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RELIGIÃO E CIÊNCIA – 28 a 33
• Entre a religião e a ciência;
- Os conflitos; - Percepção de Darwin
• Religião a serviço do conhecimento;
- Hermenêutica; Religião e Ciência Entre a Religião e a Ciência Durante toda a história, a relação entre religião e ciência, no mundo ocidental, oscilou entre conflito, independência, diálogo e integração. Essa realidade perdura no mundo contemporâneo. Muitos acreditam que o conflito entre Ciência e Religião não pode ser solucionado, pois os elementos explicativos e conclusivos são discordantes, pois a ciência metafísica naturalista, a religião acredita no sobrenatural. Com o surgimento do pensamento filosófico na Grécia, no século VI a.c., a visão mística e mítica do mundo passou a ser questionada. Os gregos pré-socráticos começaram a repensar as explicações presentes nos mitos e a querer, cada vez mais, encontrar explicações apenas pelo discurso lógico para os fatos que observavam na natureza e no convívio em sociedade, sem apelar para seres e objetos sagrados. Agostinho de Hipona (354-430) buscou integrar, em seu pensamento teológico, de forma dialógica, a fé e a razão. Assumindo a filosofia grega neoplatônica, Agostinho compreendeu que as verdades são reveladas ao ser humano por meio da luz divina, e que essas verdades vêm de Deus. Para entendê-las, o ser humano possui de forma complementar a razão e a fé, ou seja, a inteligência humana e a fé religiosa. Sobre essa concepção de Agostinho de Hipona, o Papa Francisco em sua carta encíclica Lumen Fidei, que significa “Luz da Fé”, afirmou que a vida que levou o filósofo, reconhecido como santo pela Igreja Católica - Santo Agostinho -, é um exemplo deste caminho: “ [...] a busca da razão, com o seu desejo de verdade clareza, aparece integrada no horizonte da fé, do qual recebeu uma e nova compreensão” Outro pensador cristão que mostrou e interdependência de Fé e razão foi Tomás de Aquino (1225-1274), no século XIII. Para ele, reconhecido como São Tomás de Aquino pela igreja Católica, as verdades reveladas não são incompatíveis com a reflexão racional. Recorrendo à filosofia aristotélica, Tomás de Aquino formulou as cinco provas racionais para a existência de Deus. Em resumo, ele explica que todo efeito é precedido por uma causa, sendo Deus e a causa primeira de toda geração e, também, do fim de todo ser. Como escreveu o papa João Paulo II (1920-2005) na carta encíclica Fides et Ratio: "S. Tomás reconhece que a natureza, objeto próprio da filosofia, pode contribuir para a compreensão da revelação divina. Deste modo, a fé não teme a razão, mas solicita-a e confia nela”. O século XVI foi um período marcado por constantes confrontos entre Igreja e os Estados, e as questões de Os conflitos poder estavam mais evidentes do que os conflitos entre ciência e religião ou entre fé e razão. Ainda sim, nesta época, o pensamento científico passou a questionar algumas verdades estabelecidas pela Igreja Católica. Nesse período, por exemplo, o clérigo e astrônomo Nicolau Copérnico (1473-1543) criou a teoria heliocêntrica, segundo a qual o Sol seria o centro do Universo, e a Terra e os demais planetas giram em tomo dele. Posteriormente, o teólogo e filosofo italiano Giordano Bruno (1548-1600) e o físico Galileu Galilei (1584-1642) reforçaram o conflito ao defenderem a tese do heliocentrismo de Copérnico. Até então, a antiga ideia de que o Sol se movimentava ao redor da terra, que permanecia imóvel, era defendida pela interpretação de alguns textos bíblicos, como em alguns Salmos. Essa concepção também aparece no capítulo 10 do livro de Josué, quando este ordena que o sol pare com o objetivo de ganhar mais tempo durante o dia para os Israelitas vencerem uma batalha. Outro questionamento aconteceu no século XIX, quando Charles Darwin (1809-1882) publicou seus estudos na obra A origem das espécies. Darwin propôs uma teoria que defendia a constante evolução de todos os seres vivos, em contraposição à teoria criacionista presente no livro do Gênesis, da Bíblia que atribui a criação dos seres a Deus, já formados do modo como os conhecemos hoje. A PERCEPÇÃO DE DARWIN A Origem das Espécies foi publicada em 1859. A percepção de Darwin se baseava na combinação de dois conceitos facilmente testáveis – a luta pela existência na natureza e a existência de variações hereditárias. Nele, Darwin apresentou um mecanismo (seleção natural) por meio do qual a adaptação ao ambiente poderia ocorrer, eliminando assim a necessidade de um designer. O que era mais importante na época, é que Darwin reuniu evidências para o fato de que a evolução tivesse ocorrido, fazendo sentido de uma gama de fenômenos: a possibilidade de classificar racionalmente organismos, explicando semelhanças entre supostos parentes e seus anversos (órgãos rudimentares) e interpretar anomalias biogeográficas (ou seja, a restrição dos cangurus na Austrália, pinguins para o Antártico, ursos polares ao Ártico, etc.) Já o Islamismo, que tinha herdado o legado e o conhecimento dos gregos antigos, do final do século VI, quando surgiu, até meados do século XVI, conseguiu conciliar teologia, filosofia e ciência, graças à capacidade islâmica de unificar sua religião monoteísta com o desenvolvimento da ciência material. A harmonia entre a fé e a razão não era um problema para o mundo islâmico, que considerava o estudo das leis da natureza como um mandamento de Deus, já que admirar a criação é também admirar o Criador. Nas sociedades Islâmicas, o conhecimento e a ciência foram valorizados no processo de desenvolvimento e amadurecimento da fé. O corão, livro sagrado do Islamismo, propõe buscar o saber como dever religioso para o muçulmano. Atualmente, temos presenciado grandes avanços científicos, porém religião e ciência, lado a lado, continuam sendo instrumentos para dar sentido o significado à existência. Assim, aqueles que creem no Transcendente optam por uma experiência profunda de sentido, que não exclui pensar, duvidar e criticar. É um sentido que não precisa estar em contraposição ao processo de construção do conhecimento humano. Por outro lado, a ciência não tem de excluir a religião para continuar avançando e mergulhando no mais profundo da existência humana. Conflitos podem existir, mas o que certamente faz o ser humano encontrar respostas para questões últimas de sua existência é o diálogo, o encontro e a integração entre os saberes. Religião a serviço do conhecimento A partir da Idade Média, as igrejas passaram a exercer profunda influência no desenvolvimento e na propagação da educação. No século IX, surgiram as primeiras escolas monásticas, e, no século XI, apareceram as escolas episcopais e os centros de educação, anexos às catedrais. Em 1603, foi fundada uma das academias de ciências mais famosas do mundo, a Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, em Roma, da qual Galileu Galilei foi um dos primeiros membros. Grandes universidades foram fundadas com base na fé islâmica, como a Universidade de Sankore, situada na cidade africana de Tombouctou, no Mali. Instituída no século X, por lá passaram mais de 25 mil estudantes que se aventuraram nas áreas de matemática, astronomia, medicina e direito. A ciência, ao longo da história, tem contribuído com o aprofundamento e a clareza da fé religiosa. A hermenêutica, arte de interpretar os livros sagrados aos textos antigos, é utilizada no judaísmo e Cristianismo para balizar a reta compreensão e interpretação das Sagradas Escrituras, ou seja, um método de leitura interpretativa dos textos Bíblicos. No século XVI, com a Reforma Protestante, a hermenêutica era a prática da livre interpretação da Bíblia. Depois, tornou-se um método com regras próprias para interpretação de textos antigos. O teólogo e sociólogo belga Francois Houtart (1925- 2017), de sólida formação cientifica, bem como muitos outros estudiosos e pesquisadores, reconheceu o valor da ciência, porém viu na religião uma motivação ética pra um verdadeiro compromisso de transformação social.
A Teologia e a Ciência da Religião também são ramos
de estudo. A Teologia se ocupa do estudo racional da fé religiosa e da relação do ser humano com o divino; a Ciência da Religião, por sua vez, investiga de maneira sistemática, o fenômeno religioso e suas manifestações nas diversas culturas. Ela tem, nos últimos anos, dado as bases teóricas para o estudo do fenômeno religioso e para a formação docentes de professores de Ensino Religioso. Todas as ciências, principalmente a Ciência da Religião, são fundamentais para o processo de aprendizagem em Ensino Religioso.
O físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser (1959 -), em suas
reflexões sobre a atual fronteira entre ciência e religião, argumenta que é possível um diálogo esperançoso entre essas duas áreas, que, durante muito tempo, protagonizaram uma acirrada e ainda hoje vivenciam muito atrito e incompreensão.
“Infelizmente, hoje em dia, parece que essa questão
está novamente a mil, como a chamada ‘guerra’ entre a ciência e a religião. Na verdade, essa é uma guerra fabricada, porque, por exemplo, se você pergunta aos cientistas, mais ou menos 40% deles, ao menos nos Estados Unidos - não sei se existe essa estatística no Brasil, talvez seja até maior aqui - acreditam em uma alguma forma de divindade, de Deus. Eles vão para os seus laboratórios e fazem suas pesquisas sem que haja qualquer conflito entre a sua fé e a sua ciência. Ao contrário, dizem que a pesquisa usa ajuda a apreciar essa divindade, ou seja, que a pesquisa os aproxima da beleza da natureza, que interpretam Atividade Em diversos locais e momentos históricos tradições religiosas apoiaram a produção de ciências final relaciona em cada tradição religiosa ao conhecimento científico produzido nesse diálogo entre fé e ciência.
Profunda influência na educação, com a criação de escolas a partir da idade média.
No século IX, surgiram as primeiras escolas monásticas, e, no século XI, as escolas episcopais e os centros de educação. b
Tradição religiosa cuja da doutrina buscou conciliar teologia, filosofia e ciência. a
Desenvolvimento de um método para balizar a correta interpretação das sagradas
escrituras, ou seja, um método de leitura interpretativa dos textos bíblicos. c
Edital N. 273 2024 SEGEP GCP 29a Convocacao Assinatura de Contrato Processo Seletivo Simplificado SEDUC Agente de Alimentacao e Agente de Limpeza e Conservacao 1