Mostrar código-fonte de Henry Kissinger

{{mais fontes|data=Agosto de 2014}}
{{Info/Político
|nome = Henry Kissinger
|nome_comp = Heinz Alfred Kissinger<br />Henry Alfred Kissinger
|nobel = sim
|imagem = Henry A. Kissinger, U.S. Secretary of State, 1973-1977.jpg
|imagem-tamanho = 240px
|legenda = Henry Kissinger {{c.}} 1973
|título = {{nowrap|[[Lista de Secretários de Estado dos Estados Unidos|56.º]] [[Secretário de Estado dos Estados Unidos]]}}
|mandato = {{dtlink|22|9|1973}}<br />a {{dtlink|20|1|1977}}
|vice_título = Presidentes
|vice = [[Richard Nixon]] {{small|(1973–1974)}}<br />[[Gerald Ford]] {{small|(1974–1977)}}
|antecessor = [[William P. Rogers]]
|sucessor = [[Cyrus Vance]]
|título2 = 8.º Conselheiro Nacional de Segurança
|mandato2 = {{dtlink|20|1|1969}}<br />a {{dtlink|3|11|1975}}
|vice_título2 = Presidentes
|vice2 = [[Richard Nixon]] {{small|(1969–1974)}}<br />[[Gerald Ford]] {{small|(1974–1975)}}
|antes2 = Walt Whitman Rostow
|depois2 = Brent Scowcroft
|nascimento_data = {{Dni|27|5|1923|si}}
|data_morte = {{Nowrap|{{Morte|29|11|2023|27|5|1923}}}}
|nascimento_local = [[Fürth]], [[Baviera]], [[República de Weimar|Alemanha]]
|local_morte = Kent, [[Connecticut]], [[Estados Unidos]]
|nome_mãe = Paula Stern
|nome_pai = Louis Kissinger
|alma_mater = [[Universidade Harvard]]
|premio = [[Nobel da Paz]] {{small|(1973)}}
|cônjuge-tipo = Esposas
|cônjuge = Ann Fleischer {{small|(1949–1964)}}<br />Nancy Maginnes {{small|(1974–2023)}}
|filhos = 2
|partido = [[Partido Republicano (Estados Unidos)|Republicano]]
|religião = [[Judaísmo]]
|assinatura = Henry Kissinger Signature 2.svg
|lealdade = {{USA}}
|ramo = [[Exército dos Estados Unidos]]
|graduação = [[Sargento]]
|anos_de_serviço = 1943–1946
|unidade = 970º Corpo de Contra-Inteligência
}}
'''Henry Alfred Kissinger''' ({{IPAc-en|ˈ|k|ɪ|s|ᵻ|n|dʒ|ər}};<ref>{{citar enciclopédia|url=http://www.merriam-webster.com/dictionary/Kissinger |título=Kissinger – Definition from the Merriam-Webster Online Dictionary |dicionário=Merriam-Webster |acessodata=23 de outubro de 2009}}</ref> {{IPA-de|ˈkɪsɪŋɐ|lang}}; nascido '''Heinz Alfred Kissinger''', [[Fürth]], {{DataExt|27|5|1923}} – Kent, {{DataExt|29|11|2023}}<ref name="morte">{{Cite web |date=2023-11-30 |title=Dr. Henry Kissinger Dies at Age 100 |url=https://finance.yahoo.com/news/dr-henry-kissinger-dies-age-013400740.html |access-date=2023-11-29 |website=Yahoo Finance |language=en-US}}</ref>) foi um político, diplomata e especialista em geopolítica [[Estados Unidos|americano]] que serviu como [[Secretário de Estado dos Estados Unidos|Secretário de Estado]] e [[Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos]] nos governos dos presidentes [[Richard Nixon]] e [[Gerald Ford]].<ref>{{citar web|url=https://www.nobelprize.org/prizes/peace/1973/kissinger/biographical/|título=The Nobel Peace Prize 1973|website=NobelPrize.org|acessodata=4 de fevereiro de 2019}}</ref> Um refugiado de uma família [[Judeus|judia]] que fugiu da [[Alemanha Nazista]] em 1938, Kissinger se destacou academicamente, recebendo um diploma de [[Bachelor of Arts|bacharelado]], ''[[Cum laude|summa cum laude]]'', da [[Universidade Harvard]] em 1950, estudando sob [[William Yandell Elliott]]. Recebeu um MA e um PhD de Harvard em 1951 e 1954, respectivamente. Por suas ações negociando um cessar-fogo em [[Vietnã]], Kissinger recebeu o prêmio [[Nobel da Paz]] em 1973 sob circunstâncias controversas.<ref name="BIO">[http://www.britannica.com/EBchecked/topic/319464/Henry-A-Kissinger Encyclopædia Britannica Online, Inc. - "Henry A. Kissinger"]. Página acessada em 7 de fevereiro de 2023.</ref>

Um praticante de ''[[Realpolitik]]'',<ref name="Realpolitik">{{citar jornal|url=https://kurdistantribune.com/henry-kissinger-realpolitik-genocide/ |título=Henry Kissinger: Realpolitik and Kurdish Genocide|obra=The Kurdistan Tribune |data=24 de março de 2013 |acessodata=1 de março de 2019}}</ref> Kissinger desempenhou um papel proeminente na política externa dos Estados Unidos entre 1969 e 1977, sendo pioneiro na política de [[détente]] com a [[União Soviética]], orquestrando uma abertura de [[Relações entre China e Estados Unidos|relações]] com a [[China|República Popular da China]], engajando no que ficou conhecido como "''shuttle diplomacy''" ("diplomacia de transporte") no Oriente Médio após a [[Guerra do Yom Kippur]] e a negociação dos [[Acordos de Paz de Paris]], que encerrou o envolvimento americano na [[Guerra do Vietnã]]. Kissinger também se viu associado a políticas controversas como o envolvimento dos Estados Unidos no [[Golpe de Estado no Chile em 1973]], deu sinal verde para a [[Processo de Reorganização Nacional|Junta Militar Argentina]] em sua [[Guerra Suja na Argentina|Guerra Suja]] e garantiu apoio americano ao Paquistão durante a [[Guerra de Independência de Bangladesh]] apesar do [[Genocídio em Bangladesh em 1971|genocídio]] perpetrado pelos paquistaneses.<ref>{{citar jornal|url=https://www.economist.com/news/books-and-arts/21586514-new-history-sheds-fresh-light-shameful-moment-american-foreign-policy-blood |título=Blood Meridian |último =Bass |primeiro =Gary |data=21 de setembro de 2013 |jornal=[[The Economist]] |acessodata=13 de fevereiro de 2016}}</ref> Depois de deixar o governo, formou a ''Kissinger Associates'', uma firma de consultaria [[geopolítica]]. Kissinger escreveu pelo menos uma dúzia de livros sobre história diplomática e [[relações internacionais]].

Henry Kissinger continuou sendo uma figura controversa e polarizadora na [[Política dos Estados Unidos|política americana]], venerado por alguns como um Secretário de Estado altamente eficaz<ref name="foreignpolicy">{{citar jornal|url=https://foreignpolicy.com/2015/02/03/top-twenty-five-schools-international-relations/ |título=The Best International Relations Schools in the World |obra=[[Foreign Policy]] |data=3 de fevereiro de 2015 |acessodata=8 de agosto de 2015}}</ref> e condenado por outros por supostamente tolerar ou apoiar [[crimes de guerra]] cometidos por nações aliadas durante seu mandato.<ref name="Realpolitik" /><ref name="Times of Israel">{{citar web|título=Protesters Heckle Kissinger, Denounce Him for 'War Crimes' |url=http://www.timesofisrael.com/protesters-heckle-kissinger-denounce-him-for-war-crimes/ |data=30 de janeiro de 2015 |website=[[The Times of Israel]] |acessodata=14 de dezembro de 2015}}</ref><ref>{{citar jornal|url=https://www.theguardian.com/commentisfree/2016/feb/13/hillary-clinton-henry-kissinger-harms-her-campaign |título=Does Hillary Clinton see that invoking Henry Kissinger harms her campaign? |último =Nevius |primeiro =James |jornal=The Guardian |data=13 de fevereiro de 2016 |acessodata=23 de outubro de 2016}}</ref> Uma pesquisa feita em 2015 por estudiosos de relações internacionais, conduzida pelo [[Faculdade de William e Mary|College of William & Mary]], classificou Kissinger como o secretário de Estado dos Estados Unidos mais eficaz nos cinquenta anos anteriores até 2015.<ref name="foreignpolicy" /> Com a morte do centenário [[George Shultz]] em fevereiro de 2021, foi, até sua morte, o ex-membro do [[gabinete dos Estados Unidos]] mais velho vivo e o último membro sobrevivente do [[Presidência de Richard Nixon|Gabinete de Nixon]].<ref name="Nicky Robertson and Devan Cole">{{citar web|primeiro1 =Nicky|último1 =Robertson|primeiro2 =Devan|último2 =Cole|título=Former Secretary of State George Shultz dead at age 100|url=https://www.cnn.com/2021/02/07/politics/george-shultz-former-secretary-of-state-dead/index.html|acessodata=21 de fevereiro de 2021|website=CNN|data=7 de fevereiro de 2021}}</ref>

== Carreira ==
Em 1938, devido às perseguições [[Antissemitismo|antissemitas]] na [[Nazismo|Alemanha nazista]], seus pais emigram com ele para os EUA. Cinco anos depois, ele obtém sua cidadania americana em 19 de junho de 1943.<ref name="BIO" />

=== Exército dos EUA ===
Kissinger passou por treinamento básico no Camp Croft, em Spartanburg, Carolina do Sul. Em 19 de junho de 1943, aos 20 anos, enquanto estava na Carolina do Sul, naturalizou-se cidadão norte-americano. O exército o enviou para estudar engenharia no Lafayette College, na Pensilvânia, sob o Programa de Treinamento Especializado do Exército, mas o programa foi cancelado e Kissinger foi transferido para a 84ª Divisão de Infantaria. Lá, ele conheceu Fritz Kraemer, um imigrante alemão que notou a fluência de Kissinger em alemão e seu intelecto e providenciou para que ele fosse designado para a inteligência militar da divisão. Kissinger viu o combate com a divisão e se ofereceu para tarefas de inteligência perigosas durante a [[Batalha do Bulge]]. Em 10 de abril de 1945, ele participou da libertação do campo de concentração de Hannover-Ahlem, um subcampo do [[campo de concentração]] de [[Campo de concentração de Neuengamme|Neuengamme]]. Na época, Kissinger escreveu em seu diário: "Eu nunca tinha visto pessoas degradadas ao nível que as pessoas estavam em Ahlem. Mal pareciam humanos. Eram esqueletos." Após o choque inicial, no entanto, Kissinger ficou relativamente em silêncio sobre seu serviço de guerra.{{sfn|Isaacson|1992|pp=39–48}}<ref>{{Cite news|last=Stern|first=Mark Joseph|url=https://slate.com/news-and-politics/2023/11/henry-kissinger-jewish-history-holocaust-atrocities.html|title=The Lesson Henry Kissinger Took When He Liberated the Concentration Camp That Held My Grandfather|date=2023|access-date=|work=Slate|language=en-US|issn=1091-2339|archive-url=https://web.archive.org/web/20231202111911/https://slate.com/news-and-politics/2023/11/henry-kissinger-jewish-history-holocaust-atrocities.html|archive-date=2023|url-status=live}}</ref> 

Durante o avanço americano na Alemanha, Kissinger, embora apenas um soldado (a mais baixa patente militar), foi colocado no comando da administração da cidade de Krefeld por causa da falta de falantes de alemão no pessoal de inteligência da divisão. Em oito dias, ele estabeleceu uma administração civil.{{sfn|Isaacson|1992|p=48}} Kissinger foi então transferido para o Corpo de Contra-Inteligência (CIC), onde se tornou um Agente Especial do CIC com o posto de sargento. Ele foi encarregado de uma equipe em Hanôver designada para rastrear oficiais da [[Gestapo]] e outros sabotadores, pela qual ele foi premiado com a [[Bronze Star]].{{sfn|Isaacson|1992|p=49}} Kissinger elaborou uma lista abrangente de todos os funcionários conhecidos da Gestapo na região de Bergstraße, e mandou reuni-los. Até o final de julho, 12 homens haviam sido presos. Em março de 1947, Fritz Girke, Hans Hellenbroich, Michael Raaf e Karl Stattmann foram posteriormente capturados e julgados pelo Tribunal Militar de [[Dachau]] por matar dois prisioneiros de guerra americanos. Os quatro homens foram todos considerados culpados e condenados à morte. Eles foram executados por enforcamento na [[prisão de Landsberg]] em outubro de 1948.<ref>{{Cite book|url=https://books.google.com/books?id=yh9hDQAAQBAJ|title=Kissinger: 1923–1968: The Idealist|last=Ferguson|first=Niall|date=27-9-2016|publisher=Penguin|isbn=978-0-14-310975-4|access-date=3-12-2023|archive-url=https://web.archive.org/web/20231204151329/https://books.google.com/books?id=yh9hDQAAQBAJ|archive-date=4-12-2023|pages=181–182|language=en|url-status=live}}</ref> 

Em junho de 1945, Kissinger foi nomeado comandante do destacamento CIC do metrô de [[Bensheim]], distrito de Bergstraße de Hesse, com a responsabilidade pela desnazificação do distrito. Embora possuísse autoridade absoluta e poderes de prisão, Kissinger teve o cuidado de evitar abusos contra a população local por seu comando.{{sfn|Isaacson|1992|p=53}} 

Em 1946, Kissinger foi transferido para lecionar na Escola Europeia de Inteligência de Comando em Camp King e, como funcionário civil após sua separação do exército, continuou a servir nessa função.{{sfn|Isaacson|1992|p=55}}<ref>{{cite news|url=https://www.pbs.org/thinktank/transcript1138.html|title=Henry Kissinger at Large, Part One|date=29-1-2004|access-date=|publisher=[[PBS]]|archive-url=https://web.archive.org/web/20110628221419/http://www.pbs.org/thinktank/transcript1138.html|archive-date=28-6-2011|url-status=live}}</ref>

Kissinger lembrou que sua experiência no exército "me fez sentir como um americano".<ref>{{cite book|title=Kissinger|last1=Isaacson|page=695}}</ref> 

Depois de servir na [[Segunda Guerra Mundial]], fez o seu [[doutoramento]] pela [[Universidade Harvard]] em 1954, tornando-se imediatamente instrutor na mesma instituição; depois de alguns anos, obteve o título de professor.

=== Política ===
Kissinger foi conselheiro de relações exteriores de todos os [[presidentes dos EUA]], de [[Eisenhower]] a [[Gerald Ford]], sendo [[Secretário de Estado dos Estados Unidos]] (cargo equivalente ao de Ministro das Relações Exteriores, no Brasil,<ref>{{Citar web|url=https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1969-76ve11p2/d99|titulo=Foreign Relations of the United States, 1969–1976, Volume E–11, Part 2, Documents on South America, 1973–1976 - Office of the Historian|acessodata=2021-12-11|website=history.state.gov}}</ref> e de Ministro dos Negócios Estrangeiros, em Portugal), conselheiro político e confidente de [[Richard Nixon]].<ref>[http://mundorama.net/2008/05/31/o-legado-de-henry-kissinger-por-paulo-roberto-de-almeida/ Mundorama - Divulgação Científica em Relações Internacionais: "O legado de Henry Kissinger, por Paulo Roberto de Almeida"]</ref>

Em 1973, ganhou, com [[Le Duc Tho]], o [[Prêmio Nobel da Paz]], pelo seu papel na obtenção do acordo de cessar-fogo na [[Guerra do Vietnã|Guerra do Vietnam]]. Le Duc Tho recusou o prêmio.<ref>[http://educacao.uol.com.br/biografias/henry-kissinger.jhtm UOL Educação. Biografia: "Político alemão, naturalizado norte-americano Henry Kissinger"]</ref>

Henry Kissinger esteve envolvido em uma intensa atividade diplomática com a [[República Popular da China]], o [[Vietnã]], a [[União Soviética]] e a [[África]].
É considerado uma figura polêmica e controversa, tendo alguns de seus críticos acusado-o de ter cometido [[crimes de guerra]] durante sua longa estadia no governo, como dar luz verde à invasão [[indonésia]] de [[Timor]] (1975) e aos golpes de estado no [[Chile]], no [[Camboja]]<ref>{{citar web |url=http://www.alternet.org/news-amp-politics/america-keeps-honoring-one-worst-mass-murderers-all-time-henry-kissinger|título=America Keeps Honoring One of Its Worst Mass Murderers: Henry Kissinger|acessodata=28 de janeiro de 2015 |autor=Fred Branfman|data=16 de abril de 2013|obra=[[AlterNet]]|publicado=AlterNet|língua=inglês|citação=As the Khmer Rouge were conducting genocide in Cambodia, Mr. Kissinger told the Thai Foreign Minister on November 26, 1975 that “how many people did (Khmer Rouge Foreign Minister Ieng Sary) kill? Tens of thousands … you should tell the Cambodians that we will be friends with them. They are murderous thugs, but we won’t let that stand in the way. We are prepared to improve relations with them. Tell them the latter part, but don’t tell them what I said before.”}}</ref> e no [[Uruguai]] (1973), sendo que, por diversas vezes, Kissinger usava uma política tortuosa, em que parecia jogar com um "pau de dois bicos". Entre tais críticos, incluem-se o jornalista [[Christopher Hitchens]] (no livro ''[[The Trial of Henry Kissinger]]'') e o analista [[Daniel Ellsberg]] (no livro ''Secrets''). Apesar de essas alegações não terem sido provadas perante uma corte de justiça, considera-se um ato perigoso, para Kissinger, entrar em alguns países da [[Europa]] e da [[América do Sul]].<ref>"Sudeste Asiático - Uma guerra local" - Nosso Tempo, Volume II. Páginas 532-541. Editora Klirck Editora. São Paulo - (1995)</ref>

Henry Kissinger foi um dos mentores – ou mesmo o mentor – da chamada [[Operação Condor]], para a América do Sul, além de ter dado apoio ao regime da [[ditadura militar argentina]],<ref>[https://www.rawstory.com/2015/02/here-are-7-fascist-regimes-enthusiastically-supported-by-america/ Here are 7 fascist regimes enthusiastically supported by America]</ref> tendo o mesmo dito, certa vez ao ministro das relações exteriores argentino da época, que: “Se há coisas que precisam ser feitas, vocês devem fazê-las rapidamente”, referindo-se à eliminação e à repressão a quem era contra a ditadura, incluindo-se aí, obviamente, métodos como torturas e mortes.<ref>[http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/03/obama-faz-homenagem-vitimas-da-ditadura-na-argentina.html Nos 40 anos do golpe na Argentina, Obama anuncia abertura de arquivos]</ref>

== Política externa ==
=== Abertura diplomática da China ===
[[Ficheiro:Kissinger Mao.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Kissinger, mostrado aqui com [[Zhou Enlai]] e [[Mao Tsé-Tung|Mao Zedong]], negociou a reaproximação com a China.]]
Kissinger inicialmente tinha pouco interesse na China quando começou o seu trabalho como [[Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos|Conselheiro de Segurança Nacional]] em 1969, e a força motriz por trás da reaproximação com a China foi Nixon.<ref name=":0">{{Citar web|url=https://academic.oup.com/crawlprevention/governor?content=%2fjah%2farticle-lookup%2fdoi%2f10.2307%2f3660527|titulo=Taiwan Expendable? Nixon and Kissinger Go to China|acessodata=2023-12-04|website=academic.oup.com|pagina=119|doi=10.2307/3660527}}</ref> Em abril de 1970, tanto Nixon quanto Kissinger prometeram a [[Chiang Ching-kuo]], filho do Generalíssimo [[Chiang Kai-shek]], que nunca abandonariam Taiwan ou fariam quaisquer compromissos com [[Mao Tsé-Tung|Mao Zedong]], embora Nixon falasse vagamente de seu desejo de melhorar as relações com o país asiático.<ref name=":0" />

Kissinger fez duas viagens à República Popular em julho e outubro de 1971 (a primeira das quais foi feita em segredo) para conversar com o [[Primeiro-ministro da China|primeiro-ministro]] [[Zhou Enlai]], então responsável pela política externa da RPC. Durante a sua visita a Pequim, a questão principal acabou por ser [[Taiwan]], pois Zhou exigiu que os Estados Unidos reconhecessem que Taiwan era uma parte legítima da RPC, retirassem as forças dos EUA de Taiwan e acabassem com o apoio militar ao regime do [[Kuomintang]]. Kissinger cedeu ao prometer retirar as forças dos EUA de Taiwan, dizendo que dois terços seriam retirados quando a [[Guerra do Vietnã]] terminasse e o resto seria retirado à medida que as [[Relações entre China e Estados Unidos|relações sino-americanas]] melhorassem.<ref name=":1">{{Citar periódico |url=https://academic.oup.com/jah/article-lookup/doi/10.2307/3660527 |título=Taiwan Expendable? Nixon and Kissinger Go to China |data=2005-06-01 |acessodata=2023-12-04 |periódico=Journal of American History |número=1 |ultimo=Tucker |primeiro=Nancy Bernkopf |paginas=109 |lingua=en |doi=10.2307/3660527}}</ref>

Em Outubro de 1971, quando Kissinger fazia a sua segunda viagem à República Popular, a questão de qual governo chinês merecia ser representado nas [[Organização das Nações Unidas|Nações Unidas]]. surgiu novamente Preocupados em não serem vistos abandonando um aliado, os Estados Unidos tentaram promover um compromisso sob o qual ambos os regimes chineses seriam membros da ONU, embora Kissinger tenha chamado isso de "uma ação de retaguarda essencialmente condenada".<ref name=":1" /> Enquanto o [[Embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas|embaixador americano na ONU]], [[George H. W. Bush]], fazia lobby pela fórmula das "[[duas Chinas]]", Kissinger retirava referências favoráveis a Taiwan de um discurso que o então secretário de Estado [[William P. Rogers]] preparava, pois esperava que o país fosse expulso do país. a ONU. Durante a sua segunda visita a Pequim, Kissinger disse a Zhou que, de acordo com uma sondagem de opinião pública, 62% dos americanos queriam que Taiwan continuasse a ser membro da ONU e pediu-lhe que considerasse o compromisso das "duas Chinas" para evitar ofender a opinião pública americana. Zhou respondeu afirmando que a República Popular era o governo legítimo de toda a China e que nenhum acordo era possível com a questão de Taiwan. Kissinger disse que os Estados Unidos não poderiam romper totalmente os laços com Chiang, que foi aliado na [[Segunda Guerra Mundial]].<ref name=":1" />

As viagens de Kissinger abriram caminho para a [[Visita de Richard Nixon à China em 1972|cúpula histórica de 1972]] entre Nixon, Zhou e do [[Partido Comunista da China|Partido Comunista Chinês]], o presidente Mao Zedong, bem como para a formalização das relações entre os dois países, encerrando 23 anos de isolamento diplomático e hostilidade mútua. O resultado foi a formação de uma aliança estratégica anti[[União Soviética|soviética]] tácita entre a RPC e os Estados Unidos.<ref>{{Citar web|url=https://exame.com/exame-in/o-legado-de-henry-kissinger/|titulo=O legado de Henry Kissinger|data=2023-12-02|acessodata=2023-12-04|website=Exame|lingua=pt-br}}</ref> A diplomacia de Kissinger levou a intercâmbios económicos e culturais entre os dois lados e ao estabelecimento de "[[Embaixada de facto|gabinetes de ligação]]" na RPC e nas capitais americanas, embora a plena normalização das relações com a RPC não ocorresse até 1979.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/2759004 |título=U.S.-China Relations in the Post-Normalization Era, 1979-1985 |data=1986 |acessodata=2023-12-04 |periódico=Pacific Affairs |número=1 |ultimo=Kim |primeiro=Hong N. |ultimo2=Hammersmith |primeiro2=Jack L. |paginas=69–91 |doi=10.2307/2759004 |issn=0030-851X}}</ref>

=== Golpe de Estado no Chile em 1973 ===
[[Imagem:Golpe de Estado 1973.jpg|thumb|Bombardeio ao [[Palácio de La Moneda]] durante o Golpe de Estado no Chile, em 11 de setembro de 1973]]
{{excerto|Golpe de Estado no Chile em 1973}}

=== Guerra Suja na Argentina ===
{{excerto|Guerra Suja na Argentina}}

=== Ditadura militar brasileira ===
{{excerto|Ditadura militar brasileira}}

=== Operação Condor ===
[[File:Reunión Pinochet - Kissinger.jpg|thumb|[[Augusto Pinochet]] cumprimento Kissinger em 1976]]
{{excerto|Operação Condor|apenas=parágrafos}}

=== Programa brasileiro de armas nucleares ===
{{AP|Programa nuclear brasileiro}}
Kissinger era a favor do programa de armas nucleares na década de 1970 do Brasil. Kissinger justificou sua posição argumentando que o Brasil era um aliado dos EUA e alegando que isso beneficiaria atores privados da indústria nuclear nos EUA. A posição de Kissinger sobre o Brasil estava fora de sincronia com vozes influentes no [[Congresso dos EUA]], no Departamento de Estado e a Agência de Controle de Armas e Desarmamento.<ref>{{Citar web|url=https://direct.mit.edu/jcws/article/22/2/58-93/95278|titulo=Patti, Carlo; Spektor, Matias (2020). ""We Are Not a Nonproliferation Agency": Henry Kissinger's Failed Attempt to Accommodate Nuclear Brazil, 1974–1977|acessodata=2022-10-16|website=direct.mit.edu|doi=10.1162/jcws_a_00940}}</ref>

=== Timor-Leste ===
[[Ficheiro:Kissinger,_Ford,_Suharto_and_Malik_(cropped).jpg|ligação=https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/2f/Kissinger%2C_Ford%2C_Suharto_and_Malik_%28cropped%29.jpg/220px-Kissinger%2C_Ford%2C_Suharto_and_Malik_%28cropped%29.jpg|miniaturadaimagem|[[Suharto]] com [[Gerald Ford]] e Kissinger em Jacarta em 6 de dezembro de 1975, um dia antes da [[invasão indonésia de Timor-Leste]].]]
O processo de descolonização português chamou a atenção dos EUA para a [[Timor Português|ex-colónia portuguesa]] de [[Timor-Leste]], que declarou a sua independência em 1975. O presidente indonésio [[Suharto]] considerava Timor-Leste como parte legítima da Indonésia. Em dezembro de 1975, Suharto discutiu planos de invasão durante uma reunião com Kissinger e o presidente Ford na capital indonésia de [[Jacarta]]. Tanto Ford quanto Kissinger deixaram claro que as relações dos EUA com a Indonésia permaneceriam fortes e que não se oporiam à [[anexação]] proposta.<ref>{{Citar web|url=http://nsarchive.gwu.edu/NSAEBB/NSAEBB62/|titulo=Ford, Kissinger and the Indonesian Invasion, 1975–76|data=06-12-2001|acessodata=13-02-2016|website=[[National Security Archive]]|editor-sobrenome=Burr|editor-sobrenome2=Evans|editor-nome2=Michael L.}}</ref> Eles só queriam que fosse feita "rapidamente" e propuseram que fosse adiada até depois de terem retornado a Washington.<ref>Agence France Press, "US Endorsed Indonesia's East Timor Invasion: Secret Documents", December 6, 2001</ref> Assim, Suharto atrasou a operação por um dia. Finalmente, em 7 de dezembro, as [[Forças Armadas da Indonésia|forças indonésias]] invadiram a antiga colónia portuguesa. As vendas de armas dos EUA para a Indonésia continuaram e Suharto prosseguiu com o plano de anexação. De acordo com [[Ben Kiernan]], a invasão e ocupação resultaram na [[Genocídio em Timor-Leste|morte de quase um quarto da população timorense]] de 1975 a 1981.<ref>{{Citar livro|título=Genocide and resistance in Southeast Asia : documentation, denial & justice in Cambodia & East Timor|ultimo=Kiernan|primeiro=Ben|data=2007|editora=Transaction Publ.|localização=New Brunswick, NJ [u.a.]|isbn=978-1412806695|edição=2nd pr.}}</ref>

== Morte ==
[[File:Secretary_Pompeo_Meets_Former_Secretary_of_State_Dr._Henry_Kissinger_(48803931468)_(cropped).jpg|thumb|Kissinger em setembro de 2019]]
Kissinger morreu aos 100 anos em 29 de novembro de 2023, na sua residência no estado de [[Connecticut]], nos [[Estados Unidos]].<ref name="morte" />

Sua morte motivou notas por políticos do mundo inteiro. [[Joe Biden]] falou sobre o intelecto de Kissinger, com o qual discordava frequentemente, e que continuou dando sua opinião muito depois de se aposentar.<ref>{{Cite web|last=Samuels|first=Brett|url=https://thehill.com/homenews/administration/4336449-biden-praises-kissingers-despite-strong-disagreements/|title=Biden remembers Kissinger's 'fierce intellect' despite strong disagreements|date=2023-11-30|access-date=2023-12-05|website=The Hill|language=en-US|archive-url=|archive-date=|url-status=|wayb=20231201053626}}</ref> [[George W. Bush]] relembrou seu status de refugiado, que fugiu dos nazistas. [[Vladimir Putin]] falou sobre a política pragmática de relações exteriores, que permitiu formar acordos entre os Estados Unidos e a União Soviética.<ref name="reutersreact">{{Cite news|url=https://www.reuters.com/world/us/reaction-death-us-diplomat-henry-kissinger-2023-11-30/|title=Reaction to the death of US diplomat Henry Kissinger|date=2023-11-30|access-date=2023-12-05|work=Reuters|language=en|archive-url=|archive-date=|url-status=live|wayb=20231130094454}}</ref> O embaixador do Chile, Juan Gabriel Valdes, escreveu sobre sua "profunda miséria moral".<ref>{{Citar web|url=https://veja.abril.com.br/mundo/profunda-miseria-moral-a-reacao-dos-chilenos-a-morte-de-henry-kissinger/|titulo=‘Profunda miséria moral’: A reação dos chilenos à morte de Henry Kissinger|acessodata=2023-12-05|website=VEJA|lingua=pt-BR}}</ref>

Na internet, houve grande repercussão na mídia e redes sociais. [[Meme (Internet)|Memes]] sobre sua morte já circulavam bem antes dele morrer, devido a sua longevidade, envolvendo personagens como o [[ceifador]] e [[satã]]. Quando a morte finalmente aconteceu, grande parte dos memes tiveram tom de celebração.<ref>{{Citar web|ultimo=Covucci|primeiro=David|url=https://www.dailydot.com/debug/henry-kissinger-death-memes/|titulo=Henry Kissinger's death is the moment the internet has been waiting for|data=2023-11-30|acessodata=2023-12-05|website=The Daily Dot|lingua=en-US}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Abraham|primeiro=Ellie|url=https://www.indy100.com/viral/henry-kissinger-meme-twitter-account|titulo=Henry Kissinger's death brings to an end an long running meme {{!}} indy100|data=2023-11-30|acessodata=2023-12-05|website=www.indy100.com|lingua=en}}</ref> Na Wikipédia em inglês, editora que atualizou a biografia de Kissinger informando sobre a morte recebeu dezenas de congratulações e medalhas virtuais.<ref>{{Citar web|ultimo=Rose|primeiro=Janus|url=https://www.vice.com/en/article/5d9qeb/wikipedia-editor-who-first-noted-henry-kissingers-death-has-become-an-instant-legend|titulo=Wikipedia Editor Who First Noted Henry Kissinger's Death Has Become an 'Instant Legend'|data=2023-11-30|acessodata=2023-12-05|website=Vice|lingua=en}}</ref>

== Escritos: livros importantes ==
=== Memórias ===
* 1979. ''The White House Years''. <nowiki>ISBN 0316496618</nowiki> (National Book Award, History Hardcover)
* 1982. ''Years of Upheaval''. <nowiki>ISBN 0316285919</nowiki>
* 1999. ''Years of Renewal''. <nowiki>ISBN 0684855712</nowiki>

=== Políticas públicas ===
* 1957. ''A World Restored: Metternich, Castlereagh and the Problems of Peace, 1812–22''. <nowiki>ISBN 0395172292</nowiki>
* 1957. ''Nuclear Weapons and Foreign Policy''. <nowiki>ISBN 0865317453</nowiki> (1984)
* 1961. ''The Necessity for Choice: Prospects of American Foreign Policy''. <nowiki>ISBN 0060124105</nowiki>
* 1965. ''The Troubled Partnership: A Re-Appraisal of the Atlantic Alliance''. <nowiki>ISBN 0070348952</nowiki>
* 1969. ''American Foreign Policy: Three Essays''. <nowiki>ISBN 0297179330</nowiki>
* 1981. ''For the Record: Selected Statements 1977–1980''. <nowiki>ISBN 0316496634</nowiki>
* 1985. ''Observations: Selected Speeches and Essays 1982–1984''. <nowiki>ISBN 0316496642</nowiki>
* 1994. ''Diplomacy''. <nowiki>ISBN 067165991X</nowiki>
* 1999. ''Kissinger Transcripts: The Top Secret Talks With Beijing and Moscow'' (Henry Kissinger, William Burr). <nowiki>ISBN 1565844807</nowiki>
* 2001. ''Does America Need a Foreign Policy? Toward a Diplomacy for the 21st Century''. <nowiki>ISBN 0684855674</nowiki>
* 2002. ''Vietnam: A Personal History of America's Involvement in and Extrication from the Vietnam War''. <nowiki>ISBN 0743219163</nowiki>
* 2003. ''Crisis: The Anatomy of Two Major Foreign Policy Crises: Based on the Record of Henry Kissinger's Hitherto Secret Telephone Conversations''. <nowiki>ISBN 978-0743249119</nowiki>
* 2011. ''On China'' ([[Nova York]]: Penguin Press, 2011). <nowiki>ISBN 978-1594202711</nowiki>.
* 2014. ''World Order'' (Nova York: Penguin Press, Set. 9, 2014). <nowiki>ISBN 978-1594206146</nowiki>.

{{Referências}}

== Bibliografia ==
* Holger Klitzing: ''The Nemesis of Stability. Henry A. Kissinger's Ambivalent Relationship with Germany''. WVT, Trier 2007, ISBN 978-3-88476-942-3.
* Isaacson, Walter (1992). Kissinger: A ''[[iarchive:kissinger00walt|Biography. Simon & Schuster]]''. <nowiki>ISBN 978-0-671-66323-0</nowiki>.
* Robert D. Schulzinger: ''Henry Kissinger. Doctor of diplomacy''. Columbia Univ. Pr., New York 1989, ISBN 0-231-06952-9.

== Ligações externas ==
{{Commons|Henry Kissinger}}
{{Wikiquote|Henry A. Kissinger}}
*{{Link|en|2=http://nobelprize.org/nobel_prizes/peace/laureates/1973/|3=Perfil no sítio oficial do Nobel da Paz 1973}}
*[http://boitempoeditorial.com.br/livro_completo.php?isbn=85-85934-98-0 Resenha do livro "O julgamento de Kissinger". Boitempo Editorial]
*{{MembroCOI|Mr-Henry-KISSINGER}}

{{Secretários de Estado dos Estados Unidos}}
{{Nobel da Paz}}
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{{Pessoa do Ano|51-75}}
{{Conselheiros de Segurança Nacional dos Estados Unidos}}
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{{NM|1923|2023|Kissinger, Henry}}

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