Gentrificação
Chama-se gentrificação (ou enobrecimento, de acordo com algumas traduções) um conjunto de processos de transformação do espaço urbano, altamente criticados por estudiosos do urbanismo e de planejamento urbano devido ao seu comum caráter excludente e privatizador. A expressão da língua inglesa gentrification foi usada pela primeira vez no ensaio The new urban frontiers: gentrification and the revanchist city do sociólogo norteamericano Neil Smith, que identificou os vários processos de gentrificação em curso nas décadas de 1980 e 1990 e tentou sistematizá-los.
Normalmente os processos de gentrificação identificam casos de recuperação do valor imobiliário de regiões centrais de grandes cidades que passaram as últimas décadas por um período de degradação, durante o qual a população que vivia nestes locais era, em geral, pertencente às camadas sociais de menor poder aquisitivo. Através de uma estratégia do mercado imobiliário, normalmente aliado a uma política pública de suposta "revitalização" dos centros urbanos, procura-se recuperar o caráter outrora glamouroso da região em questão, de forma a sutilmente expulsar a população original e atrair residentes de mais alta renda.
Foi adotada a expressão em inglês gentrification devido ao caráter "enobrecedor" que tais estratégias imobiliárias procuram associar às suas regiões-alvo (a raiz "gent" pode ser grosseiramente traduzida como "nobreza"). Em português, alguns textos chegam a traduzir o processo, de fato, através da tradução "enobrecimento", embora seja mais comum utilizar-se do aportuguesamento "gentrificação". Eventualmente o processo também é chamado de higienização social ou de limpeza social, quando se referindo às regiões centrais das cidades, especificamente.