversia.es/modules.php?name=News&file=print&sid=134|titulo=¿Matamos la vida que buscamos?|data=2007-01-10|acessodata=9 de Fevereiro de 2008 |língua=es|publicado=Pluriversia|7=|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080604011552/http://pluriversia.es/modules.php?name=News&file=print&sid=134|arquivodata=2008-06-04|urlmorta=yes}} (Também disponível em [http://www.astrobio.net/news/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=2203&mode=thread&order=0&thold=0 Killing the Life We Seek] [em inglês])</ref>


Há ainda, alguns cientistas que afirmam que: se havia vida nos locais de pouso da Viking, talvez tenham sido mortos durante a exaustão dos [[foguete]]s durante o pouso.<ref name="viking killers">{{citar web| titulo="Did probes find Martian life ... or kill it off?" | url= http://www.msnbc.msn.com/id/16516952/ | autor= Seth Borenstein | publicado= Associated Press via MSNBC |data=2007-01-08| acessodata= 21 de Dezembro de 2007 |língua=en}}</ref>
Há ainda, alguns cientistas que afirmam que: se havia vida nos locais de pouso da Viking, talvez tenham sido mortos durante a exaustão dos [[foguete]]s durante o pouso.<ref name="viking killers">{{citar web| titulo="Did probes find Martian life ... or kill it off?" | url= http://www.msnbc.msn.com/id/16516952/ | autor= Seth Borenstein | publicado= Associated Press via MSNBC |data=2007-01-08| acessodata= 21 de Dezembro de 2007 |língua=en}}</ref>
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Observações feitas no final dos [[década de 1990|anos 90]] pela [[Mars Global Surveyor]] confirmaram a suspeita de que Marte, ao contrário da Terra, não possui mais um [[campo magnético]] substancial, aumentando potencialmente ameaça à vida pela [[raio cósmico|radiação cósmica]] que pode alcançar a superfície do planeta. Cientistas também especulam a possibilidade de que a falta de proteção devido ao diminuto campo magnético ajudou o [[vento solar]] dissipar grande parte da [[atmosfera de Marte]] no curso de bilhões de anos.{{carece de fontes|data=junho de 2018}}
Observações feitas no final dos [[década de 1990|anos 90]] pela [[Mars Global Surveyor]] confirmaram a suspeita de que Marte, ao contrário da Terra, não possui mais um [[campo magnético]] substancial, aumentando potencialmente ameaça à vida pela [[raio cósmico|radiação cósmica]] que pode alcançar a superfície do planeta. Cientistas também especulam a possibilidade de que a falta de proteção devido ao diminuto campo magnético ajudou o [[vento solar]] dissipar grande parte da [[atmosfera de Marte]] no curso de bilhões de anos.{{carece de fontes|data=junho de 2018}}


Em junho de 2018, a [[NASA]] informou que o [[astromóvel]] ''[[Rover Curiosity|Curiosity]]'' havia encontrado evidências de [[compostos orgânicos]] complexos de rochas com idade de aproximadamente 3,5 bilhões de anos, cujas amostras vieram de dois locais distintos em um lago seco na [[Gale (cratera)|cratera Gale]]. As amostras de rochas, quando pirolisadas pelo instrumento da ''Curiosity'', liberaram uma série de [[molécula]]s orgânicas; estes incluem [[tiofeno]]s contendo [[enxofre]], compostos aromáticos tais como [[benzeno]] e [[tolueno]], além de compostos [[alifático]]s tais como [[propano]] e [[buteno]]. Os níveis de compostos orgânicos são 100 vezes maiores que as descobertas anteriores. Os autores especulam que a presença de enxofre pode ter ajudado a preservar os compostos orgânicos.
Em junho de 2018, a [[NASA]] informou que o [[astromóvel]] ''[[Rover Curiosity|Curiosity]]'' havia encontrado evidências de [[compostos orgânicos]] complexos de rochas com idade de aproximadamente 3,5 bilhões de anos, cujas amostras vieram de dois locais distintos em um lago seco na [[Gale (cratera)|cratera Gale]]. As amostras de rochas, quando pirolisadas pelo instrumento da ''Curiosity'', liberaram uma série de [[molécula]]s orgânicas; estes incluem [[tiofeno]]s contendo [[enxofre]], compostos aromáticos tais como [[benzeno]] e [[tolueno]], além de compostos [[alifático]]s tais como [[propano]] e [[buteno]]. Os níveis de compostos orgânicos são 100 vezes maiores que as descobertas anteriores. Os autores especulam que a presença de enxofre pode ter ajudado a preservar os compostos orgânicos.


Os produtos de decomposição se assemelham aos gerados pelo [[querogênio]], um precursor do [[petróleo]] e do [[gás natural]] na [[Terra]], bem como normalmente ocorrem em [[Carvão mineral|carvão]], [[Estromatólito|estromatólitos]] e [[Microfóssil|microfósseis]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Heinz|primeiro=Jacob|ultimo2=Schulze-Makuch|primeiro2=Dirk|data=2020-02-24|titulo=Thiophenes on Mars: Biotic or Abiotic Origin?|url=https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/ast.2019.2139|jornal=Astrobiology|doi=10.1089/ast.2019.2139|issn=1531-1074}}</ref> A NASA afirmou que essas descobertas não são evidências de que a vida existiu no planeta, mas que os compostos orgânicos necessários para sustentar a [[Micróbios|vida microscópica]] estavam presentes. Devido à forma como a atmosfera marciana pode preservar esses compostos, pode haver fontes mais profundas de compostos orgânicos no planeta.<ref>{{citar web| url = https://www.theguardian.com/science/2018/jun/07/nasa-mars-rover-finds-organic-matter-in-ancient-lake-bed |título= Nasa Mars rover finds organic matter in ancient lake bed |primeiro = Ian |último =Sample |data= 7 de junho de 2018 |acessodata= 7 de junho de 2018 |obra= [[The Guardian]] }}</ref> Foi encontrado um grupo de compostos orgânicos, [[Tiofeno|tiofenos]], sugerindo que um processo biológico, provavelmente envolvendo [[bactérias]] em vez de [[trufa]], pode ter desempenhado um papel na existência do composto orgânico no solo marciano.<ref>{{Citar web|titulo=Organic molecules discovered on Mars might be consistent with early life on Mars|url=https://www.techexplorist.com/organic-molecules-discovered-mars-consistent-early-life-mars/30602/|obra=Tech Explorist|data=2020-03-05|acessodata=2020-03-05|lingua=en-US}}</ref>
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== Ver também ==
== Ver também ==
* [[Colonização de Marte]]
* [[Habitabilidade planetária]]
* [[Terraformação]]
* [[Terraformação]]
* [[Terraformação de Marte]]
* [[Terraformação de Marte]]
* [[Colonização de Marte]]
* [[Habitabilidade planetária]]


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Edição atual tal como às 11h16min de 6 de agosto de 2024

Vida em Marte

ALH 84001: meteorito de Marte
que, supostamente, traria sinais
de vida microbiana fossilizada.[1]

Tipo
Retenção
Localização

Cientistas há muito tempo especulam sobre a possibilidade de vida em Marte, devido à proximidade e algumas similaridades do planeta, com a Terra. A questão permanece em aberto: se existe vida em Marte atualmente, ou se existiu no passado.

Nas pesquisas feitas pelas sondas enviadas a Marte após o ano 2000, parece dar tênue luz à objeção, já que não foram encontrados vestígios de vida atual no planeta. Entretanto, a possibilidade de ter existido condições para a vida se torna mais aceitável, pois há evidências da presença de água na sua superfície num passado longínquo de dois bilhões de anos, e de existência atual de água nos seus polos; além de suspeitas de que exista também água sob a superfície do planeta. Novo impulso surge em 4 de agosto de 2011, com a divulgação da NASA através da Science, da descoberta de fluxos de água em encostas quentes marcianas que não apenas pelo seu alto teor salino resistiria à congelação, como justificaria ainda a vida de extremófilos.[2]

Especulações iniciais

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Mapa histórico do planeta Marte, do astrônomo italiano Giovanni Schiaparelli.

As calotas polares de Marte foram observadas ainda na metade do século XVII. Pelas observações de William Herschel ao final do século XVIII, ficou provado que cresciam e encolhiam alternadamente, no verão e inverno de cada hemisfério. Na metade do século XIX, os astrônomos já concebiam algumas similaridades de Marte com a Terra, por exemplo, a duração do dia era bem próxima à da Terra. Também já tinham consciência de que a inclinação axial também era similar à da Terra; o que significava que Marte tinha estações da mesma forma que a Terra - entretanto com quase o dobro de duração, devido ao seu ano bem mais extenso. Tais observações levaram ao aumento de especulações de que as discrepâncias de albedo poderiam indicar que onde o albedo era mais escuro, seria a área de existência de água, nos mais claros terra. Portanto era natural supor que Marte teria condições de abrigar alguma forma de vida.

Canais marcianos segundo Percival Lowell.

Em 1854, William Whewell, um membro da universidade de Trinity College, Cambridge, quem popularizou a palavra cientista,[3] teorizou que Marte tinha mares, terras e possíveis formas de vida. Especulações sobre vida em Marte eclodiram ao final do século XIX, devido às observações telescópicas feitas por alguns observadores que aparentemente notavam a existência de canais — que logo descobriu-se tratar de ilusões de óptica. Apesar disso, em 1895 o astrônomo estadunidense Percival Lowell publicou seu livro "Marte", seguido por "Marte e seus canais" em 1906,[4] propondo que os canais eram obra de alguma civilização avançada extinta havia muito tempo. Essa ideia levou o escritor Britânico H. G. Wells a escrever "A guerra dos mundos" em 1897, narrando uma invasão de aliens de Marte à Inglaterra.

Análises espectroscópicas da atmosfera de Marte iniciaram-se em meados de 1894, quando o astrônomo estadunidense William Wallace Campbell demonstrou que não havia presença nem de água, nem de oxigênio na atmosfera marciana.[5] Já em 1909 telescópios mais avançados e a melhor oposição periélica de Marte desde 1877 conclusivamente colocaram fim à teoria do canal.

Foto de Marte pela Mariner 4.

As fotografias de Marte tiradas pela sonda Mariner 4 em 1965, mostraram um planeta árido, sem rios ou oceanos ou qualquer sinal de vida. Mais tarde revelou também que a superfície (ao menos as partes fotografadas) era coberta por crateras, indicando a inexistência de placas tectônicas ou de qualquer forma de ciclos climáticos nos últimos 4 bilhões de anos. A espaçonave também descobriu que Marte não possui campo magnético que protegeria o planeta de potenciais raios cósmicos que podem ameaçar a existência de vida. A Mariner também foi capaz de calcular que a pressão atmosférica do planeta era entre 4 e 7 milibars, o que significa que água líquida não poderia existir na superfície do planeta,[5] quando levado em conta as temperaturas vigentes no astro vermelho.[6] Após a Mariner 4, a procura por vida em Marte mudou para uma busca por formas de vida microscópicas ao invés de organismos multicelulares, devido ao ambiente ser muito hostil para estes.

Experimentos da Viking

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Imagem de Marte pela Viking 2.

A missão inicial das sondas Viking da década de 1970 era levar experimentos feitos para detectar microorganismos em solo marciano. A grande dificuldade dessas missões era que o conhecimento da NASA sobre as condições da superfície de Marte, era limitado somente ao acervo fornecido pela Mariner 4, portanto os testes das Viking's eram formulados para busca de vida similares às encontradas na Terra. Todavia, dos quatro experimentos levados a cabo, os experimentos classificados trouxeram resultados enigmáticos mostrando aumento da produção de CO2 na primeira exposição à água e nutrientes. Contudo esse sinal de vida foi contestado por muitos cientistas, ao afirmarem que elementos químicos superoxidantes no solo teriam produzido esse efeito sem presença de vida. Em oposição, também foi afirmado que as experiências averiguadas detectaram que eram tão poucos organismos metabolizantes no solo marciano que seria impossível detectá-los. Esta visão é proposta por um dos criadores dos experimentos, Gilbert Levin, que acredita que os resultados das sondas Vikinkgs são diagnósticos que provam a existência de vida em Marte.[5]

Uma reanálise dos dados das missões Viking feita 30 anos após o Programa foram feitas à luz do conhecimento de extremófilos, seres adaptados à situações extremas de vida, sugerem que os testes da Viking não eram sofisticados o suficiente para detectar tais formas de vida, e talvez até as tenha matado durante o procedimento.[7][8] A ideia central é que ao contrário de ser destruído pelos altos níveis de Peróxido de hidrogênio e outros oxidantes, as formas de vida em Marte poderiam usar esses elementos químicos para ajudá-los a sobreviver. Por exemplo, o peróxido de hidrogênio impediria a água dentro de uma célula de congelar a -50 °C e é higroscópica (capaz de absorver água), um artifício útil num planeta árido. Os pesquisadores citam o Acetobacter peroxidans como um exemplo conhecido de micróbio que usa peróxido de hidrogênio em seu metabolismo.[9]

Há ainda, alguns cientistas que afirmam que: se havia vida nos locais de pouso da Viking, talvez tenham sido mortos durante a exaustão dos foguetes durante o pouso.[10]

Pesquisas recentes

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Uma série de concepções artísticas sobre o passado hipotético de água cobrindo Marte.

Observações feitas no final dos anos 90 pela Mars Global Surveyor confirmaram a suspeita de que Marte, ao contrário da Terra, não possui mais um campo magnético substancial, aumentando potencialmente ameaça à vida pela radiação cósmica que pode alcançar a superfície do planeta. Cientistas também especulam a possibilidade de que a falta de proteção devido ao diminuto campo magnético ajudou o vento solar dissipar grande parte da atmosfera de Marte no curso de bilhões de anos.[carece de fontes?]

Em junho de 2018, a NASA informou que o astromóvel Curiosity havia encontrado evidências de compostos orgânicos complexos de rochas com idade de aproximadamente 3,5 bilhões de anos, cujas amostras vieram de dois locais distintos em um lago seco na cratera Gale. As amostras de rochas, quando pirolisadas pelo instrumento da Curiosity, liberaram uma série de moléculas orgânicas; estes incluem tiofenos contendo enxofre, compostos aromáticos tais como benzeno e tolueno, além de compostos alifáticos tais como propano e buteno. Os níveis de compostos orgânicos são 100 vezes maiores que as descobertas anteriores. Os autores especulam que a presença de enxofre pode ter ajudado a preservar os compostos orgânicos.

Os produtos de decomposição se assemelham aos gerados pelo querogênio, um precursor do petróleo e do gás natural na Terra, bem como normalmente ocorrem em carvão, estromatólitos e microfósseis.[11] A NASA afirmou que essas descobertas não são evidências de que a vida existiu no planeta, mas que os compostos orgânicos necessários para sustentar a vida microscópica estavam presentes. Devido à forma como a atmosfera marciana pode preservar esses compostos, pode haver fontes mais profundas de compostos orgânicos no planeta.[12] Foi encontrado um grupo de compostos orgânicos, tiofenos, sugerindo que um processo biológico, provavelmente envolvendo bactérias em vez de trufa, pode ter desempenhado um papel na existência do composto orgânico no solo marciano.[13]

Referências

  1. Nogueira, Salvador (15 de maio de 2002). «Estudo refuta evidência de vida marciana». Folha de S.Paulo. Consultado em 19 de julho de 2020 
  2. Will Dunham (13 de junho de 2007). «Novas evidências renovam suspeita de que Marte já teve oceano». UOL Ciência e Saúde (REUTERS). Consultado em 9 de Fevereiro de 2008 
  3. Ana Simões. «O historiador das ciências». (4° Parágrafo) — Departamento de Física da FCUL. Consultado em 21 de Dezembro de 2007. Arquivado do original em 27 de dezembro de 2007 
  4. Ana Luiza Barbosa de Oliveira. «Os canais de Marte». Projeto Ockham. Consultado em 21 de Dezembro de 2007 
  5. a b c Paul Chambers (1999). Life on Mars. The Complete Story. London: Blandford. ISBN 0713727470 
  6. «Os planetas do sistema solar: Marte - Terá havido água líquida em Marte?». Prisma - À Luz da Física. Consultado em 21 de Dezembro de 2007 
  7. «Sondas Viking teriam descoberto - e destruído - organismos vivos em Marte há 30 anos». UOL Últimas Notícias. 9 de janeiro de 2007. Consultado em 21 de Dezembro de 2007 
  8. «New Analysis of Viking Mission Results Indicates Presence of Life on Mars» (em inglês). Physorg.com. Consultado em 21 de Dezembro de 2007 
  9. «¿Matamos la vida que buscamos?» (em espanhol). Pluriversia. 10 de janeiro de 2007. Consultado em 9 de Fevereiro de 2008. Arquivado do original em 4 de junho de 2008  (Também disponível em Killing the Life We Seek [em inglês])
  10. Seth Borenstein (8 de janeiro de 2007). «"Did probes find Martian life ... or kill it off?"» (em inglês). Associated Press via MSNBC. Consultado em 21 de Dezembro de 2007 
  11. Heinz, Jacob; Schulze-Makuch, Dirk (24 de fevereiro de 2020). «Thiophenes on Mars: Biotic or Abiotic Origin?». Astrobiology. ISSN 1531-1074. doi:10.1089/ast.2019.2139 
  12. Sample, Ian (7 de junho de 2018). «Nasa Mars rover finds organic matter in ancient lake bed». The Guardian. Consultado em 7 de junho de 2018 
  13. «Organic molecules discovered on Mars might be consistent with early life on Mars». Tech Explorist (em inglês). 5 de março de 2020. Consultado em 5 de março de 2020 

Ligações externas

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