Revisão Final - Fuvest - Janeiro 2020
Revisão Final - Fuvest - Janeiro 2020
Revisão Final - Fuvest - Janeiro 2020
FUVEST
JANEIRO 2020
Obras que caíram na primeira fase:
Contexto Geral
(https://www.etapa.com.br/home/orientacao/leituras_obrigatorias/9)
Características
Polifonia de vozes;
Tempo: cronológico
Discussões:
Cap. 1 - “A missão”
Cap. 2 - “Base”
Cap. 3 - “Ondina”
Cap. 4 - “A surucucu”
Cap. 5 - “A amoreira”
Epílogo
O Cortiço (1890) – Aluísio Azevedo
23 capítulos
João Romão: imigrante português que chegou pobre ao Brasil e acabou tornando-se um
homem rico e poderoso graças à sua ganância. Representa a avareza e o mau caratismo.
Bertoleza: Escrava de um velho cego a quem pagava mensalmente para trabalhar numa
quitanda como se fosse livre. Depois da morte do dono, passou a viver com João Romão, em
quem confiava cegamente.
Léonie: Prostituta/Cafetina.
(“Apresentação”. Fernando Marcílio Lopes Couto. In: A Relíquia. QUEIRÓS, Eça. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2001.)
Características gerais
Decidi compor, nos vagares deste verão, na minha quinta do Mosteiro (antigo
solar dos condes de Lindoso), as memórias da minha vida — que neste século, tão
consumindo pelas incertezas da inteligência e tão angustiado pelos tormentos do
dinheiro, encerra, penso eu e pensa meu cunhado Crispim, uma lição lúcida e forte.
Em 1875, nas vésperas de Santo Antonio, uma desilusão de incomparável
amargura abalou o meu ser; por esse tempo minha tia, D. Patrocínio das Neves,
mandou-me do Campo de Santana onde morávamos, em romagem a Jerusalém;
dentro dessas santas muralhas, num dia abrasado do mês de Nizam, sendo Poncio
Pilatos procurador da Judéia, Élio Lama, Legado Imperial da Síria, e J. Cairás, Sumo
Pontífice, testemunhei, miraculosamente, escandalosos sucessos; depois voltei, e
uma grande mudança se fez nos meus bens e na minha moral.
Contradições
(“Apresentação”. Fernando Marcílio Lopes Couto. In: A Relíquia. QUEIRÓS, Eça. São Paulo: Ateliê Editorial,
2001.)
Religiosidade e Ostentação
(“Apresentação”. Fernando Marcílio Lopes Couto. In: A Relíquia. QUEIRÓS, Eça. São Paulo: Ateliê Editorial,
2001.)
Linguagem: Ironia e Impressionismo
“O estilo escolhido por um Narrador para contar sua história deve sempre ter
alguma ligação orgânica com essa história. Simplificando, podemos dizer que a forma
adotada deve fazer parte do próprio conteúdo. No caso de A Relíquia, não se pode
esquecer que se trata de um romance narrado em primeira pessoa. Isto quer dizer que
a linguagem do Narrador deve ser um componente de sua personalidade. Ora, já vimos
que Teodorico vive com muita tensão sua duplicidade essência/aparência.
Essa tensão transparece na narrativa através da utilização de um recurso
linguístico bastante comum em Eça de Queirós: a ironia. Por meio dela, afirmamos o
contrário do que realmente queremos dizer - o que indica que, quase sempre,
precisamos contar com o auxílio do contexto para compreender um mecanismo
irônico. O Narrador de A Relíquia utiliza-se da ironia para revelar verdades
subterrâneas, que a sociedade em que transita insiste em reprimir. Mas acaba
revelando mesmo sua relação hipócrita com essa sociedade.
[…]
No plano da linguagem, a oscilação do caráter de Teodorico se reproduz
através de registros impressionistas. Eles aparecem, por exemplo, em expressões
onde o abstrato e o concreto se misturam […]:
‘Depois do café fomos encostar-nos à varanda a olhar, calados, aquela
suntuosa noite do Egito. As estrelas eram como uma grossa poeirada de luz que o bom
Deus levantava lá em cima, passeando sozinho pelas estradas do céu. O silêncio tinha
uma solenidade de sacrário. Nos escuros terraços, embaixo, uma forma branca
movendo-se por vezes, de leve, mostrava que outras criaturas estavam ali, como nós,
Os vocábulos religiosos indicam uma aparente tendência à devoção; mas
sabemos que há um choque entre essa expressividade sacra e as intenções mais
profundas de Teodorico, que nada têm de santas. Por vezes, essas intenções vêm à
tona, derrotando a aparência de compenetração religiosa. Isto acontece, por exemplo,
quando Teodorico se banha nas águas sagradas do rio Jordão:
‘Ao princípio, enleado de emoção beata, pisei a areia reverentemente como se
fosse o tapete de um altar-mor; e de braços cruzados, nu, com a corrente lenta a
bater-me os joelhos, pensei em São Joãozinho, sussurrei um padre-nosso. Depois ri,
aproveitei aquela bucólica banheira entre árvores; Pote atirou-me a minha esponja; e
ensaboei-me nas águas sagradas, trauteando o fado da Adélia.’
Como se vê, expressões piedosas e vulgares convivem no estilo narrativo de
Teodorico, que se coloca, dessa forma, como parte integrante de sua personalidade
estilhaçada e dúbia.
(“Apresentação”. Fernando Marcílio Lopes Couto. In: A Relíquia. QUEIRÓS, Eça. São Paulo: Ateliê Editorial,
2001.)
Ao meu portuguesinho valente, pelo muito que gozamos... Era essa a carta em
que a santa me ofertava a sua camisa. Lá brilhavam as suas iniciais — M. M.! Lá
destacava essa clara, evidente confissão — "o muito que gozamos"; o muito que eu
gozara em mandar à santa as minhas orações para o céu, o muito que a santa gozara
no céu em receber as minhas orações!
E quem o duvidaria? Não mostram os santos missionários de Braga, nos seus
sermões, bilhetes remetidos do céu pela Virgem Maria, sem selo? E não garante a
Nação a divina autenticidade dessas missivas, que têm nas dobras a fragrância do
paraíso? Os dous sacerdotes, Negrão e Pinheiro, cônscios do seu dever, e na sua
natural sofreguidão de procurar esteios para a fé oscilante — aclamariam logo na
camisa, na carta e as iniciais, um miraculoso triunfo da Igreja. A tia Patrocínio cairia
sobre o meu peito, chamando-me "seu filho e seu herdeiro". E eis-me rico! Eis-me
beatificado! O meu retrato seria pendurado na sacristia da Sé. O Papa enviar-me-ia
uma bênção apostólica, pelos fios do telégrafo.
Assim ficavam saciadas as minhas ambições sociais. E quem sabe? Bem
poderiam ficar também satisfeitas as ambições intelectuais que me pegara o douto
Topsius. Porque talvez a ciência, invejosa do triunfo da fé, reclamasse para si esta
camisa de Maria de Magdala, como documento arqueológico... ela poderia alumiar
escuros pontos, na história dos costumes contemporâneos do Novo Testamento — o
feitio das camisas na Judéia no primeiro século, o estado industrial das rendas da
Síria sob a administração romana, a maneira de abainhar entre as raças semíticas...
Eu surgiria na consideração da Europa, igual aos Champollions, aos Topsius, aos
Lepsius, e outros sagazes ressuscitadores do passado. A academia logo gritaria — "A
E tudo isto perdera! Por quê? Porque houve um momento em que me faltou
esse descarado heroísmo de afirmar, que, batendo na terra com pé forte, ou
palidamente elevando os olhos ao céu — cria, através da universal ilusão, ciências e
religiões.
Rubião - de origem humilde, foi professor e enfermeiro. Após receber a herança de um amigo próximo, o filósofo
Quincas Borba, muda-se de Barbacena, Minas Gerais, para o Rio de Janeiro a fim de aproveitar o dinheiro recebido,
investir na economia e fazer parte da elite da então capital do Brasil.
Quincas Borba (filósofo) - Filósofo, é amigo de Rubião. No romance, aparece sob estado de loucura e morre logo no
início da narrativa. É o criador da doutrina Humanitismo.
Quincas Borba (cão) - Cão de Quincas Borba, possuí o mesmo nome do dono, que lhe tinha enorme apreço. Depois
da morte de Quincas Borba, passa a viver sob os cuidados de Rubião.
Cristiano Palha - amigo de Rubião. É caracterizado como homem medíocre, mas com faro para investimentos em
ações. Tem desejos latentes de enriquecer e fazer parte da elite carioca.
Sofia Palha - esposa de Cristiano Palha. É caracterizada como bela, sedutora e inteligente. Grande paixão de Rubião,
que se torna obcecado pela moça.
Carlos Maria - Amigo de Rubião, é jovem, belo, rico e arrogante. Faz parte do círculo social que busca privilégios
com a amizade de Rubião. Casa-se, na metade final do romance, com Maria Benedita, prima de Sofia Palha.
Maria Benedita - prima de Sofia Palha e filha de Maria Augusta. Viveu sempre na roça e têm dificuldades em educar
seu comportamento para pertencer à elite carioca. Casa-se com Carlos Maria.
Camacho - amigo de Rubião. É advogado, jornalista e político. Busca, o tempo todo, entrar para a Câmara.
Freitas - amigo de Rubião. É simpático e educado, e mantém relações com Rubião a fim de manter um estilo de vida
que não consegue sozinho, pois não possuí tanto dinheiro.
Major Siqueira - amigo do casal Palha. Sua renda diminuí com o passar do tempo, sendo excluído, por isso, do
círculo social dos amigos ricos.
Dona Tonica - filha de Major Siqueira. Solteirona e com quarenta anos, sua grande ambição é arrumar um marido.
Termina a narrativa solteira - o noivo que a muito custo conseguiu, morreu antes do casamento.
Teófilo - amigo do casal Palha e político. Sua grande aspiração é se tornar Ministro.
D. Fernanda - esposa de Teófilo e prima de Carlos Maria. É amiga de Sofia Palha e nutre afetos amistosos em relação
a Rubião.
(MALUF, Marcelo. “Guia de Leitura para o vestibular: Quincas Borba – Machado de Assis”. Alaúde Editorial: 2019.)
Discussões possíveis
"Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, que adoeceu também, ganiu
infinitamente, fugiu desvairado em busca do dono, e amanheceu morto na rua, três
dias depois. Mas, vendo a morte do cão narrada em capítulo especial, é provável que
me perguntes se ele, se o seu defunto homônimo é que dá o título ao livro, e por que
antes um que outro, – questão prenhe de questões, que nos levariam longe... Eia!
chora os dois recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso, ri-te! É a mesma
coisa. O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, como lhe pedia Rubião, está assaz
alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens.”
A obra Angústia foi publicada, pela primeira vez, em 1936. Neste momento
histórico, Getúlio Vargas (1882-1954), presidente do Brasil desde 1930, travou
perseguições acirradas aos comunistas brasileiros, que se organizavam contra o
autoritarismo do governo Vargas. Em 1935 há o embate mais famoso de Vargas contra
os comunistas, pela chamada Intentona Comunista. Neste período, Graciliano Ramos
já havia começado a escrita de Angústia. Porém, foi preso sob acusações (que não
foram formalizadas) de conspiração comunista e participação na Intentona
Comunista.
Estrutura: capítulo único e geral, mas com mini-capítulos que organizam a narrativa.
Camilo Pereira da Silva - pai de Luís da Silva. Letrado, lia Carlos Magno e envolvia-se
com política, principalmente a de Padre Inácio. Morreu junto ao declínio da fazenda da
família.
• Determinismo de meio
• Solidão
• Sexualidade
Gregório de Matos e Guerra foi o terceiro filho de um “fidalgo da série dos escudeiros em Ponte
de Lima, natural dos Arcos de Valdevez”, estabelecido no Recôncavo baiano como senhor de canavial,
cerca de 130 “escravos de serviço”, e dois engenhos. […]
Em Coimbra, Gregório formou-se em direito; em Lisboa teria sido, durante muitos anos, juiz do
Cível, de Crime e de Órfãos, segundo as diversas informações. Aí se enfronhou nas poéticas do tempo: o
estilo camoniano, que vinha do século anterior, e as práticas correntes no século XVII, mais tarde
denominadas barrocas, tendo em Quevedo e Gôngora as suas grades referências. […]
O certo é que voltou ao Brasil em 1681, a convite do arcebispo da Bahia, aceitando os cargos
de vigário-geral e tesoureiro-mor (que fazia questão de exercer sem pleno uso das roupagens
eclesiásticas, fato que começa a trazer-lhe problemas). “Aborrecido de uns, temido de outros”, “estes
fingiam amizades, aqueles lhe maquinavam ódio”, Gregório foi desligado de suas funções por ordem do
arcebispo frei João da Madre de Deus.
Casou-se com Maria dos Povos, “honesta, formosa e pobre” […]. Vendeu terras que recebera
como dote, jogando o dinheiro em um saco no canto da casa, e gastando-o ao acaso e fartamente.
[…]
A certa altura teria abandonado, no entanto, caso, cargos e encargos, e saído pelo Recôncavo
“povoado de pessoas generosas” como cantador itinerante, convivendo com todas as camadas da
população, metendo-se no meio das festas populares, banqueteando-se sempre que convidado. “Do
gênio que já tinha, tirou a máscara para manusear obscenas e petulantes obras”, diz o licenciado
Manuel Pereira Rabelo: nessa fase supõe-se que teria engrossado o volume da sua poesia satírica - o
barroco popular oposto ao acadêmico, e a poesia erótico-irônica prevalecendo sobre o lirismo cortês.
A virulência da sátira do “Boca do Inferno”, motivada seja pela crítica da corrupção, dos
desmandos administrativos, dos arremedos da fidalguia, dos desmandos administrativos, dos arremedos
da fidalguia local seja pelo puro e cortante prazer sádico, lhe valeu a deportação para Angola. De lá,
pôde retornar sob condições: desde que não à Bahia mas a Pernambuco, e calando a sátira num rigoroso
“ponto em boca” (sempre a ponto de ser transgredido, no entanto).
Há quem insista em fixar alguns gestos como imagem de sua exorbitância: uma cabeleira postiça, um
Panorama geral: Barroco
Cultismo
Conceptismo
(WISNIK, José Miguel. Prefácio. In: MATOS, Gregório de. Poemas Escolhidos. São Paulo: Companhia das
Letras, 2010. p. 22)
A poesia lírico-amorosa
(WISNIK, José Miguel. Prefácio. In: MATOS, Gregório de. Poemas Escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras,
2010. p. 28)
A poesia religiosa
(WISNIK, José Miguel. Prefácio. In: MATOS, Gregório de. Poemas Escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras,
2010. p. 31 e 32)